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FACULDADE PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA AMAZÔNIA CURSO DE DIREITO VITÓRIA BRAGA RESENHA CRÍTICA PARAUAPEBAS-PA 2020 VITÓRIA BRAGA RESENHA CRÍTICA Resenha crítica formulada e apresentada à Faculdade FADESA, para ser analisada como trabalho acadêmico com o objetivo de somar pontos para o 1º semestre, referente à disciplina de Direito Penal. Professor: Bruno Farias PARAUAPEBAS-PA 2020 1. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Beccaria, C. (1764). Dos Delitos e Das Penas. Ridendo Castigat Mores. 1. APRESENTAÇÃO DO AUTOR DA OBRA Cesare Bonesana Marquês de Beccaria foi um jurista e economista milanês, que nasceu em Milão, na Itália, no dia 15 de março de 1738. Formou-se em Direito na Universidade de Pavia em 1758, depois de graduado passou a se interessar por trabalhos filosóficos e pelos estudos de literatura, logo em seguida juntou-se aos irmãos Pietro e Alessandro Verri, com quem fundou uma associação e juntos criaram a L’Accademia dei Pugni, a Academia dos Punhos, que consistia em grupo de jovens que discutia assuntos filosóficos e literários. A partir da academia criada com os irmãos Verri, todas as reuniões feitas no local debatiam sobre assuntos diversos, com o tempo Beccaria sentiu-se inspirado e adquiriu o desejo de questionar o estado, logo em seguida publicou sua obra intitulada “Dei Delitti e Delle Pene “, traduzida “Dos Delitos e Das Penas” que aborda assuntos sobre o a reforma penal e críticas ao sistema do séc: XVIII. 1. RESENHA CRÍTICA DO LIVRO: DOS DELITOS E DAS PENAS A obra literária escrita por Cesare Beccaria tem como intuito servir como uma obra de manifesto pessoal do autor, inspirado por obras de filósofos como Montesquieu, Maquiavel e outros, o autor busca por meio da sua própria obra literária abordar sobre o sistema punitivo do séc XVII as suas diversas falhas, que são vistas pelo ponto de visto ideológico do autor como cruéis, extremistas, excessivas e desiguais. Beccaria inicia seu livro apresentando questionamentos sobre a forma a correta de punir e sobre a organização do estado entre os homens. Desta forma fazendo o próprio leitor buscar em si as respostas e fazendo com que todos cheguem a formular mais dúvidas e questionamentos a respeito da realidade atroz em que a nação se encontrava no período em questão ao qual se retrata no livro. Dispondo da teoria do contrato social como forma primordial da organização entre sociedade, nota-se as primeiras críticas sociais acera da moral política e a desigualdade social, inicialmente busca demonstrar que todos devem escutar seu coração antes de pensar em punir alguém de forma infame. Cansado dos abusos frequentes dos tiranos, o autor ressalta a importância averiguar os crimes de maneira precisa e justa, sempre lembrando de seguir os princípios gerais que devem gerir o sistema penal. Antes das leis serem criadas acredita-se que o homem vivia no estado de natureza citado por Thomas Hobbes, que pode ser resumido na famosa frase “ O homem é lobo do homem “ fazendo referência ao estado desorganizado e egoísta em que o homem vivia antes de aprender a viver em sociedade, o homem reivindicou parte dos seus direitos de liberdade buscando o equilíbrio entre eles, confiando suas vidas e principalmente seus direitos, aos cuidados do estado, porém a maioria dos seus representantes acabam abusando de seu poder. Qualquer pena que ultrapasse os limites, ou que não seja proporcional ao crime cometido, deve ser considerada abuso de poder. Tendo em vista, que o objetivo da criação das punições é regular a vida tanto dos criminosos, quanto dos cidadãos de bem, ou seja, visar o bem-estar público em geral, sem discriminações. Ademais, as penas abusivas não eram os únicos problemas presente naquele tempo, havia também vários erros e injustiças na legislação, principalmente tratando-se do magistrado O estado tinha um interprete que era o soberano, sua única função era legislar, criar e interpretar as leis, que deveriam ser julgadas de forma imparcial pelos juízes do magistrado, teoricamente, esta era a forma que deveriam ser aplicadas a cada função, no entanto, diversas vezes juízes perdiam a razão e ao invés de julgar, acabavam impondo sanções ou aumentando as penas desnecessariamente. Os juízes acreditavam que estariam beneficiando seu povo cometendo tais atrocidades, quando na verdade, estavam apenas agindo como bárbaros irracionais tomando ações inúteis que não diminuíam em nada as taxas de crime. Além de abusar de sua autoridade judicialmente, alguns dos tiranos submetiam os suspeitos a torturas excessivas e impiedosas antes mesmo de confirmar se eram ou não culpados dos delitos que estavam sendo acusados. A pratica de tortura além de desumanas são inúteis, pois não confirmavam a culpa do acusado, sendo que em grande parte dos casos, os suspeitos cediam a tortura e confessavam crimes que não cometeram, dificultando a assim a identificação dos verdadeiros criminosos e diminuindo assim a eficácia da lei; em alguns casos, os suspeitos resistiam a tortura a tortura e eram absolvidos, e posteriormente eram identificados como verdadeiros criminosos, comprovando assim a ineficácia do método de tortura. Interrogatórios sugestivos eram simultaneamente empregados com as torturas, fazendo com que os suspeitos sofressem não apenas torturas físicas, como também manipulações psicológicas. Todas essas barbaridades exercidas sob os acusados, dificultavam seus próprios julgamentos, na hora de fazer seus juramentos no tribunal jurando dizer a verdade, os criminosos encontravam-se em um imenso conflito interno, no qual, não sabiam se deveriam condenar a si próprio ou agir conforme a justiça e os ideais de Deus, muitas vezes sendo submetidos a morte pela força maior de ser um bom cristão. Conforme o autor diz em seu exemplar, a pena de morte fora de um estado bem organizado é completamente inaceitável, além de ir contra o direito natural da vida, que nasce com todos os homens, não se mostra como uma pratica que produz efeito positivo para a sociedade, longe disso este ato apenas nutre o desejo de vingança dos homens, os delitos continuam ocorrendo da mesma forma e o estado passa a ser temido por aqueles que deveria proteger. Dentre estes assuntos polêmicos abordados pelo autor, também são citados assuntos menores que também são considerados importantes como por exemplo: Duelos, roubos, contrabando, falência e suicídio. Entre eles, apenas o suicídio é considerado um delito ao qual não cabe penalidade, uma vez que não é possível impor uma pena ao um corpo sem vida, e muito menos à família do falecido. A visão ideológica apresentada por Cesare Beccaria, esclarece diversos fatos e falhas que eram presentes no sistema criminal, antes de sua reforma, reforma esta que apenas ocorreu devido a publicação deste exímio manifesto repleto de críticas sociais e legislativas, que foram utilizadas como base para formulação do sistema de direito penal moderno. O autor, além de apresentar críticas, também discursa sobre as maneiras de prevenir crimes, e acredita que a culpa recai na falta de organização, desigualdade e desonestidade presente no estado. Segundo Cesare Beccaria “Fazeis leis simples e claras; fazei-as amar; e esteja a nação inteira pronta a armar-se para defendê-las, sem que a minoria de que falamos se preocupe constantemente em destruí-las” e com esta frase deixa claro que para que a sociedade mude, deve-se mudar primeiro aqueles que a regulam, buscando construir uma nação igualitária, harmoniosa, sem corrupções ou abusos de poder, e somente assim será possível a ressocialização dos criminosos que vivem atrás das grades, a também daqueles que continuam fora delas, promovendo um estado bem organizado.
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