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MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio. São Paulo: Martins Fontes, 2007 [pp. 3-76].

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Maquiavel
MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio. São Paulo: Martins Fontes, 2007 [pp. 3-76].
A carta que abre os Discorsi de Nicolau Maquiavel nos lembra de que há homens que de mereciam ser rei e há reis que deveriam ser apenas homens. Com sua tônica quase pedagógica aos governantes de seu tempo Maquiavel atenta para o passado como fonte de inspiração e de remédio, leitura que segundo ele não vinha sendo feita. Isso se deve a ignorância quanto ao “espírito genuíno da história” do qual não nos “nutrimos com sua substância”. Para sanar este erro Maquiavel vai tecer comentários sobre a obra de Tito Lívio realizando comparações entre passado e presente. Tirando do livro de Lívio a utilidade do estudo histórico.
	Buscando entender a gênese das cidades Maquiavel discorre que há cidades fundadas por pessoas da nação em questão e as fundadas por estrangeiros. Dentre estas há as criadas por homens livres e as de dependentes de outros estados. O autor faz questão de dar suas preferências. Roma teve origem livre e independente e por sua legislação fez florescer mais virtudes do que qualquer outra república.
	Maquiavel terá por foco as repúblicas livres e independentes, argumentando que são melhores as cujas leis asseguram a tranquilidade de todos sem precisar reformar-las. Triste é república que deve se virar sem um bom legislador. O autor argumenta ainda que o sucesso de roma está no equilíbrio do seu governo que sob a forma de república equilibrou as três formas clássicas de governo, a monarquia, a aristocracia e a democracia. E a este fato se deve seu sucesso e sua longa duração. Congregou no seu senado a monarquia e a aristocracia e com instituição dos tribunos coroou a república.
	O autor nos lembra que o legislador e as leis devem partir do princípio que todos os homens são maus. Caso contrário na plena liberdade do agir a desordem se manifesta. As leis dessa forma os mantém bons.
	Maquiavel nos lembra que em todo governo há a oposição entre o povo e os aristocratas. E para ele este é um fator importante por garantir a grandeza e a liberdade em Roma. Todas leis para proteger a liberdade nasce de sua desunião pois o desejo de ser livre nasce da opressão ou do temor de ser oprimido. Assim os tribunos do povo poderiam ser os “guardiões da liberdade”. Desenvolvendo este último ponto ele compara Veneza (aristocracia mais forte) e Roma (com os tribunos). Se por um lado o povo de uma vontade mais firme de viver em liberdade sem conseguir se apropriar do poder, por outro os aristocratas conseguem controlar a índole caótica do povo. Assim se deve decidir que objetivos se pretende com a república: Adquirir um império, como Roma, ou garantir a conservação, como Esparta e Veneza. Dentro dessa relação cabe também a capacidade de se expandir, tanto Esparta como Veneza controlaram a entrada de estrangeiros e assim permaneceram pequenas, já Roma permitiu estrangeiros e isso fez parte do seu declínio, mas sem isso talvez fosse impossível “trilhar os caminhos da grandeza” (38). Assim a tolerância da discórdia entre o povo e o senado tornou-se um mal necessário a Roma.
	Maquiavel também fala da importância de permitir acusações pública para continuidade da liberdade. A permissão legal deste ato por via da lei gera um medo de realizar calúnia e ao mesmo tempo oferece uma via de escape para as paixões. Quando a via ordinária não dá conta, se busca a extraordinária e assim se atenta contra a república.
	Outro ponto importante a Maquiavel é o de que apenas um homem de “a forma e o espírito da qual depende a organização política”(49) um legislador primário que busque o bem geral e ao mesmo tempo saiba não legar aos outros a autoridade da qual se apossou. A república deve ter um fundador a deixar muitos alicerces.

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