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TEMAS GERAIS DA EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO - PMSJ2 BEM -VINDO ÀS AULAS PREPARATÓRIAS PARA O CONCURSO PÚBLICO 2020: CRONOGRAMA - 7 encontros Conhecimentos gerais sobre Educação Atenção: Embora haja a necessidade de uma organ- ização dos temas para escrever o material didático, cabe ressaltar que durante os encontros todos os te- mas poderão ser abordados simultaneamente. Trabalhar com a preparação de concurso tendo como foco a resolução de questões elaboradas pela banca da FEPESE, requer um abordagem que pro- mova a confluência entre ir e vir dos conteúdos. Por- tanto nossos encontros não serão engessados por uma tabela de conteúdos . ASSIM, SEGUEM ABAIXO TEMAS QUE SERÃO COMTEMPLADOS EM NOSSOS ENCONTROS : - Teoria do conhecimento e teorias da aprendizagem - Educação um processo histórico e os documen- tos oficiais - Currículo e didática: Projeto Político Pedagógi- co: princípios e finalidades E BNCC - A função social da escola pública contem- porânea. Um olhar sobre as diretrizes pedagógi- cas PMSJ - Educação básica :uma educação de qualidade para todos - GESTÃO DEMOCRATICA, EDUCAÇÃO AMBIENTAL, MÍDIA E TECNOLOGIA - Planejamento docente: dinâmica e processos - Interdisciplinaridade/transversalidade - Avaliação COMO ESTUDAR PARA SER APROVADO EM UM CONCURSO PÚBLICO? Essa é dúvida de todos aqueles que desejam in- gressar na difícil e empenhada caminhada rumo à conquista de uma vaga em um cargo público. É fato que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos que seja válida para qualquer pessoa. Mas algumas dicas podem sempre ajudar a tornar os estudos mais proveitosos. Mas al- gumas dicas podem sempre ajudar a tornar os estu- dos mais proveitosos: a) Estudar todos os dias: o tempo diário de estu- do deve variar de acordo com a disponibilidade de cada um, mas é sempre preciso avaliar a bagagem de conhecimento e a necessidade individual de ho- ras de estudo, baseando na dificuldade ou facilidade de absorção do conteúdo. b) Faça um cronograma de estudos: aceitável e fácil de você cumprir. Aumente-o gradativamente. Você aprende mais quando estuda aos poucos, em vez de tentar aprender tudo de uma vez. Dê uma pausa! Estude em pequenas quantidades, faça uma pausa e estude de novo. c) Tenha controle sobre seu ambiente de estudo: Evite distrações enquanto estiver estudando. Elimine todas as distrações óbvias como celulares, televisão ou computador. Não estude na cama. Seu incon- sciente irá associar sua cama ao dormir, você estará mais propenso a cochilar do que estudar realmente. Não estude em frente à televisão. Não coma en- quanto estudar. A comida é uma grande distração. Periodicamente levante-se, alongue seu pescoço, suas costas e suas pernas. Se possível, faça uma pe- quena caminhada e tome um ar fresco, isso vai te fazer bem. d) Cuide de sua saúde: Lazer e bem-estar é impre- scindível, mas evite os excessos. No período dedica- do à preparação para o concurso não perca noites de sono. Foco no seu sonho. 3EDUCAÇÃO - PMSJ A EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA HISTÓRICA Refletir sobre a forma como a educação está atual- mente organizada e o papel que esta ocupa na socie- dade contemporânea é um convite a revisitar o pro- cesso histórico no qual a educação assumiu e assumi até hoje, várias funções. As tendências pedagógicas e o modo como se conce- beu a infância explicitam esses papéis. No entanto, antes de abordarmos esse assunto precisamos re- visitar a teoria do conhecimento. REVISITANDO O PROCESSO HISTÓRICO A necessidade de procurar explicar o mundo dan- do-lhe um sentido e descobrindo-lhe as leis ocultas é tão antiga como o próprio Homem, que tem recor- rido para isso quer ao auxílio da magia, do mito e da religião, quer, mais recentemente, à contribuição da ciência e da tecnologia. e) Aula dada, aula estudada : Revise a matéria es- tudada em sala. Durante as aulas faça anotações. Sublinhe os tópicos mais importantes. Depois estude fazendo resumo, mapa conceitual e busque leituras complementares sobre os temas abordados. EDUCAÇÃO - PMSJ4 TEORIA DO CONHECIMENTO A busca por respostas começa na Antiguidade gre- ga, com o nascimento do pensamento racional, que busca explicações baseadas em conceitos (e não mais em mi-tos) como uma forma de entender o mundo. Para os primeiros filósofos, a dúvida consis- tia em saber se as pessoas possuem saberes inatos ou é se possível ensi-nar alguma coisa a alguém. A chamada Teoria do Conhecimento, por vezes cha- -mada de epistemologia, é aquela que busca com- preen-der de forma geral o que é, de fato, a ato e o processo de conhecer. A Teoria do Conhecimento busca sistema-tizar e compreender de forma plena o que representa o conhecimento. O que é a Teoria do Conhecimento? A Teoria do Conhecimento é a área interessada nas fontes, nas sistematizações e na validação do conhe- -cimento como algo relevante para o desenvolvimen- to de ainda mais conhecimento. Trata-se, ao mesmo tempo, de uma concepção filosófica e um pensam -to de resultados prática na forme de se desenvolver conhecimento. Por isso, é a teoria responsável por pensar no conhecimento por si só, e não no conteú- do deste conhecimento propriamente dito. Trata de sua essência, sua origem e suas formas. A Epistemologia ou Teoria do Conhecimento é o ramo da Filosofia que tem por objeto de estudo todas as reflexões e questionamentos acerca do conhecimento, isto é, questões sobre os limites do conhecimento, suas ferramentas e características, definições e métodos, além da relação entre sujeito e objeto do conhecimento. De onde vem o conhecimento? Da razão ou da ex- periência ? A tentativa de responder a essa questão resulta no aparecimento de pelo me-nos duas correntes filos -ficas • Racionalismo, que do latim ratio significa “razão” • Empirismo, que do grego empeiria significa “expe- riência”. RACIONALISMO Essa corrente surgiu como doutrina no século I an- tes de Cristo para enfatizar que tudo que é existente é decorrente de uma causa. Muito tempo depois, já na Idade Moderna, os filósofos racionalistas adota- ram a matemática como elemento para expandir a ideia de razão e a explicação da realidade. A doutrina do racionalismo alega que tudo o que existe tem uma causa inteligível, ainda que essa cau- sa não possa ser provada empiricamente. Ou seja, so-mente o pensamento por meio da razão é capaz de atingir a verdade absoluta. O Racionalismo baseia-se no princípio de que a ra- zão é a principal fonte de conhecimentos e que essa é inata. Entre os filósofos que assumiram uma perspectiva racionalista do conhecimento, destacam-se Platão, René Descartes (1596-1650), Spinoza (1632 -1677) e Leibniz (1646-1716), partem do princípio que possu- -ímos ideias inatas e que é a realidade é uma cons- -trução da razão. 5EDUCAÇÃO - PMSJ EMPIRISMO O conceito e a busca de evidências como fonte pri- má-ria de conhecimento existiram durante toda a história da filosofi e ciência, desde a Grécia antiga, mas foi com o surgimento do chamado Empirismo Britânico, no sé-culo XVII, que se consolidou como uma posição filosó -ca especifica, sendo o filósofo John Locke considerado o seu fundador. A busca do conhecimento mediante a observação da natureza e a atribuição de todo o conhecimento à experiência A teoria da tabula rasa Locke (1632 – 1704) defendeu a ideia de que a men- te humana é uma “folha em branco” ou uma “tabula rasa”, onde são gravadas impressões externas. Assim, o empirismo é a escola do pensamento fi- -losófico relacionada à teoria do conhecimento, que pensa estar na experiência a origem de todas as ideias. Na antiguidade clássica, o conhecimento empírico re-ferindo médicos, arquitetos, artistas e artesãos em geral obtidos por meio de sua experiência de frente para o útil e técnico, em oposição ao conhe- cimento teórico concebido como contemplação da verdade além de qualquer utilitário. PARA REFLETIR As principais correntesfilosófica do tempo de Kant foram o racionalismo e o empirismo. Mas para Kant, racionalismo defendia os princípios metafísicos, era desenraizado da experiência e portanto, dogmático. O empirismo, por sua vez, enraizado na experiência, mas incapaz de levar o Homem além da experiência, condu-zia o Homem ao cepticismo. Para Kant, o empirismo implica a negação da vali- dade universal e necessária do conhecimento científ- ico, por-que a experiência nunca é universal. Com base nesta constatação, Kant integra o que há de positivo no racio-nalismo e no empirismo e produz a sua própria teoria filosófica Kant faz esta integração através de uma aná-lise crítica das três principais op- erações da razão huma-na: conhecimento, vontade e sentimentos (sensações). Kant concorda com os: Racionalistas - a razão é o elemento determinan-te no processo de conhecer Empiristas - não existe conhecimento sem o con-tributo da experiência Kant discorda dos: Racionalistas - a razão, sem o contributo da ex- periência, não pode conhecer o mundo EDUCAÇÃO - PMSJ6 Empiristas - o conhecimento exige que o sujeito possua formas a priori (da sensibilidade) para re- ceber os dados da experiência e formas a priori (do entendimento) para organizar os dados sensiveis e construir o objecto do conhecimento O conhecimento é uma construção mental que exi- ge dados (a postetiori) e formas (a príori). O lugar apropriado para qualquer investigação filos -fica sobre o conhecimento, diz Kant, é a mente que é capaz de conhecer. O conhecimento resulta da colaboração entre sen- sibilidade e o entendimento. Sem a sensibilidade ne- nhum objecto nos é dado, sem o entendimento nen- hum objecto é pensado nenhuma destas faculdades ( sensibilidade e enten-dimento) tem primazia sobre a outra; o conhecimento não é possivel nem valido sem a existência de instituições e de conceitos, inter- ligados: pensamentos sem conteúdo são vazios; instituições sem conceitos são cegas. (Kant) A EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA HISTÓRICA Refletir sobre a forma como a educação está atu- al-mente organizada e o papel que esta ocupa na sociedade, tem-se como obrigatoriedade de ponto de par-tida averiguar as várias concepções de cri- ança que já tivemos no decorrer da história da hu- manidade. Faz-se necessário também revisitarmos a influência de alguns pensadores nesta transição de conceitos e analisarmos o modo como os es- paços educativos foram criados e refletirmos sobre a função do professor e da família neste processo. PERCORRENDO OS SENTIDOS E SIGNIFICA- DOS ATRAVÉS DA HISTÓRIA Não existia ou não se conhecia até o século XVII o sentimento de infância que tornasse a criança difer- en-te dos adultos. Conforme Tunes (2006, p.6):Houve um tempo em que não existiam crianças no mundo. Foi no sécu- lo XVII que surgiu a ideia de infância: a sociedade começou a perceber que aqueles pequeninos seres tinham um jeito de pensar, ver e sentir característi- cos. Com a descoberta da infância nasceu também a preocupação com a educação infantil. Nesse contexto, até o século XVII as crianças eram vistas, igualmente, como adultos, desempenhavam tarefas, se vestiam e se portavam socialmente como tais. O brincar era algo que as crianças desconheciam, pois eram criadas desde cedo sem nenhum trata- mento especial, elas viviam e participavam de um mundo adulto. Esse afastamento do convívio famil- iar gerava uma diminuição do vínculo afetivo, entre a criança e seus pais biológicos. A esse respeito Aries (1981, apud FARIA, 1997, p.11) pontua: A família não podia, portanto, nessa época, alimentar um sentimento existencial profundo en- tre pais e filhos. Isso não significava que seus pais não amassem seus filhos: Eles se preocupavam de suas crianças menos por elas mesmas, pelo apego que lhes tinham, do que pela contribuição que essas crianças podiam trazer a obra comum, ao estabelec- imento família. A família era uma realidade moral e social, mais do que sentimental. Com o passar do tempo essa educação prática do século XVII, deu lugar à educação teórica, que aproximou as crianças de seus pais, havendo por parte dos mesmos uma maior preocupação com seus filhos. Segundo Ariès (1981, apud FARIA, 1997, p.13):Esta aproximação pais-crianças gerou um sen- timento de família e infância que outrora não existia, e a criança tornou-se o centro das atenções, pois a família começou a se organizar em torno dela. No início do século XVII foram multiplicadas as escolas com a finalidade de aproximá-las das famílias, im- pedindo deste modo o afastamento pais-crianças. Muitos pensadores se destacaram na luta em defesa da criança e, consequentemente, da infância. Entre eles, destacamos Rosseau, que acreditava na edu- cação como um processo contínuo e natural. Nesta época tiveram início os estudos da psicologia do de- senvolvimento, o que contribuiu com um novo olhar para a criança. 7EDUCAÇÃO - PMSJ Assim, a partir do século XVII, gradativamente, o conceito de infância foi mudando. Com o passar do tempo, o respeito e a valorização da criança foram aumentando e uma nova visão passou a fazer parte da história. Hoje, a criança é vista como um ser so- cial, inserido num contexto social, produtor de cultu- ra, capaz de pensar e com direito de se desenvolver integralmente. AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS TENDEM A DE- FINIR O PAPEL DO HOMEM E DA EDUCAÇÃO NA ESCOLA, NA SOCIEDADE E NO MUNDO TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS Quais foram as tendências pedagógicas que influ- enciaram a educação brasileira? Há duas correntes bem distintas dessas tendências: as liberais e as progressistas. AS TENDÊNCIAS LIBERAIS são divididas em, Tradi- cional, Renovadora Progressivista, Renovadora não-diretiva e Tecnicista. AS PROGRESSISTAS estão em três vertentes mais co-muns: A Libertadora, Libertária e Crítico-so- cial-dos-conteúdos. TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PEDAGÓGIA LIBERAL 1 - tradicional 2 - renovada progressista 3 - renovada não-diretiva 4 - tecnicista PEDAGÓGICA PROGRESSISTA 1 - libretadora 2 - libertária 3 - crítico-social dos conteúdos Segundo Libâneo (2010), é necessário esclarecer que as tendências não aparecem em sua forma pura, nem sempre, são mutuamente exclusivas, nem conseguem captar toda a riqueza da prática es- colar. São, aliás, as limitações de qualquer tentativa de classificação. De qualquer modo, a classificação e descrição das tendê -cias poderão funcionar como instrumento de analise para o professor avaliar sua prática de sala de aula. Sugestão de Leitura: PEDAGOGIA LIBERAL O termo liberal não tem o sentido de “avançado”, ‘’de-mocrático”, “aberto”, como costuma ser usado. A doutrina liberal apareceu como justificativa do sis- tema capitalista que, ao defender a predominância da liberdade e dos interesses individuais na socie- dade, estabeleceu uma forma de organização social baseada na propriedade privada dos meios de pro- dução, também denominada sociedade de classes. EDUCAÇÃO - PMSJ8 A pedagogia liberal sustenta a ideia de que a es- cola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais. Para isso, os indivíduos precis- am aprender a adaptar-se aos valores e às normas vigentes na sociedade de classes, através do desen- volvimento da cultura individual. A ênfase no aspec- to cultural esconde a realidade das diferenças de classes, pois, embora difunda a ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições. Assim as principais características das tendências liberais são: - Justificam o sistema capitalista; dão ênfase na liber- dade e nos direitos e interesses individualistas na so- ciedade. - A forma de organização social é baseada na pro- priedade privada dos meios de produção e teoria não crítica. - Ela era acrítica, apolítica, não queria trans-for- mações e mudanças. Por sua vez, a escola era mera reprodutora dos conhecimentos acadêmicos e total- mente desvinculadada parte política, sem dar im- por-tância à contextualização com a sociedade. LIBERAL TRADICIONAL Pedagogia Tradicional: O objetivo da escola era preparar os alunos para ocupar papéis na socie- dade, por meio do conteúdo adquirido em aulas expositivas pelo professor que era a figura central na relação de ensino aprendizagem. Os alunos eram considerados um “papel em branco” que deveria ser preenchido com aulas, exercícios e memorização, de forma passiva sem crítica ao conteúdo ensinado. LIBERAL RENOVADA :PROGRESSIVISTA E NÃO DIRETIVA Pedagogia Renovada ( ESCOLA NOVA): A pedagogia renovada tem duas vertentes mais comuns: A Reno- vada Progressivista e a Renovadora Não diretiva. As duas têm em comum a busca pela formação de pes- soas ativas na escola. Segundo Libâneo (1994), a Pedagogia Renovada surge no velho mundo no final do século XIX como contraposição à Pedagogia Tradicional. MANIFESTO DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO NOVA Manifesto lançado em 1932 por um grupo de 26 ed- ucadores e intelectuais propondo princípios e bases para uma reforma do sistema educacional brasileiro. Redigido por Fernando de Azevedo, foi assinado en- tre outros por Anísio Teixeira, M. B. Lourenço Filho, Heitor Lira, Carneiro Leão, Cecília Meireles e A. F. de Almeida Júnior. ANTECEDENTES A origem do movimento em prol de uma educação nova remonta à década de 1920, com a reforma de Sampaio Dória em 1920, a Semana de Arte Moderna em 1922, e a criação da Associação Brasileira de Ed- ucação em 1924. Nessa associação, através de con- ferências e de-bates, os educadores apresentavam críticas e alternativas para os problemas educacion- ais do país. Com a vitória da Revolução de 1930, o Governo Provisório de Getúlio Vargas propôs-se a reformar o ensino em todos os seus níveis. Em 1931, a Asso- ciação Brasileira de Educação promoveu assim um congresso em Niterói, com o objetivo de apresentar ao governo sugestões relativas às mudanças que deveriam ser introduzidas. Foi nesse congresso que surgiu a ideia de lançar um manifesto expondo os novos princípios. 9EDUCAÇÃO - PMSJ O MANIFESTO O esboço de programa educacional contido no Man- ifesto dos pioneiros da educação nova previa um sis- tema completo de educação, destinado a atender às necessidades de uma sociedade que ingressava na era da técnica e da indústria. Esse sistema deveria atender também a toda a população, e não apenas a uma minoria privilegiada, constituindo um instru- mento de libertação não só da ignorância como da miséria. Os encargos do sistema educacional deveri- am ser assumidos pelo Estado, com a cooperação de todas as instituições sociais. O manifesto propunha assim o ensino obrigatório e gratuito até a idade de 18 anos, custeado pe- los estados da Federação e coordenado pelo Ministério da Educação. Defendia também a criação de fundos escolares ou fundos especiais constituídos de uma percentagem sobre as rendas arrecadadas pela União, os estados e os municípios. Sugeria que fossem criadas no país uni-versidades encarregadas de fazer e transmitir ciência, e, finalmente, reivindicava a “reconstrução do sistema educacional em bases que [pudessem] contribuir para a interpenetração das classes sociais e a formação de uma sociedade humana mais justa desde o jardim de infância à universidade”. A divulgação do manifesto teve grande repercussão, sobretudo porque ele significou uma cisão entre os educadores que vinham participando do movimen- to de renovação da educação. Contra os defensores do ensino leigo, ligados ao manifesto, colocaram-se os que lutavam pelo ensino religioso obrigatório. Os dois grupos tentaram levar suas posições aos consti- tuintes de 1933. Através da Associação Brasileira de Educação, os signatários do manifesto conseguiram introduzir na Constituição de 1934 alguns dos princí- pios que vinham defendendo. Secretário de Educação do Distrito Federal no período de 1932 a 1935, o educador Anísio Teixeira introduziu várias reformas no sistema educacional, chegando a criar a Universidade do Distrito Federal. Em São Paulo, sob a inspiração dos mesmos princí- pios, foram criadas em 1934 a Faculdade de Filoso- fia, Ciências e Letras e a Universidade São Paulo. Em outros estados, como Rio de Janeiro e Pernambuco, foram também introduzidas mudanças inspiradas nos princípios do manifesto. RENOVADA PROGRESSIVISTA A educação escolar assume o propósito de levar o alu no a aprender e construir conhecimento, consid- erando as fases do seu desenvolvimento. Os conteú- dos escolares passam a adequar-se aos interesses, ritmos e fases de raciocínio do aluno. Sua proposta metodológica tem como característica os experimen- tos e as pesquisas. O professor deixa de ser um mero expositor e assume o papel de elaborar situações desafiadoras da aprendizagem. A aprendizagem é construída através de planejamentos e testes. O pro- fessor passa a respeitar e a atender as necessidades individuais dos alunos. Assim, essa forma de pensar a educação ( educação da ação) foi difundida pelos pioneiros da educação nova, entre os quais se destaca Anísio Teixeira (deve- se destacar, também, a influência de Montessori, De- croly e, de certa forma, Piaget); RENOVADA NÃO-DIRETIVA Há uma maior preocupação com o desenvolvimen- to da personalidade do aluno, com o autoconhe- cimento e com a realização pessoal. Os conteúdos escolares passam a ter significação pessoal, indo ao encontro dos interesses e motivação do aluno. São incluídas atividades de sensibilidade, expressão e co- municação interpessoal, acentuando-se a importân- cia dos trabalhos em grupos. Aprender torna-se um ato interno e intransferív- el. A relação professor-aluno passa a ser marcada pela afetividade. A renovada não diretiva é orientada para os obje- tivos de autorealização (desenvolvimento pessoal) e para as relações interpessoais, segundo os pres- supostos do psicólogo norte-americano Carl Rogers e Niell LIBERAL TECNICISTA Pedagogia Tecnicista: Neutralidade científica, ra- cionalidade e eficiência na educação. Essa tendência ficou conhecida pelo seu objetivo que era preparar as pessoas para ser úteis na sociedade capitalista. O ensino ganhou um aspecto mais técnico, para preparar pessoas produtivas. Telecurso, microensi- no, módulos educacionais, são produtos consumi- dos nessa forma de pensar a educação. Papel da Escola: Produzir indivíduos competentes para o mercado de trabalho. Papel do aluno: copiar bem, reproduzir o que foi in- struído fielmente. Relação professo-aluno: O professor é o técnico e responsavel pela eficiência do ensino e o aluno é o treinando. Conhecimento: Experiência planejada, o conheci- mento é o resultado da experiência. Metodologia: Excessivo uso de técnica para atingir objetivos instrucionais, aprender-fazendo, cópia, repetição, treino. EDUCAÇÃO - PMSJ10 Conteúdos: Baseado nos princípios cinetificos, manuais e módulos de auto-instrução. Visto como verdades inquestionaveis. Avaliação: Uso de vários instrumentos da medição mais pouco fundamentada, confiança apenas nas in- formações trazidas nos livros didáticos. PROGRESSISTA O termo “progressista”,é usado aqui para designar as tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação. Evidente- mente a pedagogia progressista, não tem como in- stitucionalizar-se numa sociedade capitalista; daí ser ela um instrumento de luta dos professores ao lado de outras práticas sociais. A pedagogia progressista tem-se manifestado em três tendências: a libertadora, mais conhecida como pedagogia de Paulo Freire, a libertária, que reúne os defen-sores da autogestão pedagógica. A crítico-social dos conteúdos que, diferente- mente das anteriores, acentua a primazia dos con- teúdos no seu confronto cor as realidades sociais. As versões libertadora e libertária têm em comum o não autoritarismo, a valorização da experiência vivida comobase da relação educativa e a ideia de autogestão pedagógica. Em função disso, dão mais valor ao processo de aprendizagem grupal (participação em discussões, assembleias, votações) do que aos conteúdos de ensino. Como decorrência, a prática educativa so- mente faz sentido numa prática social junto ao povo, razão pela qual preferem as modalidades de edu- cação popular “não-formal”. A tendência da pedago- gia critico-social de conteúdos propõe uma síntese superadora das pedagogia tradicional e renovada, valorizando a ação pedagógica enquanto inserida na prática social concreta. Entende a escola como me- diação entre o individual e o social, exercendo aí a articulação entre a transmissão dos conteúdos e a assimilação ativa por parte de um aluno concreto (in- serido num contexto de relações sociais); dessa ar- ticulação resulta o saber criticamente reelaborado. TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTADORA Não é próprio da pedagogia libertadora falar em en- sino escolar, já que sua marca é a atuação “não-for- mal”. Entretanto, professores e educadores engaja- dos no ensino escolar vêm adotando pressupostos dessa pe-dagogia. Assim, quando se fala na edu- cação em geral, diz-se que ela é uma atividade onde professores e alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da qual extraem o conteúdo de aprendizagem, atingem um nível de consciência des- sa mesma realidade, a fim de nela atuarem, num sentido de transformação social. Tanto a educação tradicional, denominada “bancária” - que visa apenas depositar informações sobre o aluno -, quanto a ed- ucação renovada - que pretenderia uma libertação psicológica individual - são domesticadoras, pois em nada contribuem para desvelar a realidade social de opressão. OPOSIÇÃO À EDUCAÇÃO BANCÁRIA A educação libertadora, ao contrário, questiona concretamente a realidade das relações do homem com a natureza e com os outros homens, visando a uma transformação - daí ser uma educação crítica. Conteúdos de ensino - Denominados “temas gera- dores”, são extraídos da problematização da prática de vida dos educandos. Os conteúdos tradicionais são recusados porque cada pessoa, cada grupo en- volvidos na ação pedagógica dispõem em si própri- os, ainda que de forma rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se parte. O importante não é a transmissão de conteúdos es- pecíficos, mas despertar uma nova forma da relação 11EDUCAÇÃO - PMSJ com a experiência vivida. A transmissão de con- teúdos estruturados a partir de fora é considerada como “invasão cultural” ou “depósito de informação”, porque não emerge do saber popular. Se forem necessários textos de leitura; estes de- verão ser redigidos pelos próprios educandos com a orientação do educador. Métodos de ensino - “Para ser um ato de conhec- imento o processo de alfabetização de adultos de- manda, entre educadores e educandos, uma relação de autêntico diá-logo; aquela em que os sujeitos do ato de conhecer se encontram mediatizados pelo objeto a ser conhecido” (...). “O dialogo engaja ati- vamente a ambos os sujeitos do ato de conhecer: educador-educando e educando-educador.” Assim sendo, a forma de trabalho educa-tivo é o “grupo de discussão”, a quem cabe autogerir a aprendizagem, definindo o conteúdo e a dinâmica das atividades. O professor é um animador que, por princí-pio, deve “descer” ao nível dos alunos, adaptando-se às suas características e ao desenvolvimento próprio de cada grupo. O professor deve caminhar “junto”, intervir o mín- imo indispensável, embora não se furte, quando necessário, a fornecer uma informação mais sis- tematizada. Os passos da aprendizagem - codifi- cação-decodificação e problematização da situação - permitirão aos educan-dos um esforço de com- preensão do “vivido”, até chegar a um nível mais crítico de conhecimento da sua realida-de, sempre através da troca de experiência em torno da práti- ca social. Se nisso consiste o conteúdo do trabalho educativo, dispensam-se um programa previamente estruturado, trabalhos escritos, aulas expositivas, assim como qualquer tipo de verificação direta da aprendiza-gem, formas essas próprias da “educação bancária”, portanto, domesticadoras. Entretanto ad- mite-se a ava-liação da prática vivenciada entre edu- cador-educandos no processo de grupo e, às vezes, a autoavaliação feita em termos dos compromissos assumidos com a prática social. Relacionamento professor-aluno - No diálogo, como método básico, a relação é horizontal; onde edu-cador e educandos se posicionam como sujeitos do ato de conhecimento. O critério de bom relacionamento é a total identifi- cação com o povo, sem o que a relação pedagógi- ca perde consistência. Elimina-se, por pressuposto, toda relação de autoridade, sob pena de esta inviabi- lizar o trabalho de conscientização, de “aproximação de consciências”. Trata-se de uma “não-diretividade”, mas não no sentido do professor que se ausenta (como em Rogers), mas que permanece vigilante para assegurar ao grupo um espaço humano para “dizer sua palavra”, para se exprimir sem se neu- tralizar. Pressupostos de aprendizagem - A própria desig- nação de “educação problematizadora” como corre- lata de educação libertadora revela a força motiva- dora da aprendizagem. A motivação se dá a partir da codificção de uma situação-problema, da qual se torna distân-cia para analisá-la criticamente. “Esta análise envolve o exercício da abstração, através da qual procuramos alcançar, por meio de repre- sentações da realidade con-creta, a razão de ser dos fatos.” Aprender é um ato de conhecimento da re- alidade concreta, isto é da situação real vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma aprox- imação crítica dessa realidade. O que é aprendido não decorre de uma imposição ou memo-rização, mas do nível crítico de conhecimento, ao qual se che- ga pelo processo de compreensão, reflexão e crítica. O que o educando transfere, em termos de co-nhe- cimento, é o que foi incorporado como resposta às situações de opressão - ou seja, seu engajamento na militância política. Manifestações na prática es- colar - A pedagogia libertadora tem como inspirador e divulga-dor Paulo Freire, que tem aplicado suas ideias pessoal-mente em diversos países, primeiro no Chile, depois na África. Entre nós, tem exercido uma influência expres-siva nos movimentos popu- lares e sindicatos e, pratica-mente, se confunde com a maior parte das experiên-cias do que se denomina “educação popular”. EDUCAÇÃO - PMSJ12 TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA A pedagogia libertária espera que a escola exerça uma transformação na personalidade dos alunos num sentido libertário e autogestionário. A ideia básica é intro-duzir modificações institucionais, a partir dos níveis su-balternos que, em seguida, vão “contaminando” todo o sistema. A escola instituirá, com base na participação grupal, mecanismos in- stitucionais de mudança (assem-bleias, conselhos, eleições, reuniões, associações etc.), de tal forma que o aluno, uma vez atuando nas institui-ções “ex- ternas”, leve para lá tudo o que aprendeu. Outra forma de atuação da pedagogia libertária, correlata à primeira, é – aproveitando a margem de liber-dade do sistema - criar grupos de pessoas com princí-pios educativos autogestionários (associações, grupos informais, escolas autogestionárias). Há, por- tanto, um sentido expressamente político, à medida que se afirma o indivíduo como produto do social e que o desenvolvimento individual somente se realiza no coletivo. A autogestão é, assim, o conteúdo e o método; resume tanto o objetivo pedagógico quanto o político. A pedagogia libertária, na sua modalidade mais con- hecida, pretende ser uma forma de resistência con- tra a burocracia como instrumento da ação; domi- nadora do Estado, que tudo controla (professores, programas, provas etc.), retirando a autonomia. “Conhecimento” aqui não é a investigação cogniti- va do real, para extrair dele um sistema de repre- sentaçõesmentais, mas a descoberta de respostas às necessida-des e às exigências da vida social. Assim, os conteúdos propriamente ditos são os que resultam de necessidades e interesses manifestos pelo grupo e que não são, necessária nem indispen- savelmente, as matérias de estudo. Embora professor e aluno sejam desiguais e dif- erentes, nada impede que o professor se ponha a serviço do aluno, sem impor suas concepções e id- eias, sem transformar o aluno em “objeto”. O profes- sor é um orientador e um catalisador, ele se mistura ao grupo para uma reflexão em comum. Ao professor cabe a função de “conselheiro” e outras vezes, de instrutor-monitor à disposição do grupo. Em nenhum momento esses papéis do pro- fessor se con-fundem com o de “modelo”, pois a ped- agogia libertária recusa qualquer forma de poder ou autoridade 13EDUCAÇÃO - PMSJ A relação pedagógica é uma relação com um grupo e o clima do grupo é essencial na pedagogia. Nesse senti-do, são bem-vindas as considerações formula- das pela “dinâmica de grupo”, que ensinam o pro- fessor a rela-cionar-se com a classe; a perceber os conflitos; a saber que está lidando com uma coletiv- idade e não com indi-víduos isolados, a adquirir-se a confiança dos alunos. Assim vislumbra-se ultrapas- sar as necessidades e criar outras, para ganhar au- tonomia, para ajudá-los no seu esforço de distinguir a verdade do erro, para ajudá-los a compreender as múltiplas realidades sociais e se tor-narem agentes de transformação. Embora Neill e Rogers não possam ser consider- ados progressistas (conforme entendemos aqui), não deixam de infl enciar alguns libertários, como Lobrot. Entre os estrangeiros devemos citar Vasquez e Oury entre os mais recentes, Ferrer y Guardia en- tre os mais antigos. Particularmente significativo é o trabalho de C. Freinet, que tem sido muito estu- dado entre nós, existindo in-clusive algumas esco- las aplicando seu método.13 Entre os estudiosos e divulgadores da tendência libertária po-de-se citar Mauricio Tragtemberg, apesar da tônica de seus tra- balhos não ser propriamente pedagógica, mas de crítica das instituições em favor de um projeto au- to-gestionário. Em termos propriamente pedagógi- cos, in-clusive com propostas efetivas de ação esco- lar, citamos Miguel Gonzales Arroyo. TENDÊNCIA PROGRESSISTA “CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS” A difusão de conteúdos é a tarefa primordial. Não conteúdos abstratos, mas vivos, concretos e, por- tanto, indissociáveis das realidades sociais. A valor- ização da escola como instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta aos inter- esses populares, já que a própria escola pode con- tribuir para eliminar a seletividade social e torná-la democrática. Se a escola é parte integrante do todo social, agir dentro dela é também agir no rumo da transformação da sociedade. Se o que define uma pedagogia crítica é a consciência de seus condicion- antes histórico-sociais, a função da pedagogia “dos conteúdos” é dar um passo à frente no papel trans- formador da escola, mas a partir das condi-ções ex- istentes. Assim, a condição para que a escola sir-va aos interesses populares é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conteúdos esco- lares básicos que tenham ressonância na vida” dos átimos. Entendida nesse sentido, a educação é “uma atividade mediadora no seio da prática social global”, ou seja, uma das mediações pela qual o aluno, pela intervenção do professor e por sua própria partici- pação ativa, passa de uma experiência inicialmente confusa e fragmentada (sincrética), a uma visão sin- tética, mais organizada e unificada. Em síntese, a atuação da escola consiste na preparação do aluno para o mundo adulto e suas con-tradições, fornecen- do lhe um instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação organizada e ativa na democratização da sociedade. Embora se aceite que os conteúdos são realidades ex-eriores ao aluno, que devem ser assimilados e não simplesmente reinventados, eles não são fechados e refratários às realidades sociais. Não basta que os conteúdos sejam apenas ensinados, ainda que bem ensinados; é preciso que se liguem, de forma indis- sociável, à sua significação humana e social. Essa maneira de conceber os conteúdos do saber não estabelece oposição entre cultura erudita e cultura popular, ou espontânea, mas uma relação de con- tinuidade em que, progressivamente, se passa da ex- periência imediata e desorganizada ao conhecimen- to sistematizado. Não que a primeira apreensão da realidade seja errada, mas é necessária à ascensão a uma forma de elaboração superior, conseguida pelo próprio aluno, com a intervenção do profes- sor. A postura da pedagogia “dos conteúdos” - Ao admitir um conhecimento relativamente autônomo - assume o saber como tendo um conteúdo relati- vamente objetivo, mas, ao mesmo tempo, introduz a possibilidade de uma reavaliação crítica frente a esse conteúdo. O objetivo é privilegiar a aquisição do saber, e de um saber vinculado às realidades sociais, é preciso que os métodos favoreçam a correspondência dos conteúdos com os interesses dos alunos, e que es- tes possam reconhecer nos conteúdos o auxílio ao seu esforço de compreensão da realidade (prática social). Assim, nem se trata dos métodos dogmáticos de transmissão do sa-ber da pedagogia tradicion- al, nem da sua substituição pela descoberta, inves- tigação ou livre expressão das opiniões, como se o saber pudesse ser inventado pela criança, na con- cepção da pedagogia renovada. Os métodos de uma pedagogia crítico-social dos conteúdos não partem, então, de um saber artificial, depositado a partir de fora, nem do saber espontâneo, mas de uma relação direta com a experiência do aluno, confrontada com o saber e relaciona a prática vivida pelos alunos com os conteúdos propostos pelo professor, momento em que se dará a “ruptura” em relação à experiência pouco elaborada. Tal ruptura apenas é possível com a introdução explícita, pelo professor dos elemen- tos novos de análise a serem aplicados criticamente à prática do aluno. Em outras palavras, uma aula EDUCAÇÃO - PMSJ14 começa pela constatação da prática real, havendo, em seguida, a consciência dessa prática no sentido de referi-la aos ter-mos do conteúdo proposto, na forma de um confronto entre a experiência e a expli- cação do professor. Vale dizer: vai-se da ação à com- preensão e da compreensão à ação. Evidentemente o papel de mediação exercido em torno da análise dos conteúdos exclui a não-diretividade como forma de orientação do trabalho escolar, porque o diálogo adulto-aluno é desigual. O adulto tem mais experiên- cia acerca das realidades sociais, dispõe de uma for- mação (ao menos deve dispor) para ensinar, possui conhecimentos e a ele cabe fazer a análise dos con- teúdos em confronto com as realidades sociais. O conhecimento novo se apoia numa estrutura cog- nitiva já existente, ou o professor provê a estrutura de que o aluno ainda não dispõe. O grau de envolvi- mento na aprendizagem depende tanto da pron- tidão e disposição do aluno, quanto do professor e do contexto da sala de aula. Aprender, dentro da visão da pedagogia dos con- teúdos, é desenvolver a capacidade de proces-sar informações e lidar com os estímulos, do ambiente, organizando os dados disponíveis da experiên- cia. Em consequência, admite-se o princípio da aprendizagem significativa que supõe, como passo inicial, verificar aquilo que o aluno já sabe. Dentro das linhas gerais ex-postas aqui, podemos citar a ex- periência pioneira, mas mais remota, do educador e escritor russo, Makarenko. Entre os autores atuais citamos B. Charlot, Suchodolski, Manacorda e, de maneira especial, G. Snyders, além dos autores bra- sileiros que vêm desenvolvendo investtigações rele- vantes, destacando-se Dermeval Saviani. PARA REFLETIR “Há escolas que são gaiolas e escolas que são asas. Es- colas que são gaiolas existem para que os pássarosdesaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, seu dono pode levá- los para onde quiser. Pássaros engaiolados têm sempre um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam os pássaros engaiolados. O que elas amam são pássa- ros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem de voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. só pode ser encorajado.” (Rubem Alves) A educação é um direito social de todos, assegu- rado pela Constituição Federal. A Seção I do Capítulo III da Constituição de 1988, intitulada “Da Educação”, define os pontos mais cru- ciais da educação em relação aos sistemas de en- sino, aos deveres do Estado, aos recursos públicos destinados à área e aos seus objetivos, que de acor- do com art. 205 são: o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidada- nia e sua qualificação para o trabalho”. EDUCAÇÃO PARA TODOS – EDUCAÇÃO QUALIDADE EDUCAÇÃO INTEGRAL 15EDUCAÇÃO - PMSJ Por uma educação que desenvolva o ser humano de forma integral EDUCAÇÃO BÁSICA O sistema educacional brasileiro é dividido em Edu- cação Básica e Ensino Superior. A Educação Básica, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB - 9.394/96), passou a ser estruturada por etapas e modalidades de ensino, englobando a Educação Infantil, o Ensino Fundamental obrigatório de nove anos e o Ensino Médio. A seguir, conheça cada uma das diferentes etapas e modalidades, bem como os desafios educacionais contemporâneos. Etapas: - Educação infantil - Ensino fundamental - Ensino Médio Modalidades: - Educação escolar indígena - Educação Especial - Educação do campo - Educação escolar Quilombola - Educação de jovens e adultos (EJA) - Educação profissional Desafios Educacionais Contemporâneos. Os desafios educacionais expressam conceitos e va- lores básicos à democracia e à cidadania. A ética, o meio ambiente, a saúde, o trabalho e o consumo, a orientação sexual e a pluralidade cultural não são disciplinas autônomas, mas temas que permeiam todas as áreas do conhecimento. O QUE É EDUCAÇÃO INTEGRAL? A Educação Integral é uma concepção que com- preende que a educação deve garantir o desenvolvi- mento dos sujeitos em todas as suas dimensões – intelectual, física, emocional, social e cultural e se constituir como projeto coletivo, compartilhado por crianças, jovens, famílias, educadores, gestores e co- munidades locais. A Educação Integral: • É uma proposta contemporânea porque, alin- hada as demandas do século XXI, tem como foco a formação de sujeitos críticos, autônomos e re- sponsáveis consigo mesmos e com o mundo; • É inclusiva porque reconhece a singularidade dos sujeitos, suas múltiplas identidades e se sustenta na construção da pertinência do projeto educativo para todos e todas; • É uma proposta alinhada com a noção de sustent- abilidade porque se compromete com processos educativos contextualizados e com a interação per- manente entre o que se aprende e o que se pratica; EDUCAÇÃO - PMSJ16 • Promove a equidade ao reconhecer o direito de todos e todas de aprender e acessar oportunidades educativas diferenciadas e diversificadas a partir da interação com múltiplas linguagens, recursos, espaços, saberes e agentes, condição fundamental para o enfrentamento das desigualdades educacio- nais. A DIFERENÇA ENTRE EXCLUSÃO, SEGREGAÇÃO, IN- TEGRAÇÃO E INCLUSÃO. EXCLUSÃO - Se trata de deixar de lado, fingir que algo não existe. SEGREGAÇÃO - Significa “separar “ as pessoas num só lugar e por último . INTEGRAÇÃO - As pessoas com deficiência têm de se adequar à sociedade dominante, às suas regras. INCLUSÃO - : Aceitar as diferenças , valorizar cada pessoa, conviver dentro da diversidade humana . EDUCAÇÃO INTEGRAL -ACESSO E PERMANÊNCIA Em escola orientada por uma perspectiva inte- gral de educação, sustenta altas expectativas de aprendizagem e desenvolvimento para todos os alunos ao mesmo tempo em que oferece instrumen- tos para que todos aprendam e se desenvolvam in- tegralmente. Estas altas expectativas se sustentam na premissa de que todos os alunos são capazes de aprender. E, para isso, as estratégias devem ter clara intencionalidade pedagógica e compor um plane- jamento integrado que defina objetivos e metas de aprendizagem. 17EDUCAÇÃO - PMSJ As diferenças inerentes a cada pessoa constroem a riqueza de nossa humanidade. Propostas de ed- ucação integral, então, devem respeitar todas as diferenças representadas pelas deficiências, origem étnico racial, condição econômica, origem geográfi- ca, orientação sexual, religiosa ou qualquer outro fator. A educação integral apoia-se na ideia de que é necessário reconhecer e abolir barreiras arquitetôni- cas, políticas, culturais e atitudinais para que todos os espaços sejam inclusivos; e que a diversidade se constitua não apenas como um valor como também é uma oportunidade de desenvolvimento de crianças e jovens em suas diversas dimensões. No contexto da escola, esta perspectiva se concretiza no acesso e permanência qualificada em classe comum da rede regular. IGUALDADE E EQUIDADE Voltaremos nesse assunto ... TEORIAS DA APRENDIZAGEM Para estudarmos as teorias da aprendizagem, primeira-mente precisamos definir o conceito de aprendizagem Segundo o dicionário Michaelis a palavra aprendizagem é derivada do substantivo aprendiz, termo que caracteriza aquele que aprende ou dá os primeiros passos em uma atividade, arte ou ofício. Assim, a aprendizagem pode ser definida como o ato de aprender ou adquirir conhe-cimento através da experiência ou de um método de ensino. Desde a Antiguidade, o interesse em compreender como o homem aprende e as reflexões acerca de sua natureza já eram objetos de estudo. O desenvolvi- mento das disciplinas científicas no século XIX, entre elas a Psicologia, contribuiu para o desenvolvimento de diferentes teorias sobre o processo de construção do conhecimento e demais teorias cognitivas que se preocupam em analisar o desenvolvimento desta capacidade humana. No século XX, diversos estu- dos baseados em experimentos e observações con- tribuíram para a abertura de um campo de estudos que mais tarde iria se estruturar em torno de difer- entes teorias cognitivas ou teorias de aprendizagem, ressaltando os aspectos relacionados aos processos de construção e desenvolvimento do conhecimento, o papel da educação e demais atividades relaciona- das ao sujeito que aprende. Tendo em vista a ação do sujeito sobre o meio e a maneira como cada pessoa organiza, aprende e in- terioriza as informações de uma dada realidade, a aprendiza gem resulta em uma transformação que tem por base as experiências do sujeito no mundo a partir das interações por ele estabelecidas. Portanto, conceitualmente a aprendizagem pode ser definida como o processo de aquisição de infor- mações, conhecimentos, habilidades, valores e at- itudes possibilitados através do estudo, do ensino ou da experiência. EDUCAÇÃO - PMSJ18 HABILIDADES E COMPETÊNCIAS Apesar desses termos serem usados de forma in- tercambiável, apresentam significados diferentes. As com-petências definem os requisitos para o sucesso no trabalho em termos mais amplos do que as hab- ilidades. Alguém muito habilidoso não significa necessar- iamente alguém muito competente. Uma pessoa pode ter habilidades, mas não ter as competências necessárias. Logo, para alguém ser competente, é necessário ser há-bil para desempenhar sua função. Por exemplo, em um time de futebol, um jogador pode ser habilidoso na hora de driblar seus ad- versários. No entanto, se ele não consegue concluir jogadas, pode não ser competente. Isto porque um jogador que não tenha um drible tão bom, pode ser mais efetivo em conseguir marcar gols. O que são habilidades? Uma habilidade é uma capacidade aprendida, por meio de treinamentoou experiências, para obter um resultado desejado ou realizar funções de tra- balho. A habilidade é adquirida através de um esforço. Isto para realizar atividades ou funções envolvendo ideias (habilidades cognitivas), objetos (habilidades técnicas) ou pessoas (habilidades interpessoais). O que são competências? O que são competências? Competências são um conjunto de habilidades e conhecimentos relacionados que permitem que uma pessoa atue efetivamente em um trabalho ou situação. Uma competência é mais do que apenas conhe- cimento e habilidades. Envolve a capacidade de atender demandas complexas, recorrendo e mobi- lizando recursos, em contexto particular. As com- petências, portanto, podem incorporar várias ha- bilidades. Uma maneira simples de se entender a diferença entre habilidades e competências é relacionando es- ses termos com as perguntas “O quê?” e “Como?”. As habilidades são as capacidades específicas que são aprendidas. Conhecer as habilidades de uma pessoa nos ajuda a perceber se seu treinamento e experiência a preparam para um tipo de atividade. Em outras palavras, as habilidades nos dão “o quê?”. Elas nos dizem quais tipos de habilidades uma pessoa precisa para realizar uma atividade ou trabalho específico. No entanto, não responde como um indivíduo pode realizar um trabalho com suces- so. Ou até mesmo como ele se comporta no ambi- ente de trabalho para alcançar o resultado desejado. Esse “como?” é definido pelas competências de uma pessoa, traduzindo habilidades e conhecimentos em comportamentos no trabalho, e demonstrando a ca- pacidade de executar as tarefas com competência. AS PRINCIPAIS TEORIAS DE APRENDIZAGEM A familiarização com as principais teorias de aprendizagem, salientando principalmente a influên- cia das mesmas no processo ensino-aprendizagem, pode auxiliar na compreensão das causas das dificul- dades reveladas pelos alunos, identificando os fatores que para elas contribuem. Além disso, um melhor entendimento das teorias de aprendizagem pode contribuir com uma formação mais adequada de todos aqueles que participam do sistema educa- cional. É importante compreen-der o modo como as pessoas aprendem e as condições necessárias para a aprendizagem, bem como identificar o papel do professor nesse processo. 19EDUCAÇÃO - PMSJ Na aprendizagem escolar, existem os seguintes ele- mentos centrais para que o desenvolvimento escolar ocorra com sucesso: o aluno, o professor e a situ- ação de aprendizagem. As teorias de aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica envolvida nos atos de ensinar e apren- der, partindo do reconhecimento da evolução cog- nitiva do ho-mem, e tentam explicar a relação en- tre o conhecimento pré-existente e o novo conhecimento. ENFOQUE COMPORTAMENTALISTA - Jonh B. Wat- son (1878-1958) cunhou o termo behaviorimo para deixar claro que sua preocupação era com os as- pectos obser-váveis do comportamento. O behav- iorismo supõe que o comportamento inclui respos- tas que podem ser ob-servadas e relacionadas com eventos que as precedem (estímulos) e as sucedem (consequências). São também chamadas teorias es- tímulo-resposta. Watson, Pavlov, Guthrie, Skinner e Thorndike, são os autores que mais se destacaram nesta linha de pensamento. O enfoque comportamentalista: * Provê uma base para o estudo de manifestações que produzem mudanças comportamentais; * Aprendiz é o ser que responde a estímulos forneci- dos pelo ambiente externo; * Limita-se ao estudo de comportamentos manifes- tos e mensuráveis controlados por suas consequên- cias; * Não considera o que ocorre dentro da mente do indivíduo durante o processo de aprendizagem; * Aprendiz é visto como objeto. ENFOQUE COGNITIVISTA - As teorias cognitivas tra- tam da cognição, de como o indivíduo “conhece”; pro-cessa a informação, compreende e dá significa- dos a ela. Dentre as teorias cognitivas de aprendizagem mais antigas, destacam-se a de Tolman, a da Gestalt e a de Lewin. As mais recentes e de bastante influência no processo instrucional são as de Bruner, Piaget, Vy- gotsky e Ausubel. O enfoque cognitivista: * Encara a aprendizagem como um processo de ar- ma-zenamento de informações; * Auxilia na organização do conteúdo e de suas id- eias a respeito de um assunto, em uma área particu- lar de conhecimento; * Busca definir e descrever como os indivíduos perc EDUCAÇÃO - PMSJ20 -bem, direcionam a atenção, coordenam as suas in- tera-ções com o ambiente; * Como aprendem, compreendem e reutilizam in- for-mações integradas em suas memórias a longo prazo; * Como os indivíduos efetuam a transferência dos co-nhecimentos adquiridos de um contexto para o outro; * Para Vygotsky (1896-1934), o desenvolvimento cog-nitivo é produzido pelo processo de interior- ização da interação social com materiais fornecidos pela cultura. As potencialidades do indivíduo devem ser levadas em conta durante o processo de ensi- no-aprendizagem; * O sujeito é não apenas ativo, mas interativo, pois for-ma conhecimentos e constitui-se a partir de relações intra e interpessoais; * Para Piaget (1981), a construção do conhecimento se dá através da interação da experiência sensorial e da razão; A interação com o meio (pessoas e objetos) são ne-cessários para o desenvolvimento do indivíduo; Enfatiza o processo de cognição à medida que o ser se situa no mundo e atribui significados à realidad em que se encontra; Preocupa-se com o processo de compreensão, trans-formação, armazenamento e uso da infor- mação envol-vida na cognição. ENFOQUE HUMANÍSTICO - A ideia que norteia esta teoria está baseada no princípio do ensino centra- do no aluno. Este possui liberdade para aprender, e o crescimento pessoal é valorizado. O pensamento, sen-timentos e ações estão integrados. O autor humanista mais conhecido é Rogers. A teoria humanista: * Vê o ser que aprende primordialmente como pes- soa; * Valoriza a autorrealização e o crescimento pessoal; * Vê o indivíduo como fonte de seus atos e livre para fazer escolhas; * A aprendizagem não se limita a um aumento de conhecimentos, ela influi nas escolhas e atitudes d aprendiz; * O aprendiz é visto como sujeito, e a autorrealização é enfatizada. A INSTITUIÇÃO ESCOLAR NA SOCIEDADE CON- TEMPORÂNEA A educação é um fenômeno próprio dos seres hu- manos” (SAVIANI, 2000, p 15). Afirmar isso significa dizer que para se compreender a natureza da edu- cação precisamos compreender a natureza humana. O humano distingue-se dos demais seres vivos pela sua capacidade de adaptar a natureza a si, trans- formando-a, enquanto os demais seres vivos ad- aptam-se a ela. O humano precisa produzir a todo instante sua existência enquanto os demais seres vivos, adaptando-se, têm sua existência garantida. Por isso o ser humano é o único ser histórico, pois apenas ele vive em perpétua transformação, pelo passado que guarda na memória e pelo projeto do futuro. Sua unidade existencial o torna único e in- substituível. Segundo Kant, “é o único ser cuja ex- istência é um valor absoluto, é um fim em si e não um meio para outras coisas”. Ao transformar a natureza o humano produz tra- balho e é o trabalho que o diferencia, a partir do momento em que planeja a ação e tem consciên- cia desse ato. O humano é, portanto criador de sua própria “humanidade”. O humano não se contenta apenas com a satisfação das necessidades naturais. Além de sobreviver ele deseja estar bem. Por isso busca sempre novos ob- jetivos que vão além da satisfação das necessidades naturais. Tornamo-nos humanos pela educação. É pela educação que aprendemos a ordenar o mundo, apreendemos as verdades da comunidade, enfim, nos socializamos, ou seja, adquirimos uma forma de pensar, falar, agir, segundo os ditames da cultura em que estamos inseridos. Apesar de acharmos que 21EDUCAÇÃO - PMSJ nossas posturas são naturais na verdade tudo o que somos é apreendido ao longo da nossa existência. Como afirma RODRIGUES (1992,p 39) “A edu- cação é do tamanho da vida. Não há começo. Não há fim. Só há travessia. E se queremos descobrir a verdade da educação, ela terá que ser descoberta no meio da travessia”. Assim faz sentido afirmar que a educação começa já na concepção, continua após o nascimento e vai pelo resto da vida. Implica, portanto um constante reeducar-se e uma permanente autoeducação. Aprendemos a sermos humanos através do convívio com os demais mem- bros da nossa comunidade. Tanto é verdade que crianças que foram perdidas ou abandonadas na selva em tenra idade não apren- deram a ser seres humanos, desenvolveram andar quadrúpede, dentes mais pronunciados, não fala- vam, apenas uivavam e grunhiam. Nada aprenderam e com o contato com a sociedade, quando levadas ao convívio social, na adolescência, logo morreram, as que chegaram a idade adulta não conseguiram um desenvolvimento pleno. É, portanto pelo pro- cesso educacional primário que nos tornamos seres humanos. Independente da concepção de educação, inde- pendente das influências que o local atribui para a elaboração destas concepções podemos consider- ar como grande conquista deste século a ideia de que “não existe idade para a educação, de que ela se estende pela vida e que não é neutra”. (GADO- TTI, 1997, p 34) Nas culturas ditas “primitivas” o processo de aprendizagem é natural. A herança cultural é trans- mitida informalmente por qualquer membro da tri- bo às novas gerações pela vivência entre adultos e crianças. Já nas culturas “civilizadas” houve a ampliação do conhecimento e a divisão entre os indivíduos com base na economia e gerou também a divisão do saber. Aí surgiu a Escola como responsável pela transmissão do conhecimento às novas gerações. Até o século XVI as crianças precisavam abando- nar sua casa para receber educação escolar, que era ministrada por mestres, isoladamente do ambiente familiar, causando uma grande perda emocional, provocada por essa distância. Após isso a escola se difundiu e as crianças pas- saram a voltar para casa após o período de aula e a escola assumiu a estrutura que tem hoje. LA TAILLE, (1992, p 33) fala que na sociedade con- temporânea a escola adquire especial importância e as relações nela estabelecidas são imprescindíveis na construção dos processos psicológicos dos sujei- tos. Na situação de ensino-aprendizagem a inter- venção pedagógica leva o educando a desenvolver avanços que não ocorreriam espontaneamente. ANÁLISE DA CONJUNTURA EDUCACIONAL Para empreender uma análise da função da esco- la na contemporaneidade se faz necessário a pri- ori lançar um olhar analítico sobre o momento at- ual em que nos encontramos, numa perspectiva sócio-histórica, uma vez que a sociedade dos novos tempos demanda por uma escola nova uma escola que fomente o pensar. EDUCAÇÃO - PMSJ22 A sociedade contemporânea, também denominada Sociedade Informática, cibercultura, ou pós-modern- idade desloca o saber para o saber/fazer. Indepen- dente do rótulo, incontestavelmente os tempos são outros e demandam por uma escola diferente, assim como exige posturas também diferentes dos profis- sionais da educação. Cai por terra a crença de que o mundo é regido pela linearidade, como uma receita, em que primeiro se faz isso, depois aquilo e se tem o resultado espera- do. A sociedade pós-moderna apresenta um ritmo inédito na história, em que o tempo é o atual, o aqui e o agora. Na falta de verdades absolutas, prosperam in- certezas textuais. O mundo não vai parar para que se busque soluções. É necessário pensar as soluções no processo. Isso tem relevantes implicações para a educação escolar, pois com o advento da sociedade pós-mod- erna a acessibilidade à informação se disseminou. A informação está na internet, na televisão, nas revis- tas, no celular, com todo o dinamismo e rapidez. E a figura do professor, único detentor do conhe- cimento, que marcou o início da instituição esco- lar se distancia cada vez mais. O USO DE NOVAS TECNOLOGIAS EM SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM Nos dias atuais os diversos tipos de mídia se mis- turam e formam novos ambientes de trabalho e lazer, enfim criam uma nova realidade, que está dis- ponível a quem dela necessitar. As novas tecnologias e seu uso em sala de aula ou em ambientes de aprendizagem de modo geral leva a reflexão de quanto o ser humano evoluiu ao lon- go da sua trajetória. Até o mais rudimentar artefato utilizado pelos nossos antepassados pode ser con- siderado como um alicerce para a chegada ao mara- vilhoso mundo de desenvolvimento tecnológico que se tem hoje. A tecnologia está presente nas tarefas mais simples do dia a dia, mesmo nas que não são perceptíveis. A linguagem do rádio, televisão, revistas, internet permeiam a sociedade contemporânea, mas a esco- la ainda opera com linguagem escrita. Em inúmeras escolas públicas os recursos estão restritos à sala de Tevê Escola ou laboratórios de Informática, que por vezes mantêm-se ociosos. Não é por menos que muitos dos indivíduos ainda se encontrem alijados do mundo tecnológico. É necessário, porém que se estabeleçam limites que definam a questão do uso correto das Tecnologias de Informação e Comunicação. Não se trata, de sub- stituir a intervenção do professor/a, mas de servir de base para que os diferentes recursos tecnológicos seja alicerçado o conhecimento. Quanto a isso, Cortelazzo, que afirma que: Os professores devem trabalhar com seus alunos não só para ajudá-los a desenvolverem habilidades, procedimentos, estratégias para co- letar e selecionar informações, mas, sobretudo, para ajudá-los a desenvolverem conceitos. Con- ceitos que serão a base para a construção de seu conhecimento. (CORTELAZZO, 2006, p 18) 23EDUCAÇÃO - PMSJ A inquietude é uma característica do sujeito pós moderno e isso deve ser aproveitado pela escola para que o aluno queira buscar informações e con- struir o conhecimento. Antes de tudo a postura do professor deve ter um quê de inquietude, que possa instigar a busca pelo novo. A escola provedora de informação já não responde à demanda da nova sociedade. A escola para a so- ciedade da informação é a que desperta nos alunos e alunas os mecanismos necessários para lidar com o imenso volume de informações a que são diaria- mente submetidos. Acesso a conteúdos os alunos têm. Cabe à escola desenvolver no aluno o desejo de querer ter essas informações e poder transformá-las em conhecimento. EDUCAÇÃO ESCOLAR PARA A EXCELÊNCIA: “Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Paulo Freire A escola tem a função instrucional, que é a função de preparar os indivíduos para o mundo do trabalho. Tem ainda a função socializadora, que mesmo sem muita ênfase no preparo dos profissionais da educação para desenvolvê-la, esta função acaba acontecendo pelo próprio convívio espontâneo. “Como mediação para a apropriação histórica da herança cultural a que supostamente têm direito os cidadãos, o fim ultimo da educação é favorecer uma vida com maior satisfação individual e mel- hor convivência social. A educação, como parte da vida, é principalmente aprender a viver com a maior plenitude que a história possibilita. Por ela se toma contato com o belo, com o justo e com o verdadeiro, aprende-se a compreendê-los, a admirá-los, a valor- izá-los e a concorrer para sua construção histórica, ou seja, é pela educação que se prepara para o usu- fruto (e novas produções) dos bens espirituais e ma- teriais”. (PARO, 2001, p 37-38). Então, em resumo, da escola é exigida a formação de indivíduos com competência técnico-administra- tiva, porém não é só isso. É também é exigida da es- cola de hoje a formação de cidadãos comprometidos que não se alienem do momento histórico, social, econômico e político, que sejam fazedores da sua história. Para tanto se faz necessário mudança educacionais profícuas que incorporem, além das funções clássi- cas, a funçãode estimular inteligências e gerenciar seu pensamento e sua existência. A educação escolar deve ter por finalidade a for- mação humana. Não basta formar para o trabalho, ou para a sobrevivência, como parece entender os que consideram a escola apenas como um instru- mento para prepara para o mercado de trabalho ou para entrar na universidade. Diante de problemas reais não podemos nos limi- tar às fórmulas vazias aos conteúdos desconectados da realidade. A escola deve preparar para a própria vida, não para o futuro, mas para o viver bem, isto é, para o desfrute de todos os bens criados social- mente pela humanidade. É preciso que a escola seja prazerosa e alegre para seus alunos desde já. A primeira condição para propiciar isso é que a ed- ucação se apresente enquanto relação humana di- alógica, que possa garantir a todos os envolvidos as condições de desenvolvimento como protagonista do processo educativo. PARA REFLETIR Fala-se muito na deterioração da escola pública a partir da sua maciça expansão nos últimos trinta anos. Ouve-se rumores de que a escola de hoje não cumpre as funções sociais que cumpria anos atrás. A superação da deterioração a que a escola está su- jeita passa pela compreensão de que a instituição es- colar, em especial a escola pública, é uma instituição eminentemente social que, em virtude disso exige um esforço coletivo e não de apenas um professor, para enfrentar suas dificuldades, pelo fato destas di- ficuldades não serem isoladas a um professor e sim dificuldades de uma instituição que precisa de mu- danças para responder ao que a sociedade contem- porânea demanda. O mundo mudou, a escola precisa mudar, e o pro- fessor precisa fazer parte dessa mudança e princi- palmente alavancar essas mudanças a partir da sua práxis cotidiana, pois é no dia-a-dia de sala de aula que as coisas acontecem. A postura do docente perante seus alunos tem de mudar frente ao novo contexto. De único detentor do saber, ele deve passar a ser intermediário entre o conhecimento acumulado e a curiosidade e necessi- dade do aluno. O professor deve instigar essa curio- sidade, como se diz, deve fazer o aluno querer, para então saciar o interesse. EDUCAÇÃO - PMSJ24 Aprendizagem significativa A aprendizagem significativa é o conceito central da teoria da aprendizagem de David Ausubel. Segundo Marco Antônio Moreira “a aprendizagem significativa é um processo por meio do qual uma nova informação relaciona-se, de maneira substan- tiva (não-literal) e não-arbitrária, a um aspecto rele- vante da estrutura de conhecimento do indivíduo”. Em outras palavras, os novos conhecimentos que se adquirem relacionam-se com o conhecimento prévio que o aluno possui. Ausubel define este conhecimen- to prévio como “conceito subsunçor” ou simples- mente “subsunçor”. Os subsunçores são estruturas de conhecimento específicos que podem ser mais ou menos abrangentes de acordo com a freqüência com que ocorre aprendizagem significativa em con- junto com um dado subsunçor. SUBSUNÇORES A aprendizagem significativa ocorre quando a nova informação ancora-se em conceitos relevantes (sub- sunçores) preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Ausubel define estruturas cognitivas como estruturas hierarquicas de conceitos que são repre- sentações de experiências sensoriais do indivíduo. A ocorrência da aprendizagem significativa implica o crescimento e modificação do conceito subsunçor. A partir de um conceito geral (já incorporado pelo aluno) o conhecimento pode ser construído de modo a liga-lo com novos conceitos facilitando a compreensão das novas informações, o que dá sig- nificado real ao conhecimento adquirido. As idéias novas só podem ser aprendidas e retidas de maneira útil caso se refiram a conceitos e proposições já dis- poníveis, que proporcionam as âncoras conceituais. PRIMEIROS ESTUDOS Ausubel publicou seus primeiros estudos sobre a teoria da aprendizagem significativa em 1963 (The Psychology of Meaningful Verbal Learning) e desen- volveu-a durante as décadas de 1960 e 1970. Mais tarde, no final da década de 1970, Ausubel recebeu a contribuição de Joseph Novak, que progressivamente incumbiu-se de refinar e divulgar a teoria. Com a contribuição de Novak, a teoria da aprendizagem significativa modificou o foco do ensino do modelo estímulo —› resposta —› reforço positivo para o modelo aprendizagem significativa —› mudança conceptual —› construtivismo. Segundo Ausubel, a aprendizagem significativa no processo de ensino necessita fazer algum sentido para o aluno e, nesse processo, a informação deverá interagir e ancorar-se nos conceitos relevantes já existentes na estrutura do aluno. O autor entende que a aprendizagem significativa se verifica quando o banco de informações no plano mental do aluno se revela, através da aprendizagem por descoberta e por recepção. O processo utilizado para as crianças menores é o de formação de conceito, envolvendo generalizações de interesses específicos para que, na idade escolar já tenham desenvolvido um conjunto de conceitos, de modo a favorecer o desenvolvimen- to da aprendizagem significativa. Esses conceitos deverão ser adquiridos através de assimilação, difer- enciação progressiva e reconciliação integrativos de conceitos. Para tanto, Ausubel sugere para esse pro- cesso, a utilização de organizadores prévios para, de fato, ancorar a nova aprendizagem, levando o aluno ao desenvolvimento de conceitos subsunçores, de modo a facilitar a aprendizagem subseqüente. Mas o que são organizadores prévios? Segundo o autor, são informações e recursos introdutórios, que devem ser apresentados antes dos conteúdos da matriz curricular, uma vez que tem a função de servir de ponte entre o que o aluno já sabe e o que ele deve saber para que o conteúdo possa ser real- mente aprendido de forma significativa. Os organ- izadores se tornarão mais eficazes se forem apre- sentados no início das tarefas de aprendizagem para que suas propriedades possam integrar-se como elemento atrativo para o aluno, visando provocar o interesse e desejo de aprender. Sua formulação deve contar com um vocabulário bastante familiar 25EDUCAÇÃO - PMSJ ao aluno, de modo que, sua organização, bem como a aprendizagem sejam consideradas como material de valor pedagógico. Para que a aprendizagem significativa ocorra, o au- tor assinala duas condições essenciais : 1) disposição do aluno para aprender; 2) O material didático desenvolvido, que deve ser, sobretudo, significativo para o aluno. Somente dessa forma é que se dará a verdadeira compreensão de conceitos e proposições, o que im- plica na posse de significados claros e intransferíveis. Para a avaliação consistente da aprendizagem sig- nificativa, o método válido e prático, segundo Au- subel, consiste em buscar soluções de problemas diversos através de testes de compreensão, utili- zando-se de recursos diferentes daqueles, utilizados anteriormente no material instrucional. Para que se possa constatar, de fato, se o aluno desenvolveu ou não, às habilidades necessárias à aquisição da aprendizagem significativa. A Teoria da aprendizagem de Ausubel objeti- va, portanto, facilitar a aprendizagem do aluno, através da psicologia da aprendizagem significati- va. Diz ele, que: “Se eu tivesse que reduzir toda a psicologia educa- cional a um único princípio, diria isto: o fato isolado mais importante que informação na aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece. Descubra o que ele sabe e baseie isso nos seus ensinamentos”. A aprendizagem significativa é elemento essencial ao processo de aquisição do conhecimento do alu- no, fundamental para o novo papel do professor e a função social da escola Sugestão de Leitura: EDUCAÇÃO - PMSJ2 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA A educação escolar deve exercitar a democracia e a cidadania, enquanto direito social, através da apro- priação e produção dos conhecimentos. Para tanto, faz-se necessária a buscade uma sociedade isenta de seletividade e discriminação, libertadora, crítica, reflexiva e dinâmica, onde homens e mulheres se- jam sujeitos de sua própria história. Parte-se, portanto, do pressuposto de que o homem [...] é efetivamente cidadão, se pode efetivamente usufruir dos bens materiais necessários para a sus- tentação da sua existência física, dos bens simbóli- cos necessários para a sustentação de sua existência subjetiva e dos bens políticos necessários para a sus- tentação de sua existência social (SEVERINO, 1994, p. 98). Neste sentido, ser cidadão implica em participar e apropriar-se das condições materiais, sociais e cul- turais onde as relações (de poder) sejam democráti- cas, com igualdade de oportunidades, pois a de- mocracia é aquela característica de uma sociedade que garante à totalidade de seus membros essas condições (SEVERINO, 1994, p. 64). Contudo, a escola por si só não forma cidadãos, mas pode preparar, instrumentalizar e proporcionar condições para que seus alunos possam se firmar e construir sua cidadania. Ela é uma instituição que sofre a influência de, e influencia aquilo que ac- ontece ao seu redor, portanto, não é neutra, mas resultante da totalidade de atos, ações, valores e princípios da realidade histórica que interfere nos seus procedimentos. Nesta perspectiva, a escola deverá buscar sua au- tonomia e competência como espaço de decisão que trabalhe na direção de [...] que as crianças e os jovens aprendam, diminua a repetência e aumente a permanência (...). Que a passagem por ela resulte na apropriação de conhecimentos e habilidades sig- nificativas para não só participar da sociedade, mas principalmente, ser atuante e determinante no pro- cesso de transformação (SANTA CATARINA, 1991, p. 11). Ao dizer “que as crianças e os jovens aprendam,” entende-se que aprender não significa memorizar. A aprendizagem é compreendida, na perspectiva histórico-cultural, como um processo de experiência partilhada, de comunhão de situações, de diálogo, de colaboração. O aprendizado é um processo de trocas, portanto, social (sujeito-sujeito-objeto). Diminuir a repetên- cia e aumentar a permanência implica na revisão da avaliação que se processa na escola. FINALIDADES DA ESCOLA Das finalidades estabelecidas na legislação em vig- or, o que a escola persegue, com maior ou menor ênfase: • Finalidade cultural: para compreensão da socie- dade em que vivem. • Finalidade política e social: participação política e cidadania. • Finalidade de formação profissional: a com- preensão do papel do trabalho. 3EDUCAÇÃO - PMSJ • Finalidade humanística: o desenvolvimento inte- gral da pessoa. LEITURA DOS ALUNOS. A exigência da sociedade frente aos avanços tec- nológicos e as transformações econômicas e cul- turais colocam cada vez mais a necessidade de a escola voltar-se para a produção do conhecimento na construção dos bens sociais, culturais e materiais para o exercício da cidadania, exigindo dos educa- dores uma postura crítica frente a esta realidade. PERCURSO FORMATIVO E O CURRICULO Percurso Formativo, visa superar o etapismo es- colar e a razão fragmentária que ainda predomi- na na organização curricular. Todo currículo está situado num tempo e num es- paço específicos, pois apresenta características e necessidades políticas, econômicas e culturais de determinada época, envolvendo escolhas e toma- das de decisão dos sujeitos que compõem esse per- curso. Compreende-se o currículo como processo, abrangendo um conjunto de relações, que vão da prescrição à ação, das deliberações administrativas às práticas pedagógicas. Assim, o currículo da Rede Municipal de São José ao longo das últimas décadas, vem se constituin- do a partir de anseios e práticas pedagógicas da coletividade dos sujeitos com ele envolvidos, na busca pela qualificação dos processos educacio- nais. A proposta Curricular de São José propõem a con- strução de uma fazer pedagógico que trabalhe os Conhecimento de forma integrada e transversal, rompendo as fronteiras disciplinares e a EDUCAÇÃO BANCÁRIA. Essas Diretrizes convergem com as Diretrizes Curric- ulares Nacionais (2013), as quais propõem uma con- strução curricular autônoma com base nos princípi- os educativos discutidos, considerando as vivências do/da estudante e a transversalidade e a integração das Áreas do Conhecimento. Assim, o currículo não é tido como delineamen- to impositivo que determina começo, meio e fim das aprendizagens, mas como um percurso para empreendê-las. O currículo não deve consistir em um conjunto de Componentes Curriculares isolados, mas apresentar uma visão articuladora, respeitando a organização e a integração das Áreas do Conhecimento. Deve, ain- da, oportunizar autonomia às unidades educativas para selecionar temas, estabelecer vínculos inter- setoriais e proporcionar espaços a serem utilizados para tal. Na Educação Básica e, portanto, na escola, a: [...] organização do tempo curricular deve ser con- struída em função das peculiaridades de seu meio e das características próprias dos seus estudantes, não se restringindo às aulas das várias disciplinas. O percurso formativo deve, nesse sentido, ser aberto e contextualizado, incluindo não só os componentes curriculares centrais obrigatórios, previstos na leg- islação e nas normas educacionais, mas, também, conforme cada projeto escolar, estabelecer outros componentes flexíveis e variáveis que possibilitem percursos formativos que atendam aos inúmeros in- teresses, necessidades e características dos educan- dos (BRASIL, 2013, p. 27) Nesse sentido, a articulação entre os Compo- nentes Curriculares serve de ancoragem para a ap- ropriação do conhecimento, preparando os/as es- tudantes para compreenderem e transformarem a si mesmos e aos outros, na interação social situada na cultura e na história, entendendo esses/essas estudantes como sujeitos íntegros e complexos, que não podem ser compreendidos de forma com- partimentada. Sob essa perspectiva, a dialogia entre os Compo- nentes Curriculares é concebida como guia de ação educativa, sob a lógica da articulação entre teoria e prática. Desse modo, o currículo é entendido como o dire- ito, a todos/todas os/as estudantes, de se apropri- arem de conhecimentos das diferentes Áreas, as- sim como de valores, comportamentos e atitudes que lhes permitam compreender o mundo e nele EDUCAÇÃO - PMSJ4 se inserirem criticamente. Assim sendo, no documento que ora se apresenta o currículo não se limita a uma lista de conteúdos, nem se atém aos conhecimentos relacionados à vivência do/da estudante, à realidade regional ou ao conhecimento do cotidiano, nem tampouco o faz exclusivamente aos conhecimentos científicos. O currículo, nesse imbricamento entre o que está próximo ao sujeito e o que está distantedele, preci- sa ser entendido em sua plenitude, tendo em vista todas as dimensões que o compõem, levando em consideração as influências que sofre e quais suas consequências no contexto social maior. O currículo compreendido dessa forma supera a concepção de currículo prescrito ou de caminho único, BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR. BNCC A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendiza- gens essenciais que todos os alunos devem de- senvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), a Base deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas, como também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil. A Base estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Ori- entada pelos princípios éticos, políticos
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