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Unidade V A Renovação Da Geografia

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Teoria e Métodos 
em Geografia – 
O Pensamento 
Geográfico
A Renovação da Geografia
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Vivian Fiori
Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
5
Esta unidade trata de temáticas relativas às concepções geográficas denominadas Geografia 
Crítica e Geografia Humanista.
Para melhor compreensão do tema, é fundamental compreender as características dessas 
concepções geográficas, seus métodos e o contexto dessas linhas do pensamento geográfico. 
É essencial compreender as situações em que surgiram essas formas de pensamento 
geográfico, seus principais autores e obras. 
Para que você tenha sucesso neste processo de aprendizagem, é fundamental a leitura do 
texto teórico, observando as diferenças entre essas duas concepções geográficas, bem como 
a realização das atividades propostas.
Nesta unidade, iremos analisar as características da chamada Geografia 
Crítica e também abordaremos as características da Geografia Humanista.
A Renovação da Geografia
 · As características da Geografia Crítica
 · A Lógica Dialética
 · Geografia Humanista e Geografia da Percepção
6
Unidade: A Renovação da Geografia
Contextualização
Na Geografia do final do século XX e início do século XXI, coexistem várias concepções 
teórico-metodológicas acerca do que é Geografia e de como se deve estudá-la. 
Duas dessas concepções, que renovam o pensamento geográfico em relação à abordagem 
tradicional, vêm comumente sendo designadas como Geografia Crítica e Geografia Humanista.
Havia um descontentamento de alguns geógrafos com os rumos da Geografia Tradicional e 
também com a Nova Geografia nos anos de 1970.
De um lado, para alguns faltava à Geografia uma crítica social e política sobre o espaço geográfico, 
que evidenciasse as classes sociais e as diferentes condições de poder no território, no espaço.
Esses autores, baseando-se principalmente, mas não exclusivamente, em teorias marxistas, 
passaram a discutir as desigualdades espaciais existentes e as diferentes formas de apropriações 
do espaço pelos diferentes agentes sociais. 
Nesse sentido, o movimento da história ganha força nessa concepção geográfica. Para alguns 
geógrafos críticos, a história de como o homem, por meio de sua vida em sociedade, produz o 
espaço e, ao mesmo tempo, é reflexo das desigualdades espaciais existentes é o mote da Geografia. 
Ou nas palavras de Milton Santos (2002; 2006), o homem é mais ou menos cidadão, 
dependendo do território onde mora, das relações que estabelece e de como usa o território 
diferentemente, conforme sua condição social. Nesse sentido, o espaço é permeado por relações 
de poder políticas, econômicas e sociais. 
De outro lado, havia também aqueles geógrafos que se aproximaram mais das abordagens 
antropológicas, culturais, buscando evidenciar o homem e sua percepção do mundo vivido. 
Essa linha de pensamento ficou conhecida como Geografia Humanista. Como diz o geógrafo 
Yu-Fu Tuan (1982, p. 143): “A Geografia Humanista procura um entendimento do mundo 
humano através do estudo das relações das pessoas com a natureza, do seu comportamento 
geográfico, bem como dos seus sentimentos e idéias a respeito do espaço e do lugar”.
Desse modo, leia atentamente essas duas concepções geográficas apresentadas no texto 
teórico, observando as diferenças entre elas. 
7
As características da Geografia Crítica
A Geografia Crítica é uma concepção geográfica que une diferentes autores, que abordam o 
conhecimento geográfico enfatizando as diferenças de usos do espaço ou do território pelos agentes 
sociais, evidenciando principalmente as desigualdades sociais no espaço na dinâmica capitalista. 
Há nessa abordagem diferentes autores, com influências variadas, mas o método mais comum 
é o materialismo histórico dialético ou a lógica dialética, para compreender os fenômenos 
geográficos analisados como processo histórico e com suas contradições. 
Nesse sentido, criticam a ordem capitalista cada vez mais imposta ao mundo e também criticam 
a chamada Geografia Tradicional e a Geografia Pragmática (Nova Geografia- Teórico-Quantitativa). 
Sobre essa questão, o geógrafo Roberto Lobato Corrêa afirma:
A década de 1970 viu o surgimento da geografia crítica fundada no materialismo 
histórico e na dialética. Trata-se de uma revolução que procura romper, de 
um lado, com a geografia tradicional e, de outro, com a geografia teorético-
quantitativa. Intensos debates entre geógrafos marxistas e não-marxistas 
ocorrem a partir daquela década (CORRÊA, 2006, p. 23).
A Geografia Crítica faz críticas à abordagem tradicional, sobretudo porque:
 · a Geografia Tradicional é muito descritiva, apóia-se no método empírico e positivista;
 · a abordagem tradicional torna o conhecimento geográfico muito enciclopédico, visão da 
Geografia como ciência dos lugares, despolitizada;
 · há a preocupação com a aparência dos fenômenos e não com sua essência;
 · a explicação do mundo é baseada principalmente na perspectiva homem-meio e 
não evidenciando as desigualdades existentes entre os homens e em suas formas de 
apropriação do espaço. 
 · o homem, em alguns casos, é mais um elemento da paisagem, e não é considerado seu 
papel social e político.
A abordagem crítica também propõe evidenciar a relação entre a Geografia Tradicional e 
o imperialismo europeu e norte-americano, criticando o capitalismo e as formas de poder que 
conduzem a exploração social e política nos diferentes lugares do mundo. 
Considerando essa questão, Antonio Carlos Robert Moraes afirma:
A vanguarda desse processo crítico renovador vai ainda mais além, apontando 
o conteúdo de classe da Geografia Tradicional. Seus autores mostram as 
vinculações entre as teorias geográficas e o imperialismo. [...] Atingem assim 
seu caráter ideológico, que via a organização do espaço como harmônica; via 
a relação homem-natureza, numa ótica que acobertava as relações entre os 
homens; via a população de um dado território, como um todo homogêneo, 
sem atentar para sua divisão de classes. Enfim, os geógrafos críticos apontaram 
a relação entre a Geografia e a superestrutura da dominação de classe, na 
sociedade capitalista (MORAES, 2003, p.110).
8
Unidade: A Renovação da Geografia
Em geral, essa concepção propõe que o estudo geográfico tenha cunho social, observando-
se as diferenças das classes sociais no espaço ou no território e as diferentes apropriações do 
espaço pelos diferentes agentes ou atores sociais. 
Como comenta Ruy Moreira: 
A sociedade é o tema verdadeiro da Geografia. Ela estudá-la-á a partir daquilo 
que é expressão material visível da sociedade: o espaço. A sociedade, porém, 
não é uma sociedade de homens iguais: é uma sociedade de classes sociais. 
Portanto, a essência da aparência estará ditada pelo caráter histórico que o 
trabalho adquire em cada sociedade (MOREIRA, 1995, p. 68).
Já para Milton Santos (2001), por exemplo, a sociedade é desigual e há os atores hegemônicos 
e hegemonizados. O primeiro grupo detém maior poder econômico e político, usa o território de 
forma corporativa e como recurso. Quanto aos mais pobres, há o uso do território como abrigo, 
como forma de moradia, por exemplo. 
Para Pensar
O termo atores ou agentes sociais refere-se aos papéis sociais que cada grupo ou instituição tem. Por 
exemplo, o Estado, em diferentes níveis de governo (municipal, estadual federal etc.), é um agente 
social que atua no território e tem papel político e várias incumbências em relação à existência do 
espaço. Já os donos de grandes empresas, grandes corporações, são outro tipo de agente social. 
Desse modo, tratar da categoria homem é muito genérico. É importante contextualizar qual é seu 
papel social e como atua enquanto grupo ou instituição em relação ao espaço geográfico. Evidenciar 
as ações desses agentes, as contradições existentes entre os discursos existentes e as realidades vividas 
concretamente é fundamental numa pesquisa de concepção crítica.
Alguns autores foram precursoresnessa abordagem. Esse foi o caso de Yves Lacoste, geógrafo 
nascido no Marrocos, de ascendência francesa. Seu livro A Geografia serve, antes de mais nada, 
para fazer a guerra, de 1976, é considerado uma das obras pioneiras da Geografia Crítica.
Nela, o autor diz que o conhecimento geográfico existia segundo duas situações principais: 
“A Geografia dos Estados Maiores” e a “Geografia dos Professores”. A primeira sempre ligada 
ao poder, e a segunda era a Geografia Tradicional, um saber inútil segundo o autor. A Geografia 
deveria, segundo ele, ter um conteúdo político, que possa reconhecer o espaço, suas formas de 
poder, e não ficar apenas descrevendo paisagens. 
Já Pierre George (1909-2006), geógrafo francês, autor de inúmeras obras, tais como: Geografia 
Ativa; Os métodos da Geografia; A ação humana; etc. , introduziu alguns conceitos marxistas na 
discussão geográfica, tentando conciliar a análise regional com o materialismo histórico. 
Outro autor que passou a ser considerado geógrafo crítico é o inglês David Harvey, 
principalmente com o livro A justiça social e a cidade, no início dos anos 1970. Depois dessa, 
escreveu outras obras relacionando conceitos marxistas com o espaço, entre as quais se 
destacam: Os limites do capital; A produção capitalista do espaço; Condição pós-moderna; O 
novo imperialismo; O enigma do capital e as crises do capitalismo; entre outras.
9
A partir dos anos 1970-1990, categorias como espaço e território retornam ao discurso 
geográfico com mais força. O conceito de território que foi usado por Ratzel no século XIX retorna 
na Geografia Crítica e passa a ser utilizado, considerando-se outras dimensões de estudos, além 
do cunho político e da escala nacional apenas. Passamos a ter estudos de território também 
evidenciando os usos econômicos e sociais em diversas escalas geográficas (local, regional, 
nacional e global). 
Esse foi o caso de Neil Smith, geógrafo escocês, radicado nos EUA, que tratou sobre a 
questão do território numa concepção crítica. Diz o autor:
Expresso na forma de território, o espaço geográfico torna-se um apêndice do 
desenvolvimento social. A ideia de que as coisas acontecem “no espaço” não 
é somente um hábito do pensamento mas também um hábito da linguagem, 
e apesar de seu apelo ao absoluto, o espaço natural é anacrônico, até mesmo 
nostálgico e uma barreira a uma compreensão crítica no espaço. Por suas ações, 
a sociedade não mais aceita o espaço como um receptáculo, mas sim o produz; 
nós não vivemos, atuamos ou trabalhamos “no” espaço, mas sim produzimos 
espaço vivendo, atuando e trabalhando (SMITH, 1988, p. 132).
Na concepção de Neil Smith, o espaço é uma mercadoria, um meio para a produção industrial, 
por exemplo, que é produzida pela sociedade, ou seja, a sociedade, com suas diferentes classes 
sociais, vive e produz o espaço. 
No Brasil, em 1978, o Encontro Nacional de Geógrafos em Fortaleza é considerado por 
alguns autores como momento importante da renovação da Geografia no Brasil, com a 
chamada “Geografia Crítica”, devido aos debates acirrados em torno de novas perspectivas 
de estudos de Geografia. 
No Brasil, a questão teórica e epistemológica passa a ser discutida com maior ênfase em 
artigos e livros publicados, principalmente sobre o objeto da Geografia e história do pensamento 
geográfico, em obras, tais como: de Milton Santos (2004), Por uma Geografia Nova: da crítica da 
Geografia a uma Geografia Crítica, originalmente publicada em 1978; de Antonio Carlos Robert 
Moraes (1995), Geografia: pequena história crítica, com a primeira edição em 1983; e de Ruy 
Moreira (1995), O que é Geografia, de 1985. 
Milton Santos (2004; 2006; 2002) torna-se um autor conhecido como crítico e elabora 
algumas teorias sobre espaço e categorias de análise para compreender o espaço geográfico, tais 
como: configuração territorial, circuito espacial de produção, meios geográficos (meio natural, 
meio técnico-científico, meio técnico-científico-informacional), entre outras. 
O autor argumenta que é necessário discutir o espaço social, os diversos usos do território 
como sinônimo de espaço geográfico, evidenciando as contradições existentes nele. Usos sociais 
dos diferentes agentes existentes no espaço geográfico. 
Estudá-lo considerando que o espaço muda ao longo do tempo e, portanto, cabe ao geógrafo 
compreender o espaço, é uma instância social, político-jurídica, econômica etc., que precisa ser 
analisada como um processo com lutas de classes e com inúmeras contradições, interesses e 
intencionalidades dos diversos agentes sociais existentes. 
Alguns autores considerados críticos buscam fazer a relação entre a sociedade e a natureza. 
Contudo, em geral, a natureza é estudada a partir da apropriação social, ou seja, de como o 
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Unidade: A Renovação da Geografia
homem, considerando seus diversos papéis sociais, apropria-se da natureza. Nesse sentido, 
para alguns autores a natureza é compreendida como uma forma de apropriação do espaço. 
Sobre essa questão, Antonio Carlos Robert Moraes afirma:
[...] recurso natural é um conceito do campo das ciências sociais, que nomeia 
uma apreensão de objetos da natureza que qualificam-se por sua potencialidade 
de utilização nos processos produtivos de uma sociedade. Trata-se, portanto, de 
uma visão social dos fenômenos e elementos naturais, isto é, tomados enquanto 
“natureza para o homem”. Não se trata de um “conceito-ponte” entre as ciências 
naturais e sociais, mas está claramente assentado nesse último campo. Não há 
recurso natural sem que a possibilidade de sua apropriação esteja dada, e esta 
implica a existência de sujeitos dotados de meios para seu consumo. Enfim, o 
recurso natural objetiva-se através de seu potencial de uso social (MORAES, 
2005, p. 118). 
Para essa perspectiva, não é o homem que se apropria e usa a natureza, mas sim o ser 
humano, enquanto ser social e político. Desse modo, quando uma empresa explora petróleo, 
por exemplo, é uma forma de apropriação da natureza, mas essa forma de apropriação é 
econômica e ao mesmo tempo política. 
Nesse caso, existem guerras entre Estados-Nações por conta do petróleo, disputando 
territórios onde exista petróleo, então é importante perceber os usos do território feitos por 
diferentes atores sociais. Não é a natureza em si que tem poder, e sim o uso dos atores sociais 
dos territórios do petróleo.
Para alguns autores críticos, como Marcelo Lopes de Souza (2008), o espaço é poder. Por meio 
do poder que alguns agentes têm, há maior acesso às benesses existentes no território. Nesse 
sentido, o território é disputado em diferentes escalas. É o caso, por exemplo, do narcotráfico e 
das milícias na cidade do Rio de Janeiro, que se apropriam do espaço, delimitando seu território. 
Nessa concepção do autor, o território é o espaço apropriado por relações de poder. Nesse caso, 
expresso pelo poder dos traficantes e de seus grupos, caso do Comando Vermelho, por exemplo.
Desse modo, a Geografia Crítica identifica-se por pesquisas nas quais as dimensões políticas, 
econômicas e sociais são tornadas evidentes no espaço geográfico ou no território.
A seguir, vamos discutir um pouco mais sobre a lógica dialética, cujo método é o mais comum 
na Geografia Crítica.
A Lógica Dialética
O materialismo histórico e dialético é um método que busca entender o mundo como processo 
histórico, que vai sendo construído com inúmeras contradições. 
A lógica dialética opõe-se à lógica formal, no sentido de não considerar que o processo histórico 
do mundo efetiva-se apenas pela causa-efeito. Para a lógica dialética, existe um processo que é 
sempre um ir e vir, uma luta de forças opostas de diferentes formas e níveis de poder. 
11
Alguns autores são considerados importantes por terem discutido esse método. São eles: 
Friedrich Hegel, Karl Marx e Friedrich Engels, Henri Lefebvre e Jean Paul Sartre, ainda que com 
algumas premissas diferentes. 
Sobre isso, o geógrafo Eliseu Sposito comenta:
A dialética é resgatada por GeorgFriedrich Hegel (1770-1831), que “retomou o 
movimento natural do pensamento na pesquisa e na discussão”. Para Lefebvre 
é utilizando-se da dialética que “os pesquisadores confrontam as opiniões, os 
pontos de vista, os diferentes aspectos do problema, as oposições e contradições; 
e tentam [...] elevar-se a um ponto de vista mais amplo, mais compreensivo” 
(SPOSITO, 2004, p. 41).
É fundamental nesse método duvidar da verdade posta como única, bem como buscar a 
compreensão da totalidade, evidenciando a relação do todo para explicar uma determinada 
situação ou condição geográfica. Como explica Leandro Konder: 
Qualquer objeto que o homem possa perceber ou criar é parte de um todo. 
Em cada ação empreendida, o ser humano se defronta, inevitavelmente, 
com problemas interligados. Por isso, para encaminhar uma solução para os 
problemas, o ser humano precisa ter uma visão de conjunto deles: é a partir da 
visão do conjunto que a gente pode avaliar a dimensão de cada elemento do 
quadro. Foi o que Hegel sublinhou quando escreveu: “A verdade é o todo”. Se 
não enxergarmos o todo, podemos atribuir um valor exagerado a uma verdade 
limitada (transformando-a em mentira), prejudicando a nossa compreensão de 
uma verdade mais geral (KONDER, 2006, p. 36).
A totalidade se dá mediante uma totalização constante, ou seja, o mundo muda a cada 
momento; então, cabe-nos compreendê-lo como um processo que vai sendo produzido em 
cada tempo social, em diferentes contextos sociais, políticos e espaciais. 
No método dialético, é fundamental entender o contexto nos quais as situações acontecem. 
Contextualizar é palavra-chave! Se eu discuto, por exemplo, uma guerra, em qual contexto 
ocorreu? Como era o período? Quais os atores envolvidos? Quais os papéis que cada um dos 
atores envolvidos teve? Contextualizar do ponto de vista, social, econômico, político, ou seja, 
considerando-se o espaço geográfico em suas diversas dimensões. 
Como afirma Jean Paul Sartre sobre a dialética:
Nosso método é heurístico, ensina-nos algo novo porque é, como a do marxista, 
encontrar o lugar do homem no seu contexto. Pedimos à história geral para 
nos restituir as estruturas da sociedade contemporânea, seus conflitos, suas 
contradições profundas, e o movimento de conjunto que estas determinam. 
Assim, temos a partida do conhecimento totalizante do momento considerado, 
mas, em relação ao objeto de nosso estudo, esse conhecimento permanece 
abstrato (SARTRE, 2002, p. 103).
Nesse sentido, é fundamental evidenciar concretamente as situações e seus contextos. Para 
diminuir a abstração exagerada, como diz Sartre. Por exemplo, quando usamos a expressão 
“capitalismo” e definimos que o processo capitalista induz a ampliação das desigualdades sociais, 
como isso ocorre concretamente? De que forma o capitalismo conduz a essa desigualdade? Em 
quais situações? Como isso acontece concretamente nos diferentes lugares do mundo? Como 
isso ocorre em seu país, em sua região, em sua cidade?
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Unidade: A Renovação da Geografia
Para o positivismo, típico método da Geografia Tradicional, havia a concepção de que o 
mundo poderia ser previsto na medida em que existia uma ordem e lógica formal que reproduzia 
o que vinha anteriormente. Para a lógica dialética, o que vivemos hoje não é uma simples 
condição de reprodução anterior, já que o mundo não evolui linearmente e só progressivamente. 
Precisamos considerar como é a sociedade de cada época, sua estrutura econômica e social, 
as instituições existentes e suas diferentes condições de poder. Como diz Claude Raffestin e 
Marcelo Lopes de Souza: espaço é poder! 
Por isso, é essencial fazer mais questionamentos no lugar de dar respostas prontas, e buscar 
fazer reflexões sobre a temática geográfica, seus conceitos e situações numa abordagem dialética. 
Marx e Engels discutem a necessidade de tratar o homem em sua vida “real”, envolvido 
em processos da existência “real”. Consequentemente, a busca desse homem concreto é 
fundamental no entendimento desse discurso. Marx e Engels dizem ainda:
[...] partimos dos homens em sua atividade real, é a partir de seu processo 
de vida real que representamos também o desenvolvimento dos reflexos e das 
repercussões ideológicas desse processo vital (MARX; ENGELS, 2002, p. 19). 
Entender as temáticas geográficas como processo histórico, já que os fenômenos não são 
isolados, muito menos devem ser analisados como processos que têm um começo e um fim. 
Não são produções acabadas, há sempre um devir, o mundo sempre muda e há sempre 
transformações no espaço geográfico. 
Nas palavras de Lefebvre sobre o método dialético:
Deixando de isolar os fatos e os fenômenos, o método dialético reintegra-os 
em seu movimento interno, que provém deles mesmos, e movimento externo, 
que os envolve no devir universal. Os dois movimentos são inseparáveis 
(LEFEBVRE, 1995, p. 238). 
Além da aparência, busca-se também conhecer a essência dos fenômenos. Lefebvre trata da 
questão da “aparência” e “essência”, dizendo que não se trata de algo subjetivo, nem do conhecimento 
do senso comum, que se satisfaz com as impressões sobre um determinado fenômeno. 
Cabe, portanto, “[...] ir mais longe, na convicção de que, por detrás do imediato, há uma 
outra coisa que, ao mesmo tempo, se dissimula e se expressa nesse imediato, que o imediato 
é apenas a constatação [...] da existência da coisa; e que nós atingiremos “algo” mais real; o 
próprio ser, sua essência” (LEFEBVRE, 1995, p. 216).
Portanto, interessa concretamente como os fenômenos se realizam e a essência deles, 
questionando-os. Assim como diz Karel Kosik (2002):
A dialética trata da “coisa em si”. Mas a “coisa em si” não se manifesta 
imediatamente ao homem. Para chegar a sua compreensão, é necessário fazer 
não só um esforço, mas também um détour. Por este motivo o pensamento 
dialético distingue entre representação e conceito da coisa, com isso não 
pretendendo apenas distinguir duas formas e dois graus de conhecimento da 
realidade, mas especialmente e sobretudo duas qualidades da práxis humana 
(KOSIK, 2002, p. 13).
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13
Desse modo, teoria e prática são categorias indissociáveis, bem como a realidade não se manifesta 
somente a nossos olhos, é importante desvendá-la, buscar o que está por trás da aparência. 
Superação, segundo a lógica dialética, como diz Henri Lefebvre: “[...] a verdadeira superação 
é obtida não através de uma amortização das diferenças (entre doutrinas e as idéias), mas, ao 
contrário, aguçando essas diferenças” (LEFEBVRE, 1995, p. 229). 
Nesse sentido, é fundamental questionar as respostas ditas como verdades absolutas, ir além 
do que vemos com nossos olhos, ir além da aparência dos fenômenos. 
Por isso, a lógica dialética difere do positivismo enquanto método e também do neopositivismo 
(que se apropria da Matemática e da Estatística para explicar os fenômenos geográficos).
Pesquisa com método materialismo histórico dialético
Para se contrapor a essa tendência paradigmática, aquela que se baseia no 
materialismo histórico tem características bastante diferentes. A abordagem empírica, 
nessa tendência, para se elaborar a informação geográfica, é realizada pela utilização 
de técnicas não quantitativas, embora as qualitativas sejam também utilizadas, 
como as equações matemáticas que definem índices e dados absolutos. Por outro lado, a análise 
de discursos e a incorporação dos dados contraditórios exprimem-se em diferentes técnicas de 
investigação, como, por exemplo, a pesquisa-ação, a pesquisa participante, as entrevistas e, como 
atitude básica da pesquisa, a observação. 
Em termos teóricos, essa tendência caracteriza-se pela tentativa de desvendar conflitos de 
interesses, pela fundamentação teórica através da eleição das categorias de análise e na sua 
articulação com a realidade estudada, pelo questionamento da visão estática da realidade, por se 
utilizar apontamentos para o caráter transformador dos fenômenos, relacionado à preocupação 
coma transformação da realidade estudada e da proposta teórica, procurando sempre o resgate 
da dimensão histórica dessa realidade, propondo-se as possibilidades de mudanças, baseada em 
uma postura marcadamente crítica. 
Epistemologicamente, a concepção de causalidade é concebida como inter-relação entre os 
fenômenos, ou seja, inter-relação do todo com as partes e vice-versa, da tese com a antítese, dos 
elementos da estrutura econômica com os da superestrutura social, política, jurídica, intelectual 
etc. Ao mesmo tempo, a validação da verdade científica é fundamentada na lógica do movimento 
em espiral e da transformação da matéria, e no método que explicita a dinâmica das contradições 
internas dos fenômenos – relação sociedade-natureza, reflexo-ação, teoria-prática, público-privado 
(razão transformadora). Nesse caso, a ciência é concebida como categoria histórica e como 
mediação homem-natureza por causa da aceitação da origem empírica objetiva do conhecimento. 
A ação e a crítica e autocrítica são aspectos fundamentais da prática intelectual. 
Trecho literal extraído de SPOSITO, Eliseu Savério. A propósito dos paradigmas da Geografia. Presidente Prudente, 
Departamento de Geografia, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista (UNESP). Disponível em: <http://
observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal8/Teoriaymetodo/Teoricos/01.pdf>. Acesso em: 20 out. 2014. 
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Unidade: A Renovação da Geografia
Geografia Humanista e Geografia da Percepção
No início da década de 1960, nos Estados Unidos, há um crescente domínio da Geografia 
Quantitativa com suas metodologias e modelos matemáticos. Nesse mesmo período, alguns 
autores da Geografia Cultural e da Geografia Histórica, nos Estados Unidos, começam a se 
interessar por contribuições oriundas da Antropologia e Psicologia, sobretudo sobre a percepção 
ambiental e o comportamento humano. 
Um desses autores foi David Lowenthal, para o qual os estudos geográficos tinham relação 
com a natureza do ambiente, bem como o que pensamos e sentimos sobre o meio ambiente e 
como nos comportamos e alteramos esse ambiente (HOLZER, 2008). 
Conforme nos diz o autor, em geral, a Geografia que era produzida, sobretudo de cunho 
positivista, preocupava-se com o mundo real, o mundo das aparências, mas pouco se importava 
com a percepção que os homens têm sobre o meio, a paisagem e o ambiente. 
Para exemplificar: enquanto numa visão tradicional, ao ver um rio, utiliza-se a observação, 
a descrição das formas do rio e uma posterior classificação dos tipos de padrões de drenagem 
do rio (método positivista), para a perspectiva humanista interessa entender como o homem se 
relaciona com o rio, qual seu sentimento em relação a esse corpo hídrico. 
No mesmo período, outro geógrafo norte-americano, de origem chinesa, Yi-Fu Tuan, também 
tratava da importância de entender as marcas que o homem imprime na natureza, como também 
a percepção que o homem tem do meio, tanto nos ambientes mais naturais quanto nas grandes 
cidades, termo que ele passou a chamar de topofilia.
Nesse sentido, esses geógrafos passaram a se preocupar com valores humanísticos da 
percepção, de forma que a percepção que os diferentes grupos humanos e as diferentes culturas, 
e mesmo o indivíduo, têm sobre o espaço passou a fazer parte da Geografia. 
Para alguns, essa geografia de cunho humanístico tem no método da fenomenologia a sua 
principal forma de concepção teórica. Para a fenomenologia, não importa a existência real do 
mundo, mas sim o modo como o conhecimento do mundo se dá, tem lugar e se realiza para 
cada pessoa ou para grupo sociocultural. 
Desse modo, a paisagem, por exemplo, diferentemente do que ocorre na Geografia 
Tradicional, não é apenas aquela parte do espaço que se observa a partir da visão, mas sim 
como percebemos e como sentimos a paisagem, mediante o olfato, a visão, o tato, ou seja, a 
partir de todos os sentidos. 
Outro autor importante para essa concepção foi Relph. Esse autor destacou do método 
fenomenológico principalmente os conceitos de mundo vivido e “ser no mundo”, que na Geografia 
têm relação com conceito de lugar, ou seja, como nos apropriamos do espaço, como nos sentimos, 
qual a identidade que temos do lugar. Essas concepções são chamadas humanistas. 
Outro autor importante é Yi-Fu Tuan, que publicou a obra “Espaço e Lugar”, em 1977. Nela, 
o autor discute os conceitos de espaço e lugar a partir do sentimento, da subjetividade e das 
ideias que um povo tem sobre esse espaço. 
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Nessa visão humanista, o espaço é mais simbólico, mais subjetivo. Não importa, portanto, a 
descrição, como fazia a Geografia Tradicional, dos elementos passíveis de serem observados na 
paisagem ou no espaço, mas importa como percebemos o mundo. 
Assim, para caracterização do conceito de lugar, Yi-Fu Tuan discute na perspectiva da experiência 
que temos em relação ao lugar, por exemplo: a nossa casa, a vizinhança, a cidade, a região. 
Para Tuan, o objetivo dessa Geografia Humanista era trazer para a Geografia um novo campo 
de investigações para os temas geográficos, caso, por exemplo, do conhecimento geográfico 
sobre território, lugar, modo de vida, religião, entre outros, de forma mais simbólica. 
Ao longo dos anos 1970, esses núcleos de geógrafos culturais e humanistas passaram a 
discutir também o papel das paisagens na reconstituição da memória e do passado, tentando 
explorar a discussão da paisagem sob o viés humanista (HOLZER, 2008).
No Brasil, nos anos 1980-1990, igualmente como a proposta denominada de Geografia 
Crítica, surgiu outra concepção geográfica, a que alguns autores denominam de Geografia 
Humanista ou Geografia da Percepção. 
A Geografia Humanista
O movimento humanista destaca o homem e o trata com seus significados, valores, objetivos, 
dilemas e ações em oposição ao enfoque abstrato, mecanicista e determinista dos paradigmas 
anteriores. A crítica à visão reducionista do homem, principalmente após 1970, favoreceu aos 
geógrafos humanísticos a interpretação do sentimento e a compreensão das relações entre os 
homens e seu mundo vivido. Essa perspectiva, ao defender a dimensão subjetiva e a experiência 
vivida pelos indivíduos e grupos sociais, propõe uma compreensão do mundo humano através do 
estudo das relações das pessoas com a natureza, do seu comportamento geográfico, bem como dos 
seus sentimentos e ideias a respeito do espaço e do lugar 
As ideias acima citadas surgem como relevantes para esta tendência geográfica. No lugar o indivíduo 
se encontra ambientado e mesmo integrado. Tal expressão conceitual compõe este mundo pleno 
de sentimentos e afeições, um centro de significância ou um foco de ação emocional do homem. 
O lugar não é toda e qualquer localidade, mas aquela que exprime afetividade e valores para o 
indivíduo ou a sua coletividade.
Trecho literal extraído de FERNANDES, Márcio Luis. Um outro horizonte em busca da humanização da Geografia. Geograficidade, 
Universidade Federal Fluminense, Niterói, v .4, n. 1, verão 2014, p. 87. 
Tal proposta, escola e/ou abordagem geográfica baseia-se principalmente na subjetividade, 
ou seja, em como cada um de nós, enquanto indivíduo ou grupo sociocultural, percebe, sente 
e vive no espaço, isso então é o espaço vivido. 
Conforme explica Roberto Lobato Corrêa:
Contrariamente às geografias critica e a teorético-quantitativa, por outro lado, 
a geografia humanista está assentada na subjetividade, nos sentimentos, na 
experiência, no simbolismo e na contingência, privilegiando o singular e não o 
particular ou o universal e, ao invés da explicação, tem na compreensão a base 
de inteligibilidade do mundo real (CORRÊA, 2006, p. 30).
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Unidade: A Renovação da Geografia
Alguns autores humanistas partem do conceito de espaço vivido, na dimensão mais simbólica, 
do tempo e espaço sendo medidos pela relação com a natureza e não do tempo capitalista. 
Essa situação, embora cada vez menos comum num mundo tornado global, ainda ocorre em 
algumas sociedadesou comunidades tradicionais. 
Sobre essa questão, Roberto Lobato Corrêa comenta:
Nas sociedades tropicais primitivas, ao contrário, o espaço, como o tempo, são 
concebidos descontinuamente, com bloqueios ou cortes brutais. O espaço vivido 
é fragmentado em função do pertencimento ao mesmo povoado, linhagem, 
tribo, grupo etno-linguístico, casta ou área cultural, que fornecem referenciais 
básicos para o cotidiano em sua dimensão espacial (CORRÊA, 2006, p. 32).
Pela situação exposta nessa citação, identifica-se a visão da Geografia Humanista na relação 
pela qual os grupos humanos ou as diferentes culturas, sobretudo aquelas mais tradicionais 
(indígenas, caiçaras, tribos africanas etc.) se relacionam com o espaço e com o seu território. 
Ao analisar o território nessa concepção, é fundamental compreender como um determinado 
grupo sociocultural vive, relaciona-se com o seu território. Trata-se, assim, da questão das “raízes” 
desse grupo e de como as suas referências espaciais têm relação com a natureza, com a identidade 
que esse grupo tem com o território. Território e identidade são palavras-chave nessa visão.
A dimensão afetiva e de pertencimento em relação ao território é destacada na Geografia 
Humanista. Ao longo do tempo, o ser humano, enquanto ser cultural, vai se identificando, 
vivendo e mantendo laços de afetividade com o lugar ou o território onde vive.
Do mesmo modo, a visão de lugar como espaço no qual se identifica, relaciona-se com seus 
vizinhos, nas relações sociais que se estabelecem é reconhecido no cotidiano, com sentido de 
pertencimento a esse lugar.
Nessa concepção de lugar, portanto, o lugar não é um espaço qualquer, mas aquele em que 
mantemos uma relação de reconhecimento cotidiano, de pertencimento, de avizinhamento, de 
conhecimento, que nos faz identificar como se dá o dia a dia do lugar. 
Mas o lugar não é só visto de forma positiva, no sentido de envolvimento emocional com um 
determinado espaço, que nos é querido, afetivo. Podemos, nessa concepção, também ter aversão 
a um determinado espaço, apesar de ele nos ser familiar, o que alguns autores denominam de 
sentimento topofóbico. 
Como afirma João Baptista Ferreira de Mello: 
O lugar surge como conceito-chave na geografia humanística advindo da noção 
fenomenológica de mundo vivido emocionalmente, modelado, introjetado e 
revestido de eventos, pessoas, itinerários, lutas, ambiguidades, envolvimentos, 
sonhos, desatinos, “canções que minha mãe me ensinou”, base territorial e toda 
sorte de elementos que permite à pessoa se sentir em casa ou, por outro lado, 
distanciada em meio a um estranhamento topofóbico (MELLO, 2005, p. 34).
Logo, a concepção humanista parte da compreensão espacial de forma mais subjetiva, mais 
pessoal, do sentimento de pertencimento de um lugar ou território.
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Assim, como se verifica no quadro 1, há diferenças entre a concepção geográfica crítica e humanista. 
Quadro 1: Perspectivas Geográficas
Perspectiva 
Geográfica
Perspectiva de Estudo 
Geográfico
Categorias Mais 
Comuns
Método Mais Comum
Crítica
Mais social, política 
e econômica do 
espaço geográfico
Espaço e Território
Materialismo 
Histórico e Dialético
Humanista
Mais subjetiva e 
simbólica.
Lugar, Espaço Vivido, 
Território
Fenomenologia
Elaborado por Vivian Fiori, 2014. 
Na Geografia Crítica, predominam estudos geográficos com preocupação da dinâmica social, 
econômica e política do espaço geográfico ou do território. Nesse sentido, os diferentes papéis 
sociais e relações de poder são identificados e discutidos nessa visão geográfica, tendo, em 
geral, como método o materialismo histórico e dialético.
Já para a Geografia Humanista, a perspectiva é mais simbólica, da apropriação sociocultural, 
de espaço vivido pelos diferentes grupos sociais e culturais. 
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Unidade: A Renovação da Geografia
Material Complementar
 
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Leituras:
FERNANDES, Márcio Luis. Um outro horizonte em busca da humanização da Geografia. Geogra-
ficidade, Universidade Federal Fluminense, Niterói, v.4, n.1, verão 2014, p. 78-87. Disponível em: 
http://www.uff.br/posarq/geograficidade/revista/index.php/geograficidade/article/view/78/pdf. Acesso 
em: 15 out. 2014
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Rio de Janeiro: Record, 2001. 
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books?hl=ptBR&lr=&id=n4y3HGEC8M8C&oi=fnd&g=PA9&dq=pesquisa+em+Geografia&ot-
s=iIoq8_e0-n&sig=jLNDdfDnPIdr ttuCjNhG7ZHDBw#v=onepage&q=pesquisa%20em%20Geo-
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Referências
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FERNANDES, Márcio Luis. Um outro horizonte em busca da humanização da Geografia. 
Geograficidade, Universidade Federal Fluminense, Niterói, v. 4, n. 1, Verão 2014, p. 78-87. 
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