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Resumo de Fundamentos de Economia

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Fundamentos de Economia / Aula 1 - Conceitos básicos
· Introdução
Diariamente, temos que fazer escolhas do que comprar, do que abrir mão de comprar em detrimento de outro bem ou um plano futuro, enfim...tomamos decisões a todo momento nas nossas vidas. As escolhas fazem parte e elas também compõem o cerne da Economia.
Tanto indivíduos como a sociedade precisam tomar uma série de decisões econômicas, de forma a conciliar o uso dos recursos escassos com as infinitas necessidades e desejos. É importante estudar Economia para entender o mundo que nos cerca e as escolhas necessárias que fazemos e perceber o objeto do estudo da Economia.
Tempos modernos: uma breve contextualização
A todo o momento somos “bombardeados” por questões econômicas nos jornais, na televisão e nas redes.
Questões como aumento de preços, desemprego, comportamento das taxas de juros, déficit governamental, vulnerabilidade externa, período de crise econômica ou de crescimento dentre outros, são temas que fazem parte da nossa rotina e são discutidos por cidadãos comuns.
Outras questões que a Economia estuda e que afetam o consumidor, assalariado, empresário etc.:
Como controlar a inflação?
Como fazer a Economia crescer mais?
O que foi a crise econômica mundial? Ela já acabou?
Qual o problema do aumento da importação de produtos chineses?
Por que os impostos são tão altos no Brasil?
O que é uma reforma fiscal?
Por que a renda no Brasil é muito concentrada?
O estudo da Economia nos ajuda a despertar o interesse por esses assuntos e a tentar formular respostas para essas e outras perguntas.
A importância de estudar Economia
O conhecimento de Economia é muito útil no dia a dia. É tão útil, que vários desses dados você já tem e não se deu conta disso.
Por exemplo:
Seu time de futebol, que tem uma grande torcida, vai ter um jogo decisivo no sábado.
Você vai deixar para comprar o ingresso, no próprio sábado um pouco antes da partida?
Claro que não! Pois, nesse caso, você vai comprar de cambista e pagar muito caro.O cambista vende caro porque, a essa altura, não há mais ingressos disponíveis nas bilheterias, mas ainda tem pessoas querendo comprar. Dito de outra forma:
Os cambistas sabem disso e por isso vendem caro. Se você entende a lógica de situações desse tipo, você conhece os princípios básicos da chamada lei da oferta e da demanda.
Foi a “escola da vida” que te ensinou, não foi um curso de Economia.
Ensinou, e você aprendeu, por que é algo útil no dia a dia.
Mas a “escola da vida” não ensina tudo, caso contrário ninguém estudaria, nem faria faculdade.
Vejamos agora um tipo de situação em que o conhecimento de Economia é importante.
Suponha que você queira comprar uma televisão nova e existam duas opções, a vista ou em 24 vezes com juros de 2% ao mês, mas com uma prestação baixa. Suponha também que a inflação seja de 0,5% ao mês e a caderneta de poupança renda 0,6% ao mês. Por qual opção de pagamento você optaria? Justifique.
A maioria das pessoas optaria por pagar a prazo, afinal a prestação é baixa e cabe bem no salário. Essa solução é a mais cômoda, mas não é a melhor.
Você estará pagando de juros o equivalente a 4 vezes o valor da inflação e durante 24 meses! Não é necessário fazer cálculos para confirmar, é evidente que, nesse caso, “o barato sai caro”.
Para chegar a essa conclusão você comparou a taxa de juros com a taxa de inflação e o rendimento da caderneta de poupança, e (implicitamente) confrontou o preço a vista com o preço a prazo. Com noções de Economia é mais fácil fazer esse tipo de raciocínio.
O objeto de estudo da Economia
Mas o que trata a Economia?
Qual o objeto de estudo da Economia?
A definição mais conhecida de Economia é:
Uma ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade escolhem empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e os grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas da melhor maneira possível.
(BRAGA; VASCONCELLOS, 2011)
Nessa definição, temos vários conceitos importantes: recursos produtivos, escolha, escassez, necessidades, distribuição.Para satisfazer o maior número dessas necessidades, a sociedade conta com recursos ou fatores de produção como:
Esses recursos, no entanto, são bastante limitados e, assim, nem todas as necessidades podem simultaneamente ser satisfeitas.
ATENÇÃO
A escassez desses recursos, então, torna-se o problema fundamental de cada sociedade. Como resultado, a sociedade, através do instrumental fornecido pela Ciência Econômica (princípios, teorias, modelos) procura usar recursos escassos (fatores de produção) tão eficientemente quanto possível, a fim de produzir o máximo de bens e serviços que deseja. O campo de atuação da Economia seria, então, o estudo e a administração da escassez dos fatores de produção.
Conclui-se, portanto, que se não houvesse escassez dos recursos, não haveria necessidade de se estudar Economia. A escassez dos fatores de produção e a necessidade de utilizá-los da melhor maneira possível implica que, no processo produtivo, toda decisão econômica será, sempre, uma “escolha decorrente de um juízo de valor”.
Desejos de consumo da sociedade
Como já foi dito, o objetivo principal da atividade econômica é o de atender as necessidades humanas. Hoje, pelos novos conceitos e realidades, pode-se ampliar esse entendimento para as necessidades do planeta (sustentabilidade).
Objetivando apenas em nós, seres humanos, as necessidades representam os desejos de consumo da sociedade.
Observa-se que são ilimitadas e diversificadas. De um modo geral, quando as necessidades básicas (alimentação, moradia, vestuário) são atendidas, o indivíduo passa a ter outras como educação, lazer, melhoria do seu padrão de vida (maior casa, melhores roupas, automóvel etc.).
Uma vez atendidas plenamente as necessidades ditas materiais, o indivíduo passa a sentir outro tipo de necessidade: a estima dos amigos, o reconhecimento e a aceitação do grupo social que frequenta, necessidade de status e assim por diante.
A definição de Economia sugere que existem dois lados a serem conciliados.
É fato que toda ciência possui sua própria terminologia, e a Ciência Econômica não é diferente. Por esse motivo, para que você já possa ir se familiarizando e conseguindo mais facilidade nas leituras dos textos, clique aqui para conhecer alguns dos conceitos mais frequentes encontrados na literatura econômica.
As questões econômicas fundamentais, escassez e necessidades
A escassez dos recursos ou fatores de produção e as necessidades ilimitadas da sociedade geram os chamados “problemas econômicos fundamentais”:
Como já foi dito, essas questões só existem porque há escassez e necessidades a serem atendidas.
Estamos tratando aqui apenas dos bens econômicos, que são aqueles que são relativamente escassos e precisam ser produzidos e, portanto, não são abundantes e oferecidos gratuitamente pela natureza, como é o caso dos bens livres (ex.: ar, água, luz solar etc.) As necessidades vão definir o tamanho do mercado consumidor de um produto.” (VASCONCELLOS, M. S. & GARCIA , M. H. 2010, p. 3)
O modo como as sociedades tentam resolver os problemas econômicos fundamentais dependendo da forma que cada país organiza sua economia, ou seja, do sistema econômico.
Um sistema econômico pode ser definido da seguinte maneira:
Forma política, social e econômica pela qual está organizada a sociedade. É um particular sistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e no bem-estar.
(VASCONCELLOS, M. S. & GARCIA , M. H. 2010, p. 3)
Grupos de sistemas econômicos
De forma geral, os sistemas econômicos podem ser classificados em dois grandes grupos. Nos dois sistemas, ocorrem as trocas econômicas que são vantajosas para os agentes econômicos perante a escassez de recursos porque possibilitam a divisão e a especialização da produção, da distribuição, da comercialização e do consumo em uma organização econômica.
Sistema econômico centralizadoou planificado
Organizado diretamente por uma agência de Estado, onde todo e qualquer planejamento das condições econômicas está vinculado diretamente pelas decisões desta entidade e onde os meios de produção pertencem, de uma maneira geral, a ela.
Sistema econômico capitalista ou de mercado
O funcionamento da economia é regido pelas forças de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção.
Fundamentos de Economia / Aula 2 - Fatores de Produção e Agentes Econômicos
· Introdução
Pela existência da escassez dos fatores ou recursos de produção, a produção total de um país tem um limite máximo, ou seja, há uma produção potencial quando todos os recursos disponíveis estão empregados. Precisamos de um modelo que de forma simplificada, mas suficientemente exata, represente esses dilemas na alocação de recursos, incorporando, necessariamente as noções de eficiência e de crescimento em um sentido econômico.
A curva de possibilidades de produção é que nos permite conhecer e operar, em bases simplificadas, um modelo que retrate essas condições, e o custo de oportunidade, ou custo da escolha, ou custo alternativo.
Para entender o funcionamento do sistema econômico há necessidade de analisar os fluxos reais e monetários assim como os agentes econômicos e os fatores de produção.
Fatores ou recursos de produção
Na primeira aula, abordamos superficialmente o conceito de fatores de produção. Agora, chegou o momento de nos determos um pouco mais sobre esse tema. Como vimos, consideram-se fatores de produção os meios disponíveis para se gerar os produtos que a sociedade necessita.
Sua principal característica é a escassez, no sentido de que, na maioria das vezes, são limitados em quantidade. Esse é, sem dúvida, o cerne da questão econômica: a escassez dos fatores de produção.
Outra característica é a versatilidade, significando que um mesmo fator de produção possui a capacidade de poder ser utilizado em vários processos produtivos. Isso fica demonstrado, por exemplo, ao observarmos que um mesmo trator pode ser utilizado...
Veja os cinco fatores de produção e as características de cada um deles:
· Fator de produção terra ou recursos naturais
Constitui a base sobre a qual se exercem as atividades dos demais recursos.
Tratam-se das reservas naturais (solo e subsolo), águas (oceanos, mares, rios, lagos), pluviosidade e clima, flora e fauna e até fatores extraterrestres (como, por exemplo, a fonte inesgotável da energia solar e a influência lunar sobre as marés).
· Fator de produção trabalho
A parcela da população apta a desenvolver uma atividade econômica é considerada de fator trabalho.
Trata-se, portanto, da população total deduzindo-se as crianças e os idosos. A esse contingente de pessoas aptas dá-se o nome de população econômica (PE).
· Fator de produção capital
Vem a ser o somatório de construções, máquinas e equipamentos. Isso significa dizer que é considerado como fator de produção capital de uma economia as suas disponibilidades para a geração de novas riquezas.
· Fator de produção capacidade tecnológica
O conjunto de conhecimentos e habilidades que uma sociedade possui.
· Fator de produção capacidade empresarial
Vem a ser a capacidade de organizar o fluxo de produção, ou seja, a capacidade de gestão. Em última análise, é a forma de administrar da melhor maneira possível a utilização dos quatro primeiros fatores de produção no processo produtivo.
Custo de Oportunidade
Vimos, na aula anterior, que a Economia é uma ciência que lida com escolhas, pois devemos decidir quais desejos serão atendidos com a utilização de quais recursos.
Sempre que escolhemos produzir determinado bem devemos abrir mão de recursos que poderiam ser empregados na produção de outros bens, significando o custo de oportunidade na produção de um bem.
Curva de Possibilidades de Produção
  Deslocamento “para fora”
O custo de oportunidade não é o ganho relativo a uma escolha, nem ao custo da produção do que foi escolhido, mas corresponde ao que se deixou de ter ou ao sacrifício do que se deixou de produzir ao se fazer determinada escolha.
Esse dilema nas escolhas é representado pela Curva de Possibilidades de Produção (ou Curva de Transformação da Produção). A curva é um bom exemplo de um modelo utilizado para, de forma simplificada, representar a realidade. Essa curva, que é uma representação simplificada de uma economia, é sempre côncava e, em cada eixo, há um produto.
Vejamos:
Curva de Possibilidades de Produção – Máquinas e Alimentos
A área delimitada pela curva é a de possibilidades de produção para aquela economia em relação aos dois produtos, que são os únicos produzidos, no caso alimentos (em toneladas) e máquinas (quantidade).
Isso significa que qualquer ponto além da curva é impossível de ser alcançado. A produção máxima é alcançada quando a economia está em algum ponto da borda da curva. Esse é seu limite, o limite das possibilidades de produção.
Havendo maior produtividade ou disponibilidade de fatores a curva se desloca para a direita (“para fora”).
Deslocamento “para dentro”
Havendo menor produtividade ou disponibilidade, o deslocamento é para a esquerda (“para dentro”).
Deslocamento da Curva de Possibilidades de Produção
A curva expressa o dilema clássico da Economia. Não há recursos para se produzir tudo o que se deseja e é necessário fazer escolhas. Sempre para se produzir mais de um produto é necessário se produzir menos de outro, até a situação limite em que toda a capacidade produtiva da economia está voltada para a produção de apenas um produto.
Exemplo
No exemplo a seguir, 9 é a quantidade máxima que pode-se produzir de máquinas, e 3 toneladas o máximo de alimentos.
Suponha que se esteja no ponto A (8 máquinas e 1 tonelada de alimentos) e se passe para o ponto B (5 máquinas e 2 toneladas de alimentos). Nesse caso, a produção de alimentos aumentou, de 1 tonelada para 2 toneladas, mas em compensação a produção de máquinas caiu de 8 para 5.
Para se produzir 1 tonelada a mais de alimentos foi necessário abrir mão de 3 máquinas. Essas 3 máquinas que deixaram de ser produzidas representam o custo de oportunidade. Portanto, custo de oportunidade é o que abre mão ao se fazer uma escolha. É o custo de uma escolha.
Note que o ponto D é impossível de ser atingido. Esse não é o caso do ponto C. Esse último ponto representa uma situação em que está produzindo menos do que se poderia, pois estamos dentro da curva e não na sua borda.
No ponto C estamos produzindo 1 tonelada de alimento, mas apenas 5 máquinas, quando poderíamos produzir 8. Isso ocorre porque, por algum motivo, não estamos utilizando todos os recursos que temos, e, portanto, estamos com recursos ociosos. Um exemplo seria a situação de desemprego. Parte da mão de obra não está trabalhando, e por isso a produção é menor do que poderia ser.
Fluxo circular de renda e produção
A contrapartida da utilização dos fatores de produção no processo produtivo é sua remuneração. No caso do trabalho, a contrapartida são os salários, e no caso do capital são os lucros.
Supondo-se uma economia onde existam apenas famílias e empresas, os proprietários dos fatores de produção são as famílias, que emprestam esses fatores produtivos às empresas, para que elas viabilizem a produção de bens. Os agentes econômicos são, portanto, as famílias e as empresas, que são as entidades que propiciam o processo produtivo.
As famílias e as empresas interagem em dois mercados, o de fatores e o de produtos.
No mercado de fatores as famílias emprestam capital e trabalho para as empresas utilizarem na produção em troca de uma remuneração, no caso salários e lucros/dividendos. O valor da remuneração é negociado entre as partes.
No mercado de produtos as empresas vendem seus produtos às famílias que para comprá-los utilizam a renda obtida no mercado de fatores. Portanto, os dois mercados estão interligados como mostra a figura do fluxo circular.
Essa vinculação dos mercados mostra que pagar baixos salários — se por um lado diminui o custo de produção das empresas— por outro diminui seu mercado consumidor, pois as famílias ficam com menos dinheiro para gastar. Essas relações estão sintetizadas no fluxo circular, que mostra como para cada fluxo real, há uma contrapartida monetária. Afinal, a economia trata de acompanhar transações que ocorrem em valores em moeda.
	Fundamentos de Economia / Aula 3 - História do Pensamento Econômico
· Introdução
Para entender as discussões acadêmicas sobre a economia atual temos que nos debruçar no que já foi escrito e estudado. A evolução sumária da Economia, ao longo dos tempos, faz-se necessária para o entendimento das teorias e pressupostos atuais.
Outro objetivo dessa aula é diferenciar o sistema econômico capitalista do socialista e destacar como a Economia se divide de forma didática para seu estudo. Nas próximas aulas, inclusive, vamos trabalhar sumariamente com essas divisões: Microeconomia e Macroeconomia.
Por fim, vamos fazer uma contextualização da Ciência Econômica e, principalmente, da sua relação com as diferentes profissões.
História do pensamento econômico
Há um consenso em que a teoria econômica foi sistematizada, em 1776, com Adam Smith.
Mas como era tratada a economia nos períodos anteriores?
Na antiguidade, a atividade econômica era tratada como parte da Filosofia, Moral e Ética.
No século XVI, podemos destacar o mercantilismo, com as preocupações sobre a acumulação de riquezas de uma nação pela quantidade de metais preciosos que a nação possuía.
E, no século XVII, a fisiocracia, com a ideia da sustentação da economia regida pela lei natural.
Mas foi Adam Smith que conseguiu sintetizar, estabelecer um corpo teórico próprio.
Escola clássica
A Economia, como uma ciência específica, nasce com os economistas clássicos. Para eles, o liberalismo e o individualismo estavam associados ao bem comum: o homem, ao maximizar sua satisfação pessoal, como o mínimo de esforço, estaria contribuindo para o máximo do bem-estar social.
Vamos destacar alguns pensadores da Escola Clássica:
Adam Smith (1723 – 1790)
As duas principais ideias de Adam Smith permanecem no debate econômico atual: a “mão invisível” e a “divisão de trabalho”.
Vamos começar pela questão da “mão invisível” do mercado.
Segundo Adam Smith:
“Somos todos individualistas e procuramos, no mundo econômico, sempre o que é melhor para nós. Só que ao fazer isso, como que guiados por uma mão invisível, estamos contribuindo para o melhor da sociedade. Ou seja, imagine a costureira, ela fará a melhor costura possível; assim como o padeiro fará o melhor pão. No final das contas, a sociedade terá a melhor costura e o melhor pão, pelo melhor preço”.
Mas por que a costureira e o padeiro agem dessa forma?
Por existir a pressão da concorrência e porque querem ser bem-sucedidos e ter lucro.
O interessante, na teoria de Smith, é que os agentes econômicos não possuem plano prévio ou orientação externa, é a mão invisível! Ou seja, se cada um procurar fazer o melhor, chega-se a uma situação que é a melhor para a sociedade.
A ideia de Smith era a menor intervenção do governo na economia, mas não uma ausência de governo. O governo tinha um papel importante, por exemplo, nas áreas sociais e de infraestrutura.
Outro ponto a ser destacado é a divisão do trabalho. Ela traz a especialização, uma maior produção por trabalhador (maior produtividade) e, consequentemente, o barateamento do produto, pois se produz mais com o mesmo número de trabalhadores.
O crescimento do mercado é o que impulsiona a especialização.
David Ricardo (1772 – 1823)
O trabalho de Adam Smith foi aperfeiçoado pelo discípulo David Ricardo. A maior contribuição de Ricardo à teoria econômica foi provavelmente a teoria das vantagens comparativas, apresentada no livro Princípios de Economia política e tributação.
Para Ricardo, o país deveria se especializar no produto em que tem mais vantagens comparativas.
O que significa isso?
Um país tem vantagem comparativa em um produto, quando o outro, com quem compete, tem alto custo de oportunidade ao fabricar produto, mesmo sendo mais eficiente na produção.
No exemplo construído por esse autor, existem dois países (Inglaterra e Portugal), dois produtos (tecido e vinho) e apenas um fator de produção (mão de obra). A partir da utilização do fator trabalho, obtém-se a produção dos bens mencionados, conforme o quadro a seguir:
Quantidade de homens/hora para a produção de uma unidade de mercadoria
Em termos absolutos, Portugal é mais produtivo em ambas as mercadorias. Mas, em termos relativos, o custo de produção de tecidos, em Portugal, é maior que o da produção de vinho; e, na Inglaterra, o custo da produção de vinho é maior que o da produção de tecidos.
Comparativamente, Portugal tem vantagem relativa na produção de vinho, e a Inglaterra na produção de tecidos.
  A Economia Neoclássica
Podemos destacar como o principal economista da corrente neoclássica, Alfred Marshall.
Alfred Marshall (1842-1924)
Ele escreveu o livro Princípios de Economia, que foi a base conceitual fundamental da Microeconomia nas suas fórmulas matemáticas e apresentação gráfica.
Como veremos com mais detalhes, a Microeconomia é o ramo da Economia que estuda a interação, no mercado, entre empresas e consumidores.
 Escola keynesiana
O destaque é para John Maynard Keynes, citado como o criador da Macroeconomia.
John Maynard Keynes (1883-1946)
Na sua obra, Teoria geral do emprego, juro e moeda, ele criticava o pensamento dominante da época, a Lei de Say. Para essa “lei”, toda oferta gera sua demanda.
A “revolução keynesiana”, assim chamadas as ideias de Keynes, mudaram a forma de pensar a economia e foi dominante até os anos 1970.
Milton Friedman (1912-2006) – Com o monetarismo, significou reação do pensamento neoclássico à revolução keynesiana.
Celso Furtado (1920-2004) – Com o estruturalismo, foi divisor de águas apresentando o pensamento de que o desenvolvimento econômico da América Latina dependia da sua industrialização.
Divisões da Economia
Ao tratar como as pessoas físicas e jurídicas (e a sociedade) decidem empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, a Economia pode fazer isso basicamente através de duas metodologias ou divisões de análise.
Analisa o comportamento individual das unidades econômicas.
Analisa o funcionamento da Economia como um todo, de um país. Realiza uma visão simplificada e abstrata da Economia.
Sistema econômico de mercado capitalista X Sistema econômico centralizado ou planificado
De forma geral, os sistemas econômicos podem ser classificados em dois grandes grupos:
Sistema econômico capitalista ou de mercado
O funcionamento da economia é regido pelas forças de mercado, predominando a livre-iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção.
Sistema econômico centralizado ou planificado
Organizado diretamente por uma agência de Estado, onde todo e qualquer planejamento das condições econômicas está vinculado diretamente às decisões desta entidade e onde os meios de produção pertencem, de uma maneira geral, a ela.
Nos dois sistemas, ocorrem as trocas econômicas. As trocas econômicas são vantajosas para os agentes econômicos perante a escassez de recursos porque possibilitam a divisão e especialização da produção, da distribuição, da comercialização e do consumo em uma organização econômica.
A economia e sua relação com as diferentes profissões
Os gestores e os contadores precisam de conhecimentos econômicos para obter uma visão do mercado onde atuam, assim como o país e o mundo.
No âmbito do Direito, algumas leis têm implicações econômicas, como na área da concorrência e da defesa do consumidor. Além da ligação estreita com o Direito Comercial.
A relação com Economia é também muito estreita nas áreas de Publicidade, Propaganda e Marketing, pois são necessários estudos de mercado, captação de recursos, preferências dos consumidores.
As questões que envolvem a Geografia determinaram as decisões de produção, da localização de portos, a Economia do meio ambiente, dentre outras.
O curso de História é uma das bases do estudo da Economia. Não é possívelentender uma sem a outra.
Fundamentos de Economia / Aula 4 - Abordagem Microeconômica – Análise de Mercado
· Introdução
O estudo da Economia se divide em dois grandes ramos, como já foi visto: a Microeconomia e a Macroeconomia. Nesta aula, vamos dar início à abordagem microeconômica, ou seja, analisar como a oferta e a demanda interagem e estabelecem o equilíbrio de mercado.Par a análise de mercado, vamos apresentar os conceitos de oferta, demanda e equilíbrio. Ou seja, o comportamento daqueles que querem adquirir bens e serviços e daqueles que querem vender bens e serviços em busca de um ponto de equilíbrio.Vamos contextualizar as decisões de consumo da sociedade e os seus reflexos no mercado de bens e serviços, e como o estado pode alterar esse equilíbrio com impostos, políticas de subsídios e tabelamento de preços.
O que é mercado?
O mercado é o local onde atuam as forças de demanda e oferta em busca de um equilíbrio.
As trocas econômicas são realizadas nos mercados interno e externo. Nestes mercados, atuam conjuntamente as forças da demanda e da oferta por mercadorias ou produtos.
Então, os preços dos produtos podem ser definidos em função da quantidade de reais (R$) necessários para obter em troca de uma determinada quantidade de mercadorias. Fixando preços para todos os produtos, o mercado permite a coordenação dos compradores e dos vendedores, assegurando a viabilidade do sistema capitalista por meio do chamado livre jogo da oferta e demanda.
A Microeconomia utiliza a hipótese de “tudo mais constante” (coeteris paribus, em latim) na construção dos seus modelos.
O objetivo é isolar a uma determinada variável, cujo efeito se pretende investigar, supondo-se que outras variáveis permanecem constantes, ou seja, que não interfiram no fenômeno investigado.
Como exemplo, sabemos que a demanda (ou a procura) de um bem é afetada pelo preço e pela renda dos consumidores.
Em um determinado momento, precisamos analisar o efeito do preço sobre a demanda.Para analisar o efeito dessa variável (preço) sobre a demanda, manteremos a renda dos consumidores constante (coeteris paribus), faremos a alteração do preço e saberemos o resultado na demanda.
Entendendo a demanda e a procura
Por que precisamos adquirir bens e serviços?
Porque nos são úteis, ou seja, há uma satisfação para os consumidores proporcionada pelo consumo. A demanda (ou a procura) de uma determinada pessoa ou grupo de pessoas por um determinado produto indica o quanto esta pessoa ou grupo de pessoas desejam consumir, a dado preço, esse produto em um determinado período de tempo.
Os fatores que afetam a quantidade procurada (demandada) do produto podem ser representados por uma função, chamada função geral da demanda, que pode ser sistematizada da seguinte forma:
Qd x = f (Px, R, Ps, Pc etc.)
Sendo:
Qd x = quantidade demandada do bem x
f = função
Px = preço do bem x
R = renda
Ps = preço dos bens substitutos
Pc = preço dos bens complementares
Entendendo a oferta
Em microeconomia, a empresa (ou firma) é o local onde fatores de produção são combinados, segundo um processo de produção escolhido, gerando os produtos, com o objetivo de maximizar seus resultados em termos de produção e lucro.
A oferta (de uma mercadoria em um determinado mercado) é a quantidade de um produto X que um produtor ou conjunto de produtores está disposto a vender, a determinado preço, em um período de tempo.
Equilíbrio de mercado
O equilíbrio do mercado pode ser definido pela interação entre demanda e oferta de mercado para um bem ou serviço.
Da interação entre essas curvas define-se um ponto de equilíbrio E, ao qual correspondem o preço e a quantidade de equilíbrio.
Desse modo, a noção de equilíbrio de mercado corresponde à coincidência de desejos entre consumidores e produtores, evidenciando uma situação onde não há excesso ou escassez de oferta ou de demanda. Neste ponto, os planos dos compradores são consistentes com o plano dos vendedores.
A imagem a seguir, mostra esse equilíbrio:
Em uma economia de mercado, o mecanismo de preços leva automaticamente ao equilíbrio.
Na figura apresentada, perceba que para qualquer preço superior a p0 a quantidade que os ofertantes desejam vender é maior do que a que os consumidores desejam comprar, evidenciando um excesso de oferta. Por outro lado, para qualquer preço inferior a p0, surgirá um excesso de demanda.
ATENÇÃO
Nessas situações, não existe compatibilidade de desejos. No entanto, quando ocorre excesso de oferta, os vendedores com estoques não planejados terão que diminuir seus preços, concorrendo pelos escassos consumidores. Já quando ocorre um excesso de demanda, os consumidores estarão dispostos a pagar mais pelos produtos escassos. Estas ações resultam em ajustes de preços, retornando-se a uma situação de equilíbrio no ponto E na qual são eliminadas as pressões para alterar preços.
Interferência externa
Mas é importante salientar que essa “convergência” para o equilíbrio ocorre sem qualquer interferência do governo ou de outro agente externo.
E o governo pode interferir nesse equilíbrio?
Claro que sim! Vejamos agora.
· ESTABELECIMENTO DE IMPOSTOS
Um imposto sobre bens e serviços vai recair em um aumento de custos para a empresa. Se quiser manter a quantidade ofertada, a empresa deverá aumentar o preço do seu produto (repassando o imposto para o consumidor), ou reduzir o custo em outra área de produção. Ou então, reduzir a quantidade ofertada.
· POLÍTICA DE PREÇOS MÍNIMOS NA AGRICULTURA
A finalidade é garantir preço para as atividades agrícolas, pecuárias e extrativas. O governo pode comprar os produtos dos produtores (atualmente menos utilizado) ou conceder empréstimos para produtores ou cooperativas para estocar seu produto e vender em um período mais favorável.
· TABELAMENTO
Intervenção do governo na tentativa de coibir abusos de preços por parte dos ofertadores e frear um processo inflacionário. Já foi utilizado aqui no Brasil no Plano Cruzado, por exemplo.
Fundamentos de Economia / Aula 5 - Abordagem Microeconômica – Estrutura de mercado
· Introdução
Como visto na aula anterior, existem vários fatores que podem alterar a demanda e oferta do mercado. Fundamentalmente, a Teoria Microeconômica enuncia que as empresas pretendem maximizar o seu lucro total, e para isso tentam encontrar uma determinada quantidade de produção onde a RMg = CMg.
Mas todos os mercados são iguais? O comportamento do ofertador no mercado onde ele é o único produtor daquele bem é o mesmo de um ofertador que possui concorrentes? Claro que não. As empresas estão envolvidas em várias formas, ou estruturas, de mercado.
Nesta aula, vamos compreender as principais estruturas dos mercados existentes na economia e suas características. Apresentar os parâmetros de identificação das estruturas de mercado e suas características: concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e concorrência monopolística.
Premissa
Na análise padrão, que fizemos de demanda e oferta, implicitamente estava sendo suposta uma estrutura de mercado em um contexto de uma estrutura chamada de “concorrência perfeita”.
As relações entre compradores e vendedores seguem padrões diferentes dependendo do tamanho desse mercado, do número de vendedores, do número de compradores e, até mesmo, do tipo de produto comercializado.
Consequentemente, a forma como os preços são determinados varia de acordo com as características do mercado. Essas características é que fornecem base para uma classificação genérica dos diversos tipos de mercados. As estruturas de mercado dependem, fundamentalmente, de três características:
· Número de empresas que compõe esse mercado;
· Tipo de produto;
· Possibilidade de acesso de novas empresas no mercado.
A análise simplista que faremos irá considerar quatro alternativas de estruturas de oferta para atender o mercado consumidor de um determinado produto.
Conceitualmente, esses mercados são denominados de concorrência perfeita, concorrência monopolística, oligopólio e monopólio. As características de cada um desses apresentaremos a seguir.
Concorrência perfeitaPelo próprio nome, o mercado de concorrência perfeita é aquele onde a concorrência entre os agentes econômicos, devido ao seu grande número, é a mais significativa.
É uma estrutura utópica, pois os mercados altamente concorrenciais existentes, na realidade, são apenas aproximações desse modelo.
A consequência lógica desse número excessivo de participantes é que cada um deles se torna incapaz de, sozinho, alterar as condições de mercado. Assim, tanto consumidores como produtores não conseguem afetar os níveis de oferta e procura do produto e o seu preço de equilíbrio.
Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas:
01 - Existência de um grande número de compradores e vendedores, refletindo uma situação de mercado atomizado, como se fossem “átomos”.
02 - Produtos homogêneos, ou seja, não há diferença entre os produtos ofertados pelas outras empresas. São substitutos perfeitos entre si, inviabilizando preços diferentes de mercado.
03 - Transparência do mercado, os agentes possuem completa informação e conhecimento sobre o preço do produto.
04 - Ausência de barreiras à entrada ou a saída de novos concorrentes, ou seja, há livre entrada e saída de firmas no mercado.
05 - Racionalidade por parte dos agentes, ou seja, a visão da empresa que faz com que as empresas sempre maximizem o seu lucro e que os consumidores maximizem a satisfação ou utilidade derivada do consumo de um bem.
ATENÇÃO
Na situação de concorrência perfeita, como o produto é homogêneo e a empresa possui uma posição pequena, em relação ao seu mercado, a empresa não pode influenciar o preço de mercado, ou seja, o preço de mercado é um dado fixado para empresas e consumidores.
 O que é Monopólio?
É uma estrutura com condições totalmente opostas à concorrência perfeita.
O prefixo mono, como se sabe, significa a unidade. Assim, monopólio representa o caso limite de um mercado onde só existe um único produtor (ou fornecedor) de um bem ou serviço.
Por esse motivo, preço e quantidades produzidas serão determinadas pela empresa monopolista. Normalmente, os produtos vendidos, nesse tipo de mercado, costumam exigir altíssimos níveis de investimento, fazendo com que o acesso de algum concorrente seja muito difícil.
Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas:
· Uma empresa detém 100% da produção de um determinado mercado;
· Produto sem substituto próximo;
· Elevadas barreiras à entrada de novos concorrentes.
Uma estrutura onde não há concorrência nem substituto próximo para o produto, os consumidores acabam sendo submetidos às condições impostas pelo ofertador.
Mas por que os monopólios surgem e/ou são mantidos?
Vejamos alguma situações:
· A PRESENÇA DE PATENTES
Quando a empresa e a única que detém a tecnologia para produzir aquele bem. Dependendo do tempo de duração da patente no mercado em que opera, a patente pode promover a uma determinada firma uma posição monopolista.
· CONTROLE DE MATÉRIA-PRIMA BÁSICA
Quando uma empresa tem um acesso exclusivo a uma matéria-prima essencial pode levá-la a consolidação de posições de monopólio.
· MONOPÓLIO NATURAL OU PURO
Existem situações que promovem esse tipo de monopólio, como por exemplo, quando a empresa já está instalada no mercado operando com grandes plantas produtivas, elevadas economias de escala e custos unitários baixos. Outra situação é quando o próprio mercado exige um volume de capital elevado e acaba por criar barreias à entrada de novos concorrentes.
Oligopólio
O que é?
É uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita e o monopólio.
O número de ofertadores é reduzido, mas essa quantidade pode ser variável. Como são poucos, as ações de uma das empresas podem afetar as demais. Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas:
01 - Pequeno número de ofertadores.
02 - Produto pode ser homogêneo ou diferenciado.
03 - Elevadas barreiras à entrada de novos concorrentes.
EXEMPLO
Na economia brasileira, setores oligopolistas são bastante comuns. Temos como exemplo alguns segmentos que produzem diferenciados como os automóveis e outros oligopólios com produtos homogêneos, como cimento e alumínio.
Há uma interdependência entre as firmas, pois a ação de uma empresa pode produzir efeitos diretos nas outras do mercado.
Por outro lado, há momentos nos quais as empresas podem optar por não competir e, sim, cooperar, visando, por exemplo, a evitar uma guerra de preços entre elas.
Geralmente, quando o mercado é muito concentrado, ou seja, quando há poucas empresas no mercado, elas acabam buscando algum tipo de acordo e cooperação.
ATENÇÃO
O Brasil possui uma legislação específica que busca coibir os abusos de poder econômico em defesa da concorrência e do consumidor.
Concorrência monopolística  
O que é?
É um mercado que, apesar de ter um grande número de ofertadores e consumidores, há uma heterogeneidade dos produtos.
Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas:
01 - Grande número de ofertadores.
02 - Produto é diferenciado, seja por características físicas ou pela propaganda e prestação de serviços complementares (exemplo: pós venda), mas há substitutos próximos.
03 - Não há barreiras à entrada de novos concorrentes.
É interessante destacar uma característica desse tipo de estrutura de mercado:
Cada empresa possui certo poder sobre os preços, uma vez que os produtos são diferenciados, ou seja, o consumidor pode escolher, de acordo com a sua preferência, a marca do produto. A empresa americana Apple Inc. é um exemplo que cumpre com todas as características.
Como não há barreiras à entrada de novos competidores...
A longo prazo - A tendência é um lucro normal e a curto prazo um lucro extraordinário.
A curto prazo - Exatamente por ter lucros extraordinários, acabam por atrair novos concorrentes até chegar ao ponto de lucro normal.
Fundamentos de Economia / Aula 6 - Abordagem Macroeconômica: noções de Contabilidade Social e metas de política macroeconômica
· Introdução
Chegou o momento de nos atermos às questões fundamentais de que se trata a Macroeconomia. Esses assuntos, definidos para o curto prazo (conjunturais) e para o longo prazo (estruturais), indicam que seu conhecimento é de real importância para o estudante na medida em que determina as prioridades elementares de qualquer política econômica. Ou seja, compreender conceitos importantes na área macroeconômica como Produto Interno Bruto — PIB, Pib per capita, Renda Nacional Bruta e demais agregados.
Além disso, você terá contato com os instrumentos de política econômica que o governo dispõe para conduzir a economia de acordo com os objetivos que deseja alcançar. Esses instrumentos, as políticas macroeconômicas, serão detalhados nas aulas seguintes.
Premissa
O estudo da Macroeconomia está baseado na atividade econômica global, isto é, de todos os indivíduos, empresas, mercados e governo, no que se refere à compreensão dos chamados agregados econômicos, tais como o produto interno bruto, PIB per capita.
Então, vamos começar pelas definições de alguns agregados macroeconômicos.
PIB
A principal medida do Sistema Nacional de Contabilidade é o Produto Interno Bruto (PIB).
É importante destacar que a mensuração do Produto Interno Bruto considera todos os bens e serviços produzidos em um período, mas não é levado em conta o desgaste do estoque de riqueza da Economia.
O PIB de um país representa a produção de todas as unidades da economia, em um determinado período de tempo, a preços de mercado, como:
Essa medida consegue, de uma forma abrangente, medir o porte da economia.
Como é calculado o PIB?
Existem três diferentes óticas de mensuração do produto da Economia:
 Ótica do Produto
O cálculo do PIB pela ótica do produto mede o valor agregado em cada etapa do processo de produção de bens e serviços.
Vamos explicar com um exemplo: Considere a produção de iogurtes por uma firma industrial. Suponha que sejam produzidos 500 litros de iogurte por ano, ao preço médio de R$2,00, logo o valor da produção da firma no ano será de 500*R$ 2,00 = R$1.000,00. Como medir a contribuição da firma para o PIB do país?
Parachegarmos a real contribuição, no PIB da economia, devemos descontar do valor da produção de cada firma o que foi adquirido de outras firmas, ou seja, o produto intermediário. Desta forma estaremos considerando aquilo que cada firma agrega de valor durante o seu processo de produção.
Seguindo no exemplo, suponha que a firma compre o equivalente a R$300,00 de leite para produzir os 500 litros de iogurte. Logo, o valor adicionado (ou agregado) da firma produtora de iogurte no ano terá sido de R$700,00 (R$1000,00 menos R$300,00), e esta é sua contribuição ao PIB, e não R$1.000,00.Assim, o PIB pela ótica do produto é calculado:
Ótica do produto = Valor da Produção – Valor dos Consumos Intermediários
Ótica da Renda
A medida do PIB pela ótica da renda consiste em somar todos os pagamentos efetuados como:
 salários (remuneração pelo trabalho),
 aluguéis (remuneração pela propriedade),
 lucro (remuneração ao capital de risco),
 juros (remuneração ao capital).
Ótica da renda = Soma das remunerações dos fatores de produção
Ótica da Despesa
Por fim, a mensuração do PIB pela ótica da despesa considera que, em contas nacionais, toda produção de bens e serviços é destinada ou para gasto corrente (consumo) ou gasto em formação de capital (investimento). A medida de PIB pode ser obtida então pela soma do total dos gastos dos agentes econômicos em consumo de bens e serviços, e em investimento para ampliação de capacidade produtiva ou manutenção do equipamento.
Ótica da despesa = Soma dos gastos com bens de consumo final e bens de investimento em capital
PIB per capita
É possível que você esteja se perguntando...
...podemos afirmar que se o PIB do país está aumentando, a sua população está mais rica?
Uma das maneiras para medir isso é o PIB per capita, ou seja, dividindo o PIB anual do país pela população residente no mesmo período de tempo.
...será que o PIB per capita é uma mensuração satisfatória da qualidade de vida dos habitantes do país?
Apesar de muito utilizada, essa medida pode não ser considerada uma representação satisfatória do nível de qualidade de vida. O PIB per capitamede a renda média da população.
Por exemplo, suponha a população de um país composta por 1 pessoa ganhando $7000,00 por ano e 9 ganhando R$700,00 por ano, que corresponde ao salário mínimo do país. Se for calculada a média será de R$1330,00 e estará bem acima do salário mínimo.
Em economias como a nossa, com uma distribuição de renda concentrada, o PIB per capita não consegue representar a qualidade de vida do brasileiro. Veremos que precisamos de indicadores como IDH para melhorar essa análise.
De qualquer forma, a taxa de crescimento do PIB per capita é uma medida importante para qualificar o crescimento do PIB ao longo do tempo. Podemos ter uma taxa de crescimento do PIB positiva, porém um PIB per capita negativo.
Veja a tabela a seguir mostrando o crescimento real do PIB brasileiro, população residente e PIB per capita %.
	
	PIB
	Pop. Residente
	PIB per capita
	2001
	1,3
	1,5
	-0,2
	2002
	2,7
	1,5
	1,2
	2003
	1,1
	1,5
	-0,3
	2004
	5,7
	1,5
	4,2
	2005
	2,9
	1,4
	1,5
	2006
	4,0
	1,2
	2,7
	2007
	6,1
	1,1
	4,9
	2008
	5,2
	1,1
	4,1
	2009
	(-)0,3
	1,0
	-1,3
Tabela: Brasil — Taxa de crescimento real do PIB, população residente e PIB per capita %
Fonte: IBGE, Contas Nacionais, 2011.
Renda Nacional Bruta (RNB)
Como foi visto pelo cálculo do PIB pela ótica da renda, parte da remuneração dos fatores de produção pode não ficar dentro do país, se, por exemplo, os fatores de produção forem de não residentes.
O PIB de um país considera toda a produção em um território, independente da origem do recurso, e a RNB considera a remuneração à produção apenas aos residentes.
Tendo o valor do PIB, para se chegar ao valor da RNB, é necessário calcular o saldo entre os pagamentos de rendas recebidas do exterior e o pagamento das rendas enviadas ao exterior. Se o saldo for positivo, ou seja, se o país recebe mais recursos como renda do que paga, então se soma ao PIB para se obter a RNB; se o saldo for negativo, ou seja, o país envia ao exterior mais recursos como renda do que recebe, então se subtrai do PIB e, neste caso, a RNB será menor do que o PIB.
Emprego e Desemprego
Ouvimos nos noticiários, lemos no jornal sobre um grande problema da economia brasileira que é o desemprego.
Mas como se mede o desemprego?
Para se chegar a uma medida é necessário calcular primeiro a população em idade de trabalhar, ou seja, do total da população exclui-se:
  Quem não está em idade de formação escolar básica (abaixo de 14 anos pela nova pesquisa do IBGE);
  Os idosos;
  Os incapacitados ao trabalho etc.
Temos o fator de produção trabalho, ou seja, a força de trabalho de uma economia, o contingente de pessoas em idade de trabalhar e disponível para o trabalho. Dessa força calculam-se quantos estão efetivamente trabalhando, em uma data, e quantos desejam trabalhar, mas não encontram ocupação.
A medida da taxa de desemprego, ou taxa de desocupação, é a proporção das pessoas que não estavam ocupadas (mas que procuraram emprego nos últimos 30 dias em relação à data da entrevista) em relação ao total da força de trabalho.
Taxa de desocupação (%) = (pessoas desocupadas/pessoas na força de trabalho) *100
Metas de curto e longo prazo da Macroeconomia
Como vimos anteriormente, um sistema econômico (maneira como a economia é administrada) se depara com algumas questões fundamentais.
Essas questões denominam-se:
Conjunturais (no curto prazo)
Estruturais (no longo prazo)
Instrumentos de política macroeconômica
As ferramentas de política econômica que o governo dispõe para conduzir a economia a atingir as metas de curto e longo prazo, são chamadas instrumentos de política macroeconômica.
Nas próximas aulas, vamos tratar de cada uma delas, por enquanto vamos apenas nos familiarizar:
· POLÍTICA FISCAL
São instrumentos que o governo dispõe para arrecadar tributos e controlar suas despesas (política tributária e política de gastos públicos).
Por exemplo, para atingir o objetivo de promover crescimento econômico, o governo pode reduzir a carga tributária (com isso aumenta a demanda agregada) e aumentar os gastos públicos (promovendo mais emprego, produção e consumo). Se o objetivo for o controle de inflação, os instrumentos devem seguir o sentido inverso.
· POLÍTICA MONETÁRIA
É a atuação do governo na quantidade de moeda, títulos de dívida pública e taxa básica de juros (SELIC).
Por exemplo, se a meta for de reduzir a inflação, as medidas de política monetária devem ser de retrair a base monetária, ou seja, aumentar a SELIC, os depósitos compulsórios e/ou a venda de títulos de dívida pública. Se a meta for de crescimento econômico, as medidas seriam inversas.
· POLÍTICA CAMBIAL E COMERCIAL
A política cambial é a atuação do governo no mercado cambial. Vamos estudar sobre os regimes cambiais existentes e o atual modelo brasileiro.
A política comercial tem a ver com medidas adotadas pelo governo no objetivo de intervir nas transações com o exterior. As tarifas alfandegárias cobradas sobre os produtos importados retratam bem essa interferência. Quanto maior a tarifa mais dificultadas se tornarão as importações e mais protegida da concorrência externa estará a indústria nacional e, consequentemente, seus empregados.
· POLÍTICA DE RENDAS
Refere-se à intervenção do governo na formação de rendas, ou seja, aluguéis e salários, podendo também tratar do controle e congelamento de preços. Um exemplo é a determinação do salário mínimo pelo governo.
Fundamentos de Economia / Aula 7 - Abordagem Macroeconômica: moeda e inflação
· Introdução
A todo o momento lemos nos jornais, ouvimos nos debates sobre e inflação brasileira, vemos o “dragão inflacionário” estampado nas revistas... Mas o que é inflação?
Bom, como a inflação é um fenômeno monetário, é importante esclarecer o que é moeda e quais suas funções.
Nesta aula, vamos definir moeda e suas funções dentro da economia. Com essas definições, poderemos compreender os principais tipos de inflação, ou seja, inflação de demanda, inflaçãode custos e inflação inercial, e os impactos da inflação nos agregados macroeconômicos.
Então vamos começar pela moeda!
Conceitualmente, o termo “moeda” é usado para denominar tudo aquilo que geralmente é aceito como meio de trocas de bens e serviços. Significa dizer, portanto, que é condição necessária para que algo possa ser aceito.
Mas como chegamos à moeda que utilizamos hoje?
Vejamos como foi a evolução do sistema de trocas até o dia atual...   
Sistema de trocas e a evolução da moeda
Não se pode afirmar com exatidão quando surgiu e qual foi a primeira moeda. Remontando aos primórdios da civilização, imagina-se facilmente que o homem primitivo produzia tudo quanto bastava ao seu sustento. Suas necessidades limitavam-se à garantia de sua sobrevivência.
As associações e o desenvolvimento natural da vida em grupo criaram, porém, outras necessidades para cuja satisfação o indivíduo, isoladamente, se viu impotente. Sua auto suficiência se reduzia na medida do crescimento de suas necessidades.
Nesta cadeia de raciocínio, o próximo elo foi a introdução paulatina
da divisão e especialização do trabalho: cada indivíduo passou a produzir
um ou poucos produtos, consumindo uma parte deles e tentando
passar a outro o excedente em troca de outros bens que necessitava.
Estabeleceu-se, então, um sistema de trocas diretas, conhecido por escambo, de mercadorias por mercadorias, mercadorias por serviços ou serviços por serviços.
Dificuldades da economia de escambo
É fácil imaginar as dificuldades para um razoável funcionamento dessa economia de escambo:
Exige uma permanente coincidência de interesses (o indivíduo “A” dispõe de arroz e quer trocar por carne; para se realizar essa troca, é imprescindível que ele encontre um indivíduo “B” que tenha carne e queira arroz!).
01 - Há a dificuldade de se estabelecer as relações ou preços de troca (valores entre dois bens bastante diferentes).
02 - Por tudo isso, esse sistema, que vigorou na mais remota antiguidade, era claramente ineficiente. As mudanças requeridas se realizaram lentamente.
Moeda mercadoria
Geralmente escolhia-se uma mercadoria que fosse relativamente escassa e não facilmente perecível (nem sempre possível). A história registra que, em diferentes locais e épocas, foram usados como moeda: sal, peles, fumo, gado, trigo, rum, carne seca, ferro, cobre, dentre outros.
Moeda metálica
Sem dúvida, de todas as mercadorias, a preferência maior recaía sobre os metais, não só pela sua relativa escassez, mas, também, pela sua durabilidade e fácil divisibilidade. Muito embora o ferro, o cobre e o bronze tenham sido bastante utilizados, houve uma predominância do uso dos metais preciosos, notadamente a prata e o ouro.
Moeda papel
Com o tempo, e diante da crescente demanda por tais certificados, as casas de custódia passaram a emitir certificados cujo valor global em circulação excedia o valor total dos metais preciosos ali depositados. A experiência acumulada pelos custodiadores mostrava que nem todos os depositantes resgatavam, ao mesmo tempo, seus depósitos. Além do mais, enquanto alguns vinham para reconverter seus certificados em ouro, outros vinham para depositar. Assim, com um encaixe metálico menor, era possível garantir a liquidez dos certificados, isto é, garantir as reconversões que, em média, na semana ou no mês, correspondia a apenas uma fração do total dos certificados em circulação.
Papel moeda
Com o crescimento do volume e valor das transações, o manejo de grandes quantidades de metais preciosos tornou-se problemático pelas dificuldades de transporte e os riscos envolvidos. Pouco a pouco, nota-se o aparecimento de casas de custódia desses metais em diversos pontos. Essas casas passaram a receber em depósito os metais preciosos dos comerciantes, emitindo em troca um recibo ou certificado de valor correspondente. Esse certificado recebeu a denominação de moeda papel e era generalizadamente aceito nas transações. Sua característica principal era possuir lastro integral (100%) em ouro, isto é, a qualquer momento o possuidor do certificado poderia ir à casa de custódia emissora e reconvertê-lo em ouro ou prata. Daí sua crescente aceitabilidade como meio de pagamento em substituição aos próprios metais preciosos.
Ocorreu, assim, um novo marco histórico na evolução das formas de moeda: a passagem da moeda papel para os certificados emitidos sem o correspondente lastro em ouro ou prata e que vieram a ser chamados de papel moeda. Pouco a pouco o papel moeda passou a ter uso generalizado como meio de pagamento nas transações pelo simples fato de que sua aceitação era geral, não se questionando sobre a possibilidade de convertê-lo ou não em ouro.
O esquema a seguir retrata como se desenvolveu o sistema de trocas e a devolução da moeda:
ATENÇÃO
Num processo evolutivo normal, e com o intuito de evitar riscos de emissões exageradas, o passo seguinte foi a proibição de emissão de papel moeda pelos bancos privados (antigas casas de custódia), limitando-se o direito de sua emissão a uma instituição oficial que, pouco a pouco, se transformou nos atuais bancos centrais de cada país.
Tipos de moeda
Numa classificação didática, temos, hoje, as seguintes espécies ou formas de moeda:     
Moeda manual
Vem a ser aquela emitida pela Casa da Moeda, representada pelas cédulas e moedas metálicas em circulação.    
Moeda escritural ou bancária
Representada pelos depósitos à vista nos bancos comerciais. Vale lembrar que se trata das chamadas moedas fiduciárias (isto é, em que se tem fé ou se acredita), já que não possuem valor intrínseco, constituindo-se em moeda simplesmente porque têm aceitação generalizada nas transações econômicas.
Funções da moeda
Bom, já que agora sabemos um pouco sobre o sistema de trocas e dos tipos da moeda, vamos às suas funções:
Instrumento de troca
Tendo aceitação generalizada como meio de pagamento nas transações, a moeda exerce sua função mais cristalina e fundamental – que é servir como instrumento ou intermediária de trocas entre os indivíduos para satisfação de ambas as partes.
Padrão de referência de valor
Nesse caso, a moeda possibilita que todos os fatores de produção e os produtos (bens e serviços) possam ter seus valores expressos em unidades monetárias, propiciando a fácil avaliação e comparação de todos os recursos e produtos disponíveis na Economia.
Reserva de valor
A moeda desempenha, também, a função de reserva de valor no sentido de que o indivíduo pode manter sua riqueza (ou parte dela) sob a forma de moeda, por um período de tempo, sabendo que, amanhã ou depois, esse ativo será aceito em qualquer transação por ter liquidez absoluta. Trata-se, no entanto, de uma função que merece duas ressalvas: primeiro, se o indivíduo prefere manter sua riqueza sob a forma de moeda, ele deixa de ganhar, pois a moeda em si não gera rendimentos; segundo, e ao contrário, em períodos inflacionários o indivíduo perde com a desvalorização da moeda.
Inflação
A inflação é definida como sendo um aumento contínuo e generalizado do nível geral de preços, em outras palavras, uma perda progressiva do poder de compra da moeda. Em uma economia com inflação é necessário cada vez mais moeda para se comprar a mesma quantidade de bens e serviços.
Inflação basicamente significa alta de preços. Mas uma alta de preços que têm algumas características próprias. Observe:
· Em geral, sobem os preços de todos os bens, serviços etc. uns mais, outros menos, mas todos sobem;
· É durável, o movimento de elevação dos preços não é um ponto no tempo, não é feito de avanços e recuos estáticos, mas persistente (e às vezes, demorado);
· É progressiva ou acumulativa. A inflação alimenta-se a si mesmo e pode aos poucos, aumentar a sua velocidade de alta (ou até mesmo de baixa).
Mas o que faz aparecer esse fenômeno que chamamos de inflação, melhor dizendo, quais são as suas causas, de âmbito socioeconômico, com os seus respectivos efeitos, não só em toda a vida econômica, como também na vida política, na vida social e até na vida individual de cada pessoa que forma a sociedade de um país?As suas causas estão diretamente ligadas ao que podemos identificar e classificar como tipos básicos de inflação.
· INFLAÇÃO DE DEMANDA
A inflação de demanda é o tipo de inflação causada por um excesso de procura, dada a oferta disponível de bens e serviços na economia. Entre os fatores que fazem aparecer este fenômeno, cabe destacar:
• o aumento da renda disponível das pessoas;
• expansão dos gastos públicos (sendo que o governo é um dos agentes que demandam bens e serviços na economia, pressionando o nível da demanda agregada, que, dependendo de como o governo mexe com os seus gastos, ele pode até gerar um déficit público, e fazer gerar um maior nível de demanda global do país);
• expansão do crédito e redução da taxa de juros (aumentando a liquidez, a moeda em circulação e, por conseguinte, os gastos da sociedade) e as expectativas dos agentes econômicos.
É importante destacar que o aumento excedente da demanda só causa inflação, se a economia do país estiver tendendo a chegar no pleno emprego da utilização dos recursos (ou fatores) de produção disponíveis na economia do país.
· INFLAÇÃO DE CUSTOS (OU DE OFERTA)
Uma determinada experiência brasileira demonstra que pode haver inflação, mesmo sem a presença de um excesso de demanda sobre a oferta. A inflação de oferta aparece porque os custos (despesas com a produção) sobem, melhor dizendo, há a chamada inflação de custos (ou de oferta). Entre os fatores que fazem aparecer este fenômeno inflacionário, cabe destacar:
• a taxa de juros (ao mesmo tempo em que contribui para reduzir a demanda, gera um aumento dos custos de produção, pois as empresas muitas vezes pegam dinheiro emprestado em bancos);
• a desvalorização cambial (pois gera um aumento nos preços dos produtos importados que servem de matéria-prima), os preços externos de determinados produtos (tais como o preço internacional do petróleo), custo da mão de obra (devido a aumentos salariais) e aumento de impostos.
A empresa, trata de passar adiante essas elevações de despesas e eleva o preço de venda do seu produto. Em a maior ou menor proporção a empresa, conseguirá repassar tais elevações para o preço do seu produto, depende das condições que se tem em relação ao seu poder de concentração de mercado, ou a maior ou menor concorrência que se tem neste mesmo mercado.
· INFLAÇÃO DE INERCIAL
O último tipo de inflação que pode ocorrer, independente de pressões de demanda e/ou de custos, é a inflação que está associada aos mecanismos de indexação da economia, melhor dizendo, a chamada inflação inercial. Ela é desenvolvida por meio da garantia que se tem de reajustar preços, a partir da constatação da existência de inflação, onde a inflação de hoje passa a ser o piso para a inflação de amanhã, mesmo não se tendo pressões de demanda e de custos, onde a inflação pode não ceder.
Distorções do Processo Inflacionário
A principal consequência de um processo inflacionário são as disparidades de preços, porque os preços dos produtos variam com taxas diferentes. Portanto, com a inflação, os preços relativos mudam: os preços de alguns insumos aumentam mais do que o de outros, as empresas tendem a variar a intensidade com que são usados.
Por outro lado, estes tendem a gerar expectativas de que a inflação tenderá a subir no futuro (gerando expectativas de inflação futura), onde procurarão resguardar as suas margens de lucro, aumentando os preços dos seus produtos.
E, ao mesmo tempo, um processo inflacionário provoca distorções sobre as finanças públicas; pois este processo acaba gerando uma defasagem entre o fato gerador e o recolhimento efetivo do imposto; assim, quanto maior a inflação, menor tende a ser a arrecadação do governo.
Veja um quadro que apresenta as importantes correntes econômicas sobre o tema inflação.
	Corrente
	Causas principais da inflação
	Políticas Antiinflacionárias
	Liberais ou neoliberais
	Desequilíbrio do setor público (o déficit a dívida pública provocam descontrole monetário, causando inflação de demanda).
	• Ajuste fiscal (para reduzir o déficit a dívida pública, via reformas fiscais, previdenciária, privatização);
• Controle monetário (juros e moeda);
• Liberação do comércio exterior (abertura comercial e valorização cambial).
	Inercialistas
	Indexação generalizada (formal e informal).
	• Desequilíbrio do setor público (o déficit e a dívida pública provocam descontrole monetário, causando inflação de demanda).
	Estruturalistas
	Conflitos distributivos (pressões de margens de lucro, salariais e de tarifas e preços públicos provocam inflação de custos).
	• Controle de preços oligopólios;
• Controle cambial;
• Reformas estruturais.
Fundamentos de Economia / Aula 8 - Políticas macroeconômicas: monetária e fiscal
Introdução
Na aula passada aprendemos sobre o que é inflação e os diferentes tipos. Reconhecer que existe é o primeiro passo para enfrentá-lo. Além da inflação, outros desequilíbrios econômicos ocorrem.
Assim, na economia existem alguns instrumentos que ajudam a manter o ambiente saudável e estável. Como a política monetária e fiscal.
Nesta aula, vamos estudar a política monetária e a política fiscal e os seus instrumentos para atingir o equilíbrio monetário e fiscal.
Política Monetária e seus Instrumentos
A política monetária refere-se à atuação do governo no sentido de controlar as condições de liquidez do país. Com esse objetivo, o governo atua sobre:
· A quantidade de moeda na economia
· A capacidade de concessão de empréstimos por parte dos bancos
· E, por consequência, sobre os níveis das taxas de juros
Na realidade, o mercado monetário é como outro qualquer, onde existe demanda, oferta e preços de equilíbrio.
Mas, antes de começarmos, umas considerações importantes:
Conceito de Moeda na Política Monetária
Muitas coisas são usadas como dinheiro, inclusive o cartão de crédito. Mas o conceito de moeda que é usado na Política Monetária é o M1.M1 = papel-moeda em poder da sociedade + depósitos em conta corrente bancária.
Obs.: Quando se fala “sociedade”, não contabilizamos as moedas que estão em poder do governo.
Demanda por Moeda (M1)
É a quantidade de moeda (M1) que a coletividade deseja deter em um determinado momento. As pessoas demandam moeda (M1):
• para Transações (compras/vendas);
• por Precaução (contra a incerteza na economia);
• por Especulação (guardar provisão de moedas para quando aparecer um investimento interessante).
Oferta de Moeda (M1)
Quantidade de moeda disponível para a sociedade em um determinado momento; o Banco Central é o órgão do governo encarregado por controlar a oferta de moeda.
 É possível que você esteja se perguntando...como o Banco Central controla a Oferta de Moeda (M1)?
Por meio dos instrumentos monetários, que são quatro.
Vamos ver cada um deles:
EMISSÃO DE PAPEL-MOEDA
Vale realçar o fato de que o papel-moeda (as notas de Real e as moedinhas que usamos no dia a dia) é emitido apenas para atender as nossas necessidades de pagamentos, geralmente, de pequeno valor, e essa emissão tem pouca importância para a política monetária, de qualquer forma, só serve para gerar um aumento da oferta de moeda.
PERCENTUAL DE DEPÓSITO COMPULSÓRIO (OU RESERVAS BANCÁRIAS)
É uma parte dos depósitos a vista que o banco comercial recebe diariamente, e que ele é obrigado a depositar no Banco Central.
Ao provocar um aumento ou uma redução do depósito compulsório (ou reservas bancárias) o Banco central espera aumentar ou reduzir o montante de depósitos à vista nos bancos. O banco comercial faz a intermediação financeira. Quanto mais recursos ele tiver livres para aplicar/emprestar, mais ele realiza operações, elevando a oferta de M1 na economia. Isto porque os bancos podem multiplicar, na forma de depósitos à vista, a moeda criada pelo Banco Central - Ou seja, as reservas bancárias.
Logo, Banco Central elevar o depósito compulsório, reduz a oferta de M1. Já se o Banco Central diminuir o depósito compulsório aumenta a oferta de M.
LINHAS DE REDESCONTO
Repasse de verba do Banco Central aos bancos comerciais (usando aquele dinheiro que é guardado soba forma de depósito compulsório). Isto só ocorre com dois objetivos:
• empréstimo de liquidez (repasse de dinheiro temporário, só até o banco comercial se reorganizar para honrar um volume maior de saques dos correntistas);
• linhas especiais de crédito (ex.:crédito a exportadores. Dinheiro com um custo mais baico para o exportador. Vem do Banco Central para os bancos comerciais).
Se o Banco Central aumenta a taxa de redesconto, os bancos devem atuar mais comedidamente na concessão de crédito, porque pagarão mais caro para obter reservas bancárias, caso necessitem. Por outro lado, quando reduz a taxa de redesconto, o Banco Central está sinalizando que os bancos podem aumentar os empréstimos concedidos a seus clientes.
OPERAÇÕES DE MERCADO ABERTO
Compra e venda de títulos da dívida pública. Ao vender os títulos da dívida pública à sociedade, o governo recolhe moeda; logo, uma operação de venda de títulos leva a uma redução na oferta de moeda.
Já na hora em que o governo compra/resgata os títulos da dívida pública da sociedade, devolve o valor e os rendimento em moeda.
Assim, uma operação de compra de títulos pelo governo leva a um aumento na oferta de moeda.
Comentários importantes sobre a dívida pública interna
É gerada quando o governo vende títulos ao público, para captar dinheiro rápido, e oferecendo, em troca, um rendimento deste dinheiro em certo prazo. Os bancos comerciais são compradores habituais. A dívida surge de uma necessidade de gasto do Estado, que não quer financiá-la diretamente por um aumento de tributos. Além disso, a dívida é um dos instrumentos de política monetária. 
Taxa de juros SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia)
A oferta de moeda permite que o Banco Central determine a taxa de juros, que resulta da relação entre oferta e demanda de moeda. Supondo constante a demanda por moeda, a sua oferta passa a ser a maneira de influenciar a taxa de juros.
Aumento de oferta de moeda → ↓ juros SELIC;
Redução da oferta de moeda → ↑ juros SELIC.
Fonte: Banco Central do Brasil
COPOM
Quem decide qual será o melhor nível desta taxa é o COPOM (Comitê de Política Monetária). A cada 45 dias, o COPOM se reúne para decidir qual será a meta desejada. Nessa decisão, são consideradas as metas de inflação para o ano e o nível de atividade da economia, entre outros.
Política fiscal e seus instrumentos
A política fiscal é realizada pelo governo ao administrar seus gastos e ao decidir como vai financiá-los.
Para dar conta de suas tarefas de forma sustentável, o governo deve cobrir seus gastos com sua receita, ou seja, por meio da cobrança de impostos e tarifas.
Exemplos de receita do governo:	Exemplos de despesas do governo:
Coleta de impostos diretos.	Gastos dos ministérios, secretarias e autarquias.
Contribuições à providência social.	Gastos com transferências à população (como aposentadorias, bolsas de estudos, etc.).
Outras receitas: taxas, multas, aluguéis etc.	Subsídios (transferências às empresas).
Tipos de Política Fiscal
A política fiscal pode ser contracionista (= recessiva) ou expansionista. Diz-se contracionista quando reduz a demanda agregada, e expansionista, quando expande a demanda agregada.
Política fiscal contracionista: 
Ocorre se o governo corta gastos com o setor privado, ou aumenta os impostos. Se o governo diminui gastos, também reduz a demanda agregada. Já se o governo aumenta os tributos, isto afeta indiretamente a demanda agregada, por meio de consumo e investimento. Afinal, pagando mais impostos, o consumidor poderá reduzir o consumo e as empresas, eventualmente, reduzem o investimento. Os preços dos exportados podem se tornar menos competitivos, devido aos impostos embutidos:
Impostos sobem e gastos gov. caem → ↓ inv. produção → ↓ emprego,
↓ consumo, ↓ produto
Uma política fiscal expansionista:
Ocorre se o governo aumenta seus gastos com o setor privado, ou reduz os impostos. Se o governo aumenta gastos, também aumenta a demanda agregada. Já se o governo reduz os tributos, isto aumenta indiretamente a demanda agregada, por meio de consumo e investimento. A redução de impostos se reflete em mais capacidade de gasto, tanto para consumo quanto para investimento:
Impostos caem e gastos gov. sobem → ↑ inv. produção → ↑ emprego,
↑ consumo, ↑ produto
Efeitos da Política Fiscal sobre a Inflação
Como visto, uma política fiscal expansionista aquece a demanda agregada. Desta forma, as vendas aumentam, criando um ambiente mais propício à elevação de preços.
Por isto, uma política fiscal expansionista pode contribuir para o aumento da inflação, mesmo que a economia não esteja próxima ao nível de pleno emprego. Já se a economia estiver operando próxima do nível máximo, com certeza haverá inflação, neste caso, inflação de demanda.
ATENÇÃO
Quando o governo tem como meta estabilizar os preços, costuma aplicar política fiscal contracionista. A lógica é a seguinte: esta política reduz a demanda agregada, logo reduz o investimento produtivo e o emprego. O consumo cai, o que dificulta aumentos de preços. Um empresário pode manter seus preços altos, mas não os aumenta, se as vendas estão caindo.
Resultados do Governo
Para manter o equilíbrio fiscal, o governo pode se endividar junto à sociedade e também emitir moeda. Mas para que sua dívida não provoque pressão inflacionária, o governo não deve mais emitir dinheiro, seu endividamento deve ser financiado através da emissão de títulos da dívida pública.
Os títulos são comprados por investidores institucionais, bancos etc.
SAIBA MAIS
O governo paga os famosos juros da dívida pública, sendo que o total pago é fortemente influenciado pela taxa de juros dos títulos da dívida pública. Esta, por sua vez, está em grande parte vinculada à SELIC.
São e 3 as formas de calcular o saldo entre receitas e gastos do Governo, em reais:
Resultado Primário
Receitas menos gastos, sem incluir, nesta conta, pagamento de juros e correção monetária pelo governo, ou seja, a dívida pública. Normalmente, o governo brasileiro tem buscado superávit primário.
Resultado Operacional
Receitas menos gastos, incluindo o pagamento de juros da dívida pública. Neste conceito, o resultado mais comum é de déficit.
Resultado Nominal
Receitas menos gastos, incluindo o pagamento de juros da dívida pública, mais a correção monetária ou cambial (alguns títulos têm rendimento correspondente à variação do câmbio). Este é o conceito mais completo; normalmente é um déficit. O financiamento do déficit nominal se dá através da colocação de mais títulos públicos no mercado, elevando, dessa maneira, a dívida pública.
Dívida Bruta e Dívida Líquida
Veja a evolução da nossa dívida pública em proporção ao PIB. A “dívida bruta” engloba todo tipo de débito do Estado brasileiro:
· Títulos públicos vendidos ao “mercado”;
· Empréstimos bancários;
· Empréstimos feitos por organismos internacionais;
· Débitos estaduais e municipais assumidos pelo governo federal.
Já no cálculo da “dívida líquida”, desconta-se tudo o que o país já tem em caixa tanto em reais depositados aqui, como em dólares mantidos no exterior — ou vai receber no futuro. Inclusive aquilo que vai receber do mesmo “mercado” de quem o Brasil é devedor.
Fundamentos de Economia / Aula 9 - Políticas Macroeconômicas: cambial e comercial
· Introdução
Escutamos nos telejornais, lemos nos jornais e revistas a valorização e/ou a desvalorização do dólar frente à moeda nacional e as consequências para a economia brasileira.
Mas, como a moeda norte-americana se valoriza? Como se desvaloriza? Quais os efeitos?
Vamos entender alguns conceitos importantes, nesta aula, para clarear um pouco essas discussões, ou seja, vamos entender os princípios da Política Cambial.
Outra política macroeconômica que vamos estudar é a Comercial. Esta consiste na atuação do Governo com medidas para influenciar as exportações e importações, sem que seja necessário mexer na taxa de câmbio. E, como isso, fechamos a parte da matéria que diz respeito às políticas macroeconômicas.
Política Cambial e Comercial
A política comercial tem a ver com medidas adotadaspelo governo no objetivo de intervir nas transações com o exterior. As tarifas alfandegárias cobradas sobre os produtos importados retratam bem essa interferência.
Quanto maior a tarifa, mais dificultadas se tornarão as importações e mais protegida da concorrência externa estará a indústria nacional e, consequentemente, seus empregados.
ATENÇÃO
A taxação que incide sobre os veículos importados é um bom exemplo da intervenção do governo através da política comercial que, em última análise, preserva o emprego de milhares de trabalhadores brasileiros.
Vamos começar pela Política Cambial
De uma forma resumida, podemos dizer que a Política Cambial é a determinação da taxa de câmbio do país.
Mas o que é taxa de câmbio?
É o preço do dólar no país; mede quantas unidades da moeda nacional são necessárias para comprar U$1.
O que é uma taxa de câmbio valorizada ou valorização cambial?
Significa que para comprar U$1 é preciso menos moeda nacional.
Ou seja, serão necessários menos reais (R$) para comprar o mesmo dólar (U$).
Vamos entender melhor através de um exemplo.
EXEMPLO
Momento 1: para comprar U$1 preciso de R$2,50.
Momento 2: para comprar U$1 preciso de R$2,10 (preciso de menos reais para comprar o mesmo dólar).
A Política Cambial inclui a escolha, pelo Governo, da forma como é determinada a taxa de câmbio oficial — se é fixada pelo governo ou livremente pelo mercado.
Regimes Cambiais
Regime Cambial é forma na qual há a determinação da taxa de câmbio. Vamos estudar duas das três formas disso se realizar: 
Regime de Câmbio Fixo
O Governo se compromete (oficialmente) com uma determinada taxa fixada. Isto significa dizer comprar e vender dólar a um valor por ele pré-estabelecido, por exemplo, pode estipular que U$1 = R$1,00.
Esse regime já foi muito utilizado na economia mundial e possui vantagens e desvantagens. Vejamos:
Vantagens
O preço do dólar não varia, portanto, não encarece os importados; não impacta sobre a inflação.
Desvantagens
O governo precisa gastar as reservas internacionais para manter a taxa. E se a taxa for valorizada (baixa), a balança comercial fica deficitária.
Suponhamos que o valor da moeda americana seja fixado em R$1,50. Neste caso, o Banco Central assume o compromisso de comprar qualquer quantidade de dólar por esse valor.
Se ocorrer uma crise financeira internacional, as condições do mercado cambial se deterioram, porque, nesses momentos, os investidores estrangeiros procuram retirar seus recursos do país; para isso, compram dólares no mercado de câmbio, levando a uma tendência à valorização da moeda americana.
ATENÇÃO
Para impedir que o valor do dólar suba, o Banco Central seria então forçado a vender dólares, sempre a R$1,50. A capacidade do Banco Central brasileiro de vender dólares esta limitada à quantidade das reservas internacionais. Com elas reduzindo, o BC pode utilizar uma política monetária contracionista e aumentar a taxa de juros para atrair mais dólares para o país. E isso poderia comprometer o crescimento econômico brasileiro. Outra desvantagem é a concorrência dos produtos nacionais frente aos produtos importados com um câmbio fixo. 
Regime de Câmbio Flutuante (Flexível)
No regime de câmbio flutuante, o mercado determina a taxa de câmbio, ou seja, ela depende da demanda e da oferta de dólar no mercado.
Oferta de dólar
É a entrada de dólar no país. Veja algumas fontes de chegada:
• Exportações — o exportador recebe em dólares e troca no Bacen;
• Empréstimo do FMI;
• Venda de títulos do Brasil no exterior;
• Entrada de capitais financeiros, atraídos por nossos juros altos;
• Envio de lucros de empresas brasileiras atuando no exterior.
Demanda por dólar
É a saída da moeda em circulação no país. Algumas fontes de demanda por dólar:
• Importações — o importador compra dólar para pagar suas compras;
• Pagamento da divida externa;
• Envio de remessa de lucro de multinacionais atuando aqui, para o país de origem;
• Saída de capitais financeiros.
Na verdade, nenhum governo (autoridades monetárias) de um país deixa de atuar para evitar flutuações consideradas excessivas na taxa de câmbio. Em tese, embora o regime cambial seja de taxa de câmbio flutuante, na prática, ele é chamado de flutuação suja.
Flutuação suja? O que é isso?
Quando considera necessário, o Banco Central pode adotar medidas visando influenciar o comportamento do mercado de câmbio.
EXEMPLO
Imagine que U$1 esteja valendo R$3,00, pois a oferta está muito pequena em relação à demanda por dólar. O governo pode vender dólares de suas reservas internacionais, aumentando assim a oferta da moeda no mercado, o que tende a resultar em queda do valor da moeda norte-americana. Essa redução, ou seja, a valorização do real pode contribuir para reduzir os preços dos produtos importados, diminuindo a pressão inflacionária. Mas, por outro lado, incentiva o aumento das importações e baixa a capacidade de exportação das empresas brasileiras, o que tende a levar a uma deterioração da balança comercial.
Vantagens
O Governo não é obrigado a gastar as reservas internacionais para controlar a taxa de câmbio (mas pode fazê-lo eventualmente). A balança comercial tende ao superávit, como será visto adiante.
Desvantagens
Toda vez que a taxa de câmbio sobe, encarece o custo de importar. Isto pode impactar sobre a inflação, caso um produto, aqui produzido, use componentes importados.
Portanto, outra forma de tentar evitar desvalorizações cambiais é utilizando a política monetária, ou seja, elevar a taxa de juros, atraindo dólares para serem investidos no país em títulos da dívida pública.
Efeito da Taxa de Câmbio sobre a Balança Comercial do país (exportação — importação)
Exportador
O exportador recebe em dólar e troca por reais.
Ex.: Venda de U$100
Se a taxa de câmbio = R$2,90, a sua receita, em reais é = 100 x 2,90 = R$290,00
Se a taxa de câmbio = R$4,00, a sua receita, em reais é = 100 x 4,00 = R$400,00
→ O exportador fica estimulado quando a taxa cambial está desvalorizada porque a receita em reais vai ser maior.
Importador
O importador gasta em dólar; para isto, usa reais para comprar dólares e pagar a encomenda.
Ex.: Importação de mercadorias, no valor de U$100
Se a taxa de câmbio = R$2,90, seu gasto, em reais, é = 2,90 x 100 = R$290,00
Se a taxa de câmbio = R$4,00, seu gasto, em reais, é = 4,00 x 100 = R$400,00
→ O importador fica estimulado quando a taxa cambial está valorizada, porque o gasto em reais vai ser menor.
Conclusão: a taxa de câmbio valorizada (real valorizado frente ao dólar), desestimula as exportações, apesar de fomentar as importações, o que pode vir a causar uma balança comercial deficitária.
Efeitos da Taxa de Câmbio sobre a Inflação no país
Se a taxa de câmbio aumentar, ou seja, o real desvalorizar, pode ocorrer uma inflação de custos. Isto porque a importação fica mais cara.
Se o empresário brasileiro, que compra o importado, decidir repassar o custo maior ao preço da mercadoria final, realmente ocorrerá inflação.
Se a taxa de câmbio reduzir, ou seja, o real valorizar, haverá uma queda nos preços dos produtos importados e uma menor pressão inflacionária.
Em resumo:
Política Monetária Restritiva -> Aumenta a Taxa de Juros -> Atrai Dólares para o País -> Provoca Desvalorização do Dólar -> Valorização do Real -> Queda nos Preços dos Produtos Importados -> Menor Pressão Inflacionária -> Valorização do Real -> Aumento das Importações / Redução das Exportações
Déficit na Balança Comercial
Política Comercial
São medidas para influenciar as exportações e as importações, sem que seja necessário mexer na taxa de câmbio.
As alterações no câmbio, embora visem primordialmente equilibrar as contas externas, tendem a trazer repercussões sobre outras variáveis. Assim, para obter resultados desejados, em relação à balança comercial, os governos tradicionalmente adotam políticas para incentivar as exportações e reduzir as importações, independentemente das variações que venham a ocorrer na taxa de câmbio.
No Brasil, tais medidas incluem a concessão de financiamentos subsidiados através dos bancos oficiais e de incentivos

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