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RESUMO SUS

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Prévia do material em texto

CURSO DE MEDICINA
MÓDULO: SAÚDE COLETIVA
2019/2º
PROF. DR. JOSÉ MARTINS PINTO NETO
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
“O SUS deve ser entendido como um processo em construção permanente, que visa, em médio e longo prazos, a uma mudança do paradigma de atenção à saúde” (MENDES, 2012).
Mas no Editorial da Revista RADIS, nº 196, de janeiro de 2019, encontramos uma análise nada promissora de Paulo Amarante – Pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca:
“O que está em jogo não é só o retrocesso na Reforma Psiquiátrica, na Reforma Sanitária, no SUS, na Estratégia Saúde da Família, no Mais Médicos (...) é um retrocesso geral na política brasileira, na democracia, na cidadania, nas práticas sociais mais avançadas, é o reflexo de uma mudança maior que está mudando todas as políticas de cidadania, de participação social, a questão das universidades e das escolas, é um retorno à política privatizante e de mercantilização da vida”.
O SUS COMPLETARÁ 31 ANOS 05/10/2019 
Alguns números do SUS:
http://conselho.saude.gov.br/16cns/assets/files/Documento_Orientador_Aprovado.pdf
Mais de 4,1 bilhões de tratamentos ambulatoriais ao ano
Mais de 1,4 bilhão de consultas médicas ao ano
Mais de 11,5 milhões de internações ao ano
Saúde da Família atinge a mais de 112 milhões de habitantes,
ou seja, mais da metade da população brasileira (56%)
ao ano
619 milhões de atendimentos realizados em mulheres no
SUS ao ano
2,7 milhões de partos realizados pelo Sistema Único de
Saúde ao ano
Mais de 27 mil transplantes ao ano
Mais de 150 milhões de pessoas por ano atendidas pelo
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU
Mais de 250 mil agentes comunitários de saúde na quase
totalidade de municípios
 VAMOS CONHECER SOBRE ESSE SISTEMA AO LONGO DESSA AULA:
O SUS É UM SISTEMA DE SAÚDE GIGANTE, MAS ELE JÁ ESTÁ PRONTO? Resposta: NÃO....
COMO JÁ FOI MENCIONADO: 
“O SUS deve ser entendido como um processo em construção permanente, que visa, em médio e longo prazos, a uma mudança do paradigma de atenção à saúde” (MENDES, 2012).
Em relação a muitos assuntos, entre eles, sobre o SUS as pessoas, segundo o odontólogo Eugênio Vilaça Mendes (s/d) podem ter
 3 “VISÕES DE MUNDO” , a saber:
VISÃO INGÊNUA 
VISÃO TÉCNICA
VISÃO POLÍTICA
E A SUA VISÃO, QUAL É?
A segunda pergunta é VOCÊ USA O SUS? OU JÁ USOU O SUS ALGUMA VEZ NA SUA VIDA??
Se você tem alguma dúvida de que também é usuário(a) usa o SUS, eu tentarei lhe convencer e vos digo que:
Quando você vai a um restaurante, açougue ou supermercado fazer compras você está usando o SUS, pois para eles funcionarem terão que obter uma ALVARÁ de funcionamento que é um documento emitido, após inspeções “in loco”, por agentes de saúde que atuam na área da Vigilância Sanitária, que é parte integrante do Sistema de Vigilância à Saúde do SUS,
Se você usa um preservativo masculino ou feminino para se proteger de uma gravidez indesejada ou como método (ainda que parcialmente seguro) de prevenção das infecções sexualmente transmissíveis (IST , não se fala mais em DST), adquirido ou não na rede básica do SUS você também está usando o SUS, pois todo produto desta natureza precisa, para ser comercializado, de um controle de qualidade emitido pelo INMETRO, que um órgão vinculado ao SUS.
Um casal ao escolher um hospital particular para o nascimento do seu filho – com tudo pago mesmo, em forma de desembolso direto – também estará usando o SUS, pois a criança no momento da alta somente poderá sair do hospital com um documento chamado Declaração de Nascidos Vivos que faz parte de um dos Sistemas de Informação de Saúde que é o SINASC (é um documento emitido pelo Ministério da Saúde). O mesmo ocorre quando morre alguém pois para que um atestado de óbito seja emitido é preciso preencher uma DO (Declaração de Óbito) que é somente o SUS que fornece aos hospitais.
Se você ainda não concorda que também USA O SUS continue lendo as colocações abaixo:
Quando o pessoal de Agente de Combate à Endemias (ACE) passa visita em sua residência para o controle o mosquito Aedes aegypti – transmissor do vírus da Dengue, Febre Amarela, Chikungunya, Zika e a Doença ou Febre de Mayaro você também está usando os serviços do SUS;
Quando você ler uma faixa colocada nas avenidas/ruas de sua cidade com uma mensagem do tipo “Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas pelo corpo que apresentam alteração da sensibilidade pode ser HANSENÍASE, procure uma unidade de saúde”, você está recebendo uma informação de saúde, no contexto da Educação em Saúde, parte fundamental do SUS.
E, obviamente, quando você procura algum tipo de atendimento à saúde em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) – erroneamente chamada de “Postinhos de Saúde” –, no Ambulatório de Especialidades Médicas (AME), em algum consórcio intermunicipal de saúde (tipo CISARF em Fernandópolis), no Centro de Atendimento às Doenças Infecciosas e Parasitárias (CADIP), em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), no Laboratório Regional do SUS, na Secretaria Municipal de Saúde, ou ainda ao ser resgatado pelo SAMU em um acidente você está usando o SUS. Assim como o estará usando ao frequentar um serviço de hemodiálise que atendem quase 100% dos pacientes pelo SUS, além da Santa Casa que é uma instituição conveniada ao SUS e, que portanto, tem que atender mais de 60% dos pacientes pelo SUS para ter o certificado de FILANTROPIA e deixar de pagar vários impostos. Você sabia disto??
Ah! Você sabia também que somente o SUS fornece os medicamentos para o tratamento de doenças como a Influenza A (H1N1), Hanseníase, Tuberculose, Aids, Malária, entre outras doenças infecciosas ou parasitárias? E que estes medicamentos você não os encontra em farmácias e drogarias do país?
E toda vez que um cidadão precisar de sangue e seus derivados (hemoderivados) está utilizando o SUS mesmo que seja nos hospitais particulares haja vista que todo o processo desde o recrutamento de doadores, colheita, processamento (realização das sorologias), estocagem, distribuição realização de sorologias é realizado por órgãos da Rede Nacional de Serviços de Hematologia e Hemoterapia (HEMORREDE). Sugiro a leitura do site http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/doacao-de-sangue/rede-nacional-de-servicos-de-hematologia-e-hemoterapia-hemorrede
Agora que eu espero ter lhe convencido de que você usa o SUS...
VAMOS À AULA?
O SUS é um produto de um Movimento Social e Político que surgiu em meados da década de 70, em plena vigência da Ditadura Militar. Esse movimento ficou conhecido como MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA que ao longo de vários anos lutou pela criação do SUS, devido à perversidade que era o sistema anterior (INPS/INAMPS). A expressão “Reforma Sanitária” foi criada pelo Prof. Guilherme Rodrigues da Silva (Professor Emérito do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP).
O ápice deste movimento aconteceu na famosa VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE (8ª CNS) que ocorreu, em Brasília, no mês de março de 1986, a qual é considerada um MARCO HISTÓRICO NA SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA, pois nela foram discutidos, principalmente, sobre a necessidade da criação do SUS e o novo conceito ampliado de Saúde, que já estudamos na aula anterior. Lembram-se?? Então, oficialmente, nesta CNS o SUS foi PROPOSTO no RELATÓRIO FINAL.
Esse movimento segundo Vasconcelos e Pasche (2006, p. 532) o movimento sanitário foi um processo político que mobilizou a sociedade brasileira para propor novas políticas e novos modelos de organização de sistema, serviços e práticas de saúde. Isto resultou na criação do SUS, que hoje é considerado o maior sistema de saúde pública do mundo, e, também, é reconhecido como um dos melhores – possui muitas fortalezas mas também possui muitas debilidades, dilemas e incertezas, que tangencialmente serão discutidas até o final desta aula.
Na página da internet do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br) encontramos que:
O Sistema Único de Saúde - SUS - foi criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pelas Leis n.º 8080/90 e nº 8.142/90, Leis Orgânicasda Saúde, com a finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à Saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto.
A saúde é considerada como um valor devido ao vínculo com a vida. Constitui-se um marco jurídico por ser um bem público e, dessa maneira, torna-se um direito de cada cidadão. Dessa forma, ela torna-se responsabilidade de toda a população e do Estado, ou seja, traduz-se em obrigação do poder público como também um dever de cada indivíduo (MARZIALE; MENDES, 1995). 
No Brasil, esse direito à saúde somente passou a existir a partir da Promulgação da atual Constituição Federal em outubro de 1988, que CRIOU o SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS), no Capítulo da Seguridade Social, Seção Saúde onde no seu artigo 196 diz que “A saúde é um direito de todos e um dever do Estado (...)”. Antes disto somente quem contribuía mensalmente para o INPS/INAMPS (criados em 1967 e 1977, respectivamente) tinha direito a assistência à saúde (ainda que precária e centrada, basicamente, no profissional médico).
O SUS É CONSIDERADO UM SISTEMA ÚNICO DE SÁUDE PORQUE SEGUE OS MESMOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL E AGREGA OS DIVERSOS SERVIÇOS DE SAÚDE EM UMA ÚNICA REDE. 
ATUALMENTE ELE É ALICERÇADO EM ONZE, SENDO QUE TRÊS DELES SÃO CHAMADOS DE NORTEADORES ou DOUTRINÁRIOS ou ÉTICOS ou ainda FINALÍSTICOS E OITO SÃO DENOMINADOS DE ORGANIZACIONAIS ou ORGANIZATIVOS, OS QUAIS EXPRESSAM COMO ELE DEVE FUNCIONAR NA PRÁTICA. TODOS ESSES PRINCÍPIOS BASEIAM-SE NOS PRECEITOS CONSTITUCIONAIS.
TODOS OS PRINCÍPIOS DO SUS FORAM ORIGINADOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 05/10/1988 – CAPÍTULO DA SEGURIDADE SOCIAL, SEÇÃO II – DA SAÚDE, ARTIGO 196 A 200. ELES PODEM ESTAR EXPLICITOS OU IMPLÍCITOS NO TEXTO CONSTITUCIONAL.
TÍTULO: DA ORDEM SOCIAL
CAPÍTULO: SEGURIDADE SOCIAL
SEÇÃO II: SAÚDE
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I - descentralização com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III – participação da comunidade.
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
OS PRINCÍPIOS NORTEADORES/DOUTRINÁRIOS OU ÉTICOS OU ÉTICOS-POLÍTICOS OU FINALÍSTICOS SÃO:
1. UNIVERSALIDADE – Artigo 196 (Saúde é um direito de todos e um dever do Estado (...) acesso universal e igualitário....
2. EQUIDADE – Art. 196
3. INTEGRALIDADE – Art. 198 (“Atendimento integral”)
E OS ORGANIZACIONAIS/ORGANIZATIVOS SÃO:
1. DESCENTRALIZAÇÃO COM COMANDO ÚNICO EM CADA ESFERA DE GOVERNO - Artigo 198 
2. REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO - Artigo 198
3. REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA - Artigo 198
4. RESOLUTIVIDADE OU RESOLUBILIDADE - Artigo 198
5. PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE (POPULAÇÃO) - Artigo 198 e Lei Federal nº 8142 de 28 de dezembro de 1990
6. INTERSETORIALIDAE - Artigo 198 – derivado da Integralidade
7. TRANSVERSALIDADE - Artigo 198
8. PARTICIPAÇÃO DO SETOR PRIVADO NA ÁREA DA SAÚDE DE FORMA COMPLEMENTAR AO SUS – Artigo 199
VAMOS ÀS DEFINIÇÕES E COMENTÁRIOS SOBRE CADA DELES:
A – PRINCÍPIOS NORTEADORES/DOUTRINÁRIOS OU ÉTICOS OU ÉTICOS-POLÍTICOS OU FINALÍSTICOS:
1. UNIVERSALIDADE: todas as pessoas têm direito à saúde, aí entendida como a garantia do direito aos fatores determinantes e determinantes de saúde e do acesso aos serviços de saúde (COSTA; CARBONE, 2009). Esse direito deriva do já mencionado Artigo nº 196 da Constituição Federal de 1988 que diz “ a saúde é um direito de todos e um dever do Estado...”. Pela primeira vez na história do Brasil, uma Constituição (Carta Magna) reconhece a saúde como direito social. Acesso ou acessibilidade universal, significa, para todos – ricos, pobres, homens, mulheres, velhos e crianças, nordestinos e sulistas, negros e brancos, moradores das cidades e quilombolas, analfabetos e letrados, independente da raça, etnia ou opção sexual (PAIM, 2009, p. 45). 
No entanto, a universalidade como ideal a ser perseguido, necessita de que muitas barreiras sejam derrubadas para que todas as pessoas possam usufruir dos serviços de saúde (COSTA; CARBONE, 2009). A universalidade hoje existente é chamada de excludente, pois existem milhares de brasileiros, principalmente, nas longínquas regiões da Amazônia e das grandes e médias cidades brasileiras que apresentam muitas dificuldades de acesso aos serviços de saúde (barreiras geográficas, econômicas, socioculturais e educacionais).
2. EQUIDADE: Esse termo não é citado na Constituição Federal e nem em outras legislações federais como, a já mencionada, Lei nº 8080/90 que regulamenta o SUS. A Constituição e essa Lei citam a palavra Igualdade. Nelas encontramos a expressão “acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde”. Portanto, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. No entanto, no mundo, NÃO existe um sistema de saúde capaz de “OFERECER TUDO PARA TODOS” os cidadãos, sempre haverá uma forma de discriminação positiva, ou seja, apesar da Constituição garantir o acesso a qualquer pessoa, em igualdade de condições, aos diferentes níveis de densidade tecnológica do sistema de saúde, isto nem sempre é possível; e o que vai determinar as ações a que o indivíduo terá direito são as prioridades epidemiológicas. 
O moderno conceito de equidade compreende a ideia de que as pessoas mais fragilizadas e as comunidades mais desprovidas de recursos (sejam eles financeiros ou não) necessitam receber cuidados especiais para obter adequadas condições de saúde (COSTA; CARBONE, 2009). É um princípio de justiça social porque busca diminuir desigualdades. Isto significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior (CUNHA; CUNHA, 2001).
Sintetizando: em algumas situações o sistema de saúde deverá priorizar àqueles que tem menos – “oferecer mais para quem tem menos”. Ou, “oferecer mais para quem precisa mais”.
Um exemplo disto é a Campanha de Vacinação contra o vírus Influenza A (H1N1) que estabelece os grupos prioritários para serem vacinados tais como os profissionais de saúde, as forças armadas, os indígenas, as gestantes, as crianças de seis meses a dois anos e os adultos jovens e idosos que possuem algumas patologias específicas. Isto deu o que falar!! 
Outro exemplo é a vacinação contra o HPV. Leia a reportagem publicada em 20/06/2017 pelo Ministério da Saúde, publicada no site http://www.brasil.gov.br/saude/2017/06/cobertura-da-vacinacao-contra-hpv-pelo-sus-e-ampliada
O Ministério da Saúde vai ampliar a vacinação de HPV para meninos de 11 a 15 anos. Desde janeiro, as doses eram aplicadas em jovens entre 12 e 13 anos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Também poderão receber a vacina homens e mulheres transplantados e oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia.
Os jovens precisam tomar duas doses da vacina quadrivalente, com um intervalo de seis meses entre as doses, para ficarem protegidos contra os quatro tipos mais comuns do vírus. A infecção está associada ao desenvolvimento de cânceres de pênis, garganta, ânus e colo do útero.
Podemos citar vários outros exemplos tais como: o Sistema de Classificação de Risco de acordocom o Modelo/Protocolo de Manchester que vem sendo utilizado em serviços de urgência e emergência e gradualmente nas Unidades Básicas de Saúde.
De acordo com as respostas apresentadas na aplicação do protocolo, o fluxograma leva a um resultado e o paciente é classificado em uma das cinco prioridades identificadas por número, nome, cor e tempo alvo para a observação médica inicial: (Fonte: http://www.enfermeiroaprendiz.com.br/classificacao-de-risco-nos-servicos-de-urgencia-e-emergencia/)
O princípio da equidade vem sendo destacado pelo atual Ministro de Estado da Saúde, o médico ortopedista Luis Henrique Mandeta como consta em um trecho da Reportagem de Fernanda Calgaro, G1 — Brasília, publicada no dia 02/01/2019, disponível no site https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/01/02/novo-ministro-da-saude-luiz-henrique-mandetta-assume-cargo-em-cerimonia-em-brasilia.ghtml
CADA CENTAVO ECONOMIZADO NA SAÚDE IRÁ PARA ASSISTÊNCIA DA POPULAÇÃO, DIZ NOVO MINISTRO
O ministro defendeu a discussão sobre o conceito de equidade – um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) – ao fazer críticas às ações individuais na Justiça que, segundo ele, "não respeitam o coletivo".
Há diversos questionamentos judiciais, por exemplo, que obrigam o poder público a fornecer medicamentos caros e não incluídos na lista do SUS, impactando a distribuição de remédios para o restante da população.
Ele afirmou que "não existem verdades absolutas" e tudo é passível de ser questionado na área da saúde. Ele observou, no entanto, que não haverá retrocesso constitucional.
"Queremos e vamos cumprir um desafio constitucional. Saúde é um direito de todos e dever do Estado. Não tem retrocesso, não tem volta da nossa máxima constitucional. Mas não existem verdades absolutas a não ser as constitucionais. As infralegais temos e iremos discutir, principalmente, o conceito de equidade", afirmou.
E continuou: “Vemos o conceito de integralidade rapidamente ser absorvido e inspirar as inúmeras ações judiciais, e o pilar da equidade é relativizado. E a equidade é onde o país tem que encontrar racionalidade para fazer mais para quem tem menos, (...) não com arroubos de decisões individuais, que não respeitam o direito coletivo".
Mandetta defendeu ainda a melhoria na gestão das informações do setor de saúde no país, especialmente com a informatização. "Quem não tem informação não pode gerir", afirmou. Na avaliação do novo ministro, quando um gestor não tem dados precisos é como se fizesse um "voo no escuro".
Ele acrescentou que deseja "um sistema privado forte" e "solidário", mas "com menos queixas" e melhor prestação de serviço aos idosos. "Não há volta, mas há muito espaço para melhoria", afirmou.
Na Revista RADIS nº 195, de dezembro de 2018, encontramos a Reportagem abaixo:
Na Revista RADIS nº 196, de janeiro de 2019, encontramos a Reportagem abaixo:
3. INTEGRALIDADE: esse princípio significa considerar a pessoa como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Para isto, os serviços de saúde devem oferecer um conjunto de ações, incluindo as de promoção da saúde, a de prevenção de doenças e agravos, o tratamento (aqui compreendido: a suspeição diagnóstica, o diagnóstico propriamente dito e o tratamento: medicamentoso, cirúrgico, paliativo) e a reabilitação. Esse princípio também pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, como forma de assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos cidadãos. Lembram-se disto? Na aula anterior quando discutirmos que a Saúde não é de responsabilidade exclusiva do SETOR SAÚDE, mas sim uma prática INTERSETORIAL? Ou seja, o envolvimento de vários setores governamentais como o da agricultura, da habitação, do saneamento, do transporte, etc. 
Mais adiante discutirei sobre o Princípio da Intersetorialidade.
B – PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS/ORGANIZATIVOS:
Para organizar o SUS a partir dos princípios doutrinários apresentados acima existem algumas diretrizes que orientam esse processo. A Constituição Federal de 1988, no Capítulo da Seguridade Social, Seção II da Saúde, diz no seu Artigo nº 198 que as ações e serviços de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com algumas diretrizes. No entanto, apesar de serem denominadas de diretrizes elas também são conhecidas como princípios organizacionais, pois na verdade, trata-se de formas de concretizar o SUS na prática.
1. DESCENTRALIZAÇÃO COM COMANDO ÚNICO EM CADA ESFERA DE GOVERNO
Descentralizar é redistribuir poder e responsabilidades entre os níveis de governo (federal, estadual e municipal). Na saúde, a descentralização tem como objetivo prestar serviços de melhor qualidade e garantir o controle e a fiscalização pelos cidadãos, pois quanto mais perto estiver a decisão, maior a chance de acerto (CUNHA; CUNHA, 2001). O SUS é de responsabilidade das três esferas de governo com atribuições definidas para cada uma delas na, já citada, Lei Federal nº 8080/90 (Lei Orgânica da Saúde). Em nível federal a autoridade sanitária do SUS é exercida pela União pelo Ministro da Saúde – Luiz Henrique Mandetta (escolhido pelo Presidente Jair Messias Bolsonaro), nos estados pelos Secretários Estaduais de Saúde (em São Paulo é o médico José Henrique Germann Ferreira nomeado pelo Governador João Agripino da Costa Dória) e nos municípios pelos Coordenadores, Diretores ou Secretários de Saúde (em Fernandópolis o Secretário Municipal de Saúde é o Enfermeiro Flávio Carlos Rui Ferreira – escolhida pelo Prefeito André Giovanni Pessuto Candido). Ou seja, eles são o COMANDO ÚNICO do SUS, são também conhecidos como GESTORES do SUS. 
No site http://portalms.saude.gov.br/o-ministro encontramos as seguintes informações sobre o atual Ministro da Saúde:
“Nasceu em Campo Grande (MS). Possui graduação em medicina pela Universidade de Gama Filho (Rio de Janeiro, RJ – 1989) e pós-graduação em ortopedia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Nos Estados Unidos (Atlanta, Georgia), obteve a especialidade de ortopedia pediátrica pela Fellow da Emory University. Ainda, é especialista em gestão de serviços e sistema de saúde pela Fundação Getúlio Vargas.
Iniciou sua carreira como médico no Hospital Geral do Exército e, em 1993, passou a compor o quadro de médicos da Santa Casa de Campo Grande (MS). Em 1996, foi admitido como médico adjunto do Hospital Universitário e atuou também como professor do curso de pós-graduação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Seguiu como conselheiro fiscal da Cooperativa de Médicos (Unimed) de Campo Grande (1998-99), Conselheiro Técnico da Santa Casa, em 2000, e Presidente da Unimed em 2001. Em 2004, iniciou gestão de quatro anos como conselheiro eleito do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM/MS).
De 2005 a 2010, assumiu a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (MS). Após esse período, exerceu dois mandatos como deputado federal pelo Mato Grosso do Sul (2011 e 2018), quando empenhou esforços nas áreas sociais, especialmente saúde, medicina, assistência social e educação, compondo comissões e subcomissões temáticas, além representante do grupo de parlamentares brasileiros no Parlamento do Mercosul”.
No site https://fehoesp360.org.br/noticia/5570/medico-jose-henrique-germann-sera-secretario-estadual-de-saude encontramos as seguintes informações sobre o atual Secretário de Estado da Saúde de São Paulo:
“é formado pela USP, foi diretor-superintendente dos hospitais Albert Einstein e do Sírio Libanês. Atualmente, ele é supervisor do programa de residência médica da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein”.
No SUS entre os três entes federados o MUNICÍPIO tem enorme responsabilidade para com a saúde da população, pois “antes de tudo” é nele que o povo mora. Esse processo do município assumir a responsabilidade primária da saúde da população de sua área geográfica é chamado de MUNICIPALIZAÇÃO, isto é uma forma de aproximar o cidadão das decisõesdo setor saúde e significa a responsabilização do município pela saúde de seus cidadãos. O município é responsável, principalmente, pela Gestão da ATENÇÃO BÁSICA ou Atenção Primária à Saúde que constitui o nível primário de Atenção à Saúde e em alguns casos também por ações e serviços de nível secundário como veremos adiante.
2. REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO: 
Esses princípios organizam o SUS na prática.
O objetivo da regionalização é distribuir de forma mais racionalizada os recursos assistenciais no território, com base na distribuição da população, promovendo a integração das ações e das redes assistenciais, de forma que garanta acesso oportuno e resolução dos problemas das pessoas e da coletividade (VASCONCELOS; PASCHE, p. 536). A regionalização e a hierarquização de serviços significam que eles devem ser organizados em níveis crescentes de densidade tecnológica, de acordo com uma determinada área geográfica na qual se conheça a clientela a ser atendida (CUNHA; CUNHA, 302). No Brasil os estados dividem os seus territórios em Regiões de Saúde de acordo com o Decreto 7.508/2011 (que regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências).
Art. 2o  Para efeito deste Decreto, considera-se:
I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde;
III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde do usuário no SUS (que são os de atenção primária (Ex: UBSs); de atenção de urgência e emergência (Ex: UPAs); de atenção psicossocial (Ex: CAPS); e especiais de acesso aberto (Ex: Centro de Testagem e Aconselhamento que funciona no CADIP);
V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de recursos humanos e de ações e serviços de saúde ofertados pelo SUS e pela iniciativa privada, considerando-se a capacidade instalada existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir dos indicadores de saúde do sistema;
VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços de saúde articulados em níveis de com maior densidade tecnológica crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde; (No lugar de níveis de com maior densidade tecnológica crescente o correto é aumento da densidade tecnológica).
O Estado de São Paulo tem 645 municípios e está dividido em 17 Departamentos Regionais de Saúde. São José do Rio Preto é a sede de uma desses Departamentos Regionais de Saúde onde encontra-se a sede do Departamento Regional de Saúde (DRS XV) que abrange uma área geográfica de 102 municípios que vai do município de Santa Adélia até Rubinéia. Portanto, Fernandópolis é sede de uma Região de Saúde de 13 municípios (Estrela D’ Oeste, Guarani D’ Oeste, Indiaporã, Macedônia, Meridiano, Mira Estrela, Ouroeste, Pedranópolis, Populina, São João das Duas Pontes, São João de Iracema e Turmalina – que está vinculada a este Departamento Regional de Saúde. Assim como existem as Regiões de Saúde de Santa Fé do Sul, Jales, Votuporanga, São José do Rio Preto e Catanduva e José Bonifácio cada uma delas com um determinado número de municípios – todos vinculados esta regional. Isto é importante para a organização dos serviços de saúde. Cada Região de Saúde forma um COLEGIADO GESTOR REGIONAL DO SUS, constituído pelos Secretários Municipais de Saúde, os quais se reúnem, periodicamente, para discutir o planejamento, a organização e avaliação da política de saúde, por meio de indicadores de saúde e de gestão e dos problemas de saúde da população para encontrar soluções adequadas e oportunas.
Como isto funciona na prática: um cidadão de Macedônia por pertencer a Região de Saúde de Fernandópolis ao precisar de um atendimento em um ponto de atenção com maior densidade tecnológica em saúde como, por exemplo, uma internação hospitalar será encaminhado pela unidade de saúde do município para a Santa Casa de Fernandópolis e dependendo da necessidade este cidadão será transferido para outro hospital de maior com maior densidade tecnológica, mediante a liberação de uma vaga pela Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (CROSS) existente na Secretaria de Estado da Saúde em São Paulo - Capital, muito provavelmente ele será encaminhado para o Hospital de Base em Rio Preto ou em Catanduva que possuem hospitais mais especializados.
 Se necessário for também poderá ser encaminhado para outros hospitais especializados localizados em outros Departamentos Regionais de Saúde, como por exemplo, de Macedônia para o Hospital do Câncer em Barretos. 
A Hierarquização significa que os serviços de saúde devem ser organizados em níveis de DENSIDADE TECNOLÓGICA crescente, de modo que se garanta o processo de referência e contrarreferência (COSTA; CARBONE, 2009). 
No novo processo de Regionalização foram instituídas as Redes Regionais de Atenção à Saúde (RRAS) em todo o Brasil, que atualmente possui um total de 438 regiões de Saúde. 
Vejam as RRSA do estado de São Paulo a RASS
A junção do Departamento Regional de Saúde XV de São José do Rio Preto e o Departamento Regional de Saúde II de Araçatuba deram origem a RRAS nº 12 totalizando 142 municípios (sendo 102 do DRS XV de São José do Rio Preto e 40 do DRS II de Araçatuba).
Apesar da maioria dos autores apresentarem a hierarquização dos serviços apontando apenas três níveis de Atenção à Saúde, atualmente já se fala em 4 NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE, a saber:
NÍVEL PRIMÁRIO – compreendem, principalmente, as duas modalidades de Unidades Básicas de Saúde (UBS) de acordo com a Portaria Ministerial nº 2436/2018 – eAB (onde atua uma equipe de Atenção Básica) e eSF (onde atua a equipe de Saúde da Família. Essas UBS são erroneamente chamadas de Postinhos de Saúde por boa parte da população, imprensa e até mesmo pelas autoridades de saúde e profissionais de saúde (possivelmente você ouvirá algum(a) docente se referir a eles na Universidade). Nessas UBSs se desenvolvem ações básicas de saúde, ou seja, as ações correspondentes à ATENÇÃO BÁSICA OU PRIMÁRIA DE SAÚDE. Estas unidades são consideradas como sendo as Portas de Entrada do Sistema de Saúde. No Brasil existem atualmente 42.488 UBS em funcionamento. 
Em 2011 o Ministério da Saúde lançou o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ).
O PMAQ - AB tem como objetivo incentivar os gestores a melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos aos cidadãos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) por meio das equipes de Atenção Básica à Saúde. A meta é garantir um padrão de qualidade por meio de um conjunto de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação do trabalho das equipes de saúde. O programa eleva os recursos do incentivo federal para os municípios participantes, que atingirem melhora no padrão de qualidade no atendimento 
Equipes bem avaliadas poderão receber até R$ 11 mil a mais, por mês. Hoje, cada equipe recebe do governo federal de R$ 7,1 mil a R$ 10,6 mil, de acordo com o perfil sociais, econômicos e culturais, acrescidos ainda pelos recursos das equipes de Saúde Bucal e Agentes Comunitários de Saúde. (Fonte: http://dab.saude.gov.br/portaldab/cidadao_pmaq2.php?conteudo=entenda_pmaq).
NÍVEL SECUNDÁRIO - compreendem os hospitais de pequeno e médio porte como, por exemplo, as Santas Casas, o Centro de Referência em Saúde, o Ambulatório de Especialidades Médicas (AME), as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), os Consórcios Intermunicipais de Saúde, Policlínicas, Laboratórios, Bancos de Sangue, etc. A Santa Casa de Misericórdia de Fernandópolis e um hospital de nível secundário, mas que possui alguns serviços que podem ser classificados como de nível terciário como a UTI, o Serviço de Hemodiálise,o IACOR.
· NÍVEL TERCIÁRIO – compreendem as Policlínicas especializadas, hospitais gerais de grande porte como o Hospital de Base de São José do Rio Preto.
· NÍVEL QUARTENÁRIO – compreendem os grandes Hospitais Universitários como o Hospital das Clínicas da USP em São Paulo e Ribeirão Preto, entre outros com alto grau de densidade tecnológica (devido a existência de uma aparelhagem – Tecnologias Duras - e conhecimentos muito específicos) como o Hospital Pio XII de Barretos – Hospital do Câncer de Barretos.
Observação: Não há consenso na literatura quanto à classificação dos níveis de atenção à saúde. O Ministério da Saúde o classifica em três níveis: primário, secundário e terciário.
Para conhecer a Classificação dos Hospitais em nível secundário, terciário verifique no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) pelo site http://cnes.datasus.gov.br/
Esse Modelo de Atenção organizado em Níveis de Atenção à Saúde será, gradualmente, substituído pelo Modelo de Pontos de Atenção à Saúde organizado em REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE.
No site http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php do Ministério da Saúde encontramos a seguinte definição de Redes: 
“As Redes de Atenção à Saúde (RRAS) são arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado (Ministério da Saúde, 2010 – Portaria nº 4.279, de 30/12/2010).
A implementação das RRAS aponta para uma maior eficácia na produção de saúde, melhoria na eficiência da gestão do sistema de saúde no espaço regional, e contribui para o avanço do processo de efetivação do SUS. A transição entre o ideário de um sistema integrado de saúde conformado em redes e a sua concretização passam pela construção permanente nos territórios, que permita conhecer o real valor de uma proposta de inovação na organização e na gestão do sistema de saúde.”
Fonte: Imagens capturadas da WWW, agosto 2017
O melhor material sobre Redes de Atenção à Saúde foi produzido pelo mineiro EUGENIO VILAÇA MENDES, renomado odontólogo, estudioso de Políticas Pública em Saúde em nível nacional e internacional.
Referência: 
MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2011. Disponível em http://www.conass.org.br/pdf/Redes_de_Atencao.pdf
No site http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/materia/detalhe/29910 encontramos uma entrevista dele para a FIOCRUZ onde ele diz que
Então, para restabelecer a coerência entre a situação de saúde com transição demográfica acelerada e tripla carga de doenças com predomínio forte de doenças crônicas e um sistema integrado de saúde contínuo e pró-ativo, voltado equilibradamente para a atenção às condições agudas e crônicas, Vilaça propõe a implantação das redes de atenção à saúde (RASs), que são “arranjos organizativos de ações e serviços de saúde integrados por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão”, de acordo com conceito do Ministério da Saúde. Esse modelo virou lei através do Decreto 7.508, de 28/6/11 e da Portaria 4.279, de 30/12/10.  Agora temos uma Portaria de Consolidação nº 3, de 3 de outubro de 2017, que trata das normas sobre as redes do Sistema Único de Saúde. Leia no final dessa apostila quais são as Redes Temáticas, as Redes de Serviço de Saúde e as Redes de Pesquisa em Saúde.
 A diferença entre o sistema fragmentado e as RRASs é que o sujeito na Rede é um agente de saúde. As RRASs são responsáveis por uma população definida; são organizadas de forma poliárquica (não há hierarquia); por um contínuo de atenção – primária, secundária e terciária –; de forma integral – ações de promoção da saúde e de prevenção, cura, cuidado, reabilitação ou paliação das doenças; coordenadas pela atenção primária à saúde; orientadas para a atenção às condições agudas e crônicas; focadas no enfrentamento sistêmico de condições de saúde ou doenças; organizadas pelas necessidades de saúde da população; e têm incentivos econômicos alinhados aos objetivos sanitários.
"O objetivo final dos sistemas de atenção à saúde é gerar valor para a população e diminuir as iniquidades".
 
A segunda parte da palestra do consultor tratou da Gestão da Clínica. Segundo Vilaça, o objetivo final dos sistemas de atenção à saúde é gerar valor para a população e diminuir as iniquidades. Esse valor expressa-se na relação entre a qualidade dos resultados econômicos, clínicos e humanísticos e os recursos utilizados no cuidado da saúde, explica Vilaça, e só pode ser obtido através de intervenções de promoção da saúde e de prevenção das condições de saúde, o que exige a implantação das RASs. Para alcançar esse objetivo é necessário o equilíbrio entre a gestão dos recursos (humanos, materiais e financeiros) e a gestão dos fins (clínica).
 
A Gestão da Clínica tem origem em experiências internacionais: Atenção Gerenciada e Governança Clínica. O conjunto de tecnologias de microgestão da clínica baseia-se em diretrizes clínicas, que são recomendações sistemáticas com o propósito de influenciar decisões profissionais de saúde e das pessoas usuárias do sistema em situações clínicas específicas, com funções educacional, comunicacional, gerencial e legal. São dois tipos de diretrizes: as linhas-guias e os protocolos clínicos. As evidências apontadas pela experiência da Gestão da Clínica indicam que há melhoria da coordenação entre equipes, o que contribui para a redução das internações e das taxas de permanência, aumenta a satisfação dos usuários, diminui o uso de medicamentos e reduz o custo da atenção, entre outras melhorias.
INFELIZMENTE O SUS AINDA NÃO GEROU VALOR PARA A SOCIEDADE BRASILEIRA. 
Em 2015 o Prof. Dr. Eugênio Vilaça Mendes publicou o Livro A Construção Social da Atenção Primária à Saúde, pelo CONASS: 
3.2. AS INTERPRETAÇÕES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) NA PRÁTICA SOCIAL
 Quando a Organização Mundial da Saúde propôs sua agenda para operacionalização das metas acordadas em Alma-Ata, os países industrializados já as haviam alcançado em grande parte, enquanto a maioria dos países em desenvolvimento ainda estava longe de atingi-las. Isso gerou problemas de conceituação e, por consequência, de implementação (VUORI, 1984). 
As variações na interpretação da APS se explicam, ademais, pela história mesma de como se gestou e evoluiu este conceito e pela ambiguidade de algumas de suas definições formais estabelecidas nos foros internacionais, pelo uso diferenciado que fazem do termo algumas escolas do pensamento sanitário e pela tentativa de se instituir uma concepção positiva de processo saúde/doença em momento de nítida hegemonia de uma concepção negativa da saúde. 
Por isso, há três interpretações principais da APS (MENDES, 2012): a APS como atenção primária seletiva, a APS como o nível primário do sistema de atenção à saúde e a APS como estratégia de organização do sistema de atenção à saúde. Essas Conselho Nacional de Secretários de Saúde – CONASS três decodificações dos cuidados primários são encontradas, em vários países e, até mesmo, convivem dentro de um mesmo país, no mesmo tempo. 
A interpretação da APS como atenção primária seletiva entende-a como um programa específico destinado a populações e regiões pobres a quem se oferece, exclusivamente, um conjunto de tecnologias simples e de baixo custo, provido por pessoal de baixa qualificação profissional e sem a possibilidade de referência a ní- veis de atenção de maior densidade tecnológica (WALSH e WARREN, 1979; UNGER e KILLINGSWORTH, 1986). 
A interpretação da APS como o nível primário do sistema de atenção à saúde conceitua-a como o modo de organizar e fazer funcionar a porta de entrada do sistema, enfatizando a função resolutiva desses serviços sobre os problemas mais comuns de saúde, para o que a orienta de forma a minimizar os custos econômicos e a satisfazer as demandas da população, restritas, porém, às ações de atenção de primeiro nível (INSTITUTE OF MEDICINE, 1994). É uma interpretação muitocomum em países desenvolvidos e, em geral, está relacionada com a oferta de médicos especializados em medicina geral ou de família (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2010). 
A interpretação da APS como estratégia de organização do sistema de atenção à saúde compreende-a como uma forma singular de apropriar, recombinar e reordenar todos os recursos do sistema para satisfazer às necessidades, demandas e representações da população, o que implica a articulação da APS como parte e como coordenadora de uma RAS. Por isso, há quem sugira que a APS deve ocupar o banco do motorista para dirigir o sistema de atenção à saúde (SALTMAN et al., 2006) e quem proponha RAS baseadas na APS (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2010). 
A decodificação da APS como estratégia de organização do sistema de atenção à saúde é a mais compatível com a proposta das RAS. São várias as razões: é a interpretação mais correta do ponto de vista técnico; é abrangente podendo conter, dentro de sua significação estratégica, as duas outras concepções mais restritas; é perfeitamente factível e viável no estágio de desenvolvimento do Brasil e com o volume de gasto público que o SUS apresenta; e é a interpretação que torna possível exercitar as funções da APS como coordenadora das RAS. 
No SUS, ainda que o discurso oficial seja da APS como estratégia de saúde da família, ela, na realidade, ainda mistura elementos culturais, técnicos e operacionais das duas outras interpretações mais restritas: a APS seletiva e a APS como nível primário de atenção à saúde. A mudança semântica foi importante, mas, agora, trata- -se de aprofundar a transformação para que alcance uma mudança de paradigma.
 3.3. OS ATRIBUTOS E AS FUNÇÕES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE NAS RAS 
A interpretação da APS como estratégia de organização do sistema de atenção à saúde implica exercitá-la de forma a obedecer a certos atributos e a desempenhar algumas funções.
ATRIBUTOS DA APS:
1 - Primeiro Contato 
2 - Longitudinalidade 
3 - Integralidade 
4 -Coordenação 
5 - Focalização na família 
6 - Orientação comunitária 
7 - Competência cultural
FUNÇÕES DA APS: 
1- Resolubilidade
2 - Comunicação
3 - Responsabilização
Só haverá uma APS de qualidade quando os seus sete atributos estiverem sendo operacionalizados, em sua totalidade. Os primeiros quatro são os atributos essenciais e os três últimos os atributos derivados.
 O primeiro contato implica a acessibilidade e o uso de serviços para cada novo problema ou novo episódio de um problema para os quais se procura atenção à saúde. 
A longitudinalidade constitui a existência do aporte regular de cuidados pela equipe de saúde e seu uso consistente ao longo do tempo, num ambiente de relação mútua de confiança e humanizada entre equipe de saúde, indivíduos e famílias. 
A integralidade significa a prestação, pela equipe de saúde, de um conjunto de serviços que atendam às necessidades da população adstrita nos campos da promoção, da prevenção, da cura, do cuidado, da reabilitação e dos cuidados paliativos, a responsabilização pela oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o reconhecimento adequado dos problemas biológicos, psicológicos e sociais que causam as doenças. 
A coordenação conota a capacidade de garantir a continuidade da atenção, através da equipe de saúde, com o reconhecimento dos problemas que requerem seguimento constante e se articula com a função de centro de comunicação das RAS.
 A focalização na família impõe considerar a família como o sujeito da atenção, o que exige uma interação da equipe de saúde com esta unidade social e o conhecimento integral de seus problemas de saúde e das formas singulares de abordagem familiar. 
A orientação comunitária significa o reconhecimento das necessidades das famílias em função do contexto físico, econômico e social em que vivem, o que exige uma análise situacional das necessidades de saúde das famílias numa perspectiva populacional e a sua integração em programas intersetoriais de enfrentamento dos determinantes sociais da saúde proximais e intermediários.
 A competência cultural convoca uma relação horizontal entre a equipe de saúde e a população que respeite as singularidades culturais e as preferências das pessoas e das famílias (STARFIELD, 2002). 
A presença dos sete atributos da APS é importante para a garantia dos resultados e da qualidade da atenção. Há evidências, produzidas em nosso país, de que a heterogeneidade da qualidade da APS está, em geral, associada à ausência de um ou mais desses atributos. Da mesma forma, uma APS como estratégia só existirá se ela cumprir suas três funções essenciais: a resolubilidade, a comunicação e a responsabilização. A função de resolubilidade, inerente ao nível de cuidados primários, significa que ela deve ser resolutiva, capacitada, portanto, cognitiva e tecnologicamente, para atender a mais de 90% dos problemas de sua população. A função de comunicação expressa o exercício, pela APS, de centro de comunicação das RAS, o que significa ter condições de ordenar os fluxos e contrafluxos das pessoas, dos produtos e das informações entre os diferentes componentes das redes. A função de responsabilização implica o conhecimento e o relacionamento íntimo, nos microterritórios sanitários, da população adstrita, o exercício da gestão de base populacional e a responsabilização econômica e sanitária em relação a esta população (MENDES, 2012). Quando se quiser verificar se há uma APS eficiente, efetiva e de qualidade, articulada numa RAS, há que se procurar verificar em que medida ela cumpre esses sete atributos e essas três funções. É o que procura fazer, em relação aos atributos, o instrumento de avaliação da APS, o Primary Care Assessment Tool, PCATool (STARFIELD et al., 2001; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
Referência:
MENDES, E. V. A construção social da atenção primária à saúde. Brasília: Conselho Nacional de Secretários de Saúde, 2015. Disponível em http://www.conass.org.br/biblioteca/pdf/A-CONSTR-SOC-ATEN-PRIM-SAUDE.pdf
No dia 21 de setembro de 2017, foi publicada a Portaria Ministerial nº 2436 que aprova a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A qual poderá ser consultada, na íntegra, no site http://www.foa.unesp.br/home/pos/ppgops/portaria-n-2436.pdf
Recomendo a leitura da reportagem sobre esta Portaria publicada na Revista CONSENSUS Edição Ano VII, nº 24 (julho, agosto, setembro 2017). Autora Tatiana Rosa. Título: Novo texto traz mudanças importantes, mas mantém a Estratégia Saúde da Família como prioridade, páginas 17 a 21, disponível em: http://www.conass.org.br/biblioteca/pdf/revistaconsensus_24.pdf
Sugiro assistir os vídeos sobre essa Portaria – You Tube - WebPalestra: PNAB - O que mudou? Médico Marcello Dalla – ES, Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=F-rSw1VghO0
Leiam também, a edição nº 183, de dezembro de 2017, da Revista RADIS (disponível on line) da página 11 a 35 (exceto a página 34) sobre a Nova Política Nacional de Atenção Básica (PNAB).
MUITA ATENÇÃO PARA NÃO CONFUNDIR OS VOCÀBULOS: ATRIBUTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DE ACORDO COM BÁRBARA STARFIELD, PRINCÍPIOS NORTEADORES/DOUTRINÁRIOS, ÉTICOS OU FINALÍSTICOS E ORGANIZACIONAIS/ORGANIZATIVOS DO SUS DE ACORDO COM ESSA AULA E OS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA DE ACORDO COM A ATUAL POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA – PORTARIA MINISTERIAL Nº 2436/2017. ESTEJAM ATENTOS ÀS DIFERENTES REFERÊNCIAS.
3- REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA: 
Um cidadão para transitar de um nível de atenção a outro de maior com maior densidade tecnológica em condições rotineiras (exceto urgências e emergências) precisa de um documento expedido por uma unidade de Atenção Básica (UBS/USF) chamado de GUIA DE ENCAMINHAMENTO, a qual é dividida em três partes: Identificação do Cidadão, Referência e Contrarreferência que explicaremos a seguir. 
Um cidadão de Turmalina que pertence a Região de Saúde de Fernandópolis é consultado por um médicoClínico Geral da Unidade Saúde da Família que suspeita de um distúrbio endocrinológico. Este médico decide encaminhá-lo para um endocrinologista, pelo SUS, em Fernandópolis. Para que este cidadão possa ser consultado no CISARF (Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região de Fernandópolis) onde há médico dessa especialidade, ele deverá preencher uma parte da Guia de Encaminhamento chamada REFERÊNCIA. Esta consulta será agendada por telefone no CISARF. 
No dia da consulta este cidadão deverá levar a GUIA DE ENCAMINHAMENTO devidamente preenchida pelo médico quanto a alguns dados de sua identificação pessoal e o campo referente a Referência para o médico endocrinologista. Após o atendimento esse médico especialista deverá (deveria, é melhor) fazer um relatório – na parte da Guia chamada Contra Referência - sobre sua consulta explicitando o seu diagnóstico e o tratamento para esse caso e devolver a Guia para o cidadão entregá-la na UBS que originou o caso. Isto se chama CONTRARREFERÊNCIA 
Infelizmente podemos dizer que a Referência funciona relativamente bem; mas há problemas com a Contrarreferência, simplesmente porque muitos médicos não preenche o documento e/ou não o devolve para o cidadão entregá-lo na Unidade Básica de Saúde que gerou o encaminhamento para ser arquivada no prontuário e para que o médico de lá saiba o que o médico especialista diagnosticou e o que prescreveu como tratamento. Isso é uma das grandes dificuldades operacionais do SUS. È preciso que os gestores de saúde municipais (coordenadores, diretores ou secretários de saúde) e os gerentes das unidades de saúde que são referências em nível secundário de atenção tenham mais controle sobre o trabalho do profissional médico, para que esse princípio do SUS seja cumprido, como acontece nos AME onde os médicos são obrigados a preencherem essa parte da Guia de Encaminhamento. Outra situação, já encontrada, é que o médico até preencheu a Guia no Campo da Contrarreferência; no entanto, o cidadão não retorna na unidade de saúde que originou a guia para mostrar o resultado da consulta com o especialista para o Clínico Geral.
A Referência e a Contrarreferência no SUS também pode ocorrer entre outros profissionais de saúde de nível superior não-médicos para um médico (uma enfermeira encaminhar um caso suspeito de hanseníase ou tuberculose para um médico); de profissional de nível superior para outro da mesma profissão (uma enfermeira de uma UBS pode encaminhar um cidadão com uma ferida para ser consultado com as enfermeiras especialista em feridas da Secretaria Municipal de Saúde de Fernandópolis), assim como de profissionais de saúde não-médicos para outro não-médico de outra profissão (um fisioterapeuta encaminhar um paciente para uma nutricionista fazer uma avaliação nutricional). Mas essa prática é raramente utilizada pelos outros profissionais de saúde. E não podemos duvidar que muitos desses profissionais acreditam que a Guia de Encaminhamento seja privativa do Médico.
4- RESOLUTIVIDADE OU RESOLUBILIDADE
Este princípio refere-se capacidade da unidade de saúde em resolver os problemas de saúde individuais e/ou coletivos de uma determinada comunidade. 
Na literatura encontra-se que uma Unidade Básica de Saúde (UBS) deve resolver em torno de 80 a 90% dos problemas de saúde dos cidadãos que atenderem. Já a Unidade Básica de Saúde - Estratégia da Saúde da Família deveria apresentar um grau de resolutividade maior de até 92% segundo o Prof. Dr. Eugênio Vilaça Mendes – Consultor da OPAS. Essa resolutividade é medida por meio de várias maneiras, como, por exemplo, pelo número de encaminhamentos gerados pelo médico da unidade de saúde (quanto mais encaminhamentos um médico gerar, pior será o grau de resolutividade dele). Para tal existem impressos para anotações de todas as consultas médicas e de outros profissionais de saúde de nível superior não-médicos, procedimentos técnicos, visitas domiciliárias, atividades de educação em saúde, entre outras ações que são desenvolvidas dentro e fora da unidade de saúde. Além disso existem muitos indicadores de saúde que são utilizados para medir o grau de eficiência das unidades de saúde integrantes da rede do SUS.
Atenção: Na RESOLUÇÃO DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO MEC Nº 1, DE 25 DE MAIO DE 2015 Regulamenta os requisitos mínimos dos programas de residência médica em Medicina Geral de Família e Comunidade - R1 e R2 e dá outras providências. Art. 3º A Medicina Geral de Família e Comunidade é uma especialidade clínica cujo profissional é capaz de: I - identificar as doenças e enfermidades desde seus momentos iniciais, ainda com manifestações indiferenciadas e atípicas; II - manejar condições crônicas e estáveis, com momentos de agudização e problemas que configurem situações de urgência e emergência, com o objetivo de resolver pelo menos 80% dos problemas de saúde mais prevalentes; 
Já no Livro A Construção Social da Atenção Primária à Saúde, publicado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), em 2015, diz que uma Atenção Primária à Saúde, como estratégia, deve resolver mais que 90% dos problemas da população (p.34).
5 – PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE (também chamada de participação da população ou de Controle Social – alguns autores não concordam essa nomenclatura).
Esse princípio assegurado no Artigo nº 198 da Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei Federal nº 8.142/90, ocorre mediante a participação dos segmentos sociais organizados nos Conselhos de Saúde e nas Conferências de Saúde. Estes conselhos e conferências de saúde ocorrem em nível local, municipal, estadual e nacional. 
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:
I - a Conferência de Saúde; e
II - o Conselho de Saúde.
§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS) terão representação no Conselho Nacional de Saúde.
§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos.
§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão sua organização e normas de funcionamento definidas em regimento próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
Em todos os 5570 municípios brasileiros existe um Conselho Municipal de Saúde (em muitas deles existem os Conselhos Locais de Saúde em cada área geográfica de uma unidade de saúde). O Conselho Municipal de Saúde deverá ser sempre em número pares (composição paritária) assim distribuídos: 50% dos membros dos conselheiros são de usuários do SUS, 25% dos conselheiros de representantes dos profissionais de saúde ou não que atuam no SUS e 25% dos conselheiros são de representantes dos prestadores/gestores de serviços de saúde. 
Os Conselhos Municipais de Saúde são órgãos deliberativos, de caráter permanente, ou seja, é obrigatória a existência desse conselho para atuar na formulação de estratégias e no controle (fiscalização) da execução da política de saúde do município. Inclusive que gerencia a conta bancária do Fundo Municipal de Saúde são os tesoureiros desse Conselho e não a prefeitura (prefeito)como muitos pensam. Geralmente o mandato dos conselheiros é de dois anos. As formas de escolha dos seus representantes são variadas, desde a realização de eleições à indicação de segmentos sociais e instituições prestadoras de serviços de saúde públicas, filantrópicas e privadas conveniadas ao SUS. 
As Conferências de Saúde em todos os níveis ocorrem a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes (municipal, estadual, nacional). 
É muito importante você participar de um Conselho Municipal ou de uma Conferência Municipal de Saúde, pois é um espaço de discussão para você agir como cidadão e/ou defender os interesses de sua profissão. 
No período de 4 a 7 de agosto de 2019 ocorreu a 16º Conferência Nacional de Saúde, a qual está sendo denominada de 8ª + 8 em referência a famosa 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986. 
No site http://conselho.saude.gov.br/16cns/ encontramos a seguinte reportagem sobre a 16º CNS
“Tomados pela emoção, os cinco mil participantes da 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8), realizada na capital federal, escreveram mais um capítulo da história da saúde pública brasileira. O relatório final do evento, consolidado de 4 a 7 de agosto, após amplas discussões que percorreram o Brasil em mais de três mil conferências preparatórias, vai nortear as ações do Ministério da Saúde (MS) para o Sistema Único de Saúde (SUS) pelos próximos anos. A realização do maior evento participativo do país é garantida pela Constituição de 1988.
“Nós somos a favor da luta nas suas diferenças e a contribuição de cada segmento da saúde foi fundamental nesse processo. Estamos construindo coletivamente a garantia do SUS como nós sonhamos”, disse Fernando Pigatto, presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), órgão responsável pela organização da 16ª Conferência. O relatório final é composto por 31 diretrizes e 329 propostas oriundas de todos os estados brasileiros.
Além disso, foram aprovadas 56 moções que marcaram o posicionamento do evento em relação a diversos temas ligados à saúde. Entre eles, garantia de direitos, medicamentos, assistências integrais, financiamento adequado e fortalecimento do SUS. “As moções buscam tornar o SUS mais forte e reiteram a garantia dos direitos constitucionais”, afirma a coordenadora da Comissão de Relatoria da 16ª Conferência, Francisca Rêgo.
O Plano Plurianual 2018-2020 e o Plano Nacional de Saúde são os principais documentos do MS que dão base para o desenvolvimento de uma série de políticas públicas da área. Pouco antes de subir ao palco no dia da abertura do evento, em entrevista ao CNS, o ministro garantiu que levará em consideração as demandas que vão compor o relatório final do evento. “Claro. Vamos receber todas as demandas, classificá-las, aproveitá-las, debater as que estão ligadas com a política pública. Com certeza, dialogar é minha marca. Minha vida inteira foi assim”, afirmou.
O relatório final da 16ª Conferência será divulgado ainda este ano, após o trabalho de compilação das propostas feito pela Comissão de Relatoria. A 16ª Conferência trouxe o tema Democracia e Saúde, trabalhando três eixos: Saúde como Direito, Consolidação do SUS e Financiamento Adequado do SUS.
Referência histórica
A 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8) é organizada pelo CNS e realizada pelo MS. Considerada o maior espaço de participação social do Brasil, o evento reuniu mais de cinco mil pessoas de todo o país para propor melhorias ao Sistema Único de Saúde (SUS), sendo um resgate à 8ª Conferência, realizada em 1986, responsável por definir as bases para construção do SUS na Constituição de 1988.”
Em Fernandópolis, desde o dia 22 janeiro ocorreram as Pré-Conferências Locais de Saúde e uma ocorrerá no Distrito da Brasitânia e mais uma Pré-Conferência com Gestores totalizando 15 Pré-Conferências de Saúde e no dia 13 de abril foi realizada a VII Conferência Municipal de Saúde, no Centro Comunitário da Igreja Católica, do Jardim São Bernardo, onde foi escolhido ou reconduzido os conselheiros para o novo Conselho Municipal de Saúde para o período de 27 de abril de 2019 a 27 de abril de 2021. O novo Presidente do Conselho Municipal de Saúde é o Enfermeiro Cássio José Constâncio de Araújo conforme a Portaria Municipal nº 18.641/2019.
O Prof. Dr. José Martins proferiu a Palestra com o Tema Oficial SAÚDE E DEMOCRACIA na abertura dessa Conferência.
Você conhece os componentes do Conselho de Saúde do seu município??? 
Visite a Secretaria Municipal de Saúde do seu município e peça mais informações sobre o Conselho e os Conselheiros, eles geralmente se reúnem uma vez por mês. Em Fernandópolis o Conselho Municipal de Saúde tem 16 titulares (8 usuários do SUS, 4 profissionais de saúde que atuam no SUS e 4 representantes dos prestadores de serviços do SUS) e 16 suplentes. As reuniões ordinárias do CMS acontecem na segunda e na quarta semana de cada mês, às quartas feiras, das 15 horas e 30 minutos às 17 horas, na sede da Secretaria Municipal de Saúde – Avenida Milton Terra Verdi, esquina com a Rua Rio de Janeiro, Centro. Todas as reuniões são convocadas por ofícios e são publicadas nos Jornais da Cidade. 
6. INTERSETORIALIDADE
É o princípio que prescreve a necessidade de haver o comprometimento dos diversos setores (Ministérios, Secretarias, diretorias, coordenadorias) das três esferas de governo com a produção da saúde e o bem estar da população. Além das parcerias com ONGs, Empresas, Igrejas, Lions, Rotary, Associações, etc.
O SUS sozinho NÃO PRODUZ SAÚDE, ou seja, não é capaz de aumentar o ESTOQUE DE SAÚDE e nem diminuir a CARGA DE DOENÇAS da população. 
Portanto para que uma população tenha um ótimo estoque de saúde é preciso a atuação de vários setores concomitantemente, por exemplos: Ministério do 
Transporte, Ministério da Educação, Ministério do Trabalho, entre outros Ministérios, Secretarias Estaduais e Municipais, ONGs, etc.
O próprio conceito de SAÚDE previsto na Legislação Brasileira já deixa EXPLICITO a necessidade da atuação de muitos setores para a produção de saúde.
Em 25 de setembro de 2013, o Vice Presidente da República sancionou a Lei Federal n° 12864/13 altera o caput do art. 3° da Lei n° 8080 de 19 de setembro de 1990 (Lei Orgânica da Saúde) para incluir a Atividade Física como sendo um fator determinante e condicionante de Saúde: 
"Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais".
7 -TRANSVERSALIDADE
É o princípio que estabelece a necessidade de coerência, complementariedade e reforço recíproco entre órgãos, políticas, programas e ações de saúde. Exemplos de Programas transversais no SUS: Programa Nacional de Imunização (administra-se vacinas do Recém-Nascido até os idosos, o Programa de Controle da Obesidade, Programa de Combate ao Tabagismo, Programa de Combate ao Alcoolismo, entre outros.
ATENÇÃO: A INTERSETORIALIDADE E TRANSVERSALIDADE aparecem como PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS DO SUS no documento “CAMINHOS DO DIREITO À SAÚDE NO BRASIL” elaborado pelo Ministério da Saúde por meio da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa Departamento de Apoio à Gestão Participativa, publicado em 2007, denominado disponível no site http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caminhos_direito_saude_brasil.pdf 
Na página 9 consta que:
Os princípios organizativos do SUS são: • a intersetorialidade, que prescreve o comprometimento dos diversos setores do Estado com a produção da saúde e o bem-estar da população; • a descentralização político-administrativa, conforme a lógica de um sistema único, que prevê, para cada esfera de governo, atribuições próprias e comando único; • a hierarquização e a regionalização, que organizam a atenção à saúde segundoníveis de com maior densidade tecnológica – básica, média e alta –, oferecidos por área de abrangência territorial e populacional, conhecidas como regiões de saúde; e • a transversalidade, que estabelece a necessidade de coerência, complementaridade e reforço recíproco entre órgãos, políticas, programas e ações de saúde.
8 – PARTICIPAÇÃO DO SETOR PRIVADO DE FORMA COMPLEMENTAR AO SUS.
Este princípio refere-se à complementaridade do setor privado de saúde ao SUS. A Constituição Federal de 1988 no seu Artigo nº 199 diz que “A assistência à saúde é livre a iniciativa privada”. E que as instituições privadas de saúde poderão participar de forma complementar do Sistema Único de Saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. 
Então, no Brasil, além do SUS é permitida pela Constituição Federal a existência de empresas privadas de saúde que vendem os seus Planos de Saúde. Essas empresas privadas de saúde são fiscalizadas por uma agência reguladora denominada AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (ANS) 
No site http://www.ans.gov.br/perfil-do-setor/dados-gerais consta que o Brasil tem 47.332.911 de pessoas com alguma modalidade de Plano Privado de Saúde (dados atualizados em junho de 2019), perfazendo 24,3% da população. Estão em funcionamento 737 operadoras médico hospitalares e 285 operadoras exclusivamente odontológicas.
E elas são campeãs de reclamação nos PROCONS de todo o país. Há milhares de processos na Justiça contra muitos desses planos que impõem restrições desde o número de consultas por pessoa até realizando cirurgias desnecessárias de algumas situações clínicas que poderiam ser tratadas de maneira não-cirúrgica. Um exemplo do que já ocorreu foi a indicação de uma histerectomia (retirado do útero) cuja doença poderia ser tratada à base de hormônios; por este tratamento ser mais oneroso (caro) e demorado o plano de saúde, por meio do médico auditor, indicou a cirurgia radical como foi denunciado na imprensa brasileira. 
Vale lembrá-los de que todos os cidadãos podem/devem denunciar um mal atendimento no SUS ou de um Plano Privado de Saúde, pois é um direito previsto no CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (Lei nº 8078/90) o qual é considerado um dos mais avançados do mundo. As denúncias em relação ao mal atendimento na rede SUS pode ser feita ao Conselho Municipal de Saúde, aos serviços de Ouvidoria do Município, ao Ministério Público, aos vereadores que fazem parte da Comissão da Saúde que existe em toda Câmara Municipal do Brasil, à Delegacia de Polícia por meio de um Boletim de Ocorrência. Quanto aos Planos Privados temos como locais para denúncias os PROCONS e a ANS e à Delegacia de Polícia.
O conjunto das operadoras de Planos Privados de Saúde (Médicos e Odontológicos) devem bilhões de reais para o SUS e não querem pagar a dívida. 
Em um Reportagem, publicada no dia 19/07/2018, disponível no site https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/2018/07/operadoras-de-planos-de-saude-devem-quase-r-2-bilhoes-ao-sus/ encontramos que:
Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) confirmam uma dívida de quase R$ 2 bilhões dos planos de saúde com o Sistema Único de Saúde (SUS). O valor devido refere-se ao atendimento prestado pela rede pública a usuários conveniados com setores privados. Para especialistas, o montante poderia ser usado como recurso para a recuperação do serviço público afetado pelos cortes promovidos pela gestão Temer.
Apesar de a cobrança ser prevista desde 1998 pela Lei 9.656, as seguradoras entraram com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a constitucionalidade do ressarcimento feito e calculado pela ANS. Segundo a pesquisadora em saúde do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) Ana Carolina Navarrete, as empresas apostaram na judicialização do processo para evitar o pagamento da dívida. No entanto, após 20 anos de espera, o STF decidiu em fevereiro que a cobrança é legal e pode ser feita pela agência reguladora.
Além da dívida que os Planos Privados de Saúde devem para o SUS leia a Reportagem de Cida de Oliveira, publicada em 21/07//2019 no site https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/2019/07/novo-golpe-dos-planos-de-saude-cobrar-e-nao-atender/
MERCADORES DA DOENÇA
Novo golpe dos planos de saúde: cobrar e não atender
Projeto de lei que as operadoras enviaram ao Ministério da Saúde e ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, reduz cobertura, libera reajustes, impõe controles a médicos e hospitais, alivia multas e esvazia papel da agência reguladora
São Paulo – O prejuízo à vida das pessoas em detrimento do lucro de empresas é uma lógica perversa do chamado “mercado” cada vez mais prevalente no país. Em mais uma ofensiva em nome da saúde financeira de seus negócios, empresários de planos de saúde acabam de enviar ao Ministério da Saúde e ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, uma minuta de projeto de lei que acaba com a atual legislação para o setor – que apesar dos constantes ataques, ainda garante minimamente os direitos dos 47 milhões de brasileiros vinculados à assistência médica suplementar.
O projeto é arrogante: considera médicos, hospitais, doentes crônicos e idosos como inimigos a serem combatidos, conforme avaliação de especialistas no tema. A professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Ligia Bahia, a presidenta do conselho diretor do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Marilena Lazzarini, e o professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Mário Scheffer tiveram acesso ao projeto. Todos afirmam que ele é predatório e que vislumbra concentração de mercado, ao aprofundar a divisão e a disputa interna entre prestadores de serviços. “É um projeto danoso ao Sistema Único de Saúde (SUS) que, já subfinanciado, passaria a arcar com os custos da desassistência promovida pela nova legislação e perderia recursos com o fim do ressarcimento”, destacam.
No documento Novo golpe dos planos de saúde: querem cobrar e não atender, eles fazem uma análise preliminar do projeto que, em 89 artigos, reduz coberturas e atendimentos, libera reajustes de mensalidades, acaba com o ressarcimento ao SUS, impõe controles ainda mais rigorosos que os atuais a médicos e hospitais, alivia multas por maus serviços e torna insignificante o papel da já enfraquecida Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Conheça os principais pontos da proposta do empresariado:
Coberturas
Pelas regras atuais, os planos devem cobrir todos os problemas de saúde listados no Cadastro Internacional de Doenças (CID), as emergências em âmbito ambulatorial e hospitalar e as ações necessárias para tratamento e reabilitação. Pela proposta apresentada agora pelas empresas, a cobertura é fragmentada em módulos assistenciais à escolha: consultas médicas, apenas para atendimento básico, serviços diagnóstico e tratamento e terapias. As internações também serão fragmentadas conforme o plano escolhido: internação de emergência, internação em UTI, pagamento de honorários de profissionais, exames e medicamentos, taxas para admissão em centro cirúrgico, acompanhantes para adultos.
Se o projeto vingar, uma pessoa que tenha comprado plano apenas com módulo consulta médica com especialidades médicas básicas, não teria cobertura para consultas com médico especialista. Nem para exames diagnósticos. E quem tiver contratado módulo de internação para condições clínicas não teria direito a UTI, mesmo que tivesse uma pneumonia agravada, por exemplo. E para ter direito a cirurgias, teria de contratar módulo específico que inclua pagamento de taxas de uso de centros cirúrgicos.
A proposta subverte o conceito de internação hospitalar, pautado no conjunto de diagnóstico e terapias necessários para a recuperação da saúde. E também a racionalidade de cuidados que não podem ser previstos.
Prazos para atendimento
Atualmente, há um prazo máximo de sete dias para umaconsulta para pediatria, clínica médica, ginecologia, obstetrícia e cirurgia geral – que são especialidades básicas. Para outras, 14 dias e 21 dias para internações eletivas. Pela proposta das operadoras, os prazos poderão ser descumpridos sem punição. Perde o usuário de convênios, que pode ter sua saúde prejudicada pelo avanço de uma doença que demorou a ser avaliada em uma consulta médica.
Livre escolha
O projeto amplia e oficializa barreiras que impedem que o pacientes e seus médicos tenham liberdade para escolher especialistas, locais de realização de exames e serviços credenciados. Na prática, permitiria que as operadoras exijam autorização prévia para atendimentos, exames e procedimentos, determinar os locais de atendimento. Assim, a melhor rede credenciada não seria mais acessível e não passaria de chamariz para novos clientes. E as juntas médicas contratadas pelas operadoras trarão conflitos de interesses, impasses éticos e atritos entre médicos. Mais um prejuízo para os usuários.
Doentes e idosos
O acesso desse público é permitido aos planos, embora sejam mais caros e imponham carências para quem tem doença pré existente. Os reajustes são anuais e também em caso de mudança de faixa etária. Quem tem mais de 59 anos pode pagar até seis vezes mais do que quem tem menos de 18.
Pela proposta dos planos, essas pessoas poderão ser excluídas previamente de planos coletivos e por adesão por ser classificadas como causadoras de despesas com saúde. E haverá mais flexibilidade nas regras de reajuste e até mesmo planos com preços reajustados a cada ano de vida.
Uma perversidade. Na prática, operadoras poderão excluir doentes e expulsar idosos com aumentos cumulativos e em progressão geométrica. Trabalhadores dos setores públicos e privados poderão ser impedidos de vincularem dependentes.
Co-participação
Hoje limitado a 40% do valor, o pagamento por atendimento e as franquias são proibidas para pacientes crônicos. E em caso de internação, é de um único valor fixo – o Brasil é o único país a permitir esse tipo de cobrança. O projeto prevê a desregulamentação da co-participação e franquia, que passam a ser cobrados em todo tipo de atendimento, com valores escalonados, aumentando conforme acordos discutidos individualmente entre clientes e operadoras. E ao permitir que cada empresa determine suas regras para eventos e valores a serem cobrados, poderá negar atendimento a quem pagou o plano por muitos anos.
Reajustes
As operadoras querem vincular o aumento do valor da mensalidade à variação do custo médico-hospitalar e das novas tecnologias diagnósticas e terapêuticas. Além disso, querem reajustes específicos conforme a região e os tipos dos módulos contratados.
Com isso, seria possível impor aumentos abusivos sob o argumento de se protegerem do aumento dos custos assistenciais. Atualmente, a ANS estabelece o reajuste anual para planos individuais. E para os coletivos ou contratados por empresas, as operadoras é que determinam.
Ressarcimento ao SUS
Pela proposta, caberá ao sistema público avisar as empresas pelo atendimento prestado a seu cliente. Essas deverão contatar o serviço do SUS e providenciar a transferência do paciente para sua rede conveniada. Porém, não há prazo estipulado para que essa transferência seja feita. E o ressarcimento só será feito caso o paciente não tenha sido transferido. O projeto ainda extingue o sistema de informações que cruza o cadastro da ANS e a produção de atendimento do SUS, além de desobrigar as empresas de pagar pelo atendimento a casos graves, que a pessoa não pode ser transferida. Se fosse pouco, prevê que os valores de ressarcimento passam a ser os mesmos do SUS, mais baixos que os estabelecidos pela ANS.
Multas
Se depender do projeto, serão perdoadas ou cobradas conforme a capacidade financeira dos planos de saúde. E no caso de muitas multas, pelos mesmos motivos, serem aplicadas em um determinado período para que sejam contabilizadas conjuntamente. Seria estabelecido teto para o valor das penalidades, com redução conforme a capacidade econômica e porte da empresa e gravidade da infração.
As receitas obtidas com multas não poderão mais ser utilizadas pela ANS. Elas seriam direcionadas às próprias empresas, para custear atividades preventivas e de atenção primária. Atualmente, as operadoras exercem forte pressão para o cancelamento das penalidades e, quando são pagas, custeiam atividades regulatórias, como as que buscam inibir práticas abusivas pelas operadoras. Para os autores da análise, ao impor obstáculos à penalização das operadoras que negam ou postergam atendimento, o setor desfere mais um golpe contra os usuários.
E QUEM FINANCIA O SUS? ELE É DE GRAÇA?
Para começar “JAMAIS, NEVER. NUNCA” diga que o SUS É DE GRAÇA... DE GRAÇA NEM INJEÇÃO NA TESTA... APLICAR BOTOX CUSTA CARO...
O SUS É FINANCIADO PELOS IMPOSTOS QUE, NÓS CIDADÃOS, PAGAMOS ... 
Você sabia que, em média, trabalhamos quase 160 dias no ano para pagar impostos... são quase 100 tipos de impostos municipais, estaduais e federais... Você sabe quanto de imposto pagamos numa garrafa de água, em um refrigerante, em uma lata de ervilha, na compra de um sapato ou vestuário???? 
No site http://www.portaltributario.com.br/tributos.htm estão disponíveis o nome dos 92 Tributos do Brasil atualizado em 16/09/2014. Daí que temos uma das maiores cargas tributárias do mundo.
Então leia mais um pouco sobre o Financiamento do SUS:
O financiamento do SUS é de responsabilidade das três esferas de governo (federal, estadual e municipal). Ele é financiado pelos IMPOSTOS que os cidadãos pagam. Os governos no Brasil são grandes arrecadadores de impostos. Na cidade de São Paulo existe um painel eletrônico chamado IMPOSTÔMETRO que marca a todo segundo a quantia estimada, em reais, dos impostos arrecadados pelas três esferas de governo (acesse o site http://www.bhservico.com.br/impostometro.htm) e confira o quanto já foi arrecadado do dia 1º de janeiro até a data da sua leitura dessa aula no Brasil, no seu Estado e Município.
DO DIA 1º DE JANEIRO DE 2018 ATÉ 31 DE DEZEMBRO DE 2018 FORAM ARRECADADOS 2 TRILHÕES E TREZENTOS E OITENTA E OITO BILHÕES. EM 2017 FORAM ARRECADADOS R$ 2,172 TRILHOES.
E DO DIA 01/01/2019 ATÉ O DIA 17/08/2019 JÁ HAVIA SIDO ARRECADADOS 1 TRILHÃO E QUINHENTOS E QUARENTA E SETE BILHÕES DE REAIS.... VISITE O SITE DO IMPOSTÔMETRO - https://impostometro.com.br/
Fonte: https://impostometro.com.br/
Esse painel eletrônico que calcula a arrecadação em tempo real está instalado na sede da associação, na Rua Boa Vista, região central da capital paulista. Outros municípios instalaram seus próprios painéis, como Florianópolis, Guarulhos, Manaus, Rio de Janeiro e Brasília.
O objetivo da ferramenta é conscientizar o cidadão sobre a alta carga tributária e incentivá-lo a cobrar os governos por serviços públicos de qualidade.
Pelo portal www.impostometro.com.br, é possível descobrir o que dá para os governos fazerem com todo o dinheiro arrecadado. Por exemplo, quantas cestas básicas são possíveis fornecer, quantas Unidades Básicas de Saúde podem ser construídas. No portal também é possível levantar os valores que as populações de cada estado e município brasileiro pagaram em tributos.
O financiamento do SUS é um dos grandes problemas para a sua efetiva implantação. Sem dinheiro não há como implantar um Sistema de Saúde como o SUS que diz de caráter universal (para todos os cidadãos). E, com tanto dinheiro arrecadado pelos governos por meio dos impostos era de se supor que não falta dinheiro para as POLÍTICAS PÚBLICAS (POLÍTICA DE ESTADO) entre elas a da SAÚDE - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS. Mas a realidade é outra, falta dinheiro... e também GESTÃO do dinheiro da saúde. 
A Constituição Federal de 1988, a Lei nº 8080/90 e Lei nº 8142/90 abordam como deveria ser o financiamento do SUS. Mas esse assunto complexo passou uma década sem a merecida discussão no Congresso Nacional. Pois foi somente no ano 2000 que o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional (EC) nº 29 que estabeleceu uma participação

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