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METODOS E PROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA A SAUDE

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1
Desinfecção
ElianE Molina Psaltikidis
3.5
✒
Pon tos a aPrEn dEr
1. Conceito de desinfecção e suas aplicações.
2. Níveis de desinfecção.
3. Métodos físicos de desinfecção – princípios, vantagens, indicações e equi-
pamentos.
4. Métodos químicos de desinfecção – princípios, fatores interferentes e 
boas práticas para desinfecção química.
5. Soluções desinfetantes – forma de ação, espectro microbicida, indica-
ções, vantagens e desvantagens.
6. Desinfecção de materiais específicos.
Palavras-chavE
Enfermagem em Centro de Material e Esterilização, desinfecção, termode-
sinfecção, germicidas.
Estrutura dos tóPicos
Introdução. Desinfecção física. Desinfecção química. Soluções desinfetantes. 
Desinfecção indicada para produtos específicos. Considerações finais. Resu-
mo. Resumo esquemático. Pontos a revisar. Propostas para estudo. Atividade 
sugerida. Referências bibliográficas.
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 ENFERMAGEM EM CME 
2
introDução 
A desinfecção consiste em um processo de eliminação de micro-
organismos presentes em superfícies e produtos para saúde, porém 
com menor poder letal que a esterilização, pois não destrói todas as 
formas de vida microbiana, principalmente os esporos1,2. No entanto, 
há uma categoria de desinfetantes para uso em produtos para saúde, 
denominados de alto nível, que têm ação contra os esporos, mas não 
todos, em razão do período reduzido de contato.
Superfícies fixas, equipamentos e mobílias utilizados na assistên-
cia à saúde podem ser submetidos à desinfecção, porém não é o foco 
de abordagem deste capítulo, que tem o objetivo de discutir os pro-
cessos de desinfecção aplicados a produtos para saúde, no âmbito do 
Centro de Material e Esterilização (CME).
Segundo a classificação proposta por Spaulding, em 1968, a 
desinfecção é indicada para os produtos semicríticos que entram em 
contato com membranas mucosas colonizadas ou com pele não ínte-
gra, mas restrita a ela. Essa categoria envolve um gama enorme de 
itens, com grande variedade de utilizações, tais como acessórios para 
assistência respiratória, diversos endoscópios, espéculos, lâminas 
para laringoscopia, entre outros1.
Mesmo não sendo o recomendado, alguns produtos críticos têm 
sido submetidos apenas à desinfecção de alto nível, em vez de serem 
esterilizados. Esse fato vem ocorrendo principalmente em materiais 
de videocirurgia que são termossensíveis, frágeis e utilizados em 
procedimentos seguidos e com baixo inventário, impossibilitando 
seu envio para esterilização1. Essa conduta deve ser abandonada, 
conforme a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) de n. 8, publicada em 
27 de fevereiro de 2009, que determina que esses produtos devem 
ser submetidos à esterilização por métodos físicos ou físico-quími-
cos3. Isso será viabilizado à medida que os serviços de saúde inves-
tirem em tecnologia de esterilização a baixa temperatura e de ciclo 
rápido, sendo que existem várias opções disponíveis no mercado 
brasileiro.
A desinfecção rotineira de produtos não críticos, que entram em 
contato apenas com pele íntegra ou que não entram em contato com 
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DEsiNFECção
3
o paciente, é recomendada por normatização recente do Center for 
Disease Control and Prevention (CDC)1, dos EUA. Porém, essa orien-
tação pode ser questionada, já que nesses casos, em geral, a limpeza 
é um procedimento mínimo suficiente. Exceções são os produtos não 
críticos que se contaminam maciçamente com material orgânico, tais 
como comadres e papagaios, e que devem ser limpos e desinfectados 
a cada uso, em respeito à precaução padrão, pois há o risco de con-
taminação das mãos dos profissionais de saúde que manuseiam esses 
materiais.
Os métodos de desinfecção podem ser físicos, por ação térmica, 
ou químicos, pelo uso de desinfetantes químicos. Dentre os méto-
dos físicos estão os equipamentos de pasteurização, as termodesinfe-
tadoras e as lavadoras de descarga. Os desinfetantes químicos mais 
utilizados no meio médico para materiais são aqueles a base de alde-
ídos, ácido peracético, soluções cloradas e álcool. Podem ser utiliza-
dos também produtos a base de quaternário de amônia, peróxido de 
hidrogênio, água eletrolizada e soluções iodadas1,4.
A desinfecção é classificada, conforme seu espectro de ação, em 
alto nível, nível intermediário e baixo nível. A desinfecção de alto 
nível deve eliminar todos os micro-organismos em forma vegetati-
va e alguns esporos. A desinfecção de nível intermediário precisa 
destruir todas as bactérias vegetativas, o bacilo da tuberculose, os 
fungos e os vírus lipídicos e alguns não lipídicos, mas não elimina 
esporos. A desinfecção de baixo nível elimina apenas bactérias vege-
tativas, vírus lipídicos, alguns vírus não lipídicos e alguns fungos; 
não elimina micobactérias nem esporos1 (Tabela 3.5.1). Vale desta-
car que algumas literaturas afirmam que os micro-organismos do 
grupo Coccidia são mais resistentes aos germicidas químicos que as 
micobactérias1,2,5. Essa constatação é preocupante para o processa-
mento dos colonoscópios, uma vez que a Coccidia pode fazer parte 
da microbiota intestinal humana. No entanto, a desinfecção de alto 
nível para esses acessórios ainda é recomendada como procedimento 
mínimo após limpeza rigorosa.
A garantia de adequada limpeza do produto é fator primordial 
ao processo de desinfecção, independentemente do método ou do 
nível de desinfecção adotado.
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 ENFERMAGEM EM CME 
4
tabela 3.5.1 Nível de desinfecção de acordo com o espectro de ação microbicida
nível de 
desinfecção
Bactérias fungos Vírus
esporos 
a
Micobac­
térias
Bactérias 
vegetativas
Pequenos 
e não 
lipídicos
Médios 
e 
lipídicos
Alto nível + b + + + + +
Nível 
intermediário
- c + + + + d +
Baixo nível - - + + + +
a Inclui esporos assexuados, mas não necessariamente os esporos de Clamidia ou esporos sexuados.
b Apenas com longo tempo de exposição é capaz de eliminar elevado número de esporos bacterianos.
c O hipoclorito de sódio, classificado como desinfetante de nível intermediário, apresenta ação esporicida, porém 
os demais não atingem esse espectro de ação.
d Alguns desinfetantes de nível intermediário não apresentam ação contra vírus não lipídicos.
Observação: o símbolo de adição (+) indica que o efeito microbicida é esperado; o símbolo de subtração (–) 
indica efeito microbicida reduzido ou ausente.
Fonte: Favero, 20012.
Desinfecção física 
Entre os métodos de desinfecção, a primeira escolha deve ser dire-
cionada para aqueles que atuam por meio físico, ou seja, calor. Desde 
os tempos mais remotos, a exposição de materiais à água quente ou à 
fervura tem sido praticada como mecanismo para tornar os produtos 
mais seguros microbiologicamente para uso. Atualmente, a simples 
fervura, apesar de efetiva como processo desinfetante, não tem sido 
recomendada pelo risco de queimaduras e por ser possível realizar 
a desinfecção com menor temperatura, causando menor dano aos 
materiais. Para isso, há equipamentos que permitem o processo de 
forma controlada e com mínimo risco ocupacional: lavadoras termo-
desinfetadoras, lavadoras de descarga e pasteurizadoras.
Rutala et al. comprovaram a eficácia do ciclo de desinfecção a 
70ºC, por 30 minutos. Submeteram tubos plásticos e metálicos com 
diâmetro de 3 mm e comprimento de 40 cm, inoculados com 104 a 106 
UFC de bactérias vegetativas (Staphylococcus aureus, Klebsiella pneu-
moniae), fungos (Candida albicans), Mycobacterium terrae e Bacillus 
subtillis. Somente os esporos não foram completamente eliminados1.
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DEsiNFECção
5
Outros parâmetros de tempo-temperatura são descritos na litera-
tura, que variam de acordo com o nível de segurança que o ministério 
da saúde de cada país propõe adotar. A Autoridade Federal de Saúde 
da Alemanha (BGA) recomenda 94ºC em 10 minutos,o Departament 
of Health and Social Security (DHSS), da Grã-Bretanha, estabelece 
90ºC em 1 minuto ou 82ºC em 2 minutos. Na Holanda, as diretrizes 
Rijksinstituut voor volksgezondheid en milieu (RIVM) determinam 
90ºC em 5 minutos. Na Suécia, o Swedish Planning and Rationalisa-
tion Institute (SPRI) definiu como suficiente temperatura entre 80 a 
85ºC, com um tempo de 1 a 3 minutos7.
Ao adquirir um equipamento de termodesinfecção, devem-se 
verificar quais são os ciclos que o fabricante pré-programou quanto 
às etapas de limpeza, enxágue, temperatura e tempo para desinfec-
ção. Caso eles sejam inadequados às necessidades do serviço, é preci-
so solicitar nova programação e validação de ciclo.
Antes de submeter um produto à desinfecção física, verifica-se se 
ele suporta o processo, sem ocasionar danos, conforme a vulnerabi-
lidade da matéria-prima às diferentes temperaturas. Opta-se, sempre 
que possível, por aquisição de materiais semicríticos termorresisten-
tes, como as traqueias de nebulizadores ou ventiladores siliconizadas, 
pois elas suportam até a autoclavação.
As principais vantagens do processo de desinfecção térmica estão 
descritas no Quadro 3.5.1.
Quadro 3.5.1 Vantagens da desinfecção térmica automatizada
•   Realiza desinfecção de alto nível, ou seja, inativa bactérias vegetativas, vírus, fungos e mico-
bactérias.
•  Permite padronização e reprodutividade do procedimento.
•   Favorece monitoração e registro do processo.
•   Minimiza erros humanos.
•   Não deixa resíduos no material.
•   Não é tóxica para o paciente e para o meio ambiente.
•   Baixo risco ocupacional, queimaduras podem ser facilmente prevenidas.
•   Baixo custo operacional.
•   Alguns equipamentos realizam a limpeza prévia dos materiais e a sua secagem, além da 
termodesinfecção.
A seguir, são detalhados os equipamentos de termodesinfecção, 
com suas características, indicações, vantagens e desvantagens.
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 ENFERMAGEM EM CME 
6
LaVaDoras terMoDesinfetaDoras 
Consistem em equipamentos que realizam a limpeza e a desin-
fecção de uma vasta gama de produtos: instrumentos cirúrgicos, 
utensílios diversos (comadres, cubas, bacias), acessórios de assistên-
cia respiratória e de anestesia, entre outros. Agem por meio de jatos 
de água sob pressão e turbilhonameto, associados a detergentes não 
espumantes6. O ciclo do equipamento é constituído em fases1:
1. pré-lavagem e lavagem, executadas por jatos de água (fria ou 
morna) com detergente (enzimático ou alcalino);
2. enxágue;
3. desinfecção térmica por aplicação de água quente ou vapor;
4. secagem.
O equipamento pode ser programado para executar diversos 
ciclos, atendendo as necessidades e as características dos produtos da 
instituição. Como exemplo, pode-se estabelecer ciclos de limpeza mais 
longos para instrumentos com sujidade pesada, sem secagem, para lim-
peza e desinfecção de utensílios, sem a fase de desinfecção, entre outros.
As lavadoras termodesinfetadoras são muito úteis nos Centros de 
Materiais e Esterilização (CME), pois agilizam o trabalho da equipe, 
pela automação do processo de limpeza dos instrumentos, com grande 
eficácia. Os materiais complexos, como os de lumens estreitos, não 
devem ser limpos por esse método, salvo orientações explícitas do 
fabricante do equipamento e do material, pois os jatos de água nor-
malmente não são suficientes para adequada remoção de sujidade des-
sas superfícies. Para esses materiais, é melhor utilizar limpeza manual, 
seguida de lavadora ultrassônica7. Os produtos não imersíveis ou com 
fibras ópticas também não devem ser limpos por essas lavadoras, pois 
elas causariam danos ao material, principalmente pela possibilidade 
de deslocamento de lentes a médio ou a longo prazo8. Nesses casos, 
recomenda-se utilizar apenas limpeza manual. Mesmo os produtos ter-
mossensíveis, que não suportariam a temperatura do ciclo de desinfec-
ção, podem ser lavados mediante estabelecimento de ciclo de lavagem 
apenas com água morna. Para esses casos, deve-se realizar, posterior-
mente, algum processo de desinfecção química ou de esterilização a 
frio, mediante a classificação do produto.
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DEsiNFECção
7
Os acessórios de assistência ventilatória, como circuitos, tra-
queias, copos de nebulização, umidificadores e inaladores, podem ser 
limpos, desinfetados e secos em lavadoras termodesinfetadoras, desde 
que resistam à temperatura de 70ºC e sejam colocados em suportes 
adequados (racks). Isso facilita o trabalho da equipe de enfermagem 
e minimiza o uso de desinfetantes químicos, o que é uma grande van-
tagem, pois eles inevitavelmente ficam impregnados nos materiais 
de que são fabricados os acessórios de inaloterapia e de assistência 
ventilatória. Deve-se ter cuidado na montagem dos racks com esses 
materiais, uma vez que precisam ser submetidos à exposição de jatos 
de água direcionados. Deve-se obedecer à disposição dos materiais, 
de acordo com orientações do fabricante, sendo que não podem ser 
aglomerados, dificultando a passagem de acesso à água quente9.
Outro uso das lavadoras é a limpeza e desinfecção de utensílios, 
como comadres, papagaios, bacias, cubas e jarros. Por serem utiliza-
dos em grande quantidade e terem volume considerável, demandam 
muito tempo da equipe para o processamento. Considerados normal-
mente como não críticos, necessitam apenas de limpeza e desinfecção 
de nível baixo. Após o ciclo pela termodesinfetadora, os utensílios 
estão limpos, desinfetados e secos, prontos para serem embalados, 
permitindo oferecer ao paciente um produto com segurança e boa 
apresentação, por meio de um processo muito prático.
Existe no mercado nacional um indicador químico para lava-
dora termodesinfetadora que monitora a temperatura e o tempo 
de exposição da fase de desinfecção. É específico para equipamen-
tos programados para operar ciclo de termodesinfecção a 93ºC, por 
10 minutos. A leitura do indicador ocorre por meio da mudança de 
coloração (dados do prospecto do produto disponíveis em http://
www.mackmedical.com.br)9,10.
LaVaDoras De Descarga 
As lavadoras de descarga são próprias para uso nas unidades de 
internação e destinam-se ao processamento de utensílios (comadres, 
papagaios, cubas e bacias). Elas devem ser instaladas na sala de utili-
dades (expurgo) do setor e ligadas à rede de esgoto, permitindo que 
as comadres e os papagaios sejam colocado para limpeza, ainda com 
as excretas. Esse tipo de lavadora efetua a remoção das excretas, a 
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 ENFERMAGEM EM CME 
8
limpeza e a desinfecção dos utensílios, além de permitir a limpeza 
simultânea de vários utensílios, de acordo com o tamanho da câma-
ra. A capacidade e as dimensões do equipamento devem ser conside-
radas diante das necessidades e das demandas da instituição, que são 
aspectos determinantes para sua aquisição.
É um recurso muito útil, que reduz o risco ocupacional dos pro-
fissionais de enfermagem e padroniza a realização efetiva da higie-
nização dos utensílios. Outro benefício é o aumento da rotatividade 
desses materiais, diminuindo a necessidade de grande inventário.
PasteurizaDoras 
As pasteurizadoras são equipamentos que realizam a desinfec-
ção de produtos semicríticos pela imersão em água quente. Possuem 
um mecanismo que mantém a água em temperatura estável, confor-
me programa determinado, com controle do tempo de exposição. A 
colocação e a retirada dos materiais são feitas por cestos vazados, 
minimizando o risco de queimaduras.
São muito utilizadas para desinfecção térmica de acessórios de 
assistência ventilatória como circuitos, nebulizadores e inaladores, 
mas também podem ser usadas para outros utensílios e para produ-
tos termorresistentes à temperatura dos ciclos disponíveis. As van-
tagens do equipamento é o baixo custo inicial e operacional, além 
da facilidade de manutenção, pois são aparelhos simples. A grande 
desvantagem é que não faz a limpezaou a secagem dos materiais, 
exigindo tempo da enfermagem e exposição a riscos biológicos.
Como esses equipamentos são mais utilizados pela indústria ali-
mentícia, é necessário verificar, antes da aquisição, se o modelo possui 
registro na ANVISA destinado a processamento de materiais utilizados 
na assistência à saúde. Outra preocupação que se deve ter ao escolher 
o modelo é quanto à montagem dos cestos, pois ela deve ser ergonô-
mica, visto que, após serem preenchidos com os materiais, tornam-se 
muito pesados para serem inseridos dentro das máquinas9.
Recomenda-se que a retirada dos materiais, após o término de 
ciclo, seja feita com avental e luvas, procedimento necessário para que 
não haja recontaminação, principalmente das traqueias, as quais, por 
causa de sua configuração, podem tocar nos braços do operador9.
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9
Desinfecção QuíMica 
A desinfecção química deve ser a última opção para processa-
mento de produtos termossensíveis em razão da complexidade do 
processo de desinfecção manual por imersão e da toxicidade dos 
desinfetantes para os profissionais, pacientes e meio ambiente4.
fatores Que interfereM na ação Do Desinfetante QuíMico 
Diversos fatores podem interferir na eficácia do desinfetante: 
alguns relacionam-se com os micro-organismos a serem eliminados, 
outros são associados ao ambiente físico e químico em que é aplicada 
a desinfecção. Todos os fatores devem ser considerados para garantia 
do adequado processamento2.
1. Natureza do item a ser desinfetado – quanto mais lisa, não 
porosa e simples for a superfície do produto, mais favorável 
será ao processo de desinfecção. Articulações, cremalheiras 
e reentrâncias são barreiras à limpeza e, consequentemente, 
à penetração do germicida líquido e podem requerer maior 
tempo de contato para obtenção da eficácia da desinfecção. 
Os fabricantes de produtos devem se preocupar com esse 
fator e buscar desenvolver materiais com um modelo que 
favoreça o processamento seguro.
2. Número de micro-organismos presentes no produto – em 
geral, quanto maior o nível de contaminação microbiana pre-
sente, maior deve ser o tempo de contato com o germicida. 
Nesse sentido, a limpeza prévia bem feita é um pré-requisito 
importante; a remoção da matéria orgânica reduz a carga 
microbiana presente no material para cerca de 102 micro-or-
ganismos11. Cabe ressaltar que o tempo necessário para ina-
tivar 103 de esporos bacterianos pode ser significativamente 
maior que o requerido para inativar 106 de Staphylococcus 
aureus ou outra bactéria vegetativa.
3. Resistência intrínseca dos micro-organismos – os micro-orga-
nismos apresentam diferentes níveis de suscetibilidade aos 
germicidas químicos, em razão de suas características pró-
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10
prias. Os vírus lipídicos (HIV, HBV, herpes vírus) são mais 
facilmente inativados que as bactérias Gram-negativas não 
fermentadoras, as micobactérias e as bactérias esporuladas. 
Essa diferença determina a classificação dos germicidas em 
níveis, quanto ao seu espectro de ação.
4. Quantidade de matéria orgânica e inorgânica presente – san-
gue, muco, fezes, sais (NaCl), entre outros materiais orgâni-
cos e inorgânicos presentes no produto, podem ocasionar a 
ineficácia do germicida por três mecanismos:
 a matéria orgânica pode conter população microbiana em ⇒
grande quantidade e variedade;
 pode impedir a penetração do germicida ou funcionar ⇒
como barreira mecânica para o contato com o micro-or-
ganismo, dificultando sua ação letal;
 pode ocasionar inativação direta e rápida em certos ger- ⇒
micidas, afetando o resultado da desinfecção.
A limpeza rigorosa e minuciosa do material antes do 
processo de desinfecção é fundamental para garantir controle 
sobre essa variável.
5. Tipo e concentração do germicida utilizado – a escolha do 
germicida deve ser baseada no nível de desinfecção necessá-
rio para uso seguro do produto, considerando-se o espectro 
de ação do desinfetante, na concentração recomendada pelo 
fabricante. Escolhas equivocadas de germicidas com espectro 
abaixo do requerido ou uso de desinfetantes em hiperdiluição 
estão descritos na literatura como falhas frequentemente rela-
cionadas à ocorrência de infecção.
6. Tempo e temperatura da exposição – para a maioria dos 
germicidas, quanto maior o tempo de contato e temperatu-
ra, melhor será o espectro de ação. Porém, na prática assis-
tencial, deve-se obedecer aos tempos de exposição determi-
nados pelo fabricante e expressos no rótulo do germicida. 
Aumentar o tempo de exposição como uma maneira de cor-
rigir falhas (como limpeza duvidosa, solução hiperdiluída ou 
fora do prazo de validade) não melhora a eficácia germici-
da e ainda acrescenta maior risco de dano ao produto a ser 
processado. No caso de germicidas de baixo nível, indicados 
para superfícies e produtos não críticos, o tempo para conta-
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11
to habitualmente recomendado é de 10 minutos, no entanto, 
estudos demonstram redução microbiana significativa, em 1 
minuto, para bactérias vegetativas (Listeria sp., Escherichia 
coli, Salmonella sp.), fungos (Candida sp.) e vírus1. Em rela-
ção à temperatura, é necessário ressaltar que os limites deter-
minados pelo fabricante devem ser observados, pois, acima 
de certo ponto, o germicida passa a se degradar, perdendo a 
ação desinfetante.
7. Outros fatores – dependendo do germicida, o pH da solução, 
a dureza da água usada para diluição e a presença de outros 
produtos químicos (p. ex., resíduos de detergente) podem 
afetar negativamente a ação do desinfetante2.
Boas Práticas Para Desinfecção QuíMica 
A análise do material a ser desinfetado, visando optar pelo ger-
micida e pela técnica mais apropriados, deve considerar:
1. classificação do produto (semicrítico ou não crítico);
2. forma de utilização do produto – o contato com mucosas de 
via respiratória ou ocular requer cuidados especiais em decor-
rência da toxicidade de certos germicidas;
3. nível de termossensibilidade do produto – sempre que possível, 
opta-se por método físico de desinfecção. Somente deve-se ado-
tar desinfecção química para os produtos que realmente não 
suportam as temperaturas praticadas pela termodesinfecção;
4. resistência à imersão – modelos antigos de endoscópios não 
permitem completa imersão do equipamento, o que prejudica 
seu processamento;
5. possibilidade de desinfecção por método químico automati-
zado – confere uniformidade ao processo e menor risco ocu-
pacional;
6. restrições impostas pelo fabricante do produto quanto a cer-
tos germicidas que podem causar corrosão, danos a lentes e 
revestimentos dos materiais.
Um desinfetante, para ser considerado como ideal, deve possuir 
diversos atributos, que estão descritos no Quadro 3.5.22.
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12
Quadro 3.5.2 Características do desinfetante ideal
•   Largo espectro de ação.
•   Ação rápida.
•   Pouco afetado por condições ambientais.
•   Não inativado por matéria orgânica.
•   Compatível com detergentes.
•   Atóxico para o trabalhador e para o paciente.
•   Compatível com as diversas matérias-primas dos produtos.
•   Fácil de utilizar.
•   Baixo nível de odor.
•   Econômico.
•   Difusível.
•   Estável.
•   Monitorável.
•   Favorece a limpeza.
•   Inócuo ao meio ambiente.
Adaptado de Rutala, 20081; Favero, Bond 20012.
Como não há um único desinfetante que consiga reunir todas as 
qualidades desejadas, é necessário optar pelos germicidas que mais se 
aproximam do modelo ideal, conforme o nível de desinfecção neces-
sário para o produto. A segurança do paciente e do profissional deve 
ser considerada quanto à toxicidade do germicida. Os danos que os 
desinfetantes podem causar ao material também limitam as opções 
de escolha.
A realização dos processos de desinfecção deve ser uma ação 
planejadapelo enfermeiro do CME, com base na demanda do ser-
viço de saúde, na otimização dos recursos humanos e de insumos, 
na possibilidade de acondicionamento do material, no controle de 
custos e na racionalização do trabalho. Toda a estrutura que envolve 
essa prática deve ser prevista, o que abrange área física, rede hidráu-
lica com água apropriada, rede de ar comprimido, equipamentos e 
produtos para a limpeza. O treinamento da equipe responsável, o 
domínio dos profissionais e a supervisão dos passos críticos são fun-
damentais para garantir a eficácia do procedimento.
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DEsiNFECção
13
Testes que comprovem a eficiência dos processos de desinfecção, 
automatizada ou manual, devem ser realizados e registrados rotinei-
ramente, pois a hiperdiluição da solução e a polimerização do pro-
duto (no caso de glutaraldeído) são pontos críticos no processo. A 
periodicidade do teste baseia-se na frequência do uso da solução: se 
usada diariamente, o teste deve ser diário; se usada semanalmente, 
testa-se antes do uso; se usada trinta vezes por dia, é preciso fazer 
o teste a cada dez utilizações. O teste nunca deve ser adotado com 
a finalidade de estender o tempo de uso além das recomendações 
do fabricante1,12. No momento de aquisição do monitor químico, é 
necessário estar atento às orientações do fabricante do germicida, 
uma vez que a escolha inadequada gera erros na leitura, fornecendo 
falsos resultados. Deve-se dar atenção também para o prazo de vali-
dade das fitas monitoras. Após ser aberto, o frasco contendo fitas 
monitoras tem que ser utilizado somente até o tempo limite deter-
minado pelo fabricante (em geral 120 dias). Dessa forma, torna-se 
importante identificar o frasco na data de abertura e guardá-lo na 
embalagem original.
Se a opção escolhida for utilizar a desinfecção química, sempre 
que possível, utilizam-se equipamentos que procedam a limpeza e 
desinfecção de forma automatizada. As principais vantagens são13,14:
 os passos do processamento são padronizados, validados e •	
documentados, reduzindo os riscos de erros humanos;
 a probabilidade de omissão de um passo essencial é reduzida;•	
 todos os componentes internos, externos e lumens do mate-•	
rial são submetidos a desinfecção e enxágue uniformes e con-
fiáveis;
 reduz a exposição ocupacional a desinfetantes;•	
 reduz a contaminação ambiental, uma vez que a neutraliza-•	
ção do princípio ativo pode ser automatizada, fazendo parte 
do próprio ciclo.
No entanto, os equipamentos de desinfecção automatizados, em 
especial os destinados a endoscópios, foram envolvidos em relatos de 
surtos de infecção ou colonização, relacionados a possíveis falhas no 
sistema de filtração de água e na limpeza dos canais e dos acessórios 
endoscópicos13. Portanto, é fundamental atentar para a validação do 
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equipamento e para sua manutenção preventiva para que não ocorra 
hiperdiluição do germicida, contaminação dos filtros de água e de ar 
ou baixo fluxo nos conectores.
Se a desinfecção for realizada por método manual, deve-se pro-
videnciar contêineres plásticos com tampa para imersão do mate-
rial. Os recipientes precisam ser lavados com água e sabão a cada 
troca de solução para se evitar a formação de biofilme. Não deve 
ser utilizado o mesmo recipiente para diferentes produtos germici-
das, pois resíduos impregnados na estrutura plástica podem inten-
sificar o odor9. Quando hipoclorito de sódio for utilizado, o reci-
piente deve ser de plástico não transparente, pois esse produto sofre 
inativação por radiação ultravioleta15. É necessário providenciar 
também recipientes para enxágue final e recursos para secagem sem 
risco de recontaminação. A equipe deve ser centralizada, treinada e 
ciente de todos os pontos críticos do processo para falhas humanas 
serem evitadas.
A limpeza dos produtos deve ser priorizada, já que interfere dire-
tamente na eficácia do processo. O enxágue abundante possibilita 
a remoção completa do detergente utilizado e dos detritos. Um dos 
erros mais frequentes é a imersão de materiais molhados, levando a 
hiperdiluição de germicida e, por esse motivo, é fundamental a seca-
gem do produto antes da imersão no desinfetante16.
A imersão do material no germicida deve ser completa, com pre-
enchimento de todas as estruturas ocas e lumens, evitando bolhas de 
ar onde não haverá o contato do desinfetante com a superfície do 
material, impedindo, portanto, sua ação. Materiais leves, que tendem 
a boiar, devem ser mantidos imersos por meio de estruturas plásticas 
perfuradas mais pesadas, colocadas sobre os itens.
Deve-se respeitar o tempo de contato definido pelo fabricante 
e por regulamentações sanitárias, sendo cronometrado a partir da 
imersão do último item na solução e, ao longo do período determi-
nado, não deve ser imerso nenhum outro material9.
A qualidade da água para o enxágue dos materiais, após desin-
fecção química, depende do tipo de procedimento adicional a ser rea-
lizado. Nos produtos utilizados em assistência ventilatória, deve-se 
utilizar água filtrada com filtro de 5 µm ou lavagem com água potá-
vel, devendo-se realizar a rinsagem dos produtos com álcool a 70%, 
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15
para favorecer a secagem e eliminar micro-organismos carreados pela 
água do enxágue1,9.
A secagem precisa ser efetuada com equipamentos que utilizam 
ar filtrado. Porém, em grande parte das instituições, ainda é utilizado 
ar comprimido, tecidos limpos ou secagem por ação gravitacional9.
Depois de adequada secagem, os itens desinfetados devem ser 
embalados, sendo que as embalagens mais utilizadas têm sido coloca-
das em sacos plásticos selados e em recipientes plásticos com tampa. 
Cada instituição deve definir as condições, o tempo de validade e as 
indicações de guarda do material desinfetado9.
O registro dos processos de desinfecção deve ser realizado, 
visando à rastreabilidade do processamento. Dados relevantes pre-
cisam ser documentados, como desinfetante utilizado, tempo de uso 
da solução, itens desinfetados, tempo de imersão, teste do monitora-
mento realizado e profissional executor. É recomendado que os regis-
tros sejam arquivados por cinco anos9,17.
soLuções Desinfetantes 
Todos os germicidas utilizados para desinfecção de produtos para 
saúde devem ser aprovados e registrados pela ANVISA, dentro do 
prazo licenciado de cinco anos. Para o registro, são exigidos laudos 
de ação microbicida, realizados em laboratórios credenciados18-21. Os 
micro-organismos teste determinados para desinfetar produtos semi-
críticos são apresentados no Quadro 3.5.3.
Diante desses recentes indícios de resistência a glutaraldeído em 
cepa de M. massiliense clone INCQS 00594, envolvida em surto de 
infecção pós-videocirurgia e cirurgia plástica, a ANVISA determinou 
a inclusão dessa micobactéria ao elenco de micro-organismos teste 
utilizados para aprovação de desinfetantes de alto nível, dentro do 
território nacional19.
Em 1º de dezembro de 2009, foi promulgada a Portaria 
n. 3.012, que torna pública a proposta de Projeto de Resolução 
“Regulamento Técnico Mercosul para Produtos com Ação Antimi-
crobiana Utilizados em Artigos Críticos e Semicríticos, Áreas Crí-
ticas e Semicríticas e Esterilizantes”22, que traz impacto significati-
vo no que se refere à comercialização de produtos dessa natureza, 
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dado que irá homogeneizar as exigências para todos os países per-
tencentes ao Mercosul9. A Resolução ANVISA n. 35 harmonizou 
as recomendações nacionais às normatizações propostas ao Merco-
sul, com exceção da restrição ao processo de esterilização química 
manual por imersão19,20.
gerMiciDas Para Desinfecção De aLto níVeL 
classificação Micro­organismos teste
Desinfetante de nível intermediário Staphylococcus aureus
Salmonella choleraesuis
Escherichiacoli
Pseudomona aeruginosa
Trichophyton mentagrophytes
Candida albicans
Mycobacterium smegmatis
Mycobacterium bovis (BCG)
Desinfetante de alto nível Staphylococcus aureus
Salmonella choleraesuis
Escherichia coli
Pseudomona aeruginosa
Trichophyton mentagrophytes
Candida albicans
Mycobacterium smegmatis
Mycobacterium bovis (BCG)
Mycobacterium massiliense
Bacillus subtilis
Clostridium sporogenes
Esterilizante Bacillus subtilis (ação esterilizante)
Clostridium sporogenes (ação esterilizante)
Mycobacterium massiliens
Adaptado de ANVISA, RDC n. 3519.
Quadro 3.5.3 Micro-organismos para avaliação da atividade antimicrobiana
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17
aldeídos 
Glutaraldeído 
O glutaraldeído é um dialdeído saturado que ganhou vasta acei-
tação como desinfetante de alto nível e esterilizante em razão do seu 
amplo espectro de ação, estabilidade e compatibilidade com as mais 
diversas matérias-primas dos materiais e equipamentos médico-hos-
pitalares (não é corrosivo a metal e não danifica equipamentos ópti-
cos, borracha ou plástico)1,2.
A solução aquosa de glutaraldeído tem pH ácido e, nesse estado, 
não possui ação esporicida. Quando a solução é ativada, por meio 
do acréscimo de uma agente alcalinizante, atinge pH entre 7,5 e 8,5 
passando a ter ação esporicida. Após a ativação, o tempo de vida da 
solução é limitado pela polimerização das moléculas de glutaraldeí-
do, que bloqueia os locais ativos do aldeído, responsáveis pela ativi-
dade biocida1.
O modo de ação ocorre pela alquilação de radicais sulfidril, 
hidroxil, carboxil e do grupo amino dos micro-organismos, alteran-
do o RNA, o DNA e a síntese proteica1,6.
A solução de glutaraldeído em concentração superior a 2% é 
ativo contra bactérias vegetativas em menos de 2 minutos, contra 
Mycobacterium tuberculosis, fungos e vírus em 10 minutos e contra 
esporos de Bacillus sp. e Clostridium sp. em 3 horas. Tem sido relata-
da pela literatura a ocorrência de significativa resistência de algumas 
micobactérias (M. chelonae, M. avium-intracellulare, M. xenopi, M. 
massiliense), além de Methylobacterium mesophilicum, Trichospo-
ron, fungos esporulados (Microascus cinereus, Cheatomiun globo-
sum) e Cryptosporidium. Os estudos demonstram que o tempo de 
contato tem que ser sensivelmente aumentado para que a ação letal 
seja efetiva diante desses micro-organismos1,23-26.
Uma das desvantagens do glutaraldeído é a propriedade de fixar 
matéria orgânica nos materiais, causando incrustações e até obstru-
ção de lumens. Isso ocorre quando os procedimentos de limpeza do 
produto não são realizados adequadamente, antes da imersão no 
desinfetante1.
A toxicidade do glutaraldeído para pacientes, profissionais 
e meio ambiente tem sido alvo de diversos estudos. Em pacientes, 
existem relatos de colites causadas por resíduos de glutaraldeído em 
canais de colonoscópios e casos de lesão ocular causada por instru-
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mentos oftalmológicos desinfetados em glutaraldeído com enxágue 
insuficiente1,21. Os estudos têm mostrado que o glutaraldeído não 
tem ação teratogênica, carcinogênica ou na saúde reprodutiva dos 
expostos12,24,27.
Nos profissionais, a exposição a níveis elevados de vapores de glu-
taraldeído tem sido relacionada a dermatites, irritação de membranas 
mucosas (olhos, nariz e boca), epistaxe, rinites e sintomas pulmona-
res (asma, bronquite e traqueíte). O ambiente de trabalho onde há 
manuseio de glutaraldeído deve ser monitorado quanto aos seus níveis 
de concentração no ar, sendo limitado a 0,05 ppm12. A ventilação do 
local deve prever sistema de exaustão com sete a quinze trocas de ar 
por hora. Os equipamentos de proteção individuais são luvas nitrílicas 
ou butílicas, óculos de proteção, avental impermeável de mangas lon-
gas e respirador semifacial PFF2+VO1,2,12,23. Luvas de látex são mais 
permeáveis ao glutaraldeído e somente podem ser utilizadas no seu 
manuseio quando o tempo de contato for inferior a 10 minutos12,27.
Os primeiros cuidados diante de uma exposição ocupacional ao 
glutaraldeído são descritos na literatura27:
 exposição cutânea – lavar a área exposta ao glutaraldeído •	
com água, enquanto são removidas as roupas. Continuar a 
lavar por vários minutos e, caso persista irritação local, pro-
curar assistência médica;
 exposição ocular – lavar imediatamente com água, continu-•	
ando por 15 minutos. Se o exposto estiver utilizando lentes 
de contato, não se deve removê-las, pois podem estar aderi-
das à córnea lesada e sua remoção por pessoas não habilita-
das pode aumentar o dano ocular;
 exposição ao vapor de glutaraldeído – o indivíduo exposto •	
deve ser retirado do ambiente onde ocorreu a exposição para 
local bem arejado. Se a dificuldade respiratória se mantiver, 
administrar oxigênio e encaminhar o exposto à assistência 
médica.
A Secretaria de Saúde do estado de São Paulo emitiu a resolução 
SS n. 27 de 28 de fevereiro de 2007, referente a medidas de controle 
sobre o uso do glutaraldeído com foco na segurança ocupacional12. 
Dentre as determinações, destacam-se:
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 sempre que possível, substituir o glutaraldeído por produtos •	
menos tóxicos;
 realizar vigilância à saúde dos profissionais expostos;•	
 acondicionamento seguro do glutaraldeído;•	
 sala específica (4 m•	 2) para seu manuseio, provida de exaustão 
com filtro;
 manuseio cuidadoso do germicida;•	
 enxágue abundante do produto•	 12.
Também é contraindicado glutaraldeído para desinfecção de 
acessórios de assistência ventilatória. As alternativas para desinfec-
ção desses produtos seriam termodesinfecção, soluções cloradas, 
ácido peracético e peróxido de hidrogênio.
Ortoftaldeído 
A solução de ortoftaldeído, composta por 0,55% de 1,2-benze-
nedicarboxaldehyde (OPA), tem aspecto límpido, cor azul clara e pH 
de 7,5. Ela age pela interação com aminoácidos, proteínas e micro-
organismos. Vários estudos demonstram excelente ação micobacteri-
cida, sendo inclusive superior ao glutaraldeído. O tempo médio para 
redução de 106 Mycobacterium bovis usando 0,21% de OPA foi de 
6 minutos, comparado com 32 minutos usando 1,5% de glutaraldeí-
do. Apresenta boa atividade, inclusive contra cepas de micobactérias 
resistentes ao glutaraldeído1,28. Uma desvantagem é sua baixa ação 
contra esporos, o que não o indica para esterilização química1.
O tempo para a desinfecção de alto nível, em temperatura de 
20°C, varia de 5 a 12 minutos, em decorrência da metodologia ado-
tada para os testes de validação em diferentes países. Em processa-
dores automatizados de endoscópio, em que a temperatura do OPA 
permanece estável em 25°C, o tempo de desinfecção é de 5 minutos1.
Outra importante vantagem em relação ao glutaraldeído é a 
sua estabilidade em grande margem de pH (3 a 9), seu menor nível 
de odor e o fato de não precisar de ativação. Apesar de ser menos 
irritante para olhos ou mucosas respiratórias que o glutaraldeído, 
o fabricante recomenda uso de máscara contra vapores orgânicos 
durante o seu manuseio. De forma semelhante ao glutaraldeído, 
tem excelente compatibilidade com matérias-primas de produtos e 
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equipamentos. Uma desvantagem do OPA é a formação de manchas 
acinzentadas nos materiais por reação a proteínas, decorrentes de 
sujidade residual. Essas manchas podem ocorrer também nas mãos 
dos profissionais, quando não utilizam luvas. Por esse motivo, deve-
se utilizar luvas, avental impermeável, óculos de proteção e máscara 
para manuseio do OPA. Há relatos de manchas cinza na boca de 
pacientes submetidos à ecografia transesofágica com sonda desinfe-
tada em OPA, com enxágue insuficiente1.
Em 2004, o fabricante do OPA divulgou que poderia ocorrer 
reação semelhante à anafilática em pacientes submetidos a tratamen-
to quimioterápico para câncer de bexiga e à cistoscopiacom equipa-
mento desinfetado em OPA. Após aproximadamente 1 milhão de cis-
toscopias realizadas em pacientes com esse quadro pregresso, foram 
relatados 24 casos de reações anafiláticas nos Estados Unidos, Japão 
e Reino Unido, tipicamente em pacientes que realizaram entre quatro 
a nove repetidas cistoscopias1.
Formaldeído 
As soluções a base de formaldeído têm espectro de ação com-
patível com desinfecção de alto nível em 30 minutos de contato. 
Por muitos anos, foi utilizado no processamento de capilares e 
linhas de hemodiálise, porém pode deixar resíduos que, caso não 
sejam abundantemente enxaguados, causam reações no paciente 
dialisado1,2.
Em decorrência de sua alta toxicidade para os profissionais 
(vapores irritantes para vias aéreas, odor pungente e indícios de estar 
relacionado a casos de câncer nasal e de pulmão)1, o uso de todas 
as formulações líquidas e sólidas de formaldeído foi proibido pela 
ANVISA na forma isolada para desinfecção e esterilização de mate-
riais, superfícies e equipamentos, em ambientes domiciliares ou cole-
tivos e em serviços submetidos ao controle e fiscalização sanitária. A 
utilização de produtos que contenham paraformaldeído ou formal-
deído ficou somente permitida quando associada a um equipamento 
de esterilização registrado na ANVISA e obedecendo às condições de 
uso exigidas pelo fabricante do equipamento, garantindo a seguran-
ça e eficácia do processo de esterilização29.
ácido peracético 
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O ácido peracético tem sua síntese clássica a partir da associação 
de ácido acético e peróxido de hidrogênio; no entanto, outras fontes 
de síntese também foram desenvolvidas. Possui rápida ação micro-
bicida, agindo pela desnaturação das proteínas, ruptura da parede 
celular e oxidação de proteínas, enzimas e outros metabólicos. Estu-
dos demonstram que ele destrói bactérias Gram-negativas, Gram-
positivas e fungos em 5 minutos, em concentração de 100 ppm e na 
ausência de matéria orgânica. Em concentração de 500 ppm apresen-
ta ação, mesmo na presença de matéria orgânica. Para vírus, age em 
15 minutos, a 2.250 ppm. Contra micobactérias age em concentra-
ção de 0,26%, reduzindo 5 log10, em 20 a 30 minutos. A ação espo-
ricida ocorre em concentração de 500 até 10.000 ppm (0,05 a 1%), 
em até 30 minutos1,4,6,30.
A solução de ácido peracético pode ser utilizada, por método 
manual, para desinfecção por imersão por 10 minutos e esteriliza-
ção por 1 hora. A concentração é fórmula-dependente, sendo que há 
várias formulações disponíveis no mercado nacional.
Existe um equipamento de esterilização por ácido peracético, em 
uso nos EUA há vários anos e já disponível no Brasil, indicado princi-
palmente para processamento de ópticas e materiais de videocirurgia. 
Apesar de o custo de aquisição e de os insumos do equipamento parece-
rem desfavoráveis em relação ao método manual de desinfecção, deve-
se considerar as vantagens do sistema automatizado de esterilização 
quanto ao desempenho e a conservação dos materiais processados1.
A principal vantagem do ácido peracético é a de não produzir resí-
duos tóxicos, pois a sua decomposição gera apenas ácido acético, água, 
oxigênio e peróxido de hidrogênio. Além disso, mantém ação na presen-
ça de matéria orgânica e é esporicida mesmo em baixa temperatura1,6,30.
A sua desvantagem é o seu poder corrosivo em cobre, latão, bron-
ze, aço comum e ferro galvanizado. Esse efeito danoso pode ser redu-
zido mediante uso de aditivos e com modificação do pH da solução1,30.
Peróxido de hidrogênio 
O peróxido de hidrogênio, habitualmente utilizado em concen-
trações entre 3 e 6%, atua pela produção de radicais livres que con-
seguem atacar as membranas lipídicas, DNA e outros componentes 
essenciais da célula microbiana. A solução estabilizada de peróxi-
do de hidrogênio a 7% apresenta ação esporicida com 6 horas de 
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exposição, micobactericida em 20 minutos, fungicida e virucida em 5 
minutos e bactericida em 3 minutos1,6.
No mercado nacional, há germicidas à base de peróxido de hidro-
gênio, porém sempre em associação ao ácido peracético que propicia a 
ele efeito sinérgico para ação esporicida. São utilizados, principalmen-
te para processamento de capilares e linhas de hemodiálise6.
Uma nova formulação de peróxido de hidrogênio a 13,4% tem 
sido testada, porém ainda não foi aprovada pelo Food and Drug 
Administration (FDA), dos EUA, e está indisponível no Brasil, que 
permitiria esterilização em 30 minutos e desinfecção de alto nível em 
apenas 5 minutos1.
Ainda não há dados suficientes para afirmar se a utilização de 
peróxido de hidrogênio não causaria danos nos diferentes produtos 
e equipamentos1. Um fabricante de endoscópios contraindica formal-
mente o uso de solução de peróxido de hidrogênio em seus equipa-
mentos, pois causariam alterações cosméticas sobre a coloração de 
partes metálicas e danos funcionais1.
Não há evidências de toxicidade do peróxido de hidrogênio aos pro-
fissionais e seu odor é bem aceito. A literatura relata caso de lesão de cór-
nea decorrente do uso de tonômetro desinfetado com peróxido de hidro-
gênio e enxágue insuficiente. Esse mesmo motivo foi a causa de enterites 
e colites em sete pacientes submetidos a endoscopia gastrointestinal1,6.
As principais características dos germicidas para a desinfecção 
de alto nível estão resumidas da Tabela 3.5.2.
água eletrolizada 
Também denominada como água superoxidada ou água ácida. É 
gerada no ponto de uso, a partir de uma solução de NaCl que, eletro-
lizada, produz ácido hipocloroso a 144 mg/L, o qual, por sua vez, ao 
passar por equipamento com eletrodos revestidos por titânio a 9 amp, 
produz solução com pH entre 5,0 e 6,5 e potencial de oxirredução 
maior que 950 mV. A sua forma de ação é semelhante à das soluções 
cloradas. Tem como vantagem o fato de ser de baixo custo, apesar do 
investimento necessário para a aquisição do equipamento. Além disso, 
não apresenta toxicidade para paciente, profissionais e ambiente1.
O equipamento que gera a água eletrolizada pode ter custo signi-
ficativo, pois os parâmetros como o pH, a corrente elétrica e o poten-
cial de oxirredução devem ser monitorados. Segundo os fabricantes, 
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o produto não causa danos ou corrosão em endoscópios. Entretan-
to, alguns fabricantes de endoscópios têm contraindicado seu uso e 
anulado a garantia do equipamento, caso venha a ser utilizada água 
eletrolizada visando à desinfecção1,13. Como com qualquer outro ger-
micida, é preciso verificar se os fabricantes dos equipamentos que 
serão desinfetados indicam o produto e em que condições1.
A água eletrolizada tem sido testada contra bactérias, micobac-
térias, vírus, fungos e esporos. É efetiva em menos de 2 minutos, rea-
lizando redução de 5 log10, na ausência de matéria orgânica, contra 
Mycobacterium tuberculosis, Mycobacterium chelonae, poliovírus, 
HIV, Staphylococcus aureus multirresistente, Escherichia coli, Can-
dida albicans, Enterococcus faecalis e Pseudomonas aeruginosa. Em 
endoscópios contaminados propositadamente com bactéria e vírus 
(inclusive HBV) obteve-se sucesso após desinfecção por água eletro-
lizada em 7 minutos1.
A literatura alerta para uma desvantagem da água eletrolizada: 
seu efeito microbicida ser reduzido na presença de matéria orgâni-
ca, portanto, os materiais devem ser rigorosamente limpos antes da 
desinfecção, a fim de garantir a sua ação máxima13. No entanto, um 
estudo testou a eficácia da água eletrolizada Sterilox® 2.500, na pre-
sença de 5% de carga orgânica, demonstrando redução de 5 log de 
Helicobacter pylori, enterococo resistente a vancomicina, Candida 
albicans e várias espécies de micobactérias (M. smegmatis, M. avium, 
M. chelonei, M. xenopi), em 5 minutos31.
Um estudo brasileiro avaliou a eficácia da limpeza e da desinfec-
ção de alto nível na remoção do biofilme em canais de endoscópios32. 
Utilizaram-se corpos amostrais, simulando os canais de endoscópios 
flexíveis, constituídos de tubos de revestimento interno de politetra-
fluoretileno (Teflon®), contaminados com Pseudomonas aeruginosa. 
Executou-se limpeza com escovas e detergente enzimático e os canais 
de endoscópios foram submetidos a um dos cinco métodos de desin-
fecção de alto nível:
 manual com glutaraldeído 2% (Cidex•	 ® – Jonhson&Jonh-
son);
 manual com ácido peracético na concentração de 0,09 a •	
0,15% (Anioxyde 1.000 da Anios®);
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 automatizada com ácido peracético a 35%, chegando a 0,2% •	
após a diluição (Sistema Steris 1®);
 automatizada (Endolav•	 ®) com glutaraldeído 2% (Cidex® – 
Jonhson&Jonhson);
 água eletrolítica ácida (Cleantop•	 ®).
Nesse estudo, foi realizada busca de biofilme residual nos corpos 
amostrais, por meio de microscopia eletrônica, e constatou-se que 
nenhum método testado removeu 100% dos biofilmes. O melhor 
desempenho foi obtido por processadora a glutaraldeído e o pior 
desempenho foi da água eletrolizada. O sucesso na remoção de bio-
filmes com a máquina processadora a glutaraldeído deveu-se, prova-
velmente, à dupla limpeza dos canais, uma vez que o ciclo de desin-
fecção é precedido por uma limpeza automatizada dos canais com 
detergente enzimático32.
gerMiciDas Para Desinfecção De níVeL 
interMeDiário e Baixo 
soluções cloradas 
Os desinfetantes a base de cloro orgânico ou inorgânico perten-
cem ao grupo dos halogênios. Dentre os produtos clorados, os hipo-
cloritos são os mais utilizados para desinfecção e podem ser líquidos 
(hipoclorito de sódio) ou sólidos (hipoclorito de cálcio)1,6.
A forma de ação das soluções cloradas ocorre pela combinação 
de diversos fatores: oxidação de enzimas e animoácidos, perda de 
componentes celulares, inibição da síntese proteica, quebra no DNA 
e diminuição na absorção de nutrientes e de oxigênio1.
A estabilidade e a ação do produto dependem da concentração, da 
ausência de matéria orgânica, do pH e das condições de armazenagem 
(vedação do frasco, temperatura e luminosidade do ambiente). Além 
dessas, outras desvantagens são: corrosividade para metais, incompa-
tibilidade com detergentes, ação descolorante e odor forte e irritante 
para mucosas do trato respiratório. As vantagens consistem no baixo 
custo, ação rápida, baixa toxicidade e ampla atividade microbicida6,15.
Estudos confirmam que baixas concentrações de cloro livre apre-
sentam ampla ação microbicida. Soluções cloradas a 100 ppm destroem 
106 a 107 bactérias vegetativas, tais como Staphylococcus aureus, Sal-
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monella choleraesuis e Pseudomonas aeruginosa, em 10 minutos. Pelo 
mesmo tempo, vírus são inativados por solução a 200 ppm (0,02%) e 
para Mycobaterium tuberculosis são necessários 1.000 ppm (0,1%). 
Solução a 500 ppm (0,05%) destrói Candida sp. em apenas 30 segun-
dos de exposição. Mesmo os esporos de Clostridium difficile são des-
truídos em 10 minutos de contato com solução a 5.000 ppm (0,5%)1,2.
As concentrações indicadas para desinfecção por soluções clora-
das são:
 superfícies limpas – 250 ppm (0,025%), por 10 minutos. Caso •	
seja epidemiologicamente justificada, pode ser utilizada solução 
a 5.000 ppm (0,5%) visando eliminação de Clostridium sp.;
 produtos de lactário e cozinha - 200 ppm por 60 minutos;•	
 produtos de inaloterapia e oxigenoterapia – de 1.000 ppm •	
(0,1%) por 30 minutos ou 200 ppm por 60 minutos;
 manequins de treinamento de ressuscitação – 500 ppm por •	
10 minutos1,4.
A desinfecção com soluções cloradas, assim como para as solu-
ções químicas em geral, requer atenção ao enxágue abundante dos 
produtos, principalmente se utilizados em contato direto com as vias 
aéreas, como máscaras de inaladores, pois podem causar irritação nas 
mucosas16.
Não se recomenda a utilização de água sanitária de uso domés-
tico para instituições de saúde. Mesmo quando há aquisição de solu-
ções desinfetantes cloradas, na forma bruta, para serem diluídas 
pelo serviço farmacêutico da própria instituição, é necessário que a 
empresa fornecedora apresente o registro na ANVISA como sanean-
te, o certificado de boas práticas de fabricação e a ficha de segurança 
do produto químico (FSPQ)33,9.
álcool 
São utilizados dois compostos alcoólicos para desinfecção: 
ál cool etílico e álcool isopropílico. A mais provável explicação sobre 
a forma de ação do álcool seria a desnaturação proteica dos compo-
nentes microbianos. O espectro de ação é obtido com concentração 
entre 60 e 90% em água (volume/volume), sendo que a concentração 
ideal é de 70% p/v 1,34.
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O álcool é rapidamente bactericida: elimina, em 10 segundos, 
bactérias Gram-positivas (Staphylococcus aureus e Streptococcus pyo-
genes) e Gram-negativas (Pseudomonas aeruginosa, Serratia marces-
cens, Escherichia coli e Salmonella typhosa). O álcool etílico apresenta 
potente ação contra os vírus lipídicos (HIV, HBV, HVC, herpes vírus, 
influenza vírus), muitos vírus não lipídicos (adenovírus, ente rovírus, 
rinovírus, rotavírus) e algumas micobactérias (dentre elas, o M. tuber-
culosis), na concentração de 70% p/v, em 30 segundos. O álcool iso-
propílico tem menor ação virucida contra os vírus não lipídicos e não 
possui ação esporicida. Como age na coagulação das proteínas, tem 
ação limpadora pobre. Portanto, as superfícies e os materiais devem 
ser adequadamente limpos antes da aplicação do álcool1,2,6,34.
Mediante análise do seu espectro de ação, o álcool é indicado 
para desinfecção de nível intermediário e baixo, sendo recomendada 
a sua fricção por 30 segundos34. O álcool é pouco tóxico para os 
profissionais, mas pode causar ressecamento da pele, sendo recomen-
dado, portanto, o uso de luvas para sua aplicação e manuseio. O fato 
de ser volátil e inflamáveljustifica que ele seja estocado em recipiente 
fechado, ventilado e fresco, distante de fontes de faísca1.
O uso de desinfecção com álcool pode danificar instrumentos 
ópticos e dilatar e endurecer borrachas e certos plásticos. Tonômetros 
imersos em álcool por quatro dias apresentaram enfraquecimento do 
cimento utilizado e aspereza na superfície da ponteira com potencial 
para causar lesão de córnea. Têm sido relatados casos de opacifica-
ção de córnea quando as ponteiras dos tonômetros foram imersas em 
álcool, imediatamente antes da mensuração da pressão intraocular1.
Quaternário de amônia 
As soluções de quaternário de amônia são amplamente utilizadas 
como desinfetantes, tendo como vantagem adicional serem produtos 
com capacidade de remover sujidade2. Sua atividade microbicida é 
atribuída à inativação de enzimas, desnaturação de proteínas celu-
lares e ruptura da membrana celular. Apresentam ação bactericida, 
fungicida e virucida contra vírus lipídicos. Não têm ação tubercu-
locida, virucida contra vírus não lipídicos e esporicida1. Desinfetan-
tes de quaternário de amônia têm sido indicados para materiais não 
críticos e para superfícies fixas e de equipamentos em razão de sua 
baixa toxicidade e alta compatibilidade2.
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Sua capacidade microbicida pode ser prejudicada quando água 
dura for utilizada em sua diluição (pela formação de precipitado 
insolúvel) e por materiais de algodão ou celulose (pela absorção do 
agente ativo). Por esse motivo, recomenda-se o uso de materiais de 
não tecido para aplicação das soluções de quaternário de amônia1.
Entre os quaternários de amônio há uma gama de componentes, 
cada qual com sua propriedade microbicida específica. A concentra-
ção de uso é fórmula-dependente, ou seja, varia de acordo com a 
combinação de compostos de quaternário de amônia, devendo ser 
verificadas as recomendações do fabricante6.
Os novos quaternários de amônia, denominados quarta geração, 
resultaram do aprimoramento das fórmulas, levando a um produto 
com melhor espectro de ação (inclusive com ação pseudomonicida e 
fungicida), tolerância a surfactantes aniônicos, atividade mesmo na 
presença de carga proteica e maior solubilidade na presença de água 
dura1,35.
fenóis 
Os derivados do fenol são originados quando um grupo fun-
cional (alkil, phenil, benzil ou halogen) substitui um dos átomos de 
hidrogênio no anel aromático. Dois derivados de fenol comumente 
encontrados em desinfetantes hospitalares são orto-fenilfenol e orto-
benzil-paraclorofenol. Agem pela inativação de enzimas essenciais e 
perda de metabólicos pela parede celular e apresentam ação bacteri-
cida, fungicida, virucida (vírus lipídicos) e tuberculocida1,2,6.
Os desinfetantes a base de fenóis são utilizados para produtos 
não críticos ou para superfícies, em concentração que varia de 2 
a 5%, por tempo entre 20 a 30 minutos e devem ser diluídos no 
momento do uso. São pouco afetados por matéria orgânica e apre-
sentam efeito residual1,6.
O seu manuseio deve ser feito com luvas, pois eles causam des-
pigmentação da pele. Também podem impregnar materiais porosos, 
levando à irritação tecidual. Por esse motivo não devem ser utilizados 
em produtos semicríticos que entram em contato com mucosas2,36. 
Não devem ser usados em berçário por conta da ocorrência de hiper-
bilirrubinemia em recém-nascidos acomodados em berços desinfeta-
dos com solução de fenóis1,6. Alguns compostos fenólicos são pouco 
biodegradáveis e, por esse motivo, precisam ser evitados36.
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soluções iodadas
As soluções iodadas penetram a parede celular dos micro-orga-
nismos rapidamente e agem de forma letal na estrutura e síntese de 
proteínas e de ácidos nucleicos. Têm ação bactericida, micobacteri-
cida, virucida, mas precisam de longo tempo de contato para inati-
vação de certos fungos e esporos. Elas têm sido adotadas em desin-
fecção apenas para tanques de hidroterapia. As soluções iodadas e de 
iodóforos utilizadas como antissépticos não devem ser usadas para 
desinfecção, pois a quantidade de iodo livre é menor que a exigida 
para desinfecção1.
Desinfecção inDicaDa Para ProDutos esPecíficos 
Materiais De assistência resPiratória 
A primeira escolha deve ser a desinfecção térmica. Para isso, é 
preciso sempre optar pela aquisição de acessórios de assistência ven-
tilatória termorresistentes. Na impossibilidade de desinfecção por 
meio físico, deve-se realizar esterilização por método físico-químico. 
A desinfecção por imersão precisa ser evitada em razão da comple-
xidade operacional e possibilidade de permanência de resíduos tóxi-
cos17. Caso esse problema seja inevitável, deve-se optar por ácido 
peracético ou soluções cloradas. Não é recomendada a utilização de 
solução de glutaraldeído por conta de sua toxicidade às vias aéreas12.
A desinfecção por imersão em soluções químicas tende ao desuso 
nos próximos anos e deve ser abolida por conta de sua complexidade 
operacional, seus riscos ocupacionais e pela possibilidade de perma-
nência de resíduos tóxicos, como citado na Consulta Pública n. 34 
da ANVISA9,17.
tonôMetros 
Os tonômetros são equipamentos que medem a pressão intrao-
cular por meio de leitura obtida pelo contato do sensor do tonôme-
tro com a superfície da córnea. Há risco de transmissão de vírus e 
de outros micro-organismos que causam infecção ocular, caso não 
sejam adequadamente desinfetados a cada paciente. No entanto, a 
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fragilidade do equipamento e a vulnerabilidade ocular a resíduos de 
germicida têm sido um desafio para o seu processamento adequado.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA 
recomendam desinfecção dos tonômetros com hipoclorito de sódio a 
5.000 ppm ou álcool a 70% p/v, enfatizando o enxágue abundante 
posterior. Contudo, mesmo essas alternativas têm restrições quanto 
à segurança para o paciente e para a integridade do equipamento1. 
A melhor opção é a aquisição de tonômetros com capas descartáveis 
para os sensores, já disponíveis no mercado nacional.
aneL De ProVa Para DiafragMa 
Devem ser limpos e desinfetados a cada uso com fricção de ál cool 
70% p/v por 15 minutos1.
esPécuLos 
Caso não sejam utilizados descartáveis, podem ser desinfetados 
por método físico ou até mesmo esterilizados por autoclavação.
aLMotoLias 
Prefere-se a aquisição de frascos de uso único e com soluções 
antissépticas de pequeno volume. Caso seja necessário o uso de almo-
tolias não descartáveis, passíveis de processamento, realiza-se apenas 
limpeza com água e sabão, se envasadas as soluções a base de iodó-
foros ou clorexidina37. Se outras soluções forem envasadas, realiza-se 
limpeza das almotolias e rinsagem com álcool 70% p/v a cada pro-
cessamento. A periodicidade de processamento das almotolias tem 
sido muito discutida; várias instituições realizam, de forma empírica, 
a cada sete dias (com descarte da solução restante nas almotolias) ou 
antes, caso haja término da solução6.
enDoscóPios 
Os endoscópios flexíveis são equipamentos delicados e, particu-
larmente, de difícil de limpeza e desinfecção por causa de sua estru-
tura complexa e vários canais estreitos. Estudos têm demonstrado 
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que falhas no processo de limpeza e desinfecção do endoscópio estão 
relacionadas a casos de infecção pós-procedimento. Um levantamento 
de infecções relacionadas à endoscopia, desde 1992, encontrou 281 
casos após endoscopia gastrointestinal e 96 após broncoscopia, com 
diferentes níveis de manifestações clínicas (desde colonização assin-
tomática até óbito). Os agentes etiológicos mais envolvidos foram 
Pseudomonas aeruginosa, Salmonella sp., Mycobacterium tuberculo-
sis e micobactérias atípicas1.
Como entram por orifício natural ricamente colonizado, os 
endoscópios são consideradosprodutos semicríticos e devem ser sub-
metidos minimamente à desinfecção, após a limpeza. No entanto, as 
pinças de biópsia e as agulhas de esclerose que rompem a mucosa 
devem ser esterilizadas.
O processamento de endoscópios envolve alguns passos essen-
ciais, a serem aplicados após o teste de vedação:
1. limpeza – minuciosa limpeza mecânica das superfícies exter-
nas e dos canais com jatos de água com detergente enzimáti-
co, escovas para lumens e esponjas;
2. desinfecção – completa imersão do endoscópio em desinfetan-
te com espectro de ação compatível a alto nível, sem bolhas 
de ar nos canais, pelo tempo recomendado para desinfecção 
plena;
3. enxágue – uso de água filtrada ou potável para enxágue 
abundante da superfície externa e canais do endoscópio;
4. secagem – rinsagem dos canais com álcool e secagem com ar 
comprimido antes da estocagem1,38.
A guarda dos equipamentos de endoscopia também merece 
cuidados especiais, eles devem ser mantidos suspensos para se evi-
tar pontos de quebra. Não devem ser armazenados em maletas com 
espumas, pois podem propiciar o crescimento de micro-organismos9.
O desinfetante mais utilizado ainda é o glutaraldeído 2%, usado 
por método manual ou automatizado13,38. Apesar de fabricantes de 
endoscópios serem resistentes à indicação de outros desinfetantes, em 
razão de possibilidade de danos no equipamento, alguns hospitais 
têm utilizado ácido peracético e água eletrolizada, porém os resulta-
dos obtidos relativos à ocorrência ou não de danos nos equipamen-
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tos ainda não foram publicados. Uma alternativa possível é o uso de 
ortoftaldeído, que tem menor toxicidade que o glurataldeído e ampla 
compatibilidade com os endoscópios13.
Uma tecnologia promissora e que pretende substituir as endos-
copias diagnósticas é uma pequena câmera encapsulada e deglutível 
que captura imagens do trato digestivo, sendo posteriormente elimi-
nada pelas fezes. Infelizmente, essa alternativa não contempla todas 
as indicações de endoscopia de trato digestivo alto, principalmente 
quando há necessidade de biópsias. Também não se aplica a colonos-
copias e broncoscopias1.
óPticas cirúrgicas 
O uso de ópticas cirúrgicas tem sido cada vez mais comum em 
diversos procedimentos, de diferentes especialidades. Equipamentos 
como laparoscópios, artroscópios, cistoscópios, histeroscópios, entre 
outros, devem ser considerados produtos críticos e, portanto, precisam 
ser esterilizados. A recomendação recente dos Centros de Controle e 
Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, ainda permite a desinfecção 
de alto nível para esses equipamentos, em decorrência de diferença 
não significativa entre os casos de infecção identificados quando as 
ópticas eram esterilizadas ou desinfetadas1. No entanto, em razão do 
surto de infecção de local cirúrgico por micobactérias de crescimento 
rápido, vivenciado em diversos estados brasileiros, a ANVISA estabe-
leceu como obrigatória a esterilização de todos os produtos utiliza-
dos em videocirurgias, de qualquer especialidade médica, utilizando 
métodos de esterilização físicos ou físico-químicos3.
consiDerações finais 
A busca de métodos de desinfecção seguros para paciente, pro-
fissionais e meio ambiente deve ser foco da atenção dos enfermeiros 
do Centro de Material e Esterilização (CME). Para tanto, há necessi-
dade de que ocorra planejamento de:
 aquisição de produtos semicríticos e não críticos, preferen-•	
cialmente termorresistentes;
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 número de produtos necessários para atender a demanda e •	
viabilizar o tempo do processamento adequado;
 área física, recursos materiais e equipamentos para limpeza e •	
desinfecção dos materiais;
 recursos para monitoramento e rastreabilidade dos processos •	
de desinfecção;
 dimensionamento e capacitação da equipe profissional que •	
executa os processos de desinfecção.
A reflexão crítica sobre os processos de trabalho no CME per-
mite a indicação correta dos produtos a serem desinfetados e o uso 
consciente dos equipamentos e germicidas, rompendo com práticas 
rituais ou inseguras.
resuMo 
O processo de desinfecção proporciona eliminação de micro-or-
ganismos na forma vegetativa de superfícies e produtos para saúde. 
É indicado para os produtos semicríticos (que entram em contato 
com membranas mucosas colonizadas ou pele não íntegra) e alguns 
produtos não críticos, envolvendo uma gama enorme de itens, com 
grande variedade de utilizações, como acessórios para assistência res-
piratória, diversos endoscópios, espéculos, lâminas para laringosco-
pia, entre outros. Os métodos de desinfecção podem ser físicos, por 
ação térmica, ou químicos, pelo uso de desinfetantes químicos.
resuMo esQueMático 
Desinfecção:
método físico;•	
método químico:•	
 boas práticas para desinfecção química; ⇒
 soluções desinfetantes: ⇒
– para desinfecção de alto nível;
– para desinfecção de nível intermediário e baixo.
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34
Pontos a reVisar
Compare os desinfetantes de alto nível quanto a suas caracterís-
ticas de tempo de contato, compatibilidade com os materiais, estabi-
lidade e toxicidade.
ProPostas Para Estudo
 O que é desinfecção e para quais produtos ela é indicada?•	
 Quais são os níveis de desinfecção e o que os determina?•	
 Por que os métodos físicos de desinfecção devem ser pre-•	
feridos?
 Quais são os germicidas indicados para desinfecção de alto •	
nível? Resuma as vantagens e desvantagens de cada um.
 Quais são os desafios para o processamento seguro dos •	
endoscópios?
atiViDaDe sugeriDa
Verifique, junto aos fornecedores de equipamentos hospitalares, 
as lavadoras termodesinfetadoras disponíveis no mercado nacional, 
considerando suas vantagens e desvantagens.
rEfErências BiBliográficas 
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35, de 16 de agosto de 2010. Dispõe sobre o Regulamento Técnico 
para produtos com ação antimicrobiana utilizados em artigos críti-
cos e semicríticos.
20. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). RDC n. 
33, de 16 de agosto de 2010. Dispõe sobre a proibição de registro de 
novos produtos saneantes na categoria “esterilizantes” para aplica-
ção sob a forma de imersão, a adequação dos produtos esterilizantes 
e desinfetantes hospitalares para artigos semicríticos já registrados 
na ANVISA e dá outras providências.
21. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). RDC 
n. 51, de 21 de outubro de 2009. Dispõe sobre a comprovação de 
eficácia de esterilizantes e desinfetantes hospitalares para artigos 
semicríticos frente à micobactéria Mycobacterium massiliense e dá 
outras providências.
22. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 3.012, de 1º de dezembro de 
2009. Torna pública a proposta de Projeto de Resolução “Regula-
mento Técnico Mercosul para Produtos com Ação Antimicrobiana 
Utilizados em Artigos Críticos e Semicríticos, Áreas Críticas e Semi-
críticas e Esterilizantes. Brasília: Diário Oficial da União; 02/12/09; 
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lução n. 91, de 28 de novembro de 2008. Proíbe o uso isolado de 
produtos que contenham paraformaldeído ou formaldeído para 
desinfecção e esterilização, regulamenta o uso de produtos que 
contenham tais substâncias em equipamentos de esterilização e dá 
outras providências.
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