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Página | 1 RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE EQUIPE MICHELLE SAMPAIO Profª. Nadja Arruda Olá, estamos aqui juntas novamente! Hoje estudaremos a temática Política Social, importante assunto para também entender como se desenvolveu nossa profissão! Como sempre iniciamos com questionamentos base: • Quais as primeiras formas de proteção social? • Quando se gestaram as políticas sociais? • As políticas sociais foram conquistas ou concessões? Partindo de tais questionamentos é preciso elencar algumas referências básicas acerca do tema Política Social, certo?! Lembre-se que sua preparação deve ser contínua e o conteúdo nunca se esgota na sala de aula, é preciso dar continuidade ao processo! 📚📚 Política Social: fundamentos e história. Elaine Rosseti Behring & Ivanette Boschetti. Política Social – Temas & Questões. Potyara A. P. Pereira. Alguns artigos você também encontrará disponíveis na internet e serão fundamentais para seu aprendizado, busque agregar mais conhecimento à sua preparação. • As Políticas Sociais no Contexto Brasileiro: natureza e desenvolvimento. Maria Cristina Piana. • Política Social e Serviço Social: os desafios da intervenção profissional. Regina Célia Tamaso Mioto e Vera Maria Ribeiro Nogueira. • Fundamentos da Política Social. POLÍTICA SOCIAL ? ? ? ? Página | 2 Elaine Behring. • Desafios contemporâneos das Políticas Sociais. Elaine Behring. A Política Social é um tema que se encontra na base de qualquer estudo para Concursos em Serviço Social, uma vez que o espaço das políticas sociais é o nosso maior campo de atuação enquanto Assistente Sociais. Temos como referências principais para tratar desse assunto, as autoras Elaine Behring e Ivanette Boschetti, com o livro Política Social: fundamentos e história, presente na biblioteca básica do serviço social. É condição primária entender o que são as políticas sociais, como se deu seu surgimento, qual o impacto e o objetivo de tais políticas, para assim compreendermos o que significa Políticas sociais hoje, e para isso utilizaremos a referência supracitada. O conceito de Política Social trazido por Behring e Boschetti, dirá: Tal afirmação nos faz entender que toda política social, necessariamente está imbricada aos processos econômicos, políticos, sociais e culturais. É impraticável pensar as políticas sociais distante de um contexto social, é a partir disso que se inicia nossa conversa sobre tal assunto. Assim, é possível entender essas políticas “[…] como processo e resultado de relações complexas e contraditórias que se estabelecem entre Estado e sociedade civil, no âmbito dos conflitos e lutas de classe, que envolvem o processo de produção e reprodução do capitalismo […]” Devemos analisar a Política Social em seu sentido complexo e contraditório, parte inerente do modo de produção capitalista. E para compreender a política social sob o prisma da perspectiva dialética é preciso considerar alguns elementos essenciais, vejamos o que nos diz as autoras já mencionadas Política Social é um processo no qual interagem determinações econômicas, políticas, sociais e culturais. “O primeiro é a natureza do capitalismo, seu grau de desenvolvimento e as estratégias de acumulação prevalecentes. O segundo é o papel do Estado na regulamentação e implementação das políticas sociais, e o terceiro é o papel das classes sociais” Página | 3 Ou seja, percebam que no cerne do que consideramos Política Social estão diretamente relacionados “Capitalismo X Estado X Classes Sociais”, como não afirmar então que as políticas sociais são necessariamente contraditórias e complexas? Sim, são. E não há o que duvidar! Não há motivos para dúvidas quando se depararem com o conceito super cobrado em provas de concursos que afirma ser as Políticas Sociais “concessões ou conquistas mais ou menos elásticas, a depender da relação de força na luta política entre os interesses de classes sociais (...)”. Concessões, pois não podemos cair no fatalismo de afirmar que as Políticas Sociais foram resultados apenas das lutas de classes e conquistas, como também não podemos afirmar que a Política Social surge exclusivamente da benemerência do Estado, foi preciso luta social, para que o Estado reconhecesse a necessidade das políticas sociais no contexto capitalista. Veja como essa introdução poderá ser cobrada nas suas provas: 1. UFRN – COMPERVE – 2017 Revisitando-se a literatura sobre os fundamentos e história da política social, evidenciam-se diferentes perspectivas analíticas acerca da concepção, significado e desenvolvimento da política social na sociedade capitalista. Numa perspectiva crítica-dialética, a Política Social é compreendida como a) mediação entre economia e política, resultante de contradições estruturais engendradas pela luta de classes e delimitadas pelos processos de valorização do capital. b) processo complexo que resulta no conjunto de estratégias governamentais capazes de enfrentar as expressões da questão social, a exclusão social e a extrema pobreza. c) conjunto de serviços e benefícios sócio assistentenciais ofertados pelo Estado em momento de agravamento da questão social, da desigualdade social e da pobreza. d) Conjunto de medidas e estratégias governamentais, resultantes de conquistas da classe trabalhadora, ofertadas pelo Estado para o combate à pobreza e à exclusão social. GABARITO? ________ Página | 4 2. Instituto Federal de São Paulo – IFSP – 2018 No livro Política Social: fundamentos e história (2008), as autoras Behring e Boschetti percorrem longos caminhos no estudo em política social. Assinale a alternativa que está de acordo com o pensamento das autoras: a) A nosso ver, o método crítico-dialético traz uma solução complexa e inovadora do ponto de vista sujeito-objeto: uma perspectiva relacional, que foge do empirismo positivista e funcionalista ao ideário culturalista. b) A nosso ver, o pensamento crítico-dialético traz uma solução complexa e inovadora do ponto de vista sujeito-mundo: uma perspectiva relacional, que foge do empirismo positivista e funcionalista ao ideário culturalista. c) A nosso ver, o método teórico-epistemológico traz uma solução complexa e inovadora do ponto de vista sujeito-objeto: uma perspectiva relacional, que foge do empirismo positivista e funcionalista do ideário culturalista. d) A nosso ver, o método crítico-dialético traz uma solução complexa e inovadora do ponto de vista sujeito-objeto: uma perspectiva idealista, que foge do empirismo positivista e funcionalista do ideário culturalista. GABARITO? _________ Conseguiu entender essa básica introdução sobre o sentido das políticas sociais? Então agora vamos adentrar na discussão um pouco mais densa, sobre o surgimento de tais políticas, o seu desenvolvimento e como se encontram na contemporaneidade. Tudo bem?! Uma dúvida frequente é: qual o ano surgiu as Políticas Sociais? Não temos como afirmar um ano exato de surgimento das PS, mas podemos contextualizar de acordo com o que chamamos de Protoformas das Políticas sociais, e subsequente a isto, as primeiras legislações que tratavam de direitos e benefícios à determinados segmentos sociais. “As sociedades pré-capitalistas não privilegiavam as forças de mercado e assumiam algumas responsabilidades sociais, não com o fim de garantir o bem comum, mas com o intuito de manter a ordem social e punir a vagabundagem. Ao lado da caridade privada e de ações filantrópicas, algumas iniciativas pontuais com características assistenciais são identificadas como Protoformas de políticas sociais.” Página | 5 Por Protoformas das Políticassociais, devemos entender que foram legislações que surgiram com o objetivo de impedir a livre circulação dos trabalhadores. Mas você deve estar se perguntando, porque impedir a circulação dos trabalhadores? Vejamos, aquela época era marcada por um intenso cenário de desigualdade social, pobreza extrema, condições insalubres de trabalho e sobrevivência, isso resultava numa inquietação e insatisfação por parte da classe trabalhadora, o que acabava resultando em reinvindicações por melhores condições de trabalho e vida. Dessa forma o Estado se vê obrigado a criar algum mecanismo de concessão de benefícios e ao mesmo tempo controle, para que a ordem posta não fosse gravemente contestada, pois isso implicaria na diminuição de lucros, mas que também algumas garantias fossem fornecidas afim de que as condições de trabalho não se tornassem insuficientes. E como protoformas das políticas sociais, nós temos a conhecida Poor Law, datada de 1601, na Inglaterra, sua tradução significa “Lei dos Pobres”, daí tiremos o real objetivo de tais legislações. Podemos elencar algumas características básicas de tais legislações: Legislações sociais pré-capitalistas Caráter punitivo e restritivo Interseção da Assistência Social e do trabalho forçado Lógica moralista e repressiva Pobres merecedores X pobres não merecedores. Conheça algumas dessas legislações: Estatuto dos Trabalhadores 1394 Estatuto dos Artesãos (Artífices) 1563 Lei dos Pobres elisabetanas 1531 - 1601 Lei de Domicílio 1662 Nova Lei dos Pobres 1834 É importante lembrar que, quando nos referimos à protoformas das políticas sociais, não estamos tratando do cenário brasileiro, ok?! Existem as particularidades do desenvolvimento das Essas leis, longe de garantir o bem-estar comum, perpetuavam a ordem social vigente e puniam a “vagabundagem”, como eram considerados os pobres (PEREIRA, 2011). Página | 6 políticas sociais no Brasil, que trataremos ainda nesta aula. Porém é de fundamental importância essa discussão macro sobre o surgimento da política social para compreendermos como se deu nosso processo em particular. Tais legislações existiram até 1948, quando começou a ser substituída pelo que conhecemos como Welfare State, em português, o Estado de Bem-estar Social. Trago mais uma citação para que não restem dúvidas acerca das protoformas das políticas sociais, A decadência de tal sistema se dá com a derrocada do sistema feudalista e a ascensão do industrialismo, nos países europeus, submetendo mais ainda o trabalhador à condições indignas de vida e trabalho. Com a 1ª Revolução Industrial predomina o pensamento Liberal, e no pensamento liberal nós já sabemos que o mercado é tido como mecanismo natural de regulação das relações sociais e econômicas. Dessa maneira, começa-se a questionar qual seria o papel do Estado, diante desse cenário de desenvolvimento industrial paralelo ao crescimento das mais variadas expressões da questão social, que naquela época ainda não era vista como tal. Vamos ver uma questão, um pouco antiga mas que versa sobre essa temática: 3. PETROBRÁS – CESGRANRIO – 2012 No que se refere aos fundamentos e à história da política social, analise as afirmativas a seguir. I - Os seguros sociais públicos surgem na Alemanha de Bismarck, no último terço do século XIX. II - Na França, a proteção social obrigatória para trabalhadores (1898) marca o surgimento do Estado Providência. III - A Nova Lei dos Pobres (Inglaterra, 1834) inaugura uma política social de caráter protetor. Está correto APENAS o que se afirma em a) I b) II c) III d) I e II e) II e III “A ideia de direitos, fundamental para a compreensão da política social, remonta ao período pré-capitalista, em que algumas responsabilidades eram assumidas pela sociedade, a exemplo do que denota a instituição das Leis dos Pobres (Poor Law) na Inglaterra do século XVI” Página | 7 GABARITO? ________ Continuando... Uma vez que o mercado era tido como regulador das relações no geral, não cabia ao Estado o trato com as expressões de pobreza, desigualdade e insalubridade, mas sim ao mercado o cuidado com isso, de maneira não à garantir direitos, mas sim ainda na perspectiva de controle e coerção. Cabendo assim ao Estado, apenas servir de base legal para as intervenções do mercado na vida social e privada da classe proletária. Como meio de superar a Lei dos Pobres, a qual tratamos acima, é implantado por volta de 1883, na Alemanha, um modelo de proteção social baseado na lógica do seguro, instaurado pelo chanceler Otton Von Bismarck, se baseava na contribuição compulsória de empregados, patrões e subsídio do Estado. Vejamos o que nos diz Behring e Boschetti Já em outra conjuntura nós temos a formulação do Plano Beveridge, partindo de outra premissa, por volta de 1942 na Inglaterra, durante a 2ª Guerra Mundial, tal modelo vem trazendo uma crítica ao modelo Bismarckiano, e sugere a instituição do que conhecemos como Estado de Bem Estar Social. O pensador Keynes, principal influenciador do Plano Beveridge lança ao Estado as ferramentas necessárias para que planejem o desenvolvimento capitalista com geração crescente de empregos e distribuição de renda e bem-estar. O Estado passaria a ser o agente interventor principal, como saída para a crise outrora instalada, através da instituição de serviços públicos. A teoria keyenesiana consolida-se como padrão regulatório na época que conhecemos como “Era de Ouro do Capitalismo”. “Esse padrão baseia-se em seguros sociais e apresenta como característica um modelo corporativista, que depende de vinculação com o mundo do trabalho e mantém a estratificação produzida por ele; os benefícios são proporcionais à contribuição e relacionados aos salários recebidos; implica a contribuição compulsória do empregado e do empregador” Mas o que seria a “Era de Ouro do Capitalismo?” Bem, até meados de 1970 verifica-se um intenso crescimento econômico e a organização de sistemas de proteção social, garantidos em legislação, que conformam o Estado Social. Página | 8 Passando da lógica do seguro (segundo Bismarck) para a lógica universalista, na qual todos têm direitos e garantias incondicionais. É o modelo pautado na garantia dos mínimos sociais como condição primária para o pleno desenvolvimento da sociedade. Vejamos esta citação de Behring e Boschetti: Nesse sistema de proteção social, os direitos são universais, destinados a todos os cidadãos incondicionalmente ou submetidos a condições de recursos (testes de meios), e o Estado deve garantir mínimos sociais a todos em condições de necessidades. O financiamento é proveniente de impostos fiscais (e não da contribuição direta de empregados e empregadores) e a gestão é pública, estatal. Os princípios fundamentais do sistema beveridgiano são a unificação institucional e a uniformização dos benefícios Então esquematizando: Alemanha 1883 – Lógica do Seguro Social Otton Von Bismarck Inglaterra 1942 – Lógica Universalista Beveridge Antes de continuar vamos resolver mais uma questão... 4. PETROBRÁS – CESGRANRIO – 2012 No contexto de crise dos anos de 1930, ganhou destaque a proposição de que caberia ao Estado estabelecer os métodos de gestão para alcançar o pleno emprego, sem, todavia, colocar em risco o modo de produção capitalista. Essa elaboração passou a questionar o pensamento econômico liberal clássico que apostava na tendência de equilíbrio natural entre oferta e demanda por mão de obra. Tal proposição de que caberia, naquele contexto, ao Estado a função de interventor econômico e social deveu-se a a) Marshall b) Beveridge c) Keynes d) Bismarck e) Trotsky GABARITO? _______ Página | 9 Assim temos que, a nível mundial as PolíticasSociais surgiram em meio ao cenário de II Guerra Mundial, a partir das lutas dos trabalhadores, uma vez que a lógica do seguro proposta por Bismarck não era mais suficiente para o trato das questões sociais que se espraiavam com o desenrolar da sociedade de classes baseada na mais-valia e no lucro. É fundamental também entender que o processo de surgimento das Políticas Sociais não se deu de maneira rápida e semelhante nos diferentes países, nossos autores dirão que “o surgimento das políticas sociais se deu de maneira lenta, gradual e diferenciada nos diversos países”. Sendo somente no final do século XX que teremos a introdução de ações mais amplas, planejadas, sistematizadas e com caráter de obrigatoriedade. Sendo assim, os sistemas de proteção social na Europa Ocidental desenvolveram-se entre as décadas de 1940 e 1970, no contexto de consolidação do Estado de Bem Estar Social, ou Welfare State, incorporando características de ambos os modelos, de onde surge o conceito de modelo híbrido de seguridade social, que você certamente já ouvir falar. E que mais adiante trataremos de acordo com a realidade brasileira. E foi exatamente nesse contexto da década de 1970, de derrocada dos anos de ouro do capitalismo que novas investidas começam a surgir no âmbito das políticas sociais, vejamos o que nos diz Behring e Boschetti […] a primeira grande recessão – catalisada pela alta dos preços do petróleo em 1973-1974 – foram os sinais contundentes de que o sonho do pleno emprego e da cidadania relacionada à política social havia terminado no capitalismo central e estava comprometido na periferia do capital, onde nunca se realizou efetivamente. Assim como o modelo pautado no seguro social, sob a égide da lógica Bismarckiana veio à não satisfazer as necessidades sociais daquela época, o modelo baseado no Welfare State também não foi suficiente para a manutenção da ordem proposta. Diante da longa onda de estagnação, redução de empregos, ênfase do trabalho morto em detrimento do trabalho vivo, veio à tona a limitação do intervencionismo keynesiano. Em face da referida crise, gerada pelo esgotamento do potencial de valorização do capital nos países de capitalismo central, verifica-se a busca por um novo modelo de intervenção, que de acordo com Silva (2011) “marcado pela reestruturação produtiva, a redefinição das funções do Estado e financeirização do capital sob as diretrizes do neoliberalismo”. Tal perspectiva, ou melhor dizendo, teoria econômica possui suas bases no liberalismo, já estudado nesta aula, acrescido das particularidades do novo cenário, das novas mudanças e moldes de organização do trabalho. O neoliberalismo se coloca como ideologia necessária para romper com as limitações postas ao capitalismo, pregando o movimento de liberdade, apregoando o fim do Estado como Página | 10 regulador das relações sociais. Na perspectiva neoliberal o Estado tem um único papel central, o de atuar na reforma de si mesmo, visto desta vez como um instrumento mestre de acumulação. Então pensar em neoliberalismo, significa necessariamente pensar em decadência da autonomia dos Estados Nacionais. Vejamos o que nos diz Iamamoto (2011) Mas e no Brasil? Como se deu o surgimento das Políticas Sociais? A essa altura você já sabe que o surgimento e desenvolvimento das políticas sociais se deu de maneira diferenciada nos diversos países, e em especial no Brasil, para tratarmos de desenvolvimento das PS, devemos a priori entender que se tratou de um processo tardio, no qual a sociedade brasileira não viveu os boom das grandes revoluções, não podemos falar em políticas sociais no Brasil antes do estágio capitalista de produção, pois na nossa sociedade as políticas sociais surgem em meio ao pleno desenvolvimento do sistema capitalista e ainda nos marcos da divisão internacional do trabalho. Existem duas particularidades em especial que precisam ser evidenciadas: o caráter patrimonialista e o viés assistencialista que adquiriram as políticas sociais no nosso país. Pelo fato do mesmo não ter vivido uma clássica revolução industrial é inerente à esse processo o ranço escravista e de base colonial, fugindo assim dos grandes processos revolucionários como pudemos visualizar na Europa. Acho válido elencar nesse material, alguns marcos históricos relacionados às primeiras formas de política social no Brasil, vejam: 1888 – caixas de socorro à burocracia pública 1889 – funcionários da Imprensa Nacional e Ferroviários conquistam o direito à pensão e 15 dias de férias 1891 – primeira legislação para a assistência à infância 1892 – funcionários da marinha adquirem direito à pensão 1923 – Lei Eloy Chaves que institui as CAPs para setores estratégicos (ferroviários e marítimos) Vivencia-se, assim, na atualidade, sob a égide neoliberal, o acirramento das contradições contidas na dinâmica do capitalismo. Com o fortalecimento do capitalismo financeiro, a distribuição da renda mundial vai sendo cada vez mais determinada pelo movimento da rede de bancos, das aplicações, dos investimentos, das cotações de ações, do controle de juros, controle de taxas de câmbio diante da moeda internacional (dólar americano), ou seja, por atividades especulativas na economia, as quais acentuam a concentração de poder e renda, ao mesmo tempo em que aumentam as desigualdades entre pessoas, regiões e nações. Página | 11 1927 – código de menores Vale o destaque para o ano de 1923, e aprovação da Lei Eloy Chaves, a qual institui as CAPs – Caixas de Aposentadorias e Pensão, e que delimita o “início” das políticas sociais no Brasil. É diante desse contexto que passamos do trato da questão social como caso de polícia para caso de política. Percebam o caráter securitário da lei Eloy Chaves, o que demonstra a introdução da política social no Brasil, pela lógica dos seguro. De acordo com Boschetti, 2009: Então ao pensar no surgimento das Políticas Sociais no brasil, abandone a ideia de universalidade desde o início! As bases das PS no Brasil possuíam moldes securitários! Dessa forma, foi somente com o advento da Constituição Federal de 1988 que as Políticas Sociais foram, de fato, organizadas sob um modelo sistematizado, híbrido por atender de um lado à lógica securitária e de outro à lógica da universalidade, com base legal, princípios e objetivos. Modelo este que chamamos de Seguridade Social e estudaremos na próxima aula! GABARITO 01. A 02. A 03. D 04. C Desde o reconhecimento legal dos tímidos e incipientes benefícios previdenciários com a lei Eloy Chaves em 1923, predominou o acesso Às políticas de previdência e de saúde apenas para os contribuintes da previdência social. A assistência social manteve-se, ao longo da história, como uma ação pública desprovida de reconhecimento legal como direito, mas associada institucionalmente e financeiramente à previdência social. Página | 12 Agora vamos treinar! 1. (IGEPREV-PA/IADES/2018) O estado de bem-estar social: a) caracterizou-se, nos países da Europa Ocidental, como um período entre o pós-Segunda Guerra Mundial e a primeira metade da década de 1970, em que o papel do Estado se caracterizou pela implantação de um conjunto de políticas sociais que implementava os direitos de cidadania, entre as quais se destacou a política do pleno emprego. b) foi um fenômeno mundial entre o pós-Segunda Guerra Mundial e a primeira metade da década de 1970, em que o Estado cumpriu igualmente, em todos os países existentes, o papel de garantidor dos direitos de cidadania. c) teve ápice no Brasil no período entre o final da década de 1960 e a primeira metade da década de 1970, época em que ocorreu o “milagre brasileiro”, que se caracterizou pelo amplo desenvolvimento econômico associado à políticade distribuição de renda. d) foi a experiência de intervenção do Estado na economia, que ocorreu nos países nórdicos europeus entre o pós-Segunda Guerra Mundial e a primeira metade da década de 1970 e que conseguiu suprimir definitivamente o desemprego, a pobreza e a desigualdade social nesses países. e) foi o período, na Europa, em que se efetivou o modelo de produção fordista, juntamente com a expansão das políticas sociais e da perspectiva liberal de intervenção do Estado na economia. 2. (COPEVE/UFAL/2018) De acordo com Behring (2006), a relação entre política social e Serviço Social no Brasil surge com o incremento da intervenção estatal, pela via dos processos de modernização conservadora no Brasil, a partir dos anos de 1930. Dadas as afirmativas acerca dos fundamentos da Política Social no Brasil, I. O ideário neoliberal para as políticas sociais no Brasil articula o trinômio: privatização, universalização e descentralização. II. No campo teórico marxista, analisam-se as políticas sociais somente a partir de sua expressão imediata como fato social isolado. III. Pelo ângulo econômico, as políticas sociais assumem a função de reduzir os custos da reprodução da força de trabalho e elevar a produtividade, em épocas de crise. Página | 13 IV. Uma observação crítica reconhece no mundo do capital possibilidade de conjugação positiva entre a sua acumulação e o princípio da igualdade, atribuindo à política social uma via de solução da desigualdade social. Verifica-se que está(ão) correta(s) apenas: a) III b) I e III c) II e IV d) I, II e III e) I, II e IV 3. (USP/2019) A constituição das políticas sociais dá‐se por meio de múltiplos componentes e determinações, entre outros, de natureza econômica, política e cultural. Considerando as particularidades da formação sócio‐histórica brasileira, sobretudo a cultura antidemocrática e conservadora das classes dominantes no Brasil, Behring e Boschetti (2007) destacam um componente fundamental da referida constituição. Tal componente diz respeito (A) ao seguro social. (B) aos direitos sociais. (C) à lógica social. (D) às necessidades sociais. (E) ao contrato social. 4. (Prefeitura de Fortaleza – CE/ Prefeitura de Fortaleza - CE /2018) Assinale a alternativa correta quanto ao que ocupa um papel relevante na articulação das políticas sociais e na sua relação com a reprodução do capital, sendo uma questão estrutural do capitalismo, envolvendo toda a capacidade de mobilização de recursos que o Estado tem para intervir na economia e nas políticas públicas. a) Políticas sociais e públicas. b) Fundo público. c) participativo. d) Controle social. 5. (SESAP-RN/ COMPERVE/2018) As políticas sociais, como processos resultantes da luta de classes e conquistas da classe trabalhadora, podem incorporar as demandas do trabalho e impor limites ao capital. Nessa perspectiva, ao garantir direitos sociais, as políticas sociais podem contribuir para: Página | 14 a) elevar o bem-estar social dos segmentos mais vulneráveis da população, expostos à pobreza, alterando estruturalmente o capitalismo. b) capacitar os trabalhadores excluídos do mercado de trabalho, em condições justas para que possam ser inseridos na sociedade capitalista. c) melhorar as condições de vida e de trabalho da classe trabalhadora, ainda que não possam alterar estruturalmente o capitalismo. d) distribuir a riqueza socialmente produzida pela força de trabalho, eliminando de forma definitiva a desigualdade social na sociedade capitalista. 6. (TJ-SP/VUNESP/2017) As políticas sociais, sob a ótica dos interesses do Estado, apresentam-se como mecanismos de funcionalidade ao controle social e à reprodução das condições de dominação próprias do sistema capitalista. Ao mesmo tempo e na mesma ação, demandas sociais relevantes aos interesses da classe subalterna são introduzidas no interior dos aparelhos do Estado. Nessa perspectiva, as políticas sociais reproduzem as contradições e ambiguidades que permeiam os diversos interesses em contraposição. No que se refere à ampliação da intervenção do Estado por meio das políticas sociais, é provável que isso ocorra por duas razões: a primeira, pela crescente concentração de renda que potencializa as carências da população; e a segunda, pela percepção por parte do Estado a) do risco de uma revolta popular. b) da possibilidade de transformação social. c) da perspectiva de falência do sistema. d) do papel legitimador da política social. e) de seus limites para financiamento dessas políticas. 7. (IGEPREV-PA/ FCC/2018) Quanto à relação entre políticas públicas e direitos de cidadania, assinale a alternativa correta. a) As políticas públicas e os direitos de cidadania estabelecem a respectiva relação conforme a fase econômica, o papel do Estado e a ação individual da população de um país em determinado contexto histórico. b) A política pública sempre possui um caráter social, por isso visa, em quaisquer circunstâncias, à concretização dos direitos de cidadania. Página | 15 c) As políticas públicas e os direitos de cidadania não possuem uma relação direta, e a forma como isso se estabelece depende da capacidade de gestão de cada governo. D) As políticas públicas são ações coletivas de responsabilidade do Estado, e os direitos de cidadania se tornaram, desde a década de 1990, no Brasil, ações coletivas de responsabilidade do terceiro setor. e) A política pública e social visa a concretizar principalmente direitos de cidadania, havendo, nesse âmbito, os direitos civis, os direitos políticos e os direitos sociais, que estão ligados, por exemplo, ao trabalho, à saúde, à educação, à habitação e à assistência social. 8. (PREFEITURA DE MACAPÁ / FCC /2018) Com a Constituição Federal de 1988, as políticas sociais ganham nova configuração e há necessidade de explicitar a concepção de esfera pública definindo alguns dos seus elementos constitutivos, dentre eles o controle social, entendido como: a) resposta a necessidades sociais que têm origem na sociedade e são incorporadas e processadas pelo Estado em suas diferentes esferas de poder (federal, estadual e municipal). b) acesso aos processos que informam decisões da sociedade política, viabilizando a participação da sociedade civil organizada na formulação e na revisão das regras que conduzem as negociações e arbitragens sobre os interesses em jogo, além da fiscalização daquelas decisões, segundo critérios pactuados. c) ação do estado no controle dos cidadãos e na capacidade das instituições moldarem os comportamentos dos indivíduos e grupos sociais, a partir de uma dada linha de atitudes socialmente aceitas e capazes de se reproduzirem em outras esferas sociais. d) ampliação dos fóruns de decisão política que pode alargar a representação de diferentes segmentos com direito a voz e voto, desde que escolhidos em fóruns previamente instituídos por lei. No entanto, o controle social só se concretiza quando os agentes públicos e externos se reconhecem legalmente instituídos nos conselhos de direitos. e) resultante do acompanhamento exclusivo da execução financeira, pois sem essa dimensão dos investimentos estatais não se pode dizer que as políticas sociais têm o verdadeiro controle social. O financiamento é considerado a mola movedora das políticas sociais. GABARITO 01. A 02. A 03. B Página | 16 04. B 05. C 06. D 07. E 08. B
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