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. 1 
Capa 
 
1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA
 
. 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Auditoria no Setor Público: tipos e modalidades .................................................................................. 1 
 
Sistemas de Controle na Administração Pública Brasileira (art. 70 a 74 da Constituição Federal) ..... 13 
 
Tribunais de Contas: funções, natureza jurídica e eficácia das decisões ........................................... 17 
 
Tribunal de Contas da União: natureza, competência e jurisdição ..................................................... 30 
 
O controle externo e o papel do Tribunal de Contas da União. Exame de contas .............................. 32 
 
Controle e avaliação da execução orçamentária ................................................................................ 39 
 
Auditoria operacional e avaliação de programas ................................................................................ 44 
 
O Controle de Obras Públicas pelo Congresso Nacional ................................................................... 83 
 
Questões ........................................................................................................................................... 84 
 
 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA
 
. 1 
 
 
Auditoria 
 
Primeiramente é necessário entender o que é Auditoria, o que implica esse conceito e porque é tão 
comentado e importante nos dias de hoje. 
A auditoria surgiu para atender uma necessidade decorrente da evolução do sistema capitalista. No 
início, as empresas eram fechadas e familiares, posteriormente, a evolução da economia trouxe, para 
algumas empresas, a necessidade de captar dinheiro de terceiros. Ou seja, para crescer é necessário 
dinheiro e, em muitas ocasiões, esse recurso tem que vir de investidores externos à empresa, tais como 
bancos, credores, acionistas, entre outros. 
Todo investidor quer saber onde está injetando seu dinheiro, ter uma garantia de todos os esforços 
serão voltados ao crescimento do negócio, para tanto o investidor precisa saber se a empresa tem uma 
saúde financeira estável, quais são seus ativos e passivos, ou seja, o que a empresa possui de patrimônio, 
de bens e direitos e o que possui de obrigações e dívidas contraídas e que devem ser liquidadas. Enfim 
o investidor precisa estar por dentro das ações da empresa, tantos em termos financeiros, econômicos, 
materiais, tecnológicos, humanos, etc. 
Dessa forma, o investidor consegue verificar se a empresa possui segurança, rentabilidade, e 
capacidade de liquidez no futuro, permitindo que o investidor consiga ter maior certeza se deve continuar 
investindo na empresa ou não. 
Por essa necessidade do investidor que é vital para uma empresa, independente se pública ou privada, 
foi que os gestores perceberam a necessidade das demonstrações financeiras e contábeis, ou seja, de 
publicar o balanço patrimonial, demonstrativo de fluxo de caixa, demonstrativo de resultados, etc, como 
forma de transparecer sua situação financeira ao público, principalmente aos investidores. 
Dica importante para você candidato: a Lei nº 11.638/07 instituiu várias modificações nos padrões de 
contabilidade até então vigente no Brasil. Porém, ficou mantida na norma a expressão “demonstrações 
financeiras” ao invés de “demonstrações contábeis”, que é a nomenclatura correta, por ser mais 
abrangente do que a adotada na legislação. Assim, você pode encontrar na prova tanto uma como outra 
expressão, indistintamente. 
Estão ocorrendo grandes mudanças no cenário internacional (nas empresas), e exige-se que elas 
passem a adotar um novo procedimento contábil harmônico com o mundo, para que a linguagem dos 
negócios possa ser entendida por todos da mesma forma em todos os lugares. O Brasil precisa estar 
inserido neste contexto e nesse contexto a contabilidade dá passos concretos, atualizando as regras 
contábeis brasileiras e adequando suas demonstrações e principalmente o Balanço Patrimonial ao 
cenário contábil internacional. 
Conclui-se que os impactos ocorridos no Balanço Patrimonial em razão das atualizações nas normas 
contábeis brasileira são muito importantes, por razão da adequação do Brasil ao cenário contábil 
internacional. 
Portanto, houve amplas mudanças que fizeram com que os contadores e gestores tornassem não 
somente um responsável pela apuração e pagamento de impostos, mas representasse um grande passo 
para a integração das companhias brasileiras, com a convergência contábil internacional. 
Mesmo após a identificação da necessidade de demonstrar as informações ainda faltava acertar 
alguns pontos importantes, para garantir a completude, correção e idoneidade das informações. Então 
surge a auditoria, de uma necessidade de avaliação independente da real situação da empresa. 
 
 
Auditoria no Setor Público: tipos e modalidades. 
1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA
 
. 2 
 
 
Figura 01: Dinâmica da Auditoria Interna 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Adaptado de Graeff e Barreto, disponível em: www.pontodosconcursos.com.br. 
 
A figura acima representa a dinâmica da Auditoria, podemos comentar que há a Auditoria Externa e 
Interna, ambas servem para comprovar se a empresa têm seguido os padrões estabelecidos pelas leis e 
órgãos competentes que serão comentados logo abaixo, e para aferir se a empresa têm condições 
financeiras, econômicas e legais para permanecer atuando no mercado. 
A auditoria externa (também chamada de auditoria independente) é aquela executada por profissionais 
ou empresas que não possuem vínculo e/ou subordinação à empresa auditada, com o objetivo de trazer 
uma opinião independente sobre a entidade. 
Já a auditoria interna, que será o foco do conteúdo aqui apresentado, é formada por um conjunto de 
procedimentos e técnicas, aplicados ao exame da regularidade, da economicidade, da eficiência, da 
eficácia dos atos e dos fatos administrativos praticados na gestão de bens públicos, que visam atingir os 
seguintes objetivos: 
- Comprovar a legalidade e legitimidade e avaliar os resultados, quanto à eficiência e eficácia da gestão 
orçamentária, financeira e patrimonial nas unidades da administração direta e entidades supervisionadas 
da administração federal; 
- Observar o cumprimento dos princípios fundamentais de planejamento, coordenação, 
descentralização, delegação de competência e controle, pelos órgãos e entidades; 
- Examinar a observância da legislação federal específica e normas relacionadas; 
- Avaliar a execução dos programas de governo, dos contratos, convênios, acordos, ajustes e outros 
instrumentos de mesma origem; 
- Avaliar o desempenho administrativo e operacional das unidades da administração direta e entidades 
supervisionadas; 
- Verificar o controle e a utilização dos bens e valores sob uso e guarda dos administradores ou 
gestores; 
- Examinar e avaliar as transferências e a aplicação dos recursos orçamentários e financeiros das 
unidades da administraçãodireta e entidades supervisionadas; e 
- Verificar e avaliar os sistemas de informações e a utilização dos recursos computacionais das 
unidades da administração direta e entidades supervisionadas. 
A auditoria interna ganha maior significância quando a atuação é no setor público, pois no setor público 
há maior burocracia, regulamentos e normas a serem seguidas de maneira mais ríspida. Além do que, o 
patrimônio público é propriedade coletiva que deve ser vigiado por todos, além disso, a sociedade 
brasileira vem exigindo cada vez mais a transparência na aplicação dos recursos públicos. 
 Os órgãos públicos alcançam mais facilmente esta transparência quando têm o auxílio da auditoria, 
pois, suas atividades servem como um meio de identificação de que todos os procedimentos internos, 
políticas definidas e a própria legislação estão sendo devidamente seguidos, e também para constatação 
de que todos os dados registrados merecem a verdadeira confiança; então, pode-se dizer que a 
importância da auditoria interna se torna indispensável. 
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) é o órgão que edita as Normas Brasileiras de 
Contabilidade (NBCs) que devem ser adotadas por todos os profissionais da contabilidade no Brasil. 
Para captar recursos e exercer suas 
atividades as entidades precisam 
fornecer informações aos diversos 
usuários. 
 
 
No entanto, estes usuários não têm 
certeza se as informações recebidas são 
verdadeiras. 
 
Entidade 
 
Demonstrações 
contábeis 
 
Usuários das 
informações contábeis 
- Acionistas; 
- Credores; 
- Clientes; 
- Fornecedores; 
- Governo 
 
1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA
 
. 3 
Para assegurar a evolução das Ciências Contábeis e a aplicação do conhecimento atualizado e 
globalizado no exercício profissional, uma das prioridades do CFC tem sido à busca da convergência das 
Normas Brasileiras de Contabilidade aos padrões internacionais. A elaboração e a revisão das Normas 
Brasileiras de Contabilidade (NBCs)1, Técnicas e Profissionais, assim como dos Princípios de 
Contabilidade (Resolução CFC nº 750/93), fazem parte de um processo constante que congrega, em 
igual medida, o saber técnico e a aplicação prática, sem se descuidar da realidade atual da profissão 
contábil. 
Portanto as normas existem para formalizar e padronizar as demonstrações contábeis. Tais normas 
são vitais para que todos os contadores e gestores possam seguir o mesmo formato e dessa forma facilitar 
nas interpretações e análises dos auditores, sejam externos ou internos. 
 
Normas Brasileiras para Auditoria Interna no Setor Público 
 
Normas para execução da Auditoria Interna no setor público 
 
Para que exista uma devida auditoria interna no setor público, faz-se necessário seguir as seguintes 
normas: 
O auditor governamental, para exercer suas funções, deverá ter livre acesso a todas as dependências 
do órgão auditado, assim como documentos e livros considerados indispensáveis ao cumprimento de 
suas atribuições, não lhe podendo ser sonegado, sob qualquer pretexto, nenhum processo, documento 
ou informação. 
- O trabalho de auditoria deve ser adequadamente planejado, de forma a prever a natureza, o objetivo, 
a extensão e a profundidade dos procedimentos que nele serão empregados. 
- Após o planejamento, deve efetuar avaliação dos controles internos: um adequado exame em relação 
à avaliação da capacidade e efetividade dos sistemas de controles internos - contábil administrativo e 
operacional – dos órgãos públicos. 
- A fim de atender aos objetivos da atividade de auditoria, deverá ser realizado, se julgado necessário, 
os testes ou provas adequados nas circunstâncias, para obter evidências aceitáveis que fundamentem, 
de forma objetiva, suas recomendações e conclusões. 
- As situações que apresentam indícios de irregularidades exigem do auditor governamental extrema 
prudência e profissionalismo, a fim de alcançar os objetivos. Ao verificar a ocorrência de irregularidades, 
deverá ter maior atenção, adotando providências corretivas adequadas. A partir deste momento, os 
auditores são obrigados a ampliar o alcance dos procedimentos necessários, a fim de evidenciar a 
existência de irregularidades. Devem também, levar o assunto por escrito, ao conhecimento do dirigente 
da unidade auditada, solicitando esclarecimentos e justificativas. 
- Para cada auditoria realizada, o auditor governamental deverá elaborar relatório que refletirá os 
resultados dos exames efetuados, de acordo com a forma ou tipo de auditoria. 
 
De acordo com a RESOLUÇÃO CFC Nº 986/03, aprova a NBC TI 01 – Da Auditoria Interna. 
 
O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e 
regimentais, 
 
CONSIDERANDO que as Normas Brasileiras de Contabilidade e suas Interpretações Técnicas 
constituem corpo de doutrina contábil que estabelece regras de procedimentos técnicos a serem 
observadas quando da realização de trabalhos; 
 
CONSIDERANDO que a forma adotada de fazer uso de trabalhos de instituições com as quais o 
Conselho Federal de Contabilidade mantém relações regulares e oficiais está de acordo com as diretrizes 
constantes dessas relações; 
 
CONSIDERANDO que o Grupo de Trabalho das Normas Brasileiras de Contabilidade, instituído pelo 
Conselho Federal de Contabilidade, atendendo ao que está disposto no art. 3º da Resolução CFC nº 751, 
de 29 de dezembro de 1993, que recebeu nova redação pela Resolução CFC nº 980, de 24 de outubro 
de 2003, elaborou a NBC TI 01 – Da Auditoria Interna; 
 
 
1
 Disponível em: http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/Auditoria_Interna.pdf 
1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA
 
. 4 
CONSIDERANDO que por se tratar de atribuição que, para o adequado desempenho, deve ser 
empreendida pelo Conselho Federal de Contabilidade, em regime de franca, real e aberta cooperação 
com o Banco Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários, o Instituto dos Auditores 
Independentes do Brasil, o Instituto Nacional de Seguro Social, o Ministério da Educação e do Desporto, 
a Secretaria Federal de Controle, a Secretaria da Receita Federal, a Secretaria do Tesouro Nacional e a 
Superintendência de Seguros Privados. 
 
RESOLVE: 
 
Art. 1º Aprovar a NBC TI 01 – Da Auditoria Interna. 
 
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor a partir do dia 1º de janeiro de 2004, revogando a Resolução 
CFC nº 780, de 24 de março de 1995. 
 
Brasília, 21 de novembro de 2003. 
 
Contador ALCEDINO GOMES BARBOSA 
 
Presidente 
 
Ata CFC nº 850 
 
As Normas Brasileiras de Contabilidade para o exercício da Auditoria Interna de acordo com a 
elaboração e a revisão das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC – TI 01 – DA AUDITORIA 
INTERNA), assim como dos Princípios de Contabilidade (Resolução CFC nº 750/93), são: 
 
12.1 – CONCEITUAÇÃO E DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
12.1.1 – Conceituação e Objetivos da Auditoria Interna 
 
12.1.1.1 – Esta norma trata da atividade e dos procedimentos de Auditoria Interna Contábil, doravante 
denominada Auditoria Interna. 
 
12.1.1.2 – A Auditoria Interna é exercida nas pessoas jurídicas de direito público, interno ou externo, e 
de direito privado. 
 
12.1.1.3 – A Auditoria Interna compreende os exames, análises, avaliações, levantamentos e 
comprovações, metodologicamente estruturados para a avaliação da integridade, adequação, eficácia, 
eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de controles internos 
integrados ao ambiente, e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir à administração da entidade 
no cumprimento de seus objetivos. 
 
12.1.1.4 – A atividade da Auditoria Interna está estruturada em procedimentos, com enfoquetécnico, 
objetivo, sistemático e disciplinado, e tem por finalidade agregar valor ao resultado da organização, 
apresentando subsídios para o aperfeiçoamento dos processos, da gestão e dos controles internos, por 
meio da recomendação de soluções para as não-conformidades apontadas nos relatórios. 
 
12.1.2 – Papéis de Trabalho 
 
12.1.2.1 – A Auditoria Interna deve ser documentada por meio de papéis de trabalho, elaborados em 
meio físico ou eletrônico, que devem ser organizados e arquivados de forma sistemática e racional. 
 
12.1.2.2 – Os papéis de trabalho constituem documentos e registros dos fatos, informações e provas, 
obtido no curso da auditoria, a fim de evidenciar os exames realizados e dar suporte à sua opinião, 
críticas, sugestões e recomendações. 
 
12.1.2.3 – Os papéis de trabalho devem ter abrangência e grau de detalhes suficientes para 
propiciarem a compreensão do planejamento, da natureza, da oportunidade e da extensão dos 
1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA
 
. 5 
procedimentos de Auditoria Interna aplicados, bem como do julgamento exercido e do suporte das 
conclusões alcançadas. 
 
12.1.2.4 – Análises, demonstrações ou quaisquer outros documentos devem ter sua integridade 
verificada sempre que forem anexados aos papéis de trabalho. 
 
12.1.3 – Fraude e Erro 
 
12.1.3.1 – A Auditoria Interna deve assessorar a administração da entidade no trabalho de prevenção 
de fraudes e erros, obrigando-se a informá-la, sempre por escrito, de maneira reservada, sobre quaisquer 
indícios ou confirmações de irregularidades detectadas no decorrer de seu trabalho. 
 
12.1.3.2 – O termo “fraude” aplica-se a ato intencional de omissão e/ou manipulação de transações e 
operações, adulteração de documentos, registros, relatórios, informações e demonstrações contábeis, 
tanto em termos físicos quanto monetários. 
 
12.1.3.3 – O termo “erro” aplica-se a ato não intencional de omissão, desatenção, desconhecimento 
ou má interpretação de fatos na elaboração de registros, informações e demonstrações contábeis, bem 
como de transações e operações da entidade, tanto em termos físicos quanto monetários. 
 
12.2 – NORMAS DE EXECUÇÃO DOS TRABALHOS 
 
12.2.1 – Planejamento da Auditoria Interna 
 
12.2.1.1 – O planejamento do trabalho da Auditoria Interna compreende os exames preliminares das 
áreas, atividades, produtos e processos, para definir a amplitude e a época do trabalho a ser realizado, 
de acordo com as diretrizes estabelecidas pela administração da entidade. 
 
 12.2.1.2 – O planejamento deve considerar os fatores relevantes na execução dos trabalhos, 
especialmente os seguintes: a) o conhecimento detalhado da política e dos instrumentos de gestão de 
riscos da entidade; b) o conhecimento detalhado das atividades operacionais e dos sistemas contábil e 
de controles internos e seu grau de confiabilidade da entidade; c) a natureza, a oportunidade e a extensão 
dos procedimentos de auditoria interna a serem aplicados, alinhados com a política de gestão de riscos 
da entidade; d) a existência de entidades associadas, filiais e partes relacionadas que estejam no âmbito 
dos trabalhos da Auditoria Interna; e) o uso do trabalho de especialistas; f) os riscos de auditoria, quer 
pelo volume ou pela complexidade das transações e operações; g) o conhecimento do resultado e das 
providências tomadas em relação a trabalhos anteriores, semelhantes ou relacionados; h) as orientações 
e as expectativas externadas pela administração aos auditores internos; e i) o conhecimento da missão 
e objetivos estratégicos da entidade. 
 
12.2.1.3 – O planejamento deve ser documentado e os programas de trabalho formalmente 
preparados, detalhando-se o que for necessário à compreensão dos procedimentos que serão aplicados, 
em termos de natureza, oportunidade, extensão, equipe técnica e uso de especialistas. 
 
12.2.1.4 – Os programas de trabalho devem ser estruturados de forma a servir como guia e meio de 
controle de execução do trabalho, devendo ser revisados e atualizados sempre que as circunstâncias o 
exigirem. 
 
12.2.2 – Riscos da Auditoria Interna 
 
12.2.2.1 – A análise dos riscos da Auditoria Interna deve ser feita na fase de planejamento dos 
trabalhos; estão relacionados à possibilidade de não se atingir, de forma satisfatória, o objetivo dos 
trabalhos. Nesse sentido, devem ser considerados, principalmente, os seguintes aspectos: 
 
a) a verificação e a comunicação de eventuais limitações ao alcance dos procedimentos da Auditoria 
Interna, a serem aplicados, considerando o volume ou a complexidade das transações e das operações; 
b) a extensão da responsabilidade do auditor interno no uso dos trabalhos de especialistas. 
 
 
1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA
 
. 6 
12.2.3 – Procedimentos da Auditoria Interna 
 
12.2.3.1 – Os procedimentos da Auditoria Interna constituem exames e investigações, incluindo testes 
de observância e testes substantivos, que permitem ao auditor interno obter subsídios suficientes para 
fundamentar suas conclusões e recomendações à administração da entidade. 
 
12.2.3.2 – Os testes de observância visam à obtenção de razoável segurança de que os controles 
internos estabelecidos pela administração estão em efetivo funcionamento, inclusive quanto ao seu 
cumprimento pelos funcionários e administradores da entidade. Na sua aplicação, devem ser 
considerados os seguintes procedimentos: 
 
a) inspeção – verificação de registros, documentos e ativos tangíveis; 
b) observação – acompanhamento de processo ou procedimento quando de sua execução; e 
c) investigação e confirmação – obtenção de informações perante pessoas físicas ou jurídicas 
conhecedoras das transações e das operações, dentro ou fora da entidade. 
 
12.2.3.3 – Os testes substantivos visam à obtenção de evidência quanto à suficiência, exatidão e 
validade dos dados produzidos pelos sistemas de informação da entidade. 
 
12.2.3.4 – As informações que fundamentam os resultados da Auditoria Interna são denominadas de 
“evidências”, que devem ser suficientes, fidedignas, relevantes e úteis, de modo a fornecer base sólida 
para as conclusões e recomendações à administração da entidade. 
 
12.2.3.5 – O processo de obtenção e avaliação das informações compreende: I – a obtenção de 
informações sobre os assuntos relacionados aos objetivos e ao alcance da Auditoria Interna, devendo ser 
observado que: 
 
a) a informação suficiente é aquela que é factual e convincente, de tal forma que uma pessoa prudente 
e informada possa entendê-la da mesma forma que o auditor interno; 
b) a informação adequada é aquela que, sendo confiável, propicia a melhor evidência alcançável, por 
meio do uso apropriado das técnicas de Auditoria Interna; 
c) a informação relevante é a que dá suporte às conclusões e às recomendações da Auditoria Interna; 
d) a informação útil é a que auxilia a entidade a atingir suas metas. 
 II – a avaliação da efetividade das informações obtidas, mediante a aplicação de procedimentos da 
Auditoria Interna, incluindo testes substantivos, se as circunstâncias assim o exigirem. 
 
12.2.3.6 – O processo deve ser supervisionado para alcançar razoável segurança de que o objetivo 
do trabalho da Auditoria Interna está sendo atingido. 
 
12.2.3.7 – Devem ser adotados procedimentos adequados para assegurar que as contingências ativas 
e passivas relevantes - decorrentes de processos judiciais e extrajudiciais, reivindicações e reclamações, 
bem como de lançamentos de tributos e de contribuições em disputa, - foram identificadas e são do 
conhecimento da administração da entidade. 
 
12.2.3.8 – No trabalho da Auditoria Interna, quando aplicável, deve ser examinada a observância dos 
Princípios Fundamentais de Contabilidade,das Normas Brasileiras de Contabilidade e da legislação 
tributária, trabalhista e societária, bem como o cumprimento das normas reguladoras a que estiver sujeita 
a entidade. 
 
12.2.4 – Amostragem 
 
12.2.4.1 – Ao determinar a extensão de um teste de auditoria ou um método de seleção de itens a 
serem testados, podem ser empregadas técnicas de amostragem. 
 
12.2.4.2 – Ao usar método de amostragem, estatística ou não, deve ser projetada e selecionada uma 
amostra que possa proporcionar evidência de auditoria suficiente e apropriada. 
 
 
 
1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA
 
. 7 
12.2.5 – Processamento Eletrônico de Dados – PED 
 
12.2.5.1 – A utilização de processamento eletrônico de dados pela entidade requer que exista, na 
equipe da Auditoria Interna, profissional com conhecimento suficiente sobre a tecnologia da informação 
e os sistemas de informação utilizados. 
 
12.2.5.2 – O uso de técnicas de Auditoria Interna, que demandem o emprego de recursos tecnológicos 
de processamento de informações, requer que exista na equipe da Auditoria Interna profissional com 
conhecimento suficiente de forma a implementar os próprios procedimentos ou, se for o caso, orientar, 
supervisionar e revisar os trabalhos de especialistas. 
 
12.3 – NORMAS RELATIVAS AO RELATÓRIO DA AUDITORIA INTERNA 
 
12.3.1 – O relatório é o documento pelo qual a Auditoria Interna apresenta o resultado dos seus 
trabalhos, devendo ser redigido com objetividade e imparcialidade, de forma a expressar, claramente, 
suas conclusões, recomendações e providências a serem tomadas pela administração da entidade. 
 
12.3.2 – O relatório da Auditoria Interna deve abordar, no mínimo, os seguintes aspectos: 
a) o objetivo e a extensão dos trabalhos; 
b) a metodologia adotada; 
c) os principais procedimentos de auditoria aplicados e sua extensão; 
d) eventuais limitações ao alcance dos procedimentos de auditoria; 
e) a descrição dos fatos constatados e as evidências encontradas; 
f) os riscos associados aos fatos constatados; e g) as conclusões e as recomendações resultantes dos 
fatos constatados. 
 
12.3.3 – O relatório da Auditoria Interna deve ser apresentado a quem tenha solicitado o trabalho ou a 
quem este autorizar, devendo ser preservada a confidencialidade do seu conteúdo. 
 
12.3.4 – A Auditoria Interna deve avaliar a necessidade de emissão de relatório parcial, na hipótese 
de constatar impropriedades/irregularidades/ ilegalidades que necessitem providências imediatas da 
administração da entidade, e que não possam aguardar o final dos exames, considerando o disposto no 
item 12.1.3.1. 
 
RESOLUÇÃO CFC N.º 781/95 
 
 Aprova NBC PI 01 – Normas Profissionais do Auditor Interno. 
 
O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e 
regimentais, 
 
CONSIDERANDO o que a Resolução CFC n.º 780/95, de 24 de março de 1995, aprovou a NBC T 12 
– Da Auditoria Interna; 
 
CONSIDERANDO a estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade, prevista na Resolução CFC 
n.º 751/93, de 29 de dezembro de 1993; 
 
CONSIDERANDO os resultados dos estudos e dos debates promovidos pelo Grupo de Estudo, 
instituído pela Portaria CFC n.º 2/95, 
 
 RESOLVE: 
 
Art. 1º Aprovar a NBC PI 01 – Normas Profissionais do Auditor Interno. 
 
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua assinatura. Brasília, 24 de março de 1995. 
Contador JOSÉ MARIA MARTINS MENDES Presidente Ata CFC n° 739 
 
Brasília, 24 de março de 1995. 
 
1115217 E-book gerado especialmente para CESAR PLATON MAIA
 
. 8 
Contador JOSÉ MARIA MARTINS MENDES 
Presidente 
 
Ata CFC n° 739 
 
NBC PI 01 – NORMAS PROFISSIONAIS DO AUDITOR INTERNO 
 
3.1 – COMPETÊNCIA TÉCNICO-PROFISSIONAL 
 
3.1.1 – O Contador, na função de auditor interno, deve manter o seu nível de competência profissional 
pelo conhecimento atualizado das Normas Brasileiras de Contabilidade, das técnicas contábeis, 
especialmente na área de auditoria, da legislação inerente à profissão, dos conceitos e técnicas 
administrativas e da legislação aplicável à Entidade. 
 
3.2 – AUTONOMIA PROFISSIONAL 3.2.1 – O auditor interno, não obstante sua posição funcional, 
deve preservar sua autonomia profissional. 
 
3.3 – RESPONSABILIDADE DO AUDITOR INTERNO NA EXECUÇÃO DOS TRABALHOS 
 
3.3.1 – O auditor interno deve ter o máximo de cuidado, imparcialidade e zelo na realização dos 
trabalhos e na exposição das conclusões. 
 
3.3.2 – A amplitude do trabalho do auditor interno e sua responsabilidade estão limitadas à sua área 
de atuação. 3.3.3 – A utilização da equipe técnica supõe razoável segurança de que o trabalho venha a 
ser executado por pessoas com capacitação profissional e treinamento, requeridas nas circunstâncias. 
3.3.4 – Cabe também ao auditor interno, quando solicitado, prestar assessoria ao Conselho Fiscal ou 
órgãos equivalentes. 
 
3.4 – RELACIONAMENTO COM PROFISSIONAIS DE OUTRAS ÁREAS 
 
3.4.1 – O auditor interno pode realizar trabalhos de forma compartilhada com profissionais de outras 
áreas, situação em que a equipe fará a divisão de tarefas, segundo a habilitação técnica e legal dos seus 
participantes. 
 
3.5 – SIGILO 
 
3.5.1 – O auditor interno deve respeitar o sigilo relativamente às informações obtidas durante o seu 
trabalho, não as divulgando para terceiros, sob nenhuma circunstância, sem autorização expressa da 
Entidade em que atua. 
 
3.5.2 – O dever de manter o sigilo continua depois de terminado o vínculo empregatício ou contratual. 
 
 3.6 – COOPERAÇÃO COM O AUDITOR INDEPENDENTE 
 
3.6.1 – O auditor interno, quando previamente estabelecido com a administração da entidade em que 
atua, e no âmbito de planejamento conjunto do trabalho a realizar, deve apresentar os seus papéis de 
trabalho ao auditor independente e entregar-lhe cópias, quando este entender necessário. 
 
As normas usuais de auditoria representam os requisitos básicos a serem observados no desempenho 
do trabalho de auditoria, como medidas de qualidade na execução desses atos e dos objetivos a serem 
alcançados por meio dos procedimentos de auditoria. 
 Sua finalidade é clarificar o conhecimento do papel e responsabilidade dos auditores internos a todos 
os interessados, assim como estabelecer uma base para orientação e avaliação do desempenho da 
auditoria interna, em conformidade com as normas aplicáveis internacionalmente para o exercício 
profissional da auditoria, bem como com aquelas aplicáveis ao serviço público federal. 
Acima foram apresentadas normas a respeito dos procedimentos técnicos da Auditoria Interna, 
portanto adiante será abrangido sobre os aspectos comportamentais dos profissionais que estão 
envolvidos nessa dinâmica da Auditoria, o que compete ao profissional. 
 
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. 9 
Normas relativas à competência profissional 
A auditoria interna deve ser executada com zelo e competência profissional. Estas características 
constituem-se em responsabilidades tanto do órgão de auditoria interna quanto do auditor interno. Não 
devem ser designadas para a execução dos trabalhos de auditoria pessoas inaptas – empírica e 
tecnicamente – para a atividade, desprovidas do necessário aporte de conhecimento para desincumbir-
se das tarefas com eficiência. 
 
Quanto ao órgão de auditoria interna 
É preciso que este se assegure de que as pessoas que compõem o órgão de auditoria interna possuem 
competência e instrução compatíveis com as tarefas que executarão. Deve o órgão de auditoria interna 
traçar critérios apropriados de instrução formal e experiência para o preenchimento de vagas, 
considerando-se o âmbito do trabalho e o grau de responsabilidade. O órgão de auditoria interna deve 
possuir,em seu conjunto, as necessárias disciplina e capacidade técnica para o desempenho de suas 
responsabilidades. Deve ser competente na aplicação de normas, procedimentos e técnicas de auditoria 
interna. 
A auditoria interna precisa supervisionar adequadamente seus auditores. Todos os trabalhos de 
auditoria são de responsabilidade do dirigente do órgão de auditoria, que detém, em consequência, a 
responsabilidade de supervisionar todo e qualquer trabalho realizado em sua área. A supervisão é um 
processo contínuo, que se inicia na fase de planejamento, estende-se durante a execução e prossegue 
até o encerramento. O grau de supervisão necessário depende da competência dos auditores e do grau 
de dificuldade do trabalho. Um programa sintético de supervisão consiste em: 
- instruir coerentemente os subordinados no início do serviço e aprovar o programa; 
- cuidar para que o programa seja cumprido, a menos que os desvios eventuais possam ser justificados 
e autorizados; 
- determinar se os papéis de trabalho de auditoria fundamentam devidamente as descobertas, as 
conclusões e os relatórios de auditoria; 
- certificar-se de que os relatórios de auditoria são exatos, objetivos, claros, concisos, construtivos e 
oportunos; 
- verificar se os objetivos de auditoria foram alcançados. 
 
Quanto ao auditor interno 
São normas de auditoria relativas à competência profissional do auditor interno: 
 
a) conhecimento técnico e capacidade profissional - o auditor no exercício das atividades de l auditoria 
deve possuir um conjunto de conhecimentos técnicos, experiência e capacidade para as tarefas que 
executa; conhecimentos contábeis, econômicos e financeiros, e de outras disciplinas para o adequado 
cumprimento do objetivo da auditoria. Deverá, ainda, ter habilidade no trato com as pessoas e comunicar-
se de maneira eficaz. 
- conhecimento técnico - face a complexidade e magnitude dos objetivos da administração o pública 
federal, o auditor necessita possuir conhecimentos técnicos das diversas áreas relacionadas com as 
atividades auditadas, de tal forma que o permitam comprovar a legalidade e legitimidade dos atos de 
gestão e avaliar a economicidade, eficiência e eficácia alcançadas no desempenho dos objetivos do órgão 
ou entidade sob exame. 
- capacidade profissional - a capacidade profissional é adquirida pela aplicação prática dos 
conhecimentos técnicos. O somatório de experiências obtidas entre diversas situações contribuem para 
o amadurecimento do julgamento profissional, possibilitando o discernimento entre situações gerais e 
particulares; 
 
b) atualização dos conhecimentos técnicos - o auditor governamental deve manter sua competência 
técnica, atualizando-se quanto ao avanço de normas, procedimentos e técnicas aplicáveis à auditoria; 
 
c) cautela e zelo profissional - no desempenho de suas funções, na elaboração do relatório e l emissão 
de sua opinião, o auditor governamental deve agir com a devida precaução e zelo profissional, devendo 
acatar as normas de ética profissional, o bom senso em seus atos e recomendações, o cumprimento das 
normas gerais de auditoria governamental e o adequado emprego dos procedimentos de auditoria de 
aplicação geral ou específica. Do zelo profissional fazem parte os seguintes itens de exame: 
- âmbito e extensão do trabalho necessário para atingir os objetivos de auditoria; 
- importância relativa ou significação de questões às quais se aplicarão os procedimentos de auditoria; 
- adequação e eficácia dos controles internos; 
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. 10 
- custo da auditoria, relativamente aos benefícios que dela se espera obter; 
 
d) comportamento ético - no desenvolvimento de seu trabalho, o auditor governamental, o 
independentemente de sua formação profissional, deve ter sempre presente que, como servidor público, 
se obriga a proteger os interesses da sociedade, respeitar as normas de conduta que regem os servidores 
públicos, não podendo valer-se da função em benefício próprio ou de terceiros, ficando, ainda, obrigado 
a guardar confidencialidade das informações obtidas, não devendo revelá-las a terceiros, sem autorização 
específica, salvo se houver obrigação legal ou profissional de assim proceder. 
 
Normas relativas ao âmbito do trabalho 
Tais normas asseguram a forma de trabalho que a auditoria interna deve seguir, tais normas devem 
ser adaptadas ao setor de cada empresa ou instituição, levando em consideração todos os parâmetros 
acima comentados. As normas da Auditoria interna servem como um direcionamento para a conformidade 
e seguridade dos padrões pré-estabelecidos pela conduta internacional. 
O âmbito do trabalho envolve a determinação do trabalho de auditoria a ser realizado. O trabalho de 
auditoria interna deve abranger o exame e a avaliação da adequação e eficácia do sistema de controle 
interno da organização (para determinar se o sistema estabelecido fornece certeza razoável de que os 
objetivos e metas são cumpridos de maneira eficiente e econômica) e da qualidade do desempenho na 
realização do trabalho (para assegurar que os objetivos e as metas da organização foram atingidos). O 
âmbito do trabalho de auditoria interna precisa atingir os seguintes quesitos: 
 
a) assegurar a fidedignidade e integridade da informação; 
b) a observância de políticas, planos, procedimentos, leis e regulamentos; 
c) a proteção do ativo; 
d) o uso econômico e eficiente dos recursos; 
e) a consecução dos objetivos e metas estabelecidos para operações ou programas. 
 
Normas relativas à execução do trabalho 
 O auditor governamental, no exercício de suas funções, terá livre acesso a todas as dependências do 
órgão auditado, assim como a documentos, valores e livros considerados indispensáveis ao cumprimento 
de suas atribuições, não lhe podendo ser sonegado, sob qualquer pretexto, nenhum processo, documento 
ou informação. Quando houver limitação da ação do auditor, o fato deverá ser comunicado, de imediato, 
por escrito, ao dirigente da unidade auditada, solicitando as providências necessárias. O trabalho de 
auditoria deve compreender o planejamento do exame, a verificação e a avaliação das informações, a 
comunicação dos resultados e o acompanhamento. É responsabilidade do auditor interno o planejamento 
e a realização do trabalho de auditoria, sujeito à supervisão e à aprovação. 
 
Exame e avaliação da informação 
O auditor interno deve reunir analisar, interpretar e documentar informação suficiente para fundamentar 
os resultados da auditoria. Em atendimento aos objetivos da atividade de auditoria, o auditor deverá 
realizar, na extensão julgada necessária, os testes ou provas adequados às circunstâncias, para obter 
evidências qualitativamente aceitáveis que fundamentem, de forma objetiva, suas recomendações e 
conclusões. As evidências obtidas devem ser suficientes para sustentar a emissão do parecer, permitindo 
ao auditor obter grau razoável de convencimento da realidade dos fatos e situações observados, da 
veracidade da documentação examinada, da consistência da contabilização dos fatos e fidedignidade das 
informações e registros gerenciais para fundamentar, solidamente, sua opinião. A validade do seu 
julgamento depende diretamente da qualidade das evidências. Considera-se que a evidência é de 
qualidade satisfatória quando reúne as características de suficiência, competência e pertinência, 
conforme a definição abaixo: 
a) suficiência - quando, mediante a aplicação de testes que resultem na obtenção de uma ou várias 
provas, o auditor for levado a um grau razoável de convencimento a respeito da realidade ou veracidade 
dos fatos examinados; 
b) adequação - quando os testes ou exames realizados forem apropriados à natureza e características 
dos fatos examinados; 
c) pertinência - quando houver coerência com as observações,conclusões e recomendações da 
auditoria. 
Os procedimentos de auditoria, bem como as técnicas e os procedimentos de amostragem 
empregados, devem ser escolhidos antecipadamente, e sua aplicação controlada pelo auditor interno. O 
processo de reunir, analisar, interpretar e documentar informações deve ser supervisionado, de modo 
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. 11 
que forneça segurança razoável de que a objetividade do auditor é mantida e de que se cumprem os 
objetivos de auditoria. Os papéis de trabalho que documentam a auditoria devem ser elaborados pelo 
auditor e revisados pelo dirigente do órgão de auditoria interna. Os papéis devem registrar a informação 
obtida e as análises feitas, especificando as bases das descobertas e recomendações a serem feitas. 
 
Comunicação de resultados 
A comunicação dos resultados da auditoria deverá sempre ser realizada pelo dirigente do órgão de 
auditoria interna e mediante relatório que apresenta a conclusão das análises elaboradas. O dirigente do 
órgão de auditoria interna deve reunir os responsáveis das áreas envolvidas na auditoria e transmitir as 
conclusões e recomendações, afim de que seja evitada qualquer falha na comunicação. Posteriormente 
os responsáveis pelas áreas envolvidas na auditoria repassam as conclusões dos auditores, de forma 
que a equipe possa trabalhar com metas e objetivos voltados a atender às exigências da auditoria com 
mais eficiência e eficácia. 
Portanto os relatórios que apresentam as informações conclusivas a respeito da auditoria devem ser 
claros, concisos, construtivos e oportunos. Devem ainda, apontar as finalidades, os pontos analisados, 
os resultados, e o parecer do auditor, assim como podem conter recomendações de melhorias 
específicas, indicadores de desempenho satisfatório e providências corretivas tomadas. 
Vale ressaltar que os pontos de vista do setor submetido a exame, com respeito às conclusões do 
auditor e suas recomendações também podem ser incluídos no relatório de auditoria. 
 
Acompanhamento 
 O acompanhamento serve como um controle para o auditor interno, pois tem como objetivo verificar 
que todas as providências e recomendações necessárias foram realmente tomadas, ou então no caso da 
não aceitação das falhas eventualmente apontadas pelo trabalho da auditoria, os administradores, 
contadores, ou gestores se responsabilizam por ações mais efetivas da auditoria e possíveis autuações, 
por não respeitar ou por não regulamentar-se conforme as normas exigidas. 
 
Atitudes comportamentais de auditoria 
 
Equipes de trabalho 
A responsabilidade de escalar funcionários para a execução das tarefas é do dirigente do órgão de 
auditoria interna. As equipes precisam ser equilibradas e muito bem coordenadas para que assim possam 
realizar um trabalho minucioso e de alta qualidade. Além do mais a auditoria é uma prática que deve ser 
aperfeiçoada por meio do trabalho em equipe. 
Após a designação de quem será encarregado do trabalho, este irá responder à chefia por todos os 
assuntos referentes àquele trabalho, inclusive quanto aos demais auditores sob sua responsabilidade, 
assim como estes respondem ao servidor encarregado dos trabalhos. Sendo recomendável e conveniente 
que os auditores executem todos os trabalhos relacionados a um serviço na própria área auditada, 
enquanto lá permanecer, o servidor submete-se às normas disciplinares e ao horário vigente da área. 
 
Confidencialidade 
O auditor deve preservar a natureza confidencial de todos os assuntos ligados às atividades das 
diversas áreas da organização que audite. Jamais devem ser reveladas informações confidenciais, como 
também nunca deverá discutir na presença de terceiros assuntos pertinentes à organização – dentro ou 
fora dela. A fim de preservar a natureza confidencial de todos os assuntos referentes às atividades das 
diversas áreas da empresa, é imprescindível que o auditor tenha a particular preocupação de evitar: 
- discutir com terceiros quaisquer assuntos das áreas da organização; 
- revelar informações confidenciais a servidores não autorizados a recebê-las; 
- discutir assuntos das áreas auditadas em lugares públicos. 
 
Constatação de possíveis desfalques 
Não obstante não ser o objetivo primeiro da auditoria, no decorrer dos exames o auditor deverá estar 
consciente da probabilidade de risco de constatação de irregularidades, ou mesmo de possíveis fraudes 
ou desfalques, atentando para as fragilidades dos controles internos, para riscos potenciais a que estão 
sujeitos os recursos utilizados, às peculiaridades/características de como se desenvolvem as operações, 
para a atitude dos recursos humanos do órgão auditado ante os controles existentes, assim como para 
comportamentos indevidos. O adequado conhecimento da natureza e peculiaridade das operações deve 
permitir ao auditor a identificação de indicadores de irregularidades. Os indicadores podem surgir, como 
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. 12 
consequência dos controles estabelecidos, pelo resultado dos trabalhos efetuados pelos próprios 
auditores, ou por outras fontes de informação. 
Quando se manifestarem tais indicadores, os auditores estarão obrigados a ampliar o alcance dos 
procedimentos necessários, a fim de evidenciar, nesses casos, a existência de irregularidades. A 
aplicação dos procedimentos de auditoria não garantirá, contudo, a detecção de toda impropriedade ou 
irregularidade. 
Assim, a manifestação posterior de uma situação imprópria ou irregular ocorrida no período submetido 
a exame não significará que o trabalho efetuado pelo auditor tenha sido inadequado, sempre que puder 
demonstrar que o efetuou de acordo com o estabelecido pelas normas de auditoria aplicáveis no serviço 
público. No exercício de suas atividades, o auditor, ao verificar a ocorrência de irregularidades, deverá de 
imediato, levar o assunto, por escrito, ao conhecimento do dirigente da unidade/entidade auditada, 
solicitando os esclarecimentos e justificativas pertinentes. A descoberta de evidência indicativa de 
possível desfalque precisa ser compulsoriamente, levada ao conhecimento do superior imediato do 
auditor. 
Cabe ao dirigente do órgão de auditoria interna instruir adequadamente os auditores com respeito às 
providências a serem adotadas. 
 
Localização e afastamento 
Durante o expediente, é fundamental que o dirigente de auditoria tenha conhecimento de onde os 
auditores podem ser encontrados. Qualquer mudança de local de auditoria precisa ser imediatamente 
comunicada. Todo e qualquer afastamento da atividade de auditoria deve ser comunicado ao dirigente e 
devidamente autorizado. 
 
Outras atitudes comportamentais 
O desempenho da função de auditor exige um padrão rígido de comportamento, de tal forma que sua 
fé e integridade não possam merecer reparos. A alta administração espera da auditoria interna, como um 
todo, que esta oriente de tal forma os administrados que eles possam se conduzir adequadamente na 
consecução dos objetivos propostos. Com vistas à obtenção desses objetivos, são atitudes 
comportamentais importantes à função do auditor: 
a) exercer honesta, objetiva e criteriosamente seus deveres e responsabilidades; 
b) respeitar, em qualquer circunstância, os níveis hierárquicos existentes na organização; 
c) manter sigilo absoluto a respeito de informações confidenciais que, por força do trabalho, cheguem 
ao conhecimento da auditoria; 
d) observar os regulamentos internos; 
e) procurar, continuamente, melhorar a capacidade e a efetividade do seu trabalho; 
f) manter espírito independente isento de influência das áreas em revisão; 
g) expressar sua opinião sempre apoiada em evidências suficientes; 
h) cultivar o senso de proporção e julgamento; 
i) ser hábil no trato com as pessoas; 
j) relatar possíveisdeficiências objetivamente.2 
 
 
 
 
2
 CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas brasileiras de contabilidade. Normas de auditoria. 3. ed. Rio de Janeiro: CFC, 
1991. 
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. 13 
 
 
SISTEMA DE CONTROLE EXTERNO 
 
É o conjunto de ações de controle desenvolvidas por uma estrutura organizacional com procedimentos, 
atividades e recursos próprios, não integrados na estrutura controlada, visando à fiscalização, à 
verificação e à correção de atos. 
Apesar de o conceito de Sistema de Controle Externo compreender não somente o órgão de controle 
externo, eis que compreende, também, os poderes, funções, procedimentos e tipos de fiscalização 
adotados, costuma-se privilegiar a entidade fiscalizadora (também denominadas Entidades Supremas de 
Fiscalização - EFS) na caracterização do modelo de controle adotado. Com efeito, fala-se em "Sistema 
de Tribunal de Contas" e "Sistema de Auditoria Geral". 
Em geral, os tribunais de contas têm natureza colegial e exercem a função de fiscalização/auditoria e 
a função jurisdicional de julgamento, máxime, da responsabilidade financeira. Em alguns casos, tendem 
a privilegiar o controle da legalidade e da regularidade financeiras. O controle é exercido a posteriori 
(controlo sucessivo) e, em alguns casos, também a priori (fiscalização prévia). 
 
CONTROLE EXTERNO NO BRASIL 
 
O Tribunal de Contas é o órgão responsável pela fiscalização dos gastos públicos. No âmbito federal, 
a responsabilidade é do Tribunal de Contas da União (TCU) e nos âmbitos municipal e estadual, na 
maioria dos casos, a responsabilidade é dos Tribunais de Contas dos estados (TCE‘s). 
Há exceções em relação aos estados e municípios, pois em alguns estados existe um TCE e também 
um Tribunal de Contas do Município (TCM), responsável pela fiscalização da capital, ou dos Municípios 
(TCM), responsável pela fiscalização de todas as cidades do estado. 
Os Tribunais de Contas analisam, portanto, de acordo com as suas áreas de atuação, as contas dos 
órgãos públicos. 
A fiscalização realizada pelo Tribunal é chamada de controle externo. Cabe ao Poder Legislativo 
(Senado e Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores) exercer esse 
controle junto aos Poderes Executivo (Governos Federal, Estaduais e Prefeituras Municipais) e Judiciário 
(Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunais Regionais Federais, Eleitorais, 
Tribunais de Justiça dos Estados). 
Assim, o Tribunal de Contas é um órgão autônomo, que auxilia o Poder Legislativo a exercer o controle 
externo, fiscalizando os gastos dos Poderes Executivo, Judiciário e do próprio Legislativo. Além de estar 
sujeito ao controle externo, cada Poder tem a responsabilidade de manter um sistema de controle interno. 
E, por sua vez, apesar de ser um tribunal, o Tribunal de Contas não faz parte do Poder Judiciário. 
 
REGRAS CONSTITUCIONAIS SOBRE O CONTROLE EXTERNO 
 
O Controle Externo deve ser exercido em uma instância que esteja fora do âmbito do ente fiscalizado, 
para que tenha maior grau de independência e efetividade em suas ações. 
A Lei 4.320/64 em seu artigo 81 define que o controle externo devera ser exercido pelo Poder 
Legislativo, terá por objetivo verificar a probidade da Administração, a guarda e legal emprego do recurso 
público e o cumprimento da Lei do Orçamento. 
Sistemas de Controle na Administração Pública Brasileira (art. 70 
a 74 da Constituição Federal). 
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. 14 
O Artigo 82 da mesma Lei determina a periodicidade com que a fiscalização efetuada pelo controle 
externo deverá ser efetivada: O poder Executivo, anualmente, prestará contas ao Poder Legislativo, no 
prazo estabelecido na Constituição Federal ou Estadual e nas Leis Orgânicas Municipais. 
A Constituição Federal acatou esse dispositivo, em seu art. 71, que determina o exercício do Controle 
Externo pelo Poder Legislativo, com o auxílio do tribunal de Contas da União, abrangendo a fiscalização 
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração 
direta e indireta: ―O Controle Externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do 
Tribunal de Contas da União‖. 
 
REGRAS CONSTITUCIONAIS 
 
Neste contexto, com o advento da Constituição de 1988 o Tribunal de Contas, incluindo aí o Tribunal 
de Contas da União e o dos Estados e Municípios, continuou a ser inserido, de forma orgânica, no Poder 
Legislativo, mas detendo autonomia constitucional, não sendo um órgão preposto a este Poder. Esse 
inclusive foi o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, em sede de ação direta de 
inconstitucionalidade, conforme segue: “Não são, entretanto, as cortes de contas órgãos subordinados 
ou dependentes do Poder Legislativo, tendo em vista que dispõem de autonomia administrativa e 
financeira, nos termos do artigo 73, caput, da Constituição Federal, que lhes confere as atribuições 
previstas no seu artigo 96, relativas ao Poder Judiciário. (Adin nº 1.140-5, Relator Ministro Sidney 
Sanches)” 
Embora a Constituição Federal de 1988, em seu art. 71, mencione que o Controle Externo, a cargo do 
Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União (a nível federal), é 
importante asseverar que essa atuação não se traduz em subordinação, pois se assim for entendido, 
estar-se-á confundindo a função com a natureza do órgão. 
Sabe-se que a função deste Tribunal é exercer o controle financeiro e orçamentário da Administração 
em auxílio ao poder responsável, em última instância, por essa fiscalização. Como já citado no parágrafo 
anterior, o Supremo Tribunal Federal, órgão máximo do Poder Judiciário no Brasil, também se posicionou 
da seguinte forma: ―O Tribunal de Contas não é preposto do Legislativo. A função que exerce recebe 
diretamente da Constituição Federal, que lhe define as atribuições‖. 
Na definição de Gualazzi (1992), os Tribunais de Contas, no Brasil, atuam como órgão administrativo 
parajudicial, funcionalmente autônomo, cuja função consiste em exercer, de ofício, o controle externo, 
fático e jurídico, sobre a execução financeiro-orçamentária, em face dos três poderes do Estado, sem a 
definitividade jurisdicional‖. Não se deve confundir a função com a natureza do órgão. A Constituição 
Federal de 1988 dispõe que o controle externo do Congresso Nacional será exercido com o auxílio do 
Tribunal de Contas da União. Dessa forma, deve-se entender que a sua função, portanto, é a de exercer 
o controle financeiro e orçamentário da Administração Pública Federal, em auxílio ao poder que, em última 
instância, é responsável por essa fiscalização. 
Outro ponto que merece destaque é que a própria Constituição Federal de 1988 assegura ao Tribunal 
de Contas as mesmas garantias de independência do Poder Judiciário. E, assim sendo, não é possível 
considerá-lo subordinado ao Poder Legislativo, ou mesmo inserido na sua estrutura. A despeito de ter 
como função atuar em auxílio ao Poder Legislativo, o Tribunal de Contas é um órgão independente e não 
me mostra vinculado à estrutura de quaisquer dos três poderes. 
Dessa forma, pode-se dizer que os Tribunais de Contas são órgãos públicos constitucionais, 
detentores de autonomia administrativa e financeira, mantendo relação de colaboração com o Poder 
Legislativo no que concerne ao controle externo a cargo deste, sem, no entanto, haver qualquer relação 
de subalternidade (RODRIGUES SOUZA, 2004). 
 Assim, os Tribunais de Contas no Brasil atuam tanto como colaborador do Poder Legislativo, como 
no exercício de suas competências próprias. 
Por conta disso, os Tribunais de Contas passaram a ocupar uma posição de destaque na sociedade 
brasileiraatual, na medida em que essas casas, tanto a nível federal, como estadual e municipal, 
passaram a proteger valores constitucionais fundamentais, independentemente da estrutura do Estado. 
Esse entendimento pode ser corroborado com as lúcidas palavras de Moreira Neto (2003), nestes termos: 
os órgãos de contas alcançaram indubitavelmente sua maturidade e máxima prestância, deixando de ser 
apenas órgãos do Estado para serem também órgãos da sociedade no Estado, pois a ela servem não 
apenas indiretamente, no exercício de suas funções de controle externo, em auxílio da totalidade dos 
entes e órgãos conformadores do aparelho do Estado, como diretamente à sociedade, por sua acrescida 
e nobre função de canal do controle social, o que os situa como órgãos de vanguarda dos Estados 
policráticos e democráticos que adentram o século XXI. 
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. 15 
Com o advento da Constituição de 1988, o controle exercido sobre a gestão pública passou a se operar 
não só sob o aspecto da legalidade, mas também com base nos princípios da legitimidade e 
economicidade, o que propiciou a instituição de um verdadeiro controle por resultados. 
Nesse ponto, faz-se mister trazer à colação um trecho do Relatório do Ministro do Supremo Tribunal 
Federal, Celso de Mello (STF, SS nº 1308-RJ, Relator: Ministro Celso de Mello, DJU de 19/10/1998): A 
essencialidade dessa Instituição – surgida nos albores da República com o Decreto nº 966-A, de 
7/11/1890, editado pelo Governo Provisório sob a inspiração de Rui Barbosa – foi uma vez mais 
acentuada com a inclusão, no rol dos princípios constitucionais sensíveis, da indeclinabilidade da 
prestação de contas da Administração Pública, Direta e Indireta (CF, art. 34, VII, d‘). A atuação do Tribunal 
de Contas, por isso mesmo, assume importância fundamental no campo do controle externo. Como 
natural decorrência do fortalecimento de sua ação institucional, os Tribunais de Contas tornaram-se 
instrumentos de inquestionável relevância na defesa dos postulados essenciais que informam a própria 
organização da Administração Pública e o comportamento de seus agentes, com especial ênfase para os 
princípios da moralidade administrativa, da impessoalidade e da legalidade. Nesse contexto, o regime de 
controle externo, institucionalizado pelo ordenamento constitucional, propicia, em função da própria 
competência fiscalizadora outorgada aos Tribunais de Contas, o exercício, por esses órgãos estatais, de 
todos os poderes – explícitos ou implícitos – que se revelem inerentes e necessários à plena consecução 
dos fins que lhes foram cometidos. 
Outro ponto que merece ser destacado é com relação à natureza jurídica das decisões emanadas 
pelos Tribunais de Contas. Alguns autores pátrios entendem que a natureza jurídica dessas decisões 
seria judicante. E embasam essa ideia nos seguintes argumentos: as decisões podem ser de natureza 
judicante, mesmo que advindas de um órgão administrativo, tal como ocorre nos países que adotaram o 
sistema do contencioso administrativo. Nesses países, um órgão administrativo possui competência, em 
última instância, para dispor sobre determinado imbróglio envolvendo a Administração Pública, e, assim, 
afastando a possibilidade de recurso ao Poder Judiciário. Importante asseverar que essa teoria advém 
de parte minoritária da doutrina. 
Embora seja respeitável a teoria defendida por parte minoritária da doutrina de que a natureza jurídica 
das decisões emanadas pelos Tribunais de Contas seria judicante, principalmente se levarmos em 
consideração que a própria Constituição Federal de 1988 estabeleceu, em seu inciso II do art. 71, como 
competência da Corte de Contas, julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por 
dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades 
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio 
ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público, é importante ressaltar que a parte 
majoritária da doutrina e da jurisprudência dos Tribunais Superiores entende que a natureza jurídica 
dessas decisões é administrativa, e não judicante. 
E a força dessa teoria está inserida dentro da própria Constituição Federal de 1988, notadamente no 
seu artigo 5º, inciso XXXV, quando estabelece um sistema de jurisdição uma, também conhecido como 
monopólio da tutela jurisdicional pelo Poder Judiciário. Dessa forma, as decisões administrativas 
provenientes dos Tribunais de Contas estão sujeitas ao controle jurisdicional. 
Importante asseverar que, embora as decisões administrativas provenientes dos Tribunais de Contas 
estejam sujeitas ao controle jurisdicional, como explicitado no parágrafo anterior, essas decisões tem 
natureza vinculatória em face da Administração Pública. 
 
DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 
 
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das 
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação 
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle 
externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. 
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, 
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União 
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
 
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal 
de Contas da União, ao qual compete: 
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio 
que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; 
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II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos 
da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder 
Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que 
resulte prejuízo ao erário público; 
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na 
administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, 
excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de 
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento 
legal do ato concessório; 
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica 
ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e 
patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais 
entidades referidas no inciso II; 
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, 
de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; 
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, 
ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; 
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por 
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional 
e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; 
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade decontas, as 
sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano 
causado ao erário; 
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato 
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; 
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos 
Deputados e ao Senado Federal; 
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. 
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que 
solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. 
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas 
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. 
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título 
executivo. 
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas 
atividades. 
 
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas 
não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não 
aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste 
os esclarecimentos necessários. 
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao 
Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias. 
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano 
irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação. 
 
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, 
quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as 
atribuições previstas no art. 96. . 
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam 
os seguintes requisitos: 
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade; 
II - idoneidade moral e reputação ilibada; 
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração 
pública; 
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os 
conhecimentos mencionados no inciso anterior. 
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos: 
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I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois 
alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista 
tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento; 
II - dois terços pelo Congresso Nacional. 
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, 
impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, 
quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 20, de 1998) 
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular 
e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal. 
 
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de 
controle interno com a finalidade de: 
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de 
governo e dos orçamentos da União; 
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão 
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da 
aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; 
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres 
da União; 
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. 
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou 
ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. 
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, 
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. 
 
 
 
Tribunal de Contas é um órgão autônomo, que auxilia o Poder Legislativo a exercer o controle externo, 
fiscalizando os gastos dos Poderes Executivo, Judiciário e do próprio Legislativo. Além de estar sujeito 
ao controle externo, cada Poder tem a responsabilidade de manter um sistema de controle interno. E, por 
sua vez, apesar de ser um tribunal, o Tribunal de Contas não faz parte do Poder Judiciário. 
O controle dos gastos precisa obedecer a um roteiro lógico: planejamento, orçamento, execução e 
controle. Os governantes devem utilizar ações para efetivo controle dos gastos públicos. Deve-se manter 
o controle da coisa pública, pois se tratam de recursos da sociedade, geridos por agentes públicos em 
prol da coletividade. 
O Controle externo é realizado por órgão diverso do que emanou o ato ou procedimento administrativo, 
a exemplo daquele realizado pelo Tribunal de Contas, pelo Poder Judiciário e pelo Legislativo. É externo 
o controle quando exercido por um Poder sobre os atos administrativos praticados por outro Poder. 
Segundo Hely Lopes Meirelles, é o que se realiza por órgão estranho à administração responsável pelo 
ato controlado. 
 
Temos como exemplos de atos de controle externo a sustação, pelo Congresso Nacional, de atos 
normativos do Poder Executivo que ultrapassem o poder regulamentar (CF, artigo 49, inciso V); a 
anulação de um ato do Executivo por decisão judicial; o julgamento anual, pelo Congresso Nacional, das 
contas prestadas pelo Presidente da República e a apreciação dos relatórios, por ele apresentados, 
Tribunais de Contas: funções, natureza jurídica e eficácia das 
decisões. 
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sobre a execução dos planos de governo (CF, artigo 49, inciso IX); a auditoria realizada pelo Tribunal de 
Contas sobre despesas realizadas pelo Executivo, etc. 
A Administração pública deve sempre atuar visando à satisfação do interesse público, então, nada 
mais previsível e lógico do que a existência de vários mecanismos, constitucionalmente previstos, 
colocados à disposição dos administrados, para possibilitar a verificação da regularidade da atuação da 
Administração de modo a impedir a prática de atos irregulares, ilegítimos, lesivos ao indivíduo ou à própria 
coletividade, ou que possibilitem a reparação dos danos decorrentes da prática destes atos (artigo 31, 
§3º; artigo 5º, inciso LXXIII; artigo 74, §2º da CF/88). 
 
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle 
externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. 
(...) 
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer 
contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao 
patrimônio público ou de entidade de que oEstado participe, à moralidade administrativa, ao meio 
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas 
judiciais e do ônus da sucumbência; 
 
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de 
controle interno com a finalidade de: 
(...) 
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, 
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. 
 
A Carta Magna de 1988 dedicou uma seção especifica para o tema de fiscalização contábil, financeira 
e orçamentária, disciplinando a atuação das Cortes de Contas nos artigos 70 a 75. Dispõe o caput do 
artigo 71, da CF que o Tribunal de Contas da União tem a função de auxiliar o Congresso Nacional no 
exercício do controle externo da Administração Pública, a qual consiste na fiscalização contábil, 
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e 
indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de 
receitas, conforme o disposto no caput do artigo 70, do mencionado diploma legal. 
O Tribunal de Contas auxilia o Congresso Nacional no exercício do controle externo da atividade 
administrativa dos três Poderes, inclusive do próprio Poder Legislativo. Não havendo, entretanto 
subordinação, nem tampouco posição inferior em suposta escala hierárquica, não existe superioridade 
de um em relação ao outro. O Tribunal de Contas um órgão autônomo consoante manifesta vontade 
constitucional, conforme leciona Odete Medauar (1993, p. 141): “[...] a Constituição Federal, em artigo 
algum utiliza a expressão órgão auxiliar; dispõe que o Controle Externo do Congresso Nacional será 
exercido com o auxílio do Tribunal de Contas; a sua função, portanto, é de exercer o controle financeiro 
e orçamentário da Administração em auxílio ao poder responsável, em última instância, por essa 
fiscalização. [...]”. 
 
A função do Tribunal de Contas é de atuar em auxílio ao legislativo, sua natureza, em razão das 
próprias normas da Constituição é a de órgão independente, sem vínculo com a estrutura de qualquer 
dos três poderes. No meu entendimento, por conseguinte, o Tribunal de Contas se configura como 
instituição estatal independente. 
A Constituição de 1988 ampliou de maneira considerável o controle exercido pelos Tribunais de Contas 
ao transcender os limites da legalidade formal com a inclusão do controle operacional. O Tribunal de 
Contas se faz presente com grande importância na sociedade brasileira. Sua competência alcança não 
só a análise da mera legalidade formal, como ocorria antes, mas também verifica os atos dos 
administradores, gestores e órgãos, em consonância com os princípios constitucionais, em especial a 
moralidade administrativa, eficiência (artigo 37 da Lei Fundamental), legitimidade, economicidade, e ainda 
os valores do ordenamento jurídico e do planejamento da administração direta ou indireta. 
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Verifica-se que é exercido um controle de mérito, não como a última decisão política do administrador; 
e sim como a ligação do conceito com a legitimidade, racionalidade nas despesas e nas prioridades da 
coletividade e economicidade, que é binômio entre custos e benefícios. 
De acordo com artigo 74 da Constituição, a intenção foi realmente que tudo fosse controlado, em 
especial ao destacar a integração dos controles interno (no interior de cada Poder) e externo (a cargo do 
Poder Legislativo e do Tribunal de Contas), principalmente e efetivamente com a autorização expressa 
para qualquer cidadão denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. 
 
Os julgamentos dos Tribunais de Contas são de caráter objetivo, com parâmetros de ordem técnica 
jurídica, ou seja, subsunção de fatos às normas. Já o Poder Legislativo julga com critérios políticos de 
conveniência e oportunidade, de caráter subjetivo. 
Nos Tribunais de Contas os processos são de contas, e não judiciais, ou parlamentares ou ainda 
administrativos. Nos processos judiciais há função jurisdicional, que é exclusiva do Poder Judiciário, e 
tem como característica a provocação, participação de advogados e litigantes. Na Corte de Contas, os 
advogados não necessariamente participam, não está ela situada no rol do artigo 92 da Constituição, nem 
tampouco é órgão essencial à função jurisdicional. Embora, algumas características da jurisdição 
permanecem nos Tribunais de Contas, como o critério objetivo, a força ou a irretratabilidade das decisões, 
como as judiciais com trânsito em julgado. 
 
- COMPOSIÇÃO 
 
Sua composição é análoga à dos Tribunais (órgãos do Poder Judiciário), é um órgão composto por 
nove membros, que recebem a designação de Ministros, requer-se para investidura nestes cargos idade 
entre 35 e 65 anos de idade, idoneidade moral e reputação ilibada, disposição de notórios conhecimentos 
jurídicos ou contábeis, econômicos, financeiros ou de administração pública e que se tenha mais de dez 
anos de exercício de função ou efetiva atividade profissional exigente da espécie de conhecimentos 
referidos (art. 73 e § 1º). São atribuídos aos titulares destes cargos as mesmas prerrogativas, 
impedimentos e vencimentos dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça (art. 73, § 3º), gozam, 
inclusive, de vitaliciedade. Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos de acordo com 
o disposto no § 2º do art. 73, já os membros das Cortes estaduais serão, uniformemente, sete. 
Compete-lhe, consoante o art. 71: emitir parecer prévio sobre as contas prestadas anualmente pelo 
Presidente da República; julgar contas dos administrados e demais responsáveis por dinheiros, bens e 
valores públicos da Administração direta e indireta, inclusive contas daqueles que derem causa a perda, 
extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; apreciar, para fins de registro, a 
legalidade de atos de admissão de pessoal, a qualquer título; realizar, por iniciativa própria, inspeções e 
auditorias de natureza contábil, financeira e orçamentária; fiscalizar contas nacionais de empresas 
supranacionais de cujo capital social a União participe; fiscalizar a aplicação de recursos repassados pela 
União; prestar informações de ordem contábil, financeira e orçamentária; aplicar as sanções previstas em 
lei aos responsáveis em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas; assinar prazo para 
que órgão ou entidade em que foi verificada ilegalidade adote as providências cabíveis; sustar, se não 
atendido, a execução de ato impugnado, comunicando a decisão ao Congresso Nacional e; relatar ao 
Poder competente acerca de irregularidades ou abusos apurados. 
O Constituinte, entretanto, atribuiu certas prerrogativas que visam, irrefutavelmente, à presteza do 
exercício da Corte e ao caráter injuntivo das decisões acerca de débito ou multa, a saber: segundo o art. 
71, § 2º, o Tribunal de Contas poderá decidir a respeito da sustação de contrato, que é de competência 
do Congresso Nacional, se este não tomar as medidas necessárias no prazo de 90 dias. 
 
Já o § 3º do mesmo artigo, prevê que as decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou 
multa, terão eficácia de título executivo. Não se deve furtar-se à menção de que o dispositivo constitui 
nítida dissonância à regra não vinculativa, típica dessa Corte. 
O posicionamento do Tribunal de Contas da União acerca de irregularidades que importem em multa 
ou débito tem se adstrito ao seu peculiar traço; primeiramente, detecta-se a irregularidade, em seguida, 
inclui-se o nome no CADIN (Cadastro Informativo dos débitos não quitados de órgãos e entidades 
federais) e, finalmente, autoriza-se a

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