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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA INSTITUTO DA SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL BACHARELADO EM ZOOTECNIA CRISLENE LIMA MONTEIRO DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE IOGURTE CONCENTRADO TIPO GREGO DE LEITE BUBALINO ADICIONADO DE CALDA DE FRUTAS AMAZÔNICAS BELÉM 2019 CRISLENE LIMA MONTEIRO DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE IOGURTE CONCENTRADO TIPO GREGO DE LEITE BUBALINO ADICIONADO DE CALDA DE FRUTAS AMAZÔNICAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Zootecnia da Universidade Federal Rural da Amazônia como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Zootecnia. Área de Concentração: Ciência e tecnologia de alimentos Orientador: Profª. Drª. Priscilla Diniz Lima da Silva Bernardino BELÉM 2019 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar à Deus, autor da minha vida, porque à ele clamei em todos os momentos e nunca me abandonou, porque a vida seria bem mais difícil se não o sentisse em meu coração, e em todos os lugares que eu vou, eu nunca estou só. Grata sou a ti, Jesus, que me guiou por lugares onde pude encontrar pessoas que me ajudaram a trilhar esse caminho, e superar as muitas dificuldades. Louvado seja teu nome! À professora Luciara Celi da Silva Chaves e toda a equipe do PROSEG, por conceder o aparelho analisador de leite (Ekomilk), que foi indispensável nas análises do leite utilizado nessa pesquisa. À professora Carissa Michelle Goltara Bichara que nos ajudou a realizar as análises microbiológicas e análises de gordura, que foram imprescindíveis nesse estudo. À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), ao setor de agroindústria, e especialmente à Fazenda Felisberto Camargo pelo fornecimento do leite que foi utilizado nessa pesquisa e em outros projetos. Agradeço também à Universidade Federal do Pará (UFPA), especialmente Ao Saulo mestrando do curso de Eng.ª de alimentos, que possibilitou o desnate da matéria-prima utilizada nessa pesquisa. A minha mãe, Ana Claudia, que me deu colo e afago nos dias difíceis, que sorriu os meus sorrisos e aplaudiu cada degrau que eu subi. Ao meu pai, Mauri do rosário, que foi meu grande incentivador, e meu apoiador, em todos os sonhos que eu tive. Sou grata a vocês por nunca medir esforços para que eu alcançasse minhas conquistas. Ao meu irmão, Leonardo Monteiro, que sempre foi um amigo, e com suas palavras mágicas dizia “você é capaz, eu acredito em você” fazia com que eu insistisse e continuasse a luta. Ao meu amor, Mayco Aragão, companheiro de toda uma vida, eu agradeço por ser meu fiel amigo, que nunca deixou com que eu desistisse de mim, dos meus sonhos, que trilhou esses caminhos comigo e me acompanhava. Você também não dormiu, madrugou, foi a longas distancias só para me fazer companhia, cuidou de mim durante os experimentos, assim como foi durante toda a graduação. Que vibrou comigo e chorou comigo. A você, todo o meu amor, admiração e respeito. Você antes de tudo é um ser humano incrível, obrigada por tudo, eu amo você! A minha amiga e orientadora, Priscilla Bernadino, para você eu não tenho palavras, não tenho dúvidas que foi Deus que colocou você no meu caminho, tenho tanto a agradecer! Pelo saber, orientação, dedicação, pela confiança em mim, por dividir sua vida comigo, ser companheira fiel de horas afins no Labnutam, dividindo-se entre ser mãe da pequena Pérola, e ser minha orientadora. Agradeço pelas correções, na vida acadêmica e pessoal. Receba o meu carinho, e a minha sincera gratidão, obrigada, muito obrigada! À Bianca, minha companheira de trabalho, sem a sua ajuda essa pesquisa seria bem mais difícil, obrigada por todas as vezes que você não mediu esforços para me ajudar, seja passando um pouco do horário, seja para trabalhar no final de semana, obrigada! A minha amiga Izabela Santos, a qual sou grata por ter me confiado essa amizade de tantos anos, com tanta história para contar, desde o cursinho para toda a vida, Deus me deu essa amizade como um presente, para dividirmos nossas alegrias e tristezas, obrigada amiga. À Pamela Ferreira, minha amiga de toda a vida, obrigada por ser uma fiel ouvinte nos momentos em que eu precisei de um ombro para chorar, você sempre será a amiga que eu posso contar para tudo, sem palavrar para agradecer você! As minhas amigas, que se tornaram irmãs que eu levarei para sempre comigo. À Brenda Reis, pelo mau humor matinal, mas sempre muito amiga e parceira, que posso contar sempre, fora ou dentro da UFRA. A Lorena Maués que é uma exímia ouvinte, companheira e amiga que me ajudou nas análises, nos momentos difíceis, não só no TCC, como em todo o curso. A Luana Aires, que sempre foi muito amiga, confidente, a que sempre pude contar nos momentos difíceis, obrigada por todos os conselhos. Amanda Mendonça, que mora no meu coração e mesmo com todos os apertos dos trabalhos a tua presença me trás alegria, obrigada. A todas as minhas irmãs, que trilharam esse caminho juntamente comigo, cheio de pedras e obstáculos, os primeiros vencemos juntas, alguns tivemos que enfrentar sozinhas, mas nunca soltamos as mãos. E é essa amizade que eu vou levar, sem vocês não seria possível, obrigada por todas as lagrimas de alegria e de tristeza que derramamos, obrigada por todos os abraços, e “puxões de orelha”. Com vocês vivi, chorei, sorri, e fui muito feliz. Obrigada! À Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), eu agradeço a oportunidade de aprender, evoluir e crescer cada vez mais. A todas as pessoas que conheci durante esses 5 anos nessa instituição, aos colegas, e os professores, mestres e doutores que procuraram repassar da melhor forma o conhecimento e que contribuíram para o meu crescimento profissional. Obrigada! “Não ti mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes; porque o SENHOR teu Deus é contigo, por onde quer que andares. ” Livro de Josué, cap. 1, ver. 9 – Bíblia Sagrada. RESUMO O objetivo desta pesquisa foi desenvolver iogurte concentrado do “tipo grego” à base de leite bubalino adicionado de caldas de diferentes frutas da Amazônia: Cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum), Bacuri (Platonia insignis) e murici (Byrsonima crassifólia), definindo as características físico-químicas, microbiológicas, fermentativas e sensoriais, visando atender as exigências estabelecidas pela legislação brasileira vigente. O leite foi submetido a tratamento térmico (85ºC/15 minutos), resfriado à temperatura de 45ºC, inoculado e incubado para a etapa de fermentação até atingir o ponto isoelétrico (pH 4,6). Posteriormente foi realizada a refrigeração e dessoramento. Foram produzidas três caldas, separando o experimento em 3 tratamentos: T1 (Murici), T2 (Bacuri) e T3 (Cupuaçu). Para o leite, fez-se: Acidez expressa em ácido lático/g, densidade, pH, temperatura, teste de Dornic, estabilidade ao álcool, prova do alizarol, gordura, extrato seco desengordurado, ponto de congelamento, lactose, condutividade, e água adicionada; iogurte: umidade, cinzas, proteína, gordura, pH, acidez expressa em ácido lático g/ml, e para as caldas: Umidade, cinzas, pH, e proteínas. Para os testes microbiológicos, foram feitos no leite: Salmonella sp/25ml, contagem de Staphylococcus coagulase positiva, padrão em placas e bactérias láticas. No iogurte: pesquisa de coliformes a 45ºC/g e a 35ºC/g, contagem de bactérias láticas, Staphylococcus coagulase positiva e Salmonella sp/25g. E nas caldas: coliformes a 45ºC/g e fungos filamentosos. Quanto aos resultados físico-químicos e microbiológicos, o leite bubalino semi-desnatado apresentou-se dentro do preconizado pela legislaçãovigente. O iogurte produzido apresentou se dentro do estabelecido pela legislação para leites fermentados. Assim como, nas análises microbiológicas, o iogurte demonstrou ser um produto seguro para ser consumido, contudo o produto apresentou bactérias láticas de 5,2x10² abaixo do exigido pela legislação (mín. 107). As caldas produzidas apresentaram valores físico-químicos coerentes com suas composições, apresentando-se como uma opção para enriquecer nutricionalmente o produto, assim como, os resultados microbiológicos demonstraram que as caldas produzidas são viáveis para o consumo. O iogurte produzido apresentou um ótimo rendimento de 62,3 %. E na análise sensorial notou-se que houve maior preferencia e intenção de compra pelo iogurte com calda de cupuaçu, visto que a fruta é tipicamente mais consumida na região. Com isto, conclui-se que o iogurte concentrado “tipo grego” fabricado com leite bubalino adicionada de caldas de frutas regionais, neste experimento, apresentou-se como um produto seguro, de bom rendimento, e agradável ao paladar dos provadores, mostrando assim um grande potencial para utilização a nível industrial. Palavras-Chave: Amazônia - Bubalinocultura - Composição - Leites fermentados - Segurança ABSTRACT The objective of this research was to develop concentrated "Greek type" yoghurt based on buffalo milk, added with different fruit juices from the Amazon: Cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum), Bacuri (Platonia insignis) and murici (Byrsonima crassifolia), defining the physical characteristics chemical, microbiological, fermentative and sensorial, in order to meet the requirements established by current Brazilian legislation. The milk was subjected to heat treatment (85ºC / 15 minutes), cooled to 45ºC, inoculated and incubated for fermentation until it reached the isoelectric point (pH 4.6). Refrigeration and desorption were then performed. Three treatments were produced, separating the experiment in three treatments: T1 (Murici), T2 (Bacuri) and T3 (Cupuaçu). For milk, acidity expressed as lactic acid / g, density, pH, temperature, Dornic's test, alcohol stability, alizarol test, fat, dry extract defatted, freezing point, lactose, conductivity, and water added; Yogurt: Moisture, ash, protein, fat, pH, acidity expressed in lactic acid g / ml, and for syrups: Moisture, ash, pH, and protein. For the microbiological tests, were made in the milk: Salmonella sp / 25ml, Coagulase positive Staphylococcus count, plaque standard and lactic bacteria. In the yogurt: coliform research at 45ºC / g and at 35ºC / g, count of lactic bacteria, coagulase-positive Staphylococcus and Salmonella sp / 25g. And in the caldas: coliforms at 45ºC / g and filamentous fungi. Regarding the physical-chemical and microbiological results, semi-skimmed buffalo milk was within the recommended by the current legislation. The produced yoghurt has presented itself within the established by the legislation for fermented milks. As in the microbiological analyzes, yoghurt was shown to be a safe product to be consumed, however, the product presented lactic bacteria 5.2x10² lower than required by legislation (min 107). The caldas produced presented physical- chemical values consistent with their compositions, presenting itself as an option to nutritionally enrich the product, as well as, the microbiological results showed that the syrup produced are viable for consumption. The yogurt produced presented an excellent yield of 62.3%. And in the sensorial analysis it was noticed that there was a greater preference and intention of purchase by the yogurt with cupuaçu syrup, since the fruit is typically more consumed in the region. It is concluded that concentrated "Greek-type" yoghurt made from buffalo milk added with regional fruit syrups in this experiment was presented as a safe product with good yield and pleasant to the palate of the tasters, thus showing a potential for industrial use. Keywords: Amazon - Bubalinoculture - Composition - Fermented milk - Safety LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Ekomilk – Caplab: Aparelho que realiza leituras de leite, localizado no Laboratório de Laboratório de Nutrição Animal e Análise de Alimentos (LABNUTAM) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).............................................................24 Figura 2 – Medição do pH durante a realização da curva de acidificação do meio em banho maria no Laboratório de Laboratório de Nutrição Animal e Análise de Alimentos (LABNUTAM) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)................................27 Figura 3 – Dessoragem do iogurte concentrado fabricado com base de leite bubalino...........27 Fluxograma: Fluxograma 1. Etapas de processamento do iogurte concentrado...........................................26 Gráficos: Gráfico 1 – Curva de acidificação do leite bubalino utilizado para fabricação do iogurte concentrado...............................................................................................................................32 Gráfico 2 – Resultado da avaliação do Teste de preferência do iogurte concentrado “tipo Grego” produzido na UFRA acrescido de calda de frutas regionais........................................39 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Comparação da Composição Físico-Química do Leite Bubalino e Leite Bovino.......................................................................................................................................16 Tabela 2 – Comparação com a legislação brasileira IN nº 62 de 29 de dezembro, Brasil (2011) dos resultados obtidos das determinações físico-químicas do leite bubalino utilizado para fabricação de iogurte concentrado “tipo grego” na Universidade Federal Rural da Amazônia..................................................................................................................................30 Tabela 3 – Resultado referênte ao rendimento do iogurte concentrado “tipo grego”, contendo o peso antes e depois do dessoramento, o volume drenado e o rendimento............................33 Tabela 4 – Caracterização físico-química do iogurte concentrado “tipo grego” produzido com leite bubalino na Universidade Federal Rural da Amazônia.....................................................34 Tabela 5 – Análise físico-química das caldas de frutas da Amazônia, preparadas na Universidade Federal Rural da Amazônia................................................................................35 Tabela 6 – Determinação das análise microbiológica do leite bubalino cru padronizado e do iogurte concentrado “tipo grego” produzido na Universidade Rural Federal da Amazônia em comparação com o determinado nas legislações vigentes........................................................36 Tabela 7 – Análise microbiológica das caldas de polpas de frutas da Amazônia...................37 Tabela 8 - Resultados do teste de aceitação e intenção de compra do iogurte concentrado “tipo grego” adicionado de caldas de frutas da Amazônia...............................................................38 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12 2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 14 2.1 Objetivo geral................................................................................................................... 14 2.2 Objetivos específicos ........................................................................................................ 14 3 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................15 3.1 Bubalinocultura leiteira no mundo, no Brasil e no estado do Pará ........................... 15 3.2 Aspectos gerais referentes ao leite bubalino ................................................................. 16 3.3 Aspectos gerais de leites fermentados ........................................................................... 17 3.4 Aspectos do iogurte concentrado “tipo grego” ............................................................. 17 3.5 Aspectos gerais referentes a frutas da Amazônia ......................................................... 18 3.5.1 Muruci (Byrsonima crassifolia)....................................................................................... 19 3.5.2 Cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum) ................................................................... 19 3.5.3 Bacuri (Platonia insignis) ................................................................................................ 20 3.6 Qualidade microbiológica do leite ................................................................................. 20 3.7 Qualidade microbiológica do iogurte concentrado “tipo grego” ............................... 21 3.8 Qualidade microbiológica das caldas............................................................................22 3.9 Análise sensorial .............................................................................................................. 22 4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 23 4.1 Obtenção da matéria-prima .......................................................................................... 23 4.2.2 Análises físico-químicas do leite e iogurte concentrado tipo grego bubalino ................. 24 4.2.3 Análises microbiológicas do leite bubalino, iogurte e caldas. ......................................... 24 4.2.4 Processamento do iogurte concentrado produzido com leite bubalino ........................... 25 4.2.5 Realização do rendimento do iogurte .............................................................................. 28 4.2.6 Caracterização físico-química e utilização das caldas ..................................................... 28 4.2.7 Análise sensorial .............................................................................................................. 28 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 30 5.1 Caracterização do leite ................................................................................................... 30 5.2 Curva de acidificação, dessoragem e rendimento...... .................................................. 32 5.3 Caracterização do iogurte concentrado “tipo grego” de leite bubalino .................... 34 5.4 Caracterização físico-química das caldas ..................................................................... 35 5.5 Análises microbiológicas ................................................................................................ 36 5.5.1 Leite e iogurte .................................................................................................................. 36 5.5.2 Caldas .............................................................................................................................. 37 5.6 Análise sensorial .............................................................................................................. 38 6 CONCLUSÃO...................................................................................................................40 REFERÊNCIAS......................................................................................................................41 ANEXOS..................................................................................................................................48 12 1 INTRODUÇÃO A bubalinocultura leiteira é uma das culturas que mais cresce no Brasil, principalmente no estado do Pará. O Pará é detentor de grande porcentagem do rebanho nacional e concentra importante parcela da produção de leite bubalino do país, apresentando grande potencial de desenvolvimento na economia do estado. Esse leite manifesta valores de composição capazes de destaca-lo dos demais, principalmente quando comumente comparado ao de origem bovina. O leite bubalino é constituído, geralmente, por maiores teores de lipídios e de sólidos totais que são características de maior interesse para a indústria láctea, pois conferem ao derivado viscosidade e maior firmeza, essas características agradam ao consumidor (ROCHA, et al. 2004). A utilização do leite bubalino em derivados também se torna interessante para a indústria, uma vez que suas características de composição resultam em produtos mais firmes e permitem a fabricação de derivados com maior rendimento, sem a necessidade de adição de outros constituintes para aumentar a viscosidade do produto, com isso reduz custos (BORGES et al., 2009). O consumo de produtos alimentícios com elevados teores nutricionais, práticos e de grande diversidade de sabores tem ganhado espaço no mercado consumidor. O iogurte supre a necessidade de um produto completo, com as características nutricionais e sensoriais que o público demanda, além de apresenta-se em diversos sabores e consistências. O iogurte concentrado “tipo grego” apresenta nutrientes que agregam valor ao produto, possuindo elevados teores de proteínas, gordura e vitaminas em pequenas porções, além de consistência mais agradável, dessa forma, apresenta-se com grande potencial frente ao atual mercado. A utilização do leite bubalino na fabricação do iogurte concentrado tipo grego gera um produto de consistência firme que apresenta todas as características que o mercado exige, e que pode ser incrementado com outros constituintes, como caldas de frutas. De forma geral o iogurte concentrado “tipo grego” apresenta-se com altos teores de acidez, variando de 1,8 a 2,0% durante seu processamento, contudo não provoca sabor ácido recusável, por ter elevado teor de gordura. O uso de caldas de frutas o torna mais suave e agradável ao paladar (ORDÓÑEZ et al, 2005). Tratando-se de frutas, a Amazônia detém uma vasta gama de opções de frutas nativas, com sabores bem marcantes e muito apreciados pela população local, como: Bacuri (Platonia insignis), cupuaçu (Theobroma grandifl orum) e murici (Byrsonima crassifolia). O aumento na utilização de frutas da Amazônia pode beneficiar os fruticultores do Pará e região, considerando 13 que o mercado de frutas é promissor (FALESI, 2009), e o aumento de atividades envolvendo esse produto, potencializará o desenvolvimento econômico, bem como, incentivará a produção. Produtos acrescidos de frutas típicas pode ser um nicho a ser explorado, quando se considera a grande aceitabilidade da população (SANTOS et al., 2008). O mercado de derivados está em crescimento no Brasil, toda via, não existe ainda uma Legislação brasileira que contemple e defina os padrões para o leite bubalino, o que poderia ser o primeiro passa para a criação de políticas públicas que visem à valorização do produtor e o desenvolvimento da cadeia (TEIXEIRA et al., 2005). A caracterização do leite bubalino e do produto pode contribuir para o desenvolvimento de mais estudos podendo gerar um novo nicho de mercado lácteo. Em vista disso, objetivou-se com esse trabalho, o desenvolvimento de um iogurte concentrado “tipo grego” a partir do leite bubalino, definindo as características físico-químicas, microbiológicas, fermentativas e sensoriais visando atender as exigências estabelecidas pela Legislação Brasileira vigente, bem como conhecer seu rendimento, e por fim, definir a preferência do consumidor em relação às caldas utilizadas. 14 2OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Desenvolver iogurte concentrado “tipo grego” à base de leite bubalino adicionado de caldas de diferentes frutas da Amazônia: Cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum), Bacuri (Platonia insignis) e murici (Byrsonima crassifólia). 2.2 Objetivos específicos • Realizar a caracterização físico-química e microbiológica do leite bubalino utilizado na pesquisa; • Realizar a curva de acidificação durante o processo fermentativo; • Realizar a caracterização físico-química e microbiológica do iogurte concentrado “tipo grego” formulado à base de leite de búfala; • Realizar a caracterização físico-química e microbiológica das caldas produzidas e utilizadas nas formulações; • Comparar as análises microbiológicas do iogurte grego de leite de búfala com o estabelecido pela Legislação Brasileira; • Verificar a aceitação sensorial e intenção de compra dos iogurtes gregos elaborados; e • Realizar análise de rendimento do iogurte concentrado “tipo grego”. 15 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Bubalinocultura leiteira no mundo, no Brasil e no estado do Pará Nas últimas décadas a atividade leiteira bubalina esteve em constante expansão. Historicamente, tem-se registro de criações bubalinas na Ásia desde os anos de 1960, época em que a Índia se destacou como a maior produtora leiteira do mundo. No ano de 2016 a Food And Agriculture Organization (FAO) registou um quantitativo de 199 milhões de cabeças de búfalos no mundo, esse índice pode ser explicado devido ao aumento pelo interesse de criação desse animal nos últimos anos. O interesse dos produtores acontece, geralmente, pelas principais características referentes ao búfalo: docilidade, boa adaptabilidade à diversos terrenos, produtividade mesmo em condições adversas de alimentação, bem como de ambiente, e mais ainda por se tratar de um animal de dupla aptidão, para carne e leite, apresentando-se assim, um grande investimento (BARROS, 2017). No Brasil, o quantitativo do rebanho bubalino presente no ano de 2017, era em média de 948.103 cabeças de búfalos, onde 30% desse total correspondiam a rebanhos da bubalinocultura leiteira (IBGE, 2017). Os búfalos adaptaram-se muito bem as condições climáticas do país, esse crescimento expressa-se em novos registros de criações bubalinas leiteiras no território brasileiro, principalmente na região norte, detentora do maior rebanho com 66,64% do quantitativo. As outras regiões possuem: 13,28% na região sudeste, 8,75% na região nordeste, 8,67% na região sul e 3,64% na região centro-oeste (IBGE, 2017). O Norte possui o maior quantitativo registrado de rebanhos bubalinos do país, mais precisamente, o estado do Pará, que se destaca por possuir mais de 320 mil cabeças de búfalos, segundo dados do IBGE (2017). Grande parte desses animais encontra-se na ilha do Marajó, e estima-se que muitos deles não são registrados, o que dificulta uma mensuração do tamanho real do quantitativo presente no estado. Entretanto, isso se expressa em produção, o município é criador de um dos principais produtos derivados do leite bubalino difundidos no estado, o “Queijo do Marajó”, que tem ganhado a preferência do consumidor regional. E nessa mesma perspectiva, surgem ainda, outros produtos, como a manteiga e o iogurte fabricados a partir desse leite (ADEPARÁ, 2017). Considerando-se o grande potencial do estado na produção de leite e derivados, faz-se necessário sempre a criação de políticas públicas para a região com o propósito de apoiar o setor. Para Huhn et al. (2001), a produção leiteira bubalina ganha destaque justamente por ser de baixo custo e de alto rendimento na industrialização, e atende bem a necessidade do consumidor que procura por qualidade e custo benefício. 16 3.2 Aspectos gerais referentes ao leite bubalino O desenvolvimento da cadeia bubalina leiteira muito tem se destacado devido à qualidade do seu produto, de acordo com Barros (2017). Por vezes, há a comparação ao leite bovino, entretanto, apresenta muitas peculiaridades que o destaca, e estão representadas na tabela 1. Tabela 1 – Comparação da composição físico-química do leite bubalino e leite bovino. Composição (%) Leite Bubalino Leite Bovino Proteína 4% 3,5% Lipídios 8% 3,5% Lactose 5% 4,7% Água 82% 88% Fonte: Adaptado: Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (2015) Os dados apresentados pela ABCB (2015) apresentam os principais destaques desse leite, grandes quantidades de lipídios em relação ao leite bovino, assim como há uma ligeira diferença na porção proteica, entre outros, entretanto, as características físico-químicas do leite bubalino variam conforme o período de lactação, a raça e a alimentação, entre outros (TEIXEIRA et al. 2005). Entretanto, não existe uma legislação brasileira federal que determine os padrões para o leite bubalino, contudo, a legislação do estado de São Paulo (Secretaria de agricultura e abastecimento – SAA) – contida no Anexo 1, rege e estabelece alguns padrões para o leite bubalino, como: teor de gordura mínima de 4,5%, acidez em graus Dornic entre 14 e 23, pH entre 6,40 e 6,90, extrato seco desengordurado mínimo de 8,57%, densidade a 15 ºC entre 1,028 e 1,034, entre outros (SÃO PAULO, 2008). Além dessas características, o leite bubalino não apresenta β-caroteno, conferindo ao mesmo uma coloração mais branca que o leite bovino, assim como, apresenta menos água, mais matéria seca e sabor adocicado (FIGUEIREDO et al., 2010). Os componentes apresentados nesse leite são de muito interesse para a indústria de derivados, pois resultam em produtos mais rentáveis e de maior qualidade, de acordo com Rocha et al. (2004). O leite bubalino quando utilizado em derivados apresenta ótima qualidade sensorial e nutricional, devido ao maior teor de cálcio e vitamina A, além disso, confere aos produtos um sabor suave no paladar, além de ser excelente em questão de rendimento no seu processamento (TEIXEIRA et al., 2005). 17 Em muitos aspectos o leite bubalino se apresenta como uma excelente matéria prima de derivados e viabiliza a comercialização destes. A ABCB (2018) destaca o sucesso que derivados desse leite alcançam, como: Mozzarella, queijos em geral, manteiga e o iogurte. 3.3 Aspectos gerais de leites fermentados A Instrução Normativa nº 46 de 23 de outubro de 2007 (BRASIL, 2007) estabelece os requisitos de qualidade que devem ser atendidos ao se produzir leites fermentados destinados ao consumo humano. Define também leites fermentados como produtos adicionados ou não de outras substancias alimentícias, obtidas por coagulação e diminuição do pH do leite, ou reconstituído, adicionado ou não de outros produtos lácteos, por fermentação lática, mediante ação de cultivos de micro-organimos específicos, que devem ser viáveis, ativos e abundantes no produto final. A mesma estabelece as definições para Iogurte, um produto cuja fermentação se realiza com cultivos protosimbióticos de Streptococcus salivarius subsp. thermophilus e Lactobacillus delbrueckii subsp. Bulgaricus, aos quais se podem acompanhar, de forma complementar, outras bactérias ácido-lácticas que, por sua atividade, contribuem para a determinação das características do produto final. Esses produtos devem atender alguns requisitos físico-químicos, como: matéria-gorda láctea (g/100g): 3,0g a 5,9g (integral), 6,0g (adicionado de creme), 0,6g a 2,9g (parcialmente desnatado), máximo 0,5g (desnatado). Proteínas lácteas: no mínimo 2,9g/100g de produto. Índice de acidez (g de ácido lático/100g): 0,6g a 1,5g (BRASIL, 2007). 3.4 Aspectos do Iogurte concentrado “tipo grego” De acordo com a Associação Portuguesa de Nutricionistas (2013), os iogurtes tem ganhado espaço no mercado de alimentos saudáveis e nutritivos, pois alia qualidade nutricional a diversos sabores, capazes de enriquecer a dieta dos consumidores,além de possuir diversas formas de fabricação, texturas e viscosidades. Dentre essas variações, encontra-se o iogurte concentrado “tipo grego”, que é definido como um iogurte drenado, concentrado em nutrientes como proteínas e gorduras, de maior firmeza e viscosidade, viabilizando seu consumo com colher, seu aspecto mais denso, é similar ao queijo petit suisse (MAGALHÃES et al., 2018). Devido a essas características, o iogurte concentrado “tipo grego” tem se destacado no mercado lácteo atual, pois os consumidores de lácteos, tem preferencia por produtos de maior viscosidade, uniformidade e mais espessos, além de se tratar de um produto relativamente novo, 18 apresenta-se em diversos sabores de caldas, que compõe um produto completo e saboroso, o que desperta curiosidade dos consumidores (AVERBACH et al., 2007). Essas composições permitem que se obtenha um produto que concentra muitos nutrientes que são necessários em uma refeição em poucas quantidades de produto (COSTA et al., 2014). Esse produto possui o diferencial que é a dessoragem, que o transforma em um produto cremoso, com gordura em potencial de 10% e sólidos totais de 24%, adequando-se sempre à demanda do consumidor (RAMOS et al., 2009). A dessoragem é responsável pela retirada do soro, conferindo ao produto uma textura mais firme. De acordo com Ordóñez et al. (2005), utiliza-se esse tipo de técnica de dessoragem desde os primórdios. Os nômades dessoravam o leite fermentado com o uso de peles de animais, faziam o transporte e armazenamento, bem como a acidificação deste e a elevação do extrato seco, originando no produto aproximado ao que se tem hoje. Em testes sensoriais, alguns autores comprovaram que o iogurte grego a base de leite bubalino pode ser amplamente aceito. Junior et al. (2015) em seu estudo obteve a aceitabilidade de 85% dos provadores; assim como: Garmus et al. (2016), Guimarães et al. (2015) e Medeiros et al. (2009) obtiveram números satisfatórios de aceitabilidade desse produto. Devido às características nutricionais do leite bubalino, identifica-se esse, como uma ótima matéria prima para produção de iogurte, mesmo com poucos estudos sobre essa utilização, os que existem, procura viabilizar a fabricação (CUNHA NETO et al., 2015 e AMARAL et al., 2016). 3.5 Aspectos gerais referentes a frutas da Amazônia Ao adicionar frutas, aumenta-se consideravelmente o potencial do produto, de acordo com a Associação Portuguesa de Nutrição (2017), as frutas podem diminuir o risco cardiovascular, diminui os níveis de colesterol, reduz a pressão arterial, previne diabetes tipo 2, promove a hidratação, aumenta a sensação de saciedade e tem ação antienvelhecimento da pele. A Amazônia é detentora de uma vasta gama de opções de frutas nativas e exóticas de interesse da indústria, ao se levar em consideração que nos últimos anos o consumo de frutas tem se destacado no mercado, devido a maior preocupação de consumo de alimentos saudáveis, além de serem complementadoras de produtos, diversificando sabores e abrindo novas portas do comércio alimentício (MONTENEGRO, et al., 2017). 19 Desde a década de 1960, têm-se estudos relacionados com o uso de frutas tropicais da região amazônica, dentre eles, a utilização em forma de doces cremosos, néctares, conservas em caldas, e geleias, em diversos processos tecnológicos, incluindo o uso em derivados do leite de búfala, como iogurte com sabores de frutas regionais, queijos, e doce de leite (DE NAZARÉ, 2000). Dentre as diversas frutas da região amazônica, foram escolhidas algumas para compor o produto em forma de calda, que se destacam de acordo com as suas peculiaridades. 3.5.1 Muruci (Byrsonima crassifolia) Presente em toda a Amazônia, podendo ser encontrada também nos estados de Mato Grosso e Minas Gerais. O murici (Byrsonima ssp), da família Malpighiaceae, possui árvores com porte variando de 4 a 10 m. Quando maduras apresentam-se amareladas, com diâmetro de 1,5 a 2 cm e um forte cheiro rançoso (REZENDE & FRAGA, 2003). A fruta pode ser consumida in natura ou cristalizada. Sua polpa é utilizada para sorvetes, cremes, doces em pastas, licores, e para iogurtes (FERREIRA, 2005). O murici não possui o reconhecimento adequado, embora se trate de uma fruta facilmente encontrada em todo o país, apresenta vitamina C, além de possuir um sabor diferenciado, trata-se de uma fruta em potencial, bem aceitável quando utilizada em iogurtes. Souza et al. (2011) obteve resultados positivos que mostram que 74% das pessoas aprovaram o iogurte de leite bovino adicionado com polpa de murici. 3.5.2 Cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum) De grande importância para a região amazônica, pertence à família Sterculíaceae, gênero Theobroma. Pode ser encontrada em toda a Amazônia oriental brasileira e nordeste do Maranhão (SCHWAN, 2000). O cupuaçu destaca-se como a fruta mais comercialmente explorada da região, e faz parte das frutas tropicais de excelente valor comercial. A polpa é a parte do fruto mais consumida, e pelas características de acidez, teor de pectina, aroma ativo e sabor agradável é uma importante matéria-prima para a indústria de processamentos. Sua polpa é utilizada em sucos, sorvetes, doces, geleias, néctar e iogurtes (SOUZA et al., 1999). O cupuaçu tem expressivo consumo pela população regional, pois possui expressivo consumo doméstico, e foi em função da alta demanda da fruta in natura, que passou a ser comumente comercializado como polpa e utilizado em outros produtos, como: sorvetes, balas, 20 geleias, compotas, licores, entre outros, que estão cada vez mais sendo comercializados pelas microempresas artesanais da região que beneficiam o uso da fruta (DE NAZARÉ, 2000). 3.5.3 Bacuri (Platonia insignis) Trata-se de uma das frutas mais populares na região amazônica, possui polpa agridoce, rica em: potássio, fósforo e cálcio. Ela é consumida diretamente e pode ser utilizados na produção de doces, sorvetes, sucos, licores, geleias e iogurtes. A produção da sua polpa tem origem das coletas dos frutos de árvores oriundas de regeneração natural. O mercado dessa fruta tinha consumo restrito ao período de safra, porém, com a crescente exposição da região amazônica no país, chamou a atenção para maior exploração desse produto (HOMMA et al., 2010). Em experimentos realizados pela Embrapa o iogurte com leite de búfala com sabor de cupuaçu e bacuri, alcançou 99,6% e 89,6%, receptivamente, de preferência entre adolescentes da rede pública de ensino (QUEIROZ et al., 2001), mostrando ser uma alternativa de sabor de iogurte com excelente aceitação e grande potencial de comercialização desse produto. 3.6 Qualidade microbiológica do leite O leite mesmo oriundo de animais saudáveis apresenta sempre uma taxa de micro- organismos, pelo menos 103-106 UFC/mL que decorrem de três fontes principais: interior do úbere, exterior do úbere e dos equipamentos e outros utensílios utilizados. Desse modo, entende-se a importância de manter os animais livre de doenças, principalmente as que acometem a glândula mamária, assim como o ambiente do alojamento desses animais, principalmente tomar medidas de higiene durante a ordenha e proceder com a higienização correta dos equipamentos após a ordenha. Assim, entende-se a importância de se obter a matéria-prima de lugares que priorizem as medidas higiênicas adequadas, e que se mantenha esse cuidado com as manipulações posteriores (ODOÑEZ et al., 2005). Nesse contexto, Instrução Normativa nº 62 de 29 de dezembro de 2011, sancionada, com o objetivo de promover e assegurar o padrão higiênico da produção de leite em animais domésticos, preconiza que leite cru, deve apresentar um limite de contagem padrão em placas de no máximo 1 x 105 UFC/ml e contagem de células somáticas no máximo de 4,0 x 105, devem ser mantidos a refrigeração de 7 ºC, e deve ser obtido de ordenhahigiênica. A IN nº 62/2011, para essa classificação, não estabelece limites para determinações quanto à salmonella sp/25ml, staphylococcus coagulase positiva, coliformes a 35 ºC, coliformes a 45 ºC e bactérias láticas, 21 embora, esses, devem ser eliminados pelo processo de tratamento térmico (BRASIL, 2011). Entretanto, faz-se necessário o conhecimento sobre esses micro-organimos, visto que podem apresentar riscos ao ser humano e aos produtos fabricados. As bactérias do gênero Staphylococcus apresentam-se como cocos gram-positivos, anaeróbias facultativas e capazes de se desenvolver em condições de aerobiose, mesmo em temperaturas adversas, como de 7 a 47,8ºC, e cresce em pH de 4 a 9,8, entretanto, são sensíveis a pasteurização, de acordo com Franco e Landgraf (1999). A presença de determinadas cepas de Staphylococcus coagulase positiva por vezes pode representar animais leiteiros com mastite, tornando o leite impróprio para uso (JARP, 1991). As bactérias do gênero Salmonella sp são responsáveis por intoxicações alimentares e trata-se de um problema para saúde pública do país, a maioria dos sorotipos de Salmonella sp é patogênica ao homem. Além disso, é passivamente distribuído no ambiente, constituindo um problema para a agroindústria (CERESER et al., 2011 & SILVA et al., 2004). As do grupo coliformes, quando presente em elevadas taxas no leite cru é um indicador de obtenção ou de manipulação com condições de higiene insuficiente. Estes metabolizam a lactose, produzindo ácido lático e dióxido de carbono, acidificando o leite. Algumas cepas de coliformes são patogênicas, como a Escherichia coli, que é um potencial perigo a saúde. (ODOÑEZ et al., 2005 e FRANCO & LANDGRAF, 1999). 3.7 Qualidade microbiológica do iogurte concentrado “tipo grego” Em relação à microbiologia, a IN nº 46 (BRASIL, 2007) determina os limites microbiológicos para leites fermentados, que são: para coliformes à 45ºC no máximo 10 UFC/ml, coliformes à 35ºC no máximo de 10² e bactérias láticas mínimo de 107 UFC/g. Não é mencionada os limites quanto à Salmonella sp/25ml,Ssthaphylococcus coagulase positiva e contagem padrão em placas. Entretanto, alguns desses micro-organismos, quando presentes no produto, demonstram que houve contaminação no processamento, como as do grupo coliformes (ROSS et al., 2005). Existem ainda bactérias de interesse na indústria láctea, que acrescentam aos iogurtes as principais características sensoriais, como no caso as Lactobacillus delbrueckii subsp bulgaricus e Streptococcus salivarius ssp thermophilus que a sua fermentação lática produz o iogurte, estes devem estar viáveis e presentes no produto final em quantidade mínima de 107 colônias por grama ou milímetro, além disso, essas bactérias podem complementar outras ácido-láticas que cooperam para as características do produto, que deve conter uma 22 porcentagem igual das bactérias, caso contrário, não alcança a consistência desejável (BRASIL, 2007; MEDEIROS et al., 2011 e ODOÑEZ et al., 2005). 3.8 Qualidade microbiológica das caldas O regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos - RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001, determina critérios e padrões para alimentos, como forma de prever boas práticas de produção e controle de problemas relacionados à micro-organismos indesejáveis nos alimentos. Esse estabelece limites para o gênero coliformes a 45ºC de 10² NMP/g para a classificação de “polpa de frutas concentradas ou não, com ou sem tratamento térmico” no qual se encaixa as estudadas nesse estudo, assim como, ausência em Salmonella sp/25g. 3.9 Analise sensorial A análise sensorial de um alimento visa descobrir e identificar as preferências do consumidor. É uma importante ferramenta, pois reúne um conjunto de técnicas diversas que foram pensadas com o objetivo de avaliar um produto quanto à sua qualidade sensorial. Permite com isto, ter o conhecimento sobre as reações do consumidor, quanto as suas percepções, sensações e reações em relação ao produto, assim como, saber sobre sua aceitação e rejeição (LUCIA et al., 2006). 23 4. MATERIAL E MÉTODOS Iniciou-se o experimento no mês de agosto de 2018 a janeiro de 2019 com as seguintes atividades: Caracterização do leite bubalino, comportamento da curva de acidificação, e calibração do aparelho Ekomilk para padrões do leite bubalino e bovino. A partir do mês de novembro seguiram-se as atividades dessa pesquisa. A priori, feito o teste piloto do iogurte grego de leite bubalino, e posteriormente as repetições. A produção, os testes físico-químicos e as análises de fermentação, ocorreram nas dependências do Laboratório de nutrição animal e análise de alimentos (LABNUTAM), da Universidade Federal Rural Da Amazônia (UFRA) / Campus Belém (PA). Os testes microbiológicos foram, em parte, analisados no Laboratório de Análises de Produtos de Origem Animal (LAPOA), localizado na UFRA, e outros testes foram feitos no Laboratório de análise de alimentos, localizado na Universidade Federal do Pará (UFPA). Foram realizados três tratamentos: T1 (com calda de Murici), T2 (com calda de Bacuri) e T3 (com calda de Cupuaçu). 4.1. Obtenção da matéria-prima O leite utilizado nesse estudo foi obtido de fêmeas bubalinas das raças Murrah e Mediterrâneo, o mesmo foi obtido por meio de ordenha mecânica em condições higiênicas. Esse, ao ser coletado foi submetido à refrigeração com o uso de isopor visando a maior conservação das suas características, de acordo com o que preconiza BRASIL (2011) e transportado em seguida para o laboratório para a realização das análises de controle de qualidade (odor, cor, sabor, densidade relativa, acidez em dornic (ºD), acidez titulável, estabilidade ao álcool, prova do alizarol), de composição e liberação para produção. As frutas foram adquiridas em comercio e beneficiadas para produção das caldas em laboratório. Utilizando-se 2 kg de fruta cortadas em frações menores, e adicionou se açúcar refinado a 45% (900g), em fogo de baixo a médio, até que alcançasse o ponto de calda. 4.2. Métodos 4.2.1. Determinação físico-química do leite bubalino Para a realização dos testes físico-químicos do leite, foi utilizado analisador de leite (Ekomilk,Cap-Lab) (FIGURA 1). Foram feitas essas análises: teor de gordura, proteína, extrato seco desengordurado, ponto de congelamento, lactose, condutividade e água adicionada. Esse foi calibrado previamente para leitura do leite bubalino. 24 Figura 1 – Ekomilk – Caplab: Aparelho que realiza leituras de leite, localizado no Laboratório de Laboratório de Nutrição Animal e Análise de Alimentos (LABNUTAM) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Fonte: A autora Para o recebimento das amostras de leite, o aparelho foi limpo com água destilada aquecida utilizando-se de cinco ciclos de limpeza profunda. Feito isso, as amostras de leite foram retiradas da refrigeração até que atingisse a temperatura ambiente, homogeneizadas de modo que não houvesse separação das fases e foram dispostas em quantidades similares nos vasilhames próprios do aparelho, realizando-se assim as análises conforme o descrito pelo fabricante. Foram analisados o leite cru integral e o leite padronizado à 2% de gordura. 4.2.2. Análises físico-químicas do leite e iogurte concentrado tipo grego bubalino As análises físico-químicas seguiram o Manual de métodos oficiais para análises de alimentos de origem animal (BRASIL, 2018). Além das análises do aparelho ekomilk, foram realizadas as seguintes análises no leite: Acidez expressa em ácido lático/g e em ºD, densidade, pH, umidade, cinzas, proteína e gordura. Para o iogurte, foram realizadas as análises: Acidez expressa em ácido lático/g e em ºD, umidade, cinzas, proteínas, pH e gordura. Os dados físicos químicos foram avaliados através de médias e desviopadrão, visto que todas as análises foram realizadas em triplicata. 4.2.3 Análises microbiológicas do leite bubalino, iogurte e caldas. Para o leite foram as seguintes: Salmonella sp/25mL, Staphylococcus coagulase positiva, contagem padrão em placas e contagem total de bactérias láticas UFC/g. Para o iogurte foram: Salmonella sp/25mL, Staphylococcus coagulase positiva e coliformes à 45ºC NMP/mL e a 35ºC NMP/ml e bactérias láticas UFC/g. Para as caldas de frutas da Amazônia, foram feitas as 25 análises: Fungos filamentosos e coliformes a 45ºC/g, ambas utilizado a metodologia descrita por BRASIL (2018). 4.2.4 Processamento do iogurte concentrado produzido com leite bubalino O Processamento do iogurte concentrado seguiu as etapas representadas no Fluxograma 1. O leite passou por um processo de padronização de gordura a 2%, por meio do desnate, utilizando-se uma desnatadeira (CASA DAS DESNATADEIRAS, MODELO GR36). Em seguida, foi adicionado ao leite 10% de açúcar refinado que passou por uma filtragem para retirada de impurezas e foi realizado o tratamento térmico a 85ºC por um período de 15 minutos, para a eliminação/diminuição de micro-organismos patogênicos e deteriorantes. Após isso, o leite foi resfriado à temperatura de 45ºC, visando alcançar o ideal para multiplicação das bactérias fermentadoras do leite. Foram realizados vários ensaios, utilizando duas temperaturas de incubação: 38-40ºC e 45ºC, após isto foi determinado que a temperatura de 45ºC obteve um melhor comportamento, replicando esta para a realização deste experimento. Prontamente, fez-se a inoculação da cultura láctea de fermentação rápida Rica Nata YR03 (na concentração de 1,5%). O recipiente foi disposto em Banho Maria, a uma temperatura controlada a 45ºC, juntamente com o aparelho de pHgomêtro digital (TECNOPON, MODELO mPA-210), que possibilitou verificar a curva de acidificação do meio, que consistiu na marcação do valor de pH a cada 30 minutos, até atingir o ponto isoelétrico de pH a 4,6 (Figura 2). O meio obteve o pH de 4,6 após aproximadamente 7horas e 15 minutos de fermentação .Em seguida foi colocada a temperatura de refrigeração por 12 horas, e dessorado em tecido morim branco (previamente higienizado com solução clorada e esterilizado em autoclave por 30 minutos) (Figura 3), o tempo de dessoragem foi 4horas e 30 minutos. O iogurte dessorado foi armazenado em embalagens de polietileno a temperatura de refrigeração (4-7ºC). 26 Fluxograma 1 - Etapas de processamento do iogurte concentrado. Leite padronizado Adição de Açúcar (10%) Tratamento térmico (85ºC/15min) Resfriamento (42 a 45ºC) Inoculação da cultura (1-1,5%) Incubação (45º) Refrigeração Dessoragem Embalagem e Armazenamento 27 Figura 2 – Medição do pH durante a realização da curva de acidificação do meio em banho maria no Laboratório de Laboratório de Nutrição Animal e Análise de Alimentos (LABNUTAM) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Fonte: A autora Figura 3 – Dessoragem do iogurte concentrado fabricado com base de leite de búfala. Fonte: A autora 28 4.2.5 Realização do rendimento do iogurte Após a dessoragem foi realizada o calculo de rendimento do iogurte concentrado “tipo grego” bubalino. Onde foi utilizada a fórmula 1: % de rendimento = P final x 100 (1) Pinicial (2) 4.2.6 Caracterização físico-química e utilização das caldas Foram realizadas as seguintes análises nas caldas: umidade, cinzas, pH, acidez, proteína, segundo descrito por IAL (2008). Os dados físicos químicos foram avaliados através de médias e desvio padrão, visto que todas as análises foram realizadas em triplicata. As caldas foram adicionadas nos potes para a realização da análise sensorial, formando duas camadas: calda abaixo e iogurte concentrado “tipo grego” acima, conforme encontrado comercialmente. 4.2.7 Análise sensorial A avaliação sensorial acorreu no anexo do Laboratório de nutrição animal (LABNUTAN, UFRA). Para a determinação dos principais atributos sensoriais aplicou se o teste afetivo de aceitação com 98 provadores não treinados, composta de estudantes da UFRA, Belém-PA, sendo de ambos os sexos e diferentes faixas etárias. As análises foram realizadas em cabines individuais improvisadas, com iluminação artificial (branca) e isentas de odores. Foi utilizada uma ficha sensorial (ANEXO 2) que apresentou primeiramente um teste de preferência, em seguida os parâmetros de avaliação quanto à aparência, aroma, sabor e impressão global, identificados de acordo com o teste de aceitação. Foi utilizada uma escala hedônica de nove pontos: 9-Gostei extremamente / 8- gostei muito/ 7- gostei moderadamente/ 6- gostei ligeiramente/ 5-nem gostei/nem desgostei / 4- desgostei ligeiramente/ 3- desgostei moderadamente/ 1-Desgostei extremamente (DUTCOSKY, 1996). Para avaliar a intenção de compra será utilizada uma escala hedônica variando de um a cinco pontos- 5-certamente compraria /4-provavelmente compraria/ 3-talvez comprasse/talvez não comprasse / 2- provavelmente não compraria e 1-certamente não compraria (DUTCOSKY, 1996). As três amostras foram codificadas aleatoriamente com três dígitos e foram oferecidas aos provadores com água em temperatura ambiente e biscoito de água e sal, conforme o descrito por Monteiro et al., (2005). Juntamente com a ficha de avaliação os provadores receberam uma 29 declaração em de acordo a participação da pesquisa, onde assinaram e preencheram os dados: nome e data. O projeto foi encaminhado à plataforma Brasil para a liberação da realização deste tipo de análise, recebendo a aprovação, conforme ANEXO 3. 4.2.8 Análise estatística O teste afetivo de aceitação e de intenção de compra foi avaliado utilizando delineamento de bloco inteiramente casualizados (DBC) e teste de tukey a 5%, utilizado o programa SAS, versão 9.1. (2013), licenciado para o CCHSA da UFPB. 30 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Caracterização do leite A Tabela 2 representa os resultados obtidos por meio das análises no aparelho Ekomilk. Foram analisadas amostras de leite in natura integral, e leite padronizado a 2% de gordura. Tabela 2 – Comparação com a legislação brasileira IN nº 62, Brasil (2011) e legislação vigente para leites bubalinos do estado de São Paulo (2008), dos resultados obtidos das determinações físico-químicas do leite bubalino utilizado para fabricação de iogurte concentrado “tipo grego” na Universidade Federal Rural da Amazônia. Determinação Leite Integral Cru Leite Padronizado 2% SÃO PAULO (2008)* BRASIL (2011)** pH 6,70 6,89 6,40 a 6,90 6,40 a 6,90 Acidez expressa em ácido lático g/mL 0,16 0,16 - 0,14 a 0,18 Acidez em ºD 16º D 16ºD 14 a 23ºD 15-20ºD Estabilidade ao álcool Estável Estável - Estável Teste ao alizarol Estável Estável - Estável Densidade 1,034 g/mL 1,034 g/mL 1,028 - 1,034 g/mL 1,028 a 1,034 g/mL Gordura 6,47% 2,00% 4,5% 3,0% Extrato Seco desengordurado 10,8% 12,0% 8.57% 8,4% Proteína 4,29% 4,95% - mín 2,9% Ponto de Congelamento 61,0 75,4 - - Lactose 5,50% 6,21% - - Condutividade 2,94 3,28 - - Água Adicionada 0 0 Aus Aus Fonte: A autora * Legislação do estado de São Paulo para leite bubalino (SÃO PAULO, 2008). ** IN nº 62 (BRASIL, 2011). O valor de pH desta pesquisa para o leite integral e padronizado encontrou-se dentro do preconizado pelas legislações vigente. Observa-se que o teor de acidez em graus Dornic encontra-se dentro do preconizado pela legislação brasileira - Brasil (2011), com também pela legislaçãodo estado de São Paulo (2008) para leite bubalino. Não há citação sobre acidez expressa em ácido lático na legislação de São Paulo para leites bubalinos, entretanto, as encontradas nesse estudo estão de acordo com o preconizado pela legislação brasileira (BRASIL, 2011). O resultado do teste de estabilidade ao álcool apresentou-se estável nos leites cru integral e padronizado, corroborando com o estabelecido pela legislação brasileira – Brasil (2011). Por 31 esse método é possível estimar a estabilidade das proteínas durante o tratamento térmico, um leite de baixa qualidade higiênica apresenta baixas no pH devido a fermentação da lactose em ácido lático, apresentando-se assim maior instabilidade proteica. O teste do alizarol também se apresentou estável tanto no leite cru integral quanto no pasteurizado, esse, permite estimar o pH da amostra e auxilia na diferenciação entre o desequilíbrio salino e a acidez do leite (PEREIRA, 2001). A densidade do leite bubalino apresentou-se dentro do limite preconizado pela legislação de São Paulo (2008) e corroboram com o valor encontrado por Cunha Neto et al., (2005) que encontrou em sua pesquisa valores variando de 1,032,6 g/mL a 1,033,3 g/mL em leite bubalino produzido na região de São Paulo. A densidade é influenciada por dois grupos de substâncias: por elementos em concentração e suspensão e pela porcentagem de gordura. A adição de água causa uma diminuição da densidade, assim como a retirada de gordura, além de fornecer importante informação sobre extrato seco total (EST) visto que o mesmo se altera de acordo com a porcentagem de gordura (PEREIRA, 2001). O teor lipídico encontrado para o leite integral (6,47%) encontra-se dentro do preconizado pela legislação do Estado de São Paulo para leites bubalinos, que é no mínimo 4,5%. Esses resultados corroboram com Teixeira et al., (2005) que encontrou em seu estudo teor de gordura para leite bubalino em oito propriedades que variou entre 5,83 % e 7,9 %, componentes relacionados aos teores físico-químicos do leite podem variar com o volume de produção, estação do ano, nutrição, período de lactação, raça, idade, e genética (AMARAL et al., 2005). É importante ressaltar que o leite utilizado para a fabricação do iogurte concentrado “tipo grego” nesse estudo, foi padronizado a gordura em 2%. Segundo Huhn et al., (1991) o leite bubalino integral apresenta um teor de gordura elevado, o que pode causar ao produto final um sabor indesejado no paladar do consumidor. Cunha Neto et al., (2005) que em seus estudos ao fornecer iogurtes de leite bubalino padronizados, obtiveram maior aceitabilidade do que ao fornecer o produto com teor de gordura integral. Os teores de proteínas encontrados nesse estudo estão dentro do preconizado pela legislação brasileira IN nº 62, que estabelece o mínimo de 2,9% de proteína no leite cru e padronizado. Esses resultados, corroboram com Cunha Neto et al., (2005) e Verruma e Salgado (1994) que encontraram teores de 4,5% em leites bubalinos. O leite padronizado, apresentou- se similar ao encontrado por Figueiredo et al., (2010), que descreveu teor de 4,39% de proteínas. O mesmo autor cita essas mudanças de composição como comuns, provocadas por mudanças ambientais e diferenças nos níveis de nitrogênio na dieta das búfalas. 32 A lactose encontrada nos leites desse estudo não pôde ser comparada as legislações mencionadas na tabela 2, pois não há menção sobre o teor mínimo preconizado para essas categorias de leite. A lactose do leite bubalino é mencionada por Silva et al., (2008) que encontrou um teor de 4,29% em seu estudo, essas variações são tidas como normais na literatura, visto que a alternância desses teores está relacionada a diversos fatores que incluem as raças dos animais, estação do ano, bem como, a quantidade de leite produzida (AMARAL, et al., 2005). Após padronização, nota-se uma ligeira mudança em alguns constituintes no leite, visto que, a gordura, é um dos constituintes que mais afeta as características físico-químicas do leite (COSTA PIGNATA, 2014). Entretanto, os valores apresentados pós padronização não desclassificam o leite para a produção de derivados, apenas o enquadra em uma nova classificação. Segundo a legislação brasileira, leites que apresentem de 0,5% até 2,9% de teor de gordura são considerados como semi-desnatados (BRASIL, 2007). Os constituintes apresentados nesse leite encontram-se todos dentro do preconizado pela legislação brasileira. 5.2 Curva de acidificação, dessoragem e rendimento. No Gráfico 1 encontra-se a comparação da Curva de acidificação do leite bubalino padronizado utilizado para fabricação do iogurte concentrado “tipo grego” em dois intervalos de temperatura de incubação. Gráfico 1. Curva de acidificação do leite bubalino fermentado com a cultura YR03 (Rica Nata) para a fabricação de iogurte concentrado “tipo grego” produzido na Universidade Federal Rural da Amazônia. Fonte: A autora 6,71 6,56 6,57 6,75 6,69 6,67 6,68 6,67 6,67 6,66 6,64 6,51 6,33 5,94 5,28 4,9 4,71 4,656,68 6,44 6,38 6,36 6,32 6,29 6,28 6,32 6,38 6,33 6,28 6,26 5,95 5,46 4,86 4,62 1 2 3 4 5 6 7 8 0 30 1h 1h30' 2h 2h30' 3h 3h30' 4h 4h30' 5h 5h30' 6h 6h30' 7h 7h30' 8h 8h30' 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Curva de acidificação do leite bubalino Temperatura entre 38º C a 40º C Temperatura a 45ºC 33 Para concluir o processo fermentativo foram utilizados os parâmetros de pH, acidez e o ponto isoelétrico (pH em 4,6). A acidez de um iogurte deve ser de 0,6 a 1,5 g de ácido lático/100g, segundo a IN nº 46 (BRASIL, 2007). Visando isso, a fermentação poderia ser interrompida no ponto 13 às 7 horas de fermentação, quando a acidez expressa em ácido lático alcançou 0,68 g de ácido lático/100 ml e 73º D. Entretanto, optou-se por alcançar o ponto isoelétrico, que foi atingido em 7 horas e 30 minutos de fermentação a uma temperatura de 45ºC. Nota-se também, que na temperatura de 45ºC, o pH se manteve estável até a 5ª hora, mantendo-se acima de 6,0, se alterando mais rapidamente a partir de 6 horas de fermentação, tendo sua queda mais considerável. Em temperaturas entre 38ºC a 40 C, nota-se um tempo maior para que o leite apresente o pH em 4,6. O primeiro ensaio em temperatura de incubação entre 38ºC a 40ºC foi realizada visando observar a interferência da temperatura no tempo de incubação, que indicou que em temperaturas menores há um maior tempo gasto de fermentação para se atingir o ponto isoelétrico, corroborando com o descrito por Medeiros et al., (2011). Entretanto, há uma dificuldade de se comparar essa curva com outras literaturas, pois poucos são os estudos a respeito desta. Esta dimunição do tempo de fermentação é benéfica, visto que diminui a exposição do produto ao meio, minimizando a possibilidade de contaminação. No entanto, as curvas encontradas na literatura referente ao leite bovino apresentaram-se com tempo menor, como para Ribeiro et al. (2011) e Garmus et al. (2016), que encontraram tempo de: 360 minutos e 300 minutos, respectivamente. Diversos fatores podem influenciar no tempo gasto para atingir o ponto isoelétrico, sendo os principais fatores, a temperatura utilizada no tratamento térmico e na incubação, como citado anteriormente e a composição do leite diferente para cada espécie (MEDEIROS et al., 2011). Em relação ao rendimento, foram obtidos os seguintes valores que se encontram na tabela 3. Tabela 3 – Resultado referênte ao rendimento do iogurte concentrado “tipo grego”, contendo o peso antes e depois do dessoramento, o volume drenado e o rendimento. Peso do iogurte concentrado "tipo grego" Volume do drenado Rendimento da massa do iogurte concentrado "tipo grego" Antes do dessoramento Depois do dessoramento 7,88 kg 4,91 kg 2,5 L 62,30% Fonte: A autora 34 O resultadoencontrado para rendimento, demonstra que o leite bubalino quando utilizado para fabricação de iogurte concentrado “tipo grego” alcança um ótimo rendimento, até quando comparado à iogurtes tradicionais feitos desse leite. Huhn et al., (1986) encontrou um rendimento de 40% em seu iogurte tradicional de leite bubalino produzido na região de Belém. Do ponto de vista econômico estes resultados são de grande importância para o crescimento e valorização da cadeia produtiva de derivados lácteos bubalinos. 5.3 Caracterização do iogurte concentrado “tipo grego” de leite bubalino Os resultados das analises do iogurte concentrado produzido com leite bubalino na Universidade Federal Rural da Amazônia estão dispostos na Tabela 4. Tabela 4 – Caracterização físico-química do iogurte concentrado “tipo grego” produzido com leite bubalino na Universidade Federal Rural da Amazônia. Análises Valores Desvio Padrão Umidade (%) 81,26 0,14 pH 4,43 0,01 Acidez expressa em ácido lático g/mL 0,93 0,038 Cinzas (%) 0,57 0,3 Proteínas (%) 4,24 0,19 Lipídeos (%) 3,0 0 Fonte: A autora O teor de umidade encontrado no produto diverge do encontrado em iogurte produzido com leite bubalino por Modesto et al (2016) que foi de 68,17%. Essas diferenças ocorrem por diferenças nos modos de obtenção do produto, principalmente pelo tempo de dessoragem. O teor de acidez encontra-se dentro do permitido pela legislação para iogurte (BRASIL, 2007) que cita como limite de 0,6 a 1,5 g/mL de ácido lático, condizendo com o pH ácido encontrado no iogurte concentrado “tipo grego”. O teor de cinzas são resíduos inorgânicos representados por sais minerais após a queima da matéria orgânica, o seu teor pode variar de 0,1 a 15% (HEIDEN, et al., 2014). O teor de cinzas encontrado é semelhante ao encontrado por Antunes et al. (2015) que trabalhou com iogurte feito a parte de leite bovino, e encontrou um teor de 0,81%. O teor de cinzas e umidade não são mensionados na legislação brasileira. 35 O teor de proteína encontrado está nesta pesquisa encontra se dentro do preconizado pela legislação brasileira para leites fermentados (BRASIL, 2007), que determina um valor mínimo de 2,9% de proteina. Em relação aos lipídeos foi encontrado um valor de 3,0% e deve-se levar em consideração que todo o leite utilizado no processamento teve sua gordura padronizada a 2 %. Portanto, este iogurte concentrado “tipo grego” classifica-se como integral (BRASIL, 2007). Este iogurte não foi adicionado de sólidos ou outros constituintes. 5.4 Caracterização físico-química das caldas Os resultados da caracterização físico-química das caldas utilizadas no experimento estão representados na Tabela 5. Tabela 5 – Análise físico-química das caldas de frutas da Amazônia, preparadas na Universidade Federal Rural da Amazônia. Análises (%) Muruci Bacuri Cupuaçú Umidade 62,49 ± 0,79 58,04 ± 0,94 62,52 ± 1,14 Cinzas 0,25 ± 0,03 0,32 ± 0,03 1,14 ± 0,02 pH 3,24 ± 0,005 3,40 ± 0,11 3,46 ± 0,19 Acidez 0,09 ± 0,002 0,09 ± 0,009 0,17± 0,007 Proteínas 0,76 ± 0,13 1,45 ± 0,172 1,45 ± 0,172 Fonte: A autora O teor de umidade encontrado variou entre as caldas. Ele está relacionado à quantidade de água presente no produto, e isso pode implicar em alterações na vida de prateleira do produto. Rodrigues et al. (2008) em seu estudo utilizando desidratação osmotica em mangas, comprovou que a retirada parcial da umidade da fruta pode ter efeito benéfico na manutenção da vida útil da fruta, bem como, em sua qualidade microbiológica. O pH é um importante método pra se conhecer a acidez de um produto, nesse caso, as caldas, quando se encontram ácidas, podem tornar o meio desfavorável para o desenvolvimento de micro-organismos bacterianos segundo Santos (2017). Os valores de pH encontrados nas polpas são: 3,24 para Muruci, 3,40 para Bacuri, e 3,46 para cupuaçú. Em relação a acidez, nota- se que a calde de cupuaçu mostrou-se mais ácido que as outras caldas. As polpas utilizadas nesse estudo apresentaram teor proteico de acordo com as suas características originais da fruta. Segundo Carvalho (2016), ao produzir uma ficha técnica com as características do bacuri, descreve que o valor proteico em média varia de 1,46% a 3,88%. O cupuaçu foi estudado e avaliado a sua viabilidade econômica por Oliveira junior et al., (2003) 36 que classificou a fruta quanto ao teor proteico entre valores médios de 0,53% a 1,92%, e valores de cinzas que de 0,70% a 2,12%. Monteiro (2015) que fez a caracterização da calda de cupuaçu e relata teor de proteínas em 2,02% e cinzas 15,23%. Pode se observar que os valores encontrados neste estudo encontra se dentre dos valores médios apresentados pelos autores citados acima. Diversos fatores interferem da qualidade dos frutos, como: manejo de pastagem, fertilidade do solo, qualidade da água, fatores climáticos, com isto é difícil determinar sua composição sem ser por médias aproximadas. 5.5 Análises microbiológicas 5.5.1 Leite e iogurte Os resultados obtidos nas análises microbiológicas realizadas nas amostras de leite bubalino e iogurte concentrado “tipo grego” produzido na Universidade Federal Rural da Amazônia estão representados na Tabela 6. Tabela 6 – Determinação das análise microbiológica do leite bubalino cru padronizado e do iogurte concentrado “tipo grego” produzido na Universidade Rural Federal da Amazônia em comparação com o determinado nas legislações vigentes. Determinações Leite bubalino cru Iogurte Concentrado LIMITES para o Leites Fermentados** LIMITES para o leite Cru* Salmonella sp/25mL Ausência Ausência - - Staph. Coag. Positiva (UFC /mL) <1,0 x 10¹ <1,0 x 10¹ - - Coliformes a 35ºC (NMP/mL) - 3 10² - Coliformes a 45ºC (NMP/mL) - 3 Máx. 10 - Contagem padrão em placas (UFC/mL) 8,3 x 10³ - - Máx.1x105* Bactérias láticas (UFC/g) 5,2 x 10² 6,5 x 10² Min.107 - Fonte: A autora. * Limites estabelecidos pela IN 62/2011 (BRASIL, 2011) ** Valor mínimo estabelecido pela IN 46/2007 (BRASIL, 2007). Não há menção sobre os limites para Salmonella sp nas legislações apresentadas a cima para essas categorias. Entretanto, foram realizadas as análises tendo em vista que a presença desta no leite in natura pode ser responsável por várias doenças acometidas ao homem, 37 entretanto, ela é destruída com o processamento térmico. E a ausência de Salmonella na matéria-prima é de suma importancia e mostra que o leite utilizado é seguro e obtido de ordenha higiênica. Arcuri et al., (2006) ao analisar o leite bovino oriundo de várias fazendas no sudeste do Brasil, obteve que 95,8% das amostras estavam contaminadas com Salmonella sp, mostrando o risco em potencial para quem o manuseia e que pode ser fonte de contaminação para os derivados. As legislações brasileiras IN nº 62 - Brasil (2011) e IN nº46 – Brasil (2007) não mencionam parâmetros para Staphylococcus coagulase positiva para leite cru refrigerado e leites fermentados. Esta análise foi realizada na pesquisa em questão para maior segurança do consumidor, haja vista que a presença da mesma pode ser indicativa de mastite no rebanho como também enfermidades do trato respiratório do manipulador. Angêlo et al., (2014) realizou análises em leite cru de tanques comunitários de 2.010 produtores onde em todos os tanques houve a presença de Staphylococcus coagulase positiva, e com valores acima de 103 UFC/ mL, indicando a presença de mastite. Quanto à coliformes à 35ºC e 45ºC, para iogurte grego, estão dentro do limite estabelecido pela legislação, demonstrando assim ser próprio para o consumo. A presença desses micro- organismos demonstra falta de higiene e cuidado na produção, e principalmente, sua presença no produto final demonstra contaminação durante o processamento ou manipulação do produto, ou erros de pasteurização(ROSS et al., 2005). Em relação a bactérias láticas, o iogurte concentrado “tipo grego” grego apresentou-se inferior ao preconizado pela legislação brasileira (BRASIL, 2007), que define como limite mínimo em 107 e foi encontrado no produto 6,5 x 10² (UFC/g). 5.5.2 Caldas Na tabela 7 estão representados os resultados microbiológicos encontrados nas caldas das frutas da Amazônia, utilizada nesse estudo. Tabela 7 – Análise microbiológica das caldas de polpas de frutas da Amazônia Determinações Cupuaçú Muruci Bacuri Coliformes a 45º C (NMP/g) < 3 < 3 < 3 Fungos filamentosos (UFC/g) 1,0 x 10² < 1,0 x 10¹ 7,5 x 10² Fonte: A autora 38 As caldas utilizadas nesse estudo apresentaram-se como seguras para serem inclusas no produto, pois está dentro do preconizado pela RDC nº 12/2001, que determina limites quanto a coliformes à 45ºC em 10² NMP/g. Pode-se observar que as caldas se mantiveram dentro desse limite. A RDC (2001), não preconiza a análise de fungos filamentosos para a categoria de caldas, entretanto, foram realizadas as análises para garantir a segurança do produto, visto que o mesmo passaria por uma análise sensorial. O resultado para fungos filamentosos, representa que as não houve contaminação eminente por parte do manipulador, visto que o limite preconizado para este teste, é de no máximo 104 UFC/g. 5.6 Análise sensorial A Tabela 8 demostra os resultados do teste de aceitação de iogurte concentrado “tipo grego” adicionado de caldas de frutas amazônicas: Muruci (T1), bacuri (T2) e cupuaçú T3. De acordo com os dados pode se observar que os tratamentos 1 e 2 obtiveram notas superiores a 7 em todos os parâmetros analisados, contudo o tratamento 3 foi o melhor aceito, obtendo notas acima de 7,98. Houve diferença estatística em todos os pontos avaliados entre o T3 e os demais tratamentos. Tabela 8. Resultados do teste de aceitação e da intenção de compra do iogurte concentrado “tipo grego” adicionado de caldas de frutas da Amazônia. Parâmetros Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3 Aparência 7,50b ± 1,31 7,61b ± 1,52 7,98a ± 1,09 Aroma 7,03c ± 1,77 7,52b ± 1,48 8,05a ± 1,18 Sabor 7,05b ± 2,14 7,57ab ± 1,74 8,03a ± 1,35 Viscosidade 7,22b ± 1,77 7,59b ± 1,45 8,00a ± 1,29 Intenção de compra 3,54c ± 1,29 4,03b ± 1,03 4,38 a ± 0,93 *Médias seguidas de desvio padrão; n = 98; *Letras diferentes na mesma linha, existe diferença significativa entre os tratamentos a nível de 5% de probabilidade do teste de Tukey. Para a análise de intenção de compra observam-se que houve diferença estatística entre os três tratamentos, onde percebe se que o T3 obteve maior média, classificando entre certamente compraria e provavelmente compraria; enquanto T1 e T2 entre talvez comprasse/talvez não comprasse e provavelmente compraria. 39 O Gráfico 2 apresenta os dados referentes ao teste de preferência dos avaliadores para o iogurte concentrado “tipo grego” adicionado de caldas de frutas amazônicas: T1 (calda de murici), T2 (calda de bacuri) e T3 (calda de cupuaçu). Gráfico 2 – Resultado da avaliação do Teste de preferência do iogurte concentrado “tipo Grego” produzido na UFRA acrescido de calda de frutas regionais: T1 (calda com Murici), T2 (calda de Bacuri) e T3 (calda de cupuaçu) Fonte: A autora. Pode-se observar no gráfico 2 a representação da preferência em quantidade de provadores. Houve um maior número de provadores que aceitaram o iogurte com calda de cupuaçu (50), seguidos do iogurte com calda de muruci (25) e com iogurte com calda de bacuri (23). A preferência dos consumidores por cupuaçu é relatada por Queiroz et al. (2001) que produziu iogurte de leite bubalino com sabor de cupuaçu e obteve aceitação de 99,6%. A maior aceitação dessas frutas deve-se ao fato de serem de preferência da população da região norte do País. 23 25 50 0 10 20 30 40 50 60 T1 T2 T3 P ro va d o re s Muruci Bacuri Cupuaçu T1 T2 T3 40 6 CONCLUSÃO De acordo com os dados apresentados, o iogurte concentrado “tipo grego” a base de leite bubalino acrescidos de caldas de frutas amazônicas é uma boa alternativa para desenvolvimento de novos produtos no mercado lácteo. Quando produzido dentro dos padrões higiênico-sanitárias pode atender as expectativas para produtos derivados bubalinos, sendo passível de complementar a dieta dos consumidores. O iogurte concentrado “tipo grego” fabricado nesse estudo, atendeu as exigências da legislação brasileira referente a leites fermentados quanto aos teores físico-químicos, contudo não atendeu ao mínimo exigido pela legislação vigente para bactérias láticas. A análise sensorial complementou a prerrogativa de que o produto desenvolvido tem um grande potencial tecnológico, e as caldas produzidas podem complementar esse produto, visto que foram agradáveis ao paladar do consumidor. Por se tratar de um produto seguro e nutritivo, pode ser um nicho de mercado a ser explorado, fazem-se necessários mais estudos a cerca desse tipo de produto, procurando sempre inovações para o mercado de laticínios, valorizando os produtores de bubalinocultura leiteira no estado do Pará, gerando novas possibilidades de se explorar essa crescente atividade no estado. 41 7 REFERÊNCIAS Associação Portuguesa de Nutrição. Colher saber: Fruta na alimentação. E-book nº 45. Porto: Associação Portuguesa de Nutrição; 2017. Disponível em: <http://www.apn.org.pt>. Acesso em: Janeiro de 2019. Associação Portuguesa dos Nutricionistas, O iogurte – para saber mais, N. º 28, Maio de 2013. Disponível em <http://www.apn.org.pt >. Acessado em 27 de setembro de 2018. ABCB, Associação Brasileira de Criadores de Búfalos, 2015. Site oficial. Disponível em <http://www.bufalo.com.br/abcb.html>. Acessado em 19 de setembro de 2018. ABCB, Associação Brasileira de Criadores de Búfalos, 2018. Site oficial. Disponível em <http://www.bufalo.com.br/abcb.html>. Acessado em 19 de setembro de 2018. ANTUNES, Andressa, FARINÃ, Luciana, KOTTWITZ, Luciana, PASSOTTO, José. Desenvolvimento e caracterização química e sensorial de iogurte semidesnatado adicionado de concentrado proteico de soro. Rev. Inst. Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora: Universidade Estadual do Oeste do Paraná, v. 70, n. 1, p. 44-54, 2015. Aldrigue, Luiz., et al. Aspecto da ciência e tecnologia de alimentos. 1 ed. 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