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RESENHA CONSTITUCIONAL 1

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FACULDADE DE TECNOLOGIA DE TERESINA-CET
 ALUNA: RENATA GOMES COSTA LIMA (DP12)
RESENHA DO CONTEÚDO: O PROCESSO CONSTITUINTE BRASILEIRO, A TRANSIÇÃO E O PODER CONSTITUINTE.
A idéia de supremacia da constituição decorre de sua origem, alicerçada no poder instituidor de todos os outros poderes, que constitui os demais; daí sua denominação poder constituinte. Em uma outra visão podemos dizer que o poder constituinte pode ser estudado em uma dupla dimensão: originário e reformadora. Trata-se do poder que constitui, que faz e que elabora normas constitucionais. As origens da doutrina do poder constituinte remontam à Idade Moderna. A partir do século XVI e XVIII, surgiram as doutrinas do contrato social, que vieram influenciar a própria noção de Estado, a necessidade da adoção das constituições escritas e o poder envolvendo na elaboração destas constituições.
As normas produzidas pelo poder constituinte compõem um texto normativo, localizado em posição de superioridade, em relação as demais normas de ordenamento jurídico de um país. A doutrina brasileira entende o constitucionalismo como o movimento humano inclinado à limitação dos poderes estatais exercidos sobre a sociedade, bem como, a garantia da participação de todos na gestão da coisa pública e mantença do Estado Democrático de Direito. A limitação estatal pugnada ocorreu mediante o decurso do tempo e da ambição latente das sociedades em certos momentos da história, a exemplo da insurreição francesa e da revolução industrial. Os europeus estavam cansados do absolutismo e de um Estado Interventor, estampado na figura do Rei que se inseria a todo instante no âmbito dos direitos individuais dos cidadãos. Neste contexto surgiu um pequeno segmento da sociedade, chamados de burgueses, que ao final do feudalismo, empreenderam uma luta democrática em desfavor do Estado e dos nobres, com a finalidade de libertar o povo do modelo estatal vigente, originando ali, os direitos e garantias individuais de primeira dimensão ou geração, com fulcro de limitar a atuação do Estado. Assegurada à liberdade individual, a classe burguesa insurgiu-se ao poder na forma do capital. Desta feita, não obstante todos serem estimados como iguais, nem todos conseguiram exercer a liberdade de forma plena, vez que houve uma concentração do poder, antes soberano do Estado, a burguesia, que começou a explorar demasiadamente os seus interesses econômicos, abusando dos proletariados, classe trabalhadora que ser formou as margens da industrialização.Com o passar dos anos, aumentaram os trabalhadores e suas mazelas, havendo novas cobranças sociais com intuito de atenuar as diferenças sociais originadas com à ascensão da classe burguesa ao poder, no sentido de obrigar o Estado atuar positivamente, intervindo no meio social para minimizar as desigualdades veementes da época, fato este que concebeu os direitos e garantias de segunda dimensão, chamados também de Direitos Sociais.
Ressalte-se que é possível encontrar em todo o período da modernidade, a Constituição como dispositivo jurídico, regulador da estrutura do Poder Público e dos direitos e garantias da sociedade, tendo como função também ser a linha de interseção do povo para com o Estado. Pacificamente, a doutrina admite duas espécies de poder constituinte denominados de originário e reformador. O poder constituinte originário é o poder de elaborar uma carta constitucional, já o poder reformador é utilizado para alterar formalmente uma Constituição existente. Essas duas formas de poder constituintes serão melhores ponderadas adiante. Somadas a essas duas formas tradicionais de poder constituinte, doutrinas contemporâneas acolhem a existência de mais duas espécies de poder constituinte, quais sejam: o poder difuso e o poder constituinte supranacional.
O Poder constituinte difuso é manifestado mediante as chamadas mutações constitucionais, que podem ser concebidas como mudanças interpretativas no texto da Constituição, sem que haja uma alteração em sua estrutura formal. A norma expressa conservar-se com a mesma escrita, alterando apenas a sua acepção interpretativa, onde é adotada uma nova interpretação ao texto constitucional. O poder constituinte supranacional basea-se na ideia de cidadania universal, na qual há uma maior relativização no princípio da soberania estatal, onde as Constituições assentem ao direito comunitário, tornando-se Textos Constitucionais supranacionais, globalizando o direito constitucional e acolhendo em especial, a influência do Direito Internacional dos Direitos Humanos.
Poder Constituinte Originário
Como poder instituidor do Estado pressupõe-se sua anterioridade, sendo considerado poder constituinte originário, por tudo ele decorre. A doutrina elege como características principais deste poder originário, como pequenas variações entre os autores, a inicialidade, a incondicionalidade e a limitação. O objeto de nosso interesse repousa na terceira característica: a limitação. A doutrina não se pacifica em torno da ilimitação do poder constituinte originário. A idéia desta ilimitação, que passa pela questão da natureza do poder constituinte, é compartilhada pelos juristas de formação positivista; para os jusnaturalistas, que não aceitam a idéia de ilimitação, estas características se traduziriam na autonomia e não na ilimitação.
De acordo com a primeira tese o poder constituinte é um poder de fato. Encontra-se vinculado à realidade concreta da vida social em determinação espaço territorial. Sob este enfoque, dizer que é um poder de fato equivale a dizer que um poder político. Assim sendo, se não há Estado, não há Direito, não sofrendo poder constituinte derivado qualquer limitação de direito. O poder constituinte originário é compreendido também como um poder de direito tendo por fundamento o Direito Natural, que é anterior e superior ao Direito de Estado, fundado no poder natural do homem de organizar a vida social; estaria, então, limitado este poder originário não pelo Direito positivo, mas sim pelo Direito natural. Esta espécie de poder se traduz incessantemente como um atributo de força, legitimação com competência de garantir, criar ou destruir uma constituição de um determinado Estado, alterando a sua estrutura e informando novos valores a nação.
Como dito a idealização da teoria do Poder Constituinte surge na Insurreição Francesa de 1789 a partir da obra “o panfleto "Qu’est-ce que le tiers état?", significando em português “O que é o terceiro Estado”, do abade Emmanuel Joseph Sieyès. Este autor utiliza-se de fundamentos da doutrina do contrato social, vislumbrando a existência de um poder inerente à nação, preponderante aos poderes ordinariamente compostos e por eles inalteráveis: o Poder Constituinte. O objetivo era a legitimação e a ascensão do Terceiro Estado ao poder político, esta obra delineou as linhas mestras da Teoria do Poder Constituinte, relevante tema de estudo do Direito Constitucional.
Poder Constituinte Derivado
Ao contrário da limitação ou ilimitação do poder constituinte originário, as limitações do poder constituinte reformador ou revisor, como a doutrina chama o poder derivado, são maciçamente aceitas pelos pensadores constitucionais. Este poder seria derivado do poder constituinte originário, sendo usado nas alterações do texto constitucional ou sua reforma. Suas principais características são a limitação material de seu exercício e a condicionalidade destes limites impostos; se não houvesse limites, não haveria diferença entre o poder revisor e o poder constituinte.
Como fonte limitadora deste poder reformador, Estado brasileiro assumidamente reconhece os direitos fundamentais e seus instrumentos de garantia, como o Status das “cláusulas Pétreas”, como forma de impedir que uma revisão, ou mesmo uma alteração, através de emenda constitucional, suprima um direito eleito pelo constituinte como essencial à existência daquela sociedade. O que se quer vedar ao revisor da constituição é a alteração da substância e não a redação dos dispositivos referentesaos direitos fundamentais.vPor fim o poder reformador é um poder de Direito. Tem, portanto, naturezas jurídicas, estando submetido às regras estabelecidas pela Constituição Federal.
 Princípios Fundamentais como Limitadores do Poder Constituinte
Continuado nesta questão, não estaria o poder constituinte originário limitado pelo próprio homem? Não é difícil estender este raciocínio de limite do poder constituinte derivado, ou poder reformador, também ao poder constituinte originário, em face aos direitos fundamentais. A diferença é que o poder reformador, expresso na constituição, possui uma limitação também expressa. Ao poder originário, que não possui previsão constitucional expressa, a limitação estaria implícita e não explícita. Entretanto considera que os direitos têm um caráter supra-estatal, cujo respeito é obrigatório até para um poder de maior hierarquia do que o reformador, qual seja o poder constituinte.
Em suma, a reforma constitucional pode ampliar, como também o pode a própria lei ordinária, os direitos fundamentais, mas nunca restringi-los e muito menos aboli-los. Igualmente, parece razoável a idéia de que o poder constituinte originário estaria preso a determinados princípios mundialmente aceito pela humanidade, ressalvadas algumas sociedades, de superioridade dos direitos frente aos Estados. O poder originário, no momento da criação estatal, estaria regrado pelos direitos fundamentais do ser humano, com a obrigatoriedade de prever quais seriam estes direitos e os instrumentos de sua proteção. Como pode capaz de criar o Estado se ilimitado fosse, nada o impediria de fazê-lo de forma que o mesmo não reconhecesse e respeitasse os direitos fundamentais internacionalmente difusos pela Assembléia Geral da ONU em 1948. A titularidade do poder constituinte é largamente aceita como sendo do povo, já que esse é quem legitima seu próprio governo, não obstante a incerteza do conceito doutrinário de povo. Esta titularidade é, em razão do principio da inalienabilidade da soberania popular, irrenunciável. Logo o titular do poder constituinte é maior e mais importante que qualquer noção e conceito de Estado. Assim o homem é à base de toda sociedade e do próprio Estado, que não teria existência apartada na existência humana, como entidade autônoma da raça humana. Reconhecer-se a personalidade jurídica do Estado, não o libera da idéia de que ele é constituído por pessoas, e que este não estaria, apesar de sua soberania, acima de um dos reais elementos que o compõe.
A Transição e o Poder Constituinte
Na década de 1980, os movimentos políticos brasileiros lutavam pela transição democrática no país, uma transição que se iniciou em 1985 com a queda do antigo regime militar e a caminhada para a redemocratização tem como marco principal a Constituição Cidadã de 1988. Entretanto, como muito bem adverte o professor Paulo Bonavides, após a primeira transição ocorrida em 1985 e consolidada em 1988 (transição política), há que se falar de uma transição constitucional, que sobrevém a transição política e que visa concretizar a Constituição de 1988.
Nesse sentido, a constituição de 1988 inicia o processo de transição constitucional, que sob o ponto de vista sociológico ainda está em evidência no momento em que vivemos. Esse processo é um processo lento, pois abarca uma sinergia sócio-político-institucional para a sua concretização/efetividade. Assim, a transição constitucional influencia diversas dimensões da vida humana, desde a dimensão cultural com a criação e consolidação de uma cultura democrática, até a dimensão política que tem por papel principal a formulação de políticas públicas que garantam o acesso aos bens jurídicos tutelados no texto constitucional, e que contribuam para o respeito ao texto constitucional. A constituição de 1988 é um marco para a democracia brasileira, contudo, esse documento não é perfeito, e necessita de modificações e temas pontuais, como a extrema timidez no que tange a questão federativa tocante às Regiões, o retrocesso na questão agrária, e a não-instituição de uma Corte Constitucional. Dessa forma, a transição constitucional também deve cuidar dos processos de mudança constitucional, de modo a discutir com a sociedade suas eventuais alterações.
A transição constitucional é um processo lento e complexo, pois influencia em todos os setores da sociedade brasileira. Entretanto, é um processo mais que devido e necessário, é a garantia do Estado Democrático de Direito, em toda sua plenitude. É através da participação social e política que poderá se concretizar a constituição, de modo que essa seja levada a sério, e não seja só um papel de promessas não cumpridas. Os direitos fundamentais do ser humano superam a idéia de serem outorgados pelo Estado, dependente de sua criação pelo ente estatal. O pensamento jurídico deve desenvolver fórmulas de proteção eficazes a estes direitos. A ilimitação do poder Constituinte, como poder criador do Estado atentaria contra esses mesmos direitos fundamentais. Desta forma a idéia de ilimitação do poder constituinte originário encontra obstáculos no próprio titular deste poder, o ser humano. O poder constituinte, através do seu ou dos seus agentes, não esta autorizado a violar a existência e o reconhecimento dos direitos fundamentais, não os prevendo na constituição do Estado.
O poder constituinte reformador não esboça as mesmas particularidades do Poder constituinte originário, pois um advém do outro, daí se arrebata a sua exordial característica, qual seja, a derivação, já que ele se origina de outro poder que é estabelecido na própria constituição, além de descender, ele é também subordinado ao Poder constituinte que o criou, existindo uma série de limites que podem ser explícitos, quando aparecem no texto constituinte, e implícitos, já que não constam expressamente na constituição.
A doutrina tem o hábito de diferenciar a titularidade do exercício do Poder Constituinte, sendo entendimento majoritário que a primeira é pertencente ao povo, ou seja, os anseios do constituinte é a vontade do povo, que apresenta-se por meio de seus representantes legais. No Brasil, a atribuição para exercício do poder constituinte reformador predito pela Constituição Federal de 1988 compete aos membros do Congresso Nacional, na figura dos deputados federais e senadores devidamente eleitos, que efetuam função legislativa proveniente do Poder legislativo e extraordinariamente idem exercem a função reformadora que advém do poder constituinte derivado.
Maior parte da doutrina afirma que a reforma constitucional é um procedimento técnico de alteração constitucional, sendo ela tida como gênero do qual são espécies a revisão constitucional e a emenda. A emenda constitucional é uma modificação da constituição de um Estado, resultando em mudanças pontuais do texto constitucional, advindos de um processo legislativo rígido previsto na própria Carta Magna. Já a revisão é ampla alteração da redação do texto constitucional, destinando-se ao processo de transformações constitucionais pelos procedimentos e conformação as demarcações estabelecidas na Magna Carta.
O estudo do Poder Constituinte se faz importante para melhor compreendermos a precedência dos ordenamentos jurídicos. Quando fazemos isso, encontramos também os alicerces que os sustentam nos dias de hoje. A energia que motiva a atuação inicial do constituinte não se esgota com a edição do texto constitucional. Como já referimos, tal energia apenas entra em estado de latência, mas não deixa de ser o fundamento mesmo da ordem constitucional. om efeito, chegando um momento histórico onde a vontade social não mais esteja satisfeita com o conteúdo de nossa Lei Maior, podem os indivíduos optarem por uma nova forma de organização, manifestada por um novo documento constitucional, elaborado por força de uma nova manifestação do poder constituinte originário. Neste reside a possibilidade e a liberdade de autodeterminação dos indivíduos, pautada pelos valores sociais correntes em tal momento histórico.
O poder constituinte recebeda nação a incumbência de elaborar o texto que lhe regulará a vida em sociedade. Deste texto constam a organização do Estado e os valores maiores que lhe pautam a atuação. Percebe-se, com este panorama, que a vontade de onde promana o texto constitucional é a vontade da nação em primeiro lugar. É esta também que o sustenta e que lhe dá legitimidade. Tais institutos são essenciais para a correta compreensão do mecanismo democrático em sua essência, eis porque os expusemos aqui.

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