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TEXTO 1 FILOSOFIA

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Curso: Licenciatura em Ciências Biológicas Disciplina: Bases Filosóficas da Educação Professor: Johelder Xavier Tavares
Texto 1: FILOSOFIA: O QUE É? PARA QUE É?
1.1.1 Filosofia: “amor à sabedoria” e a busca do saber
Podemos, numa primeira vista, definir Filosofia como: pensar, questionar a realidade que está ao nosso redor.
Filosofia é um esforço radical por recriar, na idade da razão, as mesmas interrogantes primeiras, primigênias, que a criança formula perante os enigmas da existência. (TRIAS, 1984, p. 17)
Viver sem filosofar é como ter os olhos fechados sem jamais fazer um esforço por abri-los; e o prazer de ver todas as coisas que nossa vista descobre não é comparável à satisfação que dá o conhecimento daquelas que se encontram pela filosofia. (DESCARTES, R. Carta prefácio aos “Princípios”)
Essa atitude de espanto, de impulso para compreender melhor, de perguntar, de questionar fundamentalmente, nos conduz ao exercício de filosofar. Isto é filosofar: perguntar, questionar, não parar diante do evidente e do simplesmente óbvio. Ir além, ir além da aparência fenomênica dos fatos. Ir além com a certeza de encontrar a verdade, a essência das coisas, o ser... A filosofia não teria espaço num mundo onde todas as coisas nos parecessem evidentes, onde nada nos causasse espanto, onde tudo fosse “muito natural”. Provavelmente não sofreríamos a angústia do desconhecido, mas também não sentiríamos o prazer de desbravar. Se o mistério nos assusta, nos amedronta, nos intimida muitas vezes, nos deixa ansiosos justamente pelo desconhecido de que está carregado, é ele também quem nos atrai, nos convida a ir além, nos estimula a descobrir, a desvendar, a conhecer. (RHEIN SHIRATO, 1987, p. 24)
1.1.2 Filosofia: consciência crítica
A Filosofia nos proporciona os seguintes hábitos:
· Desconfiar do óbvio.
· Ter mais consciência das nossas palavras e ações.
· Colocar razões para o que pensamos, dizemos e fazemos.
· Discernir, julgar e avaliar os acontecimentos, as coisas e as idéias.
· Ter pensamento próprio, posições seguras sobre assuntos e acontecimentos.
· Buscar impreterivelmente a verdade.
O homem é, por natureza, curioso. Sente a necessidade de saber. Conhecer, simplesmente, causa-lhe uma satisfação, um prazer natural. Passeia, viaja, para ver; observa, interroga, para saber; informa-se dos homens e das coisas, ouve contar de bom grado História e histórias. Mas não se contenta em consignar os fatos, pede explicações deles. Tem o dom de admirar-se perante o imprevisto e em face do que não se coaduna com suas concepções. Nenhuma palavra lhe é mais familiar que a palavra “por quê?”. O menor acontecimento pode-se-lhe transformar-se num problema. Deve existir, na sua opinião, uma razão para todo ser, todo ato, toda situação, como também para o conjunto do universo. O homem se preocupa com a verdade. “Errar é humano”, bem o sabe. Mas pensa ser possível escapar ao erro. Cumpre proceder com prudência e discrição; não é racional, por exemplo, afirmar temerariamente; não devemos ser crédulos e confiar nas aparências; devemos desconfiar da primeira impressão e evitar deixarmo-nos cegar pelo interesse ou pela paixão. Somos capazes de um exame
consciencioso e de uma apreciação imparcial. O “homo sapiens” sabe dar prova de espírito crítico. (RAEYMAEKER, 1973, p. 16)
Uma primeira resposta à pergunta “O que é a Filosofia?” poderia ser: a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceita-los sem antes havê-los investigado e compreendido.
Perguntaram, certa vez, a um filósofo: “Para que Filosofia?”. E ele respondeu: “Para não darmos nossa aceitação imediata às cosias, sem maiores considerações”.
A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às idéias da experiência cotidiana, ao que “todo mundo diz e pensa”, ao estabelecido.
A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é? Por que é? Como é? Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica.
A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico. (CHAUÍ, 1995, p. 12)
1.1.3 Filosofia: preocupação pelas questões humanas mais fundamentais
Todos nós temos filosofado alguma vez. Fazíamos já desde pequenos. A filosofia não é, no fundo, nada de novo. Começa com algumas perguntas que se apresenta quando o mundo, que nos é familiar e cotidiano, de repente perde seu caráter de evidência e se nos converte em um problema. Normalmente nós vivemos em nosso mundo como em uma casa bem disposta e ordenada que conhecemos sem nenhuma dificuldade. Porém, quando essa familiaridade se nos apresenta problemática, encontramo-nos de improviso com a intempérie... Tudo, então, nos resulta problemático. Mencionemos algumas das perguntas desta índole; perguntas como as que se podem fazer as crianças, porém, que são familiares a cada um, porque cada um já as têm formulado: Por que existem as coisas? Que sentido tem o universo? Por que eu sou eu e não qualquer outro? Que há depois da morte? Sou eu livre e responsável do que faço e tenho que fazer assim? O que é a justiça? Em perguntas desse tipo tem lugar a origem de uma filosofia. (ANZENBACHER, 1984, p. 15-16)
Nasce aí o saber filosófico, dessa “admiração”, desse “assombro”, dessa experiência metafísica que engloba as demais. A “surpresa do ser” é que põe para toda e qualquer pessoa, um dia ou outro, perguntas como: Quem somos nós? De onde viemos? Para onde vamos? Que é tudo isso que nos cerca no mundo? Qual o meu lugar no universo? O que me distingue de tudo o mais, se há tanta coisa que me identifica com os outros seres? A existência humana é absurda ou tem sentido? Por que vivo? Por que morro? Por que estou aqui e não em outro planeta? Por que viver esta vida que não pedi para viver? Qual o fim desta minha viagem?
Essa necessidade de vasculhar justificativa racional para as coisas e acontecimentos leva o ser humano ao ato de ponderar e pensar ou “pesar” idéias, todas as que lhe brotam na mente, bem aquilo que o verbo “pensar” significava originariamente: “pendurar” algo para lhe tomar o peso real.
Passa-se, dessa maneira, da consciência ingênua para a consciência refletida, sobre o problema fundamental do Ser. É o saber filosófico repontando. É a vontade de ir ao fundo, de perscrutar tudo. Porque filosofar é interrogar sempre. Penosamente. Gratuitamente. Na procura de tudo e do tudo. (VANUCCHI, 2004, p. 27-28)
A Filosofia, assim, ocupa-se das perguntas “de fundo” da humanidade (vida e morte, homem e universo, bem e mal, liberdade, justiça, etc.). Essas questões são essenciais e fundantes e perpassam toda a história do pensamento e da vida humana; na realidade, as questões vitais do ser humano são sempre as mesmas, mas elas se renovam e reaparecem em novas situações. Dessa maneira, podemos afirmar que a Filosofia é sempre a mesma e, ao mesmo tempo, sempre nova.
Não espere da filosofia que resolva sua situação de “incômodo”. O que ela pode fazer é deixar você ainda mais inconformado. Mas ajudará você a perceber que o incômodo não é ruim, ao contrário, é o inconformismo que move o mundo, permite que cada um construa sua vida buscando seus próprios caminhos. (GALLO, 1997, p. 12)
Uma grande filosofia não é aquela que pronuncia juízos definitivos, que coloca uma verdade definitiva, mas aquela que produz uma inquietação, que dá lugar a um “abalo” na consciência. (Charles Péguy)
Em seu pequeno e brilhante livro “Introdução à Filosofia”, Jaspers insiste na idéia de que a essência da filosofia é a procura do saber e não sua posse. Todavia, ela “se trai a si mesma quando degeneraem dogmatismo”, isto é, num saber posto em fórmula, definitivo, completo. Fazer filosofia é estar a caminho; as perguntas em filosofia são mais essenciais que as respostas e cada resposta transforma-se numa nova pergunta (por exemplo: o que distingue o homem dos animais? Resposta: a alma espiritual. Nova pergunta: e o que é a alma?). Há, então, na pesquisa filosófica uma humildade autêntica que se opõe ao orgulhoso dogmatismo do fanático: o fanático está certo de possuir a verdade. Assim sendo,ele não tem mais necessidade de pesquisar e sucumbe à tentação de impor sua verdade a outrem. Acreditando estar com a verdade, ele não tem mais o cuidado de se tornar verdadeiro; a verdade é seu bem, sua propriedade, enquanto para o filósofo é uma exigência. No caso do fanático, a busca da verdade degradou-se na ilusão da posse de uma certeza. Ele se acredita o proprietário da certeza, ao passo que o filósofo esforça-se por ser peregrino da verdade. A humildade filosófica consiste em dizer que a verdade não pertence mais a mim que a ti, mas que ela está diante de nós. A consciência filosófica (...) é uma consciência inquieta, insatisfeita com o que possui, mas à procura de uma verdade para a qual se sente talhada. (HUISMAN, 1983, p. 24)
A Filosofia, assim, é antes esclarecimento e tomada de consciência das questões fundamentais da humanidade do que um depósito de respostas e soluções definidas. É ela, a Filosofia, a busca incessante da verdade, que sempre se renova.
1.1.4 Filosofia: busca dos sentidos e valores
Julgar se a vida vale ou não a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia. (Albert Camus)
Todo esforço da consciência filosófica na busca do sentido das coisas tem, na verdade, a finalidade de compreender de maneira integrada o próprio sentido da existência do homem. Temos, então, de fato, uma nova pragmaticidade: o homem não consegue viver e existir apenas como um fato bruto; ele sente a necessidade inevitável de compreender sua própria existência. Portanto, o esforço despendido pela consciência no seu refletir filosófica não é só mero diletantismo intelectual, nem puro desvario ideológico... É antes a busca insistente do significado mais profundo da sua existência, sem dúvida alguma para torná-la mais adequada a si mesmo. (SEVERINO, 1992, p. 24-25)
A filosofia tem por objeto de reflexão os sentidos, os significados e os valores que dimensionam a norteiam a vida e a prática histórica humana. Nenhum indivíduo, nenhum povo, nenhum momento histórico vive e sobrevive sem um conjunto de valores que significam a sua forma de existência e sua ação. Não há como viver sem se perguntar pelo seu sentido; assim como não há como praticar qualquer ação sem que se tenha que perguntar pelo seu sentido próprio, pela sua finalidade. É claro que alguém poderá viver pelo senso comum, entranhado em seu inconsciente, sem se perguntar conscientemente pelo seu efetivo significado. Já falamos nisso, porém essa não é uma conduta filosófica, como já temos reiterado anteriormente. A filosofia e o exercício de filosofar implicam uma pergunta explícita e consciente pelo sentido e significado das coisas, da vida e da prática humana. (LUCKESI & SILVA, 1995, p. 87)
Em sua vida, o homem é aquele que é capaz de interpretar as coisas e acontecimentos e dar-lhes sentido; e todo sentido dado torna-se, necessariamente, um valor para o homem, os quais servem de orientação e direcionamento para a existência. Dessa maneira, constata-se
que a filosofia possui uma importância não somente teórica, mas também prática, visto ser ela geradora de sentido e valores, tanto para as pessoas como para as sociedades.
A partir disso, constatamos que a filosofia nasce da vida real e sempre a ela se refere.
O estudo da filosofia é mais necessário para regular nossos costumes e nos conduzir na vida que o uso de nossos olhos para guiar nossos passos. (René Descartes)
O objetivo imediato e urgente da filosofia é precisamente traduzir os resultados da ciência em vida espiritual, em verdade para mim, que realize a idéia que tenho de mim e da minha existência no mundo e assim justifique minha vida agora e em toda hora. (Sören Kierkegaard)
1.1.5 Filosofia: o mundo precisa dela?
Mas como se põe o mundo em relação com a filosofia? Há cátedras de filosofia nas universidades. Atualmente, representam uma posição embaraçosa. Por força de tradição, a filosofia é polidamente respeitada, mas, no fundo, objeto de desprezo. A opinião corrente é a de que a filosofia nada tem a dizer e carece de qualquer utilidade prática. É nomeada em público, mas – existirá realmente? Sua existência se prova, quando menos, pelas medidas de defesa a que dá lugar.
A oposição se traduz em fórmulas como: a filosofia é demasiado complexa; não a compreendo; está além de meu alcance; não tenho vocação para ela; e, portanto, não me diz respeito. Ora, isso equivale a dizer: é inútil o interesse pelas questões fundamentais da vida; cabe abster-se de pensar no plano geral para mergulhar, através do trabalho consciencioso, num capítulo qualquer de atividade prática ou intelectual; quanto ao resto, bastará ter “opiniões” e contentar- se com elas.
A polêmica torna-se encarniçada. Um instinto vital, ignorado de si mesmo, odeia a filosofia. Ela é perigosa. Se eu a compreendesse, teria de alterar minha vida. Adquiriria outro estado de espírito, veria as coisas a uma claridade insólita, teria de rever meus juízos. Melhor é não pensar filosoficamente.
Muitos políticos vêem facilitado seu nefasto trabalho pela ausência da filosofia. Massas e funcionários são mais fáceis de manipular quando não pensam, mas tão somente usam de uma inteligência de rebanho. É preciso impedir que os homens se tornem sensatos. Mais vale, portanto, que a filosofia seja vista como algo entediante. Oxalá desaparecessem as cátedras de filosofia. Quanto mais vaidades se ensinem, menos estarão os homens arriscados a se deixar pela luz da filosofia.
Assim, a filosofia se vê rodeada de inimigos, a maioria dos quais não tem consciência dessa condição. A auto-complacência burguesa, os convencionalismos, o hábito de considerar o bem- estar material como razão suficiente para a vida, o hábito de só apreciar a ciência em função de sua utilidade técnica, o ilimitado desejo de poder, a binomia dos políticos, o fanatismo das ideologias, a aspiração a um nome literário – tudo isso proclama a anti-filosofia. E os homens não percebem porque não se dão conta do que estão fazendo. E permanecem inconscientes de que a anti-filosofia é uma filosofia, embora pervertida, que se aprofundada, engendraria sua própria aniquilação. (JASPERS, 1965, p. 138)
Redija um texto tendo como parâmetro o texto de Jaspers e as questões abaixo:
· A filosofia é sempre amada?
· Quais são as razões que se colocam contra a filosofia?
· Por que o autor considera a filosofia “perigosa” para os indivíduos?
· Quem são os principais inimigos da filosofia? Por que motivo?
· Em que consiste a anti-filosofia?
Bibliografia Básica:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 2002.
ECO, Umberto & BONAZZI, Marisa. Mentiras que parecem verdades. São Paulo: Summus, 1980.
GILES, Thomas Ranson. Filosofia da Educação. São Paulo: EPU, 1985.

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