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. 1 Capa 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 2 Auditoria no Setor Público: tipos e modalidades .................................................................................. 1 Sistemas de Controle na Administração Pública Brasileira (art. 70 a 74 da Constituição Federal) ..... 13 Tribunais de Contas: funções, natureza jurídica e eficácia das decisões ........................................... 17 Tribunal de Contas da União: natureza, competência e jurisdição ..................................................... 30 O controle externo e o papel do Tribunal de Contas da União. Exame de contas .............................. 32 Controle e avaliação da execução orçamentária ................................................................................ 39 Auditoria operacional e avaliação de programas ................................................................................ 44 O Controle de Obras Públicas pelo Congresso Nacional ................................................................... 83 Questões ........................................................................................................................................... 84 Candidatos ao Concurso Público, O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom desempenho na prova. As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar em contato, informe: - Apostila (concurso e cargo); - Disciplina (matéria); - Número da página onde se encontra a dúvida; e - Qual a dúvida. Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. Bons estudos! 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 1 Auditoria Primeiramente é necessário entender o que é Auditoria, o que implica esse conceito e porque é tão comentado e importante nos dias de hoje. A auditoria surgiu para atender uma necessidade decorrente da evolução do sistema capitalista. No início, as empresas eram fechadas e familiares, posteriormente, a evolução da economia trouxe, para algumas empresas, a necessidade de captar dinheiro de terceiros. Ou seja, para crescer é necessário dinheiro e, em muitas ocasiões, esse recurso tem que vir de investidores externos à empresa, tais como bancos, credores, acionistas, entre outros. Todo investidor quer saber onde está injetando seu dinheiro, ter uma garantia de todos os esforços serão voltados ao crescimento do negócio, para tanto o investidor precisa saber se a empresa tem uma saúde financeira estável, quais são seus ativos e passivos, ou seja, o que a empresa possui de patrimônio, de bens e direitos e o que possui de obrigações e dívidas contraídas e que devem ser liquidadas. Enfim o investidor precisa estar por dentro das ações da empresa, tantos em termos financeiros, econômicos, materiais, tecnológicos, humanos, etc. Dessa forma, o investidor consegue verificar se a empresa possui segurança, rentabilidade, e capacidade de liquidez no futuro, permitindo que o investidor consiga ter maior certeza se deve continuar investindo na empresa ou não. Por essa necessidade do investidor que é vital para uma empresa, independente se pública ou privada, foi que os gestores perceberam a necessidade das demonstrações financeiras e contábeis, ou seja, de publicar o balanço patrimonial, demonstrativo de fluxo de caixa, demonstrativo de resultados, etc, como forma de transparecer sua situação financeira ao público, principalmente aos investidores. Dica importante para você candidato: a Lei nº 11.638/07 instituiu várias modificações nos padrões de contabilidade até então vigente no Brasil. Porém, ficou mantida na norma a expressão “demonstrações financeiras” ao invés de “demonstrações contábeis”, que é a nomenclatura correta, por ser mais abrangente do que a adotada na legislação. Assim, você pode encontrar na prova tanto uma como outra expressão, indistintamente. Estão ocorrendo grandes mudanças no cenário internacional (nas empresas), e exige-se que elas passem a adotar um novo procedimento contábil harmônico com o mundo, para que a linguagem dos negócios possa ser entendida por todos da mesma forma em todos os lugares. O Brasil precisa estar inserido neste contexto e nesse contexto a contabilidade dá passos concretos, atualizando as regras contábeis brasileiras e adequando suas demonstrações e principalmente o Balanço Patrimonial ao cenário contábil internacional. Conclui-se que os impactos ocorridos no Balanço Patrimonial em razão das atualizações nas normas contábeis brasileira são muito importantes, por razão da adequação do Brasil ao cenário contábil internacional. Portanto, houve amplas mudanças que fizeram com que os contadores e gestores tornassem não somente um responsável pela apuração e pagamento de impostos, mas representasse um grande passo para a integração das companhias brasileiras, com a convergência contábil internacional. Mesmo após a identificação da necessidade de demonstrar as informações ainda faltava acertar alguns pontos importantes, para garantir a completude, correção e idoneidade das informações. Então surge a auditoria, de uma necessidade de avaliação independente da real situação da empresa. Auditoria no Setor Público: tipos e modalidades. 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 2 Figura 01: Dinâmica da Auditoria Interna Fonte: Adaptado de Graeff e Barreto, disponível em: www.pontodosconcursos.com.br. A figura acima representa a dinâmica da Auditoria, podemos comentar que há a Auditoria Externa e Interna, ambas servem para comprovar se a empresa têm seguido os padrões estabelecidos pelas leis e órgãos competentes que serão comentados logo abaixo, e para aferir se a empresa têm condições financeiras, econômicas e legais para permanecer atuando no mercado. A auditoria externa (também chamada de auditoria independente) é aquela executada por profissionais ou empresas que não possuem vínculo e/ou subordinação à empresa auditada, com o objetivo de trazer uma opinião independente sobre a entidade. Já a auditoria interna, que será o foco do conteúdo aqui apresentado, é formada por um conjunto de procedimentos e técnicas, aplicados ao exame da regularidade, da economicidade, da eficiência, da eficácia dos atos e dos fatos administrativos praticados na gestão de bens públicos, que visam atingir os seguintes objetivos: - Comprovar a legalidade e legitimidade e avaliar os resultados, quanto à eficiência e eficácia da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nas unidades da administração direta e entidades supervisionadas da administração federal; - Observar o cumprimento dos princípios fundamentais de planejamento, coordenação, descentralização, delegação de competência e controle, pelos órgãos e entidades; - Examinar a observância da legislação federal específica e normas relacionadas; - Avaliar a execução dos programas de governo, dos contratos, convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos de mesma origem; - Avaliar o desempenho administrativo e operacional das unidades da administração direta e entidades supervisionadas; - Verificar o controle e a utilização dos bens e valores sob uso e guarda dos administradores ou gestores; - Examinar e avaliar as transferências e a aplicação dos recursos orçamentários e financeiros das unidades da administraçãodireta e entidades supervisionadas; e - Verificar e avaliar os sistemas de informações e a utilização dos recursos computacionais das unidades da administração direta e entidades supervisionadas. A auditoria interna ganha maior significância quando a atuação é no setor público, pois no setor público há maior burocracia, regulamentos e normas a serem seguidas de maneira mais ríspida. Além do que, o patrimônio público é propriedade coletiva que deve ser vigiado por todos, além disso, a sociedade brasileira vem exigindo cada vez mais a transparência na aplicação dos recursos públicos. Os órgãos públicos alcançam mais facilmente esta transparência quando têm o auxílio da auditoria, pois, suas atividades servem como um meio de identificação de que todos os procedimentos internos, políticas definidas e a própria legislação estão sendo devidamente seguidos, e também para constatação de que todos os dados registrados merecem a verdadeira confiança; então, pode-se dizer que a importância da auditoria interna se torna indispensável. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) é o órgão que edita as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs) que devem ser adotadas por todos os profissionais da contabilidade no Brasil. Para captar recursos e exercer suas atividades as entidades precisam fornecer informações aos diversos usuários. No entanto, estes usuários não têm certeza se as informações recebidas são verdadeiras. Entidade Demonstrações contábeis Usuários das informações contábeis - Acionistas; - Credores; - Clientes; - Fornecedores; - Governo 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 3 Para assegurar a evolução das Ciências Contábeis e a aplicação do conhecimento atualizado e globalizado no exercício profissional, uma das prioridades do CFC tem sido à busca da convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade aos padrões internacionais. A elaboração e a revisão das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs)1, Técnicas e Profissionais, assim como dos Princípios de Contabilidade (Resolução CFC nº 750/93), fazem parte de um processo constante que congrega, em igual medida, o saber técnico e a aplicação prática, sem se descuidar da realidade atual da profissão contábil. Portanto as normas existem para formalizar e padronizar as demonstrações contábeis. Tais normas são vitais para que todos os contadores e gestores possam seguir o mesmo formato e dessa forma facilitar nas interpretações e análises dos auditores, sejam externos ou internos. Normas Brasileiras para Auditoria Interna no Setor Público Normas para execução da Auditoria Interna no setor público Para que exista uma devida auditoria interna no setor público, faz-se necessário seguir as seguintes normas: O auditor governamental, para exercer suas funções, deverá ter livre acesso a todas as dependências do órgão auditado, assim como documentos e livros considerados indispensáveis ao cumprimento de suas atribuições, não lhe podendo ser sonegado, sob qualquer pretexto, nenhum processo, documento ou informação. - O trabalho de auditoria deve ser adequadamente planejado, de forma a prever a natureza, o objetivo, a extensão e a profundidade dos procedimentos que nele serão empregados. - Após o planejamento, deve efetuar avaliação dos controles internos: um adequado exame em relação à avaliação da capacidade e efetividade dos sistemas de controles internos - contábil administrativo e operacional – dos órgãos públicos. - A fim de atender aos objetivos da atividade de auditoria, deverá ser realizado, se julgado necessário, os testes ou provas adequados nas circunstâncias, para obter evidências aceitáveis que fundamentem, de forma objetiva, suas recomendações e conclusões. - As situações que apresentam indícios de irregularidades exigem do auditor governamental extrema prudência e profissionalismo, a fim de alcançar os objetivos. Ao verificar a ocorrência de irregularidades, deverá ter maior atenção, adotando providências corretivas adequadas. A partir deste momento, os auditores são obrigados a ampliar o alcance dos procedimentos necessários, a fim de evidenciar a existência de irregularidades. Devem também, levar o assunto por escrito, ao conhecimento do dirigente da unidade auditada, solicitando esclarecimentos e justificativas. - Para cada auditoria realizada, o auditor governamental deverá elaborar relatório que refletirá os resultados dos exames efetuados, de acordo com a forma ou tipo de auditoria. De acordo com a RESOLUÇÃO CFC Nº 986/03, aprova a NBC TI 01 – Da Auditoria Interna. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, CONSIDERANDO que as Normas Brasileiras de Contabilidade e suas Interpretações Técnicas constituem corpo de doutrina contábil que estabelece regras de procedimentos técnicos a serem observadas quando da realização de trabalhos; CONSIDERANDO que a forma adotada de fazer uso de trabalhos de instituições com as quais o Conselho Federal de Contabilidade mantém relações regulares e oficiais está de acordo com as diretrizes constantes dessas relações; CONSIDERANDO que o Grupo de Trabalho das Normas Brasileiras de Contabilidade, instituído pelo Conselho Federal de Contabilidade, atendendo ao que está disposto no art. 3º da Resolução CFC nº 751, de 29 de dezembro de 1993, que recebeu nova redação pela Resolução CFC nº 980, de 24 de outubro de 2003, elaborou a NBC TI 01 – Da Auditoria Interna; 1 Disponível em: http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/Auditoria_Interna.pdf 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 4 CONSIDERANDO que por se tratar de atribuição que, para o adequado desempenho, deve ser empreendida pelo Conselho Federal de Contabilidade, em regime de franca, real e aberta cooperação com o Banco Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários, o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, o Instituto Nacional de Seguro Social, o Ministério da Educação e do Desporto, a Secretaria Federal de Controle, a Secretaria da Receita Federal, a Secretaria do Tesouro Nacional e a Superintendência de Seguros Privados. RESOLVE: Art. 1º Aprovar a NBC TI 01 – Da Auditoria Interna. Art. 2º Esta Resolução entra em vigor a partir do dia 1º de janeiro de 2004, revogando a Resolução CFC nº 780, de 24 de março de 1995. Brasília, 21 de novembro de 2003. Contador ALCEDINO GOMES BARBOSA Presidente Ata CFC nº 850 As Normas Brasileiras de Contabilidade para o exercício da Auditoria Interna de acordo com a elaboração e a revisão das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC – TI 01 – DA AUDITORIA INTERNA), assim como dos Princípios de Contabilidade (Resolução CFC nº 750/93), são: 12.1 – CONCEITUAÇÃO E DISPOSIÇÕES GERAIS 12.1.1 – Conceituação e Objetivos da Auditoria Interna 12.1.1.1 – Esta norma trata da atividade e dos procedimentos de Auditoria Interna Contábil, doravante denominada Auditoria Interna. 12.1.1.2 – A Auditoria Interna é exercida nas pessoas jurídicas de direito público, interno ou externo, e de direito privado. 12.1.1.3 – A Auditoria Interna compreende os exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para a avaliação da integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de controles internos integrados ao ambiente, e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir à administração da entidade no cumprimento de seus objetivos. 12.1.1.4 – A atividade da Auditoria Interna está estruturada em procedimentos, com enfoquetécnico, objetivo, sistemático e disciplinado, e tem por finalidade agregar valor ao resultado da organização, apresentando subsídios para o aperfeiçoamento dos processos, da gestão e dos controles internos, por meio da recomendação de soluções para as não-conformidades apontadas nos relatórios. 12.1.2 – Papéis de Trabalho 12.1.2.1 – A Auditoria Interna deve ser documentada por meio de papéis de trabalho, elaborados em meio físico ou eletrônico, que devem ser organizados e arquivados de forma sistemática e racional. 12.1.2.2 – Os papéis de trabalho constituem documentos e registros dos fatos, informações e provas, obtido no curso da auditoria, a fim de evidenciar os exames realizados e dar suporte à sua opinião, críticas, sugestões e recomendações. 12.1.2.3 – Os papéis de trabalho devem ter abrangência e grau de detalhes suficientes para propiciarem a compreensão do planejamento, da natureza, da oportunidade e da extensão dos 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 5 procedimentos de Auditoria Interna aplicados, bem como do julgamento exercido e do suporte das conclusões alcançadas. 12.1.2.4 – Análises, demonstrações ou quaisquer outros documentos devem ter sua integridade verificada sempre que forem anexados aos papéis de trabalho. 12.1.3 – Fraude e Erro 12.1.3.1 – A Auditoria Interna deve assessorar a administração da entidade no trabalho de prevenção de fraudes e erros, obrigando-se a informá-la, sempre por escrito, de maneira reservada, sobre quaisquer indícios ou confirmações de irregularidades detectadas no decorrer de seu trabalho. 12.1.3.2 – O termo “fraude” aplica-se a ato intencional de omissão e/ou manipulação de transações e operações, adulteração de documentos, registros, relatórios, informações e demonstrações contábeis, tanto em termos físicos quanto monetários. 12.1.3.3 – O termo “erro” aplica-se a ato não intencional de omissão, desatenção, desconhecimento ou má interpretação de fatos na elaboração de registros, informações e demonstrações contábeis, bem como de transações e operações da entidade, tanto em termos físicos quanto monetários. 12.2 – NORMAS DE EXECUÇÃO DOS TRABALHOS 12.2.1 – Planejamento da Auditoria Interna 12.2.1.1 – O planejamento do trabalho da Auditoria Interna compreende os exames preliminares das áreas, atividades, produtos e processos, para definir a amplitude e a época do trabalho a ser realizado, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela administração da entidade. 12.2.1.2 – O planejamento deve considerar os fatores relevantes na execução dos trabalhos, especialmente os seguintes: a) o conhecimento detalhado da política e dos instrumentos de gestão de riscos da entidade; b) o conhecimento detalhado das atividades operacionais e dos sistemas contábil e de controles internos e seu grau de confiabilidade da entidade; c) a natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos de auditoria interna a serem aplicados, alinhados com a política de gestão de riscos da entidade; d) a existência de entidades associadas, filiais e partes relacionadas que estejam no âmbito dos trabalhos da Auditoria Interna; e) o uso do trabalho de especialistas; f) os riscos de auditoria, quer pelo volume ou pela complexidade das transações e operações; g) o conhecimento do resultado e das providências tomadas em relação a trabalhos anteriores, semelhantes ou relacionados; h) as orientações e as expectativas externadas pela administração aos auditores internos; e i) o conhecimento da missão e objetivos estratégicos da entidade. 12.2.1.3 – O planejamento deve ser documentado e os programas de trabalho formalmente preparados, detalhando-se o que for necessário à compreensão dos procedimentos que serão aplicados, em termos de natureza, oportunidade, extensão, equipe técnica e uso de especialistas. 12.2.1.4 – Os programas de trabalho devem ser estruturados de forma a servir como guia e meio de controle de execução do trabalho, devendo ser revisados e atualizados sempre que as circunstâncias o exigirem. 12.2.2 – Riscos da Auditoria Interna 12.2.2.1 – A análise dos riscos da Auditoria Interna deve ser feita na fase de planejamento dos trabalhos; estão relacionados à possibilidade de não se atingir, de forma satisfatória, o objetivo dos trabalhos. Nesse sentido, devem ser considerados, principalmente, os seguintes aspectos: a) a verificação e a comunicação de eventuais limitações ao alcance dos procedimentos da Auditoria Interna, a serem aplicados, considerando o volume ou a complexidade das transações e das operações; b) a extensão da responsabilidade do auditor interno no uso dos trabalhos de especialistas. 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 6 12.2.3 – Procedimentos da Auditoria Interna 12.2.3.1 – Os procedimentos da Auditoria Interna constituem exames e investigações, incluindo testes de observância e testes substantivos, que permitem ao auditor interno obter subsídios suficientes para fundamentar suas conclusões e recomendações à administração da entidade. 12.2.3.2 – Os testes de observância visam à obtenção de razoável segurança de que os controles internos estabelecidos pela administração estão em efetivo funcionamento, inclusive quanto ao seu cumprimento pelos funcionários e administradores da entidade. Na sua aplicação, devem ser considerados os seguintes procedimentos: a) inspeção – verificação de registros, documentos e ativos tangíveis; b) observação – acompanhamento de processo ou procedimento quando de sua execução; e c) investigação e confirmação – obtenção de informações perante pessoas físicas ou jurídicas conhecedoras das transações e das operações, dentro ou fora da entidade. 12.2.3.3 – Os testes substantivos visam à obtenção de evidência quanto à suficiência, exatidão e validade dos dados produzidos pelos sistemas de informação da entidade. 12.2.3.4 – As informações que fundamentam os resultados da Auditoria Interna são denominadas de “evidências”, que devem ser suficientes, fidedignas, relevantes e úteis, de modo a fornecer base sólida para as conclusões e recomendações à administração da entidade. 12.2.3.5 – O processo de obtenção e avaliação das informações compreende: I – a obtenção de informações sobre os assuntos relacionados aos objetivos e ao alcance da Auditoria Interna, devendo ser observado que: a) a informação suficiente é aquela que é factual e convincente, de tal forma que uma pessoa prudente e informada possa entendê-la da mesma forma que o auditor interno; b) a informação adequada é aquela que, sendo confiável, propicia a melhor evidência alcançável, por meio do uso apropriado das técnicas de Auditoria Interna; c) a informação relevante é a que dá suporte às conclusões e às recomendações da Auditoria Interna; d) a informação útil é a que auxilia a entidade a atingir suas metas. II – a avaliação da efetividade das informações obtidas, mediante a aplicação de procedimentos da Auditoria Interna, incluindo testes substantivos, se as circunstâncias assim o exigirem. 12.2.3.6 – O processo deve ser supervisionado para alcançar razoável segurança de que o objetivo do trabalho da Auditoria Interna está sendo atingido. 12.2.3.7 – Devem ser adotados procedimentos adequados para assegurar que as contingências ativas e passivas relevantes - decorrentes de processos judiciais e extrajudiciais, reivindicações e reclamações, bem como de lançamentos de tributos e de contribuições em disputa, - foram identificadas e são do conhecimento da administração da entidade. 12.2.3.8 – No trabalho da Auditoria Interna, quando aplicável, deve ser examinada a observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade,das Normas Brasileiras de Contabilidade e da legislação tributária, trabalhista e societária, bem como o cumprimento das normas reguladoras a que estiver sujeita a entidade. 12.2.4 – Amostragem 12.2.4.1 – Ao determinar a extensão de um teste de auditoria ou um método de seleção de itens a serem testados, podem ser empregadas técnicas de amostragem. 12.2.4.2 – Ao usar método de amostragem, estatística ou não, deve ser projetada e selecionada uma amostra que possa proporcionar evidência de auditoria suficiente e apropriada. 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 7 12.2.5 – Processamento Eletrônico de Dados – PED 12.2.5.1 – A utilização de processamento eletrônico de dados pela entidade requer que exista, na equipe da Auditoria Interna, profissional com conhecimento suficiente sobre a tecnologia da informação e os sistemas de informação utilizados. 12.2.5.2 – O uso de técnicas de Auditoria Interna, que demandem o emprego de recursos tecnológicos de processamento de informações, requer que exista na equipe da Auditoria Interna profissional com conhecimento suficiente de forma a implementar os próprios procedimentos ou, se for o caso, orientar, supervisionar e revisar os trabalhos de especialistas. 12.3 – NORMAS RELATIVAS AO RELATÓRIO DA AUDITORIA INTERNA 12.3.1 – O relatório é o documento pelo qual a Auditoria Interna apresenta o resultado dos seus trabalhos, devendo ser redigido com objetividade e imparcialidade, de forma a expressar, claramente, suas conclusões, recomendações e providências a serem tomadas pela administração da entidade. 12.3.2 – O relatório da Auditoria Interna deve abordar, no mínimo, os seguintes aspectos: a) o objetivo e a extensão dos trabalhos; b) a metodologia adotada; c) os principais procedimentos de auditoria aplicados e sua extensão; d) eventuais limitações ao alcance dos procedimentos de auditoria; e) a descrição dos fatos constatados e as evidências encontradas; f) os riscos associados aos fatos constatados; e g) as conclusões e as recomendações resultantes dos fatos constatados. 12.3.3 – O relatório da Auditoria Interna deve ser apresentado a quem tenha solicitado o trabalho ou a quem este autorizar, devendo ser preservada a confidencialidade do seu conteúdo. 12.3.4 – A Auditoria Interna deve avaliar a necessidade de emissão de relatório parcial, na hipótese de constatar impropriedades/irregularidades/ ilegalidades que necessitem providências imediatas da administração da entidade, e que não possam aguardar o final dos exames, considerando o disposto no item 12.1.3.1. RESOLUÇÃO CFC N.º 781/95 Aprova NBC PI 01 – Normas Profissionais do Auditor Interno. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, CONSIDERANDO o que a Resolução CFC n.º 780/95, de 24 de março de 1995, aprovou a NBC T 12 – Da Auditoria Interna; CONSIDERANDO a estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade, prevista na Resolução CFC n.º 751/93, de 29 de dezembro de 1993; CONSIDERANDO os resultados dos estudos e dos debates promovidos pelo Grupo de Estudo, instituído pela Portaria CFC n.º 2/95, RESOLVE: Art. 1º Aprovar a NBC PI 01 – Normas Profissionais do Auditor Interno. Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua assinatura. Brasília, 24 de março de 1995. Contador JOSÉ MARIA MARTINS MENDES Presidente Ata CFC n° 739 Brasília, 24 de março de 1995. 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 8 Contador JOSÉ MARIA MARTINS MENDES Presidente Ata CFC n° 739 NBC PI 01 – NORMAS PROFISSIONAIS DO AUDITOR INTERNO 3.1 – COMPETÊNCIA TÉCNICO-PROFISSIONAL 3.1.1 – O Contador, na função de auditor interno, deve manter o seu nível de competência profissional pelo conhecimento atualizado das Normas Brasileiras de Contabilidade, das técnicas contábeis, especialmente na área de auditoria, da legislação inerente à profissão, dos conceitos e técnicas administrativas e da legislação aplicável à Entidade. 3.2 – AUTONOMIA PROFISSIONAL 3.2.1 – O auditor interno, não obstante sua posição funcional, deve preservar sua autonomia profissional. 3.3 – RESPONSABILIDADE DO AUDITOR INTERNO NA EXECUÇÃO DOS TRABALHOS 3.3.1 – O auditor interno deve ter o máximo de cuidado, imparcialidade e zelo na realização dos trabalhos e na exposição das conclusões. 3.3.2 – A amplitude do trabalho do auditor interno e sua responsabilidade estão limitadas à sua área de atuação. 3.3.3 – A utilização da equipe técnica supõe razoável segurança de que o trabalho venha a ser executado por pessoas com capacitação profissional e treinamento, requeridas nas circunstâncias. 3.3.4 – Cabe também ao auditor interno, quando solicitado, prestar assessoria ao Conselho Fiscal ou órgãos equivalentes. 3.4 – RELACIONAMENTO COM PROFISSIONAIS DE OUTRAS ÁREAS 3.4.1 – O auditor interno pode realizar trabalhos de forma compartilhada com profissionais de outras áreas, situação em que a equipe fará a divisão de tarefas, segundo a habilitação técnica e legal dos seus participantes. 3.5 – SIGILO 3.5.1 – O auditor interno deve respeitar o sigilo relativamente às informações obtidas durante o seu trabalho, não as divulgando para terceiros, sob nenhuma circunstância, sem autorização expressa da Entidade em que atua. 3.5.2 – O dever de manter o sigilo continua depois de terminado o vínculo empregatício ou contratual. 3.6 – COOPERAÇÃO COM O AUDITOR INDEPENDENTE 3.6.1 – O auditor interno, quando previamente estabelecido com a administração da entidade em que atua, e no âmbito de planejamento conjunto do trabalho a realizar, deve apresentar os seus papéis de trabalho ao auditor independente e entregar-lhe cópias, quando este entender necessário. As normas usuais de auditoria representam os requisitos básicos a serem observados no desempenho do trabalho de auditoria, como medidas de qualidade na execução desses atos e dos objetivos a serem alcançados por meio dos procedimentos de auditoria. Sua finalidade é clarificar o conhecimento do papel e responsabilidade dos auditores internos a todos os interessados, assim como estabelecer uma base para orientação e avaliação do desempenho da auditoria interna, em conformidade com as normas aplicáveis internacionalmente para o exercício profissional da auditoria, bem como com aquelas aplicáveis ao serviço público federal. Acima foram apresentadas normas a respeito dos procedimentos técnicos da Auditoria Interna, portanto adiante será abrangido sobre os aspectos comportamentais dos profissionais que estão envolvidos nessa dinâmica da Auditoria, o que compete ao profissional. 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 9 Normas relativas à competência profissional A auditoria interna deve ser executada com zelo e competência profissional. Estas características constituem-se em responsabilidades tanto do órgão de auditoria interna quanto do auditor interno. Não devem ser designadas para a execução dos trabalhos de auditoria pessoas inaptas – empírica e tecnicamente – para a atividade, desprovidas do necessário aporte de conhecimento para desincumbir- se das tarefas com eficiência. Quanto ao órgão de auditoria interna É preciso que este se assegure de que as pessoas que compõem o órgão de auditoria interna possuem competência e instrução compatíveis com as tarefas que executarão. Deve o órgão de auditoria interna traçar critérios apropriados de instrução formal e experiência para o preenchimento de vagas, considerando-se o âmbito do trabalho e o grau de responsabilidade. O órgão de auditoria interna deve possuir,em seu conjunto, as necessárias disciplina e capacidade técnica para o desempenho de suas responsabilidades. Deve ser competente na aplicação de normas, procedimentos e técnicas de auditoria interna. A auditoria interna precisa supervisionar adequadamente seus auditores. Todos os trabalhos de auditoria são de responsabilidade do dirigente do órgão de auditoria, que detém, em consequência, a responsabilidade de supervisionar todo e qualquer trabalho realizado em sua área. A supervisão é um processo contínuo, que se inicia na fase de planejamento, estende-se durante a execução e prossegue até o encerramento. O grau de supervisão necessário depende da competência dos auditores e do grau de dificuldade do trabalho. Um programa sintético de supervisão consiste em: - instruir coerentemente os subordinados no início do serviço e aprovar o programa; - cuidar para que o programa seja cumprido, a menos que os desvios eventuais possam ser justificados e autorizados; - determinar se os papéis de trabalho de auditoria fundamentam devidamente as descobertas, as conclusões e os relatórios de auditoria; - certificar-se de que os relatórios de auditoria são exatos, objetivos, claros, concisos, construtivos e oportunos; - verificar se os objetivos de auditoria foram alcançados. Quanto ao auditor interno São normas de auditoria relativas à competência profissional do auditor interno: a) conhecimento técnico e capacidade profissional - o auditor no exercício das atividades de l auditoria deve possuir um conjunto de conhecimentos técnicos, experiência e capacidade para as tarefas que executa; conhecimentos contábeis, econômicos e financeiros, e de outras disciplinas para o adequado cumprimento do objetivo da auditoria. Deverá, ainda, ter habilidade no trato com as pessoas e comunicar- se de maneira eficaz. - conhecimento técnico - face a complexidade e magnitude dos objetivos da administração o pública federal, o auditor necessita possuir conhecimentos técnicos das diversas áreas relacionadas com as atividades auditadas, de tal forma que o permitam comprovar a legalidade e legitimidade dos atos de gestão e avaliar a economicidade, eficiência e eficácia alcançadas no desempenho dos objetivos do órgão ou entidade sob exame. - capacidade profissional - a capacidade profissional é adquirida pela aplicação prática dos conhecimentos técnicos. O somatório de experiências obtidas entre diversas situações contribuem para o amadurecimento do julgamento profissional, possibilitando o discernimento entre situações gerais e particulares; b) atualização dos conhecimentos técnicos - o auditor governamental deve manter sua competência técnica, atualizando-se quanto ao avanço de normas, procedimentos e técnicas aplicáveis à auditoria; c) cautela e zelo profissional - no desempenho de suas funções, na elaboração do relatório e l emissão de sua opinião, o auditor governamental deve agir com a devida precaução e zelo profissional, devendo acatar as normas de ética profissional, o bom senso em seus atos e recomendações, o cumprimento das normas gerais de auditoria governamental e o adequado emprego dos procedimentos de auditoria de aplicação geral ou específica. Do zelo profissional fazem parte os seguintes itens de exame: - âmbito e extensão do trabalho necessário para atingir os objetivos de auditoria; - importância relativa ou significação de questões às quais se aplicarão os procedimentos de auditoria; - adequação e eficácia dos controles internos; 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 10 - custo da auditoria, relativamente aos benefícios que dela se espera obter; d) comportamento ético - no desenvolvimento de seu trabalho, o auditor governamental, o independentemente de sua formação profissional, deve ter sempre presente que, como servidor público, se obriga a proteger os interesses da sociedade, respeitar as normas de conduta que regem os servidores públicos, não podendo valer-se da função em benefício próprio ou de terceiros, ficando, ainda, obrigado a guardar confidencialidade das informações obtidas, não devendo revelá-las a terceiros, sem autorização específica, salvo se houver obrigação legal ou profissional de assim proceder. Normas relativas ao âmbito do trabalho Tais normas asseguram a forma de trabalho que a auditoria interna deve seguir, tais normas devem ser adaptadas ao setor de cada empresa ou instituição, levando em consideração todos os parâmetros acima comentados. As normas da Auditoria interna servem como um direcionamento para a conformidade e seguridade dos padrões pré-estabelecidos pela conduta internacional. O âmbito do trabalho envolve a determinação do trabalho de auditoria a ser realizado. O trabalho de auditoria interna deve abranger o exame e a avaliação da adequação e eficácia do sistema de controle interno da organização (para determinar se o sistema estabelecido fornece certeza razoável de que os objetivos e metas são cumpridos de maneira eficiente e econômica) e da qualidade do desempenho na realização do trabalho (para assegurar que os objetivos e as metas da organização foram atingidos). O âmbito do trabalho de auditoria interna precisa atingir os seguintes quesitos: a) assegurar a fidedignidade e integridade da informação; b) a observância de políticas, planos, procedimentos, leis e regulamentos; c) a proteção do ativo; d) o uso econômico e eficiente dos recursos; e) a consecução dos objetivos e metas estabelecidos para operações ou programas. Normas relativas à execução do trabalho O auditor governamental, no exercício de suas funções, terá livre acesso a todas as dependências do órgão auditado, assim como a documentos, valores e livros considerados indispensáveis ao cumprimento de suas atribuições, não lhe podendo ser sonegado, sob qualquer pretexto, nenhum processo, documento ou informação. Quando houver limitação da ação do auditor, o fato deverá ser comunicado, de imediato, por escrito, ao dirigente da unidade auditada, solicitando as providências necessárias. O trabalho de auditoria deve compreender o planejamento do exame, a verificação e a avaliação das informações, a comunicação dos resultados e o acompanhamento. É responsabilidade do auditor interno o planejamento e a realização do trabalho de auditoria, sujeito à supervisão e à aprovação. Exame e avaliação da informação O auditor interno deve reunir analisar, interpretar e documentar informação suficiente para fundamentar os resultados da auditoria. Em atendimento aos objetivos da atividade de auditoria, o auditor deverá realizar, na extensão julgada necessária, os testes ou provas adequados às circunstâncias, para obter evidências qualitativamente aceitáveis que fundamentem, de forma objetiva, suas recomendações e conclusões. As evidências obtidas devem ser suficientes para sustentar a emissão do parecer, permitindo ao auditor obter grau razoável de convencimento da realidade dos fatos e situações observados, da veracidade da documentação examinada, da consistência da contabilização dos fatos e fidedignidade das informações e registros gerenciais para fundamentar, solidamente, sua opinião. A validade do seu julgamento depende diretamente da qualidade das evidências. Considera-se que a evidência é de qualidade satisfatória quando reúne as características de suficiência, competência e pertinência, conforme a definição abaixo: a) suficiência - quando, mediante a aplicação de testes que resultem na obtenção de uma ou várias provas, o auditor for levado a um grau razoável de convencimento a respeito da realidade ou veracidade dos fatos examinados; b) adequação - quando os testes ou exames realizados forem apropriados à natureza e características dos fatos examinados; c) pertinência - quando houver coerência com as observações,conclusões e recomendações da auditoria. Os procedimentos de auditoria, bem como as técnicas e os procedimentos de amostragem empregados, devem ser escolhidos antecipadamente, e sua aplicação controlada pelo auditor interno. O processo de reunir, analisar, interpretar e documentar informações deve ser supervisionado, de modo 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 11 que forneça segurança razoável de que a objetividade do auditor é mantida e de que se cumprem os objetivos de auditoria. Os papéis de trabalho que documentam a auditoria devem ser elaborados pelo auditor e revisados pelo dirigente do órgão de auditoria interna. Os papéis devem registrar a informação obtida e as análises feitas, especificando as bases das descobertas e recomendações a serem feitas. Comunicação de resultados A comunicação dos resultados da auditoria deverá sempre ser realizada pelo dirigente do órgão de auditoria interna e mediante relatório que apresenta a conclusão das análises elaboradas. O dirigente do órgão de auditoria interna deve reunir os responsáveis das áreas envolvidas na auditoria e transmitir as conclusões e recomendações, afim de que seja evitada qualquer falha na comunicação. Posteriormente os responsáveis pelas áreas envolvidas na auditoria repassam as conclusões dos auditores, de forma que a equipe possa trabalhar com metas e objetivos voltados a atender às exigências da auditoria com mais eficiência e eficácia. Portanto os relatórios que apresentam as informações conclusivas a respeito da auditoria devem ser claros, concisos, construtivos e oportunos. Devem ainda, apontar as finalidades, os pontos analisados, os resultados, e o parecer do auditor, assim como podem conter recomendações de melhorias específicas, indicadores de desempenho satisfatório e providências corretivas tomadas. Vale ressaltar que os pontos de vista do setor submetido a exame, com respeito às conclusões do auditor e suas recomendações também podem ser incluídos no relatório de auditoria. Acompanhamento O acompanhamento serve como um controle para o auditor interno, pois tem como objetivo verificar que todas as providências e recomendações necessárias foram realmente tomadas, ou então no caso da não aceitação das falhas eventualmente apontadas pelo trabalho da auditoria, os administradores, contadores, ou gestores se responsabilizam por ações mais efetivas da auditoria e possíveis autuações, por não respeitar ou por não regulamentar-se conforme as normas exigidas. Atitudes comportamentais de auditoria Equipes de trabalho A responsabilidade de escalar funcionários para a execução das tarefas é do dirigente do órgão de auditoria interna. As equipes precisam ser equilibradas e muito bem coordenadas para que assim possam realizar um trabalho minucioso e de alta qualidade. Além do mais a auditoria é uma prática que deve ser aperfeiçoada por meio do trabalho em equipe. Após a designação de quem será encarregado do trabalho, este irá responder à chefia por todos os assuntos referentes àquele trabalho, inclusive quanto aos demais auditores sob sua responsabilidade, assim como estes respondem ao servidor encarregado dos trabalhos. Sendo recomendável e conveniente que os auditores executem todos os trabalhos relacionados a um serviço na própria área auditada, enquanto lá permanecer, o servidor submete-se às normas disciplinares e ao horário vigente da área. Confidencialidade O auditor deve preservar a natureza confidencial de todos os assuntos ligados às atividades das diversas áreas da organização que audite. Jamais devem ser reveladas informações confidenciais, como também nunca deverá discutir na presença de terceiros assuntos pertinentes à organização – dentro ou fora dela. A fim de preservar a natureza confidencial de todos os assuntos referentes às atividades das diversas áreas da empresa, é imprescindível que o auditor tenha a particular preocupação de evitar: - discutir com terceiros quaisquer assuntos das áreas da organização; - revelar informações confidenciais a servidores não autorizados a recebê-las; - discutir assuntos das áreas auditadas em lugares públicos. Constatação de possíveis desfalques Não obstante não ser o objetivo primeiro da auditoria, no decorrer dos exames o auditor deverá estar consciente da probabilidade de risco de constatação de irregularidades, ou mesmo de possíveis fraudes ou desfalques, atentando para as fragilidades dos controles internos, para riscos potenciais a que estão sujeitos os recursos utilizados, às peculiaridades/características de como se desenvolvem as operações, para a atitude dos recursos humanos do órgão auditado ante os controles existentes, assim como para comportamentos indevidos. O adequado conhecimento da natureza e peculiaridade das operações deve permitir ao auditor a identificação de indicadores de irregularidades. Os indicadores podem surgir, como 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 12 consequência dos controles estabelecidos, pelo resultado dos trabalhos efetuados pelos próprios auditores, ou por outras fontes de informação. Quando se manifestarem tais indicadores, os auditores estarão obrigados a ampliar o alcance dos procedimentos necessários, a fim de evidenciar, nesses casos, a existência de irregularidades. A aplicação dos procedimentos de auditoria não garantirá, contudo, a detecção de toda impropriedade ou irregularidade. Assim, a manifestação posterior de uma situação imprópria ou irregular ocorrida no período submetido a exame não significará que o trabalho efetuado pelo auditor tenha sido inadequado, sempre que puder demonstrar que o efetuou de acordo com o estabelecido pelas normas de auditoria aplicáveis no serviço público. No exercício de suas atividades, o auditor, ao verificar a ocorrência de irregularidades, deverá de imediato, levar o assunto, por escrito, ao conhecimento do dirigente da unidade/entidade auditada, solicitando os esclarecimentos e justificativas pertinentes. A descoberta de evidência indicativa de possível desfalque precisa ser compulsoriamente, levada ao conhecimento do superior imediato do auditor. Cabe ao dirigente do órgão de auditoria interna instruir adequadamente os auditores com respeito às providências a serem adotadas. Localização e afastamento Durante o expediente, é fundamental que o dirigente de auditoria tenha conhecimento de onde os auditores podem ser encontrados. Qualquer mudança de local de auditoria precisa ser imediatamente comunicada. Todo e qualquer afastamento da atividade de auditoria deve ser comunicado ao dirigente e devidamente autorizado. Outras atitudes comportamentais O desempenho da função de auditor exige um padrão rígido de comportamento, de tal forma que sua fé e integridade não possam merecer reparos. A alta administração espera da auditoria interna, como um todo, que esta oriente de tal forma os administrados que eles possam se conduzir adequadamente na consecução dos objetivos propostos. Com vistas à obtenção desses objetivos, são atitudes comportamentais importantes à função do auditor: a) exercer honesta, objetiva e criteriosamente seus deveres e responsabilidades; b) respeitar, em qualquer circunstância, os níveis hierárquicos existentes na organização; c) manter sigilo absoluto a respeito de informações confidenciais que, por força do trabalho, cheguem ao conhecimento da auditoria; d) observar os regulamentos internos; e) procurar, continuamente, melhorar a capacidade e a efetividade do seu trabalho; f) manter espírito independente isento de influência das áreas em revisão; g) expressar sua opinião sempre apoiada em evidências suficientes; h) cultivar o senso de proporção e julgamento; i) ser hábil no trato com as pessoas; j) relatar possíveisdeficiências objetivamente.2 2 CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas brasileiras de contabilidade. Normas de auditoria. 3. ed. Rio de Janeiro: CFC, 1991. 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 13 SISTEMA DE CONTROLE EXTERNO É o conjunto de ações de controle desenvolvidas por uma estrutura organizacional com procedimentos, atividades e recursos próprios, não integrados na estrutura controlada, visando à fiscalização, à verificação e à correção de atos. Apesar de o conceito de Sistema de Controle Externo compreender não somente o órgão de controle externo, eis que compreende, também, os poderes, funções, procedimentos e tipos de fiscalização adotados, costuma-se privilegiar a entidade fiscalizadora (também denominadas Entidades Supremas de Fiscalização - EFS) na caracterização do modelo de controle adotado. Com efeito, fala-se em "Sistema de Tribunal de Contas" e "Sistema de Auditoria Geral". Em geral, os tribunais de contas têm natureza colegial e exercem a função de fiscalização/auditoria e a função jurisdicional de julgamento, máxime, da responsabilidade financeira. Em alguns casos, tendem a privilegiar o controle da legalidade e da regularidade financeiras. O controle é exercido a posteriori (controlo sucessivo) e, em alguns casos, também a priori (fiscalização prévia). CONTROLE EXTERNO NO BRASIL O Tribunal de Contas é o órgão responsável pela fiscalização dos gastos públicos. No âmbito federal, a responsabilidade é do Tribunal de Contas da União (TCU) e nos âmbitos municipal e estadual, na maioria dos casos, a responsabilidade é dos Tribunais de Contas dos estados (TCE‘s). Há exceções em relação aos estados e municípios, pois em alguns estados existe um TCE e também um Tribunal de Contas do Município (TCM), responsável pela fiscalização da capital, ou dos Municípios (TCM), responsável pela fiscalização de todas as cidades do estado. Os Tribunais de Contas analisam, portanto, de acordo com as suas áreas de atuação, as contas dos órgãos públicos. A fiscalização realizada pelo Tribunal é chamada de controle externo. Cabe ao Poder Legislativo (Senado e Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores) exercer esse controle junto aos Poderes Executivo (Governos Federal, Estaduais e Prefeituras Municipais) e Judiciário (Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunais Regionais Federais, Eleitorais, Tribunais de Justiça dos Estados). Assim, o Tribunal de Contas é um órgão autônomo, que auxilia o Poder Legislativo a exercer o controle externo, fiscalizando os gastos dos Poderes Executivo, Judiciário e do próprio Legislativo. Além de estar sujeito ao controle externo, cada Poder tem a responsabilidade de manter um sistema de controle interno. E, por sua vez, apesar de ser um tribunal, o Tribunal de Contas não faz parte do Poder Judiciário. REGRAS CONSTITUCIONAIS SOBRE O CONTROLE EXTERNO O Controle Externo deve ser exercido em uma instância que esteja fora do âmbito do ente fiscalizado, para que tenha maior grau de independência e efetividade em suas ações. A Lei 4.320/64 em seu artigo 81 define que o controle externo devera ser exercido pelo Poder Legislativo, terá por objetivo verificar a probidade da Administração, a guarda e legal emprego do recurso público e o cumprimento da Lei do Orçamento. Sistemas de Controle na Administração Pública Brasileira (art. 70 a 74 da Constituição Federal). 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 14 O Artigo 82 da mesma Lei determina a periodicidade com que a fiscalização efetuada pelo controle externo deverá ser efetivada: O poder Executivo, anualmente, prestará contas ao Poder Legislativo, no prazo estabelecido na Constituição Federal ou Estadual e nas Leis Orgânicas Municipais. A Constituição Federal acatou esse dispositivo, em seu art. 71, que determina o exercício do Controle Externo pelo Poder Legislativo, com o auxílio do tribunal de Contas da União, abrangendo a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta: ―O Controle Externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União‖. REGRAS CONSTITUCIONAIS Neste contexto, com o advento da Constituição de 1988 o Tribunal de Contas, incluindo aí o Tribunal de Contas da União e o dos Estados e Municípios, continuou a ser inserido, de forma orgânica, no Poder Legislativo, mas detendo autonomia constitucional, não sendo um órgão preposto a este Poder. Esse inclusive foi o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, em sede de ação direta de inconstitucionalidade, conforme segue: “Não são, entretanto, as cortes de contas órgãos subordinados ou dependentes do Poder Legislativo, tendo em vista que dispõem de autonomia administrativa e financeira, nos termos do artigo 73, caput, da Constituição Federal, que lhes confere as atribuições previstas no seu artigo 96, relativas ao Poder Judiciário. (Adin nº 1.140-5, Relator Ministro Sidney Sanches)” Embora a Constituição Federal de 1988, em seu art. 71, mencione que o Controle Externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União (a nível federal), é importante asseverar que essa atuação não se traduz em subordinação, pois se assim for entendido, estar-se-á confundindo a função com a natureza do órgão. Sabe-se que a função deste Tribunal é exercer o controle financeiro e orçamentário da Administração em auxílio ao poder responsável, em última instância, por essa fiscalização. Como já citado no parágrafo anterior, o Supremo Tribunal Federal, órgão máximo do Poder Judiciário no Brasil, também se posicionou da seguinte forma: ―O Tribunal de Contas não é preposto do Legislativo. A função que exerce recebe diretamente da Constituição Federal, que lhe define as atribuições‖. Na definição de Gualazzi (1992), os Tribunais de Contas, no Brasil, atuam como órgão administrativo parajudicial, funcionalmente autônomo, cuja função consiste em exercer, de ofício, o controle externo, fático e jurídico, sobre a execução financeiro-orçamentária, em face dos três poderes do Estado, sem a definitividade jurisdicional‖. Não se deve confundir a função com a natureza do órgão. A Constituição Federal de 1988 dispõe que o controle externo do Congresso Nacional será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União. Dessa forma, deve-se entender que a sua função, portanto, é a de exercer o controle financeiro e orçamentário da Administração Pública Federal, em auxílio ao poder que, em última instância, é responsável por essa fiscalização. Outro ponto que merece destaque é que a própria Constituição Federal de 1988 assegura ao Tribunal de Contas as mesmas garantias de independência do Poder Judiciário. E, assim sendo, não é possível considerá-lo subordinado ao Poder Legislativo, ou mesmo inserido na sua estrutura. A despeito de ter como função atuar em auxílio ao Poder Legislativo, o Tribunal de Contas é um órgão independente e não me mostra vinculado à estrutura de quaisquer dos três poderes. Dessa forma, pode-se dizer que os Tribunais de Contas são órgãos públicos constitucionais, detentores de autonomia administrativa e financeira, mantendo relação de colaboração com o Poder Legislativo no que concerne ao controle externo a cargo deste, sem, no entanto, haver qualquer relação de subalternidade (RODRIGUES SOUZA, 2004). Assim, os Tribunais de Contas no Brasil atuam tanto como colaborador do Poder Legislativo, como no exercício de suas competências próprias. Por conta disso, os Tribunais de Contas passaram a ocupar uma posição de destaque na sociedade brasileiraatual, na medida em que essas casas, tanto a nível federal, como estadual e municipal, passaram a proteger valores constitucionais fundamentais, independentemente da estrutura do Estado. Esse entendimento pode ser corroborado com as lúcidas palavras de Moreira Neto (2003), nestes termos: os órgãos de contas alcançaram indubitavelmente sua maturidade e máxima prestância, deixando de ser apenas órgãos do Estado para serem também órgãos da sociedade no Estado, pois a ela servem não apenas indiretamente, no exercício de suas funções de controle externo, em auxílio da totalidade dos entes e órgãos conformadores do aparelho do Estado, como diretamente à sociedade, por sua acrescida e nobre função de canal do controle social, o que os situa como órgãos de vanguarda dos Estados policráticos e democráticos que adentram o século XXI. 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 15 Com o advento da Constituição de 1988, o controle exercido sobre a gestão pública passou a se operar não só sob o aspecto da legalidade, mas também com base nos princípios da legitimidade e economicidade, o que propiciou a instituição de um verdadeiro controle por resultados. Nesse ponto, faz-se mister trazer à colação um trecho do Relatório do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello (STF, SS nº 1308-RJ, Relator: Ministro Celso de Mello, DJU de 19/10/1998): A essencialidade dessa Instituição – surgida nos albores da República com o Decreto nº 966-A, de 7/11/1890, editado pelo Governo Provisório sob a inspiração de Rui Barbosa – foi uma vez mais acentuada com a inclusão, no rol dos princípios constitucionais sensíveis, da indeclinabilidade da prestação de contas da Administração Pública, Direta e Indireta (CF, art. 34, VII, d‘). A atuação do Tribunal de Contas, por isso mesmo, assume importância fundamental no campo do controle externo. Como natural decorrência do fortalecimento de sua ação institucional, os Tribunais de Contas tornaram-se instrumentos de inquestionável relevância na defesa dos postulados essenciais que informam a própria organização da Administração Pública e o comportamento de seus agentes, com especial ênfase para os princípios da moralidade administrativa, da impessoalidade e da legalidade. Nesse contexto, o regime de controle externo, institucionalizado pelo ordenamento constitucional, propicia, em função da própria competência fiscalizadora outorgada aos Tribunais de Contas, o exercício, por esses órgãos estatais, de todos os poderes – explícitos ou implícitos – que se revelem inerentes e necessários à plena consecução dos fins que lhes foram cometidos. Outro ponto que merece ser destacado é com relação à natureza jurídica das decisões emanadas pelos Tribunais de Contas. Alguns autores pátrios entendem que a natureza jurídica dessas decisões seria judicante. E embasam essa ideia nos seguintes argumentos: as decisões podem ser de natureza judicante, mesmo que advindas de um órgão administrativo, tal como ocorre nos países que adotaram o sistema do contencioso administrativo. Nesses países, um órgão administrativo possui competência, em última instância, para dispor sobre determinado imbróglio envolvendo a Administração Pública, e, assim, afastando a possibilidade de recurso ao Poder Judiciário. Importante asseverar que essa teoria advém de parte minoritária da doutrina. Embora seja respeitável a teoria defendida por parte minoritária da doutrina de que a natureza jurídica das decisões emanadas pelos Tribunais de Contas seria judicante, principalmente se levarmos em consideração que a própria Constituição Federal de 1988 estabeleceu, em seu inciso II do art. 71, como competência da Corte de Contas, julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público, é importante ressaltar que a parte majoritária da doutrina e da jurisprudência dos Tribunais Superiores entende que a natureza jurídica dessas decisões é administrativa, e não judicante. E a força dessa teoria está inserida dentro da própria Constituição Federal de 1988, notadamente no seu artigo 5º, inciso XXXV, quando estabelece um sistema de jurisdição uma, também conhecido como monopólio da tutela jurisdicional pelo Poder Judiciário. Dessa forma, as decisões administrativas provenientes dos Tribunais de Contas estão sujeitas ao controle jurisdicional. Importante asseverar que, embora as decisões administrativas provenientes dos Tribunais de Contas estejam sujeitas ao controle jurisdicional, como explicitado no parágrafo anterior, essas decisões tem natureza vinculatória em face da Administração Pública. DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 16 II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade decontas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários. § 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias. § 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação. Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. . § 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade; II - idoneidade moral e reputação ilibada; III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior. § 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos: 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 17 I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento; II - dois terços pelo Congresso Nacional. § 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) § 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal. Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. Tribunal de Contas é um órgão autônomo, que auxilia o Poder Legislativo a exercer o controle externo, fiscalizando os gastos dos Poderes Executivo, Judiciário e do próprio Legislativo. Além de estar sujeito ao controle externo, cada Poder tem a responsabilidade de manter um sistema de controle interno. E, por sua vez, apesar de ser um tribunal, o Tribunal de Contas não faz parte do Poder Judiciário. O controle dos gastos precisa obedecer a um roteiro lógico: planejamento, orçamento, execução e controle. Os governantes devem utilizar ações para efetivo controle dos gastos públicos. Deve-se manter o controle da coisa pública, pois se tratam de recursos da sociedade, geridos por agentes públicos em prol da coletividade. O Controle externo é realizado por órgão diverso do que emanou o ato ou procedimento administrativo, a exemplo daquele realizado pelo Tribunal de Contas, pelo Poder Judiciário e pelo Legislativo. É externo o controle quando exercido por um Poder sobre os atos administrativos praticados por outro Poder. Segundo Hely Lopes Meirelles, é o que se realiza por órgão estranho à administração responsável pelo ato controlado. Temos como exemplos de atos de controle externo a sustação, pelo Congresso Nacional, de atos normativos do Poder Executivo que ultrapassem o poder regulamentar (CF, artigo 49, inciso V); a anulação de um ato do Executivo por decisão judicial; o julgamento anual, pelo Congresso Nacional, das contas prestadas pelo Presidente da República e a apreciação dos relatórios, por ele apresentados, Tribunais de Contas: funções, natureza jurídica e eficácia das decisões. 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 18 sobre a execução dos planos de governo (CF, artigo 49, inciso IX); a auditoria realizada pelo Tribunal de Contas sobre despesas realizadas pelo Executivo, etc. A Administração pública deve sempre atuar visando à satisfação do interesse público, então, nada mais previsível e lógico do que a existência de vários mecanismos, constitucionalmente previstos, colocados à disposição dos administrados, para possibilitar a verificação da regularidade da atuação da Administração de modo a impedir a prática de atos irregulares, ilegítimos, lesivos ao indivíduo ou à própria coletividade, ou que possibilitem a reparação dos danos decorrentes da prática destes atos (artigo 31, §3º; artigo 5º, inciso LXXIII; artigo 74, §2º da CF/88). Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. (...) § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que oEstado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: (...) § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. A Carta Magna de 1988 dedicou uma seção especifica para o tema de fiscalização contábil, financeira e orçamentária, disciplinando a atuação das Cortes de Contas nos artigos 70 a 75. Dispõe o caput do artigo 71, da CF que o Tribunal de Contas da União tem a função de auxiliar o Congresso Nacional no exercício do controle externo da Administração Pública, a qual consiste na fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, conforme o disposto no caput do artigo 70, do mencionado diploma legal. O Tribunal de Contas auxilia o Congresso Nacional no exercício do controle externo da atividade administrativa dos três Poderes, inclusive do próprio Poder Legislativo. Não havendo, entretanto subordinação, nem tampouco posição inferior em suposta escala hierárquica, não existe superioridade de um em relação ao outro. O Tribunal de Contas um órgão autônomo consoante manifesta vontade constitucional, conforme leciona Odete Medauar (1993, p. 141): “[...] a Constituição Federal, em artigo algum utiliza a expressão órgão auxiliar; dispõe que o Controle Externo do Congresso Nacional será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas; a sua função, portanto, é de exercer o controle financeiro e orçamentário da Administração em auxílio ao poder responsável, em última instância, por essa fiscalização. [...]”. A função do Tribunal de Contas é de atuar em auxílio ao legislativo, sua natureza, em razão das próprias normas da Constituição é a de órgão independente, sem vínculo com a estrutura de qualquer dos três poderes. No meu entendimento, por conseguinte, o Tribunal de Contas se configura como instituição estatal independente. A Constituição de 1988 ampliou de maneira considerável o controle exercido pelos Tribunais de Contas ao transcender os limites da legalidade formal com a inclusão do controle operacional. O Tribunal de Contas se faz presente com grande importância na sociedade brasileira. Sua competência alcança não só a análise da mera legalidade formal, como ocorria antes, mas também verifica os atos dos administradores, gestores e órgãos, em consonância com os princípios constitucionais, em especial a moralidade administrativa, eficiência (artigo 37 da Lei Fundamental), legitimidade, economicidade, e ainda os valores do ordenamento jurídico e do planejamento da administração direta ou indireta. 1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA . 19 Verifica-se que é exercido um controle de mérito, não como a última decisão política do administrador; e sim como a ligação do conceito com a legitimidade, racionalidade nas despesas e nas prioridades da coletividade e economicidade, que é binômio entre custos e benefícios. De acordo com artigo 74 da Constituição, a intenção foi realmente que tudo fosse controlado, em especial ao destacar a integração dos controles interno (no interior de cada Poder) e externo (a cargo do Poder Legislativo e do Tribunal de Contas), principalmente e efetivamente com a autorização expressa para qualquer cidadão denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. Os julgamentos dos Tribunais de Contas são de caráter objetivo, com parâmetros de ordem técnica jurídica, ou seja, subsunção de fatos às normas. Já o Poder Legislativo julga com critérios políticos de conveniência e oportunidade, de caráter subjetivo. Nos Tribunais de Contas os processos são de contas, e não judiciais, ou parlamentares ou ainda administrativos. Nos processos judiciais há função jurisdicional, que é exclusiva do Poder Judiciário, e tem como característica a provocação, participação de advogados e litigantes. Na Corte de Contas, os advogados não necessariamente participam, não está ela situada no rol do artigo 92 da Constituição, nem tampouco é órgão essencial à função jurisdicional. Embora, algumas características da jurisdição permanecem nos Tribunais de Contas, como o critério objetivo, a força ou a irretratabilidade das decisões, como as judiciais com trânsito em julgado. - COMPOSIÇÃO Sua composição é análoga à dos Tribunais (órgãos do Poder Judiciário), é um órgão composto por nove membros, que recebem a designação de Ministros, requer-se para investidura nestes cargos idade entre 35 e 65 anos de idade, idoneidade moral e reputação ilibada, disposição de notórios conhecimentos jurídicos ou contábeis, econômicos, financeiros ou de administração pública e que se tenha mais de dez anos de exercício de função ou efetiva atividade profissional exigente da espécie de conhecimentos referidos (art. 73 e § 1º). São atribuídos aos titulares destes cargos as mesmas prerrogativas, impedimentos e vencimentos dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça (art. 73, § 3º), gozam, inclusive, de vitaliciedade. Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos de acordo com o disposto no § 2º do art. 73, já os membros das Cortes estaduais serão, uniformemente, sete. Compete-lhe, consoante o art. 71: emitir parecer prévio sobre as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República; julgar contas dos administrados e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da Administração direta e indireta, inclusive contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; apreciar, para fins de registro, a legalidade de atos de admissão de pessoal, a qualquer título; realizar, por iniciativa própria, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira e orçamentária; fiscalizar contas nacionais de empresas supranacionais de cujo capital social a União participe; fiscalizar a aplicação de recursos repassados pela União; prestar informações de ordem contábil, financeira e orçamentária; aplicar as sanções previstas em lei aos responsáveis em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas; assinar prazo para que órgão ou entidade em que foi verificada ilegalidade adote as providências cabíveis; sustar, se não atendido, a execução de ato impugnado, comunicando a decisão ao Congresso Nacional e; relatar ao Poder competente acerca de irregularidades ou abusos apurados. O Constituinte, entretanto, atribuiu certas prerrogativas que visam, irrefutavelmente, à presteza do exercício da Corte e ao caráter injuntivo das decisões acerca de débito ou multa, a saber: segundo o art. 71, § 2º, o Tribunal de Contas poderá decidir a respeito da sustação de contrato, que é de competência do Congresso Nacional, se este não tomar as medidas necessárias no prazo de 90 dias. Já o § 3º do mesmo artigo, prevê que as decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa, terão eficácia de título executivo. Não se deve furtar-se à menção de que o dispositivo constitui nítida dissonância à regra não vinculativa, típica dessa Corte. O posicionamento do Tribunal de Contas da União acerca de irregularidades que importem em multa ou débito tem se adstrito ao seu peculiar traço; primeiramente, detecta-se a irregularidade, em seguida, inclui-se o nome no CADIN (Cadastro Informativo dos débitos não quitados de órgãos e entidades federais) e, finalmente, autoriza-se a
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