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Estatuto da Criança e do Adolescente Prof. Paulo Cavalcanti site: drpaulocavalcanti.com A segunda modalidade de colocação da criança e/ou adolescente em família substituta é a Tutela. Através dela, uma pessoa maior assume o dever de prestar assistência material, moral e educacional a criança ou adolescente que não esteja sob o Poder Familiar de seus pais, bem como de lhe administrar os bens. É cabível quando ambos falecem ou são declarados ausentes ou, ainda, se forem destituídos do Poder Familiar. site: drpaulocavalcanti.com Tutela Fonte artigos 1.728 a 1.766 do CCB (Leiam). site: drpaulocavalcanti.com Tutela Família Substituta Efeitos - Poderes de assistência e representação para todos os atos da vida civil. - Tutela cessa com a maioridade do adolescente ou se concedida a adoção ou reconhecimento da filiação, por fim, com o fim da suspensão do Poder Familiar. site: drpaulocavalcanti.com Tutela Obs.: Diferente da Guarda, é pressuposto para concessão de tutela que seja decretada a perda ou suspensão do Poder Familiar (art. 36, §único do ECA). Naturalmente, se os pais são falecidos, não há necessidade de se cumular o pedido de decretação da perda do Poder Familiar na demanda em que se objetiva a concessão da Tutela. A indicação do tutor pode decorrer de declaração de vontade manifestada pelos pais, através de testamento ou outro documento idôneo (art. 37 do ECA c/c art. 1.729 do CCB). Todavia a nomeação do tutor será apreciada pela autoridade judiciária à luz do melhor interesse da criança e do adolescente. Todavia, se houver pessoa em melhores condições de cuidar dos interesses da criança ou do adolescente do que aquela indicada pelos pais, fica afastada a disposição de última vontade (art. 37, §único do ECA). Por fim, importa fazer menção que, neste cenário, tanto a criança como o adolescente gozam dos direitos previdenciários ligados a seu tutor (art. 16, §2º da Lei 8.213/91). site: drpaulocavalcanti.com Tutela Principais características da Tutela - Cabível quando o Poder familiar dos pais esteja suspenso ou extinto; - Incluí os deveres decorrentes da guarda (assistência material, moral e educacional), bem como o de administrar os bens do tutelado; - Cessa com a maioridade ou reconhecimento do estado de filiação, ou do restabelecimento do Poder Familiar suspenso; - O tutor pode ser nomeado pelos pais, mas deve atender ao princípio do melhor interesse da criança ou adolescente. site: drpaulocavalcanti.com Adoção A adoção é a mais nobre das formas de colocação em família substituta. Trata- se de instituto jurídico milenar, através do qual uma pessoa recebe outra como seu filho. É um ato de desprendimento, uma demonstração de carinho e solidariedade, com reflexos sociais monumentais. Aquele que abre seu lar para receber dentro de sua família pessoa com quem não tem laços familiares biológicos demonstra grande altruísmo e amor. site: drpaulocavalcanti.com Adoção Classificação da Adoção - Adoção Conjunta; - Adoção Unilateral; - Adoção póstuma; - Adoção intuitu personae; - Adoção Internacional; - Adoção à basileira. Obs.: Toda adoção gera os mesmos efeitos, pois se trata de um ato jurídico em sentido estrito, cujas consequências estão previstas legalmente – como direito ao nome, à herança, à formação de vínculo irrevogável etc. site: drpaulocavalcanti.com Adoção Conjunta É a hipótese em que o casal se apresenta como postulante à adoção de uma criança ou adolescente com a qual nenhum deles possui qualquer vínculo – também chamada de adoção bilateral. Para tanto, o Estatuto exige que ambos estejam casados ou mantenham união estável, com a devida comprovação da estabilidade da família (art. 42, §2º do ECA). Adoção Unilateral Ocorre quando um cônjuge ou companheiro adota o filho do outro (art. 41, §1º). site: drpaulocavalcanti.com Adoção póstuma O Estatuto traz a possibilidade expressa de que a adoção seja levada a efeito ainda que o adotante venha a falecer no curso do procedimento (art. 42, §6º). O requisito para o deferimento da adoção póstuma é que tenha havido a manifestação inequívoca da vontade de adotar. Quanto aos requisitos, o STJ consolidou o entendimento de que devem estar presentes os mesmos requisitos da filiação socioafetiva, ou seja, tratamento como se filho fosse. site: drpaulocavalcanti.com Adoção intuitu personae É a hipótese de adoção em que os pais biológicos influenciam diretamente na escolha da família substituta. A validade dessa modalidade de adoção levanta discussões acaloradas, pois são conhecidos os casos em que a família substituta remunera os genitores pela adoção. Há, porém, posição doutrinária favorável à adoção intuitu personae, ao argumento de que os pais biológicos têm o direito-dever de influir sobre o que lhes parece ser melhor para o seu filho – ainda que isso signifique para eles a transferência do Poder Familiar. site: drpaulocavalcanti.com Adoção Internacional O regramento da adoção internacional está afinado com o que consta na Convenção de Haia, relativa à proteção de crianças e à cooperação em matéria de adoção internacional, da qual o Brasil é signatário. A adoção é Internacional quando o postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, independente da nacionalidade. site: drpaulocavalcanti.com Adoção Internacional - Requisitos Requisitos para Adoção Internacional - Demonstração de que é necessária a colocação em família substituta; - Exame da adoção internacional somente após superada a possibilidade de adoção nacional; - Consulta ao adolescente sobre a adoção e demonstração – dentro de seu grau de discernimento – de que está preparado para a medida; - Preferência por postulantes brasileiros em detrimento de estrangeiros. site: drpaulocavalcanti.com Habilitação para Adoção Internacional A adoção internacional segue o mesmo critério da adoção nacional, com determinadas peculiaridades estabelecida pelo artigo 52 do ECA. - Pedido de habilitação no país de origem; - Estudo psicossocial; - Emissão de relatório pormenorizado emitido pela autoridade do país de origem acerca dos postulantes, autenticado pelo consulado e traduzido por tradutor juramentado; - Encaminhamento do relatório às autoridades Estadual e Federal com cópia ao país de origem com prova de sua vigência; site: drpaulocavalcanti.com Habilitação para Adoção Internacional Obs: A autoridade estadual pode solicitar a complementação dos estudos psicossociais já realizados, caso os entenda insuficientes. Verificada a acuidade de toda documentação apresentada, a autoridade central estadual expede laudo de habilitação à adoção internacional, cuja validade é de, no máximo, um ano, e encaminha o postulante ao juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente. A habilitação do postulante à adoção internacional tem prazo de validade de um ano e pode ser renovada. site: drpaulocavalcanti.com Adoção à brasileira A expressão adoção à brasileira é bem popular e utilizada na linguagem cotidiana fora do meio jurídico. Trata-se daquela situação em que uma pessoa registra filho alheio como próprio. Do ponto de vista jurídico, esta não é uma modalidade legítima de adoção. Pelo contrário, é ato tipificado criminalmente no artigo 242 do CP. Embora teoricamente este registro seja nulo, por decorrer de declaração falsa, a doutrina e jurisprudência mais modernas consideram este vínculo irrevogável, por ser fruto de paternidade socioafetiva, haja vista que o traço mais forte da formação da família é o afeto. site: drpaulocavalcanti.com Principais Características Excepcionalidade da medida Forte na diretriz de que a criança ou adolescente deve ser criada preferencialmente por sua família natural, o estado declara que a adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural. Isso significa que primeiro devem ser envidados esforços para que a família natural permaneça unida, para somente depois se cogitar a hipótese de colocação em família substituta. site: drpaulocavalcanti.com Principais Características Vínculos decorrentes da adoção A adoção é irrevogável, de modo que o pai que adota não pode posteriormente voltar atrás e pretender encerrar o vínculo de filiação. Através da adoção, extingue- se o vínculo do adotando com a sua família biológica e forma-se um novo com a família do adotante. O único resquício que subsiste do vínculo anterior é quanto aos impedimentos matrimoniais, por razões eugênicas. Ainda que os pais adotivos faleçam e estejam vivos os biológicos, o vínculo da adoção não se desfaz, nem se restabelece o anterior. site: drpaulocavalcanti.com Principais Características Natureza Jurídica É ato jurídico em sentido estrito. Tal como afirmado acerca do reconhecimento de filho, a adoção é ato jurídico que não pode ter seus efeitos modulados – não é, pois, negócio jurídico. Aquele que adota não pode negar ao adotado direito ao sobrenome ou direitos sucessórios. A adoção é sempre plena, com efeitos jurídicos expressamente previstos. site: drpaulocavalcanti.com Principais Características Idade do Adotante e do Adotado A pessoa que pretende adotar deve contar com 18 anos completos. Não importa se é casada, solteira ou vive em união estável. Além disso, é preciso que o adotante seja, pelo menos, 16 anos mais velho do que a criança ou adolescente a ser adotado. Por sua vez, o adotando deve contar, no máximo, 18 anos para que a adoção seja feita nos termos do ECA, perante a Justiça da Infância e Juventude, salvo se já estiver sob guarda ou tutela dos adotantes. Caso o adotando seja maior de idade e não esteja sob a guarda ou tutela, a demanda será processada perante ao Juízo de Família para que seja proferida sentença constitutiva do vínculo, com aplicação do ECA no que couber (art. 1.619 do CCB). site: drpaulocavalcanti.com Principais Características Judicialização da Adoção Pelo regramento do antigo Código Civil (1916), a adoção de pessoas maiores poderia ser realizada extrajudicialmente, em cartório. O regramento do Código Civil de 2002, judicializou todos os processos de adoção. Em outras palavras, todos os processos de adoção devem passar pelo crivo do judiciário, mesmo os de maiores de 18 anos (art. 1.619 do CCB). site: drpaulocavalcanti.com Principais Características Prioridade de Tramitação dos Processos de Adoção De acordo com o §9º do art. 47 do ECA, devem tramitar com prioridade processos de adoção de criança ou adolescentes com deficiência ou com doenças crônica. O objetivo do legislador é acelerar tais procedimentos em atenção à peculiar situação dessas crianças e adolescentes. A adoção é a criação de um laço jurídico importantíssimo, o de pai/mãe com o seu filho. Crianças e adolescentes com fragilidade, o que demanda atenção extra. Daí a imposição de prioridade de tramitação processual. site: drpaulocavalcanti.com Principais Características Prevalência dos Interesses do Adotando A Lei 13.509/17 introduziu o §3º ao artigo 39 do ECA para explicitar uma diretriz que já está subjacente a tudo que envolve crianças e adolescentes. O ECA tem como pilar a proteção integral, o que significa que a aplicação de seus institutos e mecanismos deve ser voltada a atender direitos infanto-juvenis. Essa lógica aparece no tema da colocação em família substituta a partir do princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, que orienta o aplicador da norma a buscar a melhor solução à luz da satisfação dos direitos infanto-juvenis. Essa matriz principiológica aparece agora de forma explícita no §3º, ao prever que os interesses do adotando se sobrepõem aos de outras pessoas. site: drpaulocavalcanti.com Principais Características Prazo de conclusão do processo de adoção A Lei 13.509/17 introduziu o §10º ao artigo 47 do ECA para estabelecer prazo de duração limite nos processos de adoção. De acordo com o dispositivo, o processo deve ser concluído em 120 dias, prazo prorrogável uma única vez. Embora o objetivo seja o de destacar a importância desse procedimento, o dispositivo é uma exortação ao trabalho célere, mas não é um pressuposto de validade do processo. Vale dizer, se o prazo foi descumprido, se a sentença for proferida após om prazo, ainda assim a adoção é válida. site: drpaulocavalcanti.com Vedações à realização da Adoção Vedação à adoção por procuração Em razão da importância do instituto da adoção, veda-se que o ato seja realizado por procuração (art. 39, §2º). É preciso que o juiz receba as partes em audiência e perceba sua verdadeira intenção de adotar, ou seja, os motivos do adotante devem ser legítimos (art. 43), fundados em amor e dedicação, não em interesses econômicos ou escusos. site: drpaulocavalcanti.com Vedações à realização da Adoção Vedação à adoção por ascendentes e irmãos O §1º do artigo 42 veda a adoção por ascendentes e irmãos. O objetivo é evitar a modificação abrupta dos vínculos familiares. Entendeu o legislador que seria por demais complicado para o desenvolvimento sadio da criança ou adolescente que o irmão se tornasse pai. site: drpaulocavalcanti.com Vedações à realização da Adoção Vedação à adoção decorrente de tutela e curatela O ECA determina que o curador ou tutor não pode adotar enquanto não for dada conta de sua administração (art. 44). O impedimento aqui é parcial, temporário. site: drpaulocavalcanti.com Peculiaridades Adoção por casal homoafetivo No que tange ao ECA, o STJ admite a adoção por casal homossexual. O que deve orientar a decisão do magistrado não é a orientação sexual dos pais, mas sim o melhor interesse da criança. Devidamente comprovados os laços afetivos de toda a família, a solução deve ser favorável à adoção. Essa mesma lógica trazida para adoção por casal homoafetivo vale para adoção por uma única pessoa homoafetiva. A adoção pode ser levada a efeito por uma pessoa solteira, que deve passar pelo procedimento de habilitação (art. 197-A a 197-F) e ser inserida no cadastro (art. 50). O ECA não trás qualquer distinção quanto a orientação sexual do postulante à adoção, tampouco limita a adolescentes. site: drpaulocavalcanti.com Requisitos para Adoção Consentimento dos pais e do adolescente Para que seja realizada a doção, é preciso que os pais biológicos deem seu consentimento (art. 45), pois o vínculo entre eles e a criança ou adolescente será extinto. Naturalmente, fica dispensado o consentimento no caso de pais desconhecidos ou que já tenham sido destituídos do Poder Familiar (art. 45, §1º). site: drpaulocavalcanti.com Requisitos para Adoção Estágio de Convivência Como forma de preparação para formação do vínculo definitivo da adoção, o ECA prevê que as partes, adotante e adotado, devem passar por um período de convivência (art. 46), que será acompanhado e relatado pela equipe interprofissional do juizado da Infância e da Juventude (art. 46, §4º). Até a edição da Lei 13.509/17, o período de duração do estágio de convivência era determinado pelo juiz. A referida Lei estabeleceu o limite de 90 dias (art. 46 caput); esse prazo pode ser prorrogado por igual período por decisão judicial fundamentada. Obs.: Caso o adotando já esteja sob guarda (concedida pelo juiz, não guarda de fato) ou tutela dos adotantes por tempo suficiente para se proceder à avaliação da relação familiar, o período do estágio pode ser dispensado (art. 46, §1º). Todavia, a simples guarda de fato não dispensa o período de estágio. site: drpaulocavalcanti.com Requisitos para Adoção Cadastro Para organizar e sistematizar quem são os postulantes à adoção e as crianças e adolescentes em condições de serem adotados, o ECA disciplina a criação de cadastros, ou seja, listagens de pessoas em âmbito local, estadual e nacional. O primeiro passo é a elaboração de cadastro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas interessadas em adotar no âmbito da comarca ou foro regional. A partir desses cadastros locais, devem ser implantadas outras listagens em âmbito estadual e nacional, com o objetivo de aumentar as chances de adoção. Obs.: Ler o artigo 50 do ECA. site: drpaulocavalcanti.com Requisitos para Adoção Hipóteses de adoção fora do Cadastro de postulantes Há hipóteses em que a adoção pode ser deferida a pessoa ou casal que não estava previamente habilitada e inserida nos cadastros de postulantes à adoção. A condição fundamental é ser domiciliado no Brasil. Hipóteses de adoção fora do cadastro Adoção Unilateral É a situação em que a pessoa adota a criança ou adolescente que já é filha de seu cônjuge ou companheiro. Parente Se a criança ou adolescente já convive com membros de sua família natural, que a criam e educam, a adoção também pode ser deferida fora do contexto dos cadastros de postulantes – ressalvadas, é claro, as vedações à adoção por ascendente e irmãos. Guarda Legal ou Tutela deferida anteriormente A terceira hipótese em que o cadastro de postulantes à adoção não é obedecido se refere à situação em que a criança ou adolescente já está sob guarda legal ou tutela. O guardião ou tutor pode pleitear a adoção imediata sem passar pelo cadastro de postulantes. site: drpaulocavalcanti.com Efeitos da adoção A sentença que julga a adoção tem natureza constitutiva, ou seja, opera uma modificação no estado jurídico das pessoas envolvidas, criando para as partes um vínculo jurídico antes inexistente – e desfazendo o vínculo anterior da criança ou do adolescente. O adotante passa a possuir o status jurídico de pai; o adotado, o de filho. Seus efeitos operam ex nunc e, excepcionalmente, no caso de adoção póstuma, os efeitos são também ex tunc, pois alcançam a data do óbito. Efeitos da Adoção - Sentença de natureza constitutiva, com efeitos ex nunc, em regra, e ex tunc no caso de adoção póstuma; - O adotado passa a ter o sobrenome dos adotantes; pode haver modificação do prenome, sendo que, se for a pedido dos adotantes, o filho deve ser ouvido a respeito; - Registro civil pode ser realizado no Município dos adotantes, sendo que as certidões não podem fazer referência a adoção; - Na adoção internacional, somente após o trânsito em julgado da sentença é que pode ser expedido o alvará de autorização de viagem e obtenção de passaporte para saída do país. site: drpaulocavalcanti.com Direito de conhecer a origem biológica Embora a adoção forme vínculos irrevogáveis entre adotado e os adotantes (art. 39, §1º), o adolescente, ao alcançar a maioridade (18 anos), tem direito de conhecer sua origem, de saber quem são seus pais biológicos. É o que prevê o art. 48 do ECA, neste passo, o §8º do referido artigo determina o armazenamento dos dados referentes aos processos.
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