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apostila Direito Constitucional

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AULA 1 - Direitos e Garantias Fundamentais 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
 
 
DIREITOS. DESTINATÁRIOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; 
Os destinatários dos direitos e deveres ora mencionados são os brasileiros e estrangeiros residentes no país, devendo a 
expressão “residentes no país” ser interpretada no sentido de que tais direitos só serão assegurados dentro do território 
brasileiro, não excluindo o estrangeiro em trânsito pelo território nacional, segundo entendimento defendido pela doutrina e 
pela jurisprudência pátria. 
Tais direitos são extensíveis às pessoas jurídicas, no que couber, bem como ao próprio Estado. 
O princípio da Igualdade ou princípio da isonomia está previsto no caput desse artigo, prescrevendo que toda pessoa tem o 
direito de tratamento idêntico pela lei, em concordância com os critérios albergados pelo ordenamento jurídico. Entretanto, 
deve-se buscar não somente a igualdade formal, direcionada ao legislador, mas a igualdade real ou material ou substancial, 
direcionada ao operador do direito, ao intérprete. Parte-se da premissa de que a verdadeira igualdade está em tratar 
igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. 
O referido princípio não veda o tratamento diferenciado estabelecido pela lei, proíbe as diferenças arbitrárias, as 
discriminações absurdas, já que o tratamento desigual aos desiguais é uma questão de justiça, sendo justificável pelo objetivo 
que se pretende atingir pela lei, conforme a Súmula 683 do STF que reza: “O limite de idade para a inscrição em concurso só se 
legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza do cargo a ser preenchido”. 
Entretanto somente serão possíveis tais distinções se estiverem previstas em lei. 
Vale destacar as discriminações positivas (affirmative actions), proveniente do direito norte americano, que cuida em 
estabelecer medidas de compensação para reduzir as desigualdades sociais. É neste escólio que traz a lição do Ministro do 
Supremo Tribunal Federal, Joaquim B. Barbosa Gomes, que ensina: As ações afirmativas 'consistem em políticas públicas (e 
também privadas) voltadas à concretização do princípio constitucional da igualdade material e à neutralização dos efeitos da 
discriminação racial, de gênero, de idade, de origem nacional e de compleição física. Impostas ou sugeridas pelo Estado, por 
seus entes vinculados e até mesmo por entidades puramente privadas, elas visam a combater não somente as manifestações 
flagrantes de discriminação de fundo cultural, estrutural, enraizada na sociedade'. 
A discriminação reversa deve-se revestir de uma índole compensatória e não meramente garantir uma repartição de bens, sem 
levar em conta o uso da liberdade das pessoas e o esforço e mérito de cada um. Avaliadas sob o teste do princípio da 
proporcionalidade, as medidas de discriminação reversa devem ser adequadas para superar os obstáculos que o preconceito 
gerou para o grupo. Para isso devem-se dirigir a propiciar condições de acesso a bens e serviços que a discriminação vedou. 
Devem ter em mira o restabelecimento de uma igualdade de oportunidades tão efetiva quanto possível. 
São exemplos de tratamento diferenciado entre homens e mulheres na Constituição Federal de 1988: arts. 7º, XVIII e XIX, 40, 
III, 143, §§ 1º e 2º, 202, I e II, da CF. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) O súdito estrangeiro, mesmo o não domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para impetrar o remédio 
constitucional do “habeas corpus”, em ordem a tornar efetivo, nas hipóteses de persecução penal, o direito subjetivo, de que 
também é titular, à observância e ao integral respeito, por parte do Estado, das prerrogativas que compõem e dão significado 
à cláusula do devido processo legal. - A condição jurídica de não-nacional do Brasil e a circunstância de o réu estrangeiro não 
possuir domicílio em nosso país não legitimam a adoção, contra tal acusado, de qualquer tratamento arbitrário ou 
discriminatório. (...). (STF HC 94.404/SP. Min. Rel. Celso de Mello. DJ 18.06.2010). 
EMENTA. (...) Inexistência de ofensas ao direito à vida e da dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa com células-tronco 
embrionárias (inviáveis biologicamente ou para os fins a que se destinam) significa a celebração solidária da vida e alento aos 
que se acham à margem do exercício concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver com dignidade (Ministro Celso 
de Mello). (...) A potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é meritória o bastante para acobertá-la, infra 
constitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas de obstar sua natural continuidade fisiológica. Mas as três 
realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Donde não existir 
pessoa humana embrionária, mas embrião de pessoa humana. O embrião referido na Lei de Biossegurança (“in vitro” apenas) 
não é uma vida a caminho de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe faltam possibilidades de ganhar as primeiras 
terminações nervosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade como projeto de vida autônoma e irrepetível. (...) Ação 
direta de inconstitucionalidade julgada totalmente improcedente. (STF ADI 3510/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO. 29/05/2008). 
EMENTA. (...). Na espécie, aduziu inescapável o confronto entre, de um lado, os interesses legítimos da mulher em ver 
respeitada sua dignidade e, de outro, os de parte da sociedade que desejasse proteger todos os que a integrariam, 
independentemente da condição física ou viabilidade de sobrevivência. (...) Afirmou que, conforme a Resolução 1.480/1997 
do Conselho Federal de Medicina (CFM), os exames complementares a serem observados para a constatação de morte 
encefálica deveriam demonstrar, de modo inequívoco, a ausência de atividade elétrica cerebral ou metabólica deste órgão ou, 
ainda, inexistência de perfusão sanguínea nele. Elucidou que, por essa razão, o CFM, mediante a Resolução 1.752/2004, 
consignara serem os anencéfalos natimortos cerebrais. Desse modo, eles jamais se tornariam pessoa. Nessa senda, sintetizou 
que não se cuidaria de vida em potencial, porém, seguramente, de morte. (...). Exprimiu, pois, que a anencefalia mostrar-se-ia 
incompatível com a vida extrauterina, ao passo que a deficiência, não. (...) Observou que seria improcedente a alegação de 
direito à vida dos anencéfalos, haja vista que estes seriam termos antitéticos. (...). Destarte, a interrupção de gestação de feto 
anencefálico não configuraria crime contra a vida, porquanto se revelaria conduta atípica. (...). Por derradeiro, versou que 
atuar com sapiência e justiça, calcados na Constituição e desprovidos de qualquer dogma ou paradigma moral e religioso, 
determinaria garantir o direito da mulher de manifestar-se livremente, sem o temor de tornar-se ré em possível ação por crime 
de aborto. (STF ADPF 54, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12-4-2012, Plenário). 
EMENTA. (...). Sabemos, tal como já decidiu o STF (RTJ 136/444, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello), que o princípio da isonomia 
– cuja observância vincula todas as manifestações do Poder Público – deve ser considerado, em sua precípua função de obstar 
discriminações e de extinguir privilégios (RDA 55/114), sob duplo aspecto: a) o da igualdade na lei e b) o da igualdade perante 
a lei. A igualdade na lei – que opera numa fase de generalidade puramente abstrata – constitui exigência destinada ao 
legislador, que, no processo de formação do ato legislativo, nele não poderá incluir fatores de discriminação responsáveis pela 
ruptura da ordem isonômica. (...) A igualdade perantea lei, de outro lado, pressupondo lei já elaborada, traduz imposição 
destinada aos demais poderes estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão subordiná-la a critérios que ensejem 
tratamento seletivo ou discriminatório. A eventual inobservância desse postulado pelo legislador, em qualquer das dimensões 
referidas, imporá, ao ato estatal por ele elaborado e produzido, a eiva de inconstitucionalidade. (STF AI 360.461 AgR, Rel. Min. 
Celso de Mello, 2ª T, DJ de 28-3-2008). 
EMENTA. Direito Constitucional. Ação Direta de Constitucionalidade. Reserva de vagas para negros em concursos públicos. 
Constitucionalidade da Lei n° 12.990/2014. Procedência do pedido. 1. É constitucional a Lei n° 12.990/2014, que reserva a 
pessoas negras 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no 
âmbito da administração pública federal direta e indireta, por três fundamentos. 1.1. Em primeiro lugar, a desequiparação 
promovida pela política de ação afirmativa em questão está em consonância com o princípio da isonomia. Ela se funda na 
necessidade de superar o racismo estrutural e institucional ainda existente na sociedade brasileira, e garantir a igualdade 
material entre os cidadãos, por meio da distribuição mais equitativa de bens sociais e da promoção do reconhecimento da 
população afrodescendente. 1.2. Em segundo lugar, não há violação aos princípios do concurso público e da eficiência. A 
reserva de vagas para negros não os isenta da aprovação no concurso público. Como qualquer outro candidato, o beneficiário 
da política deve alcançar a nota necessária para que seja considerado apto a exercer, de forma adequada e eficiente, o cargo 
em questão. Além disso, a incorporação do fator “raça” como critério de seleção, ao invés de afetar o princípio da eficiência, 
contribui para sua realização em maior extensão, criando uma “burocracia representativa”, capaz de garantir que os pontos 
de vista e interesses de toda a população sejam considerados na tomada de decisões estatais. 1.3. Em terceiro lugar, a medida 
observa o princípio da proporcionalidade em sua tríplice dimensão. A existência de uma política de cotas para o acesso de 
negros à educação superior não torna a reserva de vagas nos quadros da administração pública desnecessária ou 
desproporcional em sentido estrito. Isso porque: (i) nem todos os cargos e empregos públicos exigem curso superior; (ii) ainda 
quando haja essa exigência, os beneficiários da ação afirmativa no serviço público podem não ter sido beneficiários das cotas 
nas universidades públicas; e (iii) mesmo que o concorrente tenha ingressado em curso de ensino superior por meio de cotas, 
há outros fatores que impedem os negros de competir em pé de igualdade nos concursos públicos, justificando a política de 
ação afirmativa instituída pela Lei n° 12.990/2014. 2. Ademais, a fim de garantir a efetividade da política em questão, também 
é constitucional a instituição de mecanismos para evitar fraudes pelos candidatos. É legítima a utilização, além da 
autodeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação (e.g., a exigência de autodeclaração presencial perante a 
comissão do concurso), desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa. 3. 
Por fim, a administração pública deve atentar para os seguintes parâmetros: (i) os percentuais de reserva de vaga devem valer 
para todas as fases dos concursos; (ii) a reserva deve ser aplicada em todas as vagas oferecidas no concurso público (não apenas 
no edital de abertura); (iii) os concursos não podem fracionar as vagas de acordo com a especialização exigida para burlar a 
política de ação afirmativa, que só se aplica em concursos com mais de duas vagas; e (iv) a ordem classificatória obtida a partir 
da aplicação dos critérios de alternância e proporcionalidade na nomeação dos candidatos aprovados deve produzir efeitos 
durante toda a carreira funcional do beneficiário da reserva de vagas. 4. Procedência do pedido, para fins de declarar a integral 
constitucionalidade da Lei n° 12.990/2014. Tese de julgamento: “É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos 
concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública direta e 
indireta. É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada 
a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa”. (STF ADC 41, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, 
julgamento em 08.06.2017, Plenário). 
EMENTA. (...). No mérito, prevaleceu o voto proferido pelo Min. Ayres Britto, relator, que dava interpretação conforme a 
Constituição ao art. 1.723 do CC para dele excluir qualquer significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública 
e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar, entendida esta como sinônimo perfeito de família. 
Asseverou que esse reconhecimento deveria ser feito segundo as mesmas regras e com idênticas consequências da união 
estável heteroafetiva. (...). (STF ADI 4.277/DF, rel. Min. Ayres Britto, DJ 5.5.2011). (ADPF 132). 
EMENTA. Violência doméstica. (...) O art. 1º da Lei 11.340/2006 surge, sob o ângulo do tratamento diferenciado entre os 
gêneros – mulher e homem –, harmônica com a CF, no que necessária a proteção ante as peculiaridades física e moral da 
mulher e a cultura brasileira. (STF ADC 19, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 9-2-2012, Plenário). 
 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE. 
 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
Consagração do princípio da legalidade. Tal princípio visa combater o poder arbitrário do Estado, pois somente mediante 
espécies normativas elaboradas segundo as regras do processo legislativo pátrio podem-se criar obrigações para os indivíduos. 
O princípio da legalidade se difere do princípio da reserva legal nesse ponto, pois este consiste em dizer que a regulamentação 
de determinada matéria há de fazer-se necessariamente pelo poder legislativo, aparecendo na constituição sob a forma: “nos 
termos da lei” ou “na forma da lei” e aquele é a submissão e o respeito à lei. 
A Constituição Federal estabelece essa reserva de lei, de modo absoluto ou relativo. Assim, temos a reserva legal absoluta 
quando a norma constitucional exige para sua integral regulamentação a edição de lei formal, entendida como ato normativo 
emanado do Congresso Nacional elaborado de acordo com o devido processo legislativo constitucional. Por outro lado, temos 
a reserva legal relativa quando a Constituição Federal, apesar de exigir edição de lei formal, permite que este fixe tão somente 
parâmetros de atuação para o órgão administrativo, que poderá complementa-la por ato infralegal, sempre, porém, 
respeitados os limites ou requisitos estabelecidos pela legislação. 
Existe ainda a reserva legal simples e a qualificada. A reserva legal simples ocorre no caso de a Constituição Federal estabelecer, 
em seus artigos, que determinado assunto seja objeto de lei (“na forma da lei”, “nos termos da lei”). A lei não pode limitar o 
conteúdo da Constituição ou suprimi-lo, ou seja, há limites implícitos na lei que será elaborada. A reserva legal qualificada 
ocorre no caso de, além de estabelecer qual assunto será objeto de lei, o dispositivo da Constituição estabelece as condições 
ou fins que devem ser objeto da norma (“para fins de”). Como exemplos pode se indicar os incisos VII e XII, ambos do presente 
artigo. 
Além do princípio da reserva legal, previsto no inciso XXXIX, tem-se o princípio da anterioridade, que diz: não há crime sem lei 
“anterior” que o defina e não há pena sem “prévia” cominação legal (nullun crimem, nulla poena sine praevia lege). 
Vale ressaltar que a Administração Públicaé regida pela legalidade estrita (art. 37, caput), pois não pode atuar contra a lei, 
nem na ausência da lei. 
 
 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
SÚMULA VINCULANTE 44. Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. 
EMENTA. (...). A reserva de lei em sentido formal qualifica-se como instrumento constitucional de preservação da integridade 
de direitos e garantias fundamentais. O princípio da reserva de lei atua como expressiva limitação constitucional ao poder do 
Estado, cuja competência regulamentar, por tal razão, não se reveste de suficiente idoneidade jurídica que lhe permita 
restringir direitos ou criar obrigações. Nenhum ato regulamentar pode criar obrigações ou restringir direitos, sob pena de 
incidir em domínio constitucionalmente reservado ao âmbito de atuação material da lei em sentido formal. (STF ACO 1.048-
QO, 31/10/07). 
 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou 
licença; 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício 
profissional; 
Segundo o ilustre Alexandre de Morais, “a proteção constitucional abrange não só o direito de expressão oral ou por escrito, 
mas também o direito de ouvir, assistir e ler”. 
A vedação do anonimato é ampla, inclui todos os meios de comunicação. 
O direito de resposta aplica-se em relação às ofensas, configurem ou não infrações penais, tendo como requisito a 
proporcionalidade, devendo o desagravo ter o mesmo destaque, a mesma duração e o mesmo tamanho que a notícia geradora 
da lesão. A responsabilidade pela divulgação do direito de resposta é do órgão de comunicação. O dano pode ser material 
(danos sofridos e lucros cessantes), moral (à intimidade da pessoa) e à imagem (dano produzido contra a pessoa em suas 
relações externas). 
Dispositivos correspondentes: art. 220, caput e § 2º, da CF. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Programas humorísticos, charges e modo caricatural de pôr em circulação ideias, opiniões, frases e quadros 
espirituosos compõem as atividades de ‘imprensa’, sinônimo perfeito de ‘informação jornalística’ (§ 1º do art. 220). Nessa 
medida, gozam da plenitude de liberdade que é assegurada pela Constituição à imprensa. Dando-se que o exercício concreto 
dessa liberdade em plenitude assegura ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero, 
contundente, sarcástico, irônico ou irreverente, especialmente contra as autoridades e aparelhos de Estado. Respondendo, 
penal e civilmente, pelos abusos que cometer, e sujeitando-se ao direito de resposta a que se refere a Constituição em seu art. 
5º, V. A crítica jornalística em geral, pela sua relação de inerência com o interesse público, não é aprioristicamente suscetível 
de censura. Isso porque é da essência das atividades de imprensa operar como formadora de opinião pública, lócus do 
pensamento crítico e necessário contraponto à versão oficial das coisas, conforme decisão majoritária do STF na ADPF 130. 
Decisão a que se pode agregar a ideia de que a locução ‘humor jornalístico’ enlaça pensamento crítico, informação e criação 
artística. (...). (STF ADI 4.451-MC - REF, rel. min. Ayres Britto, Plenário, DJ de 24-8-2012). 
EMENTA. (...). Não é proibindo, recolhendo obras ou impedindo sua circulação, calando-se a palavra e amordaçando a história 
que se consegue cumprir a Constituição. (...). A norma infraconstitucional não pode amesquinhar preceitos constitucionais, 
impondo restrições ao exercício de liberdades”. (...). O que não me parece constitucionalmente admissível é o esquartejamento 
das liberdades de todos pela censura de uns, especialmente no caso de obras biográficas que dizem respeito não apenas ao 
biografado, mas que diz respeito a toda coletividade pela sua natureza de referenciabilidade do que precisa ser aproveitado. 
(...). (STF ADI 4815, Min. Rel. Cármem Lúcia, DJ 10/06/2015). 
EMENTA. Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais 
em razão de conteúdo que viole valores constitucionais. Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, deu 
provimento a recurso extraordinário em que se discutia a constitucionalidade de proibição, contida em edital de concurso 
público, de ingresso em cargo, emprego ou função pública para candidatos que possuam tatuagem. No caso, o recorrente fora 
excluído de concurso público para provimento de cargo de soldado da polícia militar por possuir tatuagem em sua perna 
esquerda. (...) A opção pela tatuagem relacionar-se-ia, diretamente, com as liberdades de manifestação do pensamento e de 
expressão (CF, art. 5º, IV e IX). Na espécie, estaria evidenciada a ausência de razoabilidade da restrição dirigida ao candidato 
de uma função pública pelo simples fato de possuir tatuagem, já que seria medida flagrantemente discriminatória e carente 
de qualquer justificativa racional que a amparasse. Assim, o fato de uma pessoa possuir tatuagens, visíveis ou não, não poderia 
ser tratado pelo Estado como parâmetro discriminatório quando do deferimento de participação em concursos de provas e 
títulos para ingresso em carreira pública. Entretanto, tatuagens que representassem obscenidades, ideologias terroristas, 
discriminatórias, que pregassem a violência e a criminalidade, discriminação de raça, credo, sexo ou origem, temas 
inegavelmente contrários às instituições democráticas, poderiam obstaculizar o acesso a função pública. Eventual restrição 
nesse sentido não se afiguraria desarrazoada ou desproporcional. Essa hipótese, porém, não seria a do recorrente que teria 
uma tatuagem tribal, medindo 14 por 13 cm. (STF RE 898.450, rel. min. Luiz Fux, j. 17.08.2016). 
EMENTA. Ação direta de inconstitucionalidade. Expressão “em horário diverso do autorizado”, contida no art. 254 da Lei 
8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Classificação indicativa. Expressão que tipifica como infração administrativa 
a transmissão, via rádio ou televisão, de programação em horário diverso do autorizado, com pena de multa e suspensão da 
programação da emissora por até dois dias, no caso de reincidência. Ofensa aos arts. 5º, inciso IX; 21, inciso XVI; e 220, caput 
e parágrafos, da Constituição Federal. Inconstitucionalidade. 1. A própria Constituição da República delineou as regras de 
sopesamento entre os valores da liberdade de expressão dos meios de comunicação e da proteção da criança e do adolescente. 
Apesar da garantia constitucional da liberdade de expressão, livre de censura ou licença, a própria Carta de 1988 conferiu à 
União, com exclusividade, no art. 21, inciso XVI, o desempenho da atividade material de “exercer a classificação, para efeito 
indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão”. A Constituição Federal estabeleceu mecanismo apto a 
oferecer aos telespectadores das diversões públicas e de programas de rádio e televisão as indicações, as informações e as 
recomendações necessárias acerca do conteúdo veiculado. É o sistema de classificação indicativa esse ponto de equilíbrio 
tênue, e ao mesmo tempo tenso, adotado pela Carta da República para compatibilizar esses dois axiomas, velando pela 
integridade das crianças e dos adolescentes sem deixar de lado a preocupação com a garantia da liberdade de expressão. 2. A 
classificação dos produtos audiovisuais busca esclarecer, informar, indicar aos pais a existência de conteúdo inadequado para 
as crianças e os adolescentes. O exercício da liberdade de programação pelas emissoras impede que a exibição de determinado 
espetáculo dependa de ação estatal prévia. A submissão ao Ministério da Justiça ocorre, exclusivamente,para que a União 
exerça sua competência administrativa prevista no inciso XVI do art. 21 da Constituição, qual seja, classificar, para efeito 
indicativo, as diversões públicas e os programas de rádio e televisão, o que não se confunde com autorização. Entretanto, essa 
atividade não pode ser confundida com um ato de licença, nem confere poder à União para determinar que a exibição da 
programação somente se dê nos horários determinados pelo Ministério da Justiça, de forma a caracterizar uma imposição, e 
não uma recomendação. Não há horário autorizado, mas horário recomendado. Esse caráter autorizativo, vinculativo e 
compulsório conferido pela norma questionada ao sistema de classificação, data vênia, não se harmoniza com os arts. 5º, IX; 
21, inciso XVI; e 220, § 3º, I, da Constituição da República. 3. Permanece o dever das emissoras de rádio e de televisão de exibir 
ao público o aviso de classificação etária, antes e no decorrer da veiculação do conteúdo, regra essa prevista no parágrafo 
único do art. 76 do ECA, sendo seu descumprimento tipificado como infração administrativa pelo art. 254, ora questionado 
(não sendo essa parte objeto de impugnação). (...). 5. Ação direta julgada procedente, com a declaração de 
inconstitucionalidade da expressão “em horário diverso do autorizado” contida no art. 254 da Lei 8.069/90. (STF ADI 2.404/DF, 
Relator(a): Min. Dias Toffoli, Julgamento: 31/08/2016, Plenário). 
EMENTA: (...). Os dispositivos impugnados da “Lei das Eleições” estabeleceram ser vedado às emissoras de rádio e televisão, 
em sua programação normal e noticiário, a partir de 1º de julho do ano da eleição: a) “usar trucagem, montagem ou outro 
recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação, ou produzir ou 
veicular programa com esse efeito” (inciso II) e b) “difundir opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, a 
seus órgãos ou representantes” (segunda parte do inciso III). Os §§ 4º e 5º explicam o que se entende, respectivamente, por 
trucagem e por montagem.(...) Historicamente, a liberdade de discussão, a ampla participação política e o princípio 
democrático sempre estiveram interligados com a liberdade de expressão. Todos têm por objeto a proteção de pensamentos, 
ideias, opiniões, crenças, realização de juízo de valor e críticas a agentes públicos, com vistas a garantir a real participação dos 
cidadãos na vida coletiva. A Constituição protege a liberdade de expressão no seu duplo aspecto: positivo e negativo. O positivo 
é a livre possibilidade de manifestação de qualquer pessoa e permite a responsabilização nos termos constitucionais. É a 
liberdade com responsabilidade. O negativo proíbe a ilegítima intervenção do Estado por meio de censura prévia. Não existe 
permissivo constitucional para limitar preventivamente o conteúdo do debate público em razão de conjectura sobre o efeito 
que alguns conteúdos possam vir a ter junto ao público. O exercício do direito à liberdade de expressão não pode ser cerceado 
pelo Estado ou por particular. O traço marcante da censura prévia, com seu caráter preventivo e abstrato, está presente em 
ambas as normas questionadas. São inconstitucionais porque consistem na restrição, subordinação e forçosa adequação 
programática da liberdade de expressão a mandamentos normativos cerceadores durante o período eleitoral, pretendendo 
diminuir a liberdade de opinião e de criação artística e a livre multiplicidade de ideias, com a nítida finalidade de controlar ou 
mesmo aniquilar a força do pensamento crítico, indispensável ao regime democrático. Deste modo, está configurado a 
ilegítima interferência estatal no direito individual de criticar. (...). (STF ADI 4.451, Rel. Min. Alexandre de Morais, J. 
21/06/2018). 
 
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA 
 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, 
na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias; 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação 
coletiva; 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as 
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
A Constituição de 1824, em seu art. 179, V, já assegurava os direitos religiosos, desde que respeitasse a do Estado, nos seguintes 
termos: 
“Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brasileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, 
e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte. 
V. Ninguém pode ser perseguido por motivo de Religião, uma vez que respeite a do Estado, e não ofenda a Moral Publica”. 
 
A partir da Constituição Federal de 1891, estabeleceu-se o Estado Laico ou Leigo, que não adota qualquer religião como oficial. 
Como ensina José Afonso da Silva, “na liberdade de crença entra a liberdade de escolha de religião, a liberdade de aderir à 
qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de mudar de religião, mas também compreende a liberdade de não aderir à 
religião alguma, assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnosticismo”. 
Bom lembrar que o livre exercício dos cultos é assegurado enquanto não forem contrários à ordem, tranquilidade e sossego 
públicos, bem como compatíveis aos bons costumes. E a liberdade religiosa não é absoluta, uma vez que não será permitido a 
qualquer religião ou culto atos atentatórios à lei, sob pena de responsabilidade civil e criminal. 
O Supremo Tribunal Federal julgou improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4439, na qual a Procuradoria-Geral 
da República questionava o modelo de ensino religioso nas escolas da rede pública de ensino do país. Por maioria dos votos, 
os ministros entenderam que o ensino religioso nas escolas públicas brasileiras pode ter natureza confessional, ou seja, 
vinculado às diversas religiões. 
Vale frisar também sobre o PREÂMBULO, que reza: 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado 
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, 
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem 
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica 
das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO 
BRASIL. 
Segundo posicionamento jurisprudencial, o Preâmbulo não constitui norma central, não se trata de norma de reprodução 
obrigatória na Constituição do Estado, já que não tem força normativa, entretanto faz parte da estrutura da Constituição 
Federal. 
Sobre as entidades de internação coletiva, mencionadas no inciso VI, são exemplos: hospitais, asilos (públicos e privados), presídios 
e quartéis são locais de internação coletiva. 
A escusa de consciência e de crença, aplica-se às obrigações legais de forma genérica e não somente ao serviço militar 
obrigatório, embora esse seja o exemplo mais indicado pelos doutrinadores quando enfocam o assunto. 
O art. 143 da Constituição Federal, prescreve: 
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. 
§ 1º às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem 
imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se 
eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. 
 
O serviço alternativo no caso de descumprimento do serviço militar obrigatório por imperativo de consciência é estabelecido 
pela Lei 8.239/91. 
Caso nãoseja cumprida a prestação alternativa, ocorrerá a privação dos direitos políticos, nos termos do art. 15, IV, da CF/88: 
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: 
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; 
 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. CONSTITUCIONAL. CONSTITUIÇÃO: PREÂMBULO. NORMAS CENTRAIS. Constituição do Acre. I. Normas centrais da 
Constituição Federal: essas normas são de reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro, mesmo porque, 
reproduzidas, ou não, incidirão sobre a ordem local. Reclamações 370-MT e 383-SP (RTJ 147/404). II. Preâmbulo da 
Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória 
na Constituição estadual, não tendo força normativa. III. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. (ADI 
2.076/AC. Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 08.08.2003). 
 
INVIOLABILIDADES 
 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo 
dano material ou moral decorrente de sua violação; 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso 
de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, 
salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal 
ou instrução processual penal; 
Princípio da exclusividade. A intimidade, como exigência moral da personalidade para que em determinadas situações seja o 
indivíduo deixado em paz, constituindo um direito de controlar a indiscrição alheia nos assuntos privados que só a ele interessa, 
tem como um de seus fundamentos o princípio da exclusividade, formulado por Hannah Arendt com base em Kant. 
Os conceitos de intimidade e vida privada são interligados, mas podem ser diferenciados. A intimidade da pessoa diz respeito 
às relações subjetivas e de trato íntimo, relações familiares e de amizade e a vida privada refere-se a todos os relacionamentos 
da pessoa, inclusive os objetivos, tais como os comerciais, de trabalho, de estudo, etc. 
O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de que entidade de classe não tem legitimidade para promover 
interpelação judicial em defesa da honra de seus associados, por se tratar de um direito personalíssimo de quem, 
concretamente, se viu atingido pelas afirmações tidas por ofensivas (PET nº 1.249/DF-AgR, Pleno, Relator o Ministro Celso de 
Mello, DJ de 9/4/99). 
A expressão casa tem um alcance muito amplo, não sendo limitada pelos conceitos de direito privado, como já pacificou o STF, 
considerando casa todo local delimitado e separado que alguém utiliza com exclusividade, mesmo que para fins profissionais, 
não importando a relação jurídica de seus habitantes com aquele prédio ou terreno. O Código Penal Brasileiro conceitua “casa” 
em seu artigo 150. 
Para José Afonso da Silva dia é o período das 6:00h às 18:00h e para Celso de Mello deve ser levado em conta o critério físico-
astronômico, como o intervalo de tempo situado entre a aurora e o crepúsculo. 
Vê-se que não houve previsão de quebra do sigilo das correspondências e nem de dados (bancários, fiscais ou telefônicos) 
mediante lei, haja vista que a exceção constitucional expressa refere-se somente à interceptação telefônica, entretanto 
entende-se que nenhuma liberdade individual é absoluta, sendo possível, respeitados alguns parâmetros, a interceptação das 
correspondências e comunicações telegráficas e de dados sempre que as liberdades públicas estiverem sendo utilizadas como 
instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas. 
O preceito que garante o sigilo de dados engloba o uso de informações decorrentes da informática e a quebra do sigilo dos 
dados telefônicos consiste na apreensão do histórico de conta telefônica (extrato telefônico), dentre outros. Além do Poder 
Judiciário, o Supremo Tribunal Federal admite que a Comissão Parlamentar de Inquérito, diretamente, determine a quebra do 
sigilo dos dados. 
O Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 6º da Lei Complementar 105/2001, no Recurso 
Extraordinário 601314, para reconhecer o direito de a Receita Federal obter a transferência do sigilo dos dados bancários. 
Há quebra do sigilo telefônico quando a captação for realizada por um terceiro de uma comunicação telefônica alheia, sem o 
conhecimento dos comunicadores, por decisão judicial (cláusula de reserva jurisdicional), na forma da Lei 9.296/96 e para fins 
criminais. Referida interceptação difere da Escuta telefônica, que é a captação realizada por um terceiro de uma comunicação 
telefônica alheia, mas com o conhecimento de um dos comunicadores e da gravação telefônica, que ocorre entre dois 
interlocutores, onde um deles capta a conversa sem o conhecimento do outro e sem intervenção de terceiro. A gravação 
telefônica, em regra, é lícita, segundo jurisprudência da Corte Suprema. 
Dispositivos correspondentes: arts. 136, I, “b” e “c” e 139, III, da CF. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
SÚMULA 227, STJ. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
EMENTA. (...) Busca e apreensão em aposentos ocupados de habitação coletiva (como quartos de hotel) - subsunção desse 
espaço privado, desde que ocupado, ao conceito de “casa” - consequente necessidade, em tal hipótese, de mandado judicial, 
ressalvadas as exceções previstas no próprio texto constitucional. - para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5º, 
XI, da constituição da república, o conceito normativo de “casa” revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer aposento 
de habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, § 4º, II), compreende, observada essa específica limitação espacial, os 
quartos de hotel. (...). (STF RHC 90.376/RJ, Rel. Min. Celso de Mello. DJ 18.05.2007). 
EMENTA. (...). Cuidando-se de crime de natureza permanente, a prisão do traficante, em sua residência, durante o período 
noturno, não constitui prova ilícita. (STF HC 84.772, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 19-10-2004, Segunda Turma, DJ de 
12-11-2004.) No mesmo sentido: HC 70.909, Rel. Min. Paulo Brossard, julgamento em 11-10-1994, Plenário, DJ de 25-11-1994. 
EMENTA. (…).7. PROVA. Criminal. Escuta ambiental. Captação e interceptação de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos. 
Meio probatório legalmente admitido. Fatos que configurariam crimes praticados por quadrilha ou bando ou organização 
criminosa. Autorização judicial circunstanciada. Previsão normativa expressa do procedimento. Preliminar repelida. 
Inteligência dos arts. 1º e 2º, IV, da Lei 9.034/95, com a redação da Lei 10.217/95. Para fins de persecução criminal de ilícitos 
praticados por quadrilha, bando, organização ou associação criminosa de qualquer tipo, são permitidos a captação e a 
interceptação de sinais eletromagnéticos, óticos e acústicos, bem como seu registro e análise, mediante circunstanciada 
autorização judicial. 8. PROVA. Criminal. Escuta ambiental e exploração de local. Captação de sinais óticos e acústicos. Escritório 
de advocacia. Ingresso da autoridade policial, no período noturno, para instalação de equipamento. Medidas autorizadas por 
decisão judicial. Invasão de domicílio. Não caracterização. Suspeita grave da prática de crime por advogado, no escritório, sob 
pretexto de exercício da profissão. Situação não acobertada pela inviolabilidade constitucional. Inteligência do art. 5º, X e XI, 
da CF, art. 150, § 4º, III, do CP, e art. 7º, II, da Lei 8.906/94. Preliminar rejeitada. Votos vencidos. Não opera a inviolabilidade 
do escritório de advocacia, quando o próprio advogado seja suspeito da prática de crime, sobretudo concebido e consumadono âmbito desse local de trabalho, sob pretexto de exercício da profissão. (…). (STF - Inq: 2424 RJ, Relator: Min. CEZAR PELUSO, 
Data de Julgamento: 26/11/2008, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-055 DIVULG 25-03-2010 PUBLIC 26-03-2010). 
EMENTA. (...) A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada 
em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante 
delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados. 
(...) (STF RE 603616, Rel. Min. Gilmar Ferreira Mendes, J. 05.11.2015). 
EMENTA. (...) A administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de 
preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, proceder à interceptação da correspondência remetida pelos 
sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda 
de práticas ilícitas (...). (STF HC 70.814/SP). 
EMENTA. (...) O Tribunal já firmou entendimento de que as Comissões Parlamentares de Inquérito são dotadas de poder 
investigatório, ficando assentado que devem elas, a partir de meros indícios, demonstrar a existência concreta de causa 
provável que legitime a quebra do sigilo. (...) Causa provável ensejadora da quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico. 
Segurança denegada. (STF MS 24217/DF, rel Min Maurício Corrêa, 18/10/2002). 
EMENTA. Mandado de Segurança. Tribunal de Contas da União. Banco Central do Brasil. Operações financeiras. Sigilo. 1. A Lei 
Complementar 105, de 10/1/01, não conferiu ao Tribunal de Contas da União poderes para determinar a quebra do sigilo 
bancário de dados constantes do Banco Central do Brasil. O legislador conferiu esses poderes ao Poder Judiciário (art. 3º), ao 
Poder Legislativo Federal (art. 4º), bem como às Comissões Parlamentares de Inquérito, após prévia aprovação do pedido pelo 
Plenário da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do plenário de suas respectivas comissões parlamentares de 
inquérito (§§ 1º e 2º do art. 4º). (...). (STF MS 22.801/DF. Rel. Min Menezes Direito. DJ 13.03.2008). 
EMENTA. (...) SÉTIMA PRELIMINAR. DADOS DE EMPRÉSTIMO FORNECIDOS PELO BANCO CENTRAL. PEDIDO DIRETO DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA. REQUISIÇÃO FEITA PELA CPMI DOS CORREIOS. POSTERIOR AUTORIZAÇÃO DE 
COMPARTILHAMENTO COM O MINISTÉRIO PÚBLICO PARA INSTRUÇÃO DO INQUÉRITO. LEGALIDADE. (...). (STF Inq. 2.245/MG. 
Rel. Min. Joaquim, Barbosa, DJ 09.11.2007). 
EMENTA. Prova emprestada. Penal. Interceptação telefônica. Escuta ambiental. Autorização judicial e produção para fim de 
investigação criminal. Suspeita de delitos cometidos por autoridades e agentes públicos. Dados obtidos em inquérito policial. 
Uso em procedimento administrativo disciplinar, contra outros servidores, cujos eventuais ilícitos administrativos teriam 
despontado à colheita dessa prova. Admissibilidade. Resposta afirmativa a questão de ordem. Inteligência do art. 5º, XII, da CF 
e do art. 1º da Lei Federal 9.296/1996. (...) Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas 
ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, 
podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais 
foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova. (STF Inq 2.424 
QO. Rel. Min Cezar Peluso. DJ 24.08.2007). 
EMENTA. (....) O presente caso versa sobre a gravação de conversa telefônica por um interlocutor sem o conhecimento de 
outro, isto é, a denominada “gravação telefônica” ou “gravação clandestina”. Entendimento do STF no sentido da licitude da 
prova, desde que não haja causa legal específica de sigilo nem reserva de conversação. Repercussão geral da matéria (RE 
583.397/RJ). 3. Ordem denegada. (STF HC 91613, Relator Min. GILMAR MENDES, 2ª T, DJ 17-09-2012). 
EMENTA. (...). O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação 
aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do 
dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. (...). (STF RE 601314, Rel. Min. Edson Fachin, Plenário, Julgamento em 
24.02.2016). 
EMENTA: PROCESSUAL PENAL E PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. TRÁFICO DE 
DROGAS. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. EXCESSO DE PRAZO. ALVARÁ DE SOLTURA. WRIT PREJUDICADO. NEGATIVA DE 
AUTORIA. REVOLVIMENTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. PROVA ILÍCITA. NULIDADE. AUSÊNCIA DE 
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA ACESSO DE DADOS DE APLICATIVO CELULAR WHATSAPP. CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
EVIDENCIADO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A questão referente à alegação de excesso de prazo encontra-se 
superada diante da expedição de alvará de soltura em favor do paciente. 2. A via estreita do habeas corpus, ação 
constitucional de rito célere e cognição sumária, não comporta discussão de negativa de autoria, por demandar o revolvimento 
fático-probatório, devendo a coação ser manifestamente ilegal. 3. Ilícita é a devassa de dados, bem como das conversas de 
whatsapp, obtidas diretamente pela polícia em celular apreendido no flagrante, sem prévia autorização judicial. 4. Recurso 
em habeas corpus parcialmente provido para declarar a nulidade das provas obtidas no celular do paciente sem autorização 
judicial, cujo produto deve ser desentranhado dos autos. (STJ RHC 76.510/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª Turma, Dje 
17.04.2017). 
LIBERDADE DE REUNIÃO 
 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, 
desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à 
autoridade competente; 
O direito a reunião é uma manifestação coletiva da liberdade de expressão, tendo como requisitos: pluralidade de 
participantes, temporariedade, finalidade pacífica, ausência de armas, lugares abertos ao público e comunicação prévia. 
Haverá restrição ao direito de reunião na hipótese de decretação do estado de defesa e suspensão no caso de decretação do 
estado de sítio (art. 136, § 1º, I, “a” e art. 139, IV, da CF). São limitações circunstanciais. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
 
EMENTA. “Marcha da Maconha”. Manifestação legítima, por cidadãos da república, de duas liberdades individuais revestidas 
de caráter fundamental: o direito de reunião (liberdade-meio) e o direito à livre expressão do pensamento (liberdade-fim). A 
liberdade de reunião como pré-condição necessária à ativa participação dos cidadãos no processo político e no de tomada de 
decisões no âmbito do aparelho de Estado. Consequente legitimidade, sob perspectiva estritamente constitucional, de 
assembleias, reuniões, marchas, passeatas ou encontros coletivos realizados em espaços públicos (ou privados) com o objetivo 
de obter apoio para oferecimento de projetos de lei, de iniciativa popular, de criticar modelos normativos em vigor, de exercer 
o direito de petição e de promover atos de proselitismo em favor das posições sustentadas pelos manifestantes e participantes 
de reunião. Estrutura constitucional do direito fundamental de reunião pacífica e oponibilidade de seu exercício ao poder 
público e aos seus agentes. Vinculação de caráter instrumental entre a liberdade de reunião e a liberdade de manifestação do 
pensamento. Dois importantes precedentes do STF sobre a íntima correlação entre referidas liberdades fundamentais: HC 
4.781/BA, rel. min. Edmundo Lins, e ADI 1.969/DF, rel. min. Ricardo Lewandowski. A liberdade de expressão como um dos mais 
preciosos privilégios dos cidadãos em uma república fundada em bases democráticas. O direitoà livre manifestação do 
pensamento: núcleo de que se irradiam os direitos de crítica, de protesto, de discordância e de livre circulação de ideias. 
Abolição penal (abolitio criminis) de determinadas condutas puníveis. Debate que não se confunde com incitação à prática de 
delito nem se identifica com apologia de fato criminoso. Discussão que deve ser realizada de forma racional, com respeito 
entre interlocutores e sem possibilidade legítima de repressão estatal, ainda que as ideias propostas possam ser consideradas, 
pela maioria, estranhas, insuportáveis, extravagantes, audaciosas ou inaceitáveis. O sentido de alteridade do direito à livre 
expressão e o respeito às ideias que conflitem com o pensamento e os valores dominantes no meio social. Caráter não absoluto 
de referida liberdade fundamental (CF, art. 5º, IV, V e X; Convenção Americana de Direitos Humanos, art. 13, § 5º.) (STF ADPF 
187, rel. min. Celso de Mello, j 15.06.2011, Plenário, DJ 29.05.2014) 
LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO 
 
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a 
interferência estatal em seu funcionamento; 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, 
exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; 
O direito de associação só alcança as associações criadas para fins lícitos, com ou sem personalidade jurídica. O caráter 
paramilitar é verificado quando a associação destina-se ao treinamento do uso de material bélico, com as seguintes 
características: organização hierárquica e respeito ao princípio da obediência. 
As associações aqui referidas devem ser entendidas em sentido amplo, incluindo os partidos políticos e as associações sindicais 
(art. 8º, I), as quais devem ser criadas na forma da lei, sem necessidade de autorização do poder público, nem possibilidade de 
interferência deste em seu funcionamento, considerando que a interferência arbitrária do poder público no exercício desse 
direito pode acarretar responsabilidade penal, político-administrativa e civil. 
Importante diferenciar os institutos, pois a associação não tem fins lucrativos, o patrimônio é constituído pela contribuição 
dos membros para alcançar fins educacionais, religiosos, culturais etc. Já a cooperativa, sociedade ou empresa constituída por 
membro de determinado grupo econômico ou social, objetiva desempenhar, em beneficio comum, determinada atividade 
econômica. 
Fica subentendido que qualquer ato normativo editado pelo poder Executivo ou pelo poder Legislativo, no sentido de 
dissolução compulsória, será inconstitucional, uma vez que a Lei Maior limita a atuação ao Poder Judiciário (cláusula de reserva 
do Poder Judiciário), autorizando-o à dissolução somente quando a finalidade buscada pela associação for ilícita, valendo 
ressaltar que no caso da medida mais drástica, ou seja, no caso da dissolução, a decisão judicial exige o trânsito em julgado. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Com efeito, a liberdade de associação não se confunde com o direito de reunião, possuindo, em relação a este, 
plena autonomia jurídica (...). Diria, até, que, sob a égide da vigente Carta Política, intensificou-se o grau de proteção jurídica 
em torno da liberdade de associação, na medida em que, ao contrário do que dispunha a Carta anterior, nem mesmo durante 
a vigência do estado de sítio se torna lícito suspender o exercício concreto dessa prerrogativa. (...) Revela-se importante 
assinalar, neste ponto, que a liberdade de associação tem uma dimensão positiva, pois assegura a qualquer pessoa (física ou 
jurídica) o direito de associar-se e de formar associações. Também possui uma dimensão negativa, pois garante, a qualquer 
pessoa, o direito de não se associar, nem de ser compelida a filiar-se ou a desfiliar-se de determinada entidade. Essa importante 
prerrogativa constitucional também possui função inibitória, projetando-se sobre o próprio Estado, na medida em que se veda, 
claramente, ao Poder Público, a possibilidade de interferir na intimidade das associações e, até mesmo, de dissolvê-las, 
compulsoriamente, a não ser mediante regular processo judicial. (STF ADI 3.045, de 1º/6/2007). 
EMENTA. (...). Cabe enfatizar, neste ponto, que as normas inscritas no art. 5º, incisos XVII a XXI da atual Constituição Federal 
protegem as associações, inclusive as sociedades, da atuação eventualmente arbitrária do legislador e do administrador, eis 
que somente o Poder Judiciário, por meio de processo regular, poderá decretar a suspensão ou a dissolução compulsória das 
associações. Mesmo a atuação judicial encontra uma limitação constitucional: apenas as associações que persigam fins ilícitos 
poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou suspensas. Atos emanados do Executivo ou do Legislativo, que provoquem a 
compulsória suspensão ou dissolução de associações, mesmo as que possuam fins ilícitos, serão inconstitucionais. (STF ADI 
3.045, 1º/6/07). 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; 
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial 
ou extrajudicialmente; 
Aqui consta a grande diferença entre associações e sindicatos, pois a estes cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos e 
individuais da categoria (art. 8º, III), enquanto que aquelas possuem finalidades sociológicas. 
O dispositivo diz respeito à representação processual, que por sua vez difere da substituição processual (legitimidade ativa 
extraordinária). Aquela ocorre numa situação onde o representante atua em nome do representado, caso em que se faz 
necessário à autorização. A substituição processual o legitimado atua em seu nome próprio para defesa de direito alheio, não 
sendo necessária autorização. 
Vale dizer que no caso de impetração de mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXX), a associação prescinde de autorização, 
uma vez que atua como substituto processual. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). A representação prevista no inciso XXI do art. 5º da Constituição Federal surge regular quando autorizada a 
entidade associativa a agir judicial ou extrajudicialmente mediante deliberação em assembleia. Descabe exigir instrumentos 
de mandatos subscritos pelos associados. (...). (STF RE 192.305, 21/5/01). 
SÚMULA 629, STF. A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe 
da autorização destes. 
 
DIREITO DE PROPRIEDADE 
 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a função social; 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, 
mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvada os casos previstos nesta Constituição; 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 
O direito de propriedade é garantia individual e relativa, considerando que deve respeitar o conceito de função social que 
consta nos artigos 182, § 2º (propriedade urbana) e 186 (propriedade rural), da CF/88, senão vejamos: 
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, 
tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. 
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas 
no plano diretor. 
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência 
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservaçãodo meio ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
Caso a propriedade não cumpra a função social, dará ensejo a desapropriação, que, nos casos previstos nos dispositivos que 
seguem, não será indenizada em dinheiro. Na última hipótese, não haverá indenização, pois trata-se de expropriação, 
desapropriação confiscatória. 
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, 
tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. 
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei 
federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob 
pena, sucessivamente, de: 
I - parcelamento ou edificação compulsórios; 
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; 
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com 
prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. 
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo 
sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, 
resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. 
§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. 
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas 
ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação 
popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o 
disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional 81, de 2014). 
No inciso LIV, destaca-se o Princípio do Devido Processo Legal (due process of law), que decorre do princípio da Presunção da 
Inocência e tem como corolários a ampla defesa e o contraditório, quer dizer que deve ser dado ao indivíduo paridade de 
condições em face do Estado, quando este restringir a liberdade ou o direito aos bens constitucionais tutelados, além do 
conceito material de proteção ao direito de liberdade do indivíduo. 
O Supremo Tribunal Federal já declarou que o princípio da proporcionalidade e da razoabilidade tem nesse princípio sua sede 
material (devido processo legal em sentido substantivo). 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). A expropriação de glebas a que se refere o art. 243 da CF há de abranger toda a propriedade e não apenas a área efetivamente 
cultivada (...). (STF RE 543.974/MG, 26.3.2009). 
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao 
proprietário indenização ulterior, se houver dano; 
Trata-se de Requisição Administrativa, desapropriação por necessidade ou utilidade pública. 
A indenização é posterior porque deverá ser paga somente se houver dano, o qual será devido até na hipótese do art. 139, 
VII, da CF/88, ou seja, durante o Estado de Sítio. 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora 
para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu 
desenvolvimento; 
Frise-se que o benefício da impenhorabilidade aqui concedida diz respeito exclusivamente aos débitos decorrentes da própria 
propriedade produtiva, devendo dita pequena propriedade rural ser trabalhada pela família, requisito este essencial para o 
reconhecimento do instituto. 
A título de informação, o Estatuto da Terra, Lei 4.504/64, tenta definir “propriedade familiar” e usa como referência de área, 
o módulo rural. 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos 
herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas 
atividades desportivas; 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos 
intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; 
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às 
criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o 
interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; 
Propriedade intelectual, que compreende os direitos autorais, também conhecidos como direito de cópia (copyright) e os 
direitos à propriedade industrial, marcas e patentes, descritos no inciso XXIX, do presente artigo. 
Registre-se que a lei dos direitos autorais é a Lei 9.610/98. 
O texto contém três garantias: a das participações individuais em obras coletivas, que são as produzidas em colaboração por 
diversos autores, a das reproduções da imagem e voz humanas e a de fiscalização do aproveitamento econômico das obras. 
São asseguradas duas garantias: privilégio temporário de utilização aos autores de inventos e a proteção às criações industriais, 
à propriedade das marcas, nomes de empresas e outros signos distintivos. 
O autor de inventos é aquele que fez uma descoberta ou criou coisa nova, industrializável, que produz resultado no mercado. 
A Lei 9.279/96 dispõe sobre essa matéria e prevê o direito de obter a patente. Essa mesma lei protege à marca registrada no 
Brasil, bem como a marca notoriamente conhecida, independentemente de estar ou não registrada no Brasil, conhecidas por 
marcas notórias. 
 
DIREITO DE INFORMAÇÃO 
 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou 
geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível 
à segurança da sociedade e do Estado; 
É garantia de natureza administrativa, que decorre do princípio da publicidade dos atos da Administração Pública. Porém essa 
garantia não é absoluta, já que o Poder Público pode recusar-se a fornecer a informação quando esta for imprescindível à 
segurança do Estado e da sociedade, nos termos da Lei 12.527/2011. Ressalte-se, ainda a criação da comissão da verdade, 
instituída pela Lei 12.528/2011. 
Importante dizer que quando houver negativa administrativa sobre informações pessoais a ação constitucional cabível poderá 
ser o habeas data, mas quando o direito denegado for informações de interesse coletivo ou geral, a ação constitucional cabível 
a espécie será o mandado de segurança (art. 5º, LXIX e LXXII). 
Dispositivo correspondente: art. 5º, XIV, da CF/88. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
SÚMULA VINCULANTE 14. É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, 
já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito 
ao exercício do direito de defesa. 
EMENTA. O Verbete 14 da Súmula Vinculante do Supremo não alcança sindicância administrativa objetivando elucidar fatos 
sob o ângulo do cometimento de infração administrativa. (STF Rcl. 10.771 AgR, rel. min. Marco Aurélio, J. 04.02.2014, 1ª Turma, 
DJ 18.02.2014). 
EMENTA. (...). Direito à informação de atos estatais,neles embutida a folha de pagamento de órgãos e entidades públicas. (...) 
Caso em que a situação específica dos servidores públicos é regida pela 1ª parte do inciso XXXIII do art. 5º da Constituição. Sua 
remuneração bruta, cargos e funções por eles titularizados, órgãos de sua formal lotação, tudo é constitutivo de informação 
de interesse coletivo ou geral. Expondo-se, portanto, a divulgação oficial. Sem que a intimidade deles, vida privada e segurança 
pessoal e familiar se encaixem nas exceções de que trata a parte derradeira do mesmo dispositivo constitucional (inciso XXXIII 
do art. 5º), pois o fato é que não estão em jogo nem a segurança do Estado nem do conjunto da sociedade. Não cabe, no caso, 
falar de intimidade ou de vida privada, pois os dados objeto da divulgação em causa dizem respeito a agentes públicos 
enquanto agentes públicos mesmos; ou, na linguagem da própria Constituição, agentes estatais agindo ‘nessa qualidade’ (§ 6º 
do art. 37). E quanto à segurança física ou corporal dos servidores, seja pessoal, seja familiarmente, claro que ela resultará um 
tanto ou quanto fragilizada com a divulgação nominalizada dos dados em debate, mas é um tipo de risco pessoal e familiar que 
se atenua com a proibição de se revelar o endereço residencial, o CPF e a CI de cada servidor. No mais, é o preço que se paga 
pela opção por uma carreira pública no seio de um Estado republicano. (...) A negativa de prevalência do princípio da 
publicidade administrativa implicaria, no caso, inadmissível situação de grave lesão à ordem pública. (...). (STF SS 3.902-AgR - 
segundo, Rel. Min. Ayres Britto, Plenário, DJ de 3-10-2011). 
 
DIREITO DE PETIÇÃO E DE CERTIDÃO 
 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situação de interesse 
pessoal; 
O direito de petição tem sua origem na Carta Magna de 1215, no right of petition, na Inglaterra, firmando-se no Bill of Rights 
de 1689, mas se fortaleceu na Constituição Francesa de 1791. 
Garantia de índole administrativa que não se confunde com o direito de ação, por isso não tem o peticionário de demonstrar 
lesão ou ameaça de lesão a interesse, pessoal ou particular. Visa defender direito, noticiar ilegalidade ou abuso de autoridade, 
constituindo uma prerrogativa democrática, de caráter essencialmente informal (apesar da forma escrita), 
independentemente do pagamento de taxas e está desvinculado da comprovação da existência de qualquer lesão a interesses 
próprios do solicitante. 
O direito de certidão é consagrado como garantia constitucional de natureza individual, exercido na seara administrativa. Tem 
como objetivo o esclarecimento de situações pretéritas pessoais, onde o Estado se obriga a prestá-lo sob pena de 
responsabilidade política, civil e criminal, ressalvados as hipóteses constitucionais de sigilo. 
Negado o direito, caberá mandado de segurança (art. 5º, LXIX). 
Ressalte-se que a Constituição Federal assegura a gratuidade aos reconhecidamente pobres, na forma da lei, do registro civil 
de nascimento e da certidão de óbito, nos termos do inciso LXXVI, que reza: “são gratuitos para os reconhecidamente pobres, 
na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito”. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). O direito de petição, presente em todas as Constituições brasileiras, qualifica-se como importante prerrogativa 
de caráter democrático. Trata-se de instrumento jurídico-constitucional posto a disposição de qualquer interessado – mesmo 
daqueles destituídos de personalidade jurídica –, com a explícita finalidade de viabilizar a defesa, perante as instituições 
estatais, de direitos ou valores revestidos tanto de natureza pessoal quanto de significação coletiva. (STF ADI 1.247-MC, 
08/09/95) 
EMENTA. (...). O direito à certidão traduz prerrogativa jurídica, de extração constitucional, destinada a viabilizar, em favor do 
indivíduo ou de uma determinada coletividade (como a dos segurados do sistema de previdência social), a defesa (individual 
ou coletiva) de direitos ou o esclarecimento de situações. A injusta recusa estatal em fornecer certidões, não obstante 
presentes os pressupostos legitimadores dessa pretensão, autorizará a utilização de instrumentos processuais adequados, 
como o mandado de segurança ou a própria ação civil pública. (...). (STF RE 472.489 - AgR, 29/8/08). 
 
CRIMES INAFIANCÁVEIS, IMPRESCRITÍVEIS E INSUSCETÍVEIS DE GRAÇA E ANISTIA 
 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; 
A Lei 7.716/89 define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. 
 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. Escrever, editar, divulgar e comerciar livros ‘fazendo apologia de ideias preconceituosas e discriminatórias’ contra a 
comunidade judaica (Lei 7.716/89, art. 20, na redação dada pela Lei 8.081/90) constitui crime de racismo sujeito às cláusulas 
de inafiançabilidade e imprescritibilidade (CF, art. 5º, XLII). Aplicação do princípio da prescritibilidade geral dos crimes: se os 
judeus não são uma raça, segue-se que contra eles não pode haver discriminação capaz de ensejar a exceção constitucional de 
imprescritibilidade. Inconsistência da premissa. (...). (STF HC 82.424, 19/03/04). 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por ele respondendo os mandantes, os 
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
Conceituado graça, indulto e anistia, tem-se que é ato de clemência do poder executivo, extinguindo ou diminuindo a pena 
dada ao condenado (art. 84, XII). Chama-se graça se o perdão for individual e indulto se for coletivo. Já a anistia difere 
formalmente da graça e do indulto porque aquela é um perdão concedido por lei, portanto deve submeter-se ao congresso 
nacional (art. 48, VIII). 
A prática da tortura está definida na Lei 9.459/97. As normas que tratam do crime de tráfico ilícito de drogas constam na Lei 
11.343/2006 e sobre o terrorismo, aplica-se a Lei 13.260/2016. 
A definição de crimes hediondos consta no art. 1º da Lei 8.072/90. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (…). O art. 5º, XLIII, da Constituição, que proíbe a graça, gênero do qual o indulto é espécie, nos crimes hediondos 
definidos em lei, não conflita com o art. 84, XII, da Lei Maior. O decreto presidencial que concede o indulto configura ato de 
governo, caracterizado pela ampla discricionariedade. (…). (STF HC 90.364, 30-11-07). 
EMENTA. (...). A chamada Lei da Anistia veicula uma decisão política assumida naquele momento – o momento da transição 
conciliada de 1979. A Lei 6.683 é uma lei-medida, não uma regra para o futuro, dotada de abstração e generalidade. Há de ser 
interpretada a partir da realidade no momento em que foi conquistada. A Lei 6.683/1979 precede a Convenção das Nações 
Unidas contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes – adotada pela Assembleia Geral 
em 10-12-1984, vigorando desde 26-6-1987 – e a Lei 9.455, de 7-4-1997, que define o crime de tortura; e o preceito veiculado 
pelo art. 5º, XLIII, da Constituição – que declara insuscetíveis de graça e anistia a prática da tortura, entre outros crimes – não 
alcança, por impossibilidade lógica, anistias anteriormente a sua vigência consumadas. A Constituição não afeta leis-medida 
que a tenham precedido. (...). (STF ADPF 153, Rel. Min. Eros Grau, Plenário, DJ de 6-8-2010). 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático; 
Lei 12.850/2013, que define o crime de associação criminosa.PRINCÍPIOS APLICÁVEIS ÀS PENAS 
 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento 
de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio 
transferido; 
Princípio da pessoalidade da pena ou intransmissibilidade da pena ou personificação da pena ou responsabilidade pessoal. 
A pena não passará da pessoa do condenado, considerando que a morte é uma das hipóteses legais de extinção da punibilidade 
ou da execução da pena. Entretanto, no que tange a obrigação de reparar o dano e o perdimento de bens, as sanções de 
natureza patrimonial podem alcançar o patrimônio dos sucessores, mas somente até o limite do valor recebido pela herança 
do de cujus. 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda dos bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
Princípio da individualização da pena. 
O rol das penas ora descritas é exemplificativo ou enumerativo (numerus apertus), ou seja, o legislador infraconstitucional 
pode adotar outras penas além das que estão previstas no presente inciso, desde que não sejam as vedadas por esta 
constituição, as quais estão exaustivamente indicadas no inciso seguinte. 
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
Penas proibidas. 
Essa previsão é taxativa (numerus clausus), exaustiva. 
Ressalte-se que existe previsão infraconstitucional de aplicação de pena de morte para determinados crimes militares 
indicados no Código Militar (Decreto-Lei 1.001/69). 
Sobre o banimento ou desterro, vale dizer que é a retirada de um nacional de seu país, em virtude da prática de determinado 
fato no território nacional, entendendo-se como nacional o brasileiro nato e o naturalizado. 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do 
apenado; 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
L - às presidiárias serão asseguradas às condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de 
amamentação; 
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; 
O inciso XLIX é colorário da regra prevista no inciso III, do art. 5º, que diz: “ninguém será submetido à tortura ou tratamento 
desumano ou degradante”. 
 
 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
SÚMULA VINCULANTE 11. Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à 
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de 
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se 
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 
EMENTA. Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos 
de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a 
obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou 
insuficiência das condições legais de encarceramento. Com essa orientação, o Tribunal (...) deu provimento a recurso 
extraordinário para restabelecer o juízo condenatório nos termos e limites do acórdão proferido no julgamento da apelação, 
a qual fixara indenização no valor de dois mil reais a favor de detento. Consoante o acórdão restabelecido, estaria caracterizado 
o dano moral porque, após laudo de vigilância sanitária no presídio e decorrido lapso temporal, não teriam sido sanados os 
problemas de superlotação e de falta de condições mínimas de saúde e de higiene do estabelecimento penal. Além disso, não 
sendo assegurado o mínimo existencial, seria inaplicável a teoria da reserva do possível. (STF RE 580.252, rel. p/ o AC. Min. 
Gilmar Mendes, j 16.02.2017, Plenário). 
 
REGRAS DE EXTRADIÇÃO 
 
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, 
ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; 
Extradição, segundo Hildebrando Accioly, “é o ato pelo o qual um Estado entrega um indivíduo, acusado de um delito ou já 
condenado como criminoso, à Justiça do outro, que o reclama, e que é competente para julgá-lo e puni-lo”. A extradição não 
se confunde com expulsão e deportação. A expulsão decorre de atentado à segurança nacional, ordem política ou social, ou 
nocividade aos interesses nacionais. A deportação tem relação com a legalidade, é a saída compulsória do estrangeiro que 
entrou ou permanece irregularmente no país por não cumprimento dos requisitos legais. 
Só existe deportação ou expulsão de estrangeiro. Inclusive, com referência a expulsão, quando o brasileiro, nato ou 
naturalizado atenta contra à segurança nacional, ordem política ou social, ou nocividade aos interesses nacionais será 
processado e julgado pela justiça brasileira. 
Há extradição ativa e passiva, mas o STF somente tem competência para julgar a extradição passiva (art. 102, I, “g”). A 
solicitação da extradição para ser aceita pelo Brasil deverá também preencher alguns requisitos infraconstitucionais, dentre 
eles, a existência de tratado internacional ou promessa de reciprocidade entre os países e a dupla tipicidade, ou seja, a conduta 
tem que ser crime no Brasil e no país solicitante. 
O caráter político do crime deverá ser analisado pelo STF, pois inexiste prévia definição constitucional ou legal sobre a matéria. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
SÚMULA 421, STF. Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro. 
EMENTA. Extradição e prisão perpétua: necessidade de prévia comutação, em pena temporária (máximo de 30 anos), da pena 
de prisão perpétua – Revisão da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em obediência à Declaração Constitucional de 
Direitos (CF, art. 5º, XLVII, b). A extradição somente será deferida pelo Supremo Tribunal Federal, tratando-se de fatos 
delituosos puníveis com prisão perpétua, se o Estado requerente assumir, formalmente, quanto a ela, perante o Governo 
brasileiro, o compromisso de comutá-la em pena não superior à duração máxima admitida na lei penal do Brasil (CP, art. 75), 
eis que os pedidos extradicionais - considerado o que dispõe o art. 5º, XLVII, b da Constituição da República, que veda as 
sanções penais de caráter perpétuo - estão necessariamente sujeitos à autoridade hierárquico-normativa da Lei Fundamental 
brasileira. Doutrina. Novo entendimento derivado da revisão, pelo Supremo Tribunal Federal, de sua jurisprudência em tema 
de extradição passiva. (…). (STF Ext 855, 1º/7/05). 
EMENTA. (...) Não configura crime político, para fim de obstar a acolhimento de pedido de extradição, homicídio praticado por 
membro de organização revolucionária clandestina, em plena normalidade institucional de Estado Democrático de direito, sem 
nenhum propósito político imediato ou conotação de reação legítima a regime opressivo. (...) Decretada a extradição pelo 
Supremo Tribunal Federal, deve o Presidente da República observar os termos do Tratado celebrado com o Estado requerente, 
quanto à entrega do extraditando. (STF Ext. 1.085. Rel. Min Cezar Peluso. DJ. 16.04.2010). 
EMENTA. (...) Revela-se essencial, para a exata aferição do respeito ao postulado da dupla incriminação, que os fatos atribuídos 
ao extraditando - não obstante a incoincidência de sua designação

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