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Avaliação do equilíbrio do casco equino

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AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO DO CASCO EQUINO 
 
 
Carmem Estefânia Serra Neto Zúccari1 
Monica Yurie Machado Shiroma2 
Beatriz Ramos Bertozzo3 
 
1 Médica Veterinária. Profa. Dra. Departamento de Zootecnia – 
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Universidade Federal 
de Mato Grosso do Sul – UFMS. Caixa Postal 596 – 79.070-900 – 
Campo Grande / MS. E-mail: zuccari@nin.ufms.br 
 2,3 Graduanda em Medicina Veterinária - Faculdade de Medicina 
Veterinária e Zootecnia – Programa Institucional de Iniciação Científica 
- Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS. Caixa Postal 
596 – 79.070-900 – Campo Grande / MS. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Historicamente o cavalo vem sendo erroneamente associado apenas às 
elites. A literatura sobre a eqüinocultura brasileira é escassa e resulta de 
esforços isolados de pessoas envolvidas com as atividades relacionadas à 
criação, treinamento e utilização dos cavalos. O primeiro levantamento sobre a 
indústria do cavalo no Brasil foi feito por pesquisadores do Centro de Estudos 
Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de 
Queiroz”, da Universidade de São Paulo (CEPEA/ESALQ-USP), a pedido da 
Comissão Nacional do Cavalo - Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento (MAPA), mediante celebração de um convênio de parceria para 
a elaboração de um estudo detalhado sobre a dimensão do Complexo do 
Agronegócio Cavalo (Lima et al., 2006). 
O Brasil possui o terceiro maior rebanho eqüino do mundo, com cerca de 
6 milhões de animais, atrás apenas da China e México. Contudo, segundo 
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2007), referente 
ao período de 1994 a 2004, se observa uma clara tendência de redução do 
efetivo eqüino no país. No Brasil o Agronegócio Cavalo resulta numa 
movimentação econômica de R$ 7,5 bilhões anuais, sendo que cerca de R$ 4 
bilhões com cavalos destinados a lida com bovinos, principal uso do cavalo no 
país, cujo rebanho é composto por 5 milhões de cabeças. Entre 1990 e 2003 a 
tropa se deslocou em direção às regiões Centro-Oeste e Norte, fruto da alta 
correlação entre os rebanhos bovino e eqüino (r = 0,74; IBGE, 2007). 
O Brasil é o quinto maior exportador de carne eqüina do mundo (12,6%), 
sendo os principais a Argentina (21,9%), Canadá (19,1%), Polônia (17,7%) e 
USA (15,8%). O setor no país vem apresentando um crescimento médio anual 
de 13,8%. Na exportação de cavalos vivos o Brasil ocupa a 31ª. posição 
mundial (0,11% do mercado) e nas importações 0,06%. O número de animais, 
coberturas e embriões leiloados apresentou aumento de 123% de 1995 a 2004, 
sendo o crescimento do volume financeiro no período de 430%. A região 
Centro-Oeste teve 220 remates com 6.155 animais negociados. No tocante a 
mão-de-obra a ocupação direta é de aproximadamente 645.000 pessoas, 
sendo que para cada emprego direto outros quatro indiretos são gerados (Lima 
et al., 2006). 
Além de atleta o cavalo é considerado um sobrevivente, pois ao longo 
dos últimos 50 milhões de anos não apenas superou várias transformações 
climáticas e ambientais como se adaptou e evolui morfologicamente. Quando 
se tratava de um animal com cerca de 60 cm de altura seu apoio se dava sobre 
quatro dedos, mas à medida que as mudanças foram se sucedendo, surgiu à 
necessidade de desenvolver maior velocidade para fugir dos predadores em 
campos abertos. Com isso o terceiro dedo se aperfeiçoou e tornou-se seu 
principal componente de sustentação. 
Dentre as inúmeras abordagens possíveis relativas ao mundo do cavalo, 
optou-se pelo equilíbrio do casco, considerando a veracidade do adágio 
popular – NO FOOT, NO HORSE, ou seja, sem casco, sem cavalo. Portanto, 
frente à importância dos cascos, para que possamos desfrutar das inúmeras 
possibilidades de trabalho e lazer que os eqüinos proporcionam, vamos fazer 
uma breve referência à sua anatomia, nomenclatura zootécnica, equilíbrio do 
casco, casqueamento e ferrageamento. 
 
 
 
ANATOMIA E NOMENCLATURA ZOOTÉCNICA DO CASCO 
 
O casco é o estojo córneo que confere proteção e sustentação à 
extremidade do membro eqüino. Quando em equilíbrio possibilita o 
amortecimento do impacto, a partir da dissipação do choque que o casco sofre 
ao tocar o solo, por isso deve ser um objeto de atenção permanente. Três 
camadas formam a parede do casco: estrato externo, estrato médio e estrato 
interno. O estrato externo superficial é uma camada córnea espessa, o médio 
consiste de túbulos córneos e tecido córneo intertubular, dando volume à 
parede e, o estrato interno é responsável por ligar o casco ao cório, por meio 
de ramificações de lâminas microscópicas. O estrato médio pode ou não 
apresentar-se pigmentado. A presença da pigmentação não confere resistência 
a fraturas da queratina do casco, não altera o comportamento frente à força-
pressão ou propriedades de força máxima entre cascos pigmentados ou não. 
Portanto, a crença popular de que cascos pigmentados são mais fortes que os 
não pigmentados não se confirma (Stashak, 2006). 
 Zootecnicamente, o casco se divide em três áreas: parede ou muralha, 
sola, ranilha e suas subdivisões (Fig. 1). 
 
 
Figura 1. Esquema do casco anterior com indicação de suas partes 
Fonte: Adams (1987) 
 
A coroa é uma intumescência sensível que forma a parte superior do 
casco. A muralha estende-se da coroa ao solo e deve ser simétrica de um lado 
a outro e da coroa até o bordo solear, sendo dividida em pinça, correspondente 
à sua porção anterior, quartos medial e lateral e talões medial e lateral. 
A muralha apresenta uma espessura entre 0,2 a 0,5 cm, cresce cerca de 
8 a 10 mm por mês e leva de 9 a 12 meses para se renovar completamente 
(Melo et al., 2006). O crescimento é mais lento nos climas frios e em ambientes 
secos. Como a muralha cresce uniformemente no sentido distal à epiderme 
coronária, a parte mais jovem e mais elástica do casco se encontra nos talões, 
portanto esta região ajuda na expansão dos talões durante a concussão. 
A sola é a superfície inferior do casco que deve ser côncava, pois sua 
função não é suportar o peso do animal. Sua espessura é de cerca de 1,27 cm 
e contém 33% a mais de água que a muralha, portanto menos resistente. É um 
aparelho fibroelástico que amortece os choques durante o trabalho e é 
constituída pela ranilha, talões, barras, linha branca e superfície solear da 
parede. No ponto em que se une à muralha, a sola apresenta um sulco 
denominado de linha branca, que por uma inflexão em nível de talões se volta 
para o centro da sola formando as barras. O cório sensível está imediatamente 
interno à linha branca que serve como marcador para determinação da posição 
e do ângulo dos cravos a serem introduzidos nas ferraduras dos eqüinos 
(Stashak, 2006; Thomassian, 2005). 
Uma substância córnea elástica que parte dos talões e avança para o 
centro da sola e termina num vértice ou ápice, forma a ranilha, uma cunha que 
deve ser proeminente e estar longe do solo em aproximadamente 12 mm. É 
mais macia do que as demais partes do casco por conter 50% de água 
(Stashak, 2006). Sua função não está bem definida, mas durante a locomoção 
dissipa a compressão sobre a face solear, distribuindo o impacto que recebe 
aos demais componentes do aparelho fibroelástico do casco (Thomassian, 
2005) e parece auxiliar na irrigação sanguínea de seu interior (Melo et al., 
2006). 
 
EXAME DO CASCO 
 
 O avanço nas técnicas de diagnóstico por imagem permite um exame 
detalhado dos cascos dos eqüinos, através de equipamentos modernos de 
raio-X, radiografia computadorizada, ultra-sonografia, tomografia 
computadorizada, cintilografia nuclear, termografia e ressonância magnética. 
No entanto, esses exames são dispendiosos e de difícil acesso, em vista disso 
enfatiza-se a importância de um exame acurado dos cascos com o animal a 
campo (Moyer, 2005). 
 O exame a campo deve ser precedido por uma boa anamnesecom 
informações sobre possíveis problemas, as atividades às quais o cavalo é 
submetido, o ambiente em que vive e tipo de casqueamento e ferrageamento. 
O exame é constituído pela avaliação externa do casco, do seu equilíbrio e 
pela pesquisa da presença de dor (Turner, 2008). 
Os equipamentos mínimos necessários para se fazer um bom exame 
dos cascos a campo incluem pinça de casco, rinetas e sondas flexíveis para 
avaliação de fissuras e cavidades (Moyer, 2005). 
O exame completo do casco dos eqüinos será descrito a seguir, de 
acordo com os procedimentos preconizados por Turner (2008). 
Deve-se iniciar pela avaliação subjetiva do tamanho e formato do casco, 
comprimento da pinça e dos talões, alinhamento do eixo podal entre quartela e 
muralha e, posicionamento do casco em relação ao membro. O animal deve 
ser observado a uma distância que permita a análise simultânea dos quatro 
membros e sob todos os ângulos, ou seja, visto de frente, pelas laterais e por 
trás. 
 Ao observar o cavalo pela frente o examinador deve avaliar a simetria e 
o alinhamento dos cascos em relação aos membros, isso é feito traçando-se 
uma linha imaginária da ponta da paleta até o chão, e esta deve dividir o 
membro e o casco ao meio (Fig. 2). A faixa coronária deve ser reta e manter 
um paralelismo com a superfície do casco em contato com o solo (Fig. 3). 
 
 
 
Os próximos fatores a serem observados são: o alinhamento do casco, 
avaliado através do ângulo da pinça (Fig. 4), que deve ser entre 50º a 55º e do 
eixo podal (Fig. 5). Quando o cavalo é visto de frente o eixo podal deve formar 
uma linha reta e lateralmente deve ser paralelo ao ângulo formado pela pinça. 
 O formato e o nivelamento dos cascos são características de suma 
importância. Os cascos anteriores têm formato circular, enquanto os 
posteriores são ovais. Deve-se dar atenção às possíveis diferenças no 
comprimento e largura dos cascos. O nivelamento é determinado pela 
superfície do casco em contato com o solo, que deve ser plana. Para finalizar a 
avaliação o animal deve ser inspecionado pelos lados e por trás, com o objetivo 
de averiguar o apoio dos talões. 
 
 
 
 
Figura 2. Alinhamento entre cascos e 
membros. Fonte: Buttler (1994) 
 Figura 3. Paralelismo entre coroa e 
solo 
 
 
 
 
 
 
Figura 4. Medida do ângulo da muralha 
com podogoniômetro. Fonte: Adams 
(1987) 
 Figura 5. Eixo paralelo entre muralha e 
quartela. Fonte: O´Grady (2008) 
 
 A segunda parte do exame consiste do exame do animal em estação e, 
após erguer o membro, avaliar a sola e demais estruturas. 
 
Exame do Animal em Estação 
 O examinador deve começar pela palpação da quartela em busca de 
qualquer alteração, como aumento de temperatura local, dor ou edema e, 
simultaneamente, os tendões e ossos também deve ser avaliados. Ao palpar 
essa região se pode sentir um pequeno pulso proveniente da artéria digital, 
porém um aumento na intensidade deste pode indicar alterações inflamatórias. 
 Segue-se palpando a coroa, que apresenta uma consistência esponjosa, 
e as cartilagens alares, que apresentam limites palmar/plantar e proximal bem 
definidos e o examinador deve analisar a espessura, a densidade e a 
flexibilidade das cartilagens porque são bons indicativos da flexibilidade do 
casco. 
 A muralha do casco é observada em busca de rachaduras, fissuras, 
protuberâncias, crescimentos anormais, aumento de temperatura local e 
fraturas com perda de porções da parede. O casco pode conter anéis, que 
quando são concêntricos geralmente indicam estresse metabólico, como febre 
ou mudança radical na dieta, enquanto os divergentes sugerem um quadro de 
laminite. Se o animal for ferrado observar a saída dos cravos na muralha, que 
não deve ser muito alta, pois aumenta a possibilidade de invasão do tecido 
sensitivo. 
 
Exame do Animal com o Casco Elevado do Solo 
 Nesta etapa o examinador deve posicionar o membro do animal entre 
suas pernas, como se fosse ferrá-lo. Para uma visualização adequada é 
importante que se faça uma boa limpeza do casco com a rineta para a retirada 
de sujidades e debris. Em seguida são feitas as avaliações do tamanho, 
formato e consistência da ranilha, que deve se apresentar em forma de cunha 
e possuir uma consistência fibroelástica (Thomassian, 2005). Os sulcos da 
ranilha são avaliados quanto a largura e a profundidade que deve ser rasa, não 
excedendo 1 cm. 
Com a pinça de casco são aplicadas percussão e pressão na muralha e 
na sola para detectar qualquer reação local. A pressão inicial deve ser leve, 
começando de um lado do casco e se estendendo por todo o contorno da sola. 
O tamanho da pinça de casco utilizada, a pressão exercida pelo examinador e 
o temperamento do animal influenciam a resposta, portanto cabe ao 
profissional avaliar a ocorrência ou não de uma reação dolorosa frente a esses 
fatores. 
 O próximo passo é avaliar as barras e a sola em busca de fissuras, 
perfurações e hematomas. A sola deve ser côncava e ao ser pressionada com 
os dedos não deve ceder. A linha branca separa as porções não sensitiva da 
sensitiva do casco e serve como ponto de referência durante o casqueamento. 
Ela é mais larga na região da pinça e vai se tornando mais estreita ao se 
aproximar dos talões. 
 Para finalizar o exame o profissional deve soltar o membro do animal e 
permitir que este toque o solo naturalmente e depois são realizados testes de 
flexão e extensão para avaliar a movimentação da articulação. Podem ser 
realizados movimentos de rotação da quartela em torno do seu eixo, sendo que 
normalmente só é possível movimentar de 10 a 15 graus para cada lado. 
 Se o cavalo for ferrado o exame é complementado por uma avaliação da 
adequação da ferradura ao casco e a pinça de casco deve ser utilizada para 
fazer uma leve pressão na saída de cada cravo na muralha com o objetivo de 
verificar a presença de reações dolorosas. 
A melhor maneira de se realizar um exame detalhado dos cascos é 
através da remoção das ferraduras, mas isso não deve ser feito sem antes 
avaliar o cavalo em movimento. 
 
Exame do Animal em Movimento 
 Deve ser realizado numa superfície firme e plana e pode ser feito com o 
animal sendo puxado ou montado, sendo que a última opção oferece uma 
variedade maior de movimentos. O cavalo deve ser observado de todos os 
lados, primeiramente ao passo e depois ao trote, o que permite uma boa 
avaliação da dinâmica da locomoção do animal. 
 Outros métodos úteis são a avaliação do animal após um exercício de 
maior intensidade, análise da resposta após a mudança de superfície de apoio, 
avaliação da movimentação dos membros e pressão intermitente com pinça de 
casco após o trote. 
BIOMETRIA DO CASCO 
 
Os membros dos eqüinos os sustentam durante o repouso e permitem o 
seu deslocamento em diferentes velocidades durante os vários andamentos. 
Há uma nítida divisão do peso entre os membros anteriores e posteriores, onde 
cerca de 60% dele são distribuídos entre os anteriores e 40% recaem sobre os 
posteriores. Teoricamente, o casco crescerá simetricamente se o peso for 
distribuído igualmente, tanto no sentido médio-lateral como antero-posterior, 
para um mesmo casco e entre os cascos contralaterais (Turner, 1992). 
Butler (1994) relata que uma distribuição desigual das forças vertical e 
horizontal compromete o suprimento sangüíneo do casco, com isso ocorre uma 
remodelação da falange distal, bem como uma distorção da simetria do casco. 
Defeitos de conformação corporal, dos membros e/ou de equilíbrio dos 
cascos são as principais causas de claudicação nos eqüinos. O casqueamento 
e ferrageamento incorretos são fatores estreitamente relacionados à perda de 
equilíbrio (Melo et al., 2006). Equilíbrio é definido genericamente como o ajuste 
harmonioso das partes, mas no caso específico do casco se refere a uma 
distribuição uniforme do peso ao redor do centro de gravidade dos cascos. No 
cavalo idealos centros de gravidade do membro e do casco devem ser 
idênticos (Butler, 1994). 
 
 
 
Figura 6. Casco bem conformado com 
largura e comprimento equilibrados Fonte: 
O´Grady (2008) 
 Figura 7. Centro de gravidade do 
casco eqüino. Localização do 
Duckett´s Dot. Fonte: Buttler (1994) 
 
O centro de gravidade do casco se situa a 0,95 – 1,90 cm atrás do ápice 
da ranilha, devidamente aparada (Fig. 6). Este ponto pode ser considerado 
como referência ao se proceder com o corte corretivo do casco, ajustando sua 
largura e comprimento. Esse ponto é conhecido como Duckett´s Dot e sob ele 
encontra-se o centro de inserção do tendão flexor digital profundo na falange 
distal (Fig. 7). 
Existem duas formas para se avaliar o equilíbrio do casco: geométrico 
ou estático e funcional ou dinâmico. O equilíbrio geométrico se refere à simetria 
de alinhamento entre o membro e o casco, avaliando-se o animal em estação. 
Considerando a máxima de que a função segue a forma, o balanço geométrico 
do casco deve ser analisado em primeiro lugar. O equilíbrio dinâmico se refere 
ao apoio do membro no solo durante o movimento (Butler, 1994). 
Para a avaliação objetiva do equilíbrio dos cascos são usadas 11 
medidas que podem ser realizadas de forma simples e rápida (Turner, 1992). 
Usando uma fita milimetrada sete delas são referentes às medidas de 
comprimento do casco, quais sejam: medial e lateral dos talões; medial e 
lateral dos quartos; dorso-medial e dorso-lateral da pinça e sagital da pinça. 
Além destas mede-se o comprimento e largura da ranilha. A circunferência do 
casco é tomada imediatamente abaixo da coroa. O ângulo do casco é 
mensurado por intermédio do podogoniômetro, também conhecido como 
gabarito. A partir das medidas da ranilha pode ser calculada sua proporção que 
é dada pela razão entre a largura (cm) / comprimento (cm). 
Em artigo de revisão Melo et al. (2006) descrevem como os cascos 
desequilibrados interferem na dinâmica normal da locomoção e produzem 
claudicação. Os autores apresentam também um esquema gráfico com 
algumas medidas do casco eqüino a serem obtidas para se avaliar seu 
equilíbrio (Fig. 8). 
 
 
Figura 8. Principais medidas para avaliação do equilíbrio do casco eqüino. CPC – 
comprimento da parede medial ou lateral do casco (quartos); CP – comprimento da 
pinça; aP – ângulo da pinça; AT – altura do talão; LR – largura da ranilha; CP - 
comprimento da ranilha; CC – comprimento do casco; LC – largura do casco. Fonte: 
Melo et al. (2006) 
 
 
Numerosos fatores contribuem para o equilíbrio do casco. Medidas 
ideais não foram definidas, mas alguns referenciais são encontrados na 
literatura. Lazzeri (1992) descreve medidas consideradas como perfeitas para o 
casco eqüino (Fig. 9). 
 
 
Figura 9. Casco com medidas perfeitas de acordo com Lazzeri (1992) 
 
Balch et al. (1991) relatam que o comprimento da pinça é estimado em 
função do peso corporal. No entanto, outras características do casco também 
devem ser consideradas como espessura e durabilidade, tipo de andamento e 
atividade desempenhada pelo cavalo. A Tab. 1 apresenta diretrizes para o 
comprimento da pinça tendo como base o peso do animal. 
 
Tabela 1. Diretrizes para comprimento da pinça de acordo com o peso vivo 
Tamanho cavalo Peso vivo (Kg) Comprimento pinça (cm) 
Pequeno 360 – 400 7,60 
Médio 425 – 475 8,25 
Grande 525 – 575 8,90 
Fonte: adaptado de Turner (1992) 
 
 Cavalos podem apresentar um comprimento excessivo da pinça em 
relação ao seu peso corporal. Em decorrência disso ocorrem alterações na 
dinâmica da locomoção dos membros torácicos, dentre elas o atraso na 
elevação dos cascos pelo aumento da força de alavanca proporcionado pela 
pinça mais longa, maior flexão do casco, quartela e articulação do boleto para o 
avanço do membro e a concentração do impacto na região da pinça (O´Grady 
e Poupard, 2001). Por outro lado, pinças curtas são acompanhadas de talões 
altos e essa associação induz a uma retirada mais precoce do casco do solo 
com uma aterrissagem em ângulo muito agudo, portanto um andamento mais 
incômodo para o cavaleiro pelo aumento do impacto que, por sua vez, poderá 
levar às patologias da região (Stashak, 2006). 
A angulação do casco indica a inclinação da parede em relação ao solo. 
Este ângulo da parede dorsal varia consideravelmente entre os cavalos, sendo 
a média entre os anteriores de 50 a 54º e nos posteriores 53 a 57º. Este ângulo 
deve coincidir com a inclinação da porção dorsal da quartela. A relação entre a 
inclinação do casco e quartela é denominada eixo podal ou podofalangeano. 
Ângulo do casco ≥ 54° é praticamente consenso no que tange a sua saúde, 
pois este é geralmente encontrado sob condições naturais nos animais 
selvagens. Valores inferiores são desgastantes para músculos, tendões e 
ligamentos, além de alterar a distribuição do peso ao longo da pinça (Melo et 
al., 2006). Diferenças de angulação entre cascos contralaterais acarretam 
sérios problemas, desde leve luxação das falanges, formação de anéis em toda 
a muralha do casco, alterações na sola e bulbos, além da protrusão da faixa 
coronária (Redden, 1988 citado por Melo et al., 2006). 
Maranhão et al. (2007) realizaram a avaliação biométrica do equilíbrio 
podal de eqüídeos de tração e constataram que embora a diferença de 
angulação da pinça entre membros contralaterais não tenha sido significativa, 
46,5% dos animais apresentaram diferenças variando entre os graus 1 a 3 
(escala de 1 a 4 segundo Redden, 1989 citado por Melo et al., 2006). Os 
autores atribuíram o fato à execução incorreta das práticas de casqueamento e 
ferrageamento. Canto et al. (2006) encontraram ângulos de pinça com valores 
entre 45 e 58°. A diferença deste ângulo entre membros contralaterais foi 
identificada em 23,71% dos cavalos avaliados. 
Cavalos com ângulo do casco entre 50 e 55° vão apresentar talão 
escorrido quando a relação entre os comprimentos da pinça e talão for menor 
que 3:1. Na prática o contato entre o talão e o solo deve ocorrer na região da 
base da ranilha. 
O ângulo do casco tem relação estreita com o ângulo da paleta. 
Paganela et al. (2008) tomaram essas medidas em cavalos da raça Crioula 
participantes da Prova de Andadura do Freio de Ouro. Observaram que as 
melhores notas foram obtidas pelos grupos de animais com cascos mais 
equilibrados, ou seja, aqueles em que a diferença entre os ângulos do casco e 
paleta variou de 2 a 4°. 
Em geral, a literatura descreve seis alterações do equilíbrio podal, sendo 
elas: quebra do eixo podal; talão escorrido; talão contraído; talão desnivelado; 
talões com ângulos desiguais; cascos pequenos (Turner, 1992). 
 
 
 
Figura 10. Quebra do eixo podal. Fonte: 
Adams (1987) 
 Figura 11. Eixo podal quebrado para 
trás. Fonte: Curtis (2008) 
 
A quebra do eixo podal (Fig. 10) ocorre quando a inclinação da quartela 
difere daquela do casco. Pode se dar para frente, quando o ângulo do casco é 
maior que o da quartela e, para trás (Fig. 11), quando o ângulo do casco é 
menor que o da quartela. Eixo quebrado para trás ocorre em cerca de 10% dos 
cavalos de esporte, sendo sua freqüência 3,5 vezes maior nos animais com 
defeitos de aprumo. A quebra do eixo podal para frente é observada em 4% 
dos animais com aprumos regulares, enquanto naqueles com defeito sua 
presença é 2,0 vezes superior (Turner, 2008). Canto et al. (2006) relataram, 
para cavalos em treinamento da raça Crioula, uma freqüência de 11,34% de 
cascos com diferença entre os ângulos da quartela e pinça. 
Talões escorridos têm sido assim definidos quando estes apresentam 
um ângulo de 5 graus inferior ao da pinça (Turner, 1992). É o desequilíbrio 
mais comum dos cascos e estudos revelaram que 77% dos casos de 
claudicação estavam associados a talão escorrido e, em cavalos de 
desempenho normal, 52% deles tinham a mesma alteração de equilíbrio. Nos 
cavalos com alterações de aprumo sua incidênciaé 1,5 vezes maior (Turner, 
2008). 
São considerados talões contraídos quando a largura da ranilha for 
menor que 67% do seu comprimento. São detectados em 22% dos animais 
com aprumos regulares enquanto naqueles com algum tipo de claudicação sua 
freqüência aumenta em 3,3 vezes (Turner, 2008). Uma das características mais 
difíceis de avaliar é a habilidade de expansão do casco. Em termos práticos se 
considera que a expansão é normal quando a largura da ranilha corresponde a 
pelo menos 2/3 do seu comprimento que, por sua vez, deve ter 2/3 do 
comprimento do casco. Quando a ranilha é estreita acredita-se que a expansão 
do casco seja reduzida. Canto et al. (2006) fizeram um levantamento da 
ocorrência de alterações de equilíbrio nos cascos de cavalos Crioulos em 
treinamento para provas funcionais. Relataram que 87,62% dos animais 
apresentaram talões contraídos. Os autores relacionaram essa alta incidência à 
associação com pinças longas, cujo valor médio observado foi 8,7 ± 0,6 cm, 
considerado excessivo para animais pesando 411,4 ± 34,8 Kg. Em geral os 
proprietários de cavalos destinados às práticas esportivas detêm maior 
conhecimento sobre os prejuízos que o desequilíbrio dos cascos causará no 
desempenho do seu animal. O mesmo não foi verificado por Maranhão et al. 
(2007) para eqüinos usados em trabalho de tração leve. O percentual de talões 
contraídos foi da ordem de 78,18 para o membro anterior direito e de 72,22 no 
esquerdo, com um valor total de 73,18% computando-se os quatro membros. 
Havendo uma diferença de 0,5 cm entre as alturas medial e lateral, tem-
se o talão desnivelado (Fig. 12). Em cavalos normais esse desequilíbrio é 
observado em 12% deles, já naqueles que desenvolvem algum tipo de 
manqueira a probabilidade de ocorrência dessa alteração é 2,75 vezes maior 
(Turner, 2008). Canto et al. (2006) verificaram que dos 97 cavalos Crioulo em 
atividade esportiva 49,48% destes apresentaram desequilíbrio médio-lateral do 
casco, enquanto Maranhão et al. (2007), para cavalos carroceiros, observaram 
uma incidência de 22,81% e 31,58% de desnivelamento dos talões para os 
membros anteriores direito e esquerdo, respectivamente. 
 
 
Figura 12. Talão desnivelado. Fonte: O´Grady (2008) 
 
Havendo disparidade entre medidas angulares se classifica como talões 
de ângulos desiguais. Esta alteração ocorre em 28% dos cavalos, 
independente da regularidade ou não de seus aprumos (Turner, 2008). 
Por fim, os cascos pequenos são assim considerados quando a relação 
entre peso:área do casco for maior que 78 libras/polegada2, acometendo 2% 
dos cavalos de esporte. Cavalos cuja relação seja ≥ 83 libras/polegada2 têm 
baixíssima probabilidade de solucionar uma claudicação (Turner, 2008). Casco 
pequeno é um problema comumente descrito, particularmente na raça Quarto 
de Milha, sendo uma causa predisponente de claudicação. O prognóstico é 
ruim quando do tratamento da síndrome do navicular. Para o cálculo aplica-se 
a seguinte fórmula: peso cavalo (em libra) x 12,56 / (circunferência coroa (em 
polegada))2. Para valores acima de 78 libras/polegada2 deve se recomendar 
uma redução do peso corporal e/ou a adoção dos cuidados necessários para 
promover a expansão do casco (Turner, 1992). 
 
 
 
CASQUEAMENTO E FERRAGEAMENTO 
 
 Com o confinamento em baias e piquetes o cavalo passou a depender 
da intervenção do homem, por meio do casqueamento e/ou ferrageamento, 
para a manutenção do equilíbrio de seus cascos. De maneira rotineira deve-se 
manter o contorno regularmente arredondado dos cascos dianteiros e 
ligeiramente ovalado nos posteriores, manter a concavidade da sola, barras 
sólidas, ranilha nitidamente acima do solo quando o membro repousa sobre 
superfície lisa e uma inclinação de pinça paralela ao eixo da quartela (Oliveira, 
2006). 
 
Cuidados com o Casco 
 A qualidade do casco eqüino pode afetar diretamente sua utilização nos 
esportes e trabalho. Os criadores devem incluir no manejo de rotina os 
cuidados com os cascos, porque quando enfraquecidos apresentam 
rachaduras, quebram com facilidade e não mantêm a ferradura fixa. Desta 
maneira, comprometem o desempenho das funções de proteção, 
amortecimento, sustentação, impulsão e bombeamento sanguíneo. 
Os principais fatores que influenciam a qualidade do casco são a 
nutrição, hereditariedade, ambiente e casqueamento (Faria, 2009). 
O crescimento e a saúde do casco dependem diretamente da nutrição, 
sendo que a deficiência de minerais, proteínas e vitaminas na dieta afeta a 
queratogênese e o aspecto exterior de todas as partes do casco. Cascos 
escamosos e quebradiços sugerem que o animal apresenta deficiência nas 
substâncias específicas que constituem o casco, como zinco, enxofre, biotina, 
lisina e metionina. 
 Características de conformação e qualidade do casco são herdáveis e 
aspectos indesejáveis são continuamente repassados em algumas linhagens, 
fato observado em cavalos da raça Quarto de Milha e pôneis. 
 Cavalos em vida livre realizam exercício constante e o tipo de habitat 
natural permite o desenvolvimento de cascos saudáveis e adaptados às 
necessidades funcionais do animal. Com a domesticação surgiu a necessidade 
de se adotar cuidados especiais principalmente relacionados ao ambiente em 
que o animal vive, pois sujidades e umidade acumuladas nas baias predispõem 
à podridão dos cascos, principalmente na região da ranilha, pois a sola 
enfraquecida se torna uma porta de entrada para microorganismos 
patogênicos. Existe uma relação estreita entre o desgaste e o estímulo para o 
crescimento dos cascos. 
 
Casqueamento 
 Uma simples alteração nas proporções do casco pode causar 
problemas, como perda do equilíbrio, conseqüentemente, alterações 
mecânicas que influenciam a movimentação do animal. 
 O casqueamento pode ser classificado em preventivo, corretivo e 
terapêutico. O preventivo se caracteriza pela manutenção do equilíbrio, 
sustentação e proteção, com o objetivo de preservar a integridade do casco em 
longo prazo. O corretivo consiste em provocar alterações no casco que afetam 
a postura, a passada e o breakover (intervalo entre a suspensão do talão do 
solo seguido da elevação da pinça). Já, o terapêutico tem como objetivo 
proteger ou dar apoio ao casco, prevenir ou encorajar um movimento em 
particular até que o processo de cura se complete (Stashak, 2006). Neste item 
será abordado o casqueamento preventivo e parcialmente o corretivo. 
 A prática do casqueamento deve começar no primeiro mês de vida do 
potro e os cuidados com essa categoria animal são descritos por O´Grady 
(2008). Do nascimento ao primeiro mês de vida o casco é largo na região da 
coroa e vai se estreitando próximo à superfície de contato com o solo. Esse 
tipo de conformação, ou seja, cascos estreitos e sola pequena fazem com que 
o peso do animal seja sustentado principalmente na região dorsal do casco. 
Nos potros os cascos crescem tanto no sentido distal como se expandem, 
sendo que os exercícios e o casqueamento aumentam a superfície do casco 
em contato com o solo, fazendo com que o animal passe a suportar o peso na 
região palmar/plantar. Após o primeiro mês de vida, a aparência pontiaguda e 
estreita do casco desaparece. 
 O potro deve entrar no programa de casqueamento periódico, ou seja, 
mensalmente, após o primeiro mês de vida. Assim, se habituará a manipulação 
dos membros e facilitará o trabalho do ferrador quando for adulto. A principal 
razão para se casquear nessa idade são as pinças pontiagudas que fazem com 
que o potro realize o breakover pelas laterais da pinça, o que é indesejável. A 
correção desse defeito é feita através do casqueamento, em que se grosa a 
pinça, deixando-a mais quadrada ou reta, pois isso estimula o potro a fazer o 
breakover pelo centro da pinça. 
 A partir do segundo mês de vida a preocupação com a formação de 
cascos com boa estrutura é o principal objetivo, visando àformação de cascos 
espessos, com parede durável e assim garantir uma boa profundidade da sola. 
 A seqüência do casqueamento do potro compreende: limpeza dos 
cascos para a retirada de sujeira e debris; com a rineta não retirar porções 
excessivas da sola, pois esta é fina e pode causar dor, além de futuras 
deformidades flexurais; sempre preservar as barras e; os talões devem ser 
aparados até que a grosa entre em contato com a ranilha. O excesso de 
parede na região da pinça e dos quartos é retirado pelo grosamento e o 
casqueador deve utilizar a grosa ao redor do perímetro do casco para deixá-lo 
arredondado e nivelado, o que parece estimular o crescimento de um casco 
com as características desejáveis. 
 Em condições normais de nivelamento e balanceamento, a parede do 
casco, nos cavalos adultos, tem um crescimento uniforme. A sola e a ranilha 
crescem, geralmente, de forma mais lenta que a parede. A revisão dos cascos 
e o casqueamento devem ser realizados a intervalos de 4 a 6 semanas e a 
limpeza dos cascos de animais estabulados deve ser feita diariamente, 
portanto incluída na rotina de higienização do animal. 
Juliano (2007) descreve o instrumental necessário e os procedimentos 
(Fig. 13) adotados ao se casquear um cavalo adulto. 
 
 
Instrumental para casqueamento 
 
Retirar a sujeira com limpador de cascos 
e avaliar dor, machucados ou brocas 
Desbastar a sola com a rineta, sem retirar 
porções muito extensas 
 
Fazer com cuidado o contorno da linha 
branca retirando o excesso 
Refazer os sulcos central e laterais da 
ranilha 
 
 
Aparar a muralha com a torquês Nivelar a sola e a muralha com a grosa 
 
Grosar a muralha e arredondar o 
contorno do casco 
Observar detalhadamente o nivelamento 
e o ângulo do casco 
 
Finalizar com álcool iodado a 10% Compare o antes (direita) e depois 
(esquerda) 
 
Figura 13. Instrumental e seqüência dos procedimentos para casqueamento de cavalo 
adulto. Fonte: Juliano (2007). Fotos: Hidelberto Valli Petzold e Ernande Ravaglia 
 
Ferrageamento 
O ferrageamento pode ser definido como promotor da saúde funcional 
dos pés, da eficiência biomecânica e ajuda a prevenir patologias como a 
laminite. O domínio das técnicas adequadas de ferrageamento pelo profissional 
é essencial (O'Grady e Poupard, 2001). Para tanto o mercado exige mão-de-
obra especializada. O Brasil possui cerca de 1.900 ferradores, com um 
faturamento mensal bruto em torno de R$ 6.300,00 (90 jogos/mês × R$ 70,00), 
resultando num movimento anual no país de R$ 143.640.000,00 (Lima et al., 
2006). 
 A colocação da ferradura respeita princípios básicos como equilíbrio do 
casco, estático e dinâmico, alinhamento de pinça e talões, equilíbrio dorso 
palmar/plantar e médio-lateral, comprimento do casco, nivelamento da parede, 
concavidade da sola, forma e simetria entre os pares anteriores e posteriores 
(Stashak, 2006). 
 
 Seleção da Ferradura 
 A escolha do tamanho da ferradura é um ponto essencial do 
ferrageamento e a medida não é determinada somente em função do tamanho 
real do casco, mas de acordo com o formato ideal que este deve ter (Oliveira, 
2006). A ferradura deve ser forte o suficiente para sustentar o peso do eqüino e 
ser a mais leve e simples possível desde que forneça a tração, proteção e 
sustentação adequadas para o trabalho a ser executado (O'Grady e Poupard, 
2001). 
 Os ferrageamentos a quente ou a frio são métodos usados para dar 
forma e aplicar as ferraduras. No procedimento a quente se faz uso da forja 
para aquecer (fornalha) e moldar (bigorna) a ferradura de acordo com o casco 
do animal, podendo ou não preparar guarda-cascos laterais ou frontais. Na 
aplicação a frio o ferrador dá forma à ferradura utilizando apenas uma bigorna 
e a aplica sem aquecê-la (Stashak, 2006). 
 O material das ferraduras deve ser escolhido com cautela, buscando-se 
durabilidade, facilidade de manipulação e principalmente peso adequado, pois 
poderá afetar de forma negativa a passada e a agilidade do eqüino. O material 
mais comumente usado é o aço, geralmente denominada como ferradura de 
ferro, por ser fácil de dar forma e ainda ser durável. Em animais de corrida a 
ferradura de alumínio também é utilizada por seu baixo peso (Stashak, 2006). 
O fundamental é que a ferradura seja sempre do número e tamanho 
apropriados para o casco. 
Palmilhas de plástico são utilizadas com fins terapêuticos podendo ser 
coladas ao casco de animais com laminite ou que apresentem dor extrema, 
quando a parede apresenta-se muito lesionada ou fraca o suficiente para não 
suportar os cravos de maneira segura. Ligas de titânio já foram utilizadas como 
material para a confecção de ferraduras por ser um elemento resistente à 
corrosão, apresentar a força do aço e ser quase tão leve quanto o alumínio, 
mas sua utilização ganhou pouca popularidade, pois as ferraduras precisam 
ser trabalhadas no calor e quando aquecido o titânio libera gases tóxicos, além 
de ser extremamente escorregadio em concreto e piso (Stashak, 2006). 
 
Ajuste e Fixação da Ferradura 
 A ferradura deve ser justaposta ao casco da região da pinça aos 
quartos, e então deve ser mais larga do que o casco, dos quartos aos talões 
seguindo sempre a forma natural do casco previamente preparado (O'Grady e 
Poupard, 2001). No caso do casco parecer pequeno, com tendência 
espontânea a se fechar, é preciso escolher uma ferradura longa, que 
ultrapasse um pouco as laterais, para favorecer a expansão da parede do 
casco. Ao contrário, se tender ao alargamento, é preciso uma ferradura mais 
justa (Oliveira, 2006). 
 Quando observado de cima o casco apoiado no solo, a ferradura deve 
ser visível entre 0,16 a 0,32 cm para trás dos talões, permitindo desta forma o 
seu adequado crescimento e expansão. Para não comprometer a expansão 
dos talões, o último cravo não deve ultrapassar a zona de curvatura máxima 
dos quartos (Oliveira, 2006). A utilização de ferraduras curtas não fornece 
apoio adequado podendo resultar em talões escorridos (Stashak, 2006). 
 Para que a ferradura seja solidamente fixada é preciso que o casco 
esteja em equilíbrio e os cravos estejam bem presos (Fig. 14). De acordo com 
o caso, a ferradura pode ser fixada com seis, sete ou oito cravos (Oliveira, 
2006). 
 
 
Figura 14. Ferradura simetricamente fixada. Fonte: Curtis (2008) 
 
 O cravo deve penetrar o casco pela linha branca e sua cabeça deve ser 
encaixada com firmeza no sulco da ferradura e ficar exposta abaixo da 
ferradura em aproximadamente 0,16 cm. Cravos baixos ou superficiais demais 
enfraquecem a parede do casco, fazendo com que a região córnea se rache e 
se abra em fendas. Cravos fixados muito altos tendem a ultrapassar o limite 
dos tecidos sensíveis e podem causar ferimentos (Oliveira, 2006). 
 Canto et al. (2006) mediram ferraduras de 55 cavalos em treinamento e 
constataram que nenhum deles apresentou uma medida adequada, ou seja, a 
ferradura deveria apresentar o dobro do comprimento da pinça. Os autores 
comentam que com o comprimento excessivo do casco, todos os animais 
apresentavam a ferradura deslocada cranialmente, desta forma, não 
proporcionavam sustentação adequada aos talões, predispondo a sua 
contratura, além de reduzir a capacidade de absorção do impacto. 
 Dos cavalos de tração do estudo de Maranhão et al. (2007) 79,3% 
utilizavam ferraduras de borracha confeccionadas a partir de pneus velhos. Seu 
uso visa conferir maior estabilidade aos animais graças ao seu efeito 
antiderrapante. Embora o tamanho das ferraduras fosse definido de acordo 
com o diâmetro de cada casco, a espessura das mesmas não era uniforme, 
portanto gerando assimetrias nos pontos de apoio do peso entre membros 
contralaterais, desvio do ponto de apoio para um mesmo casco, além de 
desequilíbrio médio-lateral. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Defeitos de conformação dos membros e/ou métodos inadequados de 
casqueamento e ferrageamento geramassimetrias e/ou desequilíbrios podais 
que são as principais causas de claudicação nos eqüinos. Com isso, geram 
perdas econômicas consideráveis associadas à queda do desempenho 
esportivo dos cavalos atleta e daqueles destinados aos trabalhos de campo. 
Proprietários, treinadores, ferradores e veterinários devem rever as práticas 
adotadas e passar a lançar mão de recursos simples, de fácil aplicação e que 
não oneram os procedimentos, como a mensuração dos cascos, dada à 
importância do equilíbrio destes no desempenho dos cavalos. 
 
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