Buscar

PlanoDeAula_429466

Prévia do material em texto

Plano	de	Aula:	Características	fisiopatológicas	da	obesidade
PRESCRIÇÃO	DE	EXERCÍCIOS	PARA
GRUPOS	ESPECIAIS	-	SDE0362
Título
Características	fisiopatológicas	da	obesidade
Número	de	Aulas	por	Semana
Número	de	Semana	de	Aula
4
Tema
Características	fisiopatológicas	da	obesidade
Objetivos
Compreender	o	conceito	de	sobrepeso	e	obesidade.
Avaliar	a	evolução	temporal	da	obesidade	no	século	XXI.
Associar	 a	 obesidade	 como	 doença	metabólica	 e	 com	 o	 conceito	 de	 estado
inflamatório	de	baixo	grau.
Entender	os	mecanismos	da	obesidade	e	seus	riscos	à	saúde.
Identificar	os	diferentes	meios	para	o	diagnostico	de	obesidade.
Estrutura	do	Conteúdo
Obesidade:	 A	 obesidade,	 assim	 como	 outras	 doenças	 crônicas,	 é	 uma
doença	 de	 caráter	 multifatorial	 envolvendo,	 em	 sua	 origem,	 aspectos
ambientais,	 genéticos,	 biológicos	 e	 comportamentais.	 O	 surgimento	 da
obesidade	 nos	 países	 em	 desenvolvimento	 afetou,	 inicialmente,	 os	 estratos
socioeconômicos	 mais	 elevados	 da	 população.	 Entretanto,	 tendências	 mais
recentes	 exibem	 um	 padrão	 diferente,	 observando-se	 deslocamento	 de	 sua
prevalência	para	os	estratos	mais	baixos	de	 renda	e	escolaridade.	 Estima-se
que,	 atualmente,	 um	 bilhão	 de	 adultos	 esteja	 com	 sobrepeso	 no	 mundo	 e
cerca	 de	 475	 milhões	 sejam	 obesos,	 projetando-se	 números	 ainda	 mais
impressionantes	para	a	próxima	década.	Estimativas	para	2020	apontam	cerca
de	cinco	milhões	de	óbitos	atribuídos	ao	excesso	de	peso.	O	excesso	de	peso
(incluindo	as	condições	de	sobrepeso	e	de	obesidade)	constitui	o	sexto	 fator
de	 risco	 mais	 importante	 para	 a	 carga	 global	 de	 doenças	 em	 face	 de	 sua
associação	com	várias	doenças	crônicas	não	transmissíveis,	incluindo	doenças
cardiovasculares,	 como	 a	 hipertensão	 arterial	 e	 acidente	 vascular	 cerebral,
diabetes,	 câncer	 de	 cólon,	 reto	 e	 de	 mama,	 cirrose,	 gota,	 osteoartrite	 e
apneia	do	sono.
A	 obesidade	 foi	 inicialmente	 reconhecida	 como	 uma	 condição	 de	 inflamação
crônica	de	baixo	grau	no	começo	da	década	de	1990,	quando	se	constatou	o
aumento	da	expressão	do	gene	que	codifica	para	a	citocina	pró-inflamatória,
denominada	 fator	 de	 necrose	 tumoral-alfa	 (TNF-a),	 no	 tecido	 adiposo	 e	 a
redução	 da	 sensibilidade	 à	 insulina	 em	 roedores	 submetidos	 a	 um	 protocolo
de	 obesidade	 induzida	 pela	 dieta.	 Posteriormente,	 outras	 pesquisas
verificaram	 que	 a	 obesidade	 está	 diretamente	 relacionada	 a	 alterações	 nas
funções	 endócrinas	 e	 metabólicas	 do	 tecido	 adiposo.	 Em	 indivíduos	 obesos,
esse	 tecido	 aumenta	 a	 capacidade	 de	 síntese	 de	 moléculas	 com	 ação	 pró-
inflamatória	 (denominadas	 adipocitocinas	 ou	 adipocinas).	 A	 capacidade	 de
síntese	dessas	proteínas,	 a	partir	 do	 tecido	adiposo	de	 indivíduos	magros,	 é
muito	 inferior.	 A	 resposta	 inflamatória	 promove,	 por	 um	 lado,	 o	 aumento	 da
síntese	 de	 diversas	 adipocinas	 com	 ação	 pró-inflamatória	 e,	 por	 outro,	 a
redução	 da	 concentração	 plasmática	 de	 adiponectina,	 que	 apresenta	 ação
anti-inflamatória.
Causas	da	obesidade:	A	obesidade	não	é	uma	desordem	singular,	e	sim	um
grupo	heterogêneo	de	condições	com	múltiplas	causas	que	em	última	análise
resultam	no	fenótipo	de	obesidade.	Os	princípios	mendelianos	e	a	influência	do
genótipo	na	etiologia	desta	desordem	podem	ser	atenuados	ou	exacerbados
por	 fatores	 não-genéticos,	 como	 o	 ambiente	 externo	 e	 interações
psicossociais	 que	 atuam	 sobre	 mediadores	 fisiológicos	 de	 gasto	 e	 consumo
energético.	Segundo	a	OMS,	a	ocorrência	da	obesidade	nos	 indivíduos	reflete
a	 interação	 entre	 fatores	 dietéticos	 e	 ambientais	 com	 uma	 predisposição
genética.	Contudo,	existem	poucas	evidências	de	que	algumas	populações	são
mais	 suscetíveis	 à	 obesidade	por	motivos	 genéticos,	 o	 que	 reforça	 serem	os
fatores	 alimentares	 –	 em	 especial	 a	 dieta	 e	 a	 atividade	 física	 –	 responsáveis
pela	 diferença	 na	 prevalência	 da	 obesidade	 em	 diferentes	 grupos
populacionais.	Dentre	os	 fatores	alimentares,	pode-se	destacar	o	excesso	de
energia	e,	principalmente,	de	lipídeos,	favorecendo	o	aumento	da	adiposidade.
Há	também	evidências	sugerindo	forte	influência	genética	no	desenvolvimento
da	obesidade,	mas	seus	mecanismos	ainda	não	estão	esclarecidos.	Acredita-
se	 que	 esses	 fatores	 possam	 estar	 relacionados	 ao	 consumo	 e	 gasto
energético.	 O	 controle	 do	 apetite	 e	 o	 comportamento	 alimentar	 também
sofrem	 influência	 genética.	 Há	 indícios	 de	 que	 o	 componente	 genético	 atua
sobre	o	gasto	energético,	em	especial	sobre	a	taxa	metabólica	basal	(TMB),	a
qual	 é,	 determinada	 principalmente	 pela	 quantidade	 de	 massa	 magra.	 Além
disso,	 deve-se	 considerar	 que	 há	 diferenças	 individuais	 na	 suscetibilidade	 à
obesidade.	Um	certo	número	de	desordens	endócrinas	também	pode	conduzir
à	obesidade,	como	por	exemplo	o	hipotireoidismo	e	problemas	no	hipotálamo,
mas	estas	causas	representam	menos	de	1%	dos	casos	de	excesso	de	peso.
Outros	problemas	dessa	mesma	origem	incluem	alterações	no	metabolismo	de
corticoesteróides,	hipogonadismo	em	homens	e	ovariectomia	em	mulheres,	e	a
síndrome	do	ovário	policístico,	a	qual	pode	estar	 relacionada	a	mudanças	na
função	 ovariana	 ou	 à	 hipersensibilidade	 no	 eixo	 hipotálamo-hipófise-adrenal.
Problemas	 psicológicos	 também	 estão	 associados	 ao	 ganho	 de	 peso,	 como
por	exemplo	estresse,	ansiedade	e	depressão,	influenciando	principalmente	o
comportamento	 alimentar	 (Stunkard	 &	 Wadden,	 1992).	 A	 etiologia	 da
obesidade	é	uma	das	mais	complexas.	De	fato,	o	seu	desenvolvimento	possui
múltiplas	 causas	 e	 é	 o	 resultado	 de	 complexas	 interações	 entre	 fatores
genéticos,	psicológicos,	socioeconômicos,	culturais	e	ambientais.
Riscos	à	saúde:	A	obesidade	está	associada	a	algumas	das	mais	prevalentes
doenças	 na	 sociedade	moderna.	 O	maior	 risco	 é	 para	 o	 desenvolvimento	 de
diabetes	mellitus.	Quando	o	Índice	de	Massa	Corporal	(IMC)	(kg/m2)	está	acima
de	35,	aumenta	o	risco	de	seu	desenvolvimento	em	93	vezes	em	mulheres	e	42
vezes	 em	 homens.	 Os	 maiores	 riscos	 a	 saúde	 causados	 pela	 obesidade
aumentam	 progressivamente	 e	 desproporcionalmente	 ao	 aumento	 de	 peso,
numa	 curva	 conhecida	 como	 em	 forma	 de	 "J".	 Além	 disso,	 o	 risco	 de
mortalidade	 agrava-se	 ainda	 mais	 para	 pessoas	 obesas	 fumantes.
Comparando	com	pessoas	de	peso	normal,	homens	com	20%	acima	do	peso
desejável	têm	20%	a	mais	de	chance	de	morrer	por	todas	as	causas;	possuem
o	risco	duas	vezes	maior	de	 falecer	por	diabetes;	 têm	40%	a	mais	de	chance
de	 desenvolver	 disfunções	 na	 vesícula	 biliar	 e	 25%	 a	 mais	 de	 doenças
coronarianas.	 Em	 homens	 com	 40%	 acima	 do	 peso	 desejável,	 a	mortalidade
por	 todas	 as	 causas	 é	 55%	 maior,	 apresentam	 70%	 a	 mais	 de	 chance	 de
desenvolver	doenças	coronarianas,	e	o	 risco	de	morte	por	diabetes	é	quatro
vezes	maior	 do	 que	 entre	 pessoas	 de	 peso	 normal.	 Como	pode-se	 perceber,
apesar	 das	 doenças	 coronarianas	 representarem	 a	 maior	 causa	 de	 mortes
relacionadas	 ao	 excesso	 de	 peso,	 as	 pessoas	 obesas	 frequentemente
desenvolvem	outras	condições	que	as	predispõem	à	mortalidade,	em	especial
o	 diabetes	 mellitus	 e	 doenças	 do	 trato	 digestivo,	 além	 das	 neoplasias.	 A
ocorrência	de	complicações	da	obesidade	depende	não	apenas	do	excesso	de
peso,	 mas	 também	 da	 distribuição	 da	 gordura	 corporal,	 a	 qual	 pode	 estar
localizada	na	região	central	ou	na	região	inferior	ou	do	quadril.	A	presença	de
tecido	adiposo	intra-abdominal	é	um	fator	de	risco	para	distúrbios	metabólicos
e	é	determinada	pela	relação	entre	as	circunferências	da	cintura	e	do	quadril.
Diagnóstico	de	obesidade:	Para	o	diagnóstico	de	obesidade	utiliza-se	o	IMC
acima	do	percentil	95	para	crianças	e	adolescentes.	Para	adultos,	utilizam-se
os	pontos	de	corte	de	IMC	=	25	kg/m2	para	sobrepeso	e	IMC	=	30	kg/m2	para
obesidade.	Para	confirmação	do	diagnóstico,	utiliza-se	a	avaliação	da
composição	corpórea	(%	de	gorduracorporal),	ultrassonografia	abdominal	e
hepática,	análises	bioquímicas	no	plasma	e	avaliação	dos	sintomas	clínicos	da
doença.
Aplicação	Prática	Teórica
Discutir	 com	 os	 discentes	 algumas	 situações	 práticas	 do	 dia-a-dia	 que
demonstram	a	 relação	entre	obesidade	e	hábitos	do	dia-a-dia,	 ressaltando	a
importância	desse	entendimento	para	o	Profissional	de	Educação	Física.

Continue navegando