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MINISTÉRIO-PÚBLICO-CONSELHO-TUTELAR-E-AFINS

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1 
 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1 MINISTÉRIO PÚBLICO .............................................................................. 3 
1.1 Como funciona ..................................................................................... 4 
1.2 Quem são ............................................................................................. 4 
1.3 Para conhecimento da lei: .................................................................... 4 
2 O QUE É CONSELHO TUTELAR E PARA QUE SERVE? ....................... 21 
2.1 Quem são os Conselheiros Tutelares? .............................................. 21 
2.2 Não são atribuições do conselho tutelar:............................................ 23 
3 CONSELHO TUTELAR E AS MODIFICAÇÕES PROPORCIONADAS 
PELA LEI n. 12.696/2012. ......................................................................................... 23 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 36 
4 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................... 37 
 
 
 
3 
 
1 MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
Fonte: laradiodelsur.com.ve 
O Ministério Público é uma espécie de "Advocacia Pública”, mantida por lei para 
defender os interesses da administração pública e de toda a população. Fazem parte 
do Ministério Público os Procuradores (federais, estaduais e municipais) e os 
promotores de justiça e do trabalho; a eles cabe a tarefa de defender o interesse que 
não pertence a uma só pessoa, mas a toda a população (interesse público). 
No exercício de suas atribuições constitucionais e legais, o Ministério Público 
pode atuar junto ao judiciário ou não. Por exemplo, quando alguém pratica um crime, 
será acusado por um membro do Ministério Público, que o denunciará ao Judiciário, 
e se a denúncia for aceita, o processo terá seguimento. Entretanto, quando o 
Ministério Público age na defesa de direitos sociais, como os relativos à saúde, à 
educação, os direitos das crianças e dos adolescentes, das pessoas portadoras de 
deficiência, poderá agir extrajudicialmente ou perante o poder Judiciário. 
 
4 
 
1.1 Como funciona 
 
Fonte: escolaaberta3setor.org.br 
Em todos os municípios existe pelo menos um representante do Ministério 
Público, que poderá ser encontrado em sua sede própria ou no fórum da cidade. O 
Ministério Público existe para defender a sociedade de forma coletiva, e não para 
defender o direito ou interesse individual de uma única pessoa. 
1.2 Quem são 
Os membros dos Ministérios Públicos Estaduais e do Distrito Federal são 
chamados de Promotores de Justiça e os membros do Ministério Público Federal e do 
Ministério Público do Trabalho, de Procuradores da República e de Procuradores do 
Trabalho. 
Em quase todas as cidades do país existem Promotores de Justiça. Já os 
Procuradores da República ficam nas capitais, e também em algumas cidades dos 
Estados, com atribuição de atender os demais municípios da mesma região. 
1.3 Para conhecimento da lei: 
 
 
5 
 
 
CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
(Publicada no DOU, Seção 1, de 07/07/2011, págs. 67/68) 
 
RESOLUÇÃO Nº 71 DE 15 DE JUNHO DE 2011. 
 
 
Dispõe sobre a atuação dos membros do 
Ministério Público na defesa do direito 
fundamental à convivência familiar e 
comunitária de crianças e adolescentes em 
acolhimento e dá outras providências. 
 
 
O CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, no exercício das 
atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 130-A, parágrafo 2°, inciso I, da 
Constituição Federal e com arrimo no artigo 19 de seu Regimento Interno, em 
conformidade com a decisão Plenária tomada na 9ª Sessão Extraordinária, realizada 
em 15/06/2011. 
 
CONSIDERANDO que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar 
à criança, ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo 
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e 
opressão, na forma do artigo 227 da Constituição Federal; 
 
CONSIDERANDO que toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e 
educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, 
 
6 
 
assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de 
pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. 
 
CONSIDERANDO que o acolhimento institucional e o acolhimento familiar são 
medidas provisórias e excepcionais, sendo utilizáveis como forma de transição para 
reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para a colocação em família 
substituta, não implicando em privação de liberdade; 
 
CONSIDERANDO que o afastamento da criança ou adolescente do convívio 
familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na 
deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de 
procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável 
legal o exercício do contraditório e da ampla defesa. 
 
CONSIDERANDO que toda criança ou adolescente que estiver inserido em 
programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no 
máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com 
base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de 
forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em 
família substituta 
 
CONSIDERANDO que a permanência da criança e do adolescente em 
programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, 
salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente 
fundamentada pela autoridade judiciária. 
 
CONSIDERANDO que é dever legal do membro do Ministério Público fiscalizar 
as entidades governamentais e não-governamentais referidas no artigo 90 do Estatuto 
da Criança e do Adolescente, destacando-se os programas de proteção referentes à 
colocação familiar e acolhimento institucional; 
 
 
7 
 
 
Fonte: diariosergipano.com.br 
CONSIDERANDO a necessidade de regulamentação da atribuição conferida 
ao Ministério Público pelo artigo 95 da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do 
Adolescente); 
 
CONSIDERANDO a importância da padronização das fiscalizações realizadas 
nas entidades de acolhimento institucional e programas de acolhimento familiar 
promovidas pelo Ministério Público, com vista à atuação integrada da instituição na 
área da infância e juventude; 
 
CONSIDERANDO a conveniência da unificação dos relatórios de fiscalização 
de entidades e programas de acolhimento, a fim de criar e alimentar banco de dados 
deste órgão nacional de controle, 
 
CONSIDERANDO o elevado número de crianças e adolescentes vivendo em 
entidades de acolhimento institucional em todo país, encontrando-se privados do 
direito fundamental à convivência familiar e comunitária, em decorrência do 
enfraquecimento dos vínculos familiares e da ausência de perspectivas de 
reintegração familiar ou colocação em família substituta. 
CONSIDERANDO que os acolhimentos institucional e familiar devem ser 
inseridos no contexto de uma política pública mais abrangente, de cunho intersetorial, 
 
8 
 
a ser instaurado em âmbito municipal, no sentido da plena efetivação do direito à 
convivência familiar de todas as crianças e adolescentes. 
 
CONSIDERANDO, por fim, que o Ministério Público tem o dever institucional 
de defender a ordem jurídica e de zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e 
dos serviços de relevância pública destinados à efetivação dos direitos assegurados 
às crianças e adolescentes pela Lei e pela Constituição Federal, observados os 
princípios da proteção integral e da prioridade absoluta inerentes à matéria, 
RESOLVE:Fonte: silviatereza.com.br 
 
Art. 1º.O membro do Ministério Público com atribuição em matéria de infância 
e juventude não-infracional deve inspecionar pessoalmente os serviços de 
acolhimento institucional e programas de acolhimento familiar sob sua 
responsabilidade. 
§ 1º. Ressalvada a necessidade de comparecimento do membro do Ministério 
Público ao serviço ou programa de acolhimento em período inferior, e considerados 
os índices populacionais oficiais divulgados pelo IBGE, a periodicidade da inspeção 
será: 
 
 
9 
 
a) trimestral, para Municípios com população igual ou inferior a 1 milhão de 
habitantes, adotando-se os meses de março, junho, setembro e dezembro; 
b) quadrimestral para Municípios com população superior a 1 milhão de 
habitantes e igual ou inferior a 5 milhões de habitantes, adotando-se os meses de 
março, julho e novembro para as visitas; e 
c) semestral para Municípios com população superior a 5 milhões de 
habitantes, adotando-se os meses de março e setembro para as visitas. 
§ 1º-A. Em quaisquer casos previstos no parágrafo anterior, a inspeção a ser 
realizada no mês de março, denominada “inspeção anual”, observará critérios de 
maior extensão na avaliação dos serviços de acolhimento institucional e programas 
de acolhimento familiar. 
§ 2º. Nos Municípios contemplados pelos critérios populacionais especificados 
no § 1º, o membro do Ministério Público, caso realize a inspeção nos prazos 
quadrimestral e semestral, deverá adotar as medidas que entender cabíveis a fim de 
viabilizar a análise da situação sociofamiliar e jurídica de crianças e adolescentes em 
acolhimento no prazo máximo semestral estabelecido pelo artigo 19, §1º do ECA. 
 
 
Fonte: apoioaojuridico.xpg.uol.com.br 
§ 3º. As respectivas unidades do Ministério Público devem disponibilizar, ao 
menos, 01 (um) assistente social, 01 (um) psicólogo e 01 (um pedagogo) para 
acompanharem os membros do Ministério Público nas fiscalizações, adotando os 
mecanismos necessários para a constituição da equipe, inclusive realizando 
 
10 
 
convênios com entidades habilitadas para tanto, devendo ser justificada 
semestralmente, perante o Conselho Nacional do Ministério Público, a eventual 
impossibilidade de fazê-lo. 
§ 4º. Os profissionais de Serviço Social, Psicologia e Pedagogia devem prestar 
assessoria técnica ao membro do Ministério Público na matéria de sua especialidade, 
com o objetivo de monitorar e avaliar a qualidade do atendimento prestado pelos 
serviços de acolhimento para o público infanto-juvenil, observando-se, 
prioritariamente, os seguintes critérios para a solicitação de seus serviços: 
 
I. Situações que demandem assessoria no processo de reordenamento dos 
serviços de acolhimento; 
II. Situações que demandem assessoria no processo de articulação entre os 
serviços de acolhimento e os responsáveis pela política de atendimento; 
III. Situações em que se dá o planejamento da implantação de serviços de 
acolhimento nos municípios; 
IV. Situações que demandem a avaliação dos serviços de acolhimento no 
contexto da política para a infância e juventude. 
 
§ 5º. As respectivas unidades do Ministério Público também deverão 
disponibilizar 01 (um) arquiteto e/ou 01 (um) engenheiro, a fim de prestarem 
assessoramento técnico ao membro do Ministério Público nas fiscalizações nas 
matérias de sua especialidade, precipuamente no que se refere à análise da estrutura 
física das entidades de acolhimento e à acessibilidade de pessoas com deficiência. 
§ 6º. A impossibilidade de constituição da equipe interdisciplinar acima referida 
não exime o membro do Ministério Público de realizar as inspeções, na forma do 
estabelecido no caput deste artigo. 
 
Art. 2º. As condições dos serviços de acolhimento institucional e dos programas 
de acolhimento familiar em execução, verificadas durante as inspeções trimestrais, 
quadrimestrais ou semestrais e anual, ou realizadas em período inferior, caso 
necessário, devem ser objeto de relatório a ser enviado à validação da Corregedoria-
Geral da respectiva unidade do Ministério Público, mediante sistema informatizado 
disponível no sítio do CNMP, até o dia 15 (quinze) do mês subsequente, no qual serão 
 
11 
 
registradas as providências tomadas para a promoção do adequado funcionamento, 
sejam judiciais ou administrativas. 
 
Fonte: i0.wp.com/vagasabertas.org 
§ 1º. O relatório será elaborado diretamente no sistema informatizado, 
disponível no sítio do CNMP, mediante o preenchimento de formulário padronizado, 
que conterá dados sobre: 
 
I.– regularização dos serviços de acolhimento institucional e dos programas de 
acolhimento familiar, com os necessários registros e inscrições perante o Conselho 
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA); 
II. - adequação das instalações físicas, recursos humanos, número de crianças 
e adolescentes em acolhimento e programa de atendimento, em conformidade com o 
disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), nas orientações 
técnicas expedidas pelo CONANDA e na normatização do Sistema Único de 
Assistência Social (SUAS); 
III. - perfil das crianças e adolescentes em acolhimento, periodicidade da 
visitação recebida, quando se encontrarem em serviços de acolhimento institucional, 
e observância aos seus direitos fundamentais, preconizados na Constituição Federal 
e no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90); 
IV. - escolarização das crianças e adolescentes em acolhimento, com a 
matrícula e frequência em instituição de ensino obrigatórias; 
 
12 
 
V.- acesso das crianças e adolescentes em acolhimento a atendimento nas 
redes municipais e estadual de saúde; 
VI. - participação de crianças e adolescentes em acolhimento na vida 
comunitária, com a previsão de atividades externas às unidades; 
VII. - adoção das medidas administrativas e judiciais pelos membros do 
Ministério Público para a efetiva garantia do direito à convivência familiar e comunitária 
de crianças e adolescentes em acolhimento e adequação dos serviços e programas 
desenvolvidos à legislação vigente; 
VIII. - considerações gerais e outros dados reputados relevantes. 
 
§ 2º. Da inspeção anual, sempre no mês de março, deverá resultar a 
apresentação de relatório, no prazo previsto no caput deste artigo, com maior 
detalhamento das condições antes referidas, mediante o preenchimento de formulário 
específico a ser acessado e enviado à validação da respectiva Corregedoria-Geral, 
através do mesmo sistema informatizado. 
§ 3º. Os prazos que se encerrarem em sábado, domingo ou feriado ficarão 
prorrogados para o primeiro dia útil subsequente 
§ 4º. Caberá às Corregedorias-Gerais, além do controle periódico das 
inspeções realizadas em cada unidade, o envio dos relatórios validados à Comissão 
da Infância e Juventude do Conselho Nacional do Ministério Público até o último dia 
útil do mês subsequente às inspeções, mediante acesso ao mesmo sistema 
informatizado. 
 
Art. 2º-A. Ato normativo da Corregedoria-Geral da respectiva unidade do 
Ministério Público poderá prever hipótese de dispensa das inspeções trimestrais e 
quadrimestrais nos serviços de acolhimento institucional e programas de acolhimento 
familiar, desde que atendidos critérios objetivos quanto ao respectivo funcionamento. 
 
§ 1º Ao definir os critérios objetivos por ato normativo próprio, a Corregedoria-
Geral da respectiva unidade do Ministério Público deverá prever, dentre outros fatores 
que tenham em consideração circunstâncias específicas locais: 
a) a inexistência de excesso de ocupação; 
 
13 
 
b) a inexistência de crianças e adolescentes em serviço acolhimento 
institucional ou programa de acolhimento familiar sem autorização judicial; 
c) a inclusão das crianças e adolescentes acolhidos no ensino regular ou 
em programa de ensino com proposta curricular adequada; 
d) a inocorrência de descumprimentodo disposto no art. 19, §1º, do ECA, 
constatada na última inspeção realizada. 
§ 2º A dispensa prevista neste artigo deverá ser registrada pela Corregedoria-
Geral de forma individual para cada serviço ou programa sujeito a inspeção nos 
termos desta Resolução. 
§ 3º A eventual dispensa, nos termos previstos neste artigo, não isentará o 
membro da realização da inspeção anual, no mês de março, e de uma inspeção 
semestral, no mês de setembro, cujos formulários serão enviados à validação e 
remetidos ao CNMP nos prazos previstos no artigo anterior. 
§ 4º A Corregedoria-Geral de cada unidade do Ministério Público terá amplo 
acesso ao sistema informatizado, visualizando os relatórios de fiscalização já 
enviados à sua validação, remetendo-os ao CNMP, quando validados, e tomando 
conhecimento das eventuais ausências de remessa, de forma a viabilizar o controle 
do adequado e tempestivo cumprimento da presente Resolução. 
§ 5º As Coordenadorias de Apoio Operacional da Infância e Juventude, ou 
órgão equivalente, terão acesso aos dados que forem registrados no sistema 
informatizado, relativos ao respectivo Estado. 
 
Art. 3º. O membro do Ministério Público na área da infância e da juventude não-
infracional deverá requerer, em prazo inferior a cada 06 (seis) meses, vista de todos 
os procedimentos administrativos existentes no âmbito dos órgãos de execução em 
que atue e dos processos judiciais referentes a crianças e adolescentes em 
acolhimento institucional ou familiar, a fim de que seja viabilizada a reavaliação das 
medidas protetivas aplicadas (artigo 19 do ECA). 
 
§1º - Ao receber vista dos processos judiciais mencionados, o membro do 
Ministério Público deverá verificar se constam dos autos: 
 
 
14 
 
I.- guia de acolhimento expedida pela autoridade judiciária, devendo requerer a 
imediata juntada do documento, caso não conste dos autos; 
 
 
Fonte: direito.folha.uol.com.br 
II. - Plano Individual de Atendimento (PIA) para cada criança ou adolescente 
em acolhimento, elaborado sob a responsabilidade de equipe interprofissional ou 
multidisciplinar da entidade de acolhimento com oitiva dos acolhidos e de seus pais 
ou responsável legal, contendo, minimamente, a previsão de atividades visando à 
reintegração familiar ou, caso tal providência não se mostre viável, as providências a 
serem adotadas para colocação em família substituta. 
 
III. - relatório atualizado, elaborado por equipe interprofissional ou 
multidisciplinar nos últimos 06(seis) meses, sobre a situação de cada criança e 
adolescente em acolhimento, devendo formular requerimento ao Juízo, caso tal 
documento não tenha sido elaborado. 
 
IV. - certidão de nascimento da criança ou adolescente. 
 
§ 2º - Visando assegurar que todas as crianças e adolescentes em acolhimento 
tenham as respectivas medidas protetivas reavaliadas no prazo máximo semestral, 
independentemente da existência de procedimento ou processo judicial 
individualizado, o membro do Ministério Público deverá efetuar, em caráter 
 
15 
 
permanente, a verificação do Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes 
Acolhidos (CNCA) e dos respectivos cadastros estaduais e municipais, caso 
existentes, realizando, ainda, diligências junto às entidades de acolhimento 
institucional e programas de acolhimento familiar em sua área de atuação, com o 
objetivo de apurar o número exato de crianças e adolescentes em acolhimento. 
 
§ 3º A inexistência de quaisquer dos documentos mencionados no § 1º não 
exime o membro do Ministério Público de analisar a situação sociofamiliar e jurídica 
das crianças e adolescentes em acolhimento, a cada 06 (seis) meses, devendo ser 
adotadas as medidas administrativas e judiciais que se mostrarem necessárias a fim 
de garantir a expedição e/ou elaboração de tais documentos, que têm caráter 
obrigatório, em conformidade com o disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente 
(Lei nº 8.069/90). 
 
§4º - Após a análise dos documentos previstos no §1º, em especial do relatório 
referido no inciso III, o membro do Ministério Público deverá adotar as medidas 
cabíveis visando à efetiva garantia do direito à convivência familiar das crianças e 
adolescentes acolhidos, promovendo, prioritariamente, pela reintegração familiar, nos 
casos em que tal providência se mostrar cabível, ou colocação em família substituta, 
observando-se o prazo legal de 30 (trinta) dias, contados da data de recebimento do 
relatório, para o ajuizamento de eventual ação de destituição do poder familiar (artigo 
101, §10 do ECA). 
 
§5º - Caso o membro do Ministério Público entenda que inexistem elementos 
suficientes para o ajuizamento de ação de destituição do poder familiar no prazo legal 
fixado, deverá se manifestar, de forma fundamentada, no processo judicial da criança 
ou adolescente em acolhimento, especificando, de maneira detalhada, as diligências 
necessárias para a formação de sua convicção. 
 
Art. 4º - Ao receber, pela primeira vez, vista dos autos judiciais referentes à 
situação de crianças e adolescentes acolhidos, instruídos com os documentos 
mencionados no artigo 3º, §1º da presente resolução, sem que haja ação proposta, o 
membro do Ministério Público deverá verificar se estão presentes os elementos 
 
16 
 
mínimos para o ajuizamento de ação judicial contenciosa em face dos pais ou 
responsável legal, a fim de garantir o direito ao exercício do contraditório e ampla 
defesa, após o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar, na forma 
prevista no artigo 101, § 2º do ECA. 
 
 
Fonte: odairmatias.com.br 
Parágrafo único – Em não havendo elementos suficientes a autorizar a 
aplicação da medida excepcional de acolhimento, o membro do Ministério Público 
tomará as providências necessárias à promoção da reintegração familiar, sem 
prejuízo do encaminhamento da família da criança/adolescente para programas e 
serviços destinados à sua orientação, apoio e acompanhamento posterior do caso e 
do ajuizamento de outras ações cabíveis. 
 
Art. 5º - Nos casos de crianças e adolescentes em acolhimento institucional 
sem receberem qualquer visitação por período superior a 02 (dois) meses, 
ressalvadas as hipóteses em que haja decisão judicial suspendendo tal visitação, o 
membro do Ministério Público deverá adotar as medidas que entender cabíveis para 
efetiva garantia do direito à convivência familiar e comunitária dos acolhidos, 
promovendo, preferencialmente, gestões junto à entidade de acolhimento e aos 
programas e serviços integrantes da política destinada à efetivação do direito à 
convivência familiar, no sentido da localização dos pais, apuração das causas da falta 
de visitação e estímulo à sua realização. 
 
17 
 
 
Parágrafo único – Em sendo constatada a falta de interesse dos pais na 
realização das visitas, poderão ser propostas as ações judiciais cabíveis, observado 
o disposto no artigo 3º, §5º deste ato. 
 
Art. 6º - Nas hipóteses em que a permanência da criança ou adolescente em 
entidade de acolhimento exceder o prazo de 02 (dois) anos, por estarem esgotadas 
todas as possibilidades de reintegração familiar ou, não sendo esta possível, a 
colocação em família substituta, o membro do Ministério Público deverá adotar todas 
as medidas administrativas e judiciais cabíveis para a garantia à convivência familiar 
e comunitária do acolhido, dando-se preferência ao seu encaminhamento a programa 
de acolhimento familiar, na forma prevista no artigo 50, § 11º do Estatuto da Criança 
e do Adolescente. 
 
§1º – Caso haja adolescente na hipótese supra mencionada, o membro do 
Ministério Público deverá zelar para que a equipe interprofissional ou multidisciplinar 
que acompanha o caso esteja adotando as medidas necessárias para o fortalecimento 
de sua autonomia, a garantia de sua escolarização e profissionalização, nesta última 
hipótese apenas se tiver idade superior a 14 (quatorze) anos,na forma da lei vigente. 
§2º - O membro do Ministério Público também deverá zelar para que a equipe 
interprofissional ou multidisciplinar que acompanha o caso esteja envidando esforços 
para a formação de vínculos afetivos para os adolescentes, em programas conhecidos 
como de “apadrinhamento afetivo”, caso existente. 
Art. 7º - Tendo em vista a interdisciplinaridade peculiar à atuação na área da 
infância e juventude, o membro do Ministério Público, se entender conveniente, 
poderá participar de reuniões realizadas pelos órgãos e entidades integrantes do 
Sistema de Garantia de Direitos das crianças e adolescentes (Conselhos Municipais 
de Direitos da Criança, Conselhos Tutelares, gestores municipais das áreas de 
assistência social, saúde e educação, dirigentes de entidades de acolhimento e 
respectivas equipes técnicas, responsáveis pelos programas de acolhimento familiar, 
coordenadores de CRAS e CREAS, dentre outros), a fim de obterem maiores 
subsídios para a reavaliação semestral das medidas protetivas, na forma prevista no 
 
18 
 
art. 3º da presente resolução, bem como fomentar a implementação de políticas 
públicas voltadas para a efetivação do direito à convivência familiar e comunitária. 
 
Art. 8º - O membro do Ministério Público, observada a sua atribuição específica, 
deverá adotar as medidas administrativas e judiciais cabíveis visando à efetiva 
implementação da política municipal de promoção, proteção e defesa do direito à 
convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes, do Sistema Único de 
Assistência Social (SUAS), especialmente através da instalação dos Centros de 
Referência da Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializados da 
Assistência Social (CREAS) no âmbito dos Municípios e dos programas tipificados 
para o atendimento a crianças, adolescentes e suas famílias, visando ao 
fortalecimento dos vínculos familiares e proteção dos direitos infanto-juvenis. 
 
Art. 9º - Em virtude do disposto no artigo 50, §11º do ECA, o membro do 
Ministério Público deverá adotar as medidas administrativas e judiciais cabíveis 
visando à efetiva implementação dos programas de acolhimento familiar no âmbito 
dos Municípios, em conformidade com a legislação vigente e com a normatização do 
Sistema Único de Assistência Social (SUAS). 
 
Art. 10 - Nas hipóteses em que estiverem esgotadas as possibilidades de 
reintegração familiar de crianças e adolescentes em acolhimento, sendo 
recomendável a colocação em família substituta, na modalidade de adoção, o membro 
do Ministério Público deverá zelar pela criteriosa observância da ordem de 
convocação dos habilitados existentes no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e no 
respectivo cadastro estadual, quando existente. 
 
Parágrafo Único - Caso não se verifiquem as hipóteses previstas no artigo 50, 
§13 do ECA, que possibilitam, em caráter excepcional, a adoção de criança e 
adolescente por pessoa ou casal não habilitado em cadastro, o membro do Ministério 
Público deverá adotar as medidas judiciais que entender cabíveis, com fundamento 
em parecer técnico interdisciplinar. 
 
 
19 
 
Art. 11 – Em virtude da vedação legal contida no artigo 153, parágrafo único 
do ECA, o membro do Ministério Público não deverá ajuizar Procedimentos de 
Aplicação de Medida Protetiva (PAMPs), Pedidos de Providência (PPs), 
Procedimentos Verificatórios (PVs) ou quaisquer outros procedimentos de natureza 
judicialiforme para a defesa dos direitos de crianças e adolescentes em acolhimento, 
em que não esteja garantido o efetivo exercício do contraditório e da ampla defesa 
pelos pais ou responsável legal dos acolhidos. 
 
§ 1º – Na hipótese de existirem quaisquer dos procedimentos acima 
mencionados em trâmite perante os Juízos com competência para a matéria de 
infância e juventude, o membro do Ministério Público poderá propor as ações judiciais 
que entender cabíveis, em consonância com a legislação vigente, requerendo a 
extinção dos procedimentos de natureza judicialiforme, cuja cópia poderá instruir as 
ações que serão ajuizadas. 
§ 2º - Nos casos de procedimentos de natureza judicialiforme em trâmite 
perante os Juízos com competência para a matéria de infância e juventude versando 
exclusivamente sobre atribuições inerentes ao Conselho Tutelar, o membro do 
Ministério Público poderá requerer a extinção de tais procedimentos, com a remessa 
de cópia integral ao referido órgão municipal, caso ainda se verifique a hipótese de 
incidência do artigo 98 do ECA, a exigir o acompanhamento do caso. 
 
Art. 12. O membro do Ministério Público deverá, sempre que possível, 
comparecer às assembleias e reuniões realizadas pelos Conselhos de Direitos 
da Criança e do Adolescente no âmbito dos Municípios e do Estado, visando 
acompanhar e fiscalizar a deliberação de políticas públicas. 
 
Art. 13. A aprovação das futuras modificações do conteúdo dos formulários que 
padronizam os relatórios das inspeções será de atribuição da Comissão da Infância e 
Juventude, que promoverá as respectivas adequações, sempre que necessárias à 
realidade da atividade fiscalizatória dos serviços e programas de convivência familiar 
e comunitária. 
 
 
20 
 
Art. 14. Os Centros de Apoio Operacional na área da infância e da Juventude 
ou, caso inexistentes, qualquer outro órgão da administração da unidade do Ministério 
Público dos Estados e do Distrito Federal indicado pela Chefia Institucional, 
encaminharão ao Conselho Nacional do Ministério Público, no prazo de 120 (cento e 
vinte) dias, listagem contendo os nomes de todas as entidades de acolhimento e 
programas de acolhimento familiar existentes nos Municípios, com a indicação dos 
órgãos ministeriais com atribuição para exercício da respectiva fiscalização. 
 
Art. 15. (Revogado pela Resolução n° 96, de 21 de maio de 2013). 
 
Art. 16. A Comissão Permanente da Infância e Juventude do Conselho 
Nacional do Ministério Público apresentará, em plenário, relatório anual referente às 
fiscalizações referidas no art. 2º desta Resolução, com o objetivo de propor medidas 
de aprimoramento da atuação do Ministério Público na área. 
 
Art. 17. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. 
 
Brasília, 15 de junho de 2011. 
ROBERTO MONTEIRO GURGEL SANTOS 
Presidente do Conselho Nacional do Ministério Público 
 
21 
 
2 O QUE É CONSELHO TUTELAR E PARA QUE SERVE? 
 
Fonte: 4.bp.blogspot.com 
O Conselho Tutelar é um órgão permanente, (uma vez criado não pode ser 
extinto.) É autônomo, (autônomo em suas decisões, não recebe interferência de fora) 
Não jurisdicional (não julga, não faz parte do judiciário, não aplica medidas judiciais) 
É encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do 
adolescente. Ou seja, o Conselho Tutelar é um órgão de garantia de direitos da 
criança e do adolescente. 
2.1 Quem são os Conselheiros Tutelares? 
São pessoas que têm o papel de porta-voz das suas respectivas comunidades, 
atuando junto a órgãos e entidades para assegurar os direitos das crianças e 
adolescentes. São eleitos 5 membros através do voto direto da comunidade, para 
mandato de 3 anos. 
ART. 98 (ECA) ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (Lei 
8.069/90) As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis 
sempre que os direitos reconhecidos nesta lei forem ameaçados ou violados: 
I - por ação ou omissão da sociedade ou do estado 
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável 
III - em razão de sua conduta. 
 
22 
 
Sempre que os direitos das crianças e dos adolescentes forem ameaçados ou 
violados deverá ser comunicado ao Conselho Tutelar para que sejam aplicadas as 
medidas de proteção cabíveis, sem prejuízos de outras providências legais. 
 
Fonte: conselhotutelar.com.br 
 
ART. 136 (ECA) São atribuições do Conselho Tutelar: 
I- Atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 
98 e105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII; 
II- Atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas 
previstas no art. 129, I a VII; 
III- Promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: 
a) - requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, 
serviço social, previdência, trabalho e segurança: 
b) - representar junto à autoridade judiciária nos casos de 
descumprimento injustificado de suas deliberações; 
IV- Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua 
infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou 
adolescente; 
V- Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência; 
VI- Providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre 
as previstas no art. 101, I a VI, para o adolescente autor de ato 
infracional; 
VII- Expedir notificações; 
VIII- Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou 
adolescente quando necessário; 
IX- Assessorar o Poder Público local na elaboração da proposta 
orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos 
da criança e do adolescente; 
X- Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos 
direitos previstos no art. 220, parágrafo, 3º, inciso II da Constituição 
Federal; 
XI- Representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou 
suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de 
manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural. 
 
23 
 
XII- Promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, 
ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de 
sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes. 
É dever de todos, da família, da comunidade, da sociedade em geral, do poder 
público, de assegurar a criança e ao adolescente seus direitos básicos referentes à 
vida, saúde, alimentação, educação, esporte, lazer, profissionalização, cultura, 
respeito, liberdade, convivência familiar e comunitária, velar por sua dignidade, pondo-
os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou 
constrangedor. 
2.2 Não são atribuições do conselho tutelar: 
a) Busca e apreensão de Crianças, Adolescentes ou pertences dos 
mesmos; (quem faz isso é o oficial de Justiça, por ordem judicial); 
b) Autorização para viajar ou para desfilar. (Quem faz é Comissário da 
Infância e Juventude); 
c) Não dá autorização de guarda (quem faz isso é o juiz, através de um 
advogado que entrará com uma petição para a regularização da guarda ou 
modificação da mesma). 
3 CONSELHO TUTELAR E AS MODIFICAÇÕES PROPORCIONADAS PELA LEI 
N. 12.696/2012. 
 
 
24 
 
Fonte: itsitajuba.com.br 
Luiz Antonio Miguel Ferreira1 
 
Com a vigência da Lei n. 12.696, de 26 de julho de 2012, ocorreram alterações 
nos artigos 132, 134, 135 e 139 do Estatuto da Criança e do Adolescente, provocando 
substanciosas modificações em relação ao Conselho Tutelar. Tais alterações trarão 
reflexos diretos na constituição e desenvolvimento dos trabalhos dos Conselhos 
Tutelares. Além do mais, proporcionou questionamentos quanto a transição do 
sistema atual pelo preconizado pela lei que requer reflexão e discussão. 
Visando contribuir com tal discussão, apresenta-se este trabalho que busca, 
num primeiro momento, comparar a legislação original, assim designada, aquela 
inicialmente contida no Estatuto da Criança e do Adolescente, com as alterações 
subsequentes relativas aos artigos alterados pela Lei n. 12.696/12. Com isso, 
visualiza-se como ocorreu a evolução legislativa referente ao Conselho Tutelar e 
vislumbram-se quais os encaminhamentos que podem ser dados ao tema. Espera-
se com este trabalho contribuir para a discussão de tema extremamente relevante 
relacionado ao Conselho Tutelar que inúmeros reflexos proporcionam no cotidiano de 
crianças e adolescentes. 
 
1 Promotor de Justiça da Infância e da Juventude do Ministério Público do Estado de São Paulo. 
Mestre em educação. Membro do Conselho Consultivo da Fundação Abrinq e da Comissão de 
acessibilidade do Conselho Nacional do Ministério Público. Agosto\2012. Contato: 
luiz.ferreira@mp.sp.gov.br 
 
25 
 
 
Fonte: santanadeparnaiba.sp.gov.br 
A – ANÁLISE DO ART. 132 DO ECA: 
 
Art. 132 – Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar 
composto de cinco membros, eleitos pelos cidadãos locais para mandato de 
três anos, permitindo uma reeleição. (Redação original) 
 
Art. 132 – Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar 
composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local para mandato 
de três anos, permitida uma recondução. (Redação dada pela Lei n. 8.242, de 
12.10.1991). 
 
Art. 132. - Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito 
Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da 
administração pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela 
população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, 
mediante novo processo de escolha. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012). 
 
1. Forma de escolha do conselheiro tutelar. 
 
26 
 
 
Fonte: conselhotutelar.com.br 
a) Redação original do ECA: conselheiro eleito pelos cidadãos locais 
 
b) Redação dada pela lei n. 8.242, de 12.10.1991: conselheiro escolhido pela 
comunidade local. 
 
c) Redação dada pela Lei n. 12.696/12: conselheiro escolhido pela população. 
 
2. Prazo do mandato. 
 
a) Redação original do ECA: 03 anos – permitida uma reeleição. 
 
b) Redação dada pela lei n. 8.242, de 12.10.1991: 03 anos – permitida uma 
recondução. 
 
c) Redação dada pela Lei n. 12.696/12: 04 anos – permitida uma recondução. 
 
3. Quantidade de conselheiros. 
a) Redação original do ECA: 05 membros. 
 
b) Redação dada pela lei n. 8.242, de 12.10.1991: 05 membros. 
 
 
27 
 
c) Redação dada pela Lei n. 12.696/12: 05 membros. 
 
4. Onde tem que ter conselho tutelar 
 
a) Redação original do ECA: em cada município haverá no mínimo um CT. 
 
b) Redação dada pela lei n. 8.242, de 12.10.1991: em cada município, haverá 
no mínimo um CT. 
c) Redação dada pela Lei n. 12.696/12: em cada município e em cada região 
administrativa do Distrito Federal, haverá no mínimo um CT. 
 
5. O conselho tutelar e a administração pública. 
 
a) Redação original do ECA: omisso 
 
b) Redação dada pela lei n. 8.242, de 12.10.1991: omisso 
 
c) Redação dada pela Lei n. 12.696/12: o CT é um órgão integrante da 
administração pública local. 
 
6. Recondução do conselheiro tutelar. 
 
 
Fonte: jornalhoraextra.com.br 
 
28 
 
a) Redação original do ECA: permitida uma recondução. 
 
b) Redação dada pela lei n. 8.242, de 12.10.1991: permitida uma recondução. 
 
c) Redação dada pela Lei n. 12.696/12: permitida uma recondução. 
 
Observações: 
 
2) O Conselheiro Tutelar deve ser escolhido pela população, em 
processo democrático organizado pelo Conselho de Direitos e sob a 
fiscalização do Ministério Público. Contudo, não precisa, 
necessariamente, ser idêntico ao processo eleitoral de candidatos a 
cargos eletivos e previstos no Código Eleitoral. 
 
3) Conselho Tutelar é órgão integrante da administração pública, o que 
decorre a necessidade de se observar as regras administrativa 
quanto aos deveres do funcionalismo, os princípios da administração 
pública (moralidade, legalidade, impessoalidade, publicidade e 
eficiência – art. 37 da Constituição Federal). 
 
B – ANÁLISE DO ART. 134 DO ECA 
 
Art. 134 – Lei municipal disporá sobre local, dia e horário de 
funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto a eventual remuneração 
de seus membros. 
Parágrafo único: Constará da lei orçamentária municipal previsão dos 
recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar. (Redação 
original) 
 
Art. 134. - Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário de 
funcionamento do Conselho Tutelar,inclusive quanto à remuneração dos 
respectivos membros, aos quais é assegurado o direito a: (Redação dada pela 
Lei nº 12.696, de 2012). 
 
29 
 
I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) 
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um terço) do 
valor da remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) 
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) 
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) 
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) 
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da do Distrito 
Federal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho 
Tutelar e à remuneração e formação continuada dos conselheiros tutelares. 
(Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) 
 
1. Lei a ser observada. 
 
a) Redação original do ECA: lei municipal. 
b) Redação dada pela Lei n. 12.696/2012: lei municipal ou distrital 
 
2. Remuneração 
 
Fonte: sudoestehoje.com.br 
a) Redação original do ECA: poderia constar na lei EVENTUAL remuneração 
dos conselheiros. 
 
 
30 
 
b) Redação dada pela Lei n. 12.696/2012: a remuneração passa a ser 
OBRIGATÓRIA, e deve constar em lei orçamentária. 
 
3. Direitos assegurados aos conselheiros tutelares 
 
a) Redação original do ECA: omissa 
b) Redação dada pela Lei n. 12.696/2012: I - cobertura previdenciária; II - gozo 
de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da remuneração 
mensal; III - licença-maternidade; IV - licença- paternidade; V - gratificação natalina. 
 
4. Lei orçamentária 
 
a) Redação original do ECA: Constará na lei orçamentária municipal a previsão 
dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar. 
b) Redação dada pela Lei n. 12.696/2012: Constará da lei orçamentária 
municipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao 
funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continuada dos 
conselheiros tutelares 
 
5. Formação continuada 
 
a) Redação original do ECA: omissa 
b) Redação dada pela Lei n. 12.696/2012: passa a ser obrigatória e constar em 
lei orçamentária. 
 
Observações: 
 
● Remuneração passa a ser obrigatória, observando-se o piso municipal, 
eventual gratificação universitária, etc. 
● Direitos sociais: passam a ser assegurados aos Conselheiros Tutelares, 
bem como outros direitos assegurados ao funcionalismo público 
municipal posto que o conselho integra a administração pública. 
 
 
31 
 
● Formação continuada: deve constar na lei orçamentária valor destinado 
a formação dos conselheiros. Assim, a realização de tal formação deve 
ser do Conselho de Direitos, mas suportada pelo município. Os 
Conselhos de Direitos deverão informar como tal capacitação ocorrerá 
para constar no orçamento anual. 
● Sem previsão orçamentária não vislumbro como garantir a remuneração 
e a formação do conselheiro de forma imediata. 
● Direitos sociais que devem ser garantidos imediatamente: cobertura 
previdenciária, gozo de férias, licença maternidade e paternidade e 
gratificação natalina. 
 
C – ANÁLISE DO ART. 135 DO ECA 
 
 
Fonte: pastoralfp.com 
Art. 135 – O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço 
público relevante, estabelecerá presunção de idoneidade moral e assegurará 
prisão especial, em caso de crime comum, até julgamento definitivo. (Redação 
original) 
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço 
público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade moral. (Redação dada 
pela Lei nº 12.696, de 2012) 
 
 
32 
 
1. Prisão especial. 
 
a) Redação original do ECA: o conselheiro tinha direito a prisão especial. 
b) Redação dada pela Lei n. 12.696/2012: não mais existe esta previsão de 
prisão especial. 
 
D – ANÁLISE DO ART. 139 DO ECA 
 
Art. 139 – O processo eleitoral para a escolha dos membros do Conselho 
Tutelar será estabelecido em Lei Municipal e realizado sob a presidência do Juiz 
Eleitoral e a fiscalização do Ministério Público. (Redação original). 
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar 
será estabelecido em lei municipal e realizado sob a responsabilidade do 
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização 
do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) 
§ 1o O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá 
em data unificada em todo o território nacional a cada 4 (quatro) anos, no 
primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição 
presidencial. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) 
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de janeiro do 
ano subsequente ao processo de escolha. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) 
§ 3o No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é vedado 
ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem 
pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor. (Incluído pela 
Lei nº 12.696, de 2012) 
 
1. Processo de escolha dos conselheiros tutelares 
 
a) Redação original do ECA: lei municipal. Processo eleitoral sob 
responsabilidade do Juiz Eleitoral e fiscalização do Ministério Público 
 
 
33 
 
b) Redação dada pela Lei n. 8.242, de 12/10/91: processo de escolha 
estabelecido por lei municipal, sob responsabilidade do Conselho Municipal dos 
Direitos da Criança e do Adolescente e fiscalização do M. Público. 
c) Lei n. 12.696/12 – manteve o caput do artigo, nos termos da redação dada 
pela Lei n. 8.242/91, quanto ao processo de escolha dos conselheiros tutelares. 
 
2. Unificação da data do processo de escolha 
 
a) Redação original do ECA: omissa. 
b) Redação dada pela Lei n. 12.696/2012: data unificada em todo o território 
nacional. Processo a ser realizado no primeiro domingo do mês de outubro do ano 
subsequente ao da eleição presidencial. Neste caso, como a lei tem a vigência 
imediata, a data do primeiro processo unificado para a escolha dos conselheiros 
deverá ser 1º domingo do mês de outubro de 2015. 
 
3. Posse dos conselheiros tutelares. 
 
a) Redação original do ECA: omissa 
b) Redação dada pela Lei n. 12.696/2012: A posse deve ocorrer no dia 10 de 
janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. Assim, a posse deve ser em 10 
de janeiro de 2016. 
 
4. Propaganda de candidato a conselheiro tutelar. 
5 
 
Fonte: acordacidade.com.br 
a) Redação original do ECA: omissa 
 
34 
 
b) Redação dada pela Lei n. 12.696/2012: No processo de escolha dos 
membros do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou 
entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes 
de pequeno valor. 
 
● Das interpretações apresentadas para esta situação: 
Interpretação dada pelo Centro de Apoio da Infância do Paraná 
 
● A lei n. 12.696/12 não se aplica aos CT em exercício de mandato, 
que foram eleitos segundo as regras e parâmetros estabelecidos 
de acordo com a redação original da Lei n. 8.069/90 e pelas leis 
municipais que lhe servem de complemento. 
 
● A Lei n. 12.696/12 não prorrogou o mandato dos atuais 
Conselheiros Tutelares, e nem seria razoável que o fizesse, 
considerando que até a provável data da posse dos Conselheiros 
eleitos nas eleições unificadas ainda faltam mais de 3 anos. 
 
● O mandato dos Conselheiros Tutelares em exercício, portanto, 
permanece tendo a duração de 3 anos, não podendo ser 
prorrogado por norma de âmbito municipal. 
 
● Tendo em vista que a nova sistemática prevê a realização de 
eleições para o Conselho Tutelar em âmbito nacional, deve-se 
aplicar, por analogia, o disposto no artigo 16 da Constituição 
Federal, segundo o qual: “A lei que alterar o processo eleitoral 
entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à 
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”. 
● Assim,sendo, as novas regras para a eleição do Conselho 
Tutelar, incluindo o prazo de 4 anos previsto para duração do 
mandato dos Conselheiros Tutelares, somente começariam a 
vigorar a partir de 25/07/2013, um ano após a entrada em vigor 
da Lei n. 12.696/12, não atingindo, desta forma, processos de 
 
35 
 
escolha porventura em curso ou que tenham início ao longo deste 
ano. 
Interpretação dada pelo Centro de Apoio da Infância de Minas Gerais. 
 
■ Enunciado 1: Nos termos do §1º do art. 5º da Constituição da 
República, têm aplicação imediata os direitos e garantias 
fundamentais elencados no título II, nele estando inclusos os 
direitos sociais. Desta maneira, o art. 134 do Estatuto da Criança 
e do Adolescente, com a nova redação dada pela Lei n.º 
12.696/12, tem eficácia jurídica imediata. 
■ Enunciado 2: Os mandatos dos Conselheiros Tutelares em curso 
atualmente, continuam permanecendo com o prazo de três anos, 
nos termos da legislação vigente à época da publicação do edital. 
■ Enunciado 3: O novo prazo de 4 anos para mandato de 
Conselheiros Tutelares passará a vigorar apenas a partir do dia 
10.01.2016, devendo o edital que deflagrará as eleições do 
primeiro domingo de outubro de 2015 já prevê-lo. 
■ Enunciado 4: Para que as datas dos mandatos se ajustem à 
obrigatoriedade legal de no dia 10.01.2016 se iniciar um novo 
mandato de 4 anos, é possível que exista um período de vacância 
entre o término do mandato em curso e a data de 10.01.2012. 
Para que tal vacância seja suprida, nova eleição deverá ser 
realizada pelo Município, sendo o mandato de tal período o 
necessário para que o Conselho Tutelar tenha sua formação 
completa apenas até o dia 10.01.2016. 
 
Verifica-se do exposto que a lei em questão proporcionou mudanças 
consideráveis em relação ao Conselho Tutelar, tratando-se de uma evolução no 
sentido de profissionalizar tal profissional em face das responsabilidades advindas de 
suas funções. Agora, ao mesmo tempo em que se celebra a mudança legislativa, 
espera-se a edição das regras de transição necessárias para a efetiva aplicação 
uniforme das mudanças proporcionadas. 
 
36 
 
BIBLIOGRAFIA 
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal nº 8069, de 13 de julho 
de 1990. Índice elaborado por Edson Seda. Curitiba: Governo do Estado do Paraná, 
1994. 
BRASIL. Código de Menores. Lei Federal nº 6.697, de 10 de outubro de 1979. Entrou 
em vigor em 08 de fevereiro de 1980. Edição especialmente impressa para o Dr. Alyrio 
Cavallieri. 
CAPRA, Fritjof. A teia da vida. Uma nova compreensão científica dos sistemas 
vivos. São Paulo: Cultrix, 2000. 
COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Infância, juventude e política social no Brasil. 
In: Brasil, criança urgente a Lei 8069/90. Rio de Janeiro: Columbus Cultural Editora, 
1990. 
 
 
37 
 
4 LEITURA COMPLEMENTAR 
O CONSELHO TUTELAR: PODERES E DEVERES FACE A LEI Nº 8.069/90. 
 
MURILLO JOSÉ DIGIÁCOMO[1] 
Promotor de Justiça, PR 
 
 
 
Fonte: canalconselhotutelar.files.wordpress.com 
Dentre as grandes e oportunas inovações estabelecidas pela Lei nº 8.069/90 
para a sistemática de atendimento à criança e ao adolescente, está sem dúvida a 
previsão de criação, em todos os municípios brasileiros, de ao menos um Conselho 
Tutelar, que por definição legal é "órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, 
encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do 
adolescente..." (verbis/omissis - art.131). 
Como resposta ao Princípio Constitucional da Democracia Participativa, 
insculpido no art.1º, par. único, in fine, da Constituição Federal, quis o legislador que 
a própria sociedade não apenas delegasse poderes, mas sim participasse ativa e 
diretamente da solução dos problemas envolvendo suas crianças e adolescentes, na 
perspectiva de que a sistemática então vigente, na qual toda responsabilidade recaía 
na pessoa do "Juiz de Menores", era flagrantemente inadequada e ineficiente, na 
 
38 
 
medida que centralizava decisões e submetia questões de cunho eminentemente 
social à burocracia e morosidade da máquina judiciária. 
A partir da Lei nº 8.069/90, através do Conselho Tutelar, de mera espectadora 
passiva a sociedade passou a assumir um papel decisivo na defesa dos direitos de 
crianças e adolescentes, sendo que para o exercício desse fundamental mister, o 
legislador conferiu àquele órgão verdadeira parcela da soberania estatal, traduzida 
em poderes e atribuições próprias, que erigem o conselheiro tutelar ao posto de 
autoridade pública, investida de função considerada pela lei como "serviço público 
relevante" (verbis - art.135 do citado Diploma Legal). 
Importante mencionar que o conselheiro tutelar não pode ser considerado um 
simples ocupante de um "cargo público" qualquer[2], dada absoluta autonomia e 
independência funcional do Órgão Tutelar face a Administração Pública municipal, da 
qual não faz parte. 
Embora merecessem uma qualificação própria, dada natureza sui generis de 
suas funções e da relação que mantém com a municipalidade, na classificação 
tradicional é possível enquadrar os conselheiros tutelares no conceito de agentes 
políticos, assim definidos por HELY LOPES MEIRELLES: 
"AGENTES POLÍTICOS: São os componentes do Governo nos seus primeiros 
escalões, investidos em cargos, funções, mandatos ou comissões, por nomeação, 
eleição, designação ou delegação para o exercício de atribuições constitucionais. 
Esses agentes atuam com plena liberdade funcional, desempenhando suas 
atribuições com prerrogativas e responsabilidades próprias, estabelecidas pela 
Constituição e em leis especiais. Não são servidores públicos, nem se sujeitam ao 
regime jurídico único estabelecido pela Constituição de 1988. Têm normas específicas 
para sua escolha, investidura, conduta e processos por crimes funcionais e de 
responsabilidade, que lhe são privativos. 
"Os agentes políticos exercem funções governamentais, judiciais e quase-
judiciais, (...), DECIDINDO E ATUANDO COM INDEPENDÊNCIA NOS ASSUNTOS 
DE SUA COMPETÊNCIA. SÃO AS AUTORIDADES PÚBLICAS SUPREMAS do 
Governo e da Administração NA ÁREA DE SUA ATUAÇÃO, pois NÃO ESTÃO 
HIERARQUIZADAS, sujeitando-se apenas aos graus e limites constitucionais e legais 
e de jurisdição. Em doutrina, os agentes políticos TÊM PLENA LIBERDADE 
 
39 
 
FUNCIONAL, EQUIPARÁVEL À INDEPENDÊNCIA DOS JUÍZES NOS SEUS 
JULGAMENTOS (...). 
 
Fonte: criamosseusite.com.br 
"Realmente, a situação dos que governam e decidem é bem diversa das dos que 
simplesmente administram (...). Daí porque os agentes políticos precisam de ampla 
liberdade funcional e maior resguardo para o desempenho de suas funções (...)" (In 
Direito Administrativo Brasileiro. 22ª Edição. Malheiros Editores, São Paulo, 1997, 
págs.72/73 - grifamos). 
Como decorrência dessa peculiar condição, não é correto incluir o Conselho 
Tutelar na estrutura organizacional da Administração Pública municipal, havendo 
entre o órgão e a municipalidade mera vinculação administrativa, na medida em que 
o município está obrigado a destinar recursos orçamentários em patamar suficiente 
para garantir o seu adequado funcionamento, tal qual faz em relação à Câmara 
Municipal[3], sem que isto também importe em quebra de sua autonomia e/ou 
independência. 
De igual sorte, os conselheiros tutelares não devem ser considerados ocupantes 
de "cargo em comissão" (como ocorre em muitas leis municipais) e muito menos 
subordinados ao Chefe do Executivo local[4], a exemplo dos funcionário públicos 
municipais, com os quais como visto não se equiparam, sendo seu "regime jurídico" 
face a municipalidade também diferenciado. 
Na verdade, o conselheiro tutelar, na condição de agente político investido de 
mandato popular, possui poderes e atribuições equiparados aos do Juiz da Infância e 
 
40 
 
Juventude, cujas funções substitui (nesse sentido, vide art.262 da Lei nº 8.069/90), 
sendoque o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente coloca ambas autoridades 
públicas em absoluta igualdade de condições no momento em que considera crime, 
previsto em seu art.236, impedir ou embargar tanto a ação do Juiz da Infância e 
Juventude quanto do membro do Conselho Tutelar, também cometendo a mesma 
infração administrativa de seu art.249 aquele que descumpre, dolosa ou 
culposamente tanto a determinação da autoridade judiciária quanto a emanada do 
Órgão Tutelar[5]. 
Nesse contexto, sem jamais perder de vista que o Conselho Tutelar é um órgão 
colegiado, e que as atribuições relacionadas nos arts.95, 136, 191 e 194 da Lei nº 
8.069/90 somente poderão ser validamente exercidas se resultarem de uma 
deliberação desse colegiado, ainda que a decisão respectiva tenha sido tomada por 
maioria de votos, a prática tem demonstrado que, muitas vezes, seja por 
desconhecimento seja por temor de represálias por parte do Poder Público local, o 
Conselho Tutelar acaba deixando de usar de seus poderes e prerrogativas na defesa 
de crianças e adolescentes, que assim acabam sendo prejudicadas pela omissão ou 
ineficácia da intervenção desse órgão que deveria protegê-las. 
Com efeito, quando a lei confere poderes a determinado órgão ou autoridade 
para agir, está também impondo a este(a) o dever de fazê-lo, sendo certo que constitui 
crime de prevaricação "RETARDAR OU DEIXAR DE PRATICAR, indevidamente, 
ATO DE OFÍCIO, ou praticá-lo contra disposição expressa em lei, para satisfazer 
interesse ou sentimento pessoal" (verbis - art.319 do Código Penal - grifei). 
Em outras, palavras, quem tem o poder, também tem o dever, devendo a 
autoridade pública se empenhar e buscar meios para cumprir seus misteres, usando 
para tanto de todos os mecanismos e recursos legais que estiverem à sua disposição. 
 
41 
 
 
Fonte: canalconselhotutelar.files.wordpress.com 
Nesse particular, nota-se que os Conselhos Tutelares vêm encontrando uma 
certa dificuldade em fazer valer seu poder de requisição, previsto no art.136, inciso III, 
alínea "a" da Lei nº 8.069/90. 
Segundo o citado dispositivo, dada sua condição de autoridade pública investida 
de poder de decisão[6], o Conselho Tutelar não necessita de ordem judicial para fazer 
com que estas sejam cumpridas, notadamente quando dirigidas a outras autoridades 
ou órgãos públicos, bem como a pais ou responsável por criança e/ou adolescente. 
As decisões do Conselho Tutelar[7], em tais casos, já são naturalmente dotadas 
de coercibilidade, obrigando seu destinatário a cumpri-la fielmente, 
independentemente de formalidade outra além da requisição ou notificação 
propriamente dita. 
Em se tratando de uma requisição, expedida com base no citado art.136, inciso 
III, alínea "a" da Lei nº 8.069/90, uma vez cumpridas as formalidades procedimentais 
necessárias à tomada e materialização dessa decisão e sendo a ordem respectiva[8] 
corretamente endereçada à autoridade pública competente para atender o comando 
ali existente (para o que deve ser concedido prazo razoável), seu descumprimento 
injustificado importa, em tese, na prática de crime de desobediência, definido pelo 
art.330 do Código Penal, sem embargo da prática de infração administrativa definida 
no art.249 da Lei nº 8.069/90, podendo assim o refratário sofrer dupla sanção[9]. 
Sendo o Conselho Tutelar AUTORIDADE PÚBLICA investida de PODER DE 
MANDO, é mais do que elementar que o descumprimento injustificado de uma ordem 
 
42 
 
legal dele regularmente emanada, caracteriza a infração penal acima referida, sendo 
também passível de sanção na esfera administrativa, tudo com o objetivo de fazer 
valer as prerrogativas - e deveres correspondentes conferidas ao órgão pela 
sociedade que representa. 
Caso não concorde com a decisão do Conselho Tutelar ou entenda tenha sido 
ela proferida em desacordo com as prescrições legais ou regimentais existentes, ao 
destinatário da requisição (diga-se ordem) do Conselho Tutelar restará o pedido 
revisional à autoridade judiciária, tal qual previsto no art.137 da Lei nº 8.069/90, 
somente ficando desobrigado de cumpri-la caso provido seu pleito. 
Ainda assim, o Conselho Tutelar pode não se dar por vencido, sendo-lhe 
facultado questionar junto à Superior Instância a decisão da autoridade judiciária, 
contra ela apelando ou mesmo impetrando mandado de segurança, em sendo 
constatado que dela resultou violação de direito líquido e certo (ou prerrogativa legal) 
do órgão[10]. 
Inadmissível, pois, o descumprimento puro e simples das requisições e demais 
determinações do Conselho Tutelar, o que demonstra pouco caso para com os 
poderes dos quais o órgão está investido, com o que este não pode se conformar. 
Assim sendo, uma vez deliberado pela expedição de requisição a autoridade 
pública municipal na forma do disposto no art.136, inciso III, alínea "a" da Lei nº 
8.069/90 (no sentido da realização de um acompanhamento de determinado caso pelo 
serviço de assistência social da prefeitura ou de uma orientação psicológica 
sistemática a uma criança, adolescente ou família), bem como vencido o prazo 
concedido para o cumprimento da ordem legal emanada, sem que para tanto tenha 
sido apresentada justificativa plausível, deve o Conselho Tutelar: 
 
1 - Oferecer, diretamente[11], representação ao Juiz da Infância e Juventude da 
Comarca para fins de instauração de procedimento para apuração de infração 
administrativa às normas de proteção à criança e ao adolescente, a teor do disposto 
no 136, inciso III, alínea "b" em combinação com o art.194 e seguintes da Lei nº 
8.069/90; 
 
2 - Extrair e encaminhar cópias da mesma documentação utilizada para instruir 
a inicial do procedimento (referente ao caso atendido onde a medida foi aplicada, 
 
43 
 
cópia da ata da sessão deliberativa onde se decidiu pela expedição da requisição, 
cópia da requisição em si e seu protocolo e, se houver, resposta da autoridade 
negando o cumprimento da ordem respectiva por motivos injustificados), ao 
representante do Ministério Público com atribuições junto à Vara Criminal da comarca, 
a título de delatio criminis; 
 
3 - Extrair e encaminhar cópias da mesma documentação acima referida ao 
representante do Ministério Público com atribuições junto à Vara da Infância e 
Juventude da Comarca, para que o órgão do Parquet, a seu critério de conveniência 
e oportunidade, ingresse com ação civil pública ou mandamental na defesa de 
interesse (ainda que individual) de crianças ou adolescentes que tenham sido de 
qualquer modo violados em decorrência do descumprimento da requisição do Órgão 
Tutelar. 
 
Restaria ainda, a meu ver, a possibilidade de, a depender da situação, o próprio 
Conselho Tutelar impetrar mandado de segurança para ver assegurado seu direito 
líquido e certo de "zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente..." 
(verbis/omissis), definido no já citado art.131 da Lei nº 8.069/90. 
 
Vale repetir que dada completa autonomia funcional do Conselho Tutelar, todas 
essas iniciativas devem ser tomadas independentemente da "autorização" autoridade 
pública outra qualquer, devendo o órgão ter a isenção e coragem de, se necessário, 
contrariar mesmo os interesses do Chefe do Executivo Municipal, ao qual não está 
subordinado e, por mandamento constitucional, tem também e acima de tudo o dever 
de tratar os assuntos referentes à criança e ao adolescente com a mais ABSOLUTA 
PRIORIDADE, o que importa, dentre outras, em assegurar que a área da infância e 
juventude tenha "preferência na formulação e execução das políticas sociais públicas" 
e receba uma "destinação privilegiada de recursos públicos", tal qual determinam o 
art.227, caput da Constituição Federal e art.4º, par. único, alíneas "c" e "d" da Lei nº 
8.069/90. 
Destarte, por mais obstáculos que se lhe imponham, o Conselho Tutelar precisa 
a todo custo fazer valer sua autoridade, para que a instituiçãonão venha a cair no 
descrédito por parte dos governante e da população e, em especial, para que não se 
 
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veja impossibilitada de cumprir o papel fundamental na defesa dos direitos de crianças 
e adolescentes que lhe foi reservado pela Lei nº 8.069/90. 
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[1] Promotor de Justiça integrante do Centro de Apoio Operacional das 
Promotorias da Criança e do Adolescente 
[2] apesar da equiparação do conselheiro tutelar ao conceito de "funcionário 
público" em especial para fins criminais (vide art.327, caput do Código Penal). 
[3] com a ressalva, aliás, que a municipalidade deve garantir em primeiro lugar 
o repasse de verbas ao Conselho Tutelar, dada inevitável incidência do princípio 
constitucional da prioridade absoluta, que traduzido pela Lei nº 8.069/90 importa, 
dentre outras, na destinação privilegiada de recursos públicos para a área infanto-
juvenil. 
[4] ou a qualquer outra autoridade pública de qualquer nível ou Poder constituído. 
[5] assim entendida aquela decorrente de deliberação do colegiado, ainda que 
tomada por maioria de votos. 
[6] embora tais decisões não possuam caráter jurisdicional, ex vi do disposto no 
citado art.131, terceira parte, da Lei nº 8.069/90. 
[7] repita-se, desde que resultantes de deliberação do colegiado, nos moldes do 
previsto na legislação municipal específica e/ou regimento interno do órgão. 
[8] pois quem requisita não pede, manda. 
[9] sendo uma pelo Juízo criminal comum e outra pelo Juízo da Infância e 
Juventude, sem que isto importe em bis in idem, dada natureza jurídica diversa das 
penas criminal e administrativa. 
[10] embora o Conselho Tutelar a rigor não tenha personalidade jurídica, não 
restam dúvidas que o órgão possui personalidade judiciária, ou seja, capacidade de 
ser parte, para defesa em Juízo de seus interesses. Deverá, no entanto, em tal 
hipótese constituir advogado para patrocinar lhe a defesa. 
[11] e aí sem a necessidade de intervenção de advogado.

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