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Epidemiologia Clínica Validade em Estudos Epidemiológicos Gabrielle Braga Ep id em io lo gi a C lin ic a 1 Validade em Estudos Epidemiológicos Validade e confiabilidade Validade de um estudo é o grau de garantia das inferências derivadas do estudo para além da amostra utilizada. Interna: Grau em que as informações geradas pelo estudo fazem inferência sobre a população alvo de onde foi retirada a amostra Externa: Grau em que as informações geradas pelo estudo podem ser generalizadas a uma população externa ao universo do estudo. Ex: Em um estudo para avaliar associação entre aleitamento materno a pneumonia em crianças hospitalizadas menores de 2 anos residentes em N. Iguaçu. Mensuração adequada: características Validade: “O que foi medido é o que realmente se pretendia medir?” Confiabilidade: “A medida pode ser reproduzida por outras pessoas?” Uma medida pode ser confiável, mas não ser válida. Ela também pode ser válida, mas não ser confiável. Epidemiologia Clínica Validade em Estudos Epidemiológicos Gabrielle Braga Ep id em io lo gi a C lin ic a 2 Nem sempre é possível “zerar” os erros de um teste! A missão é tentar reduzi-los. Epidemiologia Clínica Validade em Estudos Epidemiológicos Gabrielle Braga Ep id em io lo gi a C lin ic a 3 Como avaliar na vida real? Validade: Ausência de erros sistemáticos e Erros metodológicos. o Checar princípios metodológicos a partir de dados do estudo. Precisão (Confiabilidade): Ausência de erros aleatórios, Variabilidade amostral e inferência estatística acerca do universo amostral (variabilidade que não pode ser explicada). o Testes de significância e estimação de intervalos de confiança. O Acaso está associado ao erro aleatório, os erros devidos ao acaso desaparecerão com o aumento do tamanho da amostra. O Viés está associado ao erro sistemático, os erros derivados de um viés não desaparecem com o aumento do tamanho da amostra. O Viés conduz a resultados inexatos. Confiabilidade é a reprodutibilidade da medida, é a consistência dos resultados quando a medida ou exame se repetem nas mesmas condições, por diferentes observadores. Tabela de Concordância – Inter-Observador (KAPPA) Epidemiologia Clínica Validade em Estudos Epidemiológicos Gabrielle Braga Ep id em io lo gi a C lin ic a 4 “Kappa expressa a extensão pela qual a concordância observada excede a que seria esperada pelo acaso (numerador), relativo ao que os observadores poderiam esperar em melhorar suas concordâncias (denominador)”. Consistência dos dados – Inter-Observador KAPPA: é um indicador de concordância ajustado, podendo variar de – 1 a 1. Até 0,40 = Sofrível 0,41 – 0,60 = Regular 0,60 – 1 = boa / excelente VALIDADE & VIESES Vieses: Distorção dos resultados por erros sistemáticos - Tamanho da discrepância entre o valor “verdadeiro” de uma medida na população alvo (ex: RR) e o valor de sua estimativa no Universo Amostral. Medindo a direção do viés: Positiva: O valor estimado é maior que o valor verdadeiro, Ex ¹: Se RR estimado = 6 e RR verdadeiro = 2 Então o Viés tem direção positiva. Epidemiologia Clínica Validade em Estudos Epidemiológicos Gabrielle Braga Ep id em io lo gi a C lin ic a 5 Negativa: O valor estimado é menor que o valor verdadeiro. Ex ²: Se RR estimado = 2 e RR verdadeiro = 8 Então o viés tem direção negativa. Motivo do viés: Viés de seleção: A medida de associação estimada no estudo está distorcida devido ao modo pelo qual os indivíduos são selecionados para compor a população de estudo. Viés de informação: A medida de associação estimada no estudo está distorcida devido a erros na forma como a informação sobre a exposição e/ou doença é obtida. Confundimento ou Situação de Confusão: Parte da associação observada decorre da existência de uma ou mais variáveis, denominadas variáveis de confundimento, confundidoras, ou de confusão. Os seis pilares na sequencia de construção de um estudo epidemiológico Validade conceitual: Especificação do arcabouço teórico-conceitual , postulação das relações de ocorrência, identificação dos constructos / dimensões. Validade operacional: Estabelecimento de pontes entre o conhecimento empírico e o quadro teórico, busca e decisão sobre o instrumental. Consiste na redução do modelo teórico para o operacional, consistindo em: o Escolha do instrumental para captação dos constructos; o o Avaliação da adequação dos instrumentos; o Elaboração de um novo instrumental - Pesquisadores experientes - Adaptação transcultural - Avaliação das propriedades psicométricas Validade de domínio: o Identificação do contexto do estudo - Abrangência inferencial o Estudos Particularistas x Abstratos Validade de comparação: o Montagem/delineamento do estudo - estratégia de seleção dos elementos o Preceito contrafactual - intercambialidade dos grupos de exposição. Viés de Seleção (viés de amostragem): Um erro no instante da seleção poderá trazer resultados enviesados e, assim, anular a consistência dos dados. A amostra deve ser representativa! Viés da Operação de Amostragem: quando a amostragem pode resultar em uma amostra não- representativa (ex. cadastro da unidade) ou tamanho da amostra insuficiente; Viés de Auto-seleção: vários motivos fazem com que pessoas se coloquem a disposição para serem incluídas na investigação (“viés do voluntariado” ou “viés do trabalhador sadio”); Epidemiologia Clínica Validade em Estudos Epidemiológicos Gabrielle Braga Ep id em io lo gi a C lin ic a 6 Viés das Perdas: ocorrência de substancial proporção de perdas por morte, não-respostas, mudança de endereço, desinteresse, falta de registros adequados, entre outros motivos de abandono, com maior frequência em um dos estratos. Viés de Hospitalização (ou de Berkson): ocorre quando uma população de um hospital ou instituição de saúde pode diferir da população em geral ou de um grupo controle (socioeconômica, patologias privilegiadas). Viés de Afiliação: pode ocorrer quando são escolhidos para estudo grupos de pessoas com nível de saúde diferente da população em geral: atletas, profissionais selecionados com exames pré-admissionais (viés do “trabalhador sadio”) Validade de informação: Processo de coleta das informações (aferição). Viés do Observador: ocorre quando há diferenças sistemáticas na coleta de dados, imputadas ao observador, como: procedimentos de entrevistas e de exame não padronizados, registro de dados incompletos. Viés da Suspeita Diagnóstica: distorção que ocorre quando se sabe ou se suspeita do verdadeiro estado do indivíduo observado. (coorte: procura-se mais a doença nos expostos; caso-controle: procura-se mais exposição nos casos) Viés do Instrumento de Coleta de Dados: um instrumento inadequado ou defeituoso confere aos dados coletados valores mais altos ou mais baixos, produzindo um quadro distorcido da realidade. Viés da forma de Detecção: ocorre em estudos comparativos quando no grupo de estudo é utilizado um instrumento de aferição e no grupo controle um outro instrumento. (diagn. hospitalar X comunidade) Viés de Recordação ( ou de Memória): ocorre em estudos que obtém dados retrospectivamente, onde os indivíduos com a doença tem mais facilidade de recordar Viés de Falsa-Resposta (ou Não-Aceitação): ocorre quando indivíduos negam condições embaraçosas ou “invasivas” (drogadição, violência familiar). Validade de especificação do modelo estatístico: Processamentoe análise dos dados Epidemiologia Clínica Validade em Estudos Epidemiológicos Gabrielle Braga Ep id em io lo gi a C lin ic a 7 Situação de Confusão / Confundimento Ocorre devido a não comparabilidade entre as populações exposta e não exposta em relação ao risco de adoecer . Outros fatores de risco que não o estudado podem estar presentes em um dos grupos, tornando-os não comparáveis. Estratégias para lidar com o Confundimento Estratégias preventivas Randomização: Seleção aleatória Restrição: Critérios de exclusão Pareamento: Estratégia de seleção de participantes de forma a garantir que a distribuição da potencial variável de confundimento tenha distribuição similar nos grupos de comparação Estratégias analíticas Estratificação: Compara-se o valor da medida de efeito de interesse (p.ex., o odds ratio) levando-se em consideração o potencial fator de confundimento (odds ratio ajustado). Se diferentes, há confundimento. Análise multivariada: Os possíveis fatores de confusão devem ser listados, com base na revisão da literatura, no modelo teórico e no modelo de análise. Deve-se testar então a associação entre cada fator e (i) a exposição e (ii) a doença. Se houver qualquer indício de associação (digamos, p<0,20 ou RR>1,5) com a exposição e também com a doença, o fator deve ser considerado como suspeito e incluído na análise multivariada.
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