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Questionário - Proficiência Clínica Área: Bioquímica Rodada: Setembro /2012 Página 1 de 3 Tema AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA DA ATIVIDADE MUSCULAR Elaborador Nairo M. Sumita. Professor Assistente Doutor da Disciplina de Patologia Clínica da Faculdade de Medicina USP. Diretor do Serviço de Bioquímica Clínica da Divisão de Laboratório Central – HC – FMUSP. Assessor Médico em Bioquímica Clínica – Fleury Medicina e Saúde. Consultor Científico do Latin American Preanalytical Scientific Committee (LASC) e membro do “specimencare.com” global editorial board. Diretor Científico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial (SBPC/ML). Introdução No corpo humano, o tecido muscular esquelético representa aproximadamente 45% do peso corporal. O músculo esquelético é um órgão especializado na transformação de energia química em energia mecânica. Danos causados ao músculo, induzidos pela atividade física ou por uma doença muscular, podem ser avaliados laboratorialmente através da medida da atividade de algumas enzimas e/ou isoenzimas plasmáticas, e também pela medida das concentrações das proteínas musculares. A medida da atividade das enzimas relacionadas ao tecido muscular esquelético representa um marcador funcional do estado do tecido muscular, e varia amplamente, seja nas condições patológicas ou fisiológicas. Dentre elas, cita-se a medida da atividade da creatina quinase (CK). O nível basal de CK é reflexo da massa muscular total do organismo e da atividade física. Outros marcadores relevantes são: aspartato amino transferase (AST), desidrogenase láctica (DHL), aldolase, mioglobina e as troponinas T e I. A dosagem sanguínea do lactato vem sendo utilizada na avaliação de atletas e em indivíduos praticantes de exercício físico. A dosagem do lactato antes e após exercício físico permite avaliar a capacidade respiratória celular. Questão 1 A creatina quinase (CK) é uma enzima predominantemente muscular sendo composta pela união de duas subunidades do tipo B (cérebro) e M (muscular). As combinações destas subunidades originam as isoenzimas BB, MB e MM. A atividade da enzima CK, habitualmente, encontra-se elevada nas seguintes condições clínicas, exceto: 1. Infarto agudo do miocárdio; 2. Artrose; 3. Miosite; 4. Trauma muscular. Questão 2 Assinale a alternativa correta em relação às isoenzimas de CK e a sua localização preponderante: 1. CK-MM: predominante no músculo esquelético; 2. CK-MB: predominante no músculo cardíaco; 3. CK-BB: encontrada basicamente no cérebro; 4. Macro CK: encontrada exclusivamente no músculo cardíaco. Questão 3 Assinale a alternativa incorreta em relação à aldolase: 1. A enzima aldolase encontra-se presente em células musculares esqueléticas, coração, fígado, cérebro, pulmões, rins, intestino delgado, eritrócitos e plaquetas; 2. A medida da atividade da aldolase sérica é útil no diagnóstico e monitoramento das doenças do tecido músculo esquelético; 3. A aldolase, a semelhança da CK, apresenta queda acentuada após prática de exercício físico; 4. Devida à diferença de massa muscular, os homens tendem a apresentar maior atividade sérica da aldolase em relação às mulheres. Questão 4 Paciente do sexo feminino, 45 anos, assintomática e não praticante de exercício físico. O médico assistente solicitou a medida da atividade da CK e encontrou resultado elevado de 470 U/L (valor de referência: até 167 U/L). O médico considerou o resultado inconsistente e solicitou repetição do exame em nova amostra juntamente com a dosagem de aldolase. Na segunda dosagem o resultado foi de 490 U/L e a medida da atividade da aldolase foi de 3,0 U/L (valor de referência: até 7,6 U/L). Assinale a alternativa correta em relação à interpretação dos resultados: 1. Trata-se de um erro laboratorial. É impossível uma elevação da CK não estar acompanhada por uma elevação concomitante da aldolase; 2. Possível presença de macro CK. Sugere-se pesquisa específica; 3. Trata-se de um quadro típico de infarto agudo do miocárdio; 4. O médico deveria solicitar outros exames complementares visando avaliar doença auto-imune. Questionário - Proficiência Clínica Área: Bioquímica Rodada: Setembro /2012 Página 2 de 3 Questão 5 Assinale a alternativa correta em relação a macro CK: 1. São conhecidos dois tipos de macro CK: tipo 1 e tipo 2. A tipo 1 é um complexo de CK-BB ou CK-MM ligado a IgG ou IgA. A macro CK tipo 2 é um complexo oligomérico de origem mitocondrial; 2. A formação da macro CK decorre de um fenômeno secundário a hemólise da amostra, o qual interfere na dosagem da CK-MB massa; 3. A macro CK está presente somente em pacientes com doença renal crônica; 4. A macro CK é uma molécula que dá origem a troponina a nível de cardiomiócitos. Questão 6 Assinale a alternativa correta em relação à dosagem da CK-MB massa: 1. CK-MB e troponina são sinônimos; 2. Os métodos para dosagem da CK-MB massa sofrem interferência da macro CK e, portanto não devem ser solicitados na suspeita de doença coronariana aguda; 3. Denomina-se CK-MB massa pois refere-se a quantificação direta da enzima CK-MB, ao invés da medida da atividade desta isoenzima; 4. A CK-MB somente pode ser quantificado por métodos eletroforéticos. Questão 7 Assinale a alternativa correta em relação à enzima aspartato amino transferase (AST): 1. A atividade da enzima AST pode estar elevada em processos de acometimento muscular, hemólise, doenças hepatocelulares agudas e crônicas (hepatites, câncer hepático, colestase); 2. Trata-se de um marcador de elevada especificidade no diagnóstico do infarto agudo do miocárdio; 3. A enzima AST é indicada única e exclusivamente para o estudo das doenças hepáticas; 4. No soro com hemólise observa-se diminuição da atividade da AST em função da interferência negativa da hemoglobina. Questão 8 Assinale a alternativa incorreta em relação à medida da atividade da desidrogenase láctica (DHL) na doença muscular: 1. A enzima DHL é composta pela combinação de monômeros, que pode ser do tipo H (miocárdio) ou M (músculo esquelético); 2. A DHL pode se elevar numa fase mais tardia do infarto agudo do miocárdio; 3. A DHL é um marcador de maior sensibilidade e especificidade que a troponina no diagnóstico do infarto agudo do miocárdio; 4. A atividade da enzima DHL pode se elevar em outras condições clínicas, tais como: anemia hemolítica, leucemias, linfomas, entre outros. Questão 9 Assinale a alternativa incorreta em relação à mioglobina: 1. A mioglobina é uma proteína intracelular de baixo peso molecular presente nas células musculares; 2. No infarto agudo do miocárdio pode se elevar 1 a 2 horas após o início da dor; 3. Num paciente com suspeita de infarto agudo do miocárdio (IAM), níveis séricos elevados de mioglobina confirma o diagnóstico de IAM; 4. A mioglobina é eliminada do organismo através da filtração glomerular. Questão 10 Um paciente portador de doença renal crônica procurou o pronto socorro com sintomas sugestivos de infarto agudo do miocárdio. As dosagens de troponina I e CK-MB massa revelaram-se normais, porém a dosagem de mioglobina apresentou-se elevada. Qual a interpretação para a elevação da mioglobina sérica? 1. A elevação da mioglobina confirma o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio; 2. Pacientes com doença renal podem apresentar elevação da mioglobina sérica em razão da incapacidade dos rins em clarear esta proteína do sangue; 3. O rim é o maior órgão produtor de mioglobina; 4. Trata-se de um erro laboratorial. Se os níveis de troponina I e CK-MB encontram-se normais, obrigatoriamente o nível de mioglobina também deveria apresentar nível normal. Questionário - Proficiência Clínica Área: Bioquímica Rodada: Setembro /2012 Página 3 de 3 Questão 11 Um paciente após acidente automobilístico apresentou extensa lesão muscular de membros inferiores e foi internado na unidade de terapia intensiva. O exame de urina revelou presença de hemoglobinúria, porém sem hematúria. Assinale a alternativa correta em relação a justificativa para este achado: 1. Possivelmentedeve-se a presença de mioglobina na urina (mioglobinúria). A presença de mioglobina na urina pode ser confundida com a hemoglobina na análise bioquímica da urina com tira reagente; 2. Possível interferente. Solicitar nova amostra para confirmação do resultado, coletando a urina em frasco estéril para minimizar a interferência. 3. O exame realizado com a tira reagente está errado. Verificar validade e estado de conservação da tira reagente; 4. A hemoglobinúria com ausência de hemácias indica possível quadro de infarto agudo do miocárdio seguido de hemólise intravascular. Questão 12 Assinale a alternativa correta em relação às troponinas cardíacas: 1. Troponinas são enzimas envolvidas no processo de oxidação do LDL-colesterol; 2. As metodologias para dosagem das troponinas, atualmente disponíveis no mercado, carecem de especificidade, pois não são capazes de distinguir entre as troponinas de origem cardíaca dos outros tecidos musculares; 3. As medidas das atividades de AST e DHL são primordiais no diagnóstico do infarto agudo do miocárdio; 4. As formas cardíacas das troponinas T ou I (cTnT ou cTNI) são consideradas marcadores bioquímicos padrões no infarto agudo do miocárdio. Questão 13 Assinale a alternativa que indica o parâmetro laboratorial que detecta precocemente um quadro de infarto agudo do miocárdio: 1. Aspartato amino transferase (AST); 2. Desidrogenase láctica; 3. Troponina ultrassensível; 4. CK-MB massa. Questão 14 Em que condição metabólica ocorre uma elevada produção do lactato? 1. Metabolismo aeróbico; 2. Metabolismo anaeróbico; 3. Síndrome metabólica; 4. Neoglicogênese. Questão 15 Assinale a alternativa incorreta em relação à dosagem do lactato: 1. Trata-se de um marcador do processo de respiração celular, sendo útil no diagnóstico da acidose láctica o qual pode ocorrer na hipóxia tecidual, exercício físico intenso e miopatias severas; 2. Produzido em excesso quando há um suprimento inadequado de oxigênio aos tecidos; 3. A dosagem do lactato antes e após exercício físico permite avaliar a capacidade respiratória celular; 4. A dosagem do lactato não é possível de ser realizado fora do ambiente de uma unidade de terapia intensiva, em razão da instabilidade da amostra à temperatura ambiente. Referências Bibliográficas • ANDRIOLO. A. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da UNIFESP - EPM. 2ª ed. São Paulo: Manole, 2008. • BRUNS, D.E.; ASHWOOD, E.R.; BURTIS, C.A. Tietz Textbook of Clinical Chemistry and Molecular Diagnostics. 4th ed. St. Louis: Elsevier Saunders, 2006.
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