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RESUMO EXECUTIVO - DESAFIO 5

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Trilha: RIOS E ESTUÁRIOS
Título do Desafio: DESAFIO 5 – POSSÍVEL RELAÇÃO ENTRE O AUMENTO DA PRODUÇÃO DE SARGAÇO NO OCEANO ATLÂNTICO NORTE E A AGRICULTURA NA AMAZONIA. 
Equipe: ANNA ABREU, MONICA BUCKMANN E ROGÉRIO PRADO
RESUMO EXECUTIVO 
O sargaço é um gênero de algas marrons (Sargassum) que crescem em águas tropicais. A maioria finca suas raízes no fundo do mar, mas há algumas espécies, que flutuam livremente na superfície, graças às suas bolhas cheias de gases. Podem crescer vários metros, e seus caules vão se entrelaçando e formando uma rede. 
O Mar do Sargaços é uma região única do planeta e contém características biológicas que o tornam incomparável. Está localizado ao norte do Oceano Atlântico, entre a América do Norte, América do Sul, África e Europa, c.v. Figura 1. O mar não possui litoral e o enorme acúmulo de algas, que dão o nome do mar, fazem com que ele seja quente (atingindo mais de 28ºC), elevados índices de salinidade e calmo, completamente diferente do restante do oceano.
No oceano o sargaço proporciona alimento e refúgio para várias espécies marinhas, porém, quando chega à costa em quantidades excessivas, se torna um problema, deixando um panorama desagradável para o turismo, pois quando se decompõe, seu odor é ácido, similar à de um ovo podre e gera um desequilíbrio para o meio biótico costeiro.
Segundo (WANG et al., 2019) antes de 2011 já havia pequenas quantidades de sargaços no Atlântico tropical. Desde 2011, no entanto, cientistas detectaram a criação de um novo "mar de sargaço" entre as costas da África e do Brasil, que é de onde vêm as algas que agora estão chegando ao Caribe. A Figura 2 mostra a evolução temporal da densidade de sargaços desde 2011 a 2018. A Figura 8 exibe a proliferação de sargaço entre julho de 2011 e julho de 2018 (WANG et al., 2019).
O aumento do Sargaço é diretamente influenciado pela radiação solar, temperatura e nutrientes (Gao Gao and Nakahara, 1990; Gao and McKGao,1994). Os nutrientes limitantes para o crescimento do Sargaço são o Nitrogênio e Fosforo.
Segundo Djakouré et. al. (2017), o pico de concentração de Sargaço está relacionado a épocas com grandes vazões dos maiores rios contribuintes do atlântico norte (Amazonas, Congo e Orinoco). Porém, não se pode atribuir o “bloom” de Sargaço apenas com o aumento da vazão, já que na grande descarga do Rio Amazonas em 2006, não foi detectado um aumento na concentração de Sargaço.
É importante mencionar que há uma significativa relação entre os insumos continentais de nitrato e fosfato do Rio Amazonas com o Sargaço. Os dados existentes indicam que o aumento de nutrientes está fortemente relacionado ao desmatamento, aumento de sedimentos e ao escoamento continental na bacia amazônica. Apesar do governo brasileiro ter tomado medidas para a desaceleração do desmatamento da floresta amazônica, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), observa-se um aumento na taxa de desmatamento nos últimos anos. Além disso, as consequências do desmatamento com indícios de incrementos dos nutrientes caracterizados por um desenvolvimento de excesso das algas marinhas, é um processo lento e de caráter adiado, ou seja, os efeitos serão sentidos anos depois. 
A adição de nitrato e fosforo, pode estar associado, também, a expansão da agricultura e das atividades agroindustriais, visto que, o Brasil é considerado o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. A utilização de fertilizantes e agrotóxicos potencializam o acréscimo de nutrientes no rio amazonas. 
Além da hipótese do aumento da descarga de nutrientes pelo rio amazonas ter impactado o crescimento e expansão do Sargaço no Oceano Atlântico, existem outras suspeitas que podem estar atuando em conjunto a esta, como a da elevação da temperatura dos oceanos, acréscimo de ferro devido a influência de aerossóis e de espalhamento do Sargaço por invasão. 
Este trabalho demostra que aumento dos insumos continentais de nitrato e fosfato do rio Amazonas devido ao escoamento continental gerado pelo desmatamento, fonte agroindustrial e urbana pode ser uma das principais causas associadas ao “bloom” de Sargaço ocorrente no Oceano Atlântico, porém existem outras teorias que devem ser correlacionadas ao do excesso de nutrientes na descarga do Rio Amazonas. 
Referências Bibliográficas:
Djakouré S, Araujo M., Hounson- Gbo A., Noriega C. and Bourlés B.:: On the potential causes of the recente Pelagic Sargassum bloom events in the tropical North Atlantic Ocean. Biogeosciences Discuss., https://doi.org/10.5194/bg-2017-346
Gao, G. and McKGao, K. R.: Use of macroalgae for marine biomass production and CO2 remediation: a review, J. Appl Phycol., 6, 45–60, 1994.
Gao, K. and Nakahara, H.: Effects of nutrients on the photosynthesis of Sargassum thunbergii, Bot. Mar., 33, 375–383, 1990.
Wang, M. and Hu, C.: Predicting Sargassum blooms in the Caribbean Sea from MODIS observations, Geophys. Res. Lett., 44, 3265–3273, https://doi.org/10.1002/2017GL072932, 2017.
WANG 2019
Fotos
Figura 1 – Localização do Mar de Sargaço (FREITAS, P.N.C., 2020).
Figura 2. A proliferação de sargaço entre julho de 2011 e julho de 2018 (WANG et al., 2019).

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