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PROF JANIO - LIVRO METODOLOGIA DA PESQUISA 2015 - PARA A REVISAO DE PORTUGUES 2

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Prévia do material em texto

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – MEC 
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UAB 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI 
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEAD 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROFº MSc JÂNIO JORGE VIEIRA DE ABREU (UESPI) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA – PI 
JANEIRO DE 2015 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 04 
 
CAPÍTULO 1 
1 MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA CIENTÍFICA ....................................... 09 
1.1 Aspectos conceituais ....................................................................................... 11 
1.2 Tipos de conhecimento ................................................................................... 17 
1.3 Ciência: aspectos conceituais e metodológicos ........................................... 22 
1.4 Atividades do capítulo 1................................................................................... 27 
CPÍTULO 2 
2 EPISTEMOLOGIA DA PESQUISA E DO TRABALHO CIENTÍFICO .................. 30 
2.1 A pesquisa científica ........................................................................................ 30 
2.2 Pesquisa científica: conceituação, caracterização, classificação e 
metodologia ....................................................................................................... 40 
2.3 Classificação / tipos de pesquisa ................................................................... 44 
2.4 Caracterização e forma de abordagem qualitativa na pesquisa 
 social .................................................................................................................. 52 
2.5 Roteiro de orientação para elaboração do projeto de pesquisa .................. 53 
2.6 Atividades ......................................................................................................... 55 
 
CAPÍTULO 3 
3 O/A PESQUISADOR/A NO CAMPO DE PESQUISA E A REDAÇÃO DO TCC: 
MONOGRAFIAS E ARTIGOS.................................................................................. 59 
 
3.1 Instrumentos de produção de dados ............................................................. 59 
3.2 Como o/a pesquisador/a deve proceder no campo de pesquisa ................ 63 
3.3 A análise de dados na produção da monografia .......................................... 69 
3.4 Roteiro para produção de uma monografia em dois ou três capítulos ....... 72 
3.5 Resenha: o que é, como se faz ....................................................................... 81 
3.5.1 Orientações para produção de uma resenha ............................................. 82 
3.6 Atividade ........................................................................................................... 85 
3.7 Artigo científico, o que é? ............................................................................... 86 
3.7.1 Orientações para a produção de um artigo científico ............................... 88 
 
3 
 
 
CAPÍTULO 4 
4 ORIENTAÇÕES PARA ESTRUTURAÇÃO, APRESENTAÇÃO GRÁFICA 
E ORAL DO TCC .............................................................................................. 101 
 
4.1 Regras gerais para estruturação, formatação e apresentação gráfica 
 do texto da monografia .................................................................................. 116 
 
4.2 Roteiro de apresentação oral da monografia .............................................. 128 
4.3 Ficha de avaliação da Banca Examinadora ................................................. 129 
4.4 Atividade ......................................................................................................... 131 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 132 
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 134 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 
 
 
Caro(a) estudante, 
O conhecimento científico é produto da prática investigativa e, considerando 
a sua importância, deve ocorrer em todos os níveis de escolarização. Embora o 
sistema escolar brasileiro não tenha como tradição ensinar e estimular a 
investigação científica desde os primeiros anos escolares, é consenso entre os 
professores pesquisadores e demais profissionais que integram o mundo 
acadêmico, a necessidade de um ensino e de uma aprendizagem com pesquisa, 
pois a cada dia amplia-se mais o papel da pesquisa científica na solução dos 
problemas da humanidade. Defende-se a concepção de que a aprendizagem se 
concretiza na prática investigativa, porque, ela possibilita desde uma descoberta 
simples como consequência de uma curiosidade ou de um desejo particular do 
cotidiano das pessoas à descoberta de algo que viabiliza a vida em sociedade ou 
dos seres vivos em geral. Trata-se de uma prática que, em um determinado espaço 
ou tempo ou ainda em uma realidade ou experiência de vida, pode contribuir ou 
promover uma transformação, sendo, portanto, a pesquisa, fundamental para o 
desenvolvimento de todo o planeta. 
Com a pesquisa a ciência tem celebrado importantes descobertas e avanços 
tecnológicos, definindo novas exigências para a vida na terra. Isso não significa 
colocar o conhecimento científico como superior à outras formas de conhecer, 
existem outros tipos de conhecimento e outras maneiras de produzir o saber e que 
são importantes para a vida. Isso pode ser observado quando, em muitas situações, 
o método ou o conhecimento científico é substituído por outros tipos de 
conhecimento, como exemplo: filosófico, artístico, religioso, mítico, empírico e 
outros. Pode-se afirmar que o conhecimento científico é relevante, mas nem sempre 
é capaz de responder a todas as perguntas, desvendar ou desvelar todos os 
fenômenos da natureza e tão pouco ser infalível naquilo que se propõe a conhecer. 
Apesar de todos os esforços da ciência, os progressos científicos da 
humanidade ainda não contribuíram para solucionar determinados problemas que 
são recorrentes no cotidiano das pessoas, como exemplo de alguns desafios ou 
demandas existentes na educação escolar, na segurança e na saúde pública e 
5 
 
 
problemas generalizados como a exclusão social, o desemprego crescente, a 
interdependência e desequilíbrio entre nações, regiões, povos, enfim, uma 
diversidade de problemas sociais do mundo contemporâneo. Na realidade, muitos 
problemas sociais do mundo moderno que, direta ou indiretamente, afetam a vida no 
planeta, podem ser solucionados ou originados pelo progresso científico da 
humanidade. Então, por que desenvolver a pesquisa científica, por que fazer 
ciência? Acredita-se ser um dos meios mais seguros de conhecer a realidade, de 
responder às inquietações humanas. 
É através da ciência que o ser humano procura conhecer o mundo que o 
rodeia e a educação escolar vem assumindo o papel de fazer essa mediação. A 
escola, ao longo dos séculos, vem desenvolvendo sistemas ou processos 
educativos elaborados que permitem as pessoas a conhecer a natureza das coisas 
e o comportamento social, ou seja, propondo-se a fazer ciência. Mas é importante 
ressaltar que há algumas contradições na relação entre o progresso científico e a 
realidade social, pois, nos últimos anos, a educação escolar tem sido pauta de 
importantes discussões mundiais, as culturas regionais transpõem barreiras e se 
expressam para o mundo, a economia se globaliza, aumentam os fóruns políticos 
internacionais, reorientam-se os estudos, a humanidade está mais consciente, mas 
o planeta em que se vive está ameaçado pela degradação acelerada do meio 
ambiente e pela utilização irracional dos recursos naturais. É necessário haver 
conciliação entre progresso material e eqüidade, entre as relações internacionais e 
as diversidades culturais,entre respeito à condição humana e à natureza. Necessita-
se reeducar a vida no planeta e nesse processo a pesquisa assume cada vez mais 
um papel fundamental. 
Na sociedade brasileira vive-se um momento de rápidas transformações 
sociais, econômicas, tecnológicas e políticas ao mesmo tempo em que as mudanças 
e os resultados da educação e dos serviços públicos ainda transcorrem lentamente. 
No país, há uma economia que surpreendentemente se moderniza, mas só aos 
poucos, o Brasil tem alcançado mais independência, pois ainda importa muitas 
tecnologias, ainda possui um desenvolvimento cultural inibido por não oferecer um 
sistema educacional e de formação capaz de fortalecê-lo para o desenvolvimento 
auto-sustentavel. Ao lado deste progresso material milagroso, ainda persiste uma 
injusta distribuição de renda que tem provocado e mantido a estratificação social 
impossibilitando ainda uma parcela da população de fazer valer os seus direitos e 
6 
 
 
interesses fundamentais, como exemplo: aos serviços de saúde pública, a 
educação, moradia, segurança, etc. os quais ainda não constituem direitos de todos. 
Isso tem mantido um descompasso entre progresso econômico e desenvolvimento 
social. 
Vive-se um contexto social em que uma grande quantidade de informações 
são incessantemente processadas ou assimiladas pelas pessoas, mas sem espaços 
para reflexões sobre os problemas. Com esta realidade privilegiam-se respostas e 
soluções rápidas, mas as concepções, as práticas, os tempos e os campos da 
educação precisam ser repensados. É necessário planejamento, estratégias 
pacientes e negociadas para as políticas em educação. Precisa-se acompanhar o 
ritmo do processo de comunicação, mas, antes de tudo pensando, planejando o 
ensino, a pesquisa, a produção de conhecimento ou a educação. Estas práticas em 
qualquer realidade social são necessárias, mas exigem muito estudo e um exercício 
de reflexão constante. 
Por isso tem-se discutido tanto a necessidade de vinculação entre ensino e 
pesquisa com a extensão dos resultados, tem-se discutido tanto a necessidade de 
uma educação integral, democrática, porque pratica-se muito de forma isolada, em 
cursos mais teóricos, seja de formação inicial ou continuada, mas sem a dimensão 
prática, distantes da realidade e fora das necessidades e alcance dos profissionais e 
estudantes. Diante de uma exigência de se pensar e repensar o ensino, a pesquisa 
e as práticas educacionais, etc., a universidade assume um papel fundamental 
inserindo-as no desenvolvimento de seus pilares básicos: ensino, pesquisa e 
extensão, pois assim, os cursos de graduação, pós-graduação, etc. sejam eles, com 
ensino presencial ou à distância, deixam de ser pautados apenas no ensino e 
desenvolvem-se mais numa perspectiva investigativa e com possibilidade de 
extensão dos resultados. 
Assim, caro(a)s aluno(a)s e professore(a)s, ensinar e aprender pesquisando 
pode possibilitar a superação da reprodução do conhecimento promovendo a 
produção do mesmo e de forma a dar autonomia e desenvolver o espírito crítico e 
investigativo no estudante. 
Neste sentido, apresenta-se um texto estruturado em quatro capítulos 
através dos quais, procura-se sistematizar, entre outros aspectos: os conceitos 
básicos dos diversos tipos de conhecimento; os procedimentos teórico-
metodológicos do conhecimento científico; a metodologia de estudo e de 
7 
 
 
investigação científica, incluindo desde os conceitos fundamentais das principais 
correntes do pensamento contemporâneo que influenciam a prática investigativa e a 
classificação e caracterização dos tipos de pesquisa até a conceituação de métodos, 
técnicas, instrumentais e procedimentos para o campo da pesquisa. 
Além disso, o texto traz orientações para procedimentos de estudos e para o 
desenvolvimento de trabalhos acadêmicos com ênfase no artigo e na monografia de 
conclusão de curso. Inclui ainda o uso e aplicação das normas da Associação 
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT para o trabalho científico. Assim, o texto 
mostra as possibilidades de desenvolvimento da pesquisa através de uma 
caminhada simples, porém ininterrupta, prazerosa e resistente para uma vida 
acadêmica necessariamente investigativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
UNIDADE 1 
 
MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA CIENTÍFICA 
 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Ao finalizar esta Unidade, o/a aluno/a deverá ser capaz de: 
 
 Identificar e compreender os conceitos e categorias básicas do conhecimento 
científico reconhecendo e valorizando outros tipos de conhecimento; 
 Caracterizar a tipologia do conhecimento, especialmente as concepções de 
ciência e do método científico; 
 Produzir resumos, sínteses e outros recursos que permitam a produção do 
conhecimento com base no conteúdo da Unidade I. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
CAPÍTULO 1 
 
1 MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA CIENTÍFICA 
 
 
As características da sociedade brasileira, tais como, a extensão territorial, a 
diversidade cultural, as diferenças sociais e ainda os problemas sociais que 
envolvem, entre outros, a desigualdade e exclusão social, a má distribuição de 
renda, o ritmo de trabalho, os hábitos alimentares, o stress etc., estes últimos 
consequências da emergência dos problemas da sociedade contemporânea, tudo 
isso constitui um campo fértil para a pesquisa científica contemplando as grandes 
áreas das ciências humanas, sociais, etc., incluindo a área de educação, outros 
campos e outras áreas de conhecimento. 
Trata-se de uma problemática de estudo para o campo acadêmico, com a 
qual, não só os profissionais da área, mas também os licenciandos, bacharelandos e 
pós-graduandos em geral, no campo de investigação, encontram novos horizontes, 
mas também velhos e grandes desafios. 
No mundo onde o conhecimento tornou-se elemento de primeira 
importância, inclusive, como condição para a inclusão social e como conquista da 
cidadania, integra-se uma estrutura social contraditória, que ainda elitiza 
culturalmente uma minoria e nega o saber de qualidade à maioria. Assim, socializar 
o saber é competência, dever e função social dos/das professores/ras para estender 
e compartilhar um patrimônio que pertence a todo o conjunto da sociedade. 
Respeitadas as limitações e dificuldades estruturais pelas quais atravessa a 
universidade pública no Brasil, este livro procura contribuir para os cursos de 
graduação, pós-graduação e para outros níveis e áreas do conhecimento científico 
do campo das ciências humanas e sociais, a partir da identificação de problemas e 
investigação de fenômenos, para encontrar respostas para os mesmos, e, 
sobretudo, desmitificar a pesquisa acadêmica e a extensão universitária acreditando 
que a atitude de pesquisar propicia aos alunos/nas, e professores/ras promoverem 
para si e para a comunidade em geral o ideal de ser sujeito na história e na 
realidade a que se propõe conhecer, pois busca a superação das condições atuais 
de reprodução do conhecimento. Isto significa uma prática de ensino sempre 
10 
 
 
desvinculada da investigação científica, o que levou Paulo Freire (1998, p. 32) a uma 
incisiva abordagem sobre a questão enfatizando o seguinte: 
 
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Fala-se hoje, com 
insistência, no professor pesquisador. No meu entender o que há de 
pesquisador no professor não é uma qualidade ou uma forma de ser ou de 
atuar que se acrescente à de ensinar. Faz parte da natureza da prática 
docente a indagação, a busca, a pesquisa. O de que se precisa é que, em 
sua formação permanente, o professor se perceba e se assuma, porque 
professor, como pesquisador. Esses que-fazeres se encontram um no corpo 
do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque 
busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para 
constatar, constatando,intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso 
para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a 
novidade. 
 
Neste sentido, o pensamento sistemático, reflexivo ou o pensar certo de 
Freire (1998), do ponto de vista do professor, tanto implica o respeito ao senso 
comum no processo de sua necessária superação quanto o respeito e o estímulo à 
capacidade criadora do educando. Implica o compromisso de educadores e 
educadoras com a consciência crítica do educando cuja “promoção” da ingenuidade 
não se faz automaticamente, mas num processo. 
Muitas questões vêm sendo formuladas quanto à forma de inserção da 
pesquisa na formação e na prática docente. Pergunta-se: como vem se processando 
a articulação entre ensino e pesquisa nas universidades e qual a sua contribuição 
para a melhoria dos cursos de graduação e pós-graduação. Quais as condições 
materiais e intelectuais para o ensino e a pesquisa na universidade? Qual é o papel 
dos professores e dirigentes no desenvolvimento da pesquisa na universidade? De 
que professor e de que pesquisa se está tratando quando se fala em professor 
pesquisador. Que condições tem o professor que atua nas escolas para fazer 
pesquisas? Que pesquisas vêm sendo produzidas? 
É importante explicar que todo trabalho científico desenvolvido originou-se 
de uma pesquisa e um trabalho não é científico porque seu autor o proclama, mas 
porque membros de uma comunidade científica o admitem, o defendem 
epistemologicamente. Pode-se afirmar que professar a cientificidade é uma postura 
militante, prática e talvez necessária, mas que deve ser diferenciada de uma posição 
epistemológica, pois enquanto esta constitui a validação, os limites ou o significado 
do conteúdo de diferentes ramos do saber, aquela defende uma causa, celebra um 
envolvimento, um tipo ou um método de conhecer. Existem divergências entre as 
11 
 
 
áreas do conhecimento com relação à prática científica ou à epistemologia do 
conhecimento. A propósito das disciplinas sociais e humanas, não há qualquer 
acordo nem entre os pesquisadores das ciências da natureza com relação a essas 
disciplinas, nem entre os próprios pesquisadores dessas disciplinas. Diante disso, 
professores e professoras precisam conhecer a epistemologia do conhecimento 
científico e assumirem uma postura ou defenderem uma perspectiva, o que só é 
possível com o conhecimento das diversas abordagens da ciência. 
Assim, os debates epistemológicos conduzem hoje às seguintes 
constatações: não há senão uma única cientificidade, aquela que segue ou que se 
calca sobre as ciências da natureza; existe uma cientificidade específica que cada 
disciplina tende a enunciar de acordo com as suas regras próprias; há aqueles que 
advogam uma cientificidade radicalmente diferentes umas das outras e que podem 
ser consideradas científicas para uns e a-científicas ou não-científicas para outros 
ou até variar em graus de cientificidades entre as concepções e membros da 
comunidade científica. 
A conclusão dessas constatações deveria conduzir à prudência nos 
julgamentos. Qualquer outra atitude reforça o fato de que o uso da expressão 
“científico” serve, em princípio, para afirmar ou confirmar uma posição social de 
marca, de dominação. Diante dessas reflexões vale ressaltar a relevância da 
pesquisa e da produção do conhecimento científico no ensino presencial e a 
distância, mas sem desconsiderar outros tipos de conhecimento e valorizando os 
diferentes métodos e técnicas que contemplam a especificidade do saber científico, 
pois, em muitas experiências, há preconceitos entre as próprias abordagens da 
ciência. 
Considerando isso, enfatiza-se a necessidade de um ensino com pesquisa e 
uma prática investigativa independente da abordagem, da epistemologia, mas que 
esteja em consonância com o objeto de estudo e com a realidade e os interesses 
das pessoas envolvidas. 
 
1.1 Aspectos conceituais 
 
Um dos principais problemas para alunos e professores se inserirem no 
processo sistemático e contínuo da investigação científica e extensão dos resultados 
[T1] Comentário: Epistemologia: 
Ramo da filosofia que se ocupa dos 
problemas que se relacionam com o 
conhecimento humano, refletindo sobre a 
sua natureza e validade. 
Fonte: Dicionário Aurélio. 
 
Epistemologia: Ramo da filosofia que 
estuda a natureza do conhecimento e 
procura determinar os limites e formas de 
vários ramos de saber. Dentre os seus temas 
fundamentais destacam-se o problema da 
produção do conhecimento e do processo da 
sua validação e experimentação. 
Fonte: Enciclopédia Universal. 
 
12 
 
 
é a falta de orientação adequada e oportuna a partir dos primeiros momentos da 
vida escolar. Isto faz com que a comunidade acadêmica crie resistência e até 
indisposição para a iniciação cientifica e continuidade na prática investigativa. Além 
disso, muitos pesquisadores (FREIRE, 1998); (GIL, 2002); (MINAYO, 1994); 
(SEVERINO, 2002); (TRIVIÑOS, 1987) entre outros, defenderam ou defendem que o 
pesquisador, por coerência, por disciplina, deve ligar a apropriação de qualquer idéia 
à sua concepção de mundo, em primeiro lugar, e, em seguida, inserir essa noção no 
quadro teórico específico que lhe serve de apoio para o estudo dos fenômenos 
sociais. E esta é uma habilidade que não se adquire em pequenas e isoladas 
experiências na academia. Exige um processo de escolarização para a pesquisa. 
A indisciplina a que me refiro é definida por Triviños (1987, p. 15) como 
sendo: 
 
[...] ausência de coerência entre os suportes teóricos que, 
presumivelmente, nos orientam e a prática social que realizamos. 
Confusamente nos movimentamos dominados por um ecletismo que 
revela, ao contrário do que se pretende, nossa informação indisciplinada e 
nossa fraqueza intelectual. [...] A mistura de correntes de pensamento, as 
citações avulsas fora de contexto etc., não só desse tipo de criatividade 
intelectual mencionados, mas também, de textos que circulam nos meios 
pedagógicos etc., são facilmente detectáveis por quem costuma trabalhar 
dentro dos limites de uma linha definida de idéias. 
 
Diante do exposto, pode-se afirmar que os conceitos e categorias teóricas 
ou empíricas, comumente identificados nos estudos e pesquisas contemporâneas, 
seja por falta de um maior aprofundamento teórico e empírico ou por inadequação 
do método ao objeto de estudo, não têm possibilitado explicar os significados ou 
desenvolver concepções e práticas relacionadas ao mundo social. Isso desqualifica 
os trabalhos e interfere na contribuição ou retorno dos estudos, sobretudo para 
aqueles que colaboram e/ou até participam da investigação. 
Por isso, para o autor do presente texto ficou perceptível que investigar 
sobre uma temática, desenvolver pesquisa, em muitas situações, exige uma 
abordagem interdisciplinar entre diferentes áreas de conhecimentos (gestão, saúde, 
educação, antropologia, sociologia, história, letras, etc.). Isto não significa um 
ecletismo exacerbado e incoerente na composição de ideias, mas a consciência e a 
segurança para ultrapassar as fronteiras de um campo de conhecimento quando da 
necessidade de explicação de um conceito ou categoria de análise. Isto porque, 
para conhecer ou aprofundar no conhecimento de um tema ou de um eixo temático, 
[T2] Comentário: Empirismo: 1. 
Doutrina ou atitude que admite, quanto à 
origem do conhecimento, que este provenha 
unicamente da experiência, seja negando a 
existência de princípios puramente 
racionais, seja negando que tais princípios, 
existentes embora, possam, 
independentemente da experiência, levar ao 
conhecimento da verdade. 
Fonte: Dicionário Aurélio. 
 
Empirsimo: Em filosofia, designa a crença 
de que todo conhecimento é, em última 
instância, fruto da experiência sensorial. O 
empirismo desconfia dos esquemas 
metafísicos baseados em proposições a 
priori, que se pretende que ignorem a 
experiência.Fonte: Enciclopédia Universal. 
13 
 
 
necessário se faz a identificação de categorias teóricas e empíricas cujos 
significados quase sempre estão ou se complementam em campos de 
conhecimentos diversos. Isso exige do/da pesquisador/ra habilidade e coerência ao 
fazer a interdisciplinaridade e/ou a transdisciplinaridade no sentido de contemplar a 
problemática levantada, alcançar os objetivos e produzir os conhecimentos 
desejados e possíveis. 
Com estas reflexões percebe-se que a concretização de um trabalho de 
pesquisa, exige de qualquer pesquisador/a ir muito além das preocupações iniciais 
que são imprescindíveis em qualquer investigação científica: a inquietação com uma 
problemática, a delimitação do objeto de estudo, as questões norteadoras, a 
elaboração de objetivos, a composição de um quadro teórico-conceitual, os 
procedimentos metodológicos a serem desenvolvidos, etc. Neste sentido, o percurso 
de pesquisa deve ser marcado por um exercício constante de construção e 
reconstrução do objeto de estudo. 
O que significaria a construção do objeto de estudo? 
 Significa que o/a pesquisador/a deve iniciar a sua investigação consciente 
do que está fazendo e compreendê-la como um processo, uma prática mais reflexiva 
do que conclusiva, que parta de uma inquietação natural, ou seja, aquela 
problemática que diz respeito à sua realidade, aos seus desejos de conhecimento, à 
uma sensibilidade social ou estimulado por uma necessidade de conhecer ou 
solucionar algo. Assim, terá um problema, um fio condutor, uma finalidade, objetivos, 
saberá tomar decisões e assumir posições, o que contribuirá para identificar seu 
referencial e sua metodologia de trabalho. 
A prática de pesquisa, para ter êxito, tem sempre relação com a história de 
vida, com a trajetória escolar, com a formação básica e continuada do/a 
pesquisador/a, mas sobretudo, com o desejo e compromisso que o/a mesmo/a tem 
com os impactos produzidos antes, durante e após a investigação, na comunidade 
ou na sociedade. 
Embora a maioria das/os pesquisadoras/es só pesquisem e só escrevam a 
partir de um estudo sistemático ou escolar, ou ainda como mostra Magda Soares 
(2010), pesquisem e escrevam o que aprendem, percebe-se que a escolha do 
método e/ou da matriz paradigmática de cada pesquisador/a está relacionada à sua 
vida pessoal e intelectual. Isto significa que as concepções de pesquisa aqui 
registradas podem não se manifestar explicitamente nas práticas ou ações e 
14 
 
 
técnicas científicas trabalhadas, mas, em muitos momentos, surgem precocemente 
na trajetória acadêmica e até independente dela. Assim, todas as pessoas que 
desenvolvem pesquisas, ainda que inconscientemente, contemplam uma 
abordagem da ciência ou uma perspectiva teórica. 
Considerando isso, é fundamental que o/a pesquisador/a conheça os 
aportes teóricos com os quais está trabalhando e assuma conscientemente uma 
posição ou uma matriz paradigmática para que saiba em que terreno está pisando 
no processo de investigação. Com esse procedimento, o/a pesquisador/a terá 
condições de identificar e construir seu objeto de estudo de acordo com suas 
inquietações e com a relevância social necessária possibilitando assim o retorno do 
estudo. 
Há na academia científica brasileira, desde problemas estruturais e de 
ordem econômica à precariedade dos quadros docentes e das condições de 
trabalho, etc., mas ainda impera a falta de disciplina e de aprofundamento nos 
estudos acadêmicos dificultando uma melhor organização do pensamento e um 
melhor planejamento da prática de pesquisa ou de investigação, o que poderia 
resultar numa produção científica sólida e de natureza múltipla. Quais são as causas 
disso? Pode-se citar alguns exemplos e que são fundamentais para compreender 
essas dificuldades porque passa a comunidade acadêmica brasileira. 
Primeiramente ela é de natureza histórica e se manifesta de diversas 
maneiras. Triviños (1987) e Severino (2002) denunciam o limitado desenvolvimento 
do espírito crítico fruto de uma estrada estreita e única no estudo do pensamento 
científico. 
A segunda razão se deve à constatação da carência da prática investigativa 
e da confusão, mistura ou ecletismo que guia a maioria das experiências de 
pesquisas por nós observadas. Estas experiências constituem num conjunto de 
ideias sem a amarra de conceitos centrais orientadores. Alem disso, nossas 
universidades são carentes, em muitos casos, até mesmo deste nível de prática na 
produção de conhecimentos. 
Um terceiro aspecto que, inclusive, é inquietação de autores de outros 
campos de conhecimento além da metodologia da pesquisa científica, é a 
dependência cultural em que historicamente se vive cuja condição é limitada a um 
único centro propagador. É uma cultura que obriga todas as pessoas à 
[T3] Comentário: Paradigma: 1. 
Modelo, padrão, estalão. 2. Termo com o 
qual Thomas Kuhn designou as realizações 
científicas que geram modelos que, por 
períodos mais ou menos longos e de modo 
mais ou menos explícito, orientam o 
desenvolvimento posterior das pesquisas 
exclusivamente na busca da solução para os 
problemas por ela suscitados. 
Fonte: Dicionário Aurélio. 
 
Paradigma: Todos os fatores, científicos e 
sociológicos, que influenciam a 
investigação científica. O termo, 
inicialmente utilizado pelo historiador 
científico americano T. S. Kuhn, passou a 
ser também usado em estudos sociais e 
políticos. 
Fonte: Enciclopédia Universal. 
15 
 
 
sobrevivência intelectual através de um modelo de ciência cuja técnica é submetida 
a uma força maior – o modelo econômico. 
Outro fator determinante no problema da produção científica nas academias 
está relacionado à formação literária dos estudantes que não praticaram a produção 
de textos desde os primeiros anos escolares. As dificuldades de compreensão dos 
livros-textos impossibilitam aos alunos e até professores o exercício da pesquisa e 
da produção de relatórios ou monografias, dissertações e teses. Estes e outros 
fatores têm resultado numa legião de pseudo-cientistas que se caracterizam como 
inábeis, resistentes e indispostos à investigação científica. 
Qual é a conseqüência desta realidade das academias de ciências humana, 
sociais etc.? Alunos e professores estudam apreendendo conteúdos hierarquizados 
através de conceitos isolados tornando-os alheios à realidade social. Para os 
professores a situação é bastante grave. É necessário que se tenha clareza na 
busca, na criação e, sobretudo, na exposição do que, muitas vezes, são 
consideradas “verdades” para os docentes, aquelas verdades de quem está 
ensinando e as dos outros estudiosos. Elas nem sempre são verdadeiramente dos 
professores e podem estar muito distantes das verdades dos/das alunos/nas. Se, 
como Paulo Freire alerta “não devemos estar demasiadamente certo das nossas 
certezas”, na formação acadêmica frágil que se tem reinará muito mais ainda a 
dúvida das verdades científicas que se produz. Elas dificilmente correspondem aos 
interesses majoritários da comunidade acadêmica. Neste sentido faz-se necessário 
a compreensão do que vem a ser o conhecimento, sua tipografia, a forma como ele 
é produzido, sobretudo o conhecimento científico. 
O que vem a ser conhecimento? Para Ana Maria Garcia (apud HÜHNE, 
2002) buscando-se a palavra francesa connaissance, pode-se observar que 
conhecimento significa nascer (naissance) com, sendo que os seres humanos se 
distinguem dos outros seres exatamente pela capacidade de conhecer. 
Diferentemente dos outros animais, os humanos são os únicos seres que possuem 
razão, capacidade de raciocinar, e ir além da realidade imediata; são os seres que 
superam a animalidade com a racionalidade. Assim, os humanos ao entrarem em 
contato com a realidade imediatamente apreendem essa realidade em relação ao 
seu eu, à sua cultura, à sua história. Os homens e mulheres interpretam a realidade 
e semostram nesta interpretação. Aí, eles dizem da realidade e dizem de si mesmo. 
E quando dizem eles nascem como seres pensantes juntamente com aquilo que 
16 
 
 
eles pensam e conhecem. E nessa relação se estrutura o conhecimento humano. À 
medida que esse processo, que é histórico, desenvolve-se, os humanos se afirmam 
à parte dos outros animais e seres. E, assim, as pessoas se conhecem e se 
elaboram. Desse modo o conhecimento é uma forma de estar no mundo. E o 
processo do conhecimento mostra aos homens e mulheres que eles jamais são 
alguma coisa pronta, mas, estão sempre nascendo de novo, quando têm a coragem 
de se mostrarem abertos diante da realidade. 
 Isso mostra que o conhecimento é algo inerente à existência humana e em 
qualquer organização social existem possibilidades de conhecer ou maneiras de 
produzi-lo, pois ele é produzido a partir da atividade social. Não existe produção 
“inata” ou “natural”, toda ela depende da articulação “artificial”, de inúmeros fatores e 
relações concretas. 
 O ser humano, como qualquer vivente, necessita adaptar-se ao meio para 
garantir a sua sobrevivência. Para isso precisa satisfazer desde as suas 
necessidades básicas (alimentação, procriação) até as necessidades criadas pela 
convivência com os outros. O ser humano deve então atuar para dominar e intervir 
na natureza e em sua relação com os outros seres. Dominar e intervir significa saber 
que pode fazer, isto é, significa “produzir” conhecimentos. A produção de 
conhecimentos se dá desde as relações mais simples e empíricas das pessoas com 
a natureza e com o social até suas atividades e práticas mais complexas. Ela é uma 
dimensão da produção real dos homens e mulheres na história. Nesse sentido, 
corresponde à aquisição de consciência. 
 Mas o que vem a ser, em síntese, a consciência? Para Dirce Eleonora Nigro 
Solis (apud HÜHNE, 2002) é o atributo do ser consciente, que no nível das idéias 
significa um conjunto estruturado de conceitos que tem por finalidade dá conta da 
totalidade do real. A consciência representa abstrata e sinteticamente, a nível de 
ideias, a realidade concreta. A consciência distingue-se, portanto, da realidade, ou 
melhor, está situada num outro nível que o do real, sendo, antes, seu produto. Desta 
forma, os homens e mulheres existem em condições reais determinadas e então 
pensam. 
 Neste sentido, o ser humano em uma determinada realidade, desde a mais 
simples à mais complexa forma de vida social elabora conceitos a partir de sua 
forma concreta de vida, o que nos faz, enquanto seres humanos, apresentar 
diversas formas de conhecer e interpretar a realidade. 
17 
 
 
 
1.2 Tipos de conhecimento 
 
É importante salientar que o saber não se adquire por compartimentos 
estanques, conforme uma rígida ordem de sucessão. Se é lícito admitir que a 
evolução da sociedade humana determina mudanças na tipologia do saber, tal 
transformação deve ser vista em termos de predominância de um modo sobre outro, 
nunca como exclusividade. Assim, apenas de forma geral pode-se dizer que a Era 
Antiga se caracterizou pelo predomínio do saber mítico e artístico, enquanto a Era 
Moderna aprimorou o conhecimento filosófico e científico (SALVATORE D’ 
ONOFRIO, 2000). 
 Aqui serão apresentados alguns tipos de conhecimento que expressam 
como os seres humanos em diferentes sociedades e períodos históricos diversos 
interpretaram a sua realidade. Antes disso, pretende-se fazer algumas reflexões 
sobre o conhecimento e/ou a epistemologia dos saberes. É importante destacar que 
“toda experiência social produz e reproduz conhecimento e, ao fazê-lo, pressupõe 
uma ou várias epistemologias. Epistemologia é toda a noção ou ideia, refletida ou 
não, sobre as condições do que conta como conhecimento válido.” (SANTOS & 
MENESES, 2010, p. 15). 
 A humanidade, embora caracterizada pela dinâmica social, pela 
diversidade cultural, pela sociabilidade de grupos e de culturas, tanto produz quanto 
nega e hierarquiza o conhecimento. Santos e Meneses (2010, p. 21) mostram que 
há na sociedade contemporânea, uma epistemologia dominante. O que de fato 
significa isso?: 
 
(Esta) epistemologia dominante é, de fato, uma epistemologia contextual 
que assenta numa dupla diferença: a diferença cultural do mundo moderno 
cristão ocidental e a diferença política do colonialismo e capitalismo – 
intervenção epistemológica força da intervenção econômica, política do 
colonialismo capitalista aos povos e culturas não-ocidentais e não-cristãos. 
 
Assim, quanto mais avançada ou mais moderna, mais complexa e mais 
desigual e injusta é a sociedade. Produz-se, acumula-se e nega-se riquezas 
materiais e intelectuais independentemente das riquezas culturais produzidas por 
todas as sociedades. Um dos mais graves problemas da vida em sociedade é o 
desrespeito às diferenças, a intolerância entre pessoas, o etnocentrismo cultural. 
[T4] Comentário: Etnocentrismo: 
Tendência do pensamento a considerar as 
categorias, normas e valores da própria 
sociedade ou cultura como parâmetro 
aplicável a todas as demais. 
Fonte: Dicionário Aurélio. 
18 
 
 
Estabelece-se o grau de validade do conhecimento dos grupos e das organizações 
sociais. O reconhecimento da diversidade epistemológica tem lugar, tanto no interior 
da ciência como na relação entre ciência e outros tipos de conhecimentos; 
(SANTOS E MENESES, 2010, p. 18/19), pois a epistemologia também pode ser 
definida como: 
um conjunto de conhecimentos que têm por objeto o conhecimento 
científico visando a explicar os seus condicionamentos (sejam eles técnicos, 
históricos, ou sociais, sejam lógicos, matemáticos, ou linguísticos), 
sistematizar as suas relações, esclarecer os seus vínculos, e avaliar os 
seus resultados e aplicações (FERREIRA, 2009, p. 774); 
 
Para Santos e Meneses (2010) nos dois últimos séculos, dominou uma 
epistemologia que eliminou da reflexão epistemológica o contexto cultural e político 
da produção e reprodução do conhecimento. O referido autor levanta uma 
problemática instigante: quais foram as consequências disso? São hoje possíveis 
outras epistemologias? Além do colonialismo no mundo ocorrer em relação a outros 
aspectos, ocorre uma dominação epistemológica. 
Santos e Meneses (2010, p. 19) fazem uma demarcação geográfica e uma 
contextualização do que eles chamam de Epistemologias do Sul – os saberes e 
práticas que compreendem o conjunto de países e regiões do mundo que foram 
submetidos ao colonialismo europeu, com exceções como, por exemplo, da 
Austrália e da Nova Zelândia, aqueles que não atingiram níveis de desenvolvimento 
semelhantes ao do Norte Global (Europa e América do Norte). Eles afirmam que a 
sobreposição não é total porque há pequenas europas no Sul e dominação 
capitalista e colonial de muitos grupos no interior do Norte geográfico. Mas os 
autores comungam dos objetivos das epistemologias do sul, pois a quase totalidade 
deles provém do Sul geográfico. 
A epistemologia do conhecimento científico enquanto paradigma dominante 
provoca uma reflexão sobre o papel e a validade da ciência ocidental em detrimento 
das epistemologias do sul. 
 
O importante numa avaliação histórica do papel da ciência é ter presente 
que os juízos epistemológicos sobre a ciência não podem ser feitos sem 
tomar em conta a institucionalidade que se constituiu com base nela. A 
epistemologia que conferiu à ciência a exclusividade do conhecimento 
válido traduziu-se num vasto aparato institucional – universidades, centros 
de pesquisa, sistema de peritos, pareceres técnico – e foi ele que tornou 
mais difícil ou mesmo impossível o diálogo entre a ciência e os outros 
saberes. (SANTOS e MENESES, 2010, p. 17). 
19 
 
 
 
Os autores enfatizam a necessidade de reconhecimento de outras 
epistemologias, especialmente as Epistemologias do Sul definidas por eles como “a 
diversidade epistemológica do mundo”; metaforicamente, um campo de desafiosepistêmicos que procuram reparar os danos e impactos historicamente causados 
pelo capitalismo na sua relação colonial com o mundo. É o conjunto de intervenções 
epistemológicas que denunciam essa supressão, valorizam os saberes que 
resistiram com êxito e investigam as condições de um diálogo horizontal entre 
conhecimentos, o que eles denominam de ecologias de saberes (SANTOS e 
MENEZES, 2010). 
Compartilhando desse propósito, serão apresentados outros tipos de 
conhecimentos no sentido de mostrar que todos os saberes de todas as culturas 
humanas são significativos, possuem validade, são relevantes para um determinado 
grupo social. 
 
CONHECIMENTO MÍTICO 
 
O conhecimento mítico se manifesta através de uma narrativa de 
significação simbólica, geralmente ligada à cosmologia e relativa a deuses 
encarnadores das forças da natureza e/ou de aspectos da condição humana; é 
representação de fatos ou personagens reais, exagerados pela imaginação popular, 
pela tradição, etc. Idéia falsa correspondente na realidade; imagem simplificada, não 
raro ilusória, da pessoa ou de acontecimento, elaborada ou aceita pelos grupos 
humanos, e que tem significativo papel em seu comportamento; coisa inacreditável; 
irreal, utopia; 
O ser humano, desde que descobriu sua faculdade cognitiva, buscou uma 
resposta para suas dúvidas existenciais, querendo saber sobre a origem do universo 
e de si próprio, sobre o porquê do sofrimento e da morte. A religiosidade é um 
exemplo de manifestação do conhecimento mítico. Considerando a palavra religião 
em seu significado etimológico, implica a crença de uma “ligação” entre o mundo 
natural, visível e um pressuposto mundo sobrenatural, invisível. É muito difícil 
encontrar um agrupamento humano, primitivo ou civilizado, que não acredite numa 
força misteriosa, considerada criadora do universo, a que se deve prestar culto. O 
20 
 
 
tipo de religião varia conforme as sociedades e as épocas. Politeísmo, Monoteísmo 
e Panteísmo são os macrogêneros que agrupam uma infinidade de crenças. 
 
CONHECIMENTO EMPÍRICO 
 
Do grego empeirikós, é o tipo de conhecimento proveniente apenas da 
experiência do dia-a-dia, da observação dos fenômenos da natureza, das sensações 
que o contato com o mundo exterior estimula nas pessoas. Originário do senso 
comum constitui um conjunto de opiniões tão geralmente aceitas em época 
determinada que as opiniões contrárias aparecem como aberrações individuais. 
 
CONHECIMENTO FILOSÓFICO 
 
Para D’ Onofrio (2000) o conhecimento filosófico origina-se do grego Philo 
(amante) e Sophia (sabedoria), a filosofia tenta suplantar o princípio da autoridade, 
sustentáculo próprio do saber teológico, pela razão ou pensamento reflexivo. 
Filósofo, portanto, conforme o sentido etimológico é o homem que ama o saber no 
sentido geral, aquele que procura respostas para os questionamentos fundamentais 
da existência, não por meio da crença numa revelação transcendental, mas 
mediante o raciocínio lógico. 
 
De onde se originou o cosmos? Existe outra vida após a morte? Matéria e 
espírito são inseparáveis? Além da aparência, existe uma essência das 
coisas? O que é a consciência, a razão, a verdade? Qual é o fundamento 
do sentimento ético? A felicidade reside no exercício do livre arbítrio, 
satisfazendo os instintos individuais, ou na observância dos preceitos 
sociais? (D’ ONOFRIO, 2000, P. 14). 
 
 
O conhecimento filosófico é o estudo realizado com a intenção de ampliar 
incessantemente a compreensão da realidade, no sentido de apreendê-la na sua 
inteireza, é a razão, sabedoria. 
 
CONHECIMENTO ARTÍSTICO 
 
A arte é uma forma de conhecimento da realidade, como a Filosofia e todas 
as ciências. Admirar um tempo ou um quadro, ler um poema ou um romance, assistir 
21 
 
 
um filme ou uma peça teatral, ouvir uma sinfonia ou uma canção, tudo isso importa 
em captar uma parcela de sentido do mundo que cada obra de arte tem dentro de si. 
Alcançar um saber é a finalidade primordial de qualquer atividade humana. 
O que diferencia a aprendizagem científica da artística, é apenas o meio 
utilizado: enquanto os vários tipos de conhecimento científico (educacional, 
matemático, físico, químico, biológico, jurídico, etc.) se servem da observação e da 
comprovação, as várias formas de artes (literatura, pintura, cinema, teatro etc.) têm 
como meio de expressão a fantasia, a imaginação. O que irmana todas as artes é o 
recurso à ficção. Ficcional, cognato de fictício, pode significar inexistente, falso, 
mentiroso, além de imaginário, fantasioso. A arte seria, portanto, uma bela mentira, 
tanto que Fernando Pessoa, usando a figura do paradoxo, peculiar de seu estilo, 
chama o poeta de “fingidor” no poema “Autopsicografia” de seu cancioneiro. 
 
CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
 
O conhecimento científico é o saber sistematizado, escolar, acadêmico 
produto da ciência. A Ciência constitui um conjunto organizado de conhecimentos 
sobre um determinado objeto, em especial obtidos mediante a observação, a 
experiência dos fatos e um método próprio. Soma de conhecimentos práticos que 
servem a um determinado fim. Processo pelo qual o ser humano se relaciona com a 
natureza visando dominá-la em seu benefício 
O étimo latino scientia (ciência, saber) deu origem a vários cognatos na 
língua portuguesa: ciente, discente, docente, cientista, científico, cientificar, 
cientismo. Num sentido amplo, portanto, a palavra ciência diz respeito a qualquer 
tipo de saber. Por isso, fala-se de ciências físicas, biológicas, humanas, sociais etc. 
Na Antiguidade Greco-romana não havia muita distinção entre as várias atividades 
do espírito: era chamado de “sábio” aquele que sabia das coisas. Assim, por 
exemplo, Aristóteles, além de tratar de filosofia, escreveu obras sobre poética, 
estética, ética, política, retórica, física, astronomia, zoologia. Ainda na Renascença, 
é encontrável o homem com um saber enciclopédico. Haja vista Leonardo da Vinci 
(1452-1519) que, além do artista imortal da cultura, foi também poeta, arquiteto, 
escultor, engenheiro, cartográfico, geólogo, botânico, físico, tendo inventado 
maquinarias que o tornaram precursor da aviação, da hidráulica, da óptica, da 
acústica. 
22 
 
 
 Num sentido estrito, o termo científico relaciona-se ao estudo da natureza 
física, visando à compreensão de seus fenômenos, a sua classificação e à 
denominação dela por parte do homem e em seu benefício, usando métodos 
rigorosos de investigação. O conhecimento científico pretende suplantar, quer o 
princípio da autoridade, próprio do saber religioso, quer o pensamento abstrato que 
se serve apenas da razão, peculiar do saber filosófico, na tentativa de alcançar a 
distinção entre o verdadeiro e o falso por meio de uma comprovação irrefutável. 
 
1.3 Ciência: aspectos conceituais e metodológicos 
 
 Aqui apresenta-se diversos conceitos de ciência no sentido de aprofundar 
mais sobre o que significa a verdade científica tendo em vista que cada concepção 
está relacionada à uma corrente do conhecimento científico. No entanto, o saber 
científico não se constitui em verdade absoluta. Como explica Hilton Japiassu (2006, 
apud HÜHNE, 2002, p. 32): 
 
do ponto de vista epistemológico, nenhum ramo do saber possui a verdade. 
Esta não se deixa aprisionar por nenhuma construção intelectual. Uma 
verdade possuída não passa de um mito, de uma ilusão ou de um saber 
mumificado. Face à verdade, devemos padecer de profunda insegurança. É 
preciso que morra a ilusão do porto seguro. [...] Ao invés de vivermos das 
evidências e das teorias certas, como se fôssemos proprietários da 
verdade, precisamos viver de aproximações da certeza e da verdade. 
Porque somos seus pesquisadores e não seus defensores. A este respeito 
torna-se imprescindível uma opção crítica. Esta só pode surgir da incerteza 
das teorias estudadas. [...] Aqui se trata apenas de revelar os limites do 
conhecimento, nunca denegar sua possibilidade. 
 
Marconi e Lakatos (2010) apresentam diversos conceitos de ciência que 
contribuem para compreender como se constitui este campo de conhecimento na 
visão de outros pesquisadores. As autoras acima referidas apresentam alguns 
conceitos semelhantes, mas mostram divergências entre outros. Um exemplo de 
concepções divergentes por elas apresentada é a seguinte “ciência é a atividade 
que se propõe a demonstrar a verdade dos fatos experimentais e suas aplicações 
práticas” em relação a afirmação de que a ciência “caracteriza-se pelo conhecimento 
racional, sistemático, exato, verificável e, por conseguinte, falível”. Considerando o 
termo “falível” apresentado neste último conceito pode-se afirmar a divergência em 
relação à “verdade dos tatos” no primeiro conceito. No entanto, a maioria dos 
conceitos apresentados, não só neste manual, mas em outros estudos de 
23 
 
 
metodologia do trabalho científico apresentam significados semelhantes, como 
exemplo dos que são apresentados a seguir pelas autoras acima citadas: 
 
Conhecimento sistemático dos fenômenos da natureza e das leis que o 
regem, obtido pela investigação, pelo raciocínio e pela experimentação 
intensiva; Conjunto de enunciados lógica e dedutivamente justificados por 
outros enunciados; Conjunto orgânico de conclusões certas e gerais, 
metodicamente demonstradas e relacionadas com objeto determinado; 
Corpo de conhecimentos consistindo em percepções, experiências, fatos 
certos e seguros. Estudo de problemas solúveis, mediante método 
científico. Forma sistematicamente organizada de pensamento objetivo (P. 
21) 
 
Considera-se mais precisa a definição de que “a ciência é todo um conjunto 
de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto 
limitado, capaz de ser submetido à verificação” (TRUJILLO 1974, p. 8 apud 
MARCONI & LAKATOS, 2010, P. 21). 
Um conceito mais abrangente e que integraria divergências e convergências 
teóricas sobre a ciência seria o de que “a ciência é um conjunto de conhecimentos 
racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente sistematizados e verificáveis, 
que fazem referência a objetos de uma mesma natureza” (ANDER-EGG, 1975, p. 15 
apud MARCONI & LAKATOS, 2010, P. 21) 
 Para facilitar a compreensão de tais conceitos explica-se algumas das 
categorias principais que compõem cada um deles: 
 
Conhecimento racional – que tem exigências de método e está constituído 
por uma série de elementos básicos, tais como sistema conceitual, 
hipóteses, definições; diferencia-se das sensações ou imagens que se 
refletem em um estado de ânimo, como o conhecimento poético, e da 
compreensão. Certo ou provável – já que não se pode atribuir à ciência a 
certeza indiscutível de todo o saber que a compõe. Ao lado dos 
conhecimentos certos, é grande a quantidade dos prováveis. Antes de tudo, 
toda lei indutiva é meramente provável, por mais elevada que seja sua 
probabilidade; Obtidos metodicamente – pois não se os adquire ao acaso 
ou na vida cotidiana, mais mediante regras lógicas e procedimentos 
técnicos; Sistematizadores – não se tratam de conhecimentos dispersos e 
desconexos, mas de um saber ordenado logicamente, constituindo um 
sistema de idéias (teoria); Verificáveis – Pelo fato de que as afirmações 
que não podem ser comprovadas ou que não passam pelo exame de 
experiência, não fazem parte do âmbito da ciência, que necessita, para 
incorporá-las, de afirmações comprovadas pela observação; Relativos a 
objetos de uma mesma natureza – objetos pertencentes a determinada 
realidade, que guardam entre si certos caracteres de homogeneidade 
(MARCONI & LAKATOS, 2010, P. 22 – grifo nosso). 
 
24 
 
 
Agenor Martins (2013, p. 23), ao reconstruir o conceito de ciência do filósofo 
Immanuel Kant afirma que “ciência, ao contrário da abordagem positivista, deve ser 
a ‘organização do conhecer’, ou seja: a organização do processo, de nome 
conhecer, em vez de ‘organização do conhecimento’ ou do produto, de nome 
conhecimento”, como afirmara Kant. Martins apresenta uma Nova Ciência como 
ponte para o trans-humano, o que seria: 
 
O estágio superior do fazer das ciências em domínio de fronteiras do saber 
humano – ora em construção. Estas novas ciências não apenas descobrem, 
mas são impactadas pela complexidade das realidades do mundo. O 
objetivo das novas ciências é construir esse saber que computa a 
complexidade inerente à tessitura das realidades e de modo a integrar 
diferentes saberes, para além da interdisciplinaridade, rumo à 
transdisciplinaridade. 
 
 Qualquer definição de ciência é conseqüência de um modelo de produção 
do conhecimento científico. Neste sentido os conceitos estão relacionados ao 
método que significa o modo como se faz ciência. Para isso é necessário apresentar 
o conceito de método científico, pois é o método que ajuda a compreender o 
processo de investigação. Entre outros conceitos apresentados neste texto, método 
significa “um conjunto de processos mediante os quais se torna possível chegar ao 
conhecimento de algo”, trata-se de um conjunto de processos que o espírito humano 
deve empregar na investigação e demonstração da verdade” (CERVO; BERVIAN, 
1996 apud SOARES, 2003, P. 14). 
Para Hegenberg (1976:II, p. 115) “método é o caminho pelo qual se chega a 
determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido fixado de antemão 
de modo refletido e deliberado. Marconi e Lakatos (2010) ressaltam que método é 
uma forma de selecionar técnicas, forma de avaliar alternativas para ação científica. 
Assim, enquanto as técnicas utilizadas por um cientista são frutos de suas decisões, 
o modo pelo qual tais decisões são tomadas depende de suas regras de decisão. 
Métodos são regras de escolhas; técnicas são as próprias escolhas 
Reserva-se a palavra método para significar o traçado das etapas 
fundamentais da pesquisa, enquanto a palavra técnica significa os diversos 
procedimentos ou a utilização de diversos recursos peculiares a cada objeto de 
pesquisa, dentro das diversas etapas do método. Pode-se afirmar que técnica é a 
instrumentação específica da ação, e que o método é mais geral, mais amplo, 
menos específico. Por isso, dentro das linhas gerais e estáveis do método, as 
[T5] Comentário: Positivismo: 1. 
Sistema filosófico que, banindo a metafísica 
e o sobrenatural, se funda na consideração 
do que é material e evidente. 
Fonte: Dicionário Aurélio. 
 
Positivismo: Teoria que confina o 
conhecimento genuíno aos limites da 
ciência e da observação. 
Fonte: Enciclopédia Universal. 
25 
 
 
técnicas variam muito e se alteram e progridem de acordo com o progresso 
tecnológico, naturalmente. Como já foi explicitado, não há modelo de ciência, e 
conseqüentemente de método científico pronto e acabado, pois depende da 
concepção ou da corrente de pensamento. Grande parte das experiências de 
pesquisa é proveniente ou influenciada pelo método dedutivo e método indutivo. 
Os aspectos relevantes dos métodos indutivo e dedutivos são divergentes. O 
primeiro parte da observação de alguns fenômenos de determinada classe para 
“todos” daquela mesma classe, ao passo que o segundo parte de generalizações 
aceitas, do todo, de leis abrangentes, para casos concretos, partes da classe que já 
se encontram na generalização. 
“O pensamento é dedutivo quando, a partir de enunciados mais gerais 
dispostos ordenadamente como premissas de um raciocínio, chega-se a uma 
conclusão particular ou menos geral”. Já o método indutivo “é um processo de 
raciocínio inverso ao processo dedutivo. Enquanto a dedução parte de enunciados 
mais gerais para chegar a conclusão particular ou menos geral, a indução caminha 
do registro de fatos singulares ou menos gerais para chegar a conclusão 
desdobrada ou ampliada em enunciado mais geral” (RUIZ, 2008, p. 138/139). 
 Tem-se assim, duas escolas em confronto: empirismo versos racionalismo. As 
duas admitem a possibilidadede alcançar a verdade manifesta, só que as fontes do 
conhecimento, os pontos de partida de uma e de outra escola são opostos. Para o 
empirismo, são os sentidos, a verdade da natureza, livro aberto em que todos 
podem ler. Para o racionalismo, a veracidade de Deus que não pode enganar e que 
deu ao seu humano a intuição é a razão. Em resumo tem o conhecimento sua 
origem nos fatos ou na razão? Na observação ou em teorias e hipóteses? 
 Quanto ao ponto de chegada, ambas as escolas estão concordes: tem como 
base a formulação de leis ou sistemas de leis para descrever, explicar e prever a 
realidade. Assim, a discussão versa sobre o ponto de partida e o caminho a seguir 
para alcançar o conhecimento. 
 Concluindo, a indução afirma que em primeiro lugar vem a observação dos 
fatos particulares e depois as hipóteses a confirmar, a dedução, como pode ser 
observado no método hipotético-dedutivo, defende o aparecimento em primeiro 
lugar, do problema e da conjectura que serão testados pela observação e 
experimentação. Há, portanto, uma inversão de procedimentos. 
26 
 
 
Cada ciência particular ocupa-se de analisar um só campo da realidade. Em 
outras palavras, cada disciplina científica especializa-se na análise de um só setor 
do universo com a finalidade de entender a fundo os elementos e as relações que o 
constroem e que determinam seu comportamento e desenvolvimento. 
 Para tal fim utiliza o método científico, múltiplas técnicas particulares e um 
léxico ou vocabulário especial. Aprender sobre uma ciência significa, portanto, não 
somente aprender o uso do método científico e de suas técnicas particulares, mas 
também a linguagem ou discurso específico de conceitos e conhecimentos que 
emprega (HEINZ DIETERICH, 1999) 
 Assim, é fundamental a identificação das principais correntes de 
pensamento que dão origem ao conhecimento científico produzido na atualidade, o 
que significa identificar, conceituar e caracterizar a epistemologia da pesquisa e do 
trabalho científico, pois o desenvolvimento de um estudo está sempre inserido em 
um paradigma científico através do qual é possível proceder a um processo 
investigatório. 
 Como já foi abordada neste capítulo, a prática investigativa na academia 
científica segue a perspectivas teóricas que estão inseridas em abordagens da 
ciência ou matrizes paradigmáticas fazendo com que os/as pesquisadores/ras se 
situem epistemologicamente com seus quadros teórico-conceituais e seus 
respectivos métodos de estudo. No entanto, as tendências vão sendo questionadas, 
pois deixam de satisfazer os anseios da comunidade acadêmica em relação à 
resolução dos problemas levantados por seus seguidores ou pelos críticos 
oponentes ao método em questão. Entre as abordagens da ciência mais criticadas 
pela academia, está o positivismo, pois, além de ainda manter um forte domínio 
sobre a produção do conhecimento científico, contribuiu, tanto para hierarquizá-lo 
quanto para negá-lo estabelecendo níveis e graus acadêmicos. 
Faz-se uma indagação: o modelo de escola, de academia, o modelo de 
ciência que colonializa nações e grupos sociais atende às demandas de 
desenvolvimento humano na sociedade global em que se vive? Por que desvaloriza-
se e até desconhece-se outras epistemologias? Sabe-se que socializar o saber é 
competência acadêmica, escolar, é dever e função social para estender e 
compartilhar um patrimônio que pertence a todo o conjunto da sociedade. É 
necessário reconhecer as diversas epistemologias, aquelas de todas as regiões do 
globo, de todo o mundo e de toda a humanidade. 
27 
 
 
Embora o conhecimento seja produzido de diversas formas e todas elas 
produzam significados para aqueles que o constroem, a humanidade o caracteriza e 
hierarquiza estabelecendo o grau e a validade do mesmo marginalizando os saberes 
das pessoas, o que significa um comportamento intencional e político em função do 
poder econômico e da manutenção do modo de produção capitalista. 
Conclui-se que, para além do paradigma científico dominante, defende-se 
uma proposta de investigação crítica, que reconheça a história e a cultura das 
pessoas envolvidas e que desenvolva uma ciência voltada para a emancipação 
humana. 
 
1.4 Atividades 
 
ATIVIDADE 1 – Produzir um resumo do capítulo 2 do livro “Manual de metodologia 
da pesquisa científica” de Hortência de Abreu Gonçalves. 
 
Veja exemplo de como fazer o resumo... 
 
 
GONÇALVES, Hortência de Abreu. Manual de metodologia da pesquisa 
científica. São Paulo: Avercamp, 2005, 142 p. 
 
 
O texto de Gonçalves (2005) faz a conceituação e caracterização da 
ciência e do método científico apresentando suas diversas concepções ao longo da 
história da produção do conhecimento. Uma delas reproduzida por Trujillo (1994) é 
de que ciência é todo um conjunto de atividades racionais capazes de serem 
submetidas à verificação. 
Neste sentido mostra que a ciência moderna nasceu na Renascença e 
por exigência da nova sociedade mercantilista adquire novos métodos e 
características tais como: conhecimento pelas causas; profundidade e generalidade 
de suas conclusões; finalidade teórica e prática; método e controle; exatidão, 
aspecto social, etc. É uma nova concepção que possibilita a construção do 
conhecimento pautado na objetividade, a busca de evidências, espírito indagador 
[...] (REY, 1998 & RUIZ, 2002 apud GONÇALVES, 2005, P. 19) 
Para Gonçalves (2005) é o espírito científico que deve proporcionar ao 
pesquisador o desejo de conhecer os fenômenos e o mundo em que vive guiando-o 
28 
 
 
com indagações fundamentais: o que, por que, para que, como e onde pesquisar, 
pois são estas perguntas que caracterizam o fazer científico possibilitando o estudo 
da realidade. 
 
Obs.: Nestes três parágrafos resumiu-se seis páginas do texto (página 15-21) 
 
 
ATIVIDADE 2 – Produzir uma síntese do capítulo 2 deste livro. Para esta atividade 
considere a orientação abaixo: 
 
O que é síntese? 
Sintetizar significa: condensar, encurtar, reduzir, resumir, sumariar, tornar 
sintético. A síntese de um texto se baseia no levantamento e exposição, em geral 
em bloco único, das suas idéias principais. 
 
ETAPAS 
1) Leia rapidamente o todo o texto; 
2) Enquanto lê o texto procure responder à pergunta: De que trata o texto? 
3) A resposta à pergunta acima será o tema / assunto abordado no texto; 
4) Releia o texto e sublinhe, a lápis, as suas ideias principais e detalhes mais 
importantes; 
5) Identifique e anote as palavras que ofereçam dificuldades de compreensão do 
significado e/ou aquelas menos comuns diante do seu domínio vocabular e 
pesquise no dicionário e/ou enciclopédia o significado etimológico e 
contextual; 
6) Faça um esquema da síntese em que conste: 
A) Tema: resposta à primeira pergunta feita quando procedida a primeira 
leitura do texto; 
B) Idéias básicas: aquelas sublinhadas durante a segunda leitura do texto; 
C) Conclusão 
7) Sintetize, com suas palavras, em parágrafo único, as idéias do esquema; 
8) Releia, revise e passe a limpo sua síntese. 
 
Obs.: Elaborar, passo a passo, a síntese do texto indicado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
UNIDADE 2 
 
EPISTEMOLOGIA DA PESQUISA E DO TRABALHO CIENTÍFICO 
 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Ao finalizar esta Unidade, o/a aluno/a deverá ser capaz de: 
 
 Analisar as principais teorias e correntes de pensamento que orientam a 
prática de pesquisa; 
 Compreender os conceitos ou significados de método e técnica da pesquisa 
estabelecendo a relação dos mesmos com as abordagens da ciência; 
 Conhecer e abordagem qualitativa da pesquisa social discutindo a 
epistemologia do conhecimento científico e os principais tipos, métodos e 
técnicas de pesquisa; 
 Elaborar e desenvolver projetos de pesquisa fazendo a adequada inserção de 
sua ideia de pesquisa em um quadro teórico específico que lhe sirva de apoio 
no estudo de fenômenoseducacionais e ou sociais; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
CAPÍTULO 2 
 
2 EPISTEMOLOGIA DA PESQUISA E DO TRABALHO CIENTÍFICO 
 
2.1 A pesquisa científica 
 
A pesquisa científica surge a partir de fatos e fenômenos que acontecem na 
realidade, independentemente de haver ou não quem os conheça, mas, quando 
existe um observador, a percepção que ele tem do fato é que se chama fenômeno, 
podendo inclusive ser observado de variadas formas dependendo da concepção de 
ciência do/a pesquisador/a. 
Sabe-se que todo/a pesquisador/a ao desenvolver uma pesquisa o faz 
orientado/a por uma concepção de ciência situando ou adotando uma abordagem 
científica ou uma matriz paradigmática. Trata-se de uma perspectiva teórica ou 
paradigma científico com base no qual ele ou ela identifica e escolhe seu referencial, 
seu método e procede na investigação. No campo científico paradigma é um modelo 
ou padrão a ser seguido, um conhecimento que sirva de base para um estudo com 
métodos e valores de uma determinada abordagem da ciência. 
Aqui serão apresentadas algumas concepções de paradigma para 
compreender melhor o que ele significa em um processo de investigação científica. 
De acordo com Kuhn (1970 apud GONÇALVES, 2005, p. 33), o paradigma “é uma 
espécie de teoria formada por leis, conceitos, modelos, analogias, valores e regras 
para a avaliação de teorias e a formulação de problemas [...]”. 
O conceito clássico de paradigma definido por Kuhn (1986, p. 3) como um 
“conjunto de realizações científicas universalmente reconhecidas, que durante certo 
tempo proporcionaram modelos de problemas e soluções a uma comunidade 
científica” pode ser complementado pelo conceito de Alvira (1974 apud ESTEBAN, 
2010, p. 6) como sendo “um conjunto de crenças e atitudes, visão do mundo 
compartilhada por um grupo de cientistas, que envolve, especificamente, uma 
metodologia determinada”. 
O paradigma científico deve orientar a pesquisa científica por área de 
conhecimento, como o exemplo do campo da educação e de outras áreas, o que 
significa especificar ou objetivar mais a prática dos seus seguidores. É o que mostra 
[T6] Comentário: Analogia: 1. Ponto 
de semelhança entre coisas diferentes. 2. 
Semelhança, similitude, parecença. 3. Filos. 
Identidade de relações entre os termos de 
dois ou mais pares. 
Fonte: Dicionário Aurélio. 
31 
 
 
De Miguel (1988 apud ESTEBAN, 2010, p. 28) afirmando que paradigma 
educacional é. 
 
Um ponto de vista ou modo de ver, analisar e interpretar os processos 
educacionais dos membros de uma comunidade científica que se 
caracteriza pelo fato de que tanto cientistas quanto práticos compartilham 
um conjunto de valores, postulados, fins, normas, linguagens, crenças e 
formas de perceber e compreender os processos educacionais. 
 
Em outra definição Esteban (2010) mostra que o paradigma é a unidade 
mais geral de consenso dentro de uma ciência e serve para diferenciar uma 
comunidade científica de outra. Entre diversos conceitos apresentados no campo 
científico toma-se como exemplo mais apropriado as definições apresentadas por 
Esteban (2010), pois ao apresentá-lo de forma generalizada ou direcioná-lo à 
educação, possibilita ao leitor a compreensão e a percepção do significado de 
paradigma científico na prática investigativa. 
É importante ressaltar que a matriz paradigmática não pode estabelecer uma 
fronteira sem que, estando em um campo teórico, não seja possível trilhar por outras 
abordagens. Além disso, aconselha-se que o conhecimento científico não seja visto 
de forma isolada dentro de uma abordagem da ciência absolutamente superior às 
demais ou a outros tipos de conhecimento. Tais reflexões foram feitas, sem, no 
entanto, desconsiderar a importância de outros paradigmas, de outras abordagens 
ou de outros tipos de conhecimento que não foi possível contemplar aqui. 
Fazer ciência exige o conhecimento de uma teoria, de um método, de uma 
metodologia ou caminho pelo qual se deve trilhar em uma pesquisa. Os principais 
modelos de produção do conhecimento através dos quais se ramificam as diversas 
correntes e métodos científicos são: o positivismo, a fenomenologia, o materialismo 
histórico dialético e as teorias pós-críticas os quais serão caracterizados a seguir. 
Considerando e conhecendo tais perspectivas, pode-se realizar um estudo 
com a orientação ou fundamentado teórico e metodologicamente em qualquer uma 
das abordagens acima ou fazendo a interdisciplinaridade entre campos diversos. 
 
POSITIVISMO 
 
O positivismo é uma corrente filosófica que surgiu na França no começo do 
século XIX tendo como principais idealizadores os pensadores Augusto Comte e 
32 
 
 
John Stuart Mill. Esta escola filosófica ganhou força na Europa na segunda metade 
do século XIX e começo do século XX, período em que chegou ao Brasil. 
O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única 
forma de conhecimento verdadeiro. De acordo com os positivistas uma teoria só é 
correta se ela foi comprovada através de métodos científicos válidos. Os positivistas 
não consideram os conhecimentos ligados às crenças, superstições ou qualquer 
outro que não possa ser comprovado cientificamente. Para eles, o progresso da 
humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos (ARAÚJO, 2010). 
Considerando a origem etimológica do termo, “positivo” significa o que 
existe, que é real, palpável, concreto, factual. O positivismo constitui a corrente 
filosófica que ainda atualmente mantém o domínio intelectual no seio das Ciências 
Sociais e também em outras áreas ou campos do conhecimento científico. As teses 
básicas do positivismo podem ser assim resumidas: (1) A realidade se constrói 
essencialmente naquilo que nossos sentidos podem perceber; (2) As Ciências 
Sociais e as Ciências Naturais compartilham de um mesmo fundamento lógico e 
metodológico, elas se distinguem apenas no objeto de estudo; (3) Existe uma 
distinção fundamental entre fato e valor: a Ciência se ocupa do fato e deve buscar 
se livrar do valor. 
 A hipótese central do positivismo sociológico é de que a sociedade humana 
é regulada por leis naturais que atingem o funcionamento da vida social, econômica, 
política e cultural de seus membros. Portanto, as ciências sociais, para analisar 
determinado grupo ou comunidade tem que descobrir as leis invariáveis 
independente de seu funcionamento. 
 Daí decorre que os métodos e técnicas utilizados para se conhecer uma 
sociedade ou um determinado seguimento dela são da mesma natureza que os 
empregados nas ciências naturais. E ainda mais, da mesma forma que as ciências 
naturais propugnam um conhecimento objetivo, neutro, livre do juízo de valor, de 
implicações político-sociais (o que se pode colocar também em questão no debate 
aberto a respeito dessas ciências) também as ciências sociais devem buscar para a 
sua cientificidade, este “conhecimento objetivo”. Noutras palavras o cientista social 
deve se comportar frente a seu objetivo de estudo – a sociedade, qualquer 
seguimento ou setor dela – livre de juízo de valor, tentando neutralizar para 
conseguir objetividade na sua própria visão de mundo. Na prática, a postura 
positivista advoga uma ciência social desvinculada da posição de classe, dos 
[T7] Comentário: Factual: Relativo a, 
ou que se baseia em fatos. 
Fonte: Dicionário Aurélio. 
33 
 
 
valores morais e das posições políticas dos cientistas, e acredita nisso. Denomina-
se “pré-juízo”, “pré-conceito”, “pré-noções” ao conjunto de valores e opções político-
ideológico do pesquisador, limites a serem transpostos para que ele faça ciência 
(DURKHEIM: 1978, p. 46). 
Segundo Esteban (2010, p. 8) 
 
A forte tese kuhniana postula que as noções positivistas de conhecimento, 
objetividade e verdade, apresentam um modelo de pesquisa que não se 
ajusta à realidade histórica da ciência e por isso são irrelevantes e semrealismo. Com Kuhn foram substituídos os modelos de explicação lógicos 
pelos sócio-históricos, abandonou-se a velha ideia da verdade como 
correspondência e reflexo de uma realidade estável e mecânica, e foi 
superada a visão linear e cumulativa do progresso do conhecimento 
científico. O saber científico não é mais transcendental, isto é, anistórico, 
abstrato e absoluto, mas histórico, relativo e dependente de contexto. 
 
Augusto Comte que nasceu em Montpellier em 1798 e morreu em Paris em 
1857, filósofo francês da Física social e do Positivismo é considerado o pai do 
Positivismo, sofreu várias influências das Ciências Naturais. Para ele o pensamento 
humano caminha para o progresso. O ser humano é superior quando ele encontra a 
razão. Cria a Lei dos três estados (ideia chave do positivismo) na qual o 
entendimento humano passou e passa por três estágios em suas concepções, isto 
é, na forma de conceber as suas ideias e a realidade. Que são: o teológico, o 
metafísico e o positivo. Cria o curso de Filosofia positiva em 1842, tenta criar uma 
ciência que dê conta da vida humana, caminhando para o campo da sociologia. Seu 
pensamento sofreu fortes influências das práticas sociais da época, como por 
exemplo, a Revolução Francesa (ARAÚJO, 2010; TRIVIÑOS, 1987). 
A crise social e política (que é a nova ordem econômica), gera o capitalismo 
influenciado também pela Revolução Industrial. O iluminismo e as modificações que 
gerou nas formas de pensamento, na forma de conhecer a natureza e a cultura. A 
crítica à religião motivou o desenvolvimento da Ciência como maneira de pensar; um 
novo olhar sobre os fenômenos sociais. O Neopositivismo surge após reações 
antipositivistas se desmembrando em fases como o positivismo lógico, o atomismo 
lógico, a filosofia analítica, o behaviorismo metodológico e o pragmatismo. 
Sofreu críticas mundiais das ciências sociais a partir dos neomaxistas e 
fenomenologistas em virtude de ter se distanciado das necessidades buscadas. O 
positivismo apresenta algumas características, dentre estas o Legalismo, o 
Empirismo e o Pragmatismo. Sofreu várias críticas dentre estas, o monismo 
34 
 
 
metodológico, a explicação causal, a objetividade e independência do sujeito e 
objeto e a neutralidade axiológica, ou seja, uma ausência de valores. 
É importante ressaltar que ainda se tem uma postura muito positivista em 
relação às concepções de pesquisa e às práticas de produção de conhecimento, o 
que torna muitas pessoas defensoras e propagadoras de epistemologias que 
historicamente dominam, uniformizam e monopolizam o método e o conteúdo do 
saber. 
 
FENOMENOLOGIA 
 
 Fenomenologia foi um termo criado no século XVIII pelo filósofo J. H. 
Lambert (1728-1777), designando o estudo puramente descritivo do “fenômeno tal 
qual este se apresenta à experiência do individuo. Hegel empregou o termo em sua 
fenomenologia do espírito (1807) para designar o que denominou de ciência da 
experiência da consciência”, ou seja, o exame do processo dialético de constituição 
da consciência desde o seu nível mais básico, o sensível, até as formas mais 
elaboradas da consciência de si, que levariam finalmente à apreensão do absoluto. 
Como corrente filosófica a fenomenologia foi fundada por Emanuel Husserl 
(1859 – 1938), visando estabelecer um método de fundamentação da ciência e de 
constituição da filosofia como ciência rigorosa. Filósofo, matemático e lógico – o 
fundador dessa abordagem de investigação filosófica estabeleceu os principais 
conceitos e métodos que seriam amplamente usados pelos filósofos dessa tradição. 
A Fenomenologia enquanto abordagem da ciência nasceu na segunda metade do 
século XIX, a partir das análises de Franz Brentano sobre a intencionalidade da 
consciência humana. Ela trata de descrever, compreender e interpretar os 
fenômenos que se apresentam à percepção. Propõe a extinção da separação entre 
"sujeito" e "objeto" (opondo-se ao pensamento positivista do século XIX). 
Edmund Husserl, Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre e Maurice Merleau-
Ponty foram alguns dos principais filósofos fenomenologistas do século XX. O êxito 
do método científico está no estabelecimento de uma "verdade provisória" útil, que 
será verdade até que um fato novo mostre outra realidade. 
Para evitar que a verdade filosófica também fosse provisória Husserl propôs 
que ela deveria referir-se às coisas como se apresentam na experiência da 
consciência, estudadas em suas essências, em seus verdadeiros significados, de 
35 
 
 
um modo livre de teorias e pressuposições, despidas dos acidentes próprios do 
mundo real, do mundo empírico objeto da ciência. Buscando restaurar a "lógica 
pura" e dar rigor à filosofia, argumenta a respeito do principio da contradição 
na Lógica. 
 O projeto fenomenológico se define como uma “volta às coisas mesmas”, 
isto é, aos fenômenos, aquilo que aparece à consciência, que se dá como seu objeto 
intencional. O conceito de intencionalidade ocupa um lugar central na 
fenomenologia, definindo a própria consciência como intencional, como voltada para 
o mundo. Para Husserl “toda consciência é consciência de alguma coisa”. 
 A teoria do conhecimento é, como o seu nome indica, uma teoria, isto é, 
uma explicação ou interpretação filosófica do conhecimento humano. Mas, antes de 
filosofar sobre um objeto, é necessário examinar escrupulosamente esse objeto. 
Uma exata observação e descrição do objeto devem preceder qualquer explicação 
ou interpretação. É necessário, pois, observar com rigor e descrever com exatidão 
aquilo a que se chama conhecimento. Este método chama-se fenomenológico. 
Aspira a apreender a essência geral no fenômeno concreto. 
A fenomenologia vai em direção oposta ao pragmatismo, procura cumprir 
duas exigências: a exploração do campo da consciência e os modos de relação 
desta com o objeto; supera o dualismo sujeito/objeto e o problema do realismo. Para 
isso procura uma fundamentação para o conhecimento com novas bases, seguras e 
definitivas, que serviriam para toda a filosofia. 
A fenomenologia é conhecida como a ciência das essências, logo, se 
alguém pensa, é impossível que não esteja pensando em alguma coisa, em algo. 
Neste sentido há um desdobramento do pensar no que é pensado e isso possibilita 
o acesso aos dados da experiência, em sua totalidade a consciência, ou seja, ela 
independe de juízos prévios. A fenomenologia não analisa fatos e sim essências, 
livre de preconceitos, livre da obviedade do senso comum, capaz de descrever e 
intuir algo pelo que é esse algo, ou seja, sua essência. Husserl via no seu método 
uma forma de alcançar o verdadeiro significado das coisas: “ver as coisas como elas 
são”. Julgou ter descoberto a verdadeira natureza do conhecimento da realidade e 
dos conceitos universais. 
A fenomenologia é uma abordagem da ciência que inspira muito a prática de 
pesquisa, mas é necessário compreender a utilização desta abordagem no processo 
36 
 
 
investigativo, pois ela se confunde com outras abordagens e desafia aqueles/las que 
ensaiam ou desenvolvem estudos com o referido método. 
 
MARXISMO 
 
 A obra de Marx é coerente com o princípio básico de sua metodologia de 
investigação científica: tem a marca da totalidade. Por isso mesmo, uma das 
polêmicas sobre a construção de seu trabalho para as Ciências Sociais se deve ao 
fato da dificuldade de catalogá-la como filosofia, história, economia, sociologia ou 
antropologia. Esse caráter de abrangência, que tenta, a partir de uma perspectiva 
histórica, cercar o objeto de conhecimento através da compreensão de todas as 
suas medições e correlações, constitui a riqueza, a novidade e a propriedade da 
dialética marxista para a explicação do social. Goldmann (1980) atribui esse caráter 
cientificamente totalizante da obra de Marx às grandes questões que ele se coloca 
no plano teórico e de como as vinculam à utilidade e às necessidades

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