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Abacaxi Fitossanidade

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ABACAXI
Fitossanidade
Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia
Brasília - DF
2000
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Mandioca e Fruticultura
Ministério da Agricultura e do Abastecimento
 Aristóteles Pires de Matos
Organizador
Série Frutas do Brasil, 9
Copyright © 2000 Embrapa/MA
Exemplares desta publicação podem ser solicitados a:
Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia
SAIN Parque Rural - W/3 Norte (final)
Caixa Postal: 040315
CEP 70770-901 - Brasília-DF
Fone: (61) 448-4236
Fax: (61) 340-2753
vendas@spi.embrapa.br
www.spi.embrapa.br
CENAGRI
Esplanada dos Ministérios
Bloco D - Anexo B - Térreo
Caixa Postal: 02432
CEP 70849-970 - Brasília-DF
Fone: (61) 218-2615/2515/321-8360
Fax: (61) 225-2497
cenagri@agricultura.gov.br
Responsável pela edição: José Márcio de Moura Silva
Coordenação editorial: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia
Revisão, normalização bibliográfica e edição: Vitória Rodrigues
Planejamento gráfico e editoração: Marcelo Mancuso da Cunha
1ª edição
1ª impressão (2000): 3.000 exemplares
Todos os direitos reservados.
A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação do Copyright © (Lei nº.9.610).
CIP-Brasil. Catalogação-na-publicação.
Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia.
Abacaxi. Fitossanidade / Aristóteles Pires de Matos, organizador; Embrapa
Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA). — Brasília: Embrapa
Comunicação para Transferência de Tecnologia, 2000.
77p.; il. ; (Frutas do Brasil ; 9).
Inclui bibliografia.
ISBN 85-7383-085-9
1. Abacaxi - Cultivo. 2. Abacaxi - Praga - Manejo integrado. 3. Abacaxi -
Doença - Manejo integrado. 4. Abacaxi - Exportação - Fitossanidade. I. Matos,
Aristóteles Pires de, org. II. Embrapa Mandioca Fruticultura (Cruz das Almas,
BA). III. Série.
 CDD 634.44
 © Embrapa 2000
Embrapa Mandioca e Fruticultura
Rua Embrapa, s/nº
Caixa Postal 007
CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BA
Fone: (75) 721-2120
Fax: (75) 721-1118
sac@cnpmf.embrapa.br
www.cnpmf.embrapa.br
AAUTUTORESORES
Aristóteles Pires de Matos
Engº Agrº, MSc, PhD, Embrapa Mandioca e Fruticultura, Caixa Postal 007, 44.380-000, Cruz das Almas, Bahia,
E-mail apmatos@cnpmf.embrapa.br
Dilson da Cunha Costa
Engº Agrº, MSc, Embrapa mandioca e Fruticultura, Caixa Postal 007, 44380-000 Cruz das Almas, Bahia,
E-mail dcosta@cnpmf.embrapa.br
Jairo Ribeiro da Silva
Engº Agrº, MSc, Secretaria de Defesa Sanitária Vegetal, Ministério da Agricultura, Brasília, DF
Luiz Francisco da Silva Souza
Engº Agrº, MSc, Embrapa Mandioca e Fruticultura, Caixa Postal 007, 44380-000 Cruz das Almas, Bahia,
E-mail lfranc@cnpmf.embrapa.br
Nilton Fritzon Sanches
Engº Agrº, MSc, Embrapa Mandioca e Fruticultura, Caixa Postal 007, 44380-000 Cruz das Almas, Bahia,
E-mail: sanches@cnpmf.embrapa.br
Zilton José Maciel Cordeiro
Engº Agrº, MSc, DS, Embrapa Mandioca e Fruticultura, Caixa Postal 007, 44.380-000, Cruz das Almas, Bahia,
E-mailZilton@cnpmf.embrapa.br
APRESENTAPRESENTAÇÃOAÇÃO
Uma das caraterísticas do Programa Avança Brasil é a de conduzir os empreendi-
mentos do Estado, concretizando as metas que propiciem ganhos sociais e institucionais
para as comunidades às quais se destinam. O trabalho é feito para que, ao final da
implantação de uma infra-estrutura de produção, as comunidades envolvidas acrescen-
tem, às obras de engenharia civil requeridas, o aprendizado em habilitação e organização,
que lhes permita gerar emprego e renda, agregando valor aos bens e serviços produzidos.
O Ministério da Agricultura e do Abastecimento participa desse esforço, com o
objetivo de qualificar nossas frutas para vencer as barreiras que lhes são impostas no
comércio internacional. O zelo e a segurança alimentar que ajudam a compor um
diagnóstico de qualidade com sanidade são itens muito importantes na competição com
outros países produtores.
Essas preocupações orientaram a concepção e a implantação do Programa de Apoio
à Produção e Exportação de Frutas, Hortaliças, Flores e Plantas Ornamentais – FRUPEX.
O Programa Avança Brasil, com esses mesmos fins, promove o empreendimento
Inovação Tecnológica para a Fruticultura Irrigada no Semi-árido Nordestino.
Este Manual reúne conhecimentos técnicos sobre a fitossanidade do abacaxi. Tais
conhecimentos foram reunidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –
Embrapa – em parceria com as demais instituições do Sistema Nacional de Pesquisa
Agropecuária, para dar melhores condições de trabalho ao setor produtivo, preocupado
em alcançar padrões adequados para a exportação.
As orientações que se encontram neste Manual são o resultado da parceria entre o
Estado e o setor produtivo. As grandes beneficiadas serão as comunidades para as quais
as obras de engenharia também levarão ganhos sociais e institucionais incontestáveis.
Tirem todo o proveito possível desses conhecimentos.
Marcus Vinicius Pratini de Moraes
Ministro da Agricultura e do Abastecimento
SUMÁRIOSUMÁRIO
CAPÍTULO 1
FITOSSANIDADE NA EXPORTAÇÃO DE ABACAXI .................................................................... 9
Importância ..................................................................................................................................................... 9
Termos e conceitos ........................................................................................................................................ 9
Praga ................................................................................................................................................................ 9
Fitossanidade .................................................................................................................................................. 9
Pragas Quarentenárias ................................................................................................................................. 10
Erradicação ................................................................................................................................................... 10
Inspeção ........................................................................................................................................................ 10
Quarentena pós-entrada .............................................................................................................................. 11
Monitoramento ............................................................................................................................................. 11
Área livre ....................................................................................................................................................... 11
Planos de contingência ou emergência ...................................................................................................... 11
Tratamento pós-colheita.............................................................................................................................. 11
Exigencias para exportação ......................................................................................................................... 12
CAPÍTULO 2
MANEJO INTEGRADO DAS PRAGAS E DOENÇAS DO ABACAXI ........................................ 13
Introdução..................................................................................................................................................... 13
Desenvolvimento dos problemas fitossanitários ...................................................................................... 13
Ambiente e localização do pomar .............................................................................................................. 14
Tipo e origem do material de plantio .........................................................................................................14
Implantação e condução do plantio ........................................................................................................... 15
CAPÍTULO 3
PRAGAS ............................................................................................................................................................ 17
Broca-do-Fruto (Thecla basalides) ................................................................................................................. 17
Murcha associada à cochonilha (Dysmicoccus brevipes) ................................................................................ 19
Broca-do-talo (Castnia icarus) ....................................................................................................................... 23
Ácaro-alaranjado (Dolichotetranychus floridanus) ........................................................................................... 25
CAPÍTULO 4
DOENÇAS ....................................................................................................................................................... 27
Fusariose (Fusarium subglutinans) .................................................................................................................. 27
Mancha-negra-do-fruto (Penicillium funiculosum e Fusarium moniliforme) .................................................... 31
Podridão-negra-do-fruto (Chalara (thielaviopsis) paradoxa) ......................................................................... 33
Podridão-do-olho (Phytophthora nicotiana var. parasitica) ............................................................................ 34
Podridão-das-raízes (Phytophthora cinnamomi) ............................................................................................. 36
Podridão-da-base-da muda (Chalara (thielaviopsis) paradoxa) ..................................................................... 38
Mancha-amarela (Tomato spotted wilt virus) ........................................................................................... 39
CAPÍTULO 5
NEMATOSES ................................................................................................................................................. 41
Nematóides das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) ...................................................................... 41
Outros nematóides ...................................................................................................................................... 45
Medidas de controle ..................................................................................................................................... 46
CAPÍTULO 6
PROBLEMAS DE CAUSA ABIÓTICA ................................................................................................... 48
Queima-solar................................................................................................................................................. 48
Murcha por estresse hídrico ........................................................................................................................ 49
Fasciação ....................................................................................................................................................... 50
Escurecimento ou brunimento interno ..................................................................................................... 50
Fruto-macho ................................................................................................................................................. 51
Deficiências nutricionais .............................................................................................................................. 52
Sintomas de deficiências minerais .............................................................................................................. 52
Deficiência de nitrogênio ............................................................................................................................ 52
Deficiência de fósforo ................................................................................................................................. 52
Deficiência de enxofre ................................................................................................................................. 52
Deficiência de potássio ................................................................................................................................ 52
Deficiência de cálcio .................................................................................................................................... 53
Deficiência de magnésio .............................................................................................................................. 53
Deficiência de ferro ...................................................................................................................................... 53
Deficiência de manganês ............................................................................................................................. 53
Deficiência de zinco ..................................................................................................................................... 55
Deficiência de cobre .................................................................................................................................... 55
Deficiência de boro ...................................................................................................................................... 55
Deficiência de molibdênio .......................................................................................................................... 56
Avaliação do estado nutricional do abacaxizeiro ...................................................................................... 56
CAPÍTULO 7
USO DE AGROTÓXICOS EM ABACAXIZEIRO ............................................................................. 58
Introdução..................................................................................................................................................... 58
A fruticultura e os agrotóxicos ................................................................................................................... 58
Agrotóxicos ................................................................................................................................................... 58
Receituário agronômico ............................................................................................................................... 60
Elaboração da receita ................................................................................................................................... 60
A tecnologia e os cuidados na aplicação de agrotóxicos .......................................................................... 62
Identificação do problema .......................................................................................................................... 62
Época de aplicação ....................................................................................................................................... 63
Escolha do produto ..................................................................................................................................... 63
Aplicação do agrotóxico .............................................................................................................................. 64
Cuidados antes da aplicação ........................................................................................................................ 64
Cuidados durante a aplicação ...................................................................................................................... 65
Cuidados depois da aplicação .....................................................................................................................66
Manutenção dos equipamentos de pulverização ...................................................................................... 66
CAPÍTULO 8
ENDEREÇO ÚTEIS .................................................................................................................................... 68
CAPÍTULO 9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 71
CAPÍTULO 10
GLOSSÁRIO .................................................................................................................................................... 75
99Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9 Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade
1
se levarem ao produtor informações práti-
cas e objetivas, que possibilitem a
internalização das informações e a conse-
qüente aplicação de novos conhecimentos
para a solução dos problemas nas próprias
áreas de produção.
TERMOS E CONCEITTERMOS E CONCEITOSOS
PragaPraga
De acordo com o Artigo II do novo
texto da Convenção Internacional para
Proteção de Vegetais adotado na XX Ses-
são da Conferência da Organização das
Nações Unidas para Alimentação e Agri-
cultura (FAO), assim como pela Resolução
14/79, promulgada pelo Decreto n.º 318,
de 31 de outubro de 1991 e publicado no
Diário Oficial da União (DOU) de 1º de
novembro de 1991, o termo praga significa
qualquer forma de vida vegetal ou animal,
ou qualquer agente patogênico daninho ou
potencialmente daninho para os vegetais
ou produtos vegetais.
FitossanidadeFitossanidade
A presença de pragas constitui, por-
tanto, motivo de preocupação para o agri-
cultor por representar uma ameaça cons-
tante à sua produção vegetal.
As pragas podem disseminar-se de
uma região para outra por agentes naturais,
como por exemplo o vento e os pássaros,
ou ainda por vias criadas pelo homem, o
qual, sem dúvida, vem contribuindo para
tal dispersão desde que se engajou na agri-
cultura. Nesse sentido, o homem tem de-
sempenhado um papel de destaque devido
à expansão dos movimentos migratórios
das populações, à intensificação do comér-
cio internacional e ao progresso dos meios
de transporte (terrestre, marítimo e aéreo),
IMPORTÂNCIAIMPORTÂNCIA
Com uma produção mundial de cerca
de treze milhões de toneladas, o abacaxi
ocupa lugar de destaque entre as principais
frutas tropicais no comércio internacional.
O Brasil, com uma produção superior a um
milhão e setecentas mil toneladas, é o se-
gundo produtor mundial de abacaxi, sendo
superado apenas pela Tailândia. Em 1998,
o valor da produção brasileira de abacaxi foi
superior a três milhões e oitocentos mil
dólares. Apesar de sua importância como
grande produtor mundial, o Brasil tem par-
ticipação inexpressiva no mercado interna-
cional dessa fruta. Praticamente, toda a
produção nacional é comercializada no
mercado interno com uma pequena parce-
la, estimada em 1% da produção nacional,
exportada sobretudo para o Uruguai e a
Argentina.
E embora o Brasil seja um grande
produtor e consumidor de abacaxi, a
abacaxicultura brasileira enfrenta sérios
problemas, especialmente de ordem
fitossanitária, nas fases de produção e pós-
colheita, que limitam a sua inserção no
mercado internacional. Além disso, exis-
tem exigências específicas da parte dos países
importadores de frutas frescas, que devem
necessariamente ser atendidas. Em primei-
ro lugar, são feitas rigorosas restrições à
entrada de frutas portadoras de organismos
exóticos, que possam representar risco para
a agricultura do país importador. Outra
restrição importante diz respeito aos
agrotóxicos utilizados e a seus resíduos, os
quais são objeto de vigilância permanente.
Esses fatores e condições mostram a
importância da fitossanidade na exportação
dessa fruta e apontam para a necessidade de
FITOSSANIDADE NA
EXPORTAÇÃO DE
ABACAXI
Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade1010
fatos que ampliaram substancialmente os
riscos de disseminação de pragas.
No início do século, os países passa-
ram a adotar maior controle sanitário, a fim
de evitar o ingresso e o estabelecimento de
pragas exóticas, já pensando na proteção da
agricultura e do meio ambiente. O conjunto
de práticas, medidas ou métodos para im-
pedir a introdução e o estabelecimento,
bem como controlar essas pragas, consti-
tui-se no que se denomina defesa sanitária
vegetal, quarentena vegetal ou fitossanidade.
A quarentena vegetal, que as autorida-
des públicas de um país impõem aos de-
mais, restringe a entrada de plantas, produ-
tos vegetais (frutas, sementes, folhas) e
culturas de organismos vivos, assim como
material de embalagem e até mesmo
contêineres nos quais os produtos são trans-
portados. Com isso, cada governo protege
sua agricultura das pragas inexistentes no
seu território. A partir de 1º de janeiro de
1995, as medidas quarentenárias têm sido
estabelecidas com base em evidências bio-
lógicas e jamais por razões políticas ou
econômicas, conforme determina o Acor-
do de Marrakesh, do qual o Brasil é signa-
tário, e que criou a Organização Mundial do
Comércio, da qual nosso país é membro.
Pragas QuarentenáriasPragas Quarentenárias
Segundo o texto da Convenção Inter-
nacional para a Proteção das Plantas apro-
vado em Roma em 1979 - referendado pelo
Governo Brasileiro pelo Decreto Legislativo
n.º 12 de 1985 - define-se como praga
quarentenária para um determinado país,
todo organismo de natureza animal ou ve-
getal que, não estando presente no país,
apresenta características de ser potencial
causador de importantes danos econômi-
cos se nele introduzido.
Existem dois tipos de praga
quarentenária:
Praga quarentenária A1 - aquela que
ainda não está presente no país;
Praga quarentenária A2 - aquela que já
está presente no país, porém não se encon-
tra amplamente distribuída, ou seja, exis-
tem áreas e/ou regiões geográficas em que
a praga não está estabelecida e que possuem
programas oficiais de controle.
Para que uma praga seja considerada
quarentenária A2 para o Brasil, é preciso
obter esse reconhecimento por parte dos
demais países que, com o Brasil, compõem
a região da América do Sul conhecida como
Cone Sul (Argentina Chile, Paraguai e Uru-
guai), por meio do seu Comitê de Sanidade
Vegetal - COSAVE. Tal procedimento foi
acordado pela Resolução Única da V Reu-
nião do Conselho de Ministros do
COSAVE, em 12 de junho de 1995 e ado-
tado pela Portaria Ministerial n.º 641, de 10
de outubro de 1995, publicada no DOU da
mesma data. Por esses mesmos instrumen-
tos, foram criadas e adotadas, pelo Brasil, as
Diretivas para o Reconhecimento de Áreas
Livres de Pragas.
ErradicaçãoErradicação
A introdução de uma nova praga e/
ou doença nos países tem em geral forte
repercussão social e econômica. Um bom
exemplo é o da mosca-do-mediterrâneo
(uma praga de frutos) no estado da
Califórnia, Estados Unidos da América
que, no período de 1980 a 1982, represen-
tou para aquele país perdas de 100 milhões
de dólares nas vendas de frutas e o dispên-
dio de outros 100 milhões para erradicá-la.
O processo de erradicação consiste
na eliminação total de uma praga, seja por
métodos químicos, seja por biológicos ou
outros que também se prestem a este pro-
pósito.
InspeçãoInspeção
Como o trânsito de plantas ou de suas
partes, por meio de turistas ou do comércio
internacional e regional, representa uma
ameaça para qualquer país ou região, são
necessários atos normativos e pessoal qua-
lificado para a fiscalização e inspeção inte-
restadual ou internacional desses produtos.
1111Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9 Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade
Os profissionais desta área atuam geral-
mente em portos, aeroportos e postos de
fronteira, executando tarefas rotineiras de
inspeção de vegetais, emissão de certifica-
do fitossanitário, fornecimentode atesta-
dos liberatórios, apreensão, interdição e
destruição de material suspeito.
A inspeção corresponde ao exame vi-
sual e minucioso, com o auxílio de instru-
mentos próprios para a detecção de sinais e
sintomas de organismos exóticos. Suas téc-
nicas podem incluir uma série de exames
destinados a constatar a presença tanto de
ovos de ácaros e insetos como da estrutura
de reprodução de fungos e outros agentes,
quer em plantas quer em produtos de ori-
gem vegetal, ou no material de embalagem.
Esse procedimento permite que só os pro-
dutos tidos como livres de pragas
quarentenárias entrem no país.
Quarentena pós-entradaQuarentena pós-entrada
Quando os exames não acusam a pre-
sença de pragas, o inspetor responsável
pela quarentena fornece um atestado que
garante a fitossanidade da partida e, em
conseqüência, a sua liberação. Em
contraposição, se o produto for considera-
do de alto risco, passará pela análise da
quarentena pós-entrada que consiste no
envio do produto a uma estação
quarentenária a fim de ser examinado sob
condições de isolamento que indicarão se o
produto será liberado ou destruído, geral-
mente por meio de incineração.
MonitoramentoMonitoramento
No caso das frutas destinadas à expor-
tação, deve-se em princípio escolher as
cultivares mais resistentes às pragas, cujos
frutos tenham boa aceitação pelo mercado
a que se destinam. O monitoramento da
região onde o pomar está localizado é indis-
pensável para a manutenção de boas condi-
ções fitossanitárias. O monitoramento do
plantio deve ser feito mediante visitas peri-
ódicas por profissionais qualificados, nas
diferentes épocas do ano e nas diversas
fases fenológicas da cultura. Tais visitas
têm o objetivo de verificar a ocorrência de
pragas, proceder ao exame da qualidade e
da quantidade dos insetos capturados pelas
armadilhas adequadamente distribuídas pelo
pomar, para subsidiar uma avaliação do
estado fitossanitário do abacaxizal e poder
adotar as medidas cabíveis com a maior
brevidade possível.
Área livreÁrea livre
Não se constatando na região inspeci-
onada a presença de pragas quarentenárias,
ela poderá ser considerada área livre, embo-
ra deva seguir, necessariamente, um amplo
plano de monitoramento, envolvendo ar-
madilhas, eliminação dos hospedeiros po-
tenciais de pragas específicas e assistência
da estação quarentenária, onde serão reali-
zados testes semelhantes aos descritos no
processo de quarentena na pós-entrada. A
Portaria Ministerial n.º 641, de 10 de outu-
bro de 1995, publicada no DOU da mesma
data, assim como as Diretivas para o Reco-
nhecimento de Áreas Livres de Pragas,
preconizadas pela FAO, regulamentam o
estabelecimento de áreas livres.
Planos de contingência ouPlanos de contingência ou
emergênciaemergência
Se numa área considerada livre for
detectada alguma praga, entrarão em vigor
os chamados planos de contingência ou
emergência. Estes consistem na
implementação de medidas para impedir a
proliferação da praga, envolvendo a inten-
sificação de pulverizações com agrotóxicos,
aumento no número de armadilhas e da
quantidade de atrativo, e a remoção de
material para exame em estações
quarentenárias.
Tratamento pós-colheitaTratamento pós-colheita
O período de tempo entre a colheita e
a comercialização dos frutos de abacaxi gira
em torno de 22 dias, dependendo da distân-
cia entre o centro produtor e o mercado
consumidor. Para que um fruto colhido
possa chegar ao seu destino em boas condi-
ções, alguns cuidados especiais devem ser
Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade1212
tomados. Durante a colheita, o transporte,
a lavagem, o tratamento químico e o acon-
dicionamento, os frutos devem ser manu-
seados com bastante cuidado, evitando
ferimentos os quais podem ser rapidamen-
te colonizados por patógenos, especialmente
Chalara (Thielaviopsis) paradoxa, agente causal
da podridão-negra do abacaxi, a mais impor-
tante doença em pós-colheita dessa fruta.
Exigencias para exportaçãoExigencias para exportação
As exigências para a exportação de
abacaxi dependem de cada país importa-
dor. Na Argentina, por exemplo, o Serviço
Nacional de Sanidade e Qualidade
Agroalimentar – Senasa exige que a merca-
doria cumpra as normas de qualidade co-
mercial, agrotóxicos e condições para o seu
consumo. Ao chegar naquele país, a partida
será submetida à inspeção de rotina e serão
colhidas amostras do material para posterior
análise em laboratório.
Sabe-se que somente a alta qualidade
de frutos produzidos, livres de pragas, de
doenças e de distúrbios fisiológicos, é capaz
de conquistar novos mercados. Existem,
entretanto, exigências específicas por parte
dos países importadores que devem ser
atendidas, como a entrada de frutas porta-
doras de organismos ameaçadores à agri-
cultura do país e frutos com excesso de
resíduos agrotóxicos. Ainda com respeito a
restrições, as embalagens de madeira têm
sido alvo de exigências, pois muitas delas
podem servir de veículo para introdução de
pragas, como o besouro-chinês (Anoplophora
glabripennis). Esse besouro, recentemente
estabelecido nos Estados Unidos, nos esta-
dos de Nova Iorque e Illinois, preocupa as
autoridades de sanidade vegetal daquele
país por constituir uma ameaça concreta às
regiões americanas produtoras de madeira.
Nesse particular já existem restrições no
Chile e também no Brasil onde, em novem-
bro de 1999, os Ministérios da Fazenda, da
Agricultura e do Abastecimento editaram a
Portaria Interministerial n.º 499, de 3 de
novembro de 1999, publicada no DOU do
dia 5 de novembro de 1999, sobre o assunto.
Assim sendo, é muito importante que
o exportador em potencial verifique as exi-
gências do país importador. Para tanto, é
recomendável buscar informações sobre o
assunto junto ao adido agrícola na embaixa-
da ou consulado do país para onde se deseja
exportar, informações estas que podem ser
complementadas por meio de contatos com
outros exportadores.
1313Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9 Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade
2MANEJO INTEGRADODAS PRAGAS E
DOENÇAS DO
ABACAXI
Figura 1.Figura 1. Interação entre os fatores responsáveis pelo desenvolvimento de problemas
fitossanitários na cultura do abacaxizeiro.
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
A crescente demanda, pelos consumi-
dores, por produtos de boa aparência e
qualidade, aliada ao menor uso de
agrotóxicos, tem feito com que os produto-
res que se dedicam à fruticultura de expor-
tação adotem, cada vez mais, práticas inte-
gradas de manejo de pragas e doenças em
seus pomares. Neste sentido, as práticas e
cuidados abordados neste Manual devem
ser implementados, sempre que possível,
visando à redução do uso de agrotóxicos,
sem, contudo, causar decréscimo na produ-
ção de frutos nem em suas qualidades.
DESENVDESENVOLOLVIMENTVIMENTO DOSO DOS
PROBLEMAS FITPROBLEMAS FITOSSANITÁRIOSOSSANITÁRIOS
Para que determinado problema
fitossanitário se estabeleça em maior ou
menor intensidade sobre uma cultura, é
necessária a integração de quatro compo-
nentes importantes no seu processo
epidemiológico: hospedeiro suscetível; pre-
sença de pragas e patógenos; ambiente fa-
vorável; e a ação de vetores e do próprio
homem (Figura 1). Quando um ou mais dos
três primeiros fatores ocorrem de maneira
desfavorável, ou quando o homem inter-
vém com o objetivo de controlar as pragas
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Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade1414
e doenças, os problemas fitossanitários não
ocorrem ou ocorrem em níveis insignifi-
cantes. Por outro lado, o homem e os
vetores podem agir como disseminadores
de pragas e doenças fazendo com que de-
terminados problemas fitossanitários apa-
reçam em lugares onde eles não existiam,
ou então tornando-os mais severos.AMBIENTE E LAMBIENTE E LOCALIZAÇÃOOCALIZAÇÃO
DO POMARDO POMAR
O abacaxi é uma planta originária da
região amazônica, razão pela qual as áreas
localizadas na faixa compreendida entre os
paralelos 25ºN e 25ºS são consideradas as
mais adequadas ao seu cultivo. Entretanto,
pomares comerciais de abacaxi podem ser
encontrados fora dessa faixa como é o caso
da região de Assam, na Índia, a 30º45’N, e
de Port Elizabeth, na África do Sul, 33º58’S.
A faixa ótima de temperatura para que
o abacaxizeiro possa expressar seu melhor
desenvolvimento das raízes e da parte aérea
situa-se entre 22ºC e 32ºC, porém ele é
capaz de suportar temperaturas de até 40ºC,
embora haja risco de queima das folhas. As
temperaturas mínimas registradas, onde
ainda se observa crescimento do abaca-
xizeiro, estão em torno de 5ºC. No entanto,
sob condições de baixa temperatura o de-
senvolvimento da planta é muito lento.
Outro fator ambiental importante no
cultivo do abacaxizeiro é a precipitação
pluviométrica. Chuvas bem distribuídas,
num total de 1.000 a 1.500 mm por ano, são
suficientes para propiciar bom crescimento
e produção ao abacaxizeiro. Porém, plantios
comerciais têm sido encontrados tanto em
regiões onde a precipitação anual é de 500
a 600 mm, quanto acima de 3.000 mm.
Para a instalação do plantio, deve-se
escolher um terreno plano ou de declividade
inferior a 5%, cujo solo apresente profun-
didade superior a 70 cm, textura média ou
arenosa, pH entre 4,5 e 5,5 e boa drenagem,
devendo-se dar preferência a áreas próxi-
mas a reservatórios de água, devido à neces-
sidade de sua utilização na mistura de pro-
dutos químicos.
TIPO E ORIGEM DO MATIPO E ORIGEM DO MATERIALTERIAL
DE PLANTIODE PLANTIO
 O primeiro passo para a instalação de
um pomar sadio e produtivo consiste na
utilização de material de plantio de boa
qualidade e procedência. Os padrões míni-
mos de qualidade para produção, transpor-
te e comercialização de mudas de
abacaxizeiro, baseados na Portaria n.º 384,
de 15 de dezembro de 1980, publicada no
DOU de 17 de dezembro de 1980, são a
seguir especificados: o comprimento da
muda, a partir do colo, deverá ser de 20 cm
a 40 cm para qualquer variedade, exceto
para as mudas do tipo coroa, cujo compri-
mento mínimo não poderá ser inferior a
15 cm; mudas da cultivar Pérola ou simila-
res deverão pesar entre 150 a 250 gramas e as
de Smooth Cayenne, de 200 a 350 gramas; as
mudas deverão estar isentas de pragas e
moléstias e não apresentarem danos mecâni-
cos; a comercialização das mudas poderá ser
a granel ou em embalagem ventilada.
O abacaxizeiro produz, naturalmente,
quatro tipos de mudas: rebentão, filhote-
rebentão, filhote e coroa (Figura 2). Além
dessas mudas, podem ser obtidas por
seccionamento do caule de plantas que já
produziram. Todas estas mudas possuem
características distintas que devem ser con-
sideradas no momento de escolher o tipo
do material a ser utilizado para a instalação
de novos pomares:
• Rebentão. É a mais precoce das
mudas do abacaxizeiro. Porém, devido pro-
vavelmente ao seu desenvolvimento a par-
tir de gemas situadas na base do caule,
região geralmente infectada pelo fungo
Fusarium subglutinans, agente causal da
fusariose, os rebentões apresentam alta in-
cidência dessa doença, o que limita seu uso
como material de plantio.
• Filhote rebentão. Muda que se
forma na base do pedúnculo, o filhote
1515Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9 Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade
rebentão, como o próprio nome indica,
apresenta características tanto das mudas
tipo filhote quanto dos rebentões.
• Filhote. Originados de gemas situ-
adas na região apical do pedúnculo, próxi-
ma da base dos frutos, os filhotes são as
mudas formadas em maior número no
abacaxizeiro. Apesar de serem menos pre-
coces do que o rebentão e de apresentarem
altos percentuais de infecção pela fusariose,
os filhotes têm sido o material de plantio
preferido pelos produtores, especialmente
na cultivar Pérola.
• Coroas. Localizadas no topo dos
frutos, as coroas só são utilizadas como
material de plantio em regiões onde os
frutos são destinados à indústria. Além de
possuírem ciclo mais longo do que os de-
mais tipos de mudas e apresentarem alta
suscetibilidade a F. subglutinans, as coroas
são também facilmente atacadas por outros
patógenos.
• Plântulas ou mudas de secção de
caule. Produzidas em condições de vivei-
ro, a partir de plantas que já produziram
frutos, as plântulas apresentam como prin-
cipal vantagem sua sanidade no que diz
respeito à fusariose, mais grave doença da
abacaxicultura brasileira.
A escolha da variedade a ser cultiva-
da deve ser feita com base na sua aceitação
pelo mercado consumidor onde devem ser
colocados os frutos. Deve também ser leva-
da em conta a sua capacidade de adaptação
às condições de clima e ao solo da região.
Outro ponto importante diz respeito à dis-
ponibilidade de mudas de boa qualidade
para a instalação do plantio.
IMPLANTIMPLANTAÇÃO EAÇÃO E
CONDUÇÃO DO PLANTIOCONDUÇÃO DO PLANTIO
Com uma antecedência de 60 a 90
dias, devem-se coletar amostras de solos
para análise. Esta antecedência se faz neces-
sária uma vez que, sendo preciso realizar a
correção do solo, esta será efetuada em
tempo hábil.
Em áreas virgens, o preparo do solo
consiste em roçagem, destoca, encoiva-
ramento, queima, aração e gradagem. Caso
a área tenha sido anteriormente cultivada
com abacaxi, deve-se proceder à incorpo-
ração dos restos culturais, a menos que
tenha ocorrido incidência de pragas e doen-
ças no cultivo precedente. A aração e a
gradagem deverão ser efetuadas nos dois
sentidos do terreno a uma profundidade de
30 cm.
Como regra geral, sob condições
de sequeiro, o plantio do abacaxizeiro
deve ser efetuado no final da estação seca
e início das chuvas, dando-se preferência a
espaçamentos mais adensados, em fileiras
simples ou duplas, que permitam um nú-
mero mínimo em torno de 37.000 plantas
por hectare.
É importante, durante o ciclo da
cultura, manter o abacaxizal livre das plan-
tas invasoras, especialmente nos primeiros
seis meses após o plantio. Capinas manuais,
cobertura morta ou aplicação de herbicidas
são as medidas mais comumente emprega-
das no controle do mato. Cultivadores à
tração animal têm uso restrito aos primei-
ros meses após o plantio.
A adubação deve ser feita sempre
com base na análise do solo. Na primeira
adubação, realizada um a dois meses após o
Figura 2.Figura 2. Planta de abacaxizeiro mos-
trando os diferentes tipos de mudas.
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Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade1616
plantio, o adubo deve ser colocado no solo,
próximo da planta, enquanto na segunda e
na terceira adubações, o adubo tanto pode
ser colocado no solo quanto na axila das
folhas basais. A decisão sobre a escolha das
fontes dos nutrientes deverá ser fundamen-
tada, dentre outros aspectos, no custo por
unidade do nutriente em questão.
A época de floração do abacaxizeiro,
e por conseguinte da colheita, pode ser
antecipada e uniformizada mediante a aplica-
ção de fitorreguladores, sendo o carbureto
de cálcio e o ácido 2-cloroetilfosfônico os
mais utilizados. Além de possibilitar
escalonamento e homogeneidade na pro-
dução, com reflexos positivos na renda do
produtor, a prática da indução floral permi-
te também que se programe o desenvolvi-
mento da inflorescência e do fruto em
épocas desfavoráveis à incidência da
fusariose, o que constitui vantagem adicio-
nal desta prática.
1717Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9 Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade
3PRAGAS
Figura 3.Figura 3. ( ) Locais onde a broca-do-fruto já foi encon-
trada em abacaxi.
Algumas espécies de insetos,ácaros, nematóides e sínfilospodem afetar a produção do
abacaxizeiro, assumindopapel de pragas e
trazendo prejuízos acentuados ao produtor.
Cerca de 85 espécies de organismos já
foram encontradas associadas com o aba-
caxi no mundo. No Brasil, 29 espécies de
artrópodos, pertencentes às ordens
Homoptera, Coleoptera, Hymenoptera,
Lepidoptera, Isoptera, Hemiptera e
Thysanoptera, já foram relatadas em asso-
ciação com esta cultura. Entre esses, a
cochonilha Dysmicoccus brevipes (Cockerell,
1893), a broca-do-fruto, Thecla basalides
(Geyer, 1837), a broca-do-talo, Castnia ica-
rus (Cramer, 1775) e o ácaro-alaranjado,
Dolichotetranycus floridanus (Banks, 1900) têm
sido considerados como causadores de pro-
blemas à abacaxicultura.
BROCA-DOBROCA-DO-FRUT-FRUTOO
((Thecla basalidesThecla basalides))
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
A broca-do-fruto Thecla basalides
(Geyer, 1837) é considerada uma das prin-
cipais pragas do abacaxi no Brasil. Presente
praticamente em todas as regiões produto-
ras, T. basalides já foi encontrada sobre Ananas
ananassoides (Baker) L. B. Smith, var. typicus
L. B. Smith, e em plantas pertencentes ao
gênero Achmea. Fora da família Brome-
liaceae, a praga pode ser encontrada em
Heliconia.
DISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃO
A broca-do-fruto ocorre em todo o
continente americano, desde o México até
a Argentina, atacando, além do abacaxizeiro,
espécies de bromeliáceas nativas. No Brasil
é encontrada, praticamente, em todas as
regiões produtoras (Figura 3).
DESCRIÇÃO E CICLDESCRIÇÃO E CICLO DE VIDO DE VIDAA
O adulto pode ser encontrado, duran-
te todo o dia, voando de um modo rápido
e irregular, realizando as posturas dos ovos
nas inflorescências, desde a emergência
destas no centro da roseta foliar até o
fechamento das últimas flores. Após esta
fase, não mais ocorre a oviposição na planta.
Os ovos são brancos, circulares, leve-
mente achatados e possuem 0,8 mm de
diâmetro.
Cerca de cinco dias após a postura, a
lagarta eclode e imediatamente começa a
procurar um local entre os frutilhos, onde
inicia a perfuração da inflorescência, per-
manecendo no interior desta em torno de
Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade1818
15 dias, abrindo galerias e destruindo os
tecidos. Ao completar o seu desenvolvimen-
to, a lagarta pode atingir de 18 mm a 20 mm
de comprimento por 6 mm de largura,
apresenta coloração avermelhada e aspecto
típico de “lesma” ou “tatuzinho-de-jardim”
(Figura 4). Após essa fase de destruição, ela
desce até a base do pedúnculo, transfor-
mando-se em uma pupa, de coloração cas-
tanha, com pequenas manchas escuras,
medindo 12 mm de comprimento e 5 mm
de largura. Sete a dez dias após, emerge o
adulto, uma borboleta de pequenas dimen-
sões (28 mm a 35 mm de envergadura), de
coloração cinzento-ardósia na face superior
das asas, e pardo-clara, na inferior (Figura 5).
DDANOS E EFEITANOS E EFEITOSOS
ECONÔMICOSECONÔMICOS
À medida que os tecidos da
inflorescência vão sendo destruídos pela
lagarta (Figura 6), ocorre a exsudação de
uma resina incolor e fluida que, em contato
com o ar, torna-se amarelada e, ao solidifi-
car-se, apresenta coloração marrom-escura.
Mesmo que algumas vezes a lagarta
também possa penetrar na inflorescência
pelo olho do frutilho (cavidade floral), nor-
malmente é possível diferenciar um ataque
da broca da ocorrência da doença fusariose,
pelo local da exsudação da resina na
inflorescência: no ataque da fusariose, a
resina exsuda a partir do olho do frutilho
enquanto que aquela exsudada entre os
frutilhos, corresponde ao da broca-do-fruto.
 Embora esse inseto possa também
atacar as gemas de mudas na base da
inflorescência, mudinhas em viveiros e, mais
raramente, assumir o hábito de minador de
folhas de abacaxi, na maioria das vezes o
ataque ocorre durante a fase de
florescimento e formação do fruto. Os
danos causados pela broca variam conside-
ravelmente, podendo chegar a mais de 90%.
Em algumas regiões produtoras do Nor-
deste os períodos mais secos parecem
favorecer o seu ataque.
CONTROLECONTROLE
O produtor deve realizar o
monitoramento periódico da praga, desde
o surgimento da inflorescência no centro
da roseta foliar, até o fechamento das últi-
mas flores para observar a ocorrência das
posturas dessa borboleta. Em caso de baixa
incidência, o controle será dispensado, evi-
tando-se gastos desnecessários. Ocorrendo
a praga, deverão ser realizadas quatro apli-
cações de inseticidas (pulverização ou
polvilhamento) em intervalos regulares,
sendo a primeira após a emergência da
inflorescência (antes da abertura das pri-
meiras flores) e as demais até o fechamento
das últimas flores.
Figura 4.Figura 4. Lagarta da Thecla basalides deixando a
inflorescência.
Figura 5.Figura 5. Adulto da broca-do-fruto Thecla basalides.
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1919Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9 Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade
Durante o preparo da calda insetici-
da, quando forem usados agrotóxicos de
formulação pó molhável, deve-se adicionar
um espalhante adesivo à mistura, para pro-
mover a aderência e a distribuição do pro-
duto à superfície da planta.
O polvilhamento na inflorescência
pode ser realizado em pequenas áreas ou
onde a água é escassa, usando-se uma
pequena lata com diminutos furos em sua
base, fazendo com que a quantidade dese-
jada de pó venha a ser facilmente distribu-
ída pela superfície da inflorescência. Um
grama do produto comercial/planta é o
suficiente para o controle da praga. É con-
veniente lembrar que em períodos chuvosos
essa prática não é recomendada pois o pro-
duto pode ser facilmente lavado da planta.
MURCHA ASSOCIADMURCHA ASSOCIADA ÀA À
COCHONILHACOCHONILHA
((Dysmicoccus brevipesDysmicoccus brevipes))
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
A murcha associada à cochonilha
Dysmicoccus brevipes (Cockerell, 1893) é con-
siderada um dos maiores problemas mun-
diais da cultura do abacaxi. Essa doença foi
detectada em 1910, no Havaí e, desde en-
tão, vem causando elevados prejuízos aos
abacaxicultores. Apesar de conhecida há
longo tempo, a murcha é ainda um proble-
ma de etiologia não totalmente esclarecida:
a presença de D. brevipes em plantas sinto-
máticas fez com que, por muito tempo, a
murcha fosse considerada como resultante
do ataque deste inseto. A constatação de
partículas virais em plantas atacadas, entre-
tanto, tem indicado a possibilidade do
envolvimento desse agente na etiologia da
murcha.
DISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃO
A murcha associada à cochonilha é
um problema que ocorre em todas as regiões
produtoras de abacaxi do mundo. No Brasil,
encontra-se disseminada por todo o país
(Figura 7).
DESCRIÇÃO E CICLDESCRIÇÃO E CICLO DE VIDO DE VIDAA
D. brevipes possui um grande número
de hospedeiros, podendo ser observada
também nas culturas de arroz, batatinha,
algodão, banana, milho, sorgo, cana-de-açúcar,
Figura 6.Figura 6. Inflorescência atacada pela broca-do-fruto: emissão de dejetos de um
frutilho.
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Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade2020
Brachiaria plantaginea, entre outros, assim
como em plantas invasoras como Cyperus sp.
(dandá ou tiririca).
Essa cochonilha é, normalmente, en-
contrada vivendo em colônias, na base das
folhas e nas raízes do abacaxizeiro (Figura 8).
A fêmea possui um corpo ovalado, leve-
mente rosado, coberto por uma massa
cerosa branca, de aspecto farinhento, cir-
cundado por vários apêndices cerosos bran-
cos, e medindo 0,5 mm (ninfa) a 2,5 mm
(adulto) de comprimento. O macho é me-
nor, medindo de 0,5 mm (ninfa) a 1,20 mm
(adulto) de comprimento, normalmente en-
contrado dentro de formações cerosas se-
melhantes a pequenos flocos de algodão.
Cada fêmea adulta pode gerar em seu perí-
odo de vida, em média,295 descendentes,
ovipositando, aproximadamente, 5 ovos/dia.
DDANOS E CONSEQÜÊNCIASANOS E CONSEQÜÊNCIAS
ECONÔMICASECONÔMICAS
Os sintomas iniciais da murcha associ-
ada à cochonilha ocorrem nas raízes que
paralisam o crescimento e apodrecem. Na
Figura 7. Figura 7. ( ) Locais onde a murcha associada à
cochonilha já foi encontrada em abacaxi.
Figura 8.Figura 8. Abacaxizeiro com alta infestação da cochonilha Dysmicoccus brevipes.
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2121Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9 Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade
parte aérea, as folhas expressam coloração
avermelhada e os bordos se curvam para
baixo e para dentro. Com o desenvolvi-
mento da doença, as folhas perdem a
turgescência e apresentam seca da região
apical (Figura 9). Uma planta atacada pela
murcha de cochonilha produz fruto peque-
no e de baixo, ou nenhum, valor comercial.
Os prejuízos causados por essa doença
podem, algumas vezes, ultrapassar 70%. A
cultivar Smooth Cayenne é altamente sus-
cetível à murcha, sendo a Pérola um pouco
mais tolerante.
Formigas-doceiras podem viver em
processo simbiótico, por protocooperação,
com a cochonilha: ao mesmo tempo em
que as formigas alimentam-se da secreção
açucarada, produzida pela cochonilha, pro-
tegem aquela praga de seus inimigos natu-
rais, e transportam as ninfas, propiciando a
dispersão da praga entre plantas.
CONTROLECONTROLE
O controle da murcha associada à
cochonilha depende da integração de várias
medidas. A primeira delas consiste na utili-
zação de mudas sadias e com baixa infestação
da cochonilha. Após a colheita das mudas,
essas podem ficar expostas ao sol, na pró-
pria planta, com a base voltada para cima,
por 1 a 2 semanas. Este procedimento,
denominado de cura, auxilia a destruição
das cochonilhas que se encontram nas fo-
lhas mais externas da base da muda.
Caso as mudas estejam altamente in-
festadas pela cochonilha, elas devem ser
tratadas por imersão numa suspensão con-
tendo diazinon ou outro inseticida, e um
espalhante adesivo, por três a cinco minu-
tos. Após o tratamento, deve-se deixar es-
correr o líquido excedente (Figura 10). Tra-
tamento alternativo consiste em utilizar o
tratamento por fumigação, cobrindo as
mudas com uma lona de plástico e aplican-
do-se um grama de fosfina/metro cúbico,
durante 72 horas. Outra opção, menos one-
rosa por exigir menos mão-de-obra, é a
pulverização de uma suspensão de insetici-
da associada a um espalhante adesivo sobre
as mudas ainda aderidas à planta-mãe, após
Figura 9.Figura 9. Abacaxizeiro apresentando sintomas da murcha.
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Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade2222
a colheita do fruto, durante a fase de cres-
cimento (ceva).
D. brevipes deve ser controlada de ma-
neira preventiva durante o ciclo vegetativo
do abacaxizeiro, pulverizando-se as plantas
aos 60, 150 e 240 dias após o plantio, aplican-
do-se, respectivamente, 30 ml, 40 ml e 60 ml,
de uma solução inseticida/planta, usando-
se, na oportunidade, um dos produtos
registrados para este fim.
É também importante destruir os res-
tos da cultura anterior, caso esta tenha
Figura 10.Figura 10. Tratamento de mudas de abacaxi por imersão em solução inseticida.
manifestado infestação pela cochonilha, a
fim de eliminar focos, evitando assim a
disseminação da praga. Além disso, deve-se
manter a cultura livre de plantas daninhas,
uma vez que essas servem de fontes de
alimento e abrigo para algumas espécies de
formigas-doceiras, já referidas como
simbiontes da praga.
Um bom preparo do solo ajuda a
destruir os ninhos das formigas-doceiras,
porém, em áreas com alta infestação desta
praga, deve-se realizar o seu controle para
evitar a disseminação da cochonilha.
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2323Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9 Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade
Figura 11. Figura 11. ( ) Locais onde a broca-do talo já foi
encontrada em abacaxi.
Figura 12. Figura 12. Adulto da broca-do-talo Castnia icarus.
BROCA-DOBROCA-DO--TTALALOO
((Castnia icarusCastnia icarus))
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
A broca-do-talo Castnia icarus (Cramer,
1775), também conhecida como broca-do-
olho, broca-do-caule, broca-gigante e
lepidobroca, além de atacar o abacaxi, pode
também ser encontrada em pseudocaule de
bananeira e outras musáceas no Amazonas
e no Pará.
DISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃO
A ocorrência dessa praga está restrita
ao Norte e Nordeste do Brasil onde já foi
relatada em regiões produtoras de abacaxi
dos estados do Amazonas, da Bahia, do
Rio Grande do Norte, da Paraíba, de
Pernambuco, de Alagoas e de Sergipe
(Figura 11).
DESCRIÇÃO E CICLDESCRIÇÃO E CICLO DE VIDO DE VIDAA
Na fase adulta é uma mariposa com
cerca de 34 mm de comprimento e 87 mm
105 mm de envergadura (Figura 12). As
asas apresentam uma forte coloração mar-
rom com reflexo verde nas anteriores, e
vermelho, nas posteriores.
As posturas são realizadas durante o dia,
na base das folhas mais externas da planta. Os
ovos, facilmente reconhecidos, são ovóides-
alongados com 6 mm de comprimento e
2,7 mm de diâmetro, e apresentam uma
coloração rosa-alaranjada (Figura 13).
Após a eclosão, a lagarta perfura as
folhas, procurando penetrar no talo. Em
seu interior, vai abrindo galerias, destruin-
do os tecidos. As lagartas, de coloração
branco-amarelada, podem atingir 60 mm
de comprimento ou mais (Figura 14).
Quando a lagarta atinge o seu comple-
to desenvolvimento, confecciona um casu-
lo, usando as fibras do talo e, em seguida,
transforma-se em pupa, de coloração mar-
rom-escura.
DDANOS E EFEITANOS E EFEITOSOS
ECONÔMICOSECONÔMICOS
Uma vez no interior da planta, a lagar-
ta alimenta-se dos tecidos, abrindo galeria
no talo e promovendo o definhamento e a
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Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade2424
morte da planta afetada. Os sintomas de seu
ataque são as folhas seccionadas na região
basal, o “olho morto” (Figura 15), a presen-
ça de resina misturada com dejetos, na base
das folhas e a emissão de rebentão.
Apenas uma lagarta é o suficiente para
destruir uma planta. Em áreas infestadas, já
foram constatados danos variando de 0,6%
a 80%.
CONTROLECONTROLE
Como a broca-do-talo pode ocorrer
praticamente durante todo o ciclo da cultu-
ra, o controle químico torna-se demasiado
caro, fazendo com que o controle mecâni-
co seja, ainda, a opção mais econômica.
Durante o monitoramento dessa praga, o
agricultor deve arrancar as plantas atacadas
e, com auxílio de um facão, cortar o caule
até localizar a lagarta e destruí-la. Esta prá-
tica, ao ser adotada por todos os produtores
da região, fará com que o nível populacional
da praga decresça, gradativamente, a cada
ciclo da cultura.
Figura 13.Figura 13. Ovo da Castnia icarus.
Figura 14.Figura 14. Pupa, casulo e lagarta da
Castnia icarus.
Figura 15.Figura 15. Abacaxizeiro apresentando um sintoma de ataque por broca-do-talo:
“olho morto”.
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2525Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9 Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade
ÁCAROÁCARO-ALARANJADO-ALARANJADO
((Dolichotetranychus floridanusDolichotetranychus floridanus))
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
Também conhecido como ácaro-pla-
no-da-base-das-folhas, o ácaro-alaranjado
Dolichotetranhycus floridabus (Banks, 1900) é
uma praga que, além de atacar o abacaxizeiro,
já foi também encontrada sobre orquídeas,
bambus e algumas gramíneas.
DISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃO
D. floridanusestá presente em quase
todas as regiões produtoras de abacaxi do
Brasil e do mundo em ocorrência variável.
Em períodos secos e quentes, durante o
ciclo da cultura, a praga se apresenta em
níveis populacionais mais elevados, em com-
paração com épocas mais frias e chuvosas
(Figura 16).
DESCRIÇÃO E CICLDESCRIÇÃO E CICLO DE VIDO DE VIDAA
De coloração alaranjada, D. floridanus
tem corpo alongado cujo comprimento
pode variar de 0,300 mm a 0,366 mm. A
largura da fêmea, 0,130 mm, é maior que a
do macho, 0,120 mm. Além disso, o
opistossoma do macho termina afilado. A
despeito de sua dimensão reduzida, o ácaro-
alaranjado pode ser visto a olho nu, devido
à sua forte coloração. Uma colônia obser-
vada sob microscópio estereoscópico evi-
dencia adultos, formas jovens, exúvias bran-
cas e ovos alaranjados agrupados em áreas
necrosadas.
DDANOS E CONSEQÜÊNCIASANOS E CONSEQÜÊNCIAS
ECONÔMICASECONÔMICAS
As colônias do ácaro-alaranjado loca-
lizam-se na parte aclorofilada das folhas
(base das folhas) onde causam lesões nos
tecidos (Figura 17). Os maiores danos cau-
sados por este ácaro ocorrem nos tecidos
tenros como os de mudas novas de abacaxi,
provenientes de campos de produção de
mudas por seccionamento do talo. Na Côte
d’Ivoire, em 1982, populações elevadas
Figura 16. Figura 16. ( ) Locais onde o ácaro-alaranjado já foi
encontrado em abacaxi.
Figura 17.Figura 17. Lesões na base das folhas de abacaxizeiro
ocasionadas pelo ácaro-alaranjado Dolichotetranychus
floridanus.
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Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade2626
desse ácaro chegaram a causar fortes defor-
mações nas folhas da coroa do fruto, impe-
dindo a exportação de parte da produção de
abacaxi.
CONTROLECONTROLE
A destruição dos restos de cultura,
assim como das plantas invasoras, é uma
forma de evitar novas fontes de infestação.
O ácaro-alaranjado também pode ser
controlado pelos produtos fosforados apli-
cados para o controle da cochonilha
Dysmicoccus brevipes, no tratamento de mudas
ou durante o ciclo vegetativo.
2727Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9 Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade
4DOENÇAS
O abacaxizeiro é uma plantaque pode ser afetada por umagrande variedade de doen-
ças causadas por fungos, bactérias e vírus,
além de anomalias de origem não parasitá-
ria. Embora existam poucas informações
sobre a importância e o efeito de alguns
agentes patogênicos sobre o rendimento
desta cultura, considera-se que, no Brasil, a
fusariose é a doença mais destrutiva do
abacaxizeiro, enquanto, em outras regiões
produtoras do mundo, a mancha-negra
constitui a doença mais grave. Também
graves são as podridões do olho e de raízes
que, a depender das condições ambientais,
podem provocar perdas consideráveis na
produção nas principais regiões produtoras
do mundo, incluindo o Brasil. Em pós-
colheita, a podridão-negra é considerada a
mais grave doença do abacaxizeiro princi-
palmente quando os frutos são destinados
ao consumo in natura.
FUSARIOSEFUSARIOSE
Fusarium subglutinansFusarium subglutinans
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
Descrita pela primeira vez em 1964,
em São Paulo, sobre frutos da cultivar
Smooth Cayenne, a fusariose, causada pelo
fungo Fusarium subglutinans (Wollenw. &
Reinking) Nelson, Tousson & Marasas
comb. nov., anamorfa de Giberella fujikuroi
(Saw.) Wollewn. var. subglutinans Edw. é a
doença mais grave do abacaxizeiro no Bra-
sil. Presente também na Bolívia, onde foi
constatada em 1992 em frutos e mudas da
cultivar Red Spanish, a fusariose constitui-
se em séria ameaça à abacaxicultura mundi-
al tendo em vista a suscetibilidade a esta
doença manifestada pelas cultivares de aba-
caxi que apresentam participação expressi-
va na produção dessa cultura no mundo.
DISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃO
A fusariose está presente nas princi-
pais regiões produtoras de abacaxi do Bra-
sil, excetuando-se os estados do Tocantins
e do Pará. Na Bolívia, essa doença já foi
detectada em plantios localizados nas regiões
de Santa Cruz de la Sierra e El Chapare.
(Figura 18).
Figura 18. Figura 18. ( ) Locais onde a fusiariose já foi encontra-
da em abacaxi.
ORGANISMO CAORGANISMO CAUSADOR EUSADOR E
SINTSINTOMASOMAS
O agente causal da fusariose é o fungo
Fusarium subglutinans (Wollenw. & Reinking)
Nelson, Tousson & Marasas comb. nov.,
anamorfa de Giberella fujikuroi (Saw.)
Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade2828
Wollewn. var. subglutinans Edw. Outras
sinonímias para o patógeno são: Fusarium
moniliforme Sheld. var. subglutinans Wollenw.
& Reinking, Fusarium sacchari (Butter) Gams
var. subglutinans (Wollenw. & Reinking)
Niremberg, e Fusarium moniliforme Sheldon
emend. Snyd. & Hans. ‘Subglutinans’ sensu
Snyd., Hans. & Oswald. Embora sejam
encontrados em várias regiões do mundo
sobre uma ampla gama de hospedeiros, os
isolados de F. subglutinans oriundos de plan-
tas do abacaxizeiro têm demonstrado
patogenicidade apenas a esta cultura.
F. subglutinans sobrevive em material
propagativo, o qual é infectado quando
ainda aderido à planta-mãe. Mudas doen-
tes, principalmente aquelas com infecção
incipiente, podem não ser descartadas du-
rante a seleção pré-plantio, sendo levadas
ao campo, constituindo, assim, o inóculo
inicial. Plantios abandonados, devido à in-
cidência de fusariose, constituem também
importantes fontes de inóculo.
Tanto no material propagativo quanto
nas plantas em desenvolvimento vegetativo,
F. subglutinans incita lesões localizadas geral-
mente na região inferior do caule e na parte
basal, aclorofilada das folhas inseridas nesta
região. A exsudação de uma substância
gomosa pode ser facilmente observada na
região infectada. Outros sintomas exter-
nos, geralmente observados em plantas sob
condições de campo, porém menos fre-
qüentes no material propagativo, são: a)
curvatura do caule, geralmente para o lado
onde se localiza a infecção; b) encurtamen-
to do caule; c) modificação na filotaxia,
aumentando o número de folhas por espi-
ral; d) redução no comprimento das folhas;
e) redução no desenvolvimento geral da
planta; f) clorose; g) e morte da planta
(Figura 19).
Nos frutos, os sintomas da fusariose
caracterizam-se pela exsudação de goma
através da cavidade floral (Figura 20). A
polpa, na região infectada, apresenta-se
apodrecida com os lóculos do ovário cheios
de goma (Figura 21). Externamente, os
frutilhos afetados evidenciam descolora-
ção amarronzada e, em conseqüência da
exaustão dos tecidos internos, apresentam-
se em nível inferior em comparação com os
vizinhos sadios.
Figura 19. Figura 19. Sintoma de fusariose em muda, tipo filhote, de abacaxizeiro.
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2929Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9 Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade
Figura 20.Figura 20. Fruto de abacaxi Pérola ex-
pressando sintoma de fusariose, carac-
terizado pela exsudação de goma a
partir do frutilho infectado.
DDANOS E EFEITANOS E EFEITOSOS
ECONÔMICOSECONÔMICOS
As flores abertas são os principais
sítios de infecção do patógeno. Ferimentos
na superfície da planta hospedeira, resul-
tantes do processo normal de crescimento
ou da ação de fatores exógenos, constituem
também sítios de infecção.
A movimentação de material
propagativo infectado é o principal veículo
de disseminação da doença. Uma vez intro-
duzido em uma região, o patógeno é disse-
minado pelo vento, chuva e insetos
visitadores da inflorescência.
Dentro de uma mesma região produ-
tora, a incidência da fusariose varia de acor-
do com a época de produção, estando esse
efeito relacionado com a precipitação plu-
vial e a temperatura. A associação de eleva-
das precipitações pluviais com temperatu-
ras amenas, durante o desenvolvimentodas
inflorescências, favorece a incidência da
doença.
Figura 21.Figura 21. Fruto de abacaxi mostrando sintoma na polpa em decorrência da
incidência da fusariose.
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Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade3030
Os prejuízos devidos à fusariose são
decorrentes da infecção e morte de mudas,
morte de plantas durante o desenvolvimen-
to vegetativo e podridão dos frutos, que
perdem seu valor comercial. Em épocas
favoráveis, a incidência da doença F.
subglutinans pode causar perdas superiores a
80% na produção de frutos. Além do efeito
direto no fruto, o patógeno infecta aproxi-
madamente 40% do material propagativo e
causa a morte de cerca de 20% das plantas
antes da colheita.
CONTROLECONTROLE
Controle culturalControle cultural
O controle satisfatório da fusariose do
abacaxizeiro requer a integração de práticas
culturais e de controle químico, sendo que
a primeira medida a ser implementada con-
siste na redução do inóculo inicial median-
te utilização de material propagativo sadio
para a instalação dos novos plantios. Mudas
sadias podem ser produzidas tanto por
seccionamento do caule, quanto por
micropropagação.
Durante a fase de crescimento
vegetativo, é necessário efetuar inspeções
periódicas do plantio, a fim de erradicar
todas as plantas que expressarem sintomas
da fusariose. Esta ação é complementada
com a eliminação dos restos culturais e de
plantios abandonados, principalmente aque-
les onde ocorreu elevada incidência da
fusariose.
Considerando o efeito sazonal sobre a
incidência da fusariose nos frutos, o estabe-
lecimento de um programa de escape à
doença, fundamentado em sua curva de
incidência na região produtora, constitui
medida eficiente de controle.
Controle químicoControle químico
Para a produção de frutos em épocas
favoráveis à incidência da fusariose é neces-
sária a implementação do controle químico
da doença. As pulverizações devem ser
iniciadas com o surgimento das inflo-
rescências na roseta foliar, o que ocorre
cerca de 45 dias após o tratamento de
indução floral (TIF), e suspensas após o
fechamento das flores, aproximadamente,
três meses após TIF. Embora vários produ-
tos sejam eficientes no controle da fusariose,
benomyl e captan são os registrados para
este propósito. Tendo em vista a associação
de insetos, principalmente a T. basalides,
com F. subglutinans, deve-se adicionar um
inseticida, como o carbaril, à calda fungicida,
para aumentar a eficiência de controle.
Controle genéticoControle genético
O plantio de variedades resistentes é o
método mais eficiente e econômico de con-
trole de doenças de plantas. No caso espe-
cífico da fusariose do abacaxizeiro, resis-
tência varietal foi inicialmente detectada,
em observações de campo, no final da
década de sessenta, e, em seguida, confir-
mada mediante inoculação artificial. Den-
tre os genótipos resistentes, destacam-se
Perolera e Manzana cultivados em algumas
regiões produtoras do mundo, a exemplo
da Colômbia, e Primavera. Híbridos resis-
tentes e com boas características agronômi-
cas vêm sendo obtidos, demonstrando o
alto potencial do melhoramento genético
como medida de controle da fusariose do
abacaxizeiro.
3131Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9 Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade
MANCHA-NEGRA-DOMANCHA-NEGRA-DO-FRUT-FRUTOO
Penicillium funiculosumPenicillium funiculosum e e
Fusarium moniliformeFusarium moniliforme
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
A mancha-negra-do-fruto do
abacaxizeiro é uma das mais graves doenças
do abacaxi em todo o mundo, especialmen-
te sobre a cultivar Smooth Cayenne, cujos
frutos afetados não expressam sintomas
externos, dificultando o seu descarte du-
rante o processamento em pós-colheita.
DISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃO
A mancha-negra-do-fruto é encontra-
da, praticamente, em todas as regiões pro-
dutoras de abacaxi do mundo, variando em
severidade, dentro de uma mesma região,
de acordo com a época de colheita. Esta
doença encontra-se disseminada em todo o
Brasil, ocorrendo em maior intensidade em
regiões quentes e de baixa umidade
relativa(Figura 22).
ORGANISMO CAORGANISMO CAUSADOR EUSADOR E
SINTSINTOMASOMAS
A mancha-negra-do-fruto do
abacaxizeiro é uma doença atribuída à in-
fecção das inflorescências por Penicillium
funiculosum Thom e/ou Fusarium moniliforme
Sheldon.
A expressão externa de sintomas da
mancha-negra-do-fruto depende da culti-
var. Frutos infectados de Smooth Cayenne,
cultivar de maior participação no mercado
internacional, não evidenciam sintomas
externos; já os de Queen e Perolera expres-
sam coloração amarelo-alaranjada nos
frutilhos infectados, os quais se apresentam
em nível inferior em comparação com os
sadios circundantes. Em algumas cultiva-
res, os frutilhos atacados permanecem ver-
des durante a maturação. Internamente, os
sintomas da mancha-negra caracterizam-se
pelo desenvolvimento no frutilho infecta-
do de uma podridão mole, de coloração
Figura 22.Figura 22. ( ) Locais onde a mancha-negra-do-fruto já
foi encontrada em abacaxi.
marrom-clara que passa a marrom-escura
(Figura 23). Eventualmente, essa doença ma-
nifesta-se sob a forma de uma podridão dura.
À semelhança do que ocorre com a
fusariose, o agente causal da mancha-ne-
gra-do-fruto infecta a inflorescência em
desenvolvimento através das flores abertas.
Porém, no que se refere à mancha-negra-
do-fruto, a sua ocorrência depende da pre-
sença de ácaros na inflorescência, especial-
mente o Steneotarsonemus ananas, vetor do
patógeno causal da doença.
DDANOS E EFEITANOS E EFEITOSOS
ECONÔMICOSECONÔMICOS
A mancha-negra-do-fruto do
abacaxizeiro apresenta incidência variável
de acordo com a época de produção. A
ocorrência de chuva seguida de período
seco, antes da abertura das flores, condiciona
Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade3232
alta incidência da doença nos frutos os
quais perdem o valor comercial devido ao
apodrecimento da polpa, resultando em
prejuízos acentuados ao produtor.
A principal característica da doença
nas cultivares Pérola e Smooth Cayenne é
a não expressão de sintomas externos,
conferindo ao fruto um aspecto sadio.
Devido à ausência de sintomas externos
em frutos infectados de algumas varieda-
des, é praticamente impossível descartar
esses frutos os quais são levados ao merca-
do de fruta in natura.
CONTROLECONTROLE
O controle da mancha-negra-do-fruto
do abacaxizeiro tem-se mostrado uma práti-
ca bastante difícil, fundamentando-se quase
exclusivamente na aplicação de produtos
químicos para controlar a entomofauna
presente nas inflorescências, em especial o
ácaro S. ananas. Em todo o mundo, a man-
cha-negra-do-fruto tem sido controlada me-
diante aplicações do produto endosulfan.
As pulverizações devem ser iniciadas logo
após a indução floral e serem suspensas
quando ocorrer o fechamento das flores.
Figura 23.Figura 23. Sintoma interno de mancha-negra em fruto de abacaxi Pérola.
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3333Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9 Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade
PODRIDÃOPODRIDÃO-NEGRA-DO-NEGRA-DO--
FRUTFRUTOO
ChalaraChalara ( (ThielaviopsisThielaviopsis)) paradoxa paradoxa
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
A podridão-negra-do-fruto do
abacaxizeiro, também conhecida como
podridão-mole, é uma doença de pós-co-
lheita de ocorrência significativa, principal-
mente, em frutos destinados ao mercado de
fruta fresca. Perdas também ocorrem nos
frutos destinados à indústria, neste caso
variando de acordo com o período de tem-
po decorrido entre a colheita e o pro-
cessamento.
DISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃO
Doença amplamente difundida nas
áreas tropicais, a podridão-negra-do-frutoestá presente em todas as regiões produto-
ras de abacaxi do mundo. No Brasil, essa
doença é observada, em maior ou menor
intensidade, em todos os estados onde se
pratica a abacaxicultura.
ORGANISMO CAORGANISMO CAUSAL EUSAL E
SINTSINTOMASOMAS
O agente causal da podridão-negra-
do-fruto do abacaxizeiro é o fungo Chalara
(Thielaviopsis) paradoxa, cuja forma perfeita
corresponde à Ceratocystis frimbriata Ell. &
Halst.
A infecção de frutos do abacaxizeiro
por C. (T.) paradoxa pode ocorrer por duas
vias distintas: a) através de ferimentos no
pedúnculo, em decorrência do corte da
colheita, e da remoção das mudas tipo
filhote; b) por meio de ferimentos na casca,
resultantes do manuseio e transporte inade-
quados. A partir do ferimento no pedúnculo,
o patógeno avança pelo eixo central em
direção ao ápice do fruto e mais lentamente
na polpa, dando origem a uma lesão em
formato de cone, de coloração amarela
intensa (Figura 25). Ocorrendo a infecção
via ferimento na epiderme, a lesão progride
de fora para dentro em direção ao eixo
Figura 24.Figura 24. ( ) Locais onde a podridão-negra-do fruto
já foi encontrada em abacaxi.
central do fruto, causando apodrecimento
da polpa. Com o desenvolvimento da doen-
ça toda a polpa liqüefaz-se, o suco exsuda
restando no interior do fruto apenas as
fibras dos feixes vasculares, escurecidas.
DDANOS E CONSEQÜÊNCIASANOS E CONSEQÜÊNCIAS
ECONÔMICASECONÔMICAS
As condições favoráveis à incidência da
podridão-negra-do-fruto caracterizam-se por
umidade relativa elevada, associada a tempe-
raturas amenas. Além disso, a ocorrência de
chuva durante a colheita resulta, geralmente,
em altos percentuais de frutos infectados, os
quais perdem o valor comercial.
CONTROLECONTROLE
O controle da podridão-negra-do-fru-
to tem início no momento da colheita que
deve ser procedida cortando-se o pedúnculo,
a aproximadamente, 2 cm da base do fruto.
Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade3434
PODRIDÃOPODRIDÃO-DO-DO--OLHOOLHO
Phytophthora nicotianaPhytophthora nicotiana var. var.
parasiticaparasitica
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
A podridão-do-olho é uma das mais
sérias doenças do abacaxizeiro que vem
adquirindo importância econômica, espe-
cialmente em plantios conduzidos sob con-
dições irrigadas.
DISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃO
A podridão-do-olho é uma doença
disseminada em todas as regiões produto-
ras do mundo. No Brasil, apesar de ocor-
rências esporádicas em todas as regiões
produtoras, essa doença não tem sido con-
siderada uma ameaça para a cultura do
abacaxi. Porém, sua incidência tem aumen-
tado em áreas irrigadas (Figura 26).
ORGANISMO CAORGANISMO CAUSAL EUSAL E
SINTSINTOMASOMAS
O agente causal da podridão-do-olho
do abacaxizeiro é o fungo Phytophthora
nicotiana van Brenda de Haan var. parasitica
(Dastur) Waterhouse, um habitante do solo
que pode infectar a planta do abacaxizeiro
em qualquer estádio de desenvolvimento.
A disposição das folhas do abacaxizeiro
facilita a deposição de propágulos do
patógeno, seja por salpicos de água ou de
terra úmida resultantes de chuvas fortes,
seja pela água que escorre na superfície da
folha em direção à parte basal da planta. Os
zoósporos do fungo, atraídos por tactismo,
encistam nos tricomas, germinam, pene-
tram e crescem intercelularmente, atingin-
do o mesófilo.
Uma planta de abacaxi infectada por
P. nicotiana var. parasitica apresenta, inicial-
mente, alterações nas folhas mais novas que
na folha D, que passam da coloração verde
normal ao amarelo-fosco e cinza, enquanto
aquelas mais velhas não sofrem alteração na
cor. Com o desenvolvimento da doença,
Figura 25.Figura 25. Fruto de abacaxi Pérola mostrando sintoma da
podridão-negra.
As demais medidas de controle dessa doen-
ça são: a) evitar ferimentos na superfície do
fruto durante a colheita e em pós-colheita;
b) eliminar os restos culturais nas proximi-
dades da área onde os frutos são armazena-
dos e processados; c) reduzir ao mínimo o
período entre a colheita e o processamento
dos frutos; d) armazenar e transportar os
frutos sob refrigeração, em temperatura
próxima de 12ºC; e) tratar o corte da colhei-
ta e os ferimentos resultantes da remoção
dos filhotes, com fungicidas benzimidazóis.
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3535Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9 Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade
pode-se observar na parte basal, aclorofilada,
das folhas atacadas, lesões translúcidas que
se expandem rapidamente. Esta expansão,
entretanto, é bloqueada na parte verde in-
tensa da folha, podendo-se notar claramen-
te uma zona marrom-escura que separa os
tecidos sadios e infectados (Figura 27). A
partir da base das folhas, o patógeno atinge
o caule, provocando apodrecimento e mor-
te do olho da planta, o qual pode ser remo-
vido por inteiro, evidenciando uma podri-
dão-mole, com odor desagradável devido à
invasão por organismos secundários.
DDANOS E CONSEQÜÊNCIASANOS E CONSEQÜÊNCIAS
ECONÔMICASECONÔMICAS
 P. nicotiana var. parasitica é um fungo
habitante do solo que, embora possa infectar
o abacaxizeiro em qualquer estádio de de-
senvolvimento, tem preferência pelos perí-
odos após o plantio e a indução floral.
Uma característica importante da po-
dridão-do-olho é o fato de as coroas apre-
sentarem maior suscetibilidade ao patógeno
do que os outros tipos de muda.
CONTROLECONTROLE
O controle da podridão-do-olho do
abacaxizeiro deve ser uma atividade roti-
neira, tendo como alvo os períodos críticos
da cultura, favoráveis ao desenvolvimento
da doença, ou seja, imediatamente após o
plantio e o tratamento de indução floral.
Para tanto, é necessária a implementação de
medidas envolvendo práticas culturais e de
controle químico. Dentre as práticas cultu-
rais, destacam-se: a) escolha da área onde
instalar o novo plantio, devendo-se evitar
solos mal drenados ou sujeitos a
encharcamento; b) a realização da calagem
deve ser feita de maneira cuidadosa, pois o
patógeno torna-se mais eficiente em solos
com valores de pH próximos da neutralida-
de, c) plantio em camalhões, de cerca de 25
cm de altura, capazes de promover a drena-
gem do solo, reduzindo os riscos de infec-
ção por P. nicotiana var. parasitica; d) não
Figura 26.Figura 26. ( ) Locais onde a podridão-do-olho já foi
encontrada em abacaxi.
utilização das mudas tipo coroa, uma vez
que estas apresentam alta suscetibilidade ao
patógeno; e) não colocação de plantas dani-
nhas sobre as plantas de abacaxi pois esta
prática faz com que o solo contaminado
com P. nicotiana var. parasitica caia na base
das folhas do abacaxizeiro, incitando a in-
fecção.
Em regiões produtoras onde a podri-
dão-do-olho é um problema, o controle
dessa doença deve começar antes da colhei-
ta das mudas, mediante a aplicação de
fungicidas sistêmicos, como o fosetil Al,
duas semanas antes da colheita. Nestas
condições, deve-se também proceder ao
tratamento pré-plantio mediante imersão
das mudas numa calda fungicida, sendo
captan o produto registrado para este fim.
O controle da podridão-do-olho com-
pleta-se com aplicações de fungicidas entre
Frutas do Brasil, 9Frutas do Brasil, 9Abacaxi FitossanidadeAbacaxi Fitossanidade3636
Figura 27.Figura 27. Sintoma de podridão-do-olho em planta de
abacaxizeiro Smooth Cayenne.
a terceira e quarta semanas após o plantio.
Uma semana após o tratamento de indução
floral, deve-se aplicar um fungicida
sistêmico, dirigido para a roseta foliar, a fim
de proteger a inflorescência em desenvolvi-
mento, em especial quando o carbureto de
cálcio for utilizado como indutor.
PODRIDÃOPODRIDÃO-D-DASAS-RAÍZES --RAÍZES -
Phytophthora cinnamomiPhytophthora cinnamomi
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
O abacaxizeiro é uma cultura cujo
sistema radicular é bastante sensível à in-
fecção por fungos de solo, dentre os quais
destaca-se

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