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36								
DIREITO CONSTITUCIONAL I 
Faculdade Estácio Doca
2020.1
	INFORMAÇÕES IMPORTANTES DA DISCIPLINA
	Simulado AV1
	07/03 – 28/03
	Reposição das aulas de 6/4 e 7/4
	07/03
	Revisão AV1
	20/04
	AV1
	27/04
	Revisão AV2
	02/06
	AV2
	08/06
	Revisão AV3
	16/06
	AV3
	22/06
	CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
	Unidade I
TEORIA DA CONSTITUIÇÃO
	Unidade II
PODER CONSTITUINTE
	Direito Constitucional: conceito, objeto e conteúdo
Constitucionalismo
Conceito de Constituição
Classificação das Constituições
Elementos das Constituições
Normas Constitucionais: aplicabilidade e eficácia
Preâmbulo e Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
Hermenêutica das Normas Constitucionais
	Conceito
Espécies
Espécies de Poder Constituinte Derivado
Nova Constituição e a Ordem Jurídica Anterior
	Unidade III
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
	Unidade IV
ORDEM SOCIAL
	Teoria dos Direitos Fundamentais
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
Direitos Sociais
Direito de Nacionalidade
Direitos Políticos
	Cultura
Índios
Desporto
Ciência, Tecnologia e Inovação
Comunicação Social
Meio Ambiente
Criança, Adolescente, Jovem e Idoso
Direito das Minorias
1.	Teoria daConstituição:	4
1.1.	Noções introdutórias:	4
1.1.1.	Alocação do Direito Constitucional:	4
1.1.2.	Superação da dicotomia "público-privado" e a constitucionalização do	4
1.2.	Direito Constitucional:	5
1.2.1.	Conceito:	5
1.2.2.	Objeto:	6
1.2.3.	Conteúdo:	6
1.3.	Constitucionalismo:	6
1.3.1.	Conceito:	6
1.3.2.	Histórico do constitucionalismo:	7
1.3.3.	Neoconstitucionalismo:	10
1.3.4.	O "novo" constitucionalismo latino-americano:	11
1.3.5.	Modelos Constitucionais:	12
1.4.	Conceito de Constituição:	12
1.4.1.	Concepção sociológica de Constituição – Ferdinand Lassale:	12
1.4.2.	Concepção política de Constituição – Carl Schmitt:	13
1.4.3.	Concepção jurídica de Constituição – Hans Kelsen:	13
1.4.4.	Concepções adicionais de Constituição:	14
1.5.	Elementos da Constituição:	16
1.6.	Classificação das Constituições:	16
1.6.1.	Quanto à origem:	17
1.6.1.1.	Outorgadas:	17
1.6.1.2.	Promulgada:	17
1.6.1.3.	Cesarista:	17
1.6.1.4.	Pactuadas:	17
1.6.2.	Quanto à forma:	18
1.6.2.1.	Escritas:	18
1.6.2.2.	Não escritas:	18
1.6.3.	Quanto à extensão (e finalidade):	18
1.6.3.1.	Sintéticas:	19
1.6.3.2.	Analíticas:	19
1.6.4.	Quanto ao conteúdo:	19
1.6.4.1.	Material:	19
1.6.4.2.	Formal:	19
1.6.5.	Quanto à alterabilidade/estabilidade/mutabilidade/consistência:	20
1.6.5.1.	Rígidas:	20
1.6.5.2.	Flexível:	20
1.6.5.3.	Semiflexível ou semi-rígida:	20
1.6.5.4.	Fixas:	20
1.6.5.5.	Transitoriamente flexíveis:	21
1.6.5.6.	Imutáveis:	21
1.6.5.7.	Superrígida:	21
1.6.6.	Quanto à sistemática (critério sistemático):	21
1.6.6.1.	Reduzidas:	21
1.6.6.2.	Variadas:	21
1.6.7.	Quanto à dogmática:	22
1.6.7.1.	Ortodoxa:	22
1.6.7.2.	Eclética:	22
1.6.8.	Quanto à correspondência com a realidade (critério ontológico – essência):	22
1.6.8.1.	Normativas:	22
1.6.8.2.	Nominalistas	22
1.6.8.3.	Semânticas:	22
1.6.9.	Quanto ao sistema:	23
1.6.9.1.	Principiológica:	23
1.6.9.2.	Preceitual ou preceptivas:	23
2.	Estrutura da Constituição:	23
2.1.	Preâmbulo:	24
2.1.1.	Conceito:	24
2.1.2.	Natureza:	24
2.1.3.	Posição topográfica:	24
2.1.4.	Força normativa do preâmbulo:	25
2.2.	Disposições Constitucionais Transitórias:	26
2.2.1.	Conceito:	26
2.2.2.	Classificação das normas do ADCT:	27
2.2.3.	Desvirtuamento do ADCT:	27
2.2.4.	Natureza jurídica das normas do ADCT:	28
2.2.5.	Reforma do ADCT:	28
2.3.	Corpo permanente:	29
2.4.	Classificação das normas constitucionais:	29
2.4.1.	Critério lógico:	30
2.4.2.	Quanto à executoriedade:	30
2.4.3.	Quanto à matéria que disciplinam:	30
2.4.4.	Quanto à estrutura normativa:	31
2.4.5.	Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais	32
2.4.5.1.	Classificação quanto a intangibilidade e a produção de efeitos concretos de Maria Helena Diniz:	35
Teoria da Constituição:
Noções introdutórias:
Alocação do Direito Constitucional:
	Apesar de uno, o Direito é classicamente dividido didaticamente em dois grandes grupos de disciplinas: Direito Público e direito Privado. O ponto central dessa divisão é a presença do Estado na relação jurídica em estudo. Considerando, portanto, que o Direito Constitucional diz respeito a um documento de formação e organização do Estado, a doutrina aloca a disciplina no âmbito do direito público. UadiLammêgoBulos (2018, p. 54) chega a afirmar que o termo Direito Constitucional designa "um Direito Público fundamental, um Direito do Estado por excelência".
Superação da dicotomia "público-privado" e a constitucionalização do
	Atualmente a classificação clássica do Direito vem se mostrado problemática, considerando que após a Segunda Guerra Mundial, os países europeus e latino-americanos reforçaram o princípio da supremacia da Constituição, enfraquecendo o primado do Parlamento.
	O enfraquecimento da supremacia do Parlamento e o retorno dos valores às Constituições modernas, impuseram um limite ao Legislativo no momento da produção das normas. Logo, os valores constitucionais passaram a influenciar toda produção normativa, gerando a chamada constitucionalização do direito privado.
	Tal fenômeno pode ser melhor observado quando comparados os Códigos Civis de 1916 e 2002, quando o cerne do Código deixa de ser o patrimônio para ser a pessoa humana:
	Além da influência da Constituição nos demais "ramos do Direito", a existência de "disciplinas transversais", como Direito Ambiental, Direitos Humanos e Direito do Consumidor, atenuaram a distinção clássica. Pedro Lenza (2017, p. 63) aponta ainda como fatores de enfraquecimento da dicotomia clássica do Direito o movimento de "descodificação do Direito Civil", com a criação de microssistemas jurídicos (CDC, ECA, Lei de Alimentos, Estatuto do Idoso, etc.
Direito Constitucional:
Conceito:
	UadiLammêgoBulos (2018, p. 54) aponta que a terminologia Direito Constitucional foi cunhada no século XVIII, quando a Assembleia Constituinte francesa determinou às faculdades de Direito que ministrassem aulas sobre a recém promulgada Constituição francesa.
	Paulo Gonet Branco conceitua o Direito Constitucional como:
(...) ramo do estudo jurídico dedicado à estrutura básica do ordenamento normativo (BRANCO, 2017, p. 37)
	Já José Afonso da Silva define a disciplina como 
(...) Direito Público fundamental por referir-se diretamente à organização e funcionamento do Estado, à articulação dos elementos primários do mesmo e ao estabelecimento das bases da estrutura política (SILVA, 2010, p. 37)
	Manuel Gonçalves Ferreira Filho (2014, p. 16), por sua vez, aponta que o conceito de Direito Constitucional nos remete à ideia de Constituição, que, por sua vez, é o documento fundante do Estado e da ordem jurídica.
	
Objeto:
	O objeto do Direito Constitucional é, por decorrência lógica, o estudo da Constituição. Contudo, a noção de Constituição como um único documento não é mais correta. Afinal o ordenamento brasileiro admite outros documentos com força constitucional (CF, art. 5º, § 3º).
	Portanto, atualmente, é possível dizer que o objeto do Direito Constitucional é o estudo das normas constitucionais.
Conteúdo:
	Luís Roberto Barroso (2010, p. 70) explica que enquanto domínio científico o Direito Constitucional busca ordenar saberes distintos, relacionados a aspectos normativos do poder político e aos direitos fundamentais, nos seguintes âmbitos:
· Filosofia constitucional e teoria da Constituição: através de reflexões filosóficas de natureza jurídica, política, moral e sociológica.
· Dogmática jurídica: com a produção de doutrina sobre as normas e institutos jurídicos; e
· Jurisprudência: através do estudo da atividade dos tribunais na aplicação do Direito.
	O direito constitucional positivo é, segundo Luís Roberto Barroso (2010, p. 71) o conjunto de normas jurídicas em vigor que detêm status de normas constitucionais: normas do corpo permanente da Constituição; normas do ADCT; emendas constitucionais; e tratados de direitos humanos ratificados nos termos do art. 5º, § 3º da Constituição.
Constitucionalismo:
Conceito:
	O termo constitucionalismonão tem um único sentido. Enquanto J. J. Gomes Canotilho (2003, p. 51) conceitua-o como “a teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade”, André Ramos Tavares (2017, p. 23) identifica quatro sentidos para o constitucionalismo:
· Movimento político-social como fim de limitar o poder arbitrário;
· Imposição de que haja cartas constitucionais escritas;
· Identifica propósitos mais latentes e atuais da função e posição das constituições nas diversas sociedades;
· Evolução histórico-constitucional de um determinado Estado.
	UadiLammêgoBulos (2018, p. 64) por sua vez reduz os sentidos do termo constitucionalismo para dois:
· Sentido amplo:relacionada ao fato de todo Estado possuir uma constituição em qualquer época da humanidade, independentemente do regime político adotado o perfil jurídico.
· Sentido restrito: a técnica jurídica de organização e limitação (através da organização do poder e pela outorga de direitos fundamentais) do Estado através de documentos escritos, surgida no Século XVIII pondo fim a seu poder arbitrário.
	ATENÇÃO: a ideia central do constitucionalismo é a limitação do poder do Estado, que se dá pela outorga de direitos fundamentais e pela separação dos poderes e por sua organização interna.
	Luís Roberto Barroso (2010, p. 27) ressalta que é possível se falar em constitucionalismo onde não há uma Constituição propriamente dita. No Reino Unido há um ideal constitucionalista sem uma Constituição escrita. 
Histórico do constitucionalismo:
	A doutrina aponta como prolegômenos do constitucionalismo os documentos históricos que tinham a finalidade de limitar o poder dos governantes. Por esse motivo é possível apontar como precursores remotos do constitucionalismonaantiguidade, a Bíblia e a democracia ateniense. Na idade média, viu-se na história, principalmente na Inglaterra, a produção de pactos entre o monarca e seus súditos, relativos à forma de governo e às garantias individuais. Como ressalva Manuel Gonçalves Ferreira Filhos, o fundamento desses pactos ingleses era o acordo de vontades. Os pactos mais famosos desse período histórico foram:
· Magna ChartaLibertatum, 1215;
· Petition of Rights de 1628;
· Habeas Corpus Act de 1679;
· Bill of Rights de 1689;
· Act of Settlement de 1701.
	
	Na Europa continental eram comuns os forais ou cartas de franquia, que eram também documentos escritos para a proteção de direitos individuais.Contudo, ao contrário dos pactos, ocorria a participação dos súditos no governo local. Ademais, o fundamento era a outorga pelo senhor.
	Na América do Norte os contratos de colonização, como o MayflowerCompact de 1620 e as Fundamental Ordersof Connecticut, de 1662, são os documentos precursores da experiência constitucional norte-americana.
	A noção de documento escrito limitador do poder do Estado ganha força no iluminismo. Manoel Gonçalves Ferreira Filho ressalta que as noções de indivíduo, razão, natureza, felicidade e progresso tem influência direta na criação da Constituição:
	
· O homem passa é ser visto como indivíduo, dotado de direitos próprios que não se confundem com direitos da coletividade.
· O indivíduo é um ser racional, ou seja, determina sua vontade pela razão.
· A razão faz com que o indivíduo se afaste de preconceitos, reconhecendo que vive em um mundo governado por leis naturais.
· As leis naturais conduzem o indivíduo buscar a melhor situação possível, de modo que seu cumprimento gera felicidade.
· O indivíduo racional, ao cumprir as leis da natureza, que visam a felicidade, deixam de buscar apenas a salvação eterna, para buscá-la também a salvação terrena. Em outros termos, em busca de sua felicidade o indivíduo busca melhorar suas condições de vida, gerando progresso.
	
	As ideias iluministas acabam por desaguar no liberalismo. O indivíduo buscando seu progresso não mais aceita um Estado que intervenha na economia. Por outro lado, o Estado acaba por ser um mal necessário, considerando a segurança dos indivíduos (afinal, o "homem é o lobo do homem", como dizia Thomas Hobbes). 
	Assim sendo, a Constituição surge como um documento formal, escrito, solene, destinado à organização fundamental do Estado, com base nos princípios liberais. A Declaração de direitos do homem e do cidadão, de 1789 ilustra o que foi dito:
Art. 16º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.
	O constitucionalismo moderno nasce com a Constituição americana, de 1787. A primeira Constituição europeia foi a da Polônia, de 3 de maio de 1791. A França só promulgou sua Constituição em 3 de setembro de 1791.
	Desde os contratos de colonização, os americanos experimentaram um governo estruturado por eles. Com a declaração de independência das 13 colônias, cada uma das colônias passou a ser regida por um documento próprio de organização, como a Declaração da Virgínia, de 1776.
	Após o Tratado de Paris, de 1783, em que a Inglaterra reconheceu a independência das Colônias, as treze colônias se reuniram e foi escrita a Constituição americana (1787). A Constituição deveria ser ratificada por cada uma das 13 colônias para passar a vigorar ( julho de 1788).
	Ao contrário da experiência norte-americana, as Constituições europeias, ainda que elaboradas por uma Assembleia Constituinte, acabavam por ser promulgadas por reis.Ingo Sarlet(2018, p. 60) ressalta que a noção de supremacia da constituição, a falta de controle judicial das leis em face das constituições, a pouca relevância dos direitos fundamentais, a falta de representação popular e de direitos políticos foram elementos característicos desse período inicial.
	Nas Américas, após a independência da maioria dos países, houve a proliferação da elaboração de constituições. Exceto o Brasil, quem manteve-se uma monarquia, a maioria dos Estados americanos se tornou república. Contudo, é possível afirmar que o todos eram Estados Constitucionais.
Neoconstitucionalismo:
	Desde o final do séc. XX o constitucionalismo passou por uma reanálise.O objetivo passou a não apenas atrelar o constitucionalismo à ideia de limitação do poder político, mas também, buscar a eficácia da Constituição.
	A Constituição impõe diretrizes e opções políticas e ampla regulamentação jurídica.As normas, muitas das vezes, são vagas.Contudo, não deixam de limitar o legislador apenas na forma, mas também em seu conteúdo (NOVELINO, 2017, p. 58), daí dizer que o neoconstitucionalismo busca a materialização constitucional.
	Ademais, se antes cabia ao Parlamento a primazia normativa, concretizando os direitos, agora a Constituição passa a vincular o Legislativo, garantindo a produção efeitos jurídicos e limitando aquilo que lhe é contrária, pelo controle de constitucionalidade. Trata-se da passagem do Estado Legislativo de Direito, que se pautava pelo princípio da legalidade, ao Estado Constitucional de Direito, inserindo a Constituição no centro do ordenamento jurídico, com eficácia jurídica vinculante e obrigatória, dotada de supremacia (CUNHA JÚNIOR, 2017, p. 35).
	Os direitos fundamentais, que nasceram para limitar o Estado, passam a reger também as relações entre particulares (eficácia horizontal dos direitos fundamentais), não mais dependendo da interposição do Legislativo para serem válidos.
	O próprio texto constitucional passa por alterações no neoconstitucionalismo. Dirley da Cunha Júnior (2017, p. 35) aponta que foram incorporados valores às Constituições, como a dignidade humana, assim como opções políticas gerais (como a redução da desigualdade, a admissão do pluralismo político, etc.) e específicos (quando determina a destinação de dinheiro à saúde e à educação, bem como a gratuidade desses serviços públicos).Portanto, enquanto no constitucionalismo moderno a diferença entre normas constitucionais e infraconstitucionais era apenas de grau, no neoconstitucionalismo ela é também axiológica.
	Por fim, diante da materializaçãoconstitucional, de seu modelo axiológico e de sua supremacia perante todos os poderes, as normas infraconstitucionais serão válidasdesde que interpretadas conforme a Constituição.Não se aceitam interpretações que contrariem os ditames e os valores previstos constitucionalmente.
O "novo" constitucionalismo latino-americano:
	Diego Coelho Antunes Ribeiro ensina que após a redemocratização da América-latina, na elaboração das novas constituições, "o poder constituinte originário volta a ser exercido como nos primórdios, com a efetiva manifestação da vontade popular, compreendido em toda a sua pluralidade de composição". Dalmau (2008, p. 17) afirma que “o novo constitucionalismo latino-americano é uma evolução do “antigo” constitucionalismo latino-americano e que surgiu para atender à necessidade de alteração jurídico-política vivida pela América Latina atualmente”.
	Maria Lúcia Barbosa e João Paulo Allain Teixeira, por sua vez, elencam as características do novo constitucionalismo latino-americano:
a) ênfase na participação popular na elaboração e interpretação constitucionais, o que o caracteriza por um forte elemento legitimador; 
b) adoção de um modelo de “bem viver” fundado na percepção de que o ser humano é parte integrante de um cosmos; 
c) re-articulação entre Estado e Mercado a partir da reestruturação do modelo produtivo; 
d) rejeição do monoculturalismo e afirmação de pautas pluralistas de justiça e direito; 
e) inclusão de linguagem de gênero nos textos constitucionais; 
f) garantia de participação e reconhecimento de todas as etnias formadoras das nações latino-americanas, inclusive com reconhecimento das línguas originárias e a existência de Cortes Constitucionais com participação indígena; 
g) são textos constitucionais preocupados com a superação das desigualdades sociais e econômicas; 
h) proclamam o caráter normativo e superior da Constituição frente ao ordenamento jurídico.
	Antonio Carlos Wolkmer e Maria Laura Ronchi apontam ainda o relevante papel dos movimentos sociais para a promulgação da Constituição de 1988, o que a tornou mais democrática e inovadora do que a Carta de 1967. A Constituição trouxe várias novidades, principalmente as garantias dos direitos fundamentais, entre eles, direitos humanos, do meio-ambiente, dos idosos, da criança e do adolescente, e até dos indígenas. 
	Para os autores, os movimentos sociais tiveram maior repercussão na Bolívia, onde a participação democrática fez surgir a figura do Estado plurinacional (MAGALHÃES, 2008, p. 87), reconhecendo a existência de múltiplos direitos e nações (populações tradicionais, por exemplo) em um só Estado. A título exemplificativo, analisemos a Constituição da Bolívia (2009), em que há tratamento do direito indígena em 80 dos 411 artigos. Ressaltemos os seguintes direitos:
· cotas para parlamentares que sejam oriundos dos povos indígenas;
· garantia de propriedade exclusiva da terra,
· recursos hídricos e florestais pelas comunidades indígenas;
· equivalência entre a justiça indígena e a justiça comum. 
	Enfim, em comum o neoconstitucionalismo europeu e o "novo" constitucionalismo latino-americano tem a busca de maior efetividade da Constituição, e de uma maior participação democrática. A diferença entre ambos foi a ênfase dada na américa-latina à cultura local, em face de uma maior participação dos movimentos sociais quando da elaboração das novas constituições.
Modelos Constitucionais:
	Todas as constituições tenham a função de limitação do poder do Estado. Contudo,é possível distinguir alguns modelos constitucionais. Historicamente tais constituições surgiram em momentos cronológicos subsequentes, porém, atualmente elas ainda coexistem:
· Modelo liberal: Realça-se as liberdades jurídicas individuais. Ex.: Constituição americana.
· Modelo social: o Estado busca superar o antagonismo entre igualdade política e desigualdade social, tornando-se um Estado intervencionista nas relações sociais, econômicas e laborais, bem como um Estado prestador de serviços, como os de saúde, educação e previdência social. Ex.: Constituição Mexicana de 1917 e Constituição de Weimar de 1919.
· Estado democrático de Direito: Busca suprir as deficiências e consolidar as conquistas dos Estados liberal e social. Reforça-se o princípio da soberania popular, bem como preocupa-se com a efetividade dos direitos fundamentais. Ex.: Lei Fundamental de Bonn, de 1949 e a Constituição brasileira de 1988.
Conceito de Constituição:
	Ronald Dworkin explica que conceito é algo em que há um consenso sobre seu significado, enquanto concepções são visões distintas sobre uma mesma coisa ou fenômeno, que em razão de sua dissonância, impedem o consenso necessário ao conceito. Pedro Lenza(2017, p. 83) destaca que há várias concepções ou acepções a serem tomadas para definir o termo Constituição. Há autores que elencam mais de 12 concepções de Constituição. Do universo de concepções existentes três são fundamentais: Constituição sociológica, de Ferdinand Lassale; Constituição política, de Carl Schmitt; e Constituição jurídica de Hans Kelsen.
Concepção sociológica de Constituição – Ferdinand Lassale:
	Para Ferdinand Lassale, em sua obra “¿Qué es una Constituicion?” aConstituição não é fruto da razão, mas resultado das forças sociais de uma sociedade (fatores reais de poder). 
	Em uma sociedade há várias formas de poder (econômico, religioso, etc.). Esses poderes estão divididos na sociedade de forma desconcentrada.Todos esses atores, que detém os diversos tipos de poder, estão lutando diariamente por seus interesses. São esses fatores reais de poder, enquanto força ativa e eficaz de uma sociedade, que informam todas as leis e instituições jurídicas de um Estado, determinando o que elas realmente são.
	Portanto, para Lassale, a Constituição não é o texto escrito (mera folha de papel), mas sim aquilo que é realmente aplicado pela sociedade, daí a distinção entre constituição formal e constituição real:
· Escrita ou formal: é o texto escrito.
 
· Real ou efetiva: é a soma dos fatores reais de poder.
	A constituição escrita deve refletir a constituição real, sob pena de se tornar ilegítima.
	
Concepção política de Constituição – Carl Schmitt:
	Para Carl Schmitt, em sua obra Teoria da Constituição (Verfassungslebre), de 1928, em seu sentido absoluto a Constituição é um todo unitário que significa:
· O próprio Estado em sua existência política;
· A forma de governo de uma sociedade;
· Um princípio dinâmico de sucessão, transformação, coordenação e agregação do Estado; e
· Uma regulação legal fundamental, consubstanciando um sistema de normas supremas e últimas.
	Já em seu sentido relativo, a constituição é a lei constitucional em particular. Conjunto de normas que não poderão ser alteradas por leis ordinárias.
	Por fim, em seu sentido positivo, a Constituição é a decisão política fundamental de uma sociedade. A Constituição não gera a unidade da sociedade, mas o contrário, a unidade política, dotada de uma vontade externalizada pelo Poder Constituinte, adota uma Constituição por si mesma e se dá a si mesma (CUNHA JÚNIOR, 2017, p. 77). A unidade política decide como irá se organizar e como o Estado deverá se portar. 
	Por fim, em seu sentido ideal, a Constituição é um documento de conteúdo político e social, considerado ideal por sua correspondência aos postulados políticos do momento (CUNHA JÚNIOR, 2017, p. 79). 
Concepção jurídica de Constituição – Hans Kelsen:
	Hans Kelsen, e os positivistas excludentes em geral, concebem a Constituição como uma norma jurídica fundamental de organização do Estado. A Constituição é, portanto, dissociada de qualquer fundamento político, social, filosófico. A Constituição é considerada norma pura, puro dever-ser, sem qualquer pretensão a fundamento sociológica, política ou filosófica.
	A concepção de Kelsen toma a palavra Constituição em dois sentidos: 
· Lógico-jurídico: Constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da Constituição jurídico-positiva.· Jurídico-positivo (posta): A Constituição é a norma positivada suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau.
	Dirley da Cunha Júnior (2017, p. 82) explica que a norma fundamental constitui a unidade das demais normas jurídicas do ordenamento, pois representa seu fundamento último de validade. Ela é o fundamento de validade e o princípio unificador das normas de um sistema jurídico. Por ser o ponto de partida do direito positivo ela é hipotética, afinal não está positivada ainda.
Concepções adicionais de Constituição:
· Constituição jusnaturalista: Víctor Cathrein concebe a Constituição à luz dos princípios do direito natural, principalmente no que concerne aos direitos humanos fundamentais. Em outros termos, os direitos naturais antecedem à Constituição, que é o documento que apenas os declara.
· Constituição positivista: Laband e Jellinek. A constituição é o conjunto de normas emanadas do poder do Estado. A Constituição não deve buscar fundamentação em outros ramos como filosofia e sociologia. O Direito Constitucional é fruto da ação do homem.
· Constituição marxista: Karl Marx. A constituição é o produto da supraestrutura ideológica, condicionada pela infraestrutura econômica.
· Constituição institucionalista: Santi Romano, Maurice Hauriou, Georges Renard, Costantino Mortati. A constituiçãoé a expressão das ideias fortes e duradouras, dos fins políticos, com vistas a cumprir programas de ordem social.
· Constituição culturalista: Stein, Michele Ainis, Grimm. A constituiçãoé produto do fato cultural. Nas palavras de Uadi Lammêgo Bulos (2017, p. 106) “conjunto de normas constitucionais referentes à educação, ao ensino, ao desporto, as quais visam tutelar, em sentido amplo, o direito à cultura.”
· Constituição estruturalista: Spagna Musso. A constituição é o resultado das estruturas sociais, servindo para equilibrar as relações políticas e o processo de transformação da sociedade. Logo, a Constituição seria um conjunto orgânico e sistemático de caráter normativo, formando uma unidade estrutural.
· Constituição biomédica: João Carlos Simões Gonçalves Loureiro. Também chamada de constituição biológica ou bioconstituição. É a constituição que consagra normas assecuratórias da identidade genética do ser humano, visando seu progresso, bem como o desenvolvimento de novas tecnologias científicas. "Os reclamos da sociedade contemporânea geraram essa concepção, derivada, em grande parte, de uma espécie de consciência ético-jurídica da comunidade" (BULOS, 2017, p. 107). Com isso debates como o início da vida, inseminação artificial e células tronco passam a ser direitos tutelados ou discutidos sob a ótica constitucional.
· Constituição compromissória (Paolo Barile): é a que reflete a pluralidade das forças políticas e sociais. Típica de uma sociedade plural e complexa, ela é fruto de conflitos profundos (deep conflict), da barganha, do jogo de interesses, do tom persuasivo do discurso político.
· Constituição suave, dúctil ou maleável (Gustavo Zagrebelsky): é aquela que não contém exageros. Considerando a pluralidade da sociedade, a constituição não deve consagrar preceitos impossíveis, não fazendo promessas baseadas em demagogia política. Buscam o equilíbrio e a moderação na regulação da vida em sociedade.
· Constituição plástica (Raul Machado Horta): é aquela que apresenta uma mobilidade, projetando a sua força normativa na realidade social, política, econômica e cultural do Estado (BULOS, 2018, p. 108). Ela é plástica por permitir a adequação de suas normas às situações concretas do cotidiano (NÃO CONFUNDIR COM RIGIDEZ CONSTITUCIONAL). Uadi Lammêgo Bulos explica que as constituições plásticas consagram preceitos de eficácia limitada, deixando a cargo do legislador ordinário a tarefa de preenchimento das normas constitucionais. 
· Constituição cultural (José Horário Meirelles Teixeira): a constituição é a expressão da cultura de uma sociedade, refletindo-a. Ao mesmo tempo busca determiná-la e dirigi-la. 
· Constituição simbólica (Marcelo Neves): as normas editadas na Constituição têm eficácia meramente simbólica, sem uma eficácia social, tendo em vista que as controvérsias constitucionais são decididas com base nos códigos da política e conforme o conflito de interesses não em um ponto de vista jurídico.
· Constituição chapa-branca (Carlos Ari Sundfeld): a Constituição busca a afirmação de direitos de organismos estatais (servidores públicos, parlamentares, membros do executivo, legislativo, judiciário, ministério público, advocacia pública, policiais, militares, etc.) e corporações paraestatais (OAB, CBF, Sistema S), ao contrário de dar primazia à limitação desses mesmos poderes.
· Constituição instrumental: W. Hennis. A constituição como instrumento de governo, também chamada de constituição formal, processual ou instrumental, é aquela em que as suas normas equivalem a leis processuais. Seu objetivo é definir competências, para limitar a ação dos Poderes Públicos.
· Constituição como estatuto do poder: Georges Burdeau. A constituição equivale a um mecanismo para legitimar o poder soberano, segundo certa ideia de direito, prevalecente no seio da sociedade.
· Constituição como garantia do status quo econômico e social: Ernst Forsthoff. A Constituição garante o status quo econômico e social, sendo um instrumento meramente formal de um Estado perdido, que existe em razão da manutenção dos detentores do poder.
· Constituição como ordem jurídica fundamental, material e aberta, de determinada comunidade: Konrad Hesse. A Constituição deve ser entendida como a ordem jurídica fundamental de uma comunidade ou o plano estrutural para a conformação jurídica de uma comunidade, segundo certos princípios fundamentais:
· Fixar os princípios diretores segundo os quais se deve formar a unidade política e desenvolver as tarefas estatais;
· Definir procedimentos para a solução dos conflitos no interior da comunidade;
· Disciplinar a organização e o processo de formação da unidade política e da atuação estatal; e
· Criar bases e determinar os princípios da ordem jurídica global.
Elementos da Constituição:
	Pedro Lenza explica que os dispositivos constitucionais trazem valores distintos, caracterizando a natureza polifacética da Constituição.
	Por esse motivo a doutrina agrupa as diversas normas constitucionais de acordo com a sua finalidade, surgindo, então, o que se denominou elementos da Constituição.
	Segundo Gilmar Ferreira Mendes, a generalidade das leis fundamentais revela, em sua estrutura normativa cinco categorias de elementos:
· Orgânicos: que se contêm nas normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder;
· Limitativos: são os que limitam a ação dos poderes estatais e dão a tônica do Estado de Direito, consubstanciando o elenco dos direitos e garantias fundamentais: direitos individuais e suas garantias, direitos de nacionalidades e direitos políticos e democráticos;
· Sócio-ideológicos: consubstanciados nas normas sócio-ideológicas, que revelam o caráter de compromisso das constituições modernas entre o Estado individualista e o Estado Social, intervencionista;
· De estabilização constitucional: consagrados nas normas destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas, premunindo os meios e as técnicas contra sua alteração e infringência, a não ser nos termos nela própria estatuídos; e
· Formais de aplicabilidade: consubstanciados nas normas que estatuem regras de aplicação das constituições, assim, o preâmbulo, o dispositivo que contém as cláusulas de promulgação e as disposições transitórias.
Classificação das Constituições:
	Classificar é distinguir coisas similares, com base em um critério diferenciador. (distinguish).Portanto, é possível afirmar que não existe classificação certa ou errada, mas sim útil ou inútil.
	Os principais critérios utilizados para classificar as Constituições são:
· Quanto à origem;
· Quanto à forma;
· Quanto à extensão/finalidade;
· Quantoao conteúdo;
· Quanto à alterabilidade;
· Quanto à sistemática;
· Quanto à dogmática;
· Quanto à correspondência à realidade;
· Quanto ao sistema.
	
Quanto à origem:
	De acordo com tal critério, as constituições poderão ser outorgadas, promulgadas ou ainda, segundo ensina Pedro Lenza são consideradas por alguns as cesaristas (ou bonapartistas) e as pactuadas (ou dualistas).
Outorgadas:
	São as constituições impostas de maneira unilateral pelo agente revolucionário (grupo, ou governante), que não recebeu do povo a legitimidade para em nome dele atuar. Exemplos de Constituições brasileiras: 1824, 1937, 1967 e EC nº 1969.
	OBS.: Há autores que entendem que o texto de 1967 teria sido promulgado, já que votado nos termos do art. 1º, §1º, do AI nº 4/66. Contudo, Pedro Lenza explica que em razão do autoritarismo implantado pelo Comando Militar da Revolução, não possuindo o Congresso Nacional liberdade para alterar substancialmente o novo Estado que se instaurava, o entendimento majoritário é que o referido texto foi outorgado unilateralmente pelo regime ditatorial militar implantado. O autor entende ainda que, dado seu caráter revolucionário, a EC nº 1/69 pode ser considerada como manifestação de um novo poder constituinte originário, imposta pelo governo de Juntas Militares, nos termos do AI nº 12/69.
Promulgada:
	Também chamada de democrática, votada ou popular, é a constituição fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita diretamente pelo povo, para, em nome dele, atuar, nascendo, portanto, da deliberação da representação legítima popular.São exemplos de constituições brasileiras: 1891, 1934, 1946, 1988.
Cesarista:
	Não é propriamente outorgada, mas tampouco democrática, ainda que criada com a participação popular. É formada por plebiscito popular sobre um projeto já elaborado por um Imperador (plebiscitos napoleônicos) ou um Ditador (plebiscito de Pinochet, no Chile), por exemplo. A participação popular, não é democrática, pois visa apenas ratificar a vontade do detentor do poder. Esse tipo de Constituição foi utilizado por Hugo Chavez na Venezuela e por Evo Morales na Bolívia.
Pactuadas:
	O poder constituinte originário se concentra nas mãos de mais de um titular. Por isso trata-se de modalidade anacrônica, dificilmente ajustando-se à noção moderna de constituição, intimamente associada à ideia de unidade do poder constituinte. Tais constituições foram bastante difundidas no seio da monarquia estamental da Idade Média, quando o poder estatal aparecia cindido entre o monarca e as ordens privilegiadas.
	Para Paulo Bonavides, a Constituição pactuada é aquela que exprime um compromisso instável de duas forças políticas rivais: a realeza absoluta debilitada, de uma parte, e a nobreza e a burguesia, em franco progresso, doutra. Surge então como termo dessa relação de equilíbrio a forma institucional da monarquia limitada. Entendem alguns publicistas que as constituições pactuadas assinalam o momento histórico em que determinadas classes disputam ao rei um certo grau de participação política, em nome da comunidade com o propósito de resguardar direitos e amparar franquias adquiridas. 
	Na constituição pactuada o equilíbrio é precário. Uma das partes se acha sempre politicamente em posição de força. O pacto selado juridicamente mal encobre essa situação fática, e o contrato se converte, por conseguinte numa estipulação unilateral camuflada. 
Quanto à forma:
	Quanto à forma, elas podem ser escritas (instrumental) ou costumeiras (não escritas ou consuetudinárias).
Escritas:	
	São constituições formadas por um conjunto de regras sistematizadas e organizadas em um único documento, estabelecendo as normas fundamentais de um Estado. 
	Para Alexandre de Moraes a constituição escrita é o mais alto estatuo jurídico de determinada comunidade, caracterizando-se por ser a lei fundamental de uma sociedade. A isso corresponde o conceito de constituição legal, como resultado da elaboração de uma Carta escrita fundamental, colocada no ápice da pirâmide normativa e dotada de coercibilidade.
Não escritas:
	Seria a Constituição que, ao contrário da escrita, não traz as regras em um único texto solene e codificado. É formada por textos esparsos, reconhecidos pela sociedade como fundamentais e baseiam-se nos usos, costumes, jurisprudência e convenções.
	O Reino Unido é o exemplo clássico deste tipo de Constituição. Contudo ressalta Pedro Lenza que atualmente, mesmo a Inglaterra assenta princípios constitucionais em textos escritos, em que pesem os costumes formarem relevantes valores constitucionais. Por isso afirma o autor que na época contemporânea inexistem Constituições totalmente costumeiras.
Quanto à extensão (e finalidade):
	Quanto à extensão (e finalidade, segundo Alexandre de Moraes) podem ser sintéticas (concisas, breves, sumárias, sucintas, básicas), ou analíticas (amplas, extensas, largas, prolixas, longa, desenvolvida, volumosa, inchada).
Sintéticas:
	São as constituições sintéticas que preveem somente os princípios e as normas gerais de regência do Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio da estipulação de direitos e garantias fundamentais. 
	Para Pedro Lenza por não descerem às minúcias, são elas mais duradouras, na medida em que os seus princípios estruturais são interpretados e adequados aos novos anseios pela atividade da Suprema Corte.
	Para Pinto Ferreira, a constituição brasileira de 1891 é um exemplo de constituição sintética.
Analíticas:
	São as constituições que abordam todos os assuntos que os representantes do povo entenderem fundamentais. Descem às minúcias, estabelecendo regras, que, segundo Pedro Lenza deveriam estar em leis infraconstitucionais, como, por exemplo, o art. 242, §2º da CF.
Quanto ao conteúdo:
	Intimamente ligado à concepção política de Constituição. A Constituição acaba por tomar dois sentidos: material e formal:
Material:
	Consiste no conjunto de regras materialmente constitucionais, estejam ou não codificadas em um único documento. Explica Pedro Lenza que materialmente constitucional será aquele texto que contiver as normas fundamentais e estruturais do Estado, a organização de seus órgãos, os direitos e garantias fundamentais.
Formal:
	Constituição formal é aquela consubstanciada de forma escrita, por meio de um documento solene estabelecido pelo poder constituinte originário.
	Explica Pedro Lenza que é a constituição que elege como critério o processo de formação, e não o conteúdo de suas normas. Assim, qualquer regra nela contida terá o caráter de constitucional.
Quanto à alterabilidade/estabilidade/mutabilidade/consistência:
	Este critério recebe da doutrina diversas outras denominações tais como mutabilidade (Michel Temer; Luiz Alberto David Araujo e Vidal Serrano Nunes Júnior) estabilidade (José Afonso da Silva e Alexandre de Moraes) e consistência (Pinto Ferreira).
	Passada as questões terminológicas, as constituições poderão ser rígidas, flexíveis (também chamadas de plásticas, segundo Pinto Ferreira) e semi-rígidas (ou semiflexíveis). Há autores que também lembram as fixas ou silenciosas, as transitoriamente flexíveis, as imutáveis (permanentes graníticas ou intocáveis) e as superrígidas.
Rígidas:
	São aquelas constituições que exigem, para a sua alteração um processo legislativo mais árduo, mais solene, mais dificultoso do que o processo de alteração das normas não constitucionais.
	A exceção da Constituição de 1824 todas as Constituições brasileiras foram rígidas.
Flexível:
	É aquela constituição que não possui um processo legislativo de alteração mais dificultoso do que o processo legislativo de alteração das normas infraconstitucionais. A dificuldade em alterar a constituição é a mesma encontrada para alterar uma lei que não é constitucional.
	Em se tratando de constituição flexível, não há hierarquia entre constituição e lei infraconstitucional, ou seja, uma lei infraconstitucional posterior altera o texto constitucional se assim expressamente o declarar, quando forma com ele incompatível, ou quandoregular inteiramente a matéria de que tratava a constituição.
Semiflexível ou semi-rígida:
	É aquela constituição que é tanto rígida como flexível, ou seja, algumas matérias exigem um processo de alteração mais dificultoso do que o exigido para alteração das leis infraconstitucionais, enquanto outras não requerem tal formalidade.
Fixas:
	São aquelas que somente podem ser alteradas por um poder de competência igual àquele que a criou, isto é, o poder constituinte originário. São conhecidas como constituições silenciosas, porque não estabelecem, expressamente, o procedimento para sua reforma.
Transitoriamente flexíveis:
	São as suscetíveis de reforma, com base no mesmo rito das leis comuns, mas apenas por determinado período. Ultrapassado o lapso, o documento constitucional passa a ser rígido.
Imutáveis:
	São as constituições onde se veda qualquer alteração, constituindo-se relíquias históricas e que se pretendem eternas, sendo também denominadas de permanentes, graníticas ou intocáveis.
Superrígida:
	Para Alexandre de Moraes a Constituição Federal de 1988 pode ser considerada como superrígida, uma vez que em regra poderá ser alterada por um processo legislativo diferenciado, mas excepcionalmente, em alguns pontos é “imutável” (CF, art. 60, § 4º - cláusulas pétreas).
Quanto à sistemática (critério sistemático):
	Pinto Ferreira, valendo-se de um critério sistemático divide as constituições em reduzidas (ou unitárias) e variadas.
Reduzidas:
	Também denominadas de codificadassão aquelas que se materializariam em um só código básico e sistemático.
Variadas:
	São aquelas que se distribuiriam em vários textos e documentos esparsos, sendo formadas de várias leis constitucionais, destacando-se a belga de 1830 e a francesa de 1875. Paulo Bonavides as chama de legais, também denominadas constituições escritas não formais.
	A Constituição brasileira de 1988, em um primeiro momento seria reduzida, codificada ou unitária. Contudo, aponta Pedro Lenza, diante da ideia de bloco de constitucionalidade, parece que se caminha para um critério que se aproxima da constituição esparsa (legal ou escrita não formal – escrita e que se apresenta fragmentada em vários textos), especialmente diante da regra contida no art. 5º, §3º.
	O Decreto Legislativo nº 186/2008 foi promulgado nos termos do referido dispositivo, recebendo força de EC (e, portanto, com natureza constitucional).
	Ademais, ressalta o autor que existem vários artigos de emendas constitucionais que não foram introduzidos no corpo da Constituição e, permanecendo como artigo autônomo das emendas, ainda sim têm natureza constitucional e, portanto, eventual lei que contrarie poderá ser declarada inconstitucional, servido a emenda como paradigma de confronto.
Quanto à dogmática:
	Valendo-se do critério ideológico Pedro Lenza divide as constituições em ortodoxa e eclética.
Ortodoxa:
	É aquela formada por uma só ideologia, como a soviética de 1977.
Eclética:
	Seria a formada por ideologias conciliatórias, como a brasileira de 1988.
Quanto à correspondência com a realidade (critério ontológico – essência):
	Karl Loewenstein, através de um critério ontológico, que busca identificar a correspondência entre a realidade política do Estado e o texto constitucional, distinguiu as constituições em normativas, nominalistas (nominativas ou nominais) e semânticas.
Normativas:
	Aquelas em que o processo de poder está de tal forma disciplinado que as relações políticas e os agentes do poder subordinam-se às determinações do seu conteúdo e do seu controle procedimental.
Nominalistas
	Contêm disposições de limitação e controle de dominação política, sem ressonância na sistemática de processo real de poder, e com insuficiente concretização constitucional.
Semânticas:
	As constituições semânticas são simples reflexos da realidade política, servindo como mero instrumento dos donos do poder e das elites políticas, sem limitação do seu conteúdo.
Quanto ao sistema:
	Segundo Diogo de Figueiredo Moreira Neto, a Constituição, quanto ao sistema pode ser classificada em principiológica ou preceitual/perceptivas.
Principiológica:
	Aquela na qual predominam os princípios, identificados como normas constitucionais providas de alto grau de abstração, consagradores de valores, pelo que é necessária a mediação concretizadora, tal como a Constituição brasileira.
Preceitual ou preceptivas:
	Prevalecem as regras, individualizadas como normas constitucionais revestidas de pouco grau de abstração, concretizadoras de princípios, pelo que é possível a aplicação coercitiva, tal como a Constituição mexicana.
Estrutura da Constituição:
	Estruturalmente a Constituição de 1988 contém um Preâmbulo, Corpo Permanente (com 9 títulos) e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).
 (
Art. 1º
) (
Art. 250
)
 (
ADCT
Preâmbulo
Corpo
permanente
)
 (
Art. 1º
) (
Art. 114
)
Preâmbulo:
Conceito:
	Dirley da Cunha Júnior (2018, p. 111) conceitua o preâmbulo constitucional como “a parte precedente do texto constitucional que sintetiza a carga ideológica que permeou todo o documento constitucional, prenunciando os valores que a Constituição adota e objetivos aos quais ela está vinculada”.
	Para Peter Häberle, o preâmbulo é como uma espécie de Constituição da Constituição. É tão importante que lhe é atribuído o papel de veículo de desentranhamento hermenêutico das cláusulas de eternidade, escritas e não escritas, das Constituições do Estado constitucional. Funcionam como importantes “pontes no tempo”, seja para evocar ou esconjurar o passado, a depender das circunstâncias históricas de cada processo constituinte; seja para falar ao presente, ocasionalmente orientando desejos; seja, para contemplar tanto o presente quanto o futuro e, com relação a este, para antecipar quanto possível, o encontro de um povo com esse almejado provir.
	Da Constituição Política do Império do Brasil, de 1824, à Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, todas as Constituições ostentaram preâmbulos, cujos termos, trouxeram a marca do tempo.
	As de 1824, 1937, 1967, a Carta/Emenda de 1969 não se fizeram preceder de preâmbulos liberatórios, antes se limitando a revelar os seus autores e os motivos que os levaram a golpear a democracia. 
	As Constituições de 1891, 1934, 1946 e de 1988, porque vindas à luz em clima de liberdade, ostentam no seu conteúdo, às mais democráticas das constituições democráticas.
Natureza:
	A primeira polêmica sobre o preâmbulo refere-se à sua natureza. Em outros termos o preâmbulo tem natureza jurídica?
	A doutrina se divide em duas posições: 
· 1ª posição: por expressa as ideias políticas, morais e religiosas o preâmbulo não tem natureza jurídica, mas sim política. 
· 2ª posição: o preâmbulo tem natureza jurídica.
Posição topográfica:
	Intimamente ligada à primeira polêmica questiona-se ainda a posição topográfica. Em outros termos, o preâmbulo faz parte da Constituição?
· 1ª posição: para Hans Kelsen o preâmbulo é uma introdução solene, que expressa as ideias políticas, morais e religiosas que a Constituição tende a promover. Essa introdução precede a Constituição, não a integrando propriamente.Posição já adotada pelo CESPE.
· 2ª posição: o preâmbulo é tecnicamente parte integrante da Constituição. Afinal, fora produzido pelo mesmo Poder Constituinte originário, consta do mesmo documento das demais normas e fora promulgado pelo mesmo procedimento do resto da Constituição.
Força normativa do preâmbulo:
	Por fim, a principal polêmica sobre o preâmbulo diz respeito à sua força normativa.
· Tese da irrelevância jurídica:O preâmbulo não se situa no domínio do Direito, situa-se no domínio da política ou da história. Logo, por se tratar de uma introdução solene, e não fazer parte da Constituição, ele não detém valor jurídico e, consequentemente, não pode servir de parâmetro para o controle de constitucionalidade. Posição já utilizada pelo STF.
· Tese da eficácia idêntica:O preâmbulo é também um conjunto de preceitos obrigatórios, visto que emanado pelomesmo poder constituinte e junto com o restante da Constituição.Logo, não poderia uma norma infraconstitucional contrariá-lo. Assim sendo, ele serve de parâmetro para o controle de constitucionalidade.
· Tese da eficácia indireta:O preâmbulo participa das características jurídicas da Constituição, mas sem se confundir com o articulado.O preâmbulo não é um conjunto de preceitos, é um conjunto de princípios que se projetam sobre os preceitos e sobre os restantes setores do ordenamento e daí, a sua maior estabilidade, que se compadece, de resto, com a possibilidade de revisão.Para essa corrente o preâmbulo não pode ser invocado enquanto tal, isoladamente como parâmetro de controle de constitucionalidade. Mas ele pode servir como ponto de partida para a interpretação de uma norma do corpo permanente da Constituição. Posição já utilizada pelo STF
	JURISPRUDÊNCIA 
Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa. (ADI 2.076, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 15-8-02, Plenário, DJ de 8-8-03)
Devem ser postos em relevo os valores que norteiam a Constituição e que devem servir de orientação para a correta interpretação e aplicação das normas constitucionais e apreciação da subsunção, ou não, da Lei n. 8.899/94 a elas. Vale, assim, uma palavra, ainda que brevíssima, ao Preâmbulo da Constituição, no qual se contém a explicitação dos valores que dominam a obra constitucional de 1988. Não apenas o Estado haverá de ser convocado para formular as políticas públicas que podem conduzir ao bem-estar, à igualdade e à justiça, mas a sociedade haverá de se organizar segundo aqueles valores, a fim de que se firme como uma comunidade fraterna, pluralista e sem preconceitos (...)
E, referindo-se, expressamente, ao Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988, escolia José Afonso da Silva que “O Estado Democrático de Direito destina-se a assegurar o exercício de determinados valores supremos. “Assegurar”, tem, no contexto, função de garantia dogmático-constitucional; não, porém, de garantia dos valores abstratamente considerados, mas do seu “exercício”. Este signo desempenha, aí, função pragmática, porque, com o objetivo de “assegurar”, tem o efeito imediato de prescrever ao Estado uma ação em favor da efetiva realização dos ditos valores em direção (função diretiva) de destinatários das normas constitucionais que dão a esses valores conteúdo específico” (...). Na esteira destes valores supremos explicitados no Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988 é que se afirma, nas normas constitucionais vigentes, o princípio jurídico da solidariedade. (ADI 2.649, voto da Min. Cármen Lúcia, julgamento em 8-5-08, Plenário, DJE de 17-10-08)
	Em comum as teses da irrelevância jurídica e da eficácia indireta a impossibilidade do preâmbulo servir isoladamente como parâmetro para o controle de constitucionalidade. Sendo essa a maior incidência em questões de concurso, principalmente em razão do julgamento da ADI 2.076.
Disposições Constitucionais Transitórias:
Conceito:
	Para Gilmar Mendes igualmente com os preâmbulos, os preceitos contidos no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) também funcionam com ponte no tempo, porque são normas que se incorporam à nova constituição, um texto do presente, com a finalidade de trazer do passado e levar para o futuro aquelas situações jurídicas que embora tenham sido criadas sob a ordem constitucional expirante. Portanto, o constituinte atual, por algum motivo, não considera tais normas incompatíveis com o regime jurídico-político que está em vias de se estabelecer.
	É que salvo no caso de ruptura revolucionária radical, uma Constituição nova não acarreta a supressão total do ordenamento jurídico anterior.Para evitar o colapso que adviria do vazio jurídico, buscou-se a instituição de normas de recepção do direito anterior pela Constituição vigente. Portanto, para sua vigência, a legislação anterior não podecontrariar as disposições da nova Constituição (compatibilidade material) e as normas de transição são feitas para regular situações discrepantes das normas constitucionais permanentes.
Classificação das normas do ADCT:
	Raul Machado Horta classifica as normas do ADCT como:
· Normas exauridas: seus efeitos já desapareceram pela realização da condições por elas previstas. Ex.: art. 1º e 4º.
· Normas dependentes de legislação e de execução: demandam uma complementação ainda não realizada pelo legislador infraconstitucional. Ex.: art. 10.
· Normas dotadas de duração temporária expressa: não necessitam de complementação infraconstitucional, mas detém em seu corpo a condição resolutiva. Ex. art. 40
· Normas de recepção: buscam trazer ao novo ordenamento jurídico normas do ordenamento passado. Ex. art. 34.
· Normas sobre benefícios e direitos: instituem direitos a determinadas pessoas. Ex. art. 53
· Normas com prazos constitucionais ultrapassados: normas que necessitam de complementação infraconstitucional com prazo fixado e desrespeitado pelo legislador. Ex.: art. 48
	Quem também classifica as normas do ADCT é Luís Roberto Barroso:
· Disposições transitórias propriamente ditas: regulam a transição de relações jurídicas e contêm condição resolutiva ou termo. Ex. art. 40
· Disposições de efeitos instantâneas e definitivos: não aguardam condição ou termo, operando imediatamente por um prazo estabelecido. Ex: art. 13
· Disposições de efeitos diferidos: suspendem os efeitos de determinada norma presente no corpo permanente da Constituição até a ocorrência de uma condição suspensiva. Ex. art. 5º.
Desvirtuamento do ADCT:
	Pedro Lenza (2018, p. 190) discorre sobre o chamado desvirtuamento do ADCT. Por se tratarem de normas transitórias, o natural é que com o tempo as normas do ADCT tendam a perder sua eficácia, tornando-se, paulatinamente, exauridas, e com isso, com mero valor histórico.
	Contudo, algumas emendas constitucionais passaram a inserir normas permanentes no corpo do ADCT, como a EC nº 57/08, que inseriu o art. 96 no ADCT.
Natureza jurídica das normas do ADCT:
	Não há dúvidas que as normas do ADCT têmnatureza constitucional. Portanto, decorrem dessa natureza:
1. A necessidade de respeito por parte do legislador infraconstitucional;
2. A possibilidade de tais normas servirem como parâmetro de constitucionalidade.
	JURISPRUDÊNCIA
- O Ato das Disposições Transitórias, promulgado em 1988 pelo legislador constituinte, qualifica-se, juridicamente, como estatuto de índole constitucional (RTJ 172/226-227). A estrutura normativa que nele se acha consubstanciada ostenta, em conseqüência, a rigidez peculiar às regras inscritas no texto básico da Lei Fundamental da República. Disso decorre o reconhecimento de que inexistem, entre as normas inscritas no ADCT e os preceitos constantes da Carta Política, quaisquer desníveis ou desigualdades quanto à intensidade de sua eficácia ou à prevalência de sua autoridade. Situam-se, ambos, no mais elevado grau de positividade jurídica, impondo-se, no plano do ordenamento estatal, enquanto categorias normativas subordinantes, à observância compulsória de todos, especialmente dos órgãos que integram o aparelho de Estado (RTJ 160/992-993). (RE 215107 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 21/11/2006, DJ 02-02-2007 PP-00138 EMENT VOL-02262-06 PP-01083) 
“Nada sobrevive ao novo Texto Magno”, dada a impossibilidade de convívio entre duas ordens constitucionais originárias (cada qual representando uma idéia própria de Direito e refletindo uma particular concepção político-ideológica de mundo), exceto se a nova Constituição, mediante processo de recepção material (que muito mais traduz verdadeira novação de caráter jurídico-normativo), conferir vigência parcial e eficácia temporal limitada a determinados preceitos constitucionais inscritos na Lei Fundamental revogada, à semelhança do que fez o art. 34, caput, do ADCT/88. (AI 386.820-AgR-ED-EDv- AgR-ED, Rel. Min. Celsode Mello, julgamento em 24-6-04, Plenário, DJ de 4-2-05)
Reforma do ADCT:
	Parte da doutrina chegou a se questionar sobre a possibilidade de reforma das normas presentes no ADCT. Contudo, o STF, no julgamento da ADI 829 dissipou qualquer dúvida, ao considerar constitucionais as alterações trazidas pela EC nº 2/92.
	Portanto, se o ADCT originariamente tinha 70 artigos, hoje tem 116 (114 da numeração ordinária + arts. 54-A e 92-A).
	As alterações das normas do ADCT não são livres, estando o poder constituinte derivado reformador limitado nos seguintes termos:
· Normas exauridas não podem ser reformadas ou modificadas;
· Normas não exauridas podem ser alteradas, desde que observada a vontade do poder constituinte originário.
· Devem ser respeitadosos limites gerais (formais, materiais e circunstanciais) da reforma das normas do corpo permanente.
	JURISPRUDÊNCIA
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ANTECIPAÇÃO DO PLEBISCITO A QUE ALUDE O ART. 2º DO ADCT DA CONSTITUIÇÃO DE 1988. - NÃO HÁ DÚVIDA DE QUE, EM FACE DO NOVO SISTEMA CONSTITUCIONAL, É O S.T.F. COMPETENTE PARA, EM CONTROLE DIFUSO OU CONCENTRADO, EXAMINAR A CONSTITUCIONALIDADE, OU NÃO, DE EMENDA CONSTITUCIONAL - NO CASO, A Nº 2, DE 25 DE AGOSTO DE 1992 - IMPUGNADA POR VIOLADORA DE CLÁUSULAS PÉTREAS EXPLÍCITAS OU IMPLÍCITAS. - CONTENDO AS NORMAS CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS EXCEÇÕES A PARTE PERMANENTE DA CONSTITUIÇÃO, NÃO TEM SENTIDO PRETENDER-SE QUE O ATO QUE AS CONTÉM SEJA INDEPENDENTE DESTA, ATÉ PORQUE E DA NATUREZA MESMA DAS COISAS QUE, PARA HAVER EXCEÇÃO, E NECESSÁRIO QUE HAJA REGRA, DE CUJA EXISTÊNCIA AQUELA, COMO EXCEÇÃO, DEPENDE. (...). (ADI 829, Relator(a):  Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 14/04/1993, DJ 16-09-1994 PP-24278 EMENT VOL-01758-01 PP-00062 RTJ VOL-00156-02 PP-00451)
Corpo permanente:
	As demais normas, previstas nos arts. 1º a 250 formam o corpo permanente da Constituição.Elas não têm condição suspensiva ou resolutiva, tendo eficácia pro futuro.
	O corpo permanente tem, atualmente, 259 artigos, considerando a inserção dos arts. 29-A, 103-A, 103-B, 111-A,146-A, 149-A, 216-A, 219-A e 219-B pelo poder constituinte reformador.
	Alguns autores denominam o conjunto composto com as normas do corpo permanente com as normas do ADCT de parte dogmática da Constituição.
Classificação das normas constitucionais:
	A doutrina classifica as normas constitucionais com base em vários critérios:
· Lógico;
· Executoriedade;
· Quanto à matéria disciplinada;
· Quanto à estrutura normativa;
· Quanto à eficácia
· Quanto à aplicabilidade;
· Quanto a intangibilidade e a produção de efeitos concretos.
Critério lógico:
	Partindo-se do conceito de classificação de Constituição formal e Constituição material de Carl Schmitt, chega-se, através do critério lógico à classificação:
· Normas constitucionais materiais: dizem respeito à estruturação do Estado e a instituição de direitos fundamentais;
· Normas constitucionais formais: as demais normas constantes na Constituição.
Quanto à executoriedade:
	A classificação se baseia na executoriedade das normas constitucionais:
· Normas constitucionais operativas: os preceitos que são dotados de eficácia imediata ou pelo menos, de eficácia não dependente de condições institucionais ou de fato;
· Normas constitucionais programáticas: normas que definem objetivos, programas de governo ou políticos ao Estado, cuja concretização depende de providências situadas fora ou além do texto constitucional.
	Há quem utilize o mesmo critério para chegar à seguinte classificação:
· Normas auto-executáveis: as disposições constitucionais bastantes em si, completas e suficientemente precisas na sua hipótese de incidência e na sua disposição.
· Normas não auto-aplicáveis: são as disposições constitucionais incompletas ou insuficientes, para cuja execução se faz indispensável a mediação do legislador, editando normas infraconstitucionais regulamentadoras.
	Gilmar Mendes destaca que não há um critério objetivo que permita identificar, com segurança, quais dispositivos constitucionais reputam-se auto-aplicáveis e quais dependem de regulamentação.
	Jorge Miranda, por sua vez, discorda dessa classificação, pois as chamadas normas não auto-aplicáveis, muitas vezes confundidas com as normas programáticas.
Quanto à matéria que disciplinam:
	Quanto à matéria que disciplinam, e refletindo a dicotomia Estado/indivíduo, as disposições constitucionais podem ser classificadas em:
· normas de organização, de estrutura ou de competência: que dispõem sobre a ordenação dos poderes do Estado, sua estrutura, competência, articulação recíproca e o estatuto dos seus titulares;
· normas definidoras de direitos: as que definem os direitos fundamentais dos indivíduos.
Quanto à estrutura normativa:
	A distinção baseadana estrutura normativo-material dos preceitos que integram a parte dogmática das constituições, com enormes reflexos nas suas interpretações e aplicação. Refere-se à distinção entre princípios e regras.
	As principais teorias sobre o tema, utilizadas no Brasil, são de Alexy e de Dworkin.
	Em 1967 Ronald Dworkin publicou o artigo Modelo de Regras I. Para o autor, a diferença entre princípios jurídicos e regras jurídicas é de natureza lógica. 
· Regras são aplicadas de maneira tudo-ou-nada.
· Princípios são padrões que apontam para decisões particulares sobre uma obrigação jurídica em circunstâncias específicas, mas distinguem-se em relação à natureza da orientação que oferecem.
Princípio é um padrão que deve ser observado, não porque vá promover ou assegurar uma situação econômica, política ou social considerada desejável, mas porque é uma exigência de justiça ou equidade ou alguma outra dimensão da moralidade. (DWORKIN:2010, p. 36)
	Portanto, a ideia básica a se entendida na teoria de Dworkin é a de que o Direito é uma dimensão da moralidade de uma comunidade:
	Para Alexyasregras são comandos definitivos. Sua aplicação se dá por subsunção. Já os princípiossão comandos de otimização. Eles podem ser cumpridos em diferentes graus. Devem ser realizados na maior medida possível.
Os comandos de otimização, enquanto comandos de otimizar, expressam um dever ser definitivo e, nesse sentido, real. Os princípios, enquanto comandos a serem otimizados, contêm, ao contrário, somente um dever ser ideal ou prima facie. (ALEXY: 2014, p. 245)
	Colisão de princípios
	Dworkin
	Alexy
	Havendo um conflito (um hard case), o juiz deve avaliar o conjunto de padrões morais que levariam a uma decisão correta.
	Havendo um conflito entre princípios, é necessária a aplicar a chamada lei da ponderação ou princípio da proporcionalidade, para resolução do problema.
	
	Princípio da proporcionalidade:
· Adequação.
· Necessidade
· Proporcionalidade em sentido estrito.
Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais
	Pedro Lenza explica que todas as normas constitucionais apresentam eficácia, algumas jurídica e social e outras apenas jurídica:
· Eficácia social: se verifica na hipótese da norma vigente, isto é, com potencialidade para regular determinadas relações, ser efetivamente aplicada a casos concretos;
· Eficácia jurídica: significa que a norma está apta a produzir efeitos na ocorrência de relações concretas, mas já produz efeitos jurídicos na medida em que a sua simples edição resulta na revogação de todas as normas anteriores que com ela conflitam;
	Segundo a tradicional classificação dada por José Afonso da Silva, em relação à sua aplicabilidade as normas podem ser de eficácia plena, contida e limitada.
· Normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e integral: são aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o legislador constituinte, direta e normativamente, quis regular (ex: os remédios constitucionais).
	Para Pedro Lenza as normas de eficácia plena são aquelas que, no momento em que entraram em vigor, estão aptas a produção deefeitos, independentemente da norma integrativa infraconstitucional. 
	Aproximam-se do que a doutrina norte-americana chamou de normas auto-aplicáveis (self-executing, self-enforcing ou self-acting).
· Normas de eficácia contida ou prospectiva: têm aplicabilidade direita e imediata, mas possivelmente não integral.São aquelas em que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do poder público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciados 
	A norma de eficácia contida é aquela cuja eficácia poderá ser condita por outra norma posterior.
	A restrição de referidas normas constitucionais pode-se concretizar não só através de lei infraconstitucional, mas também, em outras situações, pela incidência de normas da própria Constituição, desde que ocorram certos pressupostos de fato, como por exemplo, a decretação do estado de defesa ou de sítio, limitando diversos direitos.
	Enquanto não materializado o fator de restrição, a norma tem eficácia plena.
	OBS.: Michel Temer sugere outra nomenclatura para as normas de eficácia contida, sendo elas normas constitucionais de eficácia redutível ou restringível, apesar de sua aplicabilidade plena. 
	Segundo o autor as referidas normas são aquelas que têm aplicabilidade imediata, integral, plena, mas que podem ter reduzido seu alcance pela atividade do legislador infraconstitucional.
· Normas constitucionais de eficácia limitada:São aquelas que apresentam aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre esses interesses, após um a normatividade ulterior que lhes desenvolva aplicabilidade (ex.: CF, art. 37, VII: o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica).
	No momento em que a Constituição é promulgada, não têm o condão de produzir todosos seus efeitos, precisando de uma lei integrativa infraconstitucional.Por isso têm aplicabilidade mediata, e reduzida, ou segundo alguns autores, aplicabilidade diferida.
	IMPORTANTE:
	José Afonso da Silva explica que as normas constitucionais de eficácia limitada produzem efeitos mínimos, ou ao menos o efeito de vincular o legislador infraconstitucional aos seus vetores. Segundo o autor essas normas têm, ao menos, eficácia jurídica imediata, direta e vinculante já que:
· Estabelecem um dever para o legislador ordinário;
· Condicionam a legislação futura, com a conseqüência de serem inconstitucionais as leis ou atos que as ferirem;
· Informam a concepção do Estado e da sociedade e inspiram sua ordenação jurídica mediante a atribuição de fins sociais, proteção dos valores da justiça social e revelação dos componentes do bem comum;
· Constituem sentido teleológico para a interpretação, integração e aplicação das normas jurídicas;
· Condicionam a atividade discricionária da Administração e do Judiciário;
· Criam situações jurídicas subjetivas, de vantagens ou desvantagens. Todas elas possuem eficácia ab-rogativa da legislação precedente incompatível e criam situações subjetivas simples e de interesse legítimo, bem como direito subjetivo negativo. Todas elas, enfim, geram situações subjetivas de vínculo.
	As normas de eficácia limitada são divididas em dois grandes grupos: 
· normas de princípios institutivos (ou organizativos): contêm esquemas gerais (iniciais) de estruturação de instituições, órgãos, ou entidades. 
· normas de princípio programático: veiculam programas a serem implementados pelo Estado, visando a realização de fins sociais.
	JURISPRUDÊNCIA
1. A EC 45/04 outorgou expressamente autonomia funcional e administrativa às defensorias públicas estaduais, além da iniciativa para a propositura de seus orçamentos (art. 134, § 2º): donde, ser inconstitucional a norma local que estabelece a vinculação da Defensoria Pública a Secretaria de Estado. 
2. A norma de autonomia inscrita no art. 134, § 2º, da Constituição Federal pela EC 45/04 é de eficácia plena e aplicabilidade imediata, dado ser a Defensoria Pública um instrumento de efetivação dos direitos humanos. (ADI 3569, Rel. Sepúlveda Pertence, j. 02.04.07, DJ, 11.05.07)
O art. 5º, XIII, da Constituição da República é norma de aplicação imediata e eficácia contida que pode ser restringida pela legislação infraconstitucional. Inexistindo lei regulamentando o exercício da atividade profissional dos substituídos, é livre o seu exercício.(MI 6.113 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 22-5-2014, P, DJE de 13-6-2014.)
Cargos em comissão a serem preenchidos por servidores efetivos. A norma inscrita no artigo 37, V, da Carta da República é de eficácia contida, pendente de regulamentação por lei ordinária. (RMS 24.287, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 26-11-02, DJ de 1º-8-03)
Norma constitucional de eficácia limitada, porque dependente de complementação infraconstitucional, tem, não obstante, em linha de princípio e sempre que possível, a imediata eficácia negativa de revogar as regras preexistentes que sejam contrárias. (...) É imediata, contudo, a eficácia negativa da nova regra constitucional, de modo a impedir - de logo e até que advenha a lei complementar - a instauração e a conclusão de processos de emancipação em curso. Dessa eficácia imediata só se subtraem os processos já concluídos, com a lei de criação de novo município. (ADI-MC 2381, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 14-12-01.)
Estrangeiro. Acesso ao serviço público. Artigo 37, I, da CF/88. O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de que o artigo 37, I, da Constituição do Brasil [redação após a EC 19/98], consubstancia, relativamente ao acesso aos cargos públicos por estrangeiros, preceito constitucional dotado de eficácia limitada, dependendo de regulamentação para produzir efeitos, sendo assim, não auto-aplicável. (RE 544.655-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 9-9-08, DJE de 10-10-08)
Classificação quanto a intangibilidade e a produção de efeitos concretos de Maria Helena Diniz:
	Maria Helena Diniz classifica as normas constitucionais, considerando sua intangibilidade e a produção de efeitos concretos como:
· Normas com eficácia absoluta: também denominada normas supereficazes. São normas intangíveis, não havendo contra elas nem mesmo o poder de emenda. Elas têm uma força paralisante total atingindo qualquer legislação em sentido contrário, vedando até mesmo o processo de reforma constitucional. Dirley da Cunha Júnior (2018, p. 155) explica que tais normas compõem o núcleo irredutível e imutável da Constituição, correspondendo às cláusulas pétreas.
· Normas de eficácia plena: são aquelas que surtem seus efeitos com a sua produção, independentemente de regulamentação infraconstitucional, mas podem ser objeto de reforma constitucional.
· Normas com eficácia relativa restringível: são as normas que têm eficácia plena e aplicam-se imediatamente, independentemente de interposição legislativa. Contudo, seus efeitos estão suscetíveis de restrição infraconstitucional.
· Normas com eficácia relativa complementável ou dependentes de complementação: são normas que carecem de interpositio legislatoris para a produção de efeitos completa. Elas nascem com eficácia paralisante das normas com elas incompatíveis, bem como impedem a produção de conduta contrária ao que dispõem.
	QUESTÕES DE PROVA
1. Assinale V para verdadeiro e F para falso, nas assertivas abaixo:
( ) 1. A Magna Charta Litertatum, de 1215 é considerada a primeira Constituição escrita.
( ) 2. A ideia de um Estado com obrigações positivas, como a prestação de serviços públicos e a intervenção na economia é própria de um modelo de Estado Constitucional Liberal.
( ) 3. Constituições variadas podem ser comparadas com as constituições escritas.
( ) 4. A doutrina pode ser considerada uma fonte normativa do Direito Constitucional, diante de sua influência aos operadores do Direito. 
( ) 5. Os atos das disposições constitucionais transitórias não têm numeração distinta dasnormas do corpo permanente da Constituição de 1988.
2. Assinale a alternativa incorreta:
a. A distinção entre direito público e privado é atual e não se mostra problemática, ainda que ramos do direito público influenciem os ramos do direito privado.
b. A distinção entre direito público e direito privado é meramente didática, tendo em vista a unicidade do Direito.
c. O Direito Constitucional é ramo do direito público que diz respeito à organização e ao funcionamento do Estado, bem como à articulação dos elementos primários do mesmo e ao estabelecimento das bases da estrutura política.
d. No Estado Constitucional Liberal há prevalência das liberdades jurídicas individuais.
e. Para Ferdinand Lassale a Constituição real é a soma dos fatores reais de poder.
3. Assinale a opção correta, analisando as afirmações abaixo e a correlação entre elas:
I. Para Hans Kelsen é considerada norma pura, puro dever-ser.
PORQUE
II. Segundo Hans Kelsen a Constituição abarca as normas fundamentais de um Estado e os valores de uma sociedade a serem observados por todos. 
a. Apenas a afirmação I está correta.
b. Ambas as afirmações estão incorretas.
c. Apenas a afirmação II está correta.
d. Ambas as afirmações estão corretas, mas a II não justifica a I.
e. Ambas as afirmações estão corretas e a II justifica a I.
4. Assinale V para verdadeiro e F para falso, nas assertivas abaixo:
( ) 1. Direito Constitucional é uma teoria que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade.
( ) 2. Para Hans Kelsen a Constituição, do ponto de vista jurídico-positivo é a norma positivada suprema de um Estado.
( ) 3. As constituições volumosas são aquelas que trazem em seu corpo apenas normas materialmente constitucionais.
( ) 4. Elementos limitativos de uma Constituição são as normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder.
( ) 5. Uma das funções dos atos das disposições constitucionais transitórias é evitar o colapso entre ordenamentos jurídicos no tempo, buscando a recepção de normas do ordenamento anterior ao atual.
5. Assinale a opção correta, analisando as afirmações abaixo e a correlação entre elas:
I. Para Carl Schmitt, em uma Constituição, coexistem normas constitucionais e leis constitucionais.
PORQUE
II. Segundo Carl Schmitt será constitucional apenas a norma que defina e trate das regras estruturais da sociedade e seus alicerces fundamentais.
a. Apenas a afirmação I está correta.
b. Ambas as afirmações estão incorretas.
c. Apenas a afirmação II está correta.
d. Ambas as afirmações estão corretas, mas a II não justifica a I.
e. Ambas as afirmações estão corretas e a II justifica a I.
6. Considerando as classificações das constituições, assinale a alternativa incorreta;
a. Constituições outorgadas são aquelas impostas de maneira unilateral ao povo, por um agente revolucionário sem legitimidade popular.
b. A Constituição Federal de 1988 é uma constituição popular.
c. Uma constituição não escrita é uma constituição oral.
d. Uma constituição ampla trata de todos os assuntos tidos por fundamentais pelos representantes do povo de um Estado.
e. Constituições silenciosas são aquelas que somente podem ser alteradas por um poder de competência igual àquele que a criou.
7. Assinale V para verdadeiro e F para falso, nas assertivas abaixo:
( ) 1. Constitucionalismo não pode ser considerado um movimento político-social com o fim de limitação do poder arbitrário do Estado.
( ) 2. Constituições fixas trazem proibição expressa de alteração de seu texto.
( ) 3. Um ato normativo produzido sob a égide de uma constituição deve respeitar os requisitos formais de sua produção, e não necessariamente haver uma compatibilidade material com os ditames constitucionais.
( ) 4. Para Hans Kelsen o preâmbulo nada mais é do que uma introdução solene, que mesmo expressando ideias políticas, morais e religiosas, pertence ao âmbito jurídico, vinculando o legislador infraconstitucional.
( ) 5. Não é função dos atos das disposições constitucionais transitórias a recepção de normas do ordenamento anterior ao atual.
8. Assinale V para verdadeiro e F para falso, nas assertivas abaixo:
( ) 1. Os forais ou cartas de franquia do direito europeu continental e os pactos do direito inglês continental são considerados documentos embrionários das constituições escritas, haja vista terem por objeto a limitação dos poderes do Estado.
( ) 2. A ideia de um Estado com obrigações positivas, como a prestação de serviços públicos e a intervenção na economia é própria de um modelo de Estado Constitucional Social.
( ) 3. Constituições imutáveis trazem proibição expressa de alteração de seu texto.
( ) 4. Elementos limitativos de uma Constituição são as normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder.
( ) 5. Não é função dos atos das disposições constitucionais transitórias a recepção de normas do ordenamento anterior ao atual.
9. Considerando a leitura do dispositivo abaixo dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias, assinale a alternativa correta:
Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
a. O art. 68 do ADCT é uma norma dotada de duração temporária expressa, não necessitando de complementação infraconstitucional, por conter em seu corpo condição resolutiva.
b. A norma citada é uma norma de recepção, considerando que traz ao novo ordenamento jurídico uma norma do ordenamento passado.
c. Trata-se de uma norma com prazo constitucional ultrapassado haja vista o descumprimento de prazo estabelecido pelo Constituinte para a emissão dos títulos de terra.
d. O art. 68 do ADCT é uma norma instituidora de direitos.
10. Assinale a opção correta, analisando as afirmações abaixo e a correlação entre elas:
I. A Constituição-dirigente é aquela que estabelece um plano de direção da evolução política do Estado.
PORQUE
II. Ao contrário da constituição-balanço que refletiria o presente, a Constituição dirigente visa a garantia de liberdade, limitando o poder estatal.
a. Apenas a afirmação I está correta.
b. Ambas as afirmações estão incorretas.
c. Apenas a afirmação II está correta.
d. Ambas as afirmações estão corretas, mas a II não justifica a I.
e. Ambas as afirmações estão corretas e a II justifica a I.
11. Assinale V para verdadeiro e F para falso, nas assertivas abaixo:
( ) 1. A invocação da proteção de Deus, constante do preâmbulo da Constituição de 1988, é norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, pois tem força normativa.
( ) 2. As normas dos Atos das Disposições Constitucionais transitórias não têm numeração distinta das presentes no corpo permanente da Constituição de 1988.
( ) 3. As normas exauridas do ADCT são aquelas que seus efeitos não desaparecem, ainda que tenham sido realizadas as condições nelas previstas.
( ) 4. As normas do corpo permanente da Constituição são compostas por condições suspensivas e resolutivas, podendo ter seus efeitos paralisados à medida da realização dessas condições. 
( ) 5. O corpo permanente da Constituição de 1988 é composto por 250 artigos.
12. Assinale a opção correta, analisando as afirmações abaixo e a correlação entre elas:
I.	Para o professor Manoel Gonçalves Ferreira Filho, a Constituição-balanço é aquela que descreve e registra a organização política estabelecida.
PORQUE
II.	Segundo a doutrina soviética, a Constituição registraria um estágio das relações de poder. Quando a URSS alcançasse um novo estágio na marcha para o socialismo, seria adotada uma nova Constituição.
a. Apenas a afirmação I está correta.
b. Ambas as afirmações estão incorretas.
c. Apenas a afirmação II está correta.
d. Ambas as afirmações estão corretas, mas a II não justifica a I.
e. Ambas as afirmações estão corretas e a II justifica a I.
13. Considerando a leitura do dispositivo abaixo dos Atos das Disposições Constitucionais

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