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Brasília-DF. Obras de Terra Elaboração Blenda Cordeiro Mota Ribeiro Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS ......................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 SOLO COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO .............................................................................. 9 CAPÍTULO 2 COMPACTAÇÃO .................................................................................................................... 15 CAPÍTULO 3 INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO ................................................................................................. 24 UNIDADE II CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO ............................................................................................ 32 CAPÍTULO 1 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO E DRENAGEM ........................................................................... 32 CAPÍTULO 2 PAVIMENTAÇÃO E DRENAGEM ............................................................................................... 44 CAPÍTULO 3 ATERROS ................................................................................................................................ 53 UNIDADE III ESTUDO DOS TALUDES ......................................................................................................................... 59 CAPÍTULO 1 ESTABILIDADE DE TALUDES ....................................................................................................... 60 UNIDADE IV BARRAGENS DE TERRA ......................................................................................................................... 68 CAPÍTULO 1 DEFINIÇÃO E PIEZOMETRIA ..................................................................................................... 68 CAPÍTULO 2 DIMENSIONAMENTO .............................................................................................................. 77 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 81 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução A engenharia está diretamente ligada às obras de terra, pois tanto o solo quanto os blocos de rocha são utilizados como materiais de construção. É de fundamental importância, para os estudantes das diversas engenharias ligadas às construções, obter conceitos e modos de execução deste tipo de obra. Para executar tanto os grandes projetos quanto as pequenas construções, no campo ou na cidade, torna-se indispensável conhecer os fundamentos das obras de terra. Na primeira unidade, estudaremos a movimentação de terra em obras civis e um breve relato sobre a história das obras de terra. O primeiro capítulo traz a relação das obras de terra tendo o solo como material de construção. O segundo capítulo irá tratar da compactação do solo. No terceiro capítulo, trazemos a investigação do subsolo. Na segunda unidade, falaremos sobre obras de contenção em encostas de solo. As primeiras análises serão as obras de contenção e drenagem, tomando todo o primeiro capítulo. No segundo capítulo se faz uma relação entre a pavimentação e os elementos de drenagem. Finalizando essa unidade, temos o terceiro capítulo que trata dos aterros, com olhar especial para os aterros sanitários. A terceira unidade versa sobre a estabilidade de taludes em solo e é composto por apenas um capítulo. O capítulo se refere à análise de movimento de terra, descrevendo os métodos de estabilidade de taludes e a concepção de projeto. Na quarta e última unidade, será nosso objetivo compreender como são constituídas as barragens de terra. Assim, o primeiro capítulo trará a descrição dos elementos que as caracterizam e o segundo capítulo estudará o dimensionamento das barragens de terra. Com isso, finaliza-se nossa disciplina com os estudos sobre obras de terra. Objetivos » Entender a história das obras de terra. » Compreender as particularidades das obras de terra. » Reconhecer que as obras de terra não são simples, pois requerem conhecimento específico. » Refletir sobre a importância fundamental do planejamento para a execução das obras de terra. 8 9 UNIDADE IMOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS Na primeira unidade, estudaremos a movimentação de terra em obras civis e um breve relato sobre a história das obras de terra. O primeiro capítulo traz a relação das obras de terra, tendo o solo comoseu principal material na execução da obra. O segundo capítulo trata da compactação do solo. No terceiro capítulo, será estabelecido o processo executivo da investigação do subsolo. CAPÍTULO 1 Solo como material de construção História das obras de terra Segundo Massad (2016), uma obra de terra pode ser entendida como uma “estrutura” construída com solo ou blocos de rocha. Isto é, uma estrutura na qual o solo e a rocha são os materiais de construção. As primeiras obras de terra datam de milhares de anos A.C. Etimologia da palavra “obra”: latim “opera” (trabalho, esforço). Etimologia da palavra “terra”: latim “terra” (material que constitui solo). No Brasil, a história das obras de terra é extensa, pois ficamos muito tempo sem grandes tecnologias de ponta dentro dessa área. Contudo, essa condição fez com que esse tipo de construções ganhasse estrutura. Vários são os tipos de obras de terra, como barragens de terra e enrocamento, terraplanagem manual e mecânica, muros de arrimo, taludes etc. A mecânica dos solos é um dos aliados para identificar o comportamento de engenharia do solo quando este for usado como material de construção ou como material de fundação. A Geotecnia formaliza a identificação do solo, utilizando um grupo de ensaios que visam obter características básicas dos solos, com o objetivo de avaliar a aplicabilidade nas obras de terra, onde há uma exigência de um alto grau de durabilidade. 10 UNIDADE I │ MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS As barragens de terra são construções de longa data. Um dos registros mais antigos é de uma barragem de 12 m de altura construída no Egito há aproximadamente 6,8 mil anos que rompeu por transbordamento. Definição Segundo Massad (2016), são obras de terra “as barragens de terra e de enrocamento e os aterros em geral, construídos para os mais variados fins. Nesse sentido, são obras artificiais, envolvendo um campo fértil para a prática da engenhosidade, na procura de soluções seguras e econômicas”. Essas obras de terra interferem diretamente com a natureza, sendo de pequeno ou grande porte, por isso a necessidade de planejamento e organização é essencial para minimizar os impactos ambientais desse serviço. Há casos de obras em que o solo e a rocha intervêm como material natural, interessando a sua condição intacta, enquanto fundações dessas obras, que requerem, eventualmente, tratamentos adequados de caráter mecânico, químico (injeções) etc. São os casos de obras como os aterros sobre solos moles; as fundações de barragens de terra, de enrocamento e de concreto; as obras de contenção de encostas naturais. Tipos de obras de terra mais comuns Barragens de terra: Os primeiros estudos sobre barragens no Brasil contemplam os centros de pesquisas que foram, na sua maioria, implantados a partir da década de 1950. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) trabalha, desde 1938, em investigações geotécnicas para a construção de barragens. Terraplanagem: Pode-se afirmar, portanto, que todas as obras de Engenharia Civil de grande ou pequeno porte, exigem a realização de trabalhos prévios de movimentação de terras. Por esta razão, a terraplenagem teve enorme desenvolvimento verificado no último século. Empuxo de terra: Como conceito, o empuxo é a força vertical, orientada para cima, exercida pelo líquido sobre o corpo. Segundo Arquimedes: “Todo corpo mergulhado em um fluido (líquido ou gás) recebe um empuxo vertical, para cima, igual ao peso do líquido deslocado pelo corpo”. Assim, o empuxo de terra deve ser entendido como a ação produzida pelo maciço terroso sobre as obras com ele em contato. É fundamental na análise e projeto de obras como muros de arrimo, cortinas em estacas pranchas, 11 MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS │ UNIDADE I cortinas atirantadas, escoramentos de escavações em geral, construções em subsolos, encontros de pontes, entre outras situações semelhantes a estas. Muros: São estruturas corridas de contenção de parede vertical ou quase vertical, apoiadas em uma fundação rasa ou profunda. Podem ser construídos em alvenaria (tijolos ou pedras) ou em concreto (simples ou armado), ou ainda, de elementos especiais. No nosso caso vamos nos ater aos muros de arrimo que podem ser de variados tipos, como: gravidade (construídos de alvenaria, concreto, gabiões ou pneus), de flexão (com ou sem contraforte) e com ou sem tirantes. Taludes: É o plano inclinado que delimita uma superfície terrosa ou rochosa, podendo ser dividido em 5 partes: crista ou topo, talude, superfície de ruptura, massa escorregada e pé. Fundações: Qualquer estrutura feita ou adaptada pelo homem que tem a função de transmitir as cargas da superestrutura para o solo, compatibilizando as deformações. É necessário o estudo preliminar do solo, podendo ser superficiais ou profundas. A fundação pode ser feita de diversos tipos de materiais e, dependendo do tipo de terreno encontrado no local das obras, adotam-se tipos diferentes de fundações. Os tipos mais comuns: baldrame, sapatas, estacas, tubulões etc. Aspectos relevantes sobre o estudo dos solos Não podemos iniciar um estudo sobre obras de terra sem falar no comportamento das areias, argilas e siltes. Esses aspectos relacionados acima claramente destacam a necessidade do conhecimento prévio do solo onde serão realizadas as obras de terra. O estudo da mecânica do solo é de fundamental importância para execução desse tipo de obra. A palavra solo tem o significado que vem do latim solum, que significa nada mais que a superfície do chão. Na área da construção civil, especificamente na engenharia, o significado diz que solo representa material de construção ou de mineração. Para a maioria dos engenheiros, os solos e as rochas são os materiais usados nas bases das obras civis, sejam elas de terra ou não. Vargas (1977) afirma que especificamente para a Engenharia Civil, os termos solo e rocha poderiam ser definidos da seguinte maneira: » O solo é todo material da crosta terrestre que não oferecesse resistência intransponível à escavação mecânica e que perdesse totalmente sua resistência, quando em contato prolongado com a água. 12 UNIDADE I │ MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS » Já a rocha seria aquela cuja resistência ao desmonte, além de ser permanente, a não ser quando em processo geológico de decomposição, só fosse vencida por meio de explosivos. O terreno natural é formado pela metamorfose, isto é, transformações dos materiais magmáticos por meio da ação das intempéries e do meteorismo que produzem transformações físicas e químicas dos componentes do solo. Figura 1. Representação da metamorfose da terra. Fonte: <http://www.ebanataw.com.br/terrapleno/alivio.php>. Acesso em: 15 dez. 2016. Todas essas transformações produzem o adensamento do terreno e cada partícula estará sob a ação de forças provenientes do peso de terra acima da partícula e também da pressão hidrostática da água do lençol freático. Quanto maior a profundidade, maior será a pressão que atua nas partículas do solo. De uma forma esquemática, podemos dizer que a pressão sobre as partículas é nula na superfície do terreno e vai aumentando gradativamente com a profundidade, uma vez que quanto mais funda esteja a partícula, maiores serão as forças sobre ela. Figura 2. Pressão sobre o solo. Fonte: <http://www.ebanataw.com.br/terrapleno/alivio.php>. Acesso em: 15 dez. 2016. 13 MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS │ UNIDADE I As intempéries atuando ao longo de milhões de anos produzem alterações morfológicas e a rocha passa por um processo em muitas etapas, sendo fraturada, fragmentada, granulada virando areia, silte e finalmente argila. O diagrama esquemático seguinte mostra como ocorre a metamorfose causada pelasintempéries: Figura 3. Sucessivas fases da transformação metamórfica. Fonte: Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/conteudo/formacao-dos-solos.jpg>. Acesso em: 15 dez. 2016 Como já estudamos, os solos se dividem entre pedregulhos, areias, siltes e argilas. Cada um desses componentes do solo possui uma dimensão bem característica. Vamos revê-las, com base na NBR 6502 (ABNT, 1995), no quadro a seguir. Quadro 1. Dimensionamento. Tipo de material Diâmetro característico Pedregulhos de 2 milímetros a 15 centímetros Areias de 0,075 milímetros a 2 milímetros Siltes de 0,002 milímetros a 0,075 milímetros Argilas menor que 0,002 milímetros Fonte: ABNT, 1995. Em se tratando de obras de terra, os solos mais citados são as argilas, pois esses materiais se destacam pela sua coesão e plasticidade, densidade e índice de vazios, dando assim mais conformidade e segurança às obras de terra. 14 UNIDADE I │ MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS Em estudos em laboratórios, ficou constatado que os solos possuem espaço entre os grãos, causando certo número de vazios. Esses vazios se tornam evidentes quando, entre eles, se alojam gotas de água, dando a esse material certo grau de umidade. Uso do solo urbano A urbanização, com todo o processo que lhe envolve, vem trazendo danos irreparáveis ao meio ambiental, nos grandes centros e também em pequenas cidades, onde os danos são ainda maiores, por conta da falta de estrutura. O crescimento desordenado atinge o solo de forma significativa e as consequências são claras, como a poluição do ar, das águas e solos, os deslizamentos, as inundações etc. Verifica-se, nas grandes aglomerações urbanas, uma completa falta de infraestrutura e serviço. Há uma necessidade urgente de adequação, no que se refere ao ordenamento territorial nos âmbitos municipal, estadual e federal. A norma que regulamenta as atividades em relação ao uso do solo urbano é a NBR 13296 (ABNT, 1995). Esta norma está relacionada à classificação do espaço físico para uso do solo urbano, com vistas à elaboração de levantamento e legislação a respeito. Ela mede riscos ambientais, a partir das alterações que o solo sofreu após a modificação para implantação da estrutura no local. Também compreende a normalização das vias (para circulação de veículos automotores, bicicletas e pedestres). A norma trata apenas dos espaços físicos adaptados no espaço urbano, incluindo as categorias: residencial, comercial, serviços, industrial, assim como espaços abertos e circulação. Tem por objetivo principal buscar a organização do uso do solo, contando com o poder público, iniciativa privada, moradores e usuários da área, com a finalidade de alcançar uma valorização ambiental e social, além de estruturar o local onde se implantará as modificações. A NBR normaliza a elaboração de um plano de ocupação, a partir da delimitação da área, utilizando elementos como, por exemplo, a implantação de infraestrutura, a distribuição de usos, padrões de acessibilidade etc. 15 CAPÍTULO 2 Compactação Definição de compactação dos solos Existem vários métodos de estabilização do solo. Alguns desses são realizados por misturas químicas injetadas, como por exemplo: misturas solo-cimento, mistura solo-cal etc. A estabilização também pode ser feita incorporando elementos estruturais, que tem a função de inserir ao solo as características necessárias para que a obra seja realizada, exemplo: solo envelopado, solo reforçado, terra armada. Neste capítulo, demonstraremos um método de estabilização e melhoria do solo que pode ser feito por vias mecânicas ou manuais. No tocante às obras de terra, o método de estabilização destacado será a compactação do solo. Segundo Vargas (1977), o estudo da compactação do solo é indispensável em obras de terra, principalmente na construção de aterros. A compactação é um processo que confere ao solo maior densidade e resistência, o que, consequentemente, resulta em maior estabilidade e estanqueidade do maciço. Logo, o processo manual ou mecânico empregado na compactação do solo aplica uma pressão, vibração ou impacto que, expulsando os vazios, visa aumentar a massa específica do solo. Assim, aumenta-se a resistência ao cisalhamento do solo, com uma compressibilidade menor e impermeabilidade maior. Este procedimento tem a intenção de conferir ao solo uma estabilidade permanente. Vargas (1977) ainda afirma que a técnica de compactação é relativamente recente, pois anteriormente os aterros eram feitos a partir do simples lançamento de solo em camadas, aguardando um certo período de tempo para a consolidação do maciço, antes da utilização do mesmo com segurança. Essa prática resultava em alta compressibilidade do aterro, em função dos grandes vazios formados entre as camadas lançadas e da porosidade do próprio solo. A moderna técnica de compactação consiste no lançamento de solo em camadas horizontais, seguida da passagem de rolos compressores com grande peso, eliminando os vazios de ar existentes no interior do solo. 16 UNIDADE I │ MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS Destacando as barragens de terra, os aterros rodoviários e outras obras de terra de vida longa, é necessário que o solo mantenha um comportamento mecânico adequado, sendo esse o objetivo específico da compactação. O solo é o material principal na compactação, portanto, se fez necessário o desenvolvimento de um método para melhoria das características de resistência, permeabilidade e deformação do solo. Há uma obrigatoriedade entre distinguir compactação e adensamento. O adensamento ocorre ao longo do tempo e, de certa forma, é um processo demorado. Por outro lado, a compactação expulsa o ar do solo, gerando efeito imediato. Ensaio de compactação A energia de compactação utilizada para realizar o ensaio é chamada de Proctor. Foi desenvolvida em 1933 pelo engenheiro norte americano Ralph Proctor. No Brasil, este ensaio é padronizado pela NBR 7182 (ABNT, 2016). Existem diversas alternativas para realização do ensaio, embora o ensaio original ainda seja o mais empregado até os dias atuais. Ocorreu uma alteração na Norma Brasileira para ajustar a energia de compactação ao valor das normas internacionais, em função de que as dimensões de padronização dos cilindros no Brasil apresentem valores relativamente similares às demais. A alteração consiste na mudança de 25 para 26 golpes utilizados no ensaio Proctor Normal. Figura 4. Soquete e cilindros para o ensaio de compactação Proctor manual. Fonte: <http://pertangola.com/produtos/ensaio-de-compactacao-proctor-manual/>. Acesso em: 15 dez. 2016. Sendo assim, permanece constante a quantidade de partículas de água, na compactação, assim como o aumento da massa específica equivale a expulsão de ar dos vazios. 17 MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS │ UNIDADE I Dessa maneira, para a energia aplicada há um teor de umidade, chamado de umidade ótima, que nos leva a uma densidade máxima ou uma massa especifica máxima. A equação que representa a energia aplicada pelo ensaio de compactação é: ܧ ൌ � �Ǥ��ே�Ǥ���Ǥ�� (eq. 1) (eq. 1) Onde: E – energia de compactação; n – número de camadas; N – número de golpes aplicados a cada camada; P – peso do soquete; h – altura de queda do soquete; V– volume do cilindro. Há uma redução do teor de umidade ótima e uma elevação do peso específico seco máximo, conforme o aumento da energia de compactação, influenciando na curva de compactação do solo. Ocorrem também modificações na estrutura dos solos, pois os solos secos tendem às estruturas floculadas e os solos úmidos tendem às estruturas dispersas. Essas modificações na estrutura dos solos interferem diretamente na execução das obras de terra, pois emperíodos de fortes chuvas, por exemplo, podemos ter um solo saturado, apresentando uma resistência diferente da esperada, o que torna a obra viável ou inviável no momento. Neste caso, evidencia-se a necessidade de um novo estudo para relocação da obra ou apenas modificações que tornaria a área em solo adequado com a resistência esperada. Compactação de camadas de pavimentação A compactação para pavimentação é realizada por maquinário pesado com utilização estratégica para transformar um solo em um material de construção adequado para aquela função que lhe será exigida. O pavimento é uma estrutura em camadas que recebe, em sua superfície, solicitações principais de tráfego de veículos com rodas flexíveis (pneus). Esta estrutura se apoia diretamente sobre a fundação, em função da maior ou menor rigidez da estrutura e pode ser denominado de rígido ou flexível. 18 UNIDADE I │ MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS Figura 5. Camadas de pavimento. Fonte: Disponível em: <http://www.mapadaobra.com.br/novidades/corredor-de-onibus/>. Acesso em: 23 jan. 2017. » Subleito: terreno de fundação do pavimento (ou estrada já em trafego) de superfície irregular. » Regularização: camada de espessura irregular construída sobre o subleito e destinada a acomodá-lo, transversal e longitudinalmente, com o projeto. Deve ser executada sempre em aterro. » Reforço do subleito: sua definição é ainda motivo de discussões acadêmicas, pois é uma camada de espessura constante, opcional, com características técnicas inferiores ao material usado na camada superior, mas superiores ao material do subleito. » Sub-base: camada complementar à base, construída em casos de inviabilidade da construção da base diretamente sobre a regularização ou reforço do subleito. » Base: camada sobre a qual se constrói o revestimento com objetivo de receber e distribuir os esforços do tráfego. » Revestimento: também chamada de capa de rolamento, é a camada mais permeável do pavimento. Nela, são recebidos os esforços diretos da ação do tráfego. É construída para melhorar a superfície de rolamento, visando o conforto, a segurança e a durabilidade. A seguir, o quadro 2 ressalta as diferenças básicas entre o pavimento rígido e o pavimento flexível. 19 MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS │ UNIDADE I Quadro 2. Comparação entre pavimentos. Quesito comparado Pavimento rígido Pavimento flexível Base Concreto de cimento, solo cimento e/ou macadame1 de cimento. Solo estabilizado, macadame betuminoso, alvenaria poliédrica, paralelepípedos e/ou brita graduada. Revestimento Concreto de cimento, macadame de cimento e/ou solo cimento. Concreto betuminoso e/ou calçamento (alvenaria poliédrica, paralelepípedos, blocos articulados e/ou blocos intertravados). Resistência As camadas estruturais devem resistir, sem ruptura, a pequenas deformações da passagem dos veículos (asfalto). As camadas estruturais trabalham a tração e têm como aglomerante o cimento Portland nos pavimentos de concreto. Fonte: Adaptado de Senço, 1997. Equipamentos de compactação São necessários alguns equipamentos em campo para ajudar na identificação dos problemas e gerar soluções na obra. Esses equipamentos cuidam da compactação da obra em campo que é realizada por meio de esforços de pressão, por vibração, impacto ou um arranjo entre esses. Por exemplo, as figuras a seguir ilustram alguns equipamentos utilizados para compactação em campo. O rolo pé de carneiro é constituído por cilindros metálicos com protuberâncias (patas) solidarizadas, em forma tronco-cônica e com altura de, aproximadamente, 20 cm. É indicado na compactação de outros tipos de solo que não a areia e promove um grande entrosamento entre as camadas compactadas. A camada possui geralmente 15 cm e o número de passadas varia entre 4 e 6 para solos finos e entre 6 e 8 para solos grossos. As características que afetam o desempenho do rolo pé de carneiro são a pressão de contato, a área de contato de cada pé e o número de passadas por cobertura. Estes elementos dependem do peso total do rolo, do número de pés em contato com o solo e do número de pés por tambor. Figura 6. Rolo pé de carneiro. Fonte: Disponível em: <http://www.globallocacoes.com.br/conheca-as-maquinas-e-equipamentos-mais-comuns-utilizadas-em-obras- construcao-civil/>. Acesso em: 15 dez. 2016. 1 Adaptação de McAdam, nome do inventor da técnica de pavimentação que consiste em uma mistura de pedra britada e saibro, arrumada no solo a partir da utilização de rolos compressores 20 UNIDADE I │ MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS O rolo liso tem um cilindro oco de aço que pode ser preenchido por areia úmida ou água, a fim de que seja aumentada a pressão aplicada. Este rolo pode ser usado em bases de estradas e em capeamentos, sendo indicado para solos arenosos, pedregulhos e pedra britada lançados em espessuras inferiores a 15 cm. Este tipo de rolo compacta bem as camadas finas (de 5 a 15 cm) com 4 a 5 passadas. Possui pesos de uma a vinte toneladas e, frequentemente, é utilizado para o acabamento superficial das camadas compactadas. Para a compactação de solos finos, utilizam-se rolos de três rodas com pesos em torno de sete toneladas para materiais de baixa plasticidade e dez toneladas para materiais de alta plasticidade. Sua desvantagem é ter uma pequena área de contato que afunda demasiadamente em solo mole, dificultando a tração. Figura 7. Rolo liso. Fonte: <http://www.globallocacoes.com.br/conheca-as-maquinas-e-equipamentos-mais-comuns-utilizadas-em-obras-construcao- civil/>. Acesso em: 15 dez. 2016. O rolo pneumático é eficiente na compactação de capas asfálticas, bases e sub-bases de estradas e indicado para solos de granulação fina e arenosa. Este rolo pode ser utilizado em camadas de até 40 cm e possui área de contato variável, em função da pressão nos pneus e do peso do equipamento. Podem-se usar rolos com cargas elevadas obtendo-se bons resultados. Neste caso, muito cuidado deve ser tomado no sentido de se evitar a ruptura do solo. Figura 8. Rolo pneumático. Fonte: Disponível em: <http://topcommaquinas.com.br/produto/rolo-compactador-pneumatico-xg6262p/>. Acesso em: 15 dez. 2016. 21 MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS │ UNIDADE I No rolo vibratório, a frequência da vibração influi de maneira extraordinária no processo de compactação do solo. Pode ser utilizado eficientemente na compactação de solos granulares (areias), onde os rolos pneumáticos ou pé de carneiro não atuam com eficiência. Este tipo de rolo, quando não usado corretamente, produz supercompactação. A espessura máxima da camada é de 15 cm. Figura 9. Rolo vibratório. Fonte: <http://www.rentalequipamentos.com.br/equipamentos/rolo-vibratorio-monocilindrico.html#.WITQdvkrLIU>. Acesso em: 15 dez. 2016. Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR) O ensaio denominado Índice de Suporte Califórnia (ISC ou California Bearing Ratio - CBR) está relacionado à pressão exercida por um pistão para penetrar no solo até determinado ponto. Assim, é possível determinar o comportamento do solo ao ser saturado e demonstrar a perda de resistência. A norma que rege o ensaio CBR é a NBR 9895 (ABNT, 2016). Este ensaio possibilita conhecer a expansão de um solo durante o processo de saturação. Apesar das características empíricas, este é o ensaio mais difundido e serve de base para o dimensionamento de pavimentos flexíveis. Os equipamentos utilizados são molde cilíndrico grande com base e colarinho, prato- base perfurado, disco espaçador, prato perfurado com haste central ajustável, soquete de 4,5kg, extensômetro mecânico, papel-filtro, prensa com anel dinamômetro ou com célula de carga elétrica, tanque de imersão, cápsulas de umidade, balança, peneiras com malhas de 19mm e 4,8 mm, dentre outros equipamentos auxiliares. Em laboratório, é comum realizar o ensaio de compactação conjugado para obter o teor ótimo e o peso específico seco. O resultado desses ensaios contempla a curva de compactação, a curva de ISC versus umidade. 22 UNIDADE I │ MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS Para ensaio de expansão, após a compactação do corpo de prova, faz-se o ensaio de imersão por 96 horas. O nível d’água deve cobrir toda a amostra. São realizadas leituras a cada 24h até completar 96h. Para que o ensaio seja interrompido, basta que seja observada a estabilização. Existem cinco informações que devem compor o ensaio de CBR. O cálculo da massa específica aparente seca do corpo de prova, o cálculo da expansão, o cálculo do ISC, a umidade ótima e, finalmente, a curva de compactação. O cálculo da massa específica aparente seca para cada corpo de prova se utiliza da equação 2 a seguir: �� = �� � ���� ������� (eq. 2) (eq. 2) Onde: γs (g/cm³) é a massa específica aparente seca; Mh (g) é a massa úmida do solo compactado; V (cm³) é o volume útil do molde cilíndrico; h (%) é o teor de umidade do solo compactado. Em seguida, temos o cálculo da expansão, que é dado pela equação 3: �������� ��� � �� � ��� . 100 (eq. 3) (eq. 3) Onde: ℓf é a leitura final no extensômetro; ℓi é a leitura inicial no extensômetro; h é a altura inicial do corpo de prova; O ISC, por sua vez, é calculado, para as penetrações de 2,54mm e 5,08mm (1 e 2 polegadas), de acordo com a equação 4 a seguir. O valor adotado deve ser o maior entre os obtidos para cada valor de penetração. ISC �%� = ������� ��������� �� ������� ���������������� ������ . 100 (eq. 4) (eq. 4) A pressão deve ser calculada através da relação entre a carga impressa e a área do pistão utilizado. A pressão padrão deve ser dada com a grandeza em concordância com a pressão calculada (ou corrigida) e deve ser diferente para cada valor de penetração. Ou seja: » Para penetração de 2,54 mm, utiliza-se pressão padrão de 6,90 MPa ou 70 kg/cm². 23 MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS │ UNIDADE I » Para penetração de 5,08 mm, utiliza-se pressão padrão de 10,35 MPa ou 105 kg/cm². Para obter o valor da umidade ótima, basta analisar a curva de compactação. A umidade ótima assume o valor correspondente ao ponto de massa específica aparente seca máxima no gráfico. A seguir, temos o exemplo de curva de compactação (umidade na abscissa e massa específica aparente seca na ordenada). Figura 10. Curva de compactação da NBR 9895 Fonte: Adaptado de ABNT, 2016. 24 CAPÍTULO 3 Investigação do subsolo Introdução Ao se realizar os ensaios em laboratório e os estudos do solo em campo, obtemos um conjunto de informações que são chamadas de investigação do subsolo. Todo projeto de engenharia, de pequeno ou grande porte, necessita do conhecimento adequado das características e propriedades do solo onde se realizará a obra. Contudo, conhecer apenas as características superficiais do solo não é o bastante para garantia de sucesso na execução da obra, pois o solo não é homogêneo e os esforços aplicados atingem alguns metros abaixo da superfície. A investigação do subsolo é de suma importância para as obras em geral, em especial as obras de terra. Na investigação, é importante definir as características e propriedades do solo, como resistência a penetração, consistência e nível de água. Diversos métodos encontram-se à disposição de quem vai executar o serviço, desde os mais simples até os mais complexos. São exemplos: sondagem a trado, refração sísmica, poços, indução magnética e galerias. Objetivos principais de uma investigação O terreno a investigar trará características importantes para as escolhas dos procedimentos que devem ser utilizados na investigação do subsolo, pois há serviços para cada tipo de solo. Por exemplo, quanto mais próximo à superfície estiver o lençol freático, maior o custo da obra. A seguir, alguns objetivos da investigação do subsolo: » Indicação da espessura e profundidade de cada uma das camadas do solo. » Indicação da natureza do solo, como consistência dos solos finos e compacidade dos solos grossos. » Determinação da extensão, profundidade e espessura de cada horizonte de solo dentro de uma determinada profundidade que vai depender da 25 MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS │ UNIDADE I dimensão e natureza da estrutura, além de uma descrição do solo, que inclua a sua compacidade se o solo não for coesivo e estado de consistência se o solo for coesivo. » Profundidade da superfície da rocha e sua classificação, incluindo informações sobre extensão, profundidade e espessura de cada estrato rochoso, dimensão, mergulho e espaçamento de juntas e planos de acampamento, presença de zonas de falhas e o estado de alteração e decomposição. » Localização do nível d’água e profundidade do lençol freático. » Aquisição de amostras de rochas e solos (deformadas ou indeformadas) para que sejam encontradas propriedades como compressibilidade, permeabilidade e resistência ao cisalhamento. Existem outros destaques para que a investigação do subsolo aconteça de forma a dar as respostas esperadas. Um desses é a corrosão, problema pouco comentado na literatura de base. A corrosão é tão importante que, dependendo da sua atuação em determinado solo, pode inviabilizar a possibilidade de construção. Etapas de investigação A investigação do subsolo está diretamente ligada ao tipo de obra e à importância desta a ser executada. São três as etapas de investigação do subsolo: o reconhecimento, a prospecção e o acompanhamento. » Reconhecimento: Distingue-se por ser o conjunto de informações que irá determinar a natureza das formações locais para que seja feita a escolha da área mais adequada para implantação do projeto. Algumas destas informações já existem e estão documentadas, como as fotos aéreas e os mapas geológicos. Junto a essas informações, é necessário que se proceda a uma visita técnica ao local contendo sondagens. » Prospecção: As características e propriedades do subsolo aparecem de acordo com a necessidade do projeto, a partir do estágio que se encontra cada obra. A primeira fase é preliminar e fornece dados suficientes para a localização das estruturas principais, como também a estimativa de custos. Nesta etapa também acontecem os ensaios de laboratório. Para isso, são retiradas as amostras do solo. Na fase complementar, são feitas as investigações adicionais que serão utilizadas na solução de 26 UNIDADE I │ MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS problemas específicos. Por último, a fase de prospecção localizada apenas é desenvolvida no projeto de investigação se as etapas anteriores forem insuficientes para o bom desenvolvimento da investigação do subsolo. » Acompanhamento: A finalidade desta etapa é avaliar o comportamento previsto e o desempenho obtido pelo solo. São utilizados instrumentos antes e durante a construção da obra para a medida da posição do nível d’água, da pressão neutra, tensão total, vazão, recalque, deslocamento e outras características. Métodos de prospecção Os métodos de prospecção podem ser diretos, semidiretos ou indiretos. Os métodos diretos podem ser manuais ou mecânicos e têm o objetivo de observar diretamente os solos ou obter o conhecimento das características através da perfuração e obtenção de amostras. São esses: sondagem a trado, trincheiras, poços ou sondagem de simples reconhecimento. Os métodos semidiretos, mesmo sem possibilitarem a coleta de amostras ou fornecerem informações sobre a natureza do solo, conseguem fornecer informações sobre as características do terreno.Os ensaios que os compõem são: ensaio de palheta ou vane test, ensaios de penetração estática (CPT e CPTu), ensaios pressiométricos e ensaios dilatométricos, além de ensaios de permeabilidade in situ. Os métodos indiretos também são conhecidos como geofísicos e consistem em determinar as propriedades das camadas do subsolo. São realizados indiretamente, utilizando as medidas de características físicas do material feitas por meio de equipamentos eletrônicos. Estes métodos não solicitam amostragem. Alguns exemplos são a resistividade elétrica, os métodos sísmicos e os eletromagnéticos. Sondagem a trado A sondagem a trado é um processo manual e econômico que utiliza como equipamento o trado: um amostrador manual formado por lâminas cortantes, convexas ou espiraladas. Tem a finalidade de coletar as amostras deformadas e é o início ou continuidade para outras sondagens, pois determina o nível de água e identifica os horizontes do terreno. As perfurações são de baixo custo e rápidas, têm profundidade limitada ao nível de água, mas não exigem equipamentos mais modernos nem mão de obra especializada. 27 MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS │ UNIDADE I São regularizadas pela NBR 9603 (ABNT, 2015), que normaliza os procedimentos da sondagem a trado. Uma das características deste tipo de sondagem é que as informações são limitadas quanto ao tipo de material atravessado, diferentemente da trincheira, pois não há possibilidade de visualização e o material é retirado dos furos de acordo com a profundidade que se encontra. Se for necessária a determinação da umidade natural do solo, as amostras devem ser armazenadas em recipientes de plástico com tampas herméticas e seladas com parafina. As amostras normais são etiquetadas, coletadas em sacos de lona e levam o nome da obra, número e local do furo e sua profundidade. A seguir, a figura 11 ilustra dos tipos de trados mais comuns. Todos são fáceis de manusear e não precisam de manutenção específica, além de não existir dependência de mão de obra especializada. Figura 11. Tipos de trado para coleta de solo. Fonte: <http://calcarionutrical.com.br/nutrindo-corretamente/>. Acesso em: 15 dez. 2016. O procedimento para realização da sondagem a trado se inicia com os colaboradores girando a barra horizontal acoplada à haste vertical do trado. Na outra extremidade, encontra-se o elemento cortante, broca ou cavadeira. Depois de cinco ou seis rotações, deve-se retirar o trado e remover a amostra que está presa em seu corpo, colocando-a em saco plástico com suas identificações padrões, para envio ao laboratório e procedimento dos variados ensaios. Essa sondagem usualmente alcança o máximo de dez metros de profundidade e deve ser feita até encontrar o nível de água. Esse processo de investigação não é recomendado 28 UNIDADE I │ MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS quando o solo contém camadas de pedregulhos, matacões, areias muito compactas e solos abaixo do nível da água, o que o torna um método simples e rápido, porém limitado. Sondagem a percussão A sondagem a percussão para simples reconhecimento é o método mais usado no Brasil para fins de fundações. Este método permite tanto a determinação do N.A e retirada de amostras deformadas quanto a medida do índice de resistência a penetração dinâmica (standard penetration test - SPT). O método SPT é a relação entre o número de golpes e a profundidade que irá alcançar o amostrador. É um ensaio de custo baixo, de execução simples e que permite ainda o esclarecimento de informações do estado de consistência e compacidade dos solos. No Brasil, é normalizado pela NBR 6484 (ABNT, 2001). Os procedimentos para execução da investigação de sondagem a percussão se dão, de início, por marcar os pontos e montar um cavalete de três ou quatro pernas (tripé) na posição da perfuração. Neste procedimento, o trado cavadeira entra como auxiliar na abertura do primeiro metro de profundidade. Retira-se e guarda a amostra zero, apoia-se o amostrador (tubo vazado que dá uma amostra e o SPT a cada martelada) no fundo do primeiro furo aberto, sem bater, e apoia-se o martelo para anotar a penetração. Figura 12. Equipamento para ensaio de percussão e medição do SPT. Fonte: Disponível em:<http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/148/artigo300986-1.aspx>. Acesso em: 24 jan. 2017. 29 MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS │ UNIDADE I A seguir, deixa-se cair, em queda livre, o martelo (que tem peso padronizado de 65 kg), repetindo o procedimento até 45 cm (profundidade padrão). Anota-se o número de quedas necessárias para cravação de cada segmento de 15 cm. A cada 45 cm, recolhe-se a amostra. Esta amostra é deformada, portanto, não serviria se fosse um ensaio de adensamento ou resistência do cisalhamento, mas é extremamente útil e fornece muitas informações. O procedimento deve ser refeito com o trado helicoidal ou com o auxílio da circulação de água. Ao chegar ao segundo metro, repetir novamente o processo até alcançar a profundidade requerida em projeto ou o solo bastante resistente. Encontrando o nível da água, deve-se utilizar o processo citado acima de circulação d’água. Isso significa que a água deve ser injetada na haste que possui o trépano na extremidade, este com orifícios laterais para injeção da água no solo. Com os movimentos de rotação e a pressão, o trépano quebra a estrutura do solo (figura 13). Essa mistura de solo e água de volta à superfície e é despejada na caixa d’água. Figura 13. Trépano. Fonte: <http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/148/artigo300986-1.aspx>. Acesso em: 24 jan. 2017. Este tipo de sondagem possui vantagens, como: » ultrapassar o nível de água; » medir a resistência à penetração; » mudar a localização do furo caso este apresente instabilidade; » determinar o tipo de solo em suas profundidades; 30 UNIDADE I │ MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS » quebrar as barreiras dos solos mais resistentes; » ter custo relativamente baixo; » permitir a sua realização em quaisquer lugares, mesmo os de difícil acesso. É possível, ainda, no final do ensaio à penetração, medir o torque para ruptura da amostra. O torque máximo é dado pela primeira volta do torquímetro e o torque residual, pela volta seguinte. A figura 14 a seguir mostra o torquímetro. Figura 14. Torquímetro. Fonte: Disponível em:<http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/148/artigo300986-1.aspx>. Acesso em: 24 jan. 2017. Considerações finais Finalizando este capítulo, chegamos à conclusão de que a área onde será executada a obra de engenharia, sendo de terra ou não, imprime suas características no projeto, pois ela é quem dá sustentação à obra. Por esses e tantos outros motivos, faz-se necessária a investigação do subsolo. Para as obras de terra, é importante conhecer os três tipos básicos de solos: arenoso, siltoso e argiloso. Vale ressaltar que a expressão “solo argiloso”, por exemplo, não quer dizer que cem por cento daquele local possuem apenas argila, mas que grande parte daquele terreno possui solo argiloso. Barragens de terra devem, preferencialmente, ser assentadas sobre solos de constituição majoritária de argila, pois são firmes, secos e profundos. Os rochosos não devem ser utilizados de nenhuma maneira, os arenosos são filtrantes e comprometem a estrutura da barragem, os úmidos podem causar desmoronamentos, ruptura ou vazamentos. 31 MOVIMENTAÇÃO DE TERRA EM OBRAS CIVIS │ UNIDADE I Os cortes e taludes sem proteção podem ser realizados em terrenos com características mais argilosas, por conta da coesão e estabilidade, mas os solos siltosos podem ser utilizados com ressalvas e os arenososnão são recomendados. Nos casos de compactação e adensamento do solo, para os três tipos de solos citados ocorrerá o adensamento se houver perda de água. Já a compactação, deve ser realizada com vibração nos solos arenosos e com rolos ou percussão nos siltosos e argilosos. 32 UNIDADE IICONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO Nesta segunda unidade, iremos tratar de obras de contenção em encostas de solo, da pavimentação e dos aterros. O primeiro capítulo demonstrará as estruturas de contenção. Contenção é a obra que visa estabilizar ou evitar movimentos do solo (massa) em encostas. O segundo capítulo trará o estudo da pavimentação e sua relação com a drenagem. Neste capítulo, serão vistas as camadas do pavimento rodoviário e suas opções de drenagem correspondentes. Para finalizar a unidade, teremos o terceiro capítulo, discorrendo sobre os aterros e suas propriedades. CAPÍTULO 1 Estruturas de contenção e drenagem Estruturas de contenção As estruturas de contenção possuem a finalidade de estabilizar o solo. São obras civis construídas para: » prover a não ruptura dos maciços; » evitar o escorregamento causado por carregamentos externos e seu próprio peso; » oferecer suporte para estabilizar as forças externas e internas que uma massa de solo pode sofrer. Além disso, serve como item de segurança para a obra. Esta segurança pode ser percebida em vários aspectos, como a segurança da própria estrutura, contra a ação do solo e intempéries, segurança das obras vizinhas e segurança dos colaboradores. Em termos socioeconômicos, deve-se pensar que uma obra de grande porte, quando entra em colapso, pode destruir muitas vidas e estruturas próximas. Nas pequenas 33 CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO │ UNIDADE II obras, o principal fator é a segurança da família e vizinhos, então, aqueles que podem parecer serviços dispensáveis, não podem ser negligenciados para que não exponham os colaboradores e as famílias envolvidas aos perigos. Figura 15. Principais tipos de muros de contenção. Fonte: Disponível em:<http://www.clubedoconcreto.com.br/2013/09/dimensionamento-dinamico-de-muros-de.html>. Acesso em: 27 jan. 2017. Independente dos métodos utilizados para a construção da estrutura de contenção, todos partem do mesmo princípio de funcionamento: promovem, passiva ou ativamente, resistência ao deslocamento de terra e à ruptura. O maior fator de desestabilização do solo, que deve sempre ser levado em consideração e nunca deve ser subestimado, é a água. As barragens são construídas para diminuir a força da água, mas outras obras estruturantes não devem fazer esse papel. A água deve ter como sair ou passar pela estrutura, para que a mesma não sofra rompimento. Contenção provisória Geralmente, o primeiro tipo de contenção (figura 16a) é utilizado em obras urbanas por conta da limitação de espaço. É utilizado, geralmente, de maneira provisória em execução de contenção para abertura de terrenos, valas e apoios de taludes. A figura 16b mostra uma escavação sem proteção que suporta carga sem desmoronar, por conta da inclinação feita na escavação. Figura 16. Contenção em obras civis. Fonte: Adaptado de Caputo, 1996. 34 UNIDADE II │ CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO Drenagem Drenagem é a capacidade que o solo tem de reter ou escoar água. A água pode ser proveniente de chuva ou de áreas alagadas e se direcionar rumo ao lençol freático ou às galerias subterrâneas (áreas urbanas). A água é o principal fator dos movimentos de massa (terra) e também é a responsável pela condução erosiva do solo. Podemos então estabelecer que a drenagem tem como objetivo conduzir, captar e dar destino final às águas coletadas. Observando essas definições de drenagem, percebemos que, para as obras de terra, devemos estar cientes de qual tipo de estrutura implementar em determinado terreno, qual deve receber uma preocupação maior com a drenagem. Entendendo que, muitas vezes, um sistema simples de drenagem em conjunto com elementos de proteção superficial, como por exemplo, a cobertura de grama em cima dos taludes, pode solucionar alguns casos. Devem-se tomar os cuidados necessários para que a geometria das encostas não seja modificada, causando erosão na estrutura e trazendo problemas de estabilidade ao longo do tempo. Segundo Bandeira (2003), a rede de drenagem deve ser planejada por microbacias, interligando as casas ou estruturas afetadas, a partir das calhas ou biqueiras até as canaletas de descida, de bordo e de pé de talude, as quais devem chegar às canaletas principais ou de escadarias e finalmente aos canais. Geo-Rio (2000) determina que um sistema de drenagem deve estar em acordo com a estrutura de contenção, pois esta relação é de fundamental importância para as obras civis. Alguns dispositivos, como canelas transversais, longitudinais de descida (escada), dissipadores de energia, caixas coletoras etc. podem ser selecionados para o projeto, dependendo da natureza da área (ocupação densa, com vegetação etc.), das condições geométricas da inclinação, do tipo de material (solo/rocha), entre outros aspectos. Em obras de terra específicas, como por exemplo, os muros de arrimo, é comum ouvir relatos de acidentes relacionados ao acúmulo de água. A existência da pressão de água no maciço é um fator determinante para o aumento do empuxo total. Por isso, a drenagem deficiente causa um acúmulo de água que resultará diretamente em uma menor resistência ao cisalhamento do maciço, pois são acrescidas as pressões intersticiais. 35 CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO │ UNIDADE II A importância de uma preocupação com as águas, é que elas podem causar alagamentos, desmoronamentos, deslizamentos de terra, ruptura das estruturas e diversos outros sinistros, se não houver na obra um sistema de drenagem adequado. Uma das saídas para o escoamento é fazer com que o movimento natural da água de chuva aconteça, para que ela continue o ciclo natural das águas. Os projetos de drenagem são fundamentais para assegurar vida longa e segurança às estruturas de contenção por conta das alterações feitas pelo homem. Para o projeto de drenagem, é necessário que se faça um reconhecimento e delimitação do terreno onde será implantada a estrutura de contenção ou a obra de terra. Primeiro se conhecem a área a ser drenada e o possível ponto de alagamento. A partir daí, pode-se determinar as diretrizes do projeto, buscando descobrir de que lugares mais altos a água flui para os mais baixos. Dessa maneira, será feito o sistema de drenagem adequado. O conhecimento do solo é fundamental, pois consiste em verificar sua condutividade hidráulica e macroporosidade. Esses dados irão contribuir para os cálculos de espaçamento dos drenos que serão instalados no terreno. Informações como o clima da região e o volume de precipitações também devem ser coletadas, para assim se determinar o layout que irá suprir a necessidade de drenagem do projeto. As estruturas de contenção e as obras subterrâneas, como dutos, túneis, muros de arrimo, cortinas atirantadas, aterros, pavimentação, barragens de terra, entre outras, devem ser pensadas e projetadas, de acordo com a drenagem que deverá ser utilizada, não esquecendo que tudo dependerá da relação solo-estrutura. A seguir, algumas estruturas de contenção e sua relação com a drenagem. Muros de arrimo Os muros de arrimo ou estruturas de contenção são obras construídas em alvenaria, tijolos, pedras, concreto (simples ou armado) ou pneus, com fundações rasas ou profundas. Podem ser de vários tipos: gravidade, de flexão e com ou sem tirantes. São estruturas corridas de contenção de parede vertical, com a finalidade de suporte contra a ruptura do maciço de terra ou rocha. Segundo Cunha (1991), osmuros de arrimo ou gravidade são obras de contenção pertencentes ao primeiro grupo de obras de contenção passiva, ou seja, que tem 36 UNIDADE II │ CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO a finalidade de restabelecer o equilíbrio da encosta, através de seu peso próprio, suportando os empuxos do maciço. Ele afirma ainda que a microdrenagem superficial também é imprescindível para garantir a durabilidade e efetividade da obra. Muro de gabião A estrutura de contenção feita com gabião pode ter diversos formatos, pois existem em formato de gabião caixa, saco, tela e colchão. Constituem-se de gaiolas metálicas em aço galvanizado preenchidas com pedras manualmente (figuras 17 e 18). São estruturas extremamente práticas, econômicas e técnicas, pois são monolíticas, resistentes, duráveis, armadas, flexíveis, permeáveis e de baixo impacto ambiental e econômico. Figura 17. Estrutura de contenção muro gabião. Fonte: <http://www.gabioes.net/indexe5da.html?page=obras>. Acesso em: 27 jan. 2017. Figura 18. Gaiolas de aço com pedras Fonte: <http://www.maccaferri.com/es/wp-content/uploads/2014/11/Gabion-Sack11.jpg>. Acesso em: 21 dez. 2016. 37 CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO │ UNIDADE II Muro de alvenaria de pedra Deve ser realizada uma análise para saber qual a melhor estrutura para contenção, se o terreno se adequa, se deve ser temporária ou fixa, qual melhor modo de execução, qual o custo, as características do local, do solo, do tipo de obra a ser implantada. Por conta do maciço, consideramos seu peso próprio, resistência, deformidade e geometria, não esquecendo a drenagem local e a aplicação de cargas externas sobre o solo. No caso de muro de pedras arrumadas manualmente, a resistência do muro resulta unicamente do embricamento dos blocos de pedras. Este muro apresenta como vantagens a simplicidade de construção e a dispensa de dispositivos de drenagem, pois o material do muro é drenante. Outra vantagem é o custo reduzido, especialmente quando os blocos de pedras são disponíveis no local. No entanto, a estabilidade interna do muro requer que os blocos tenham dimensões aproximadamente regulares, o que causa um valor menor do atrito entre as pedras. Figura 19. Muro de alvenaria de pedra sem drenagem. Fonte: Nascimento e Lima, 2010. Para vencer alturas maiores que 3 metros, deve-se empregar argamassa de cimento e areia para preencher os vazios dos blocos de pedras. Neste caso, podem ser utilizados blocos de dimensões variadas. A argamassa provoca uma maior rigidez no muro, porém elimina a sua capacidade drenante. É necessário então implementar os dispositivos usuais de drenagem de muros impermeáveis, tais como dreno de areia ou geossintético no tardoz e tubos barbacãs para alívio de poropressões na estrutura de contenção. 38 UNIDADE II │ CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO Figura 20. Muro de alvenaria de pedra com argamassa e drenagem. Fonte: <http://www.jaboatao.pe.gov.br/jaboatao/secretarias/secretaria-municipal-de-infraestrutura-e-mobilidade-humana/2012/03/27/ NWS,414180,52,555,JABOATAO,2132-MURO-CONTENCAO-TRAZ-SEGURANCA-JABOATAO-CENTRO.aspx>. Acesso em: 28 jan. 2017. Muro de concreto ciclópico ou pedra rachão Muros de concreto ciclópico ou concreto gravidade são economicamente viáveis se forem construídos com altura de até quatro metros. Para sua construção, são utilizadas formas com concreto e blocos de rocha de vários tamanhos, sendo necessária a instalação de um sistema de drenagem. Figura 21. Muro de concreto ciclópico. Fonte: Gerscovich, 2016. É necessário que o reaterro seja executado em camadas com espessuras de 0,20 m compactadas manualmente com cepos ou por meio de equipamento mecânico leve, de forma a evitar danos à estrutura. Devem ser previstos drenos de areia ou barbacãs para alívio das pressões da água. Também se devem prever juntas com espaçamento máximo de 6 m, protegidas com tiras de geotêxtil de forma a evitar a saída do solo. 39 CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO │ UNIDADE II Muro de sacos de solo-cimento A técnica de muro de saco de solo-cimento tem se mostrado promissora devido ao baixo custo e pelo fato de não requerer mão de obra ou equipamentos especializados. Um muro de arrimo de solo-cimento com altura entre 2 e 4 metros tem custo da ordem de 60% menor que o custo de um muro de igual altura e executado em concreto armado. De acordo com Geo-Rio (2000), os sacos devem ser de poliéster ou similares e costurados manualmente. Sua vantagem consiste no transporte para o local da obra que se torna mais simples, não havendo a necessidade da utilização de formas. São arrumados em camadas posicionadas horizontalmente e, a seguir, cada camada do material é compactada de modo a reduzir o volume de vazios, o posicionamento dos sacos é desencontrado para garantir um intertravamento e, em consequência disto, uma maior densidade no muro. É compactado manualmente com soquetes. As faces externas do muro podem receber uma proteção superficial de argamassa ou concreto magro, prevenindo assim a erosão de ventos e águas superficiais. Figura 22. Muro de sacos de solo-cimento. Fonte: Gerscovich, 2016. Pode se pensar que qualquer solo serve para essa mistura, mas há algumas observações que devem ser levadas em consideração. Quando o solo na sua constituição é mais arenoso (de 59% a 90%), consegue produzir um solo-cimento mais resistente e de baixo custo. Ao contrário dos solos mais argilosos (solos finos), esses exigem um consumo maior de cimento. 40 UNIDADE II │ CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO A matéria orgânica nos solos pode prejudicar as reações de hidratação do cimento e gradualmente reduzir a estabilidade, os solos chamados escuros são os que possuem essa característica, é recomendado diante dos fatos que não seja utilizado. Muro de pneus O muro de pneus se revela uma estratégia flexível, econômica e sustentável dentro dos novos parâmetros para a construção civil. São constituídos de camadas de pneus, amarrados entre si com arame e corda e preenchidos com solo compactado. Esse tipo de utilização aparece como uma solução que eleva a resistência mecânica do material mantendo o custo baixo, se comparado com os materiais convencionalmente utilizados. Segundo Geo-Rio (2000), estes muros podem ser chamados de solo-pneu. Eles têm peso elevado, devem ser construídos em alturas inferiores a 5 m, além de exigirem disponibilidade de espaço para a construção de uma base com largura entre 40 e 60% da altura máxima permitida. Por possuírem estrutura flexível, as deformações são inevitáveis nos dois sentidos (horizontal e vertical), além de serem maiores que em muros como os de concreto e alvenaria. Por isso, não são recomendáveis para estruturas de fundações ou ferrovias. O processo de amarração usualmente é realizado com cordas de polipropileno com 6 mm de diâmetro. Cordas de sisal ou náilon não servem para esse tipo de amarração, pois tem contato direto com o solo. As diversas camadas que formam o muro estão na horizontal e são colocadas de forma que não favoreça os espaços vazios entre os pneus. Deve-se proteger a superfície externa com a aplicação de um revestimento para evitar a erosão do solo que preenche os pneus e diminuir as chances de incêndios. Para realizar esse revestimento, são usadas placas pré-moldadas, blocos de concreto e concreto projetado. A vegetação pode ser também uma opção. Figura 23. Muro de solo-pneu. Fonte: < http://www.fazfacil.com.br/wp-content/uploads/2013/05/muro-arrimo-pneus-300x234.jpg>. Acesso em: 21 dez. 2016. 41 CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO │ UNIDADE II Muro de flexão ou concreto armado Esse tipo de estrutura tem a mesma função dos outros muros, igual proporção de base e altura e pode ser aplicado em aterrosou reaterro, porque estes necessitam de peso extra. O muro de flexão possui uma laje de fundo e outra vertical, é normalmente mais esbelto, tem seção transversal em forma de ‘L’ e função de resistir aos empuxos por flexão. Usualmente, as lajes da base estão entre 50% e 70% da altura do muro. Figura 24. Muro de flexão. Fonte: Adaptado de Gerscovich, 2016. Para muros com alturas superiores a cinco metros, é conveniente a utilização de contrafortes (ou nervuras) para aumentar a estabilidade contra o tombamento (figura 25). Tratando-se de laje de base interna, ou seja, sob o retroaterro, os contrafortes devem ser adequadamente armados para resistir a esforços de tração. No caso de laje externa ao retroaterro, os contrafortes trabalham à compressão. Esta configuração é menos usual, pois acarreta perda de espaço útil a jusante da estrutura de contenção. Os contrafortes são em geral espaçados de cerca de 70% da altura do muro. Figura 25. Muro com contraforte. Fonte: Adaptado de Gerscovich, 2016. 42 UNIDADE II │ CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO Cortina atirantada Segundo Massad (2003), as cortinas atirantadas são muros robustos de concreto armado com taludes verticais ou subverticais. Podem ser empregadas placas de concreto armado com o objetivo de conter encostas de grandes proporções. O acréscimo dos tirantes aumenta a resistência ao cisalhamento do solo. Os tirantes são ancorados no substrato do maciço e podem ser feitos de cordoalhas ou de monobarra. É imprescindível que se associem às cortinas atirantadas um sistema de drenagem para aliviar os efeitos das pressões neutras. O paramento do concreto pode ser constituído de placas isoladas para cada tirante, de placas englobando dois ou mais tirantes ou de cortina única que incorpora todos os tirantes. O que garante a contenção do terreno é a função que o paramento exerce: ser empurrado contra o solo por meio de tirantes. Figura 26. Esquema dos tirantes. Fonte: Massad, 2003. Os projetos possuem características especificas. Portanto, deve-se atentar para: a extensão da parede de concreto armado a ser construída; a profundidade; a quantidade de tirantes que serão utilizados; os tamanhos exatos dos trechos livres; a resistência do concreto; o traço da calda de cimento. Figura 27. Cortina atirantada. Fonte: <http://eipengenharia.com.br/contencoes/>. Acesso em: 29 jan. 2017. 43 CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO │ UNIDADE II A execução em corte é feita de cima para baixo, por meio de patamares. Estes patamares devem ser terminados um a um. É de fundamental importância a presença de horizontes suficientemente resistentes para a fixação dos tirantes e, para tanto, que haja profundidade compatível. Em função do que determina a NBR 5629 (ABNT, 2006), no seu item 4.5 que trata da estabilidade global, pede-se a execução de duas verificações de estabilidade, uma com a consideração dos tirantes e a outra sem a consideração dos mesmos. Para essas duas situações, o coeficiente de segurança deve estar acima de 1,5. Figura 28. Cortina atirantada sendo construída. Fonte: <http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/6/taludes-atirantados-227250-1.aspx>. Acesso em: 29 jan. 2017. Deve-se estar ciente de que esta é uma obra de custos altos, em que a execução demanda tempo e requer qualificação de mão de obra e de equipamentos. 44 CAPÍTULO 2 Pavimentação e drenagem Definição e conceitos Segundo Santana (1993), pavimento é uma estrutura construída sobre a superfície obtida pelos serviços de terraplanagem com a função principal de fornecer ao usuário segurança e conforto com a máxima qualidade e o mínimo de custo. A pavimentação pode ser compreendida como o ato de recobrir uma superfície. Esta cobertura pode ser de diversos tipos, como no caso da pavimentação de ruas, que temos o asfalto, blocos diversos, concreto, asfalto ecológico etc. Para a engenharia, a pavimentação é um conjunto de camadas sobrepostas sobre uma base horizontal, conferindo mais estabilidade e durabilidade à via, para que se possa exercer sua função principal que é facilitar o fluxo de veículos e pessoas. Assim, a pavimentação, tanto urbana quanto rural, se utiliza de vários materiais para sua consolidação, podendo ser pavimentação asfáltica, com calçamento, com pisos interiores, com terra, concreto etc. Conceitua-se como uma estrutura que deve ser elaborada levando em consideração alguns aspectos, como a base do terreno, o clima do terreno, o fluxo esperado, dentre outras. Pavimentação e drenagem não podem ser pensadas separadamente, pois para que sejam alcançados os objetivos da pavimentação, é necessário que a área seja trafegável tanto em tempo de sol, quanto de chuva. As obras de drenagem estão citadas nos projetos por meio de dispositivos hidráulicos como canaletas longitudinais e transversais, pré-fabricadas ou moldadas in loco. Escadarias ao longo dos taludes também exercem essa função, assim como as sarjetas, bocas de lobo (para captação), poços de visita e canalizações tubulares ou celulares. Suas dimensões são definidas a partir do projeto específico. De acordo com a NBR 7207 (cancelada, ABNT, 1982), pavimento é uma estrutura construída após terraplenagem e destinada econômica e simultaneamente, em seu conjunto: » a resistir e distribuir ao subleito os esforços verticais produzidos pelo tráfego; 45 CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO │ UNIDADE II » a melhorar as condições de rolamento quanto à comodidade e segurança; » a resistir também aos esforços horizontais que nela atuam, tornando mais durável a superfície de rolamento. Tipos de pavimentação Os tipos de pavimentação são, basicamente, divididos em três: flexíveis, rígidos e semirrígidos (ou semiflexíveis). O pavimento flexível é indicado para vias de tráfego leve. Sua composição se dá por base, sub-base e revestimento. Diferente dos outros, não leva concreto nem cimento em sua base, apenas brita, solo do local já terraplanado, além de outros materiais que também possam ser utilizados. A base pode ser granular ou não, além de coesiva, utilizando ligante ativo ou asfáltico. É menos resistente a impactos, moldando-se conforme a carga imposta (figura 29). Com o desgaste causado pelas intempéries e pelas imperfeições da base, o pavimento flexível pode apresentar fissuras e deformações, por isso se faz necessária uma boa drenagem, como também uma manutenção constante. Os pavimentos rígidos têm como base o concreto e o cimento. São indicados para vias em que o tráfego seja intenso, pois possuem resistência às cargas empregadas, absorvendo bem a tensão e as cargas externas e apresentando pouca ou nenhuma deformação (figura 29). Por sua vez, os pavimentos semirrígidos (ou semiflexíveis) estão no ponto intermediário entre pavimentos rígidos e flexíveis. Têm como base uma camada de cimento recoberta de asfalto, então apresentam propriedades intermediárias em relação à resistência, deformação e absorção das tensões (figura 30). Figura 29. Pavimento rígido e flexível. Fonte: <http://edificacoes13.blogspot.com.br/2012/10/pavimentos.html>. Acesso em: 05 jan. 2017. 46 UNIDADE II │ CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO Figura 30. Pavimento semirrígido. Fonte: <http://www.ecivilnet.com/dicionario/o-que-e-pavimento-semi-rigido.html>. Acesso em: 05 jan. 2017. Drenagem superficial e subsuperficial em pavimentação A água é a grande preocupação da construção civil. Quando se fala em drenagem em pavimento, se tenta evitar certos problemas gerados pelo fluxo de água, como a saturação e os fluxos internos gerados pelas altas forças de percolação ou subpressão. Esta saturação ou longos períodos de chuva, por exemplo, podem causar o amolecimento das camadas da base. A umidadeexcessiva traz a desagregação e o trincamento dos materiais, o carregamento e migração de partículas de solo para um ponto de saída, proporcionando a erosão. Ao longo do tempo, nas observações relacionadas ao desgaste do pavimento, percebe- se que a falta de drenagem subsuperficial é um dos fatores que aumentam a ocorrência da exteriorização precoce dos pavimentos. A deterioração do pavimento pelo excesso de umidade, apesar de diferente para cada estrutura rígida ou flexível, deve ser tratado da mesma maneira, utilizando conceitos básicos de drenagem e sistemas de hidráulica aplicada. As águas de chuva são a principal causa do excesso de umidade no pavimento, acontece pela infiltração através das trincas e juntas, uma grande quantidade entra pela junta longitudinal do acostamento. Se os revestimentos empregados na construção foram diferentes, como, por exemplo, pista de concreto de cimento Portland e revestimento de concreto asfáltico, de qualquer forma a água também penetra pelas trincas e valetas laterais do acostamento e do canteiro central não totalmente impermeabilizados. 47 CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO │ UNIDADE II Figura 31. Caminhos da água no pavimento. Fonte: <http://ltgouveia.blogspot.com.br/2012/01/pista-seca.html>. Acesso em: 30 jan. 2017. A umidade pode ser controlada por meio do controle das características geométricas, como declividade longitudinal e transversal, tipo de declividade do acostamento, selagem e resselagem de trincas (pavimentos asfálticos), posicionamento de juntas e selagem e resselagem destas incluindo as trincas em pavimento de concreto Portland. Os fatores que influenciam na infiltração de elevada quantidade de água no pavimento estão relacionados com o clima, a intensidade pluviométrica, o lençol freático, o tipo e a condição do pavimento, além de ainda poder ser oriunda do vapor, dependendo do volume de vazios e do gradiente de temperatura, assim como a má drenagem superficial. Para evitar tantos transtornos na pavimentação, deve-se manter um rígido controle sobre ela, com a selagem apropriada da superfície, a utilização de materiais poucos sensíveis à umidade e, o mais importante, o estabelecimento de um sistema de drenagem para retirar o excesso de umidade de forma rápida, evitando a infiltração. Apenas o sistema de drenagem subsuperficial não é suficiente para tornar o pavimento uma estrutura drenante. Será necessário que o projeto faça uma adequação entre o sistema proposto e os materiais utilizados, analisando a maneira como será construído o pavimento, sem esquecer a manutenção ao ser concluída a obra. O sistema superficial de drenagem também necessita interagir com os materiais que serão utilizados na construção do pavimento, os métodos e avaliação de projeto, a implantação dos elementos de escoamento das águas superficiais (canaletas, valetas e caixas de captação ou sarjetas). A água deve ser conduzida, em seguida, para um local de armazenamento. O objetivo alcançado é a diminuição das erosões na superfície das encostas e inclinações do 48 UNIDADE II │ CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO terreno, assim como a redução dos efeitos desfavoráveis da saturação do solo sobre a resistência do mesmo. Todo esse cuidado com a drenagem superficial e subsuperficial serve para evitar o enfraquecimento da estrutura, aumentando ainda mais a deterioração causada pelas solicitações de tráfego. Figura 32. Drenagem superficial em rodovias. Fonte: <http://www.acodrenagem.com.br/rodovias/>. Acesso em: 06 jan. 2017. Com o objetivo de construir uma estrutura que possa suportar as cargas de tráfego, proporcionando um bom rolamento, é necessário que a base, a sub-base, o subleito e todas as camadas seguintes estejam livres da saturação. Elementos para drenagem na pavimentação bueiros Os bueiros compõem a passagem de água que ultrapassam as rodovias. São compostos de bocas e corpo, sendo que o último é a parte localizada abaixo de cortes e aterros. Já as bocas são os elementos de admissão e lançamento. A troca por uma caixa coletora é feita quando o nível da água estiver abaixo da superfície do terreno. Os bueiros possuem diversas formas, podem ser tubulares (seção circular) e celulares (seção retangular) entre as principais, podendo haver perfis especiais (elipses e ovoides), definidos a partir do número de linhas simples, duplo e triplo, (ou seja, com uma, duas ou três linhas) respectivamente, construídos em concreto simples, armado, chapa metálica corrugada ou polietileno de alta densidade (PEAD), além do plástico reforçado de fibra de vidro (PRFV). » Valetas de proteção de corte: Utilizadas em drenagem superficial, essas valetas detêm as águas que escoam à montante do talude de corte, 49 CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO │ UNIDADE II impedindo a saturação do solo, que levaria a sua ruptura, causando danos às rodovias ou acidentes. Possuem seções trapezoidais, retangulares ou triangulares, sendo que os retangulares são recomendados para cortes em rochas e os trapezoidais tem maior eficiência na hidráulica, por facilitar a execução. A escolha do revestimento se dá a partir da velocidade de escoamento e do tipo de solo natural. É sempre necessário, principalmente se o terreno for permeável, podendo ser de concreto, alvenaria de tijolo ou pedra, pedra arrumada ou vegetação. » Valetas de proteção de aterro: Interceptam as águas da parte superior do aterro e impedem que cheguem ao pé do aterro, conseguindo assim evitar a erosão do solo. Além disso, conduzem as águas das valetas de corte e sarjetas, levando-as para alguns dos dispositivos disponíveis. As valetas de proteção de aterro devem sempre estar próximas ao pé do talude de aterro, com uma distância aproximada de 2,0 a 3,0 metros. O material resultante da escavação deve ser depositado entre o pé do talude de aterro e a valeta, sendo apiloado manualmente para que seja suavizado o cruzamento das superfícies do talude de aterro. As seções usualmente usadas são as trapezoidais ou retangulares, geralmente são revestidas com materiais iguais às de corte. » Sarjetas de corte: São de fundamental importância em todos os cortes localizados à margem dos acostamentos. São condutores longitudinais das águas que caem sobre o talude de aterro e as plataformas da rodovia, levando as águas para caixas coletoras ou outro dispositivo de vazão segura. Possuem seção triangular, evitando assim acidentes, trapezoidal e, para grandes vazões, indica-se a retangular. Por conta da facilidade de execução, as sarjetas são revestidas em concreto, alvenaria de tijolo ou de pedra argamassada, pedra arrumada e revestida ou apenas vegetal. » Sarjetas de Aterro: São praticamente iguais às de corte, têm a função de evitar a erosão do aterro, ficam localizadas nas bordas dos acostamentos, conduzem as águas captadas sobre o pavimento e levam até a descida ou outro local. Possuem seção triangular, trapezoidal ou retangular. Uma das mais utilizadas é composta pelo desnível criado entre o meio fio e o pavimento (uma seção triangular). Assim é formado o meio-fio de sarjeta, construído em concreto, CBUQ, solo betume, solo cimento ou solo. 50 UNIDADE II │ CONTENÇÃO, PAVIMENTAÇÃO E ATERRO » Valeta de Canteiro Central: Geralmente utilizadas em pistas duplas, são divisores de pista, tem o objetivo de levar longitudinalmente as águas que recaem sobre ela. Essas águas são lançadas nas caixas coletoras ou bueiros de greide. Esse tipo de valeta possui seções trapezoidais, semicirculares ou outros tipos em caso de insuficiência hidráulica. O revestimento pode ser de qualquer tipo, de acordo com os citados acima nos outros elementos. » Descida d’água: Somente são implantadas quando as valetas e sarjetas atingiram seu
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