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0 UNIVERSIDADE INTERNACIONAL DA PAZ (UNIPAZ) CURSO DE PSICOLOGIA TRANSPESSOAL Diálogos entre a Psicologia Transpessoal e a milenar Alquimia Interna Taoísta Tiago Oviedo Frosi Porto Alegre, 2016. 1 A circunstância da destruição não é ruim em si mesma, ela simplesmente faz parte do destino. Da mesma forma como existe o nascimento ou criação, é natural também existir a morte ou destruição porque, no Universo, as duas forças atuam de maneira simultânea. Mas como o ser humano tem dificuldade para acostumar-se com a ideia da morte, a circunstância da destruição passa a ser vista como desventura. Isso piora quando as pessoas pressentem que a mudança pode ser coletiva e começam então a se questionar, procurando adivinhar se elas e sua família serão atingidas e estarão dentro daquela circunstância. Com isso, a destruição, ao longo de milhares de anos de cultura do mundo, passou a ser considerada um infortúnio. Mas esse conceito repousa numa leitura plana, apressada e superficial do que está escrito na estrofe, que suscita um entendimento mais construtivo. Para uma pessoa virtuosa, o caminho da criação pode ser representado pelo verbo fluir, que significa ir para frente na vida, harmonizando-se com seu destino. E o caminho da destruição pode ser representado pelo verbo inverter, que significa andar para trás em direção à sua origem, ou Dào. O caminho da criação está ligado ao ciclo criativo, no qual madeira gera fogo, fogo gera terra e assim sucessivamente, até o fim dos dias da vida de uma pessoa. E o caminho da destruição está ligado ao ciclo do controle [ ... ], cujo auge de realização, no aspecto da destruição dos subtrativos que prendem o espírito de uma pessoa à roda da transmigração, é a imagem das cinco cobras que se engolem umas às outras, simultaneamente. Esse é o símbolo da destruição da estrutura do Universo, para a pessoa que alcançou aquele nível. Portanto, O sentido místico da circunstância da destruição está no alcance do desígnio da plenitude, ou realização espiritual de quem busca a imortalidade do espírito. Wu Jyh Cherng 2008 Yin Fu Ching – Tratado sobre a União Oculta de Huang Di, o Imperador Amarelo. 2 RESUMO O Taoísmo é uma tradição filosófico-espiritual que nasceu na China há prováveis 4.700 anos, através da obra do Imperador Amarelo, Qi Shing Huang Di. As obras mais conhecidas do Cânon Taoísta são o Tao Te Ching de Lao Tsé, o I-Ching de Fu Hsi, o Yin Fu Ching e o Nei Jing Su Wen de Huang Di, além do Nan Hua Ching de Chuang Tsé. As principais práticas taoístas são a meditação, o Chi Kung, as artes marciais internas (como Tai Chi Chuan, Pa Kua Chang e o Hsing- I Chuan) que são parte da Alquimia Interna, ou Nei Jing. Assim como a abordagem da Psicologia Transpessoal pode favorecer, e de fato favorece, a compreensão do Taoísmo por nós ocidentais, diversos insights oriundos da Alquimia Interna podem ampliar a gama conceitual e a prática da psicoterapia de orientação transpessoal. Este estudo apresenta e desenvolve conceitualmente insights oriundos da Alquimia Interna Taoísta que podem ampliar a gama conceitual e a prática da Psicoterapia de orientação Transpessoal. Para tal, foram unidos, em um único modelo, a noção de estados holotrópicos e hilotrópicos, evolução e involução da Consciência, teoria dos Cinco Movimentos, fases arquetípicas, matrizes perinatais, do desenvolvimento, e quadrantes da realidade. O diálogo entre Psicologia Transpessoal e Taoísmo revela que as várias dimensões do paciente podem ser correlacionadas em um padrão completo a partir da percepção de como os Cinco Movimentos estão afetando sua saúde, relações, metas, sonhos e outros aspectos da vida. PALAVRAS-CHAVE: Psicologia Transpessoal; Taoísmo; Alquimia Interna; Meditação; Chi Kung. 3 SUMÁRIO 1 Introdução 4 2 O Desenvolvimento da Consciência Humana 7 2.1 Estágio do Wu Chi 12 2.2 Estágio Yang 18 2.3 Estágio Yin 19 2.4 Estágio Tai Chi 20 2.5 Segundo Estágio Wu Chi 20 3 Práticas Taoístas na Psicoterapia Transpessoal 21 3.1 Ampliando as intervenções do facilitador de Respiração Holotrópica 21 3.2 Ampliando horizontes do psicoterapeuta de orientação transpessoal 22 3.3 Interpretação taoísta dos sonhos 24 4 O diálogo entre Psicologia Transpessoal e a milenar Alquimia Interna Chinesa 26 Referências 30 4 1 Introdução O Taoísmo é uma tradição filosófico-espiritual que nasceu na China há prováveis 4.700 anos (ou mais, se considerarmos o período matriarcal onde se desenvolveu o xamanismo chinês, comandado pelas sacerdotisas Wu)1, através da obra do Imperador Amarelo, Qi Shing Huang Di (Huang Di escreveu sobre medicina, política, militarismo, arquitetura e espiritualidade, sendo uma espécie de patriarca mítico da cultura chinesa antiga). As obras mais conhecidas do Cânon Taoísta (que é formado por mais de 1.500 livros) são o Tao Te Ching de Lao Tsé (Clássico do Caminho e da Virtude), o I-Ching de Fu Hsi (Clássico das Mutações), o Yin Fu Ching e o Nei Jing Su Wen de Huang Di (Clássico da União Oculta e Manual de Medicina Interna do Imperador Amarelo), além do Nan Hua Ching de Chuang Tsé (Clássico da Flor do Sul). As principais práticas taoístas são a meditação, o Chi Kung (cultivo bioenergético) 2 , as artes marciais internas ou Nei-jia (como o Tai Chi Chuan, Pa Kua Chang e o Hsing-I Chuan) que são parte da Alquimia Interna, ou Nei Kung / Nei Jing / Nei Dang. O Taoísmo foi visto, por muito tempo, unicamente como uma filosofia pelos ocidentais, que desconheciam a amplitude e profundidade de seu desenvolvimento religioso após a expansão dos ensinamentos de Lao Tsé (WONG, 1999). A tradição taoísta está ramificada, na verdade, em muitas escolas de conhecimento, sendo que as principais são: as chinesas Cheng Yi (ordem ortodoxa unitária), Chuanshen (ordem da realidade absoluta) e Mao Shan (ordem do junco da montanha) além das japonesas Onmyoudo (caminho das polaridades) e Shugendo (caminho do poder pela ascese) e da coreana Koksundo (caminho do eremita). Em cada uma delas, certos conceitos alquímicos têm leves diferenças, especialmente nas concepções astrológicas. Mesmo assim nos dão o panorama geral de como essa tradição se desenvolveu nas culturas do Extremo Oriente. Assim como a abordagem da Psicologia Transpessoal pode favorecer, e de fato favorece, a compreensão do Taoísmo por nós ocidentais, diversos insights oriundos da Alquimia Interna podem ampliar a gama conceitual e a prática da psicoterapia de orientação transpessoal. Desde a publicação de “O Tao da Física” de Fritjof Capra, que acabou se tornando um best-seller mundial, vários autores resolveram explorar a relação entre o Taoísmo e outras áreas do conhecimento. Apesar de algumas incursões não terem sido tão bem sucedidas, também tivemos uma ótima literatura produzida abordando o diálogo entre o Tao e a Psicologia. Entre os principais títulos deste segmento estão os livros que relacionam Taoísmo e a Psicologia 1 Como alerta-nos Blofeld (1986). 2 A palavra Chi Kung é formada por Chi (energia vital) e Kung (treinamento prolongado, ou cultivo). Refere-se á ideia de práticas com as quais, por um longo tempo, restabelecemos as funções corporais, emocionais, mentais e espirituais, armazenando em nós as energias da Terra (espaço, lugares), do Cosmo (o plano humano, a vida) e do Céu (tempo, toda a multiplicidade arquetípica que rege os ritmos vitais). O objetivo do Chi Kung é cultivar a energia interna e aprender a não perder Chi para o meio externo, conquistando assim a saúde e a longevidade, fluindo com o Tao através dosciclos naturais. 5 Analítica de Carl Jung como: “O Tao e a Psicologia” (BLÓISE, 2000), “Unindo o Céu e a Terra” (COLEGRAVE, 1992) e “Porta para Todas as Maravilhas” (CHIA; HUANG, 2004). Lembramos aqui também o artigo de Coward (1996) que defende que o background da psicologia junguiana é o Taoísmo (o autor defende que conceitos chave como sincronicidade, sombra, circum- ambulação e self foram extraídos por Jung diretamente do Taoísmo, entendendo que ideias semelhantes não foram produzidas por outras tradições). E há também o livro de Nei Souza intitulado “Psicoterapia e Taoísmo” (2007), que faz um diálogo entre o Tao e a psicologia de Jacques Lacan. Apesar de ser citado várias vezes pelos principais autores da Psicologia Transpessoal, como Grof (2000) e Wilber (2010; 1995) não parece haver um estudo dedicado ao diálogo específico entre essas duas linhas de pensamento. Uma abordagem direta do Taoísmo chinês ocorreu na publicação de Jung e Wilhelm intitulada “O Segredo da Flor de Ouro”, onde aproximaram conhecimentos de duas linhagens taoístas diferentes (primeiro apresentam o Tai I Chin-hua Tsung-chi, ou tratado da flor de ouro, e em seguida um fragmento do Hui Ming Ching, o tratado da sabedoria e da vida). Como alerta-nos Wong (1999, p. 12): A tradução de Wilhelm [ ... ] baseou-se num texto incompleto do Hui-ming ching: faltavam os comentários e a parte mais importante – as ilustrações. Além do mais, a tradução do livro feita por Wilhelm-Baynes foi profundamente influenciada pela psicologia junguiana, não estando pois de acordo com a perspectiva espiritual taoísta. Não somente foram completamente ignoradas as conexões históricas e filosóficas do Hui-ming ching com suas principais influências – a escola da Realidade Absoluta do Taoísmo, o Ch’an (Zen) e o Budismo Hua-yen – como também foram esquecidos os ensinamentos da seita Wu-liu, que constituem a base espiritual do Hui-ming ching. Há, portanto, saberes produzidos no Ocidente que podem ser atualizados, tendo em vista que no período atual há uma vasta literatura produzida por estudiosos ocidentais que viveram na China, e de estudiosos chineses que vieram ao Ocidente e se familiarizaram com nossa cultura. Esse contexto atual e o estado da arte da literatura nos permitem uma compreensão que não foi possível no passado próximo e gerou críticas como a de Wong, citada acima. Para, além disso, soma-se o fato de que a Alquimia Chinesa enquanto prática está disponível para os ocidentais há cerca de trinta anos, pelas mãos e trabalho de mestres como Mantak Chia, Liu Pai Lin, Eva Wong e outros. Esse recente desenvolvimento, permite que nos conectemos de forma mais íntegra a um conhecimento da humanidade que embora envolva teoria, é essencialmente prático. O objetivo deste texto é apresentar e desenvolver conceitualmente insights oriundos da Alquimia Interna Taoísta que podem ampliar a gama conceitual e a prática da Psicoterapia de orientação Transpessoal. Para tal, foram unidos, em um único modelo, a noção de estados 6 holotrópicos 3 e hilotrópicos 4 , evolução e involução da Consciência, teoria dos cinco movimentos, fases arquetípicas, matrizes perinatais, do desenvolvimento, e quadrantes da realidade. Entendendo conceitualmente a dança entre Alquimia Chinesa e Psicologia Transpessoal poderemos dar um melhor entendimento sobre a atuação do terapeuta ou psicoterapeuta que se oriente pela vertente taoísta: como alguém que aceita o paciente que chega a si como parte de seu próprio Caminho, que trabalha com o paciente enquanto sua abordagem for eficaz para fazê-lo desenvolver-se e que procura levar os outros e ser levado ao estado cada vez mais próximo do fluxo natural, unindo-se assim, ao Tao (SOUZA, 2007). 3 Do grego Holos (Totalidade) e trépein (em direção à). É o movimento da Consciência do mais denso para o mais sutil, o que Amit Goswami chamou de causalidade descendente e na medicina chinesa e na alquimia interna está relacionado à mutação da energia de Chi (energia vital) para Shen (espírito). 4 O inverso de holotrópico (Hilos é o termo que designa o denso), sendo o movimento da Consciência do mais sutil para o denso. Amit Goswami o relaciona à causalidade ascendente. A alquimia interna chinesa ao “esquecimento” e estagnação na consciência de Po (baseada no Jing, a energia da essência, que rege os fluidos sexuais e o sangue). 7 2 O Desenvolvimento da Consciência Humana A Filosofia Taoísta possui uma abordagem muito particular sobre a origem de toda existência, do Universo e de todas as coisas. Essa concepção muito antiga é passada a frente há milênios dentro do Tao Chiao (Família do Tao, a religião taoísta) através de uma série de ensinamentos. A ideia geral de “queda”, como explicada por Wilber em Éden, queda ou ascensão? (2010) pode ser resumida no Tai Chi Tu (Mapa do Altíssimo - figura 1). O Mapa do Altíssimo de Zhou Danyu Wu Chi – o primeiro círculo representa o Vazio Primordial Metacósmico. Atividade Yang Tranquilidade Yin Tai Chi - o segundo círculo representa o Tao Manifestado, formado pelas polaridades da claridade, em branco (Yang ), e da obscuridade, em preto (Yin ). Fogo Madeira Água Metal Wu Hsing – a figura com cinco círculos menores e linhas que procuram demonstrar suas relações representa os Cinco Movimentos, regras arquetípicas observadas em todo o Tao e compreendidas pelos antigos sábios comparando-as aos elementos naturais (madeira, fogo, terra, metal e água). O caminho de Tian (Céu) se transforma no Masculino O caminho de Kun (Terra) se transforma no Feminino O Caminho do Céu e da Terra – o terceiro círculo representa a infinidade da Plataforma do Destino, que leva a um dos Seis Caminhos (as seis mais gerais possibilidades – ou mundos – onde é possível reencarnar), tornando-se mais próximo do divino (céu) ou do físico (terra). O Mundo das Dez Mil Coisas – o quarto círculo representa a infinidade de manifestações da realidade material compartilhada. Geração e Transformação dos Dez Mil Seres Figura 1 - Tai Chi Tu, o mapa da criação do mundo das dez mil coisas a partir do Wu Chi, ou Tao não manifestado (uma antiga forma chinesa de representação do movimento hilotrópico). Nesse modelo, o Vazio Primordial, Wu Chi, o caos primevo que não possui formas, mas possui todas as formas em potencial, agita-se e manifesta-se no círculo primordial, o altíssimo, 8 ou Tai Chi 5. Este círculo passa então a mover-se gerando os eternos opostos que nos fazem conhecer a realidade: a claridade (Yang ) e a Sombra (Yin)6, que estão em constante mutação, um tornando-se o outro, em fluxo eterno. Yin e Yang estão presentes nos três puros: Céu (ou tempo, que divide-se em 12 ramos terrestres), Terra (ou espaço, que divide-se em 10 troncos celestiais) e Homem (ou vida, que divide-se em 8 energias qualitativas). A partir da Claridade e da Obscuridade, e dos Três Puros surgem então os Cinco Movimentos, ou Cinco Princípios 7 (Wu Hsing) que são as regras arquetípicas para tudo que existe no Tao Manifestado (Tai Chi ) e que ao relacionarem-se formam o Mundo das Dez Mil Coisas (a realidade compartilhada do nível material). Ou seja, em uma classificação do mais sutil para o mais denso temos: Do caos primordial, o Vazio Metacósmico surge a possibilidade de haver algo manifesto e capaz de autorreferência, que gera a primeira manifestação, que por sua vez colapsa as ondas de possibilidade (movimento) e vai fazendo surgir tudo o que é manifesto (denso). Na terminologia taoísta, é como se pudéssemos visualizar aspectos do sutil no Vazio Metacósmico e no Altíssimo (dimensão do Yin e Yang puros). A partir da existência das polaridades estabelecem-se cincoregras que regem como as polaridades se apresentarão e a essas cinco regras chamamos de Cinco Movimentos (Wu Hsing). O movimento das polaridades sendo levadas pelas regras dos cinco movimentos vai criando infinitos mundos (Céus) e esses mundos tem seis possibilidades básicas de existências (os Seis Caminhos). E, para os taoístas, estamos vivendo agora em um desses incontáveis mundos (um dos mais de dois mil Céus), em uma realidade que podemos compartilhar com outros indivíduos que são ao mesmo tempo separados e parte do Tao. Esse mundo de infinitas espécies, elementos químicos, estados da matéria, qualidades da consciência, corpos celestes, etc. é chamado na cultura chinesa de “mundo das dez mil coisas” 8 . Esse modelo pode ser relacionado diretamente com o Grande Ninho do Ser de Ken Wilber, como mostramos a seguir (figura 2), o que ajuda a posicionar o psicoterapeuta de orientação taoísta ao lado da teoria transpessoal. Também lembramos da importância de se 5 Essa versão do surgimento do Universo inspirou a solução do problema do colapso de onda quântica primordial que cria o Cosmos, formulada por Amit Goswami para corrigir o paradoxo deste tema dentro da teoria da Mecânica Quântica, apresentado no livro “Evolução Criativa das Espécies” (2009). 6 A Claridade e a Obscuridade são os opostos complementares que nos permitem conhecer o mundo, ou o Tao Manifestado. Como disse o poeta: “não existiria som se não houvesse o silêncio e não haveria luz se não fosse a escuridão; a vida é mesmo assim: dia e noite, não e sim...”. Um dia é claro e outro escuro, um é alegre e outro é triste, mas o Caminho Espiritual é viver plenamente todo dia mesmo com o eterno movimento entre alegrias e tristezas. 7 São os cinco comportamentos da energia Chi que foram descritos pelos sábios chineses há pelo menos cinco mil anos, que os compararam com os elementos naturais: a energia que se eleva, nos deixa “pra cima” e traz alegria é como as chamas da fogueira (Fogo); a energia que está em equilíbrio e nos dá a firmeza de posicionamento que é como uma montanha é semelhante à Terra; a energia que nos incita ao recolhimento e introspecção é focal como o processo geológico de formação dos minérios (Metal); a energia do medo e do frio nos rebaixa e nos faz sentir como a Água que escorre; e a energia que se expande para todas as direções como a copa das árvores nos remete à Madeira. 8 Um número muito grande que remete à nossa incapacidade de contá-lo com precisão. 9 entender que todo o trabalho de desenvolvimento pessoal, com a ajuda da terapia ou não, será influenciado pelo tempo histórico em que se está vivendo (Céu), pelo local em que se vive (Terra) e pelas relações pessoais, sociais, culturais, etc. (Homem) a que cada um está envolvido. Figura 2 - O Grande Ninho do Ser da teoria wilberiana e os níveis correspondentes na Tradição Taoísta. Após nossa primeira aproximação, passemos a discorrer sobre o desenvolvimento pessoal. Assim como na Alquimia Interna, o objetivo da psicoterapia de orientação Taoísta seria fazer o Caminho inverso daquele apresentado acima pelo Tai Chi Tu 9 e assim fazer com que a pessoa que vive no “Mundo das Dez Mil Coisas”, que é chamado no Taoísmo e na Medicina Tradicional Chinesa de “consciência de Po”, possa “retornar ao Tao”. A consciência de Po é aquela baseada no Jing, na energia da essência (MACIOCIA, 2007). A essência refere-se ao sangue e aos fluídos sexuais, o que significa que uma pessoa de Po tem sua mentalidade presa em suprir necessidades de sobrevivência básica e obter mais dinheiro (sangue), além de suprir necessidades sexuais (fluídos). A pessoa que recupera sua Energia da Essência, ou Jing, através da boa alimentação, boa atividade física e do cultivo de bons relacionamentos de parceria, consegue identificar o ego não mais com suas necessidades mais básicas e pode ingressar numa vida mais complexa, deixando de ser uma pessoa de consciência de Po para ser uma pessoa de consciência Huen. Diz-se que a consciência encontra Huen, ou a Alma, pois se está agora mais próximo do coração, e mais conectado com as necessidades do centro médio (Zhong Tantien), portanto é um momento de vida que leva o ego da pessoa a se identificar com relações de amizade, afetividade em geral e maiores conexões com o mundo (social, cultural e natural). A 9 De fato, o leitor atento e conhecedor do Taoísmo perceberá ao ler “Os Sete Sermões aos Mortos” de Carl Jung (ditado pelo espírito Basílides de Alexandria, que era canalizado por Jung) que trata-se de uma explicação detalhada do Tai Chi Tu com terminologia gnóstica. Não bastasse isso, os primeiros parágrafos são quase uma cópia do Tao Te Ching [N. do A.]. 10 pessoa que se tornou inteira na consciência de Huen pode se permitir a explorar outros níveis mais complexos, ou transpessoais de consciência, e tornar-se uma pessoa de consciência Shen. Shen é a natureza espiritualizada/filosófica da consciência. É equivalente ao estágio centáurico do espectro da consciência de Ken Wilber (1995) e do degrau mais alto da pirâmide de necessidades de Maslow (1970). Um avançado e difícil estágio de desenvolvimento, onde acredita-se chegar com as técnicas alquímicas, superando o processo que leva inclusive à morte, é o estágio onde a consciência não se identifica mais com a vida comum sujeita ao envelhecimento e às mutações (chamada no Taoísmo de “céu posterior”). Quando isso ocorre, e o alquimista desenvolve dentro de si a “pílula”, o “elixir dourado”, “reverte o fluxo colocando o fogo embaixo da água”, “gera o vapor” e várias outras denominações, atinge-se a consciência causal, ou supramental, chamada de Xu (mística). Aquele que tornou-se um sábio imortal alcançando a consciência Xu torna-se efetivamente uno com o Tao, para a tradição alquímica chinesa. Ele entra naquilo que é chamado pelos chineses de “céu anterior”, o projeto morfogenético 10 do mundo. De posse desse entendimento, podemos traçar uma segunda comparação, falando da pirâmide de necessidades de Maslow, dos centros energéticos e dos tipos de consciência em um quadro comparativo: Quadro 1 – tipos de consciência e sua representação em vários autores. Estágio de Consciência (Wilber) v Meme (Beck e Cowan) Pirâmide das Necessidades (Maslow) Centros energéticos Tipo de consciência no Taoísmo Psíquico, Sutil e Causal - - 7º chakra (pai-hui) Xu Visão Lógica / Existencial (centauro) Amarelo (integral) e Turquesa (harmonia) - 6º chakra (C-1 e terceiro olho) Shen Mente pluralística / Visão Planetária Verde (igualdade e comunidade) Moralidade, Criatividade, Aceitação 5º chakra (C-7 e base da garganta) Egóico alto (operatório formal) Laranja (autonomia e realização) Autoestima, autoconfiança, respeito 4º chakra (T-5 e timo) Huen Egóico baixo (operat. concreto) Azul (ordem e força de verdade) Amizade, família, sexualidade 3º chakra (T-11 e Ming-men) Emocional (tifônico / pré-operacional) Púrpura (mágico) e Vermelho (de dominação) Segurança (recursos, emprego, propriedade) 2º chakra (bomba sacra e palácio dos ovários/esperma) P’o Sensorio-físico (urobórico) Bege (instintivo) Necessidades fisiológicas 1º chakra (períneo) 10 Refiro-me aqui à ideia de Rupert Sheldrake de que campos não materiais e não físicos dão origem às formas do mundo material. 11 Todo esse processo, que na Alquimia Interna é realizado através do cultivo de fórmulas alquímicas baseadas no Mapa da Alquimia Interna, ou Nei Jing Tu (figura 3), pode ser pensado também no contexto do diálogo transdisciplinar (D’AMBRÓSIO, 1997) entre Psicologia Transpessoal e Taoísmo,onde ciência, religião e filosofia podem dialogar através da fenomenologia das experiências humanas. O diálogo entre essas distintas, mas complementares, formas de conhecimento será o nosso objeto de estudo e análise a partir do próximo capítulo. Figura 3 - Nei Jing Tu, o mapa da Alquimia Interna (antiga representação chinesa do movimento holotrópico) mostra o desenvolvimento psico-espiritual como uma subida ao topo de uma montanha com nove etapas. Outro detalhe a ser considerado é que a “matemática sagrada” do Taoísmo, expressa nos símbolos da sequência do Mapa do Altíssimo, do Tratado das Mutações (I-Ching) e do Mapa do Lago (He-Tu) em conjunto apresentam a geração do mundo 12 seguindo a sequência matemática divulgada no Ocidente como a “sequência Fibonacci” (HEATH, 2007). A partir disso, poderemos completar nosso estudo relacionando a Alquimia Interna Taoísta ao modelo de desenvolvimento sustentável da Consciência proposto por Pozatti (2007; 2003) que o construiu a partir dos movimentos relacionados a essa sequência logarítmica. Madeira Fogo Terra Metal Água (0) Nascimento (1) Infância (2) Puberdade (3) Adolescência (4) Juventude (5) Adultez (6) Maturidade (7) Ancianidade Jovem (8) Ancianidade Madura (9) Ancianidade Velha (10) Velhice (11) Senilidade (12) Morte Figura 4 - Mapa do desenvolvimento da Consciência adaptado de Pozatti (2003). A Consciência do alquimista vem do Wu Chi (ponto 0) no nascimento, vai condensando até desenvolver-se no Ego individual e fundir as energias Yin e Yang dentro do indivíduo (na Maturidade, ponto 6), voltando a expandir na segunda metade da vida retornando ao Wu Chi (ponto 12) de forma consciente na morte. 2.1 Estágio do Wu Chi Os símbolos chineses do Mapa do Altíssimo podem ser usados para resumir também algumas fases da existência. A partir de agora as relacionaremos com o estudo de Pozatti (2007; 2003) sobre as fases da vida. O primeiro estágio, o do Wu Chi é relacionado a todo o período inicial da vida humana e também ao período não tradicionalmente calculado como tempo de vida (o período anterior ao estágio perinatal, que é o período gestacional). O início deste 13 estágio está fora do período biográfico (GROF, 2000). No período anterior ao estágio perinatal a alma (Huen) da criança pode contatar os pais em experiências de estado não comum de consciência como em ampliações, sonhos, contato mediúnico ou contato xamanístico direto (TEIXEIRA, 2009). Nesses contatos pode revelar traços de personalidade, dados pessoais como o próprio nome ou a origem anterior, além de aspectos da missão pessoal e que muitas vezes também aparecem no início da infância (STEVENSON, 2010) onde a consciência está vivenciando esse estágio do Wu Chi. No estágio perinatal estão presentes três energias: a Energia Ancestral doada pelos pais (e aos nossos pais por seus pais e etc. como uma herança vital) e que conecta-nos ao carma familiar. Essa energia é chamada de Jing, e depois será a regente dos fluidos sexuais e do sangue; a segunda energia é a Energia Materna, ou Chi 11 da Mãe, que através do alimento, da respiração e da energia vital em si nutre o feto; a terceira é a Energia Cósmica Pessoal, uma centelha de vitalidade que nunca perdemos e é certa quantidade de energia Chi acoplada à alma, ou Huen. Sendo assim, a Energia Cósmica Pessoal é a energia individual, que se manteve com a alma para que esta funcionasse enquanto ocorria o processo da transmigração. É o que ocorre com aqueles que não forjaram o corpo espiritual e continuam presos na Roda do Destino, ou seja, no ciclo das reencarnações. Essa última energia, o Chi Cósmico Pessoal, traz as informações das vidas anteriores e do mundo 12 em que essa alma estava antes de voltar ao plano humano. Mais tarde, quando se integrar o aspecto Yang da consciência (que inicia por volta dos sete ou oito anos) a energia organizadora Yang ativará esse Chi Cósmico Pessoal que passará a ser o principal “centro de gravidade” do ego daquele indivíduo. A Energia Ancestral, vinda dos pais, e a Energia Materna (que são as duas preciosas Energias Pré-Natais) são energias perinatais, recebidas pelo indivíduo no processo de concepção e geração. Já a Energia Cósmica Pessoal é cármica e, por ser ativada posteriormente, é usada junto da energia absorvida no período biográfico através da respiração, da alimentação, Chi Kung e de outros meios. Essas energias (Energia Cósmica Pessoal e Energia Vital absorvida no período biográfico da vida), portanto, juntas, dão origem à Energia Pós-Natal. 11 Chi é a bioenergia que dá vida a tudo o que existe, diretamente relacionada, nos seres humanos a aspectos fisiológicos, às emoções, aos impulsos psíquicos e à conexão da alma com a vida. Movimenta-se principalmente pelos “trilhos” das fáscias chamados meridianos e seus cinco tipos (cinco elementos ou cinco princípios) tem maior afinidade com grupos de órgãos específicos. A energia Chi que é armazenada pelas práticas taoístas básicas é armazenada no centro corporal, na região do ventre, o Hsia Tantien. 12 A Alquimia Taoísta trabalha com a ideia de que existem em cada um dos Seis Caminhos muitos Universos e Dimensões paralelas, uma multiplicidade incomensurável. Toda alma pode reencarnar em qualquer um desses milhares de Céus e experimentar seis tipos básicos de existência (que por sua vez tem muitas variantes devido a esses múltiplos “céus”): o caminho do homem (reencarnar como um ser humano ou equivalente), o caminho do céu Yang (reencarnar como uma divindade luminosa), o caminho do céu Yin (reencarnar como uma divindade obscura, uma espécie de mundo dos demônios porém muito mais evoluído do que o humano), e há também as condições abaixo da humana (caminhos da obscuridade) que são o caminho dos animais (reencarnar como seres menos complexos), o caminho das almas esfomeadas (algo muito próximo à explicação do umbral no espiritismo) e as prisões terrestres (mundos semelhantes ao purgatório cristão, onde pessoas cheias de apegos se acotovelam). 14 No nascimento, onde ocorre o trauma que nos marca energeticamente para essa existência, e aonde culturalmente começamos a contar a idade daquela nova pessoa, ganhamos um padrão que será impresso também na alma. Esse padrão descrito nas várias tradições astrológicas é o mesmo padrão energético que o Universo apresentava no exato instante em que nascemos. Terra: baço, pâncreas, estômago, sistema nervoso, cavidade bucal e lábios Ciclo Criativo Fogo: coração, pericárdio, intestino delgado, língua Ciclo de Controle Madeira: fígado, vesícula biliar, músculos, olhos Ciclo da Rebelião Água: rins, bexiga, ossos, órgãos sexuais, ouvidos Ciclo de Subtração Metal: pulmões, intestino grosso, fáscias, nariz Figura 5 - Wu Hsing, os Cinco Movimentos ou Cinco Princípios, seus órgãos correspondentes e ciclos. Tanto o nosso nascimento, quanto o movimento das energias que regem o clima, o movimento dos planetas e do grande computador celeste, são regidos pelos mesmos arquétipos, pelas mesmas regras: os Ciclos de Criação 13 e de Controle 14 , que são as principais formas como se relacionam os Cinco Movimentos (Wu-Hsing). Dessa relação indireta (lemos o padrão dos corpos celestes para saber a nossa configuração energética do nascimento) podemos descobrir importantes aspectos e padrões que nos influenciarão por toda a vida: a quantidade do Chi dos Cinco Movimentos na nossa configuração original, o arquétipo animal regente do nosso ano 13 O Ciclo Criativo, ou Sheng, é o caminho que a energia faz nutrindo um tipo de elemento natural com outro. Assim, a Água (rins e bexiga) nutre as plantas, ou seja, a Madeira (fígadoe vesícula biliar); a Madeira é usada como combustível para o Fogo (Coração e Intestino Delgado); as cinzas do Fogo se depositam gerando mais Terra (Baço- pâncreas e Estômago); a Terra gera a pressão para que os minérios, ou seja, os Metais (Pulmões e Intestino Grosso) se formem; e os Metais cedem os sais minerais para a Água. 14 O Ciclo de Controle, ou Ko, é o caminho que a energia faz destruindo ou estagnando um tipo de elemento natural com outro. Assim, é com amorosidade e alegria (Fogo) que nos livramos da depressão (Metal); é com respiração profunda (Metal) que aliviamos a raiva impulsiva (Madeira); com agressividade e movimento (Madeira) que saímos da estagnação e da indecisão (Terra), é com clareza e um forte posicionamento (Terra) que encaramos nossos medos (Água); e é com gentileza (Água) que conquistamos o coração daqueles que se tornaram frios para amar (Fogo). 15 natal, mês natal, hora natal, além da quantidade de Chi nos órgãos internos15 e outros aspectos que podem ser usados como ponto de partida tanto para o processo de desenvolvimento na Alquimia Interior quanto na Psicoterapia. Sendo assim, nesse rito de passagem que é o nascimento, onde o feto morre para nascer o bebê, há uma impressão na Alma desse Ser que define uma quantidade de Yin e Yang, dos Cinco Elementos e das energias arquetípicas que ali se encontravam presentes. Para ter saúde e nos desenvolvermos precisamos aprender, por exemplo, a controlar um Yang que originalmente estava em 65% e nutrir um Yin que estava em 35%, desenvolvendo Chun, a Energia do Meio. Quadro 2 - As fases da vida, os arquétipos e idades ideais de acordo com a sequência Fibonacci estudados por Mauro Pozatti (2003), relacionados aos elementos chineses: Fase da Vida Madeira (Fígado/Olhos) Fogo (Coração/Língua) Água (Rins/Ouvidos) Metal (Pulmões/Nariz) Nascimento (0-1) - - - - Infância (1-8) Criança Divina Criança Edipiana Criança Herói Criança Precoce Puberdade (8-13) - - - - Adolescência (13-21) Pioneiro Amante Mensageiro Aprendiz Juventude (21-34) Rei Curador Guerreiro Mago Adultez (34-55) Visionário Artesão Líder Sábio Maturidade (55-76) - - - - Ancianidade Jovem (76-89) Visionário Artesão Líder Sábio Ancianidade Madura (89-110) Rei Curador Guerreiro Mago Ancianidade Velha (110-123) Pioneiro Amante Mensageiro Aprendiz Velhice (123-131) - - - - Senectude (131-144) Criança Divina *desligamento da intuição Criança Edipiana *desligamento das sensações Criança Herói *desligamento dos pensamentos Criança Precoce *desligamento das emoções O bebê e depois a criança vão viver a dança de seus padrões de nascimento (qualidade das Energias Pré-Natais recebidas, sua Energia Cármica Pessoal e as marcas energéticas do trauma de nascimento) com os padrões do tempo histórico em que estará vivendo (energia do Céu, ou tempo) e os padrões climáticos, geológicos e estruturais do lugar em que nasceu (energia da Terra, ou espaço). Suas matrizes energéticas ainda terão influência dos padrões e arquétipos do espectro de desenvolvimento humano: os arquétipos supramentais que regem cada fase de vida (POZATTI, 2007; 2003), as capacidades advindas da integração de cada novo estágio de 15 Tendo em vista que a medicina tradicional chinesa defende que precisamos ter a quantidade dos cinco elementos equilibrada para ter saúde, saber quais energias precisam ser diminuídas ou nutridas e também conhecer quais talentos potencialmente a energia do nosso signo natal nos oferece pode ser muito útil ao desenvolvimento pessoal. Conhecer esses padrões e usá-los a nosso favor ao invés de se opor a eles também é fluir com o Tao. 16 consciência ou v Meme (BECK;COWAN, 2000) e da maturação da estrutura biológica correspondente, que suporta esse desenvolvimento interno. No estágio de indiferenciação hermafrodita (COLEGRAVE, 1992) e heterônomo (PIAGET, 1972) do Wu Chi (até por volta de 7 ou 8 anos), a criança é influenciada por quatro arquétipos principais: a criança divina, a criança edipiana, a criança precoce e a criança herói 16 . Esse período merece nossa profunda atenção por ocorrer aqui a origem de uma doença transpessoal recorrente em muitos praticantes da Alquimia Interna: o mal-iogue (WILBER, 2009). Após o processo de nascimento e passagem do bebê pelas matrizes perinatais básicas (GROF, 2000), que ocorrem num fluxo criativo (sheng ) como descreve energeticamente a tradição chinesa, a vida da criança vai passar a fluir, como a de todos os outros seres vivos, em um ciclo de subtração arquetipicamente, vivenciando um padrão de perda de suas energias para o cosmo, o que é considerado no Taoísmo a razão da morte. Ou seja, após o nascimento começamos a morrer e precisamos nesse período de dependência física, energética, mental e cultural de apoio e aporte dos nossos progenitores. Quando isso não ocorre, e a mãe não consegue passar o amor (Chi do Fogo) para o bebê (de 0 a 1 ano e depois no primeiro ano da infância), este filho ficará com dificuldades de integrar as qualidades de sua criança divina, com esse padrão em dívida; desnutrida energeticamente de amorosidade. Na adolescência, juventude ou adultez, caso esse indivíduo concluir a primeira das nove fórmulas alquímicas taoístas, ou dedicar-se a outras práticas de abertura para os níveis transpessoais de Consciência, desenvolverá o mal-iogue (cujos sintomas são um fluxo desordenado e “quente” (Yang) da Energia Vital, o Chi, pelos meridianos (trilhos sutis por onde a energia vital flui), causando mal funcionamento de alguns órgãos, cansaço, e alergias características nos principais pontos de acupuntura (principalmente aqueles relacionados aos grandes gânglios linfáticos). Isso ocorre quando nossa consciência dá um salto do nível centáurico ou existencial para o psíquico (o primeiro nível transpessoal na classificação wilberiana). Esse fenômeno de desenvolvimento já observado muitas vezes por mim nos grupos de Chi Kung e Alquimia nem sempre é apenas prazeroso, alegre e numinoso. Como explicado por Wilber, e citado acima, quando estamos com uma dívida com essa “criança divina” ou seja, quando temos uma patologia do fulcro-2 17 , acabamos despertando a doença que deve ser 16 Para uma explicação detalhada desses padrões, consultar: Rei, Guerreiro, Mago, Amante: a redescoberta dos arquétipos do masculino de Robert Moore e Douglas Gilette (1993). 17 Os distúrbios do fulcro 2 são as patologias de personalidade narcisista. Entre elas estão a grandiosidade, o sentimento de que seus problemas são únicos e a falta de interesse e empatia pelos outros, apesar de nesse caso a pessoa buscar granjear a admiração e aprovação dos outros (WILBER, 2009, p. 64). Esses distúrbios têm origem no período de vida descrito. 17 tratada com o aprendizado do receber amor e a resolução de dívidas cármicas e afetivas com os pais ou pessoas que deveriam ter transmitido o Chi do Fogo ao bebê/criança. Quadro 3 - Desenvolvimento arquetípico do estágio do Wu Chi e suas principais patologias. Como a criança vive depois do nascimento no ciclo subtrativo (os Cinco Movimentos passam a aparecer na ordem inversa), ações dos pais usando o ciclo de rebelião ou o próprio ciclo subtrativo amenizam ou sedam o efeito do processo subtrativo e, assim, viver torna-se mais suportável. M a t r iz e s e A r q u é t ip o s MPB 1 MPB 2 MPB 3 MPB 4 Bebê / Criança Divina Criança Edipiana Criança Precoce Estável Comprime Descem os líquidos Abre-se o canal vaginal Mãe dá amor (o Chi do Fogo) para o bebê Pai injeta Yang organizador, definindo os papéis Pais clarificam as dúvidas e inibem as manipulações M ã e F il h o E m o ç õ e s eP a t o l o g ia s Encolhido em fusão oceânica Não há saída: feto sente o medo da morte Raiva e vontade para nascer Nascimento (Luz e acolhimento) A luz sagrada da criança divina encanta a todos A criança edipiana começa a movimentar fogo e água despertando a energia sexual A criança precoce começa a mergulhar no mundo das informações e conheciment os Mal integradas, as duas primeiras Matrizes podem gerar apatia aguda, síndrome da reencarnação (sensação de não querer ter nascido) e esquizofrenia Mal integrada, a Matriz 3 pode ser a origem da apatia que impede o uso da vontade Mal integrada, a Matriz 4 é a origem das manias por insucesso (não reconhecer ou aceitar o próprio sucesso) Se não receber o Chi do Fogo, mais tarde a pessoa poderá desenvolver o mal-iogue Se não receber o Chi do Metal e o yang do pai, a pessoa terá dificuldade em ingressar no estágio yin Se não receber o Chi da Terra, a pessoa terá dificuldade de integrar o Herói e ingressar na fase yang (borderline) A integração do arquétipo do herói marca quando uma quantidade significativa de energia Yang tomou conta da psique da criança e começará o processo de encerramento do estágio do Wu Chi. Nessa fase do Wu Chi, de mergulho oceânico e apego à aprovação dos pais (ou referenciais adultos que substituem os pais e onde se projeta a influência do Chi Primordial) se formaram a maioria dos traumas e raízes das patologias psico-espirituais mais difíceis de resolver, pois é a idade dos primeiros fulcros (WILBER, 2009) que necessitam dos tratamentos mais difíceis. O mal-iogue tem origem nessa época e advém da incapacidade da mãe de 18 transmitir o Chi do Fogo (amor e alegria) ao filho, e às vezes é amplificada pelo impedimento do pai usar o Chi do Metal (ação correta, energia focal masculina) a partir dos 2 anos de idade da criança, em situações onde a mulher nega-se a abandonar o sistema de fusão mãe-bebê. 2.2 Estágio Yang É a energia masculina estruturante, que organiza a psique, tirando-a do caos primordial, hermafrodita indiferenciado e heterônomo do Wu Chi. Dá à criança uma identidade e papéis próprios (é um processo que já inicia no arquétipo do herói). É a responsável, entre outras coisas, pela cisão com os pais na adolescência, pela estruturação do Ego (ou “guardião” na terminologia de Carlos Castañeda, o antropólogo discípulo de Don Juan 18 ). No nível espiritual, o estágio Yang ativa a energia pessoal (uma das três energias presentes no feto), que passa a ser o centro da psique e traz à tona os talentos pessoais, a missão individual, além dos traços cármicos individuais e memórias de vidas passadas. Essa é a razão, segundo a tradição taoísta, do porquê a partir da adolescência algumas pessoas destoam tanto dos padrões da própria criação familiar e muitas vezes se tornam indivíduos que vão romper com toda sua cultura local, manifestando os padrões que vieram arraigados em sua alma (Huen). É recomendável iniciar aqui os trabalhos de ampliação de consciência que ajudam a estruturar melhor o Ego (ritos de iniciação) ou a despertar o Chi Cármico Individual, usando para isso Terapias de Vidas Passadas (TVP), Renascimento, Respiração Holotrópica ou até as técnicas de Regressão. Em algum momento desse período, haverá a virada biológica para a adolescência e depois para a juventude, com as transformações da puberdade (regida pelo elemento Terra). Nesse momento, a psique se relaciona com quatro arquétipos que rompem com o Wu Chi (Dragão, Serpente, Cavalo e Cabra) e outros quatro que estabilizam a energia Yang (Macaco, Galo, Cão e Javali). É um período de formação técnico-científica (especialização, não necessariamente vivenciado dentro do meio acadêmico formal), precedido pela estruturação hierárquica e às vezes algorítmica da rotina e da própria vida. 18 Para compreender melhor o caminho do guerreiro ensinado por Don Juan e outros mestres indígenas a Carlos Castañeda, e perceber a semelhança com o Taoísmo ler principalmente: “Uma estranha realidade” (1971), “Viagem a Ixtlan” (1972), “Porta para o Infinito” (1975), “O presente da águia” (1981) e “Passes Mágicos” (1998). 19 Quadro 4 - Arquétipos psicológicos vivenciados pelo jovem e pelo adulto e sua correspondência com os arquétipos da astrologia ocidental, arquétipos animais chineses e divindades do Onmyoudou (japonesas). Arquétipos Psicológicos Astrologia Ocidental Arquétipos Animais Divindades do Taoísmo Japonês Criança Divina - Dragão Azul Seiryu Criança Edipiana - Faisão Vermelho Suzaku Criança Precoce - Tigre Branco Byakko Criança Herói - Tartaruga Negra Genbu Pioneiro(a) Áries Dragão/Crocodilo Shiyozushi no Kami Amante Touro Serpente Kami Musubi no Kami Mensageiro(a) Gêmeos Cavalo Hachiman Kami Aprendiz Câncer Cabra/Ovelha Tsukuyomi no Mikoto Rei Leão Macaco Amaterasu Ōmikami Curador(a) Virgem Galo Ayakashikome no Kami Guerreiro(a) Libra Cão Kunino Tokotachi no Kami Mago(a) Escorpião Javali/Porco Uhijimi no Kami Visionário(a) Sagitário Rato Ninigi no Mikoto Artesã(o) Capricórnio Búfalo/Boi Tachikarawo no Kami Líder Aquário Tigre Suzanowo no Mikoto Sábio(a) Peixes Coelho/Gato Ōkuni Nushi no Mikoto Ser Harmônico Serpentário* Fênix Dourada Rikudou Seenin 2.3 Estágio Yin Yin é a energia feminina receptiva e fluída. Quando integrada me torno sensível ao ritmo natural, aceito a mim mesmo, aos outros e principalmente aceito os altos e baixos do destino. Tendo adquirido a capacidade da aceitação também me livro das expectativas (negação do natural fluir entre sucessos e insucessos, saúde e doença, bem e mal) e dos controles em geral. É o rompimento final com o Wu Chi e a entrada na energia feminina amadurecida, que me incita novas visões de mundo mais holísticas e abrangentes. Aparece já mesclada ao Yang nos arquétipos do Macaco, Galo, Cão e Javali, mas surge em seu máximo brilho feminino holístico com a visão pluralista e integrativa ( vMeme Verde em diante, para os habituados com a nomenclatura de Beck e Cowan 19 ) dos arquétipos do Rato, Búfalo, Tigre e Coelho. Com a integração dos 12 (e assim completando os 12 tempos yang, ou a primeira etapa dos 12 ramos terrestres) surge a possibilidade de vivenciar o Ser Harmônico, na figura do Sábio que sobe a Montanha (o Eremita Imortal) para unir-se à Natureza (Hsing ), ao Tao, na fase de vida chamada de “Maturidade” por Pozatti (2007; 2003). 19 Beck, D.; Cowan C C. A Dinâmica da Espiral. Lisboa: Instituto Piaget, 2000. 20 2.4 Estágio Tai Chi É a fusão andrógina espiritual de Yin e Yang. Após os primeiros estágios da Madeira e do Fogo (0 aos 55 anos) o corpo faz uma virada biológica (menopausa e andropausa) que suaviza os aspectos de extremo Yin ou extremo Yang morfológico e prepara terreno para a mesma fusão que acontece na psique. Culturalmente temos ficado presos nos estágios egóicos, inclusive tendo dificuldade em integrar o estágio existencial/centáurico que faz a fusão mente- corpo (essa fusão só ocorre com a integração do estágio Yin). Essa dificuldade tem acontecido pela nossa fixação em nos mantermos com a aparência física e as funções da primeira metade da vida e acaba dificultando a entrada e a estabilização dos estágios transpessoais (aqui condensados na fase Tai Chi ). Com a estrutura corporal tendendo à androginia temos mais facilidade em integrar Yin e Yang e manifestá-lo em nosso corpo, promovendo a fusão das capacidades transpessoais na dimensão compartilhada. Todo esse processo nos prepara para o retorno consciente á fonte original, ao Vazio Primordial por trás de todas as formas,o Wu Chi. No taoísmo, a principal prova do alcance deste estágio, também conhecido como imortalidade espiritual (o penúltimo estágio de evolução) é a capacidade de estar consciente nos sonhos, vivendo-os lucidamente assim como se vive a dimensão material compartilhada (CHIA;HUANG, 2004; WILSON, 2004). 2.5 Segundo Estágio Wu Chi A entrada consciente no estágio do Wu Chi, após o desenvolvimento completo da psique passando pelas outras fases ou estágios representa a rara e máxima realização psico- espiritual. Seria a transição daquele estágio descrito por Ken Wilber como a passagem dos estágios Sutil e Causal para o Não-Dual, atingido por apenas alguns poucos personagens das mitologias do mundo. Para os taoístas é o alcance da imortalidade físico-espiritual caracterizada por episódios onde certos sábios se desmaterializavam e voltavam a se materializar e que encontramos na literatura como quando Don Juan surpreendia Carlos Castañeda, quando Morihei Ueshiba safou-se dos disparos do pelotão policial no famoso desafio da linha de tiro (GOZO, 2010), quando os sábios chineses apareceram para uma estudante de alquimia interna após a caça do governo chinês da revolução cultural maoísta 20 (BLOFELD, 1986), entre outros. 20 Situação onde muitos mestres taoístas foram assassinados. 21 3 Práticas Taoístas na Psicoterapia Transpessoal Enquanto complementação e teoria-base, tanto a visão taoísta quanto os princípios da Medicina Tradicional Chinesa, ou MTC (que são princípios oriundos do Taoísmo), podem contribuir para uma melhor estruturação da Psicologia Transpessoal, assim como propôs Grof em relação à toda medicina e psicoterapia ocidentais (GROF 2011; 2000). Essa afirmação se justifica pelo poder de percebera correlação entre os diversos sistemas que compõe o Ser, tanto no aspecto físico quanto emocional, mental e espiritual. Os ciclos de controle e criação, bem como as mutações dos padrões energéticos de tempo e de níveis de manifestação da vida se intercruzam e os antigos chineses deixaram toda essa tecnologia de como ler essas correlações à nossa disposição. Além desses aspectos que resumidamente já abordamos e que não poderemos explorar completamente em um artigo breve, há várias considerações que podemos tecer sobre técnicas e abordagens. Algumas dessas considerações seguem nos textos abaixo. 3.1 Ampliando as intervenções do facilitador de Respiração Holotrópica Há algumas questões de relativa facilidade em relação a uma possível integração dos princípios da MTC na Respiração Holotrópica. A primeira é o aprendizado da leitura corporal através da teoria dos 5 elementos. Invariavelmente o respirante expressa em seu corpo enquanto metáfora algo que remete à energia de um dos 5 elementos (ou mais deles ao longo da sessão), pode-se criar situações de amplificação usando uma intervenção que aumente a energia desejada (através do ciclo criativo) ou utilizar dos pontos de acupuntura nas intervenções. Venho experimentando essa abordagem da acupressura há cerca de dois anos com muito sucesso. A intervenção superior é feita pelo “alquimista interior”, que com os oito vasos maravilhosos ativados (processo que ocorre com aqueles que estão em estágios avançados da Alquimia). Em outras tradições a abertura dos 8 meridianos principais que nos conectam com as energias supra cósmicas são conhecidos por metáforas como “abrir as asas de anjo” entre outras, mas não deveriam ser tão mistificizadas já que há métodos de desenvolvimento e estruturação dessas capacidades humanas. Na intervenção avançada o facilitador é capaz de atuar diretamente no campo do respirante em processos semelhantes às curas xamânicas ou àquelas feitas pelos grandes curadores e sábios das mitologias do mundo. Uma prática extremamente positiva dentro dessa abordagem tem sido o uso dos pontos dos dois vasos maravilhosos principais para amplificação de energias emocionais durante as sessões de Respiração. Tratam-se de pontos onde a pessoa recebe alguns tipos de energia/informação (os pontos do meridiano do governo, yang, localizado predominantemente no dorso) e onde manifesta esses mesmos tipos de energia/informação (pontos do meridiano 22 da concepção, yin, localizado na loja anterior). Abaixo segue esquemático desses pontos e seu significado: Yung-chuan - K-1 (fonte borbulhante): ligação com a energia da Terra; Hui-yin - Períneo (Porta da vida e da morte): ligeiramente contraído a energia circula – totalmente relaxado perda da energia o que leva a morte; Chang-chang - Sacro (oito furos dos imortais): Onde a energia se esfria para ser utilizada com segurança - fechado pode nos fazer ter muita resistência a confiar nas outras pessoas. Ming-men - porta da vida: Abre a conexão com outras dimensões energéticas e recupera a energia Jing (ancestral/primordial); Assim como o sacro, quando fechado pode nos fazer ter muita resistência a confiar nas outras pessoas. Chi-Chung - T-11: Ponto contrário ao plexo solar – insegurança, ponto do poder pessoal (assertividade) fechado a pessoa se torna invisível e sem conseguir se fazer acreditar, além de ter dificuldade com autoridade vinda dos outros; Gia-pe - T-5: oposto ao timo - aceitar amor vindo dos outros; Ta-chui - C-7: Ponto de controle da mente racional – quando fechado a mente manda em tudo e aberto traz leveza e condição de deixar fluir a energia para a mente pura (atrás do pescoço no osso mais protuberante das costas, perto do cérebro - centro de controle da mente sobre o corpo); Fechado leva a pessoa a comportamentos de muita teimosia, às vezes aparecendo fisicamente na forma de um pequeno acúmulo de gorduras nesse ponto. Yui-gen - C-1 (almofada de jade): quando aberto a energia flui dentro do cérebro – e fechado leva à “cabeça dura”, pessoas agarradas a opiniões; Pai-Hui - Coroa: conexão espiritual - energia do Céu (Shen); Yin-tang - Terceiro olho: visão sutil/intuição - por onde absorvo o Chi dourado; Palato + língua: conexão entre o canal yin frente do corpo e yang as costas com a coluna (dois canais de dois vasos maravilhosos); Hsuan-chi - Garganta: expressão/fala; Shan-chung - Timo: amorosidade/sistema imune; Chun-wan - Plexo Solar: poder pessoal; Chi-chung - Umbigo: Centro do corpo - energia estabilizadora; Chi-hai - Ventre, mar de Chi: palácio dos ovários/ do esperma - sexualidade. Figura 6 – Pontos da Órbita Microcósmica formada pelos dois vasos maravilhosos principais. 3.2 Ampliando horizontes do psicoterapeuta de orientação transpessoal Na terapia, o uso do mapa dos oito trigramas e da noção do sistema dos 5 elementos na resolução dos dramas e traumas do paciente é muito útil. Podemos recorrer a essa simbologia 23 para ler em qual estágio e estado está o paciente. A partir dessa leitura (que normalmente seria um misto de leitura corporal, leitura do Chi, leitura dos padrões de comportamento e dos fatos da vida diária, além do próprio mapa astral e outras ferramentas semelhantes). As várias dimensões do paciente podem ser correlacionadas em um padrão completo a partir da percepção de como os elementos estão afetando sua saúde, relações, metas, sonhos e outros. Algumas doenças físicas ou comportamentos marcantes podem ser usados como pistas durante a “investigação” para construção do perfil do paciente: quando algum órgão dos sentidos ou um dos órgãos principais está doente sabemos que a pessoa está com excesso ou falta de alguma das formas do Chi, o que a levou a gerar essa mesma doença. Nesse caso podemos observar quando alguém está com tensões excessivas no masseter, ou com alguma doença nos olhos e saber que algum desequilíbrio acomete seu fígado (na Alquimia Interna o pai desses dois outros órgãos). A MTC também nos mostrará que o meridiano da vesícula biliar (a víscera, fu, associada ao fígado) passa pelo masseter,corre por trás da cabeça e termina nos olhos. Isso revela que qualquer energia do elemento madeira não saudável será compartilhada pelos órgãos do elemento madeira (fígado e vesícula biliar) e a doença não necessariamente se manifestará nesses órgãos, mas sim em seus correlatos. Dentro disso, as alergias, bruxismo e doenças oculares são causadas por raiva reprimida e jogada na Sombra, que se manifesta no corpo através do processo psicossomático. Sendo assim, toda emoção natural contida ou negada, bem como todas as faltas de estágios não integrados na vida (como as qualidades dos arquétipos que eventualmente não são desenvolvidas pelo indivíduo) acabarão se manifestando de uma forma ou outra como doença física para dar vazão e contrapor a repressão psico-energética. Por mais doloroso que sejam, esses fenômenos são apenas tentativas de reequilibração do Ser, que procura voltar “para o centro” expurgando as energias que lhe são maléficas de alguma forma. O processo terapêutico pode ajudar o paciente a integrar esses temas e energias para evitar as doenças e aceleração do envelhecimento. De forma mais ampla, podemos dizer que é trabalho do psicoterapeuta de orientação transpessoal e taoísta facilitar o processo de seus pacientes em compreender que certas dores são parte do processo de crescimento. Que negamos em nossa cultura alguns dos cinco movimentos (é “feio” sentir raiva e tristeza na maioria das famílias, por exemplo), mas tudo isso é parte da nossa natureza humana e deve ser integrado para que alcancemos o estado de completar a mais bela escultura de nós mesmos (SOUZA, 2007). 24 3.3 Interpretação taoísta dos sonhos Nada é mais importante na Alquimia Interior taoísta do que os órgãos internos. Cada um deles é reconhecido como uma entidade viva, um hólon que possui inteligência e vida própria. Nos sonhos, nossa alma nos comunica sobre o estado sutil dessas inteligências internas, às vezes nos comunicando de que estão fortes e poderosas, outras vezes alertando de que estão enfermas ou se direcionando para a doença. Apesar de raros, e de necessitarmos muito cuidado para classificar dentro destas exceções certos sonhos, o Taoísmo reconhece a existência dos “sonhos anomalíticos”, como os sonhos precognitivos e os sonhos iniciático onde inclusive alguma etapa do processo alquímico pode ser revelada (WILSON, 2004). A simbologia taoísta básica para os sonhos defende que o conteúdo do sonho somos nós mesmos e cada um dos personagens ou locais é uma manifestação dos 5 elementos e dos órgãos. O clima e o relevo do local são relacionados aos elementos. Pessoas vestidas com roupas coloridas ou animais pouco comuns são arquétipos que remetem aos nossos órgãos. Dentro dessa lógica, relatou certa vez um estudante de Tai Chi Chuan: “Sonhei que um bando de assaltantes vestidos de preto e fortemente armados tentava invadir minha casa. Quando quase conseguiam meu avô vestido com uma jaqueta de lona azul escura surgiu e os espantou com tiros de espingarda”. A interpretação taoísta tenderia para a explicação de que conteúdos da Sombra estão procurando emergir com intensidade (assaltantes vestidos de preto e fortemente armados tentava invadir a casa), mas há algum padrão ou convicção que provavelmente se origina na ancestralidade (Jing ) que reprime esses conteúdos (avô vestido com uma jaqueta de lona azul escura, como a energia os rins, disparando com uma espingarda). Em geral, essas interpretações que revelam órgãos, emoções e energias envolvidas são extremamente úteis para amplificar os efeitos dos estudantes de Alquimia Interna, Chi Kung e Tai Chi Chuan, que precisam “limpar” as emoções desequilibradas e integrar as diversas capacidades da sua alma para alcançar níveis mais elevados de suas práticas. Abaixo uma tabela com as principais relações simbólicas dos 5 elementos: 25 Quadro 5 - Principais relações dos Cinco Movimentos. Elemento Cor Órgão e Víscera Abertura Emoção Positiva Emoção Negativa Função da Consciência Madeira *cresce para todas as direções Verde Fígado, Vesícula Biliar Olhos (visão) Bondade, Atitude (vontade) Raiva, Ira Intuição Fogo *se eleva Vermelho Coração, Intestino Delgado Língua (paladar) Alegria, Amor Ódio, Impaciência Sensação Terra *estabiliza Amarelo/ Dourado Baço- pâncreas, Estômago Boca (tato) Equilíbrio, Clareza Confusão, Indecisão Transcendência Metal *foca Branco/ Prateado Pulmões, Intestino Grosso Nariz (olfato) Coragem, Justiça Tristeza, Depressão Sentimento Água *escorre/ desce Azul Escuro/ Preto Rins, Bexiga Ouvidos (audição) Suavidade, Gentileza Medo Pensamento Elemento Arquétipo Animal Arquétipo Astrológico Arquétipo Platônico Valor Humano Ação Educativa Tipo de Meditação Madeira *cresce para todas as direções Dragão Verde (Qing Long) Sagitário (Visionário) Visão Verdade Aprender a Conhecer Caminhando Fogo *se eleva Faisão Vermelho (Zhu Que) Virgem (Curador) Amor Amor Aprender a Amar Deitado Terra *estabiliza Dragão Amarelo (Huang Long) - - Paz Aprender a Ser - Metal *foca Tigre Branca (Bai Hu) Peixes (Sábio) Sabedoria Não violência Aprender a conviver Sentado Água *escorre/ desce Tartaruga Negra (Xuan Wu) Libra (Guerreiro) Poder Ação Correta Aprender a Fazer Em pé Elemento Virtude Taoísta (afirmação) Virtude Taoísta (negação) Estação (Clima) Planeta Bálsamo de Cura Instrumento Musical Madeira *cresce para todas as direções Bondade Forma / aparência Primavera (germinação, ventoso) Júpiter Canto Sinos ou címbalos Fogo *se eleva Polidez Emoção Verão (amplificação, calor) Marte Contar histórias Tambores Terra *estabiliza Sinceridade Pensamento / intenção Veranico (estabilização, úmido) Saturno Dormir - Metal *foca Justiça Ação Outono (secura) Vênus Silêncio Ossos ou paus que clicam Água *escorre/ desce Sabedoria Inteligência / conhecimento Inverno (frio) Mercúrio Dança Chocalhos ou maracas 26 4 O diálogo entre Psicologia Transpessoal e a milenar Alquimia Interna Chinesa Primeiramente gostaria de reforçar as informações já trazidas de forma menos condensada anteriormente e dialogar a simbologia taoísta com a simbologia usada por Pozatti em seus estudos. Com “máscaras” diferentes (CAMPBELL, 2008), ambas as visões acabam nos falando dos mesmos padrões de informação/energia. A tabela abaixo expressa essa correlação, fundamental para que dancemos entre o Tao e a Psicologia Transpessoal: Quadro 6 - Relações entre Psicologia Transpessoal e Taoísmo. Psicologia Transpessoal (Grof, Wilber, Jung, Pozatti) Taoísmo (Chern, Chia, Maciocia, Colegrave) Elementos (1)Terra, (2) Água, (3) Ar, (4) Fogo, (5) Éter. (1)Fogo, (2) Metal, (3) Água, (4) Madeira, (5) Terra. Arquétipos (1) Pioneiro, (2) Amante, (3) Mensageiro, (4) Aprendiz, (5) Rei, (6) Curador, (7) Guerreiro, (8) Mago, (9) Visionário, (10) Artesão, (11) Líder, (12) Sábio, (13) Ser Harmônico. (1) Dragão, (2) Serpente, (3) Cavalo, (4) Cabra, (5) Macaco, (6) Galo, (7) Cão, (8) Javali, (9) Rato, (10) Búfalo, (11) Tigre, (12) Coelho, (13) Eremita Imortal. MPBs Matriz 1 (Beta), Matriz 2 (Gama), Matriz 3(Delta), Matriz 4(Alfa). Digrama Síntese do I-Ching, Digrama Mudança do I-Ching, Digrama Transformação do I-Ching, Digrama Permanência do I-Ching. Fases da Vida (1) Nascimento à Adolescência, (2) Juventude à Adultez, (3) Maturidade, (4) Ancianidade, (5) Velhice à Senectude. (1) Madeira, (2) Fogo, (3) Terra, (4) Metal, (5) Água Níveis de Consciência (1) Matéria, (2) Corpo, (3) Mente, (4) Alma, (5) Espírito, (6) Não-Dualidade. (1) Wún, (2) Jing,(3) Chi, (4) Shen, (5) Xu, (6) Tao/Wu Chi. Três Grandes Eu (Verdade Subjetiva), Nós (Verdade Intersubjetiva), Isto (Verdade Objetiva). Tian (Céu), Ren (Homem), Kun (Terra). Da mesma maneira esta pesquisa possibilitou compreender como os números da sequência Fibonacci, que fundamentam a teoria das fases da vida de Pozatti, também aparecem no Taoísmo e em outras tradições, inclusive a psicologia. Esses números têm, entre outras propriedades, a possibilidade de obtermos uma constante sempre que um deles é dividido por seu antecessor (o número de ouro). Essa constante de ouro é capaz de gerar, quando seus números são plotados como um dos lados de um quadrado, figuras que geram o formato de uma espiral idêntica àquela usada pelos chineses de 5 mil anos atrás para representar o símbolo da Claridade e da Obscuridade (o Tai Chi, mais conhecido como o símbolo do Yin e Yang). Estes números são conhecidos por estarem intimamente ligados a como se dão as formas na Natureza, e podemos citar como exemplos de sua aparição na disposição dos galhos das árvores, ou arranjo de folhas em uma haste, dos cones da alcachofra e do abacaxi, do desenrolar da samambaia, da distribuição das sementes do girassol, dos bastonetes nos olhos dos insetos, nas pinhas, na concha do nautilus, na dentição e na forma da orelha humana, o tempo de 27 reprodução das abelhas e muitos outros casos. Apresento abaixo os resultados do confronto entre esses números e os conceitos centrais do Taoísmo: Quadro 7 - significados dos primeiros números da espiral dourada no Taoísmo. Sequência Fibonacci Taoísmo Comentário 0 Wu Chi (o Vazio Primordial Metacósmico que não possui formas, mas possui todas as formas e forças em potencial) Wu Chi, literalmente traduzido como “ausência do cume”, é a parte não manifestada do Tao, algo inatingível pela apreensão humana. Nos Sete Sermões aos Mortos, Jung usou a denominação gnóstica “Pleroma” para falar do Wu Chi e Carlos Castañeda ouviu de seus mestres toltecas histórias sobre ele como o Nagual. Jamie Sams explica que os indígenas norte-americanos o chamam de “Grande Mistério”. 1 Tai Chi (o Altíssimo a partir do qual se manifestam todas as formas que são percebidas através de opostos complementares) Tai Chi, literalmente traduzido como “grande cume” é a mais ampla abrangência da parte manifestada do Tao, incluindo-se aí todo o tipo de formas materiais e imateriais. Nos Sete Sermões aos Mortos, Jung usou a denominação gnóstica “Demiurgo” para falar do Tai Chi e Carlos Castañeda ouviu de seus mestres toltecas histórias sobre ele como o Tonal. Jamie Sams explica que os indígenas norte-americanos o chamam de “Grande Espírito”. 0+1 = 1 Mente Yi ou Tai Yi Yi é a intenção, a Consciência através da qual se unem os três tesouros pessoais (hsia tantien, zhong tantien e shang tantien ), criando uma intenção de “três mentes em uma mente”, unindo razão, emoção e tesão. A Mente Yi que leva ao avanço na Alquimia Interna é equivalente à ação do Demiurgo de Jung e ao Intento de Castañeda. 1+1 = 2 Yin e Yang (Luz e Sombra) Yin e Yang, literalmente traduzidos como “claridade e obscuridade”, são os polos complementares através dos quais todas as manifestações se tornam conscientes: conhecemos o claro por opô-lo ao escuro, conhecemos o bem por opô-lo ao mal, o positivo ao negativo, o masculino ao feminino. Nos Sete Sermões aos Mortos, Jung usou a denominação “Diabo e Deus” para falar do Yin e do Yang. 2+1 = 3 San Bao (Três Puros, Três Tesouros ou Três Poderes) Os Três Puros são as três grandes partes do Tai Chi, as três energias ou padrões de informação denominadas Energia da Terra ou “Kun”, Energia Cósmica (Energia do Plano Humano) ou “Ren” e a Energia Celeste (Espiritual) ou “Tian”. No ser humano essas energias (também chamadas de Jing, Chi e Shen) são armazenadas respectivamente no hsia tantien, zhong tantien e shang tantien. Estão relacionados com as trindades: Denso (Kun), Movimento (Ren) e Sutil (Tian) e com o que o xamanismo chama de “Mundo Inferior”, “Terra” e “Mundo Superior”. A relação com os “Três Grandes” da filosofia também ocorre quando nos defrontams 3+2 = 5 Wu Hsing (Cinco Princípios ou Cinco Forças) *Quando presentes em seus aspectos Yin e Yang são os 10 troncos celestes. Wu Hsing, literalmente traduzido como “cinco movimentos”, são os cinco padrões de comportamento das formas de energia. Praticamente todas as tradições sapienciais apresentam um mapa de cinco ou quatro elementos que está diretamente relacionado ao Wu Hsing, sejam esses mapas correspondentes diretamente aos 5 movimentos chineses ou aos quatro que tem um centro. 5+3 = 8 Pa Kua (Oito Figuras ou Oito Trigramas) Pa Kua, literalmente traduzido como “oito figuras”, são os padrões da manifestação dos elementos naturais. A partir dessas oito figuras desenvolveram-se inúmeros conhecimentos da cultura chinesa, entre eles os Hexagramas do I-Ching, os princípios do Tai Chi Chuan e de algumas fórmulas do Chi Kung , além das regras do Feng Shui. 8+5 = 13 Doze Ramos Terrestres e o Rei do Céu *Os 12 Ramos Terrestres são os aspectos Yin e Yang dos Seis Sopros. Os doze Ramos Terrestres são as doze frações de divisão do Tempo, grandeza pela qual recebemos a influência de doze arquétipos que influenciam a psique humana. As mais conhecidas formas de se conhecer a influência desse tempo arquetípico são a astrologia (tanto pelo mapa natal quanto pelos trânsitos) e o estudo das fases da vida. 28 Outra abordagem extremamente útil na psicoterapia e no desenvolvimento em grupos de Chi Kung ou Tai Chi Chuan é o uso da Medicina Interior (BURGOS, 2006) com uma pequena adaptação: o autor trata como chakras os três Tantien. Com essa aproximação da visão budista da visão taoísta complementamos a primeira com um aspecto útil: sendo os três chakras na verdade os três Tantien, e com cada um deles relacionado a um dos três tesouros (Jing, Chi e Shen), eles também se correlacionam da mesma maneira que os cinco elementos. É por isso que as patologias descritas por Burgos afetam o indivíduo, ou seja, a pessoa que sofre de esvaziamento 21 do Chi no Tantien Médio acaba desenvolvendo a aversão (que é a falta de empatia om a energia humana) e morre precocemente, sozinha e vive entrando em conflito com tudo e todos. A pessoa com esvaziamento do Jing no Tantien Inferior acaba insatisfeita, gerando vontades autodestrutivas e suicidas, exatamente por não conectar-se ao prazer e à energia sexual. E por fim, o esvaziamento do Shen no Tantien Superior transforma as pessoas em buscadoras confusas, em sujeitos indiferentes que não se conectam com as emoções e os sonhos e vivem na prisão do ego racional, desenvolvendo ao final algum mal do sistema linfático-endócrino. Muitas outras questões que não cabem aqui confirmam as conclusões e a eficácia da Medicina Interior, que ainda pode ser ampliada com os princípios da Medicina Tradicional Chinesa e da Alquimia Interna Taoísta em estudos futuros. Abaixo um mapa dos três Tantien e seu ciclo relacional: Figura 7 – Ciclos dos Tantien na Medicina Interior. 21 No trabalho original da Medicina Interior o autor teorizou que as pessoas têm um perfil ligado à aversão, apego ou indiferença e por isso sofrem e desenvolvem as patologias. O que propomos aqui é que a pessoa não está carregada das energias dos Tantien e por isso não estando inteira desenvolve os traços não-virtuosos na personalidade. 29 Por fim, além da fusão , das duas correntes de pensamento e prática aqui estudadas (Taoísmo e Psicologia Transpessoal), se faz necessário algumas considerações pessoais. As páginas que precedem este parágrafo final são o produto de um árduo trabalho de leitura e muita reflexão iniciado em 2013, desde o contato com a MedicinaInterior de background budista (estudo importantíssimo e que foi deixado propositalmente para o final). Não tenho dúvidas que o porte dos conhecimentos da tradição budista para uma teoria e prática que pudesse ser vista como terapia transpessoal foi a inspiração final para a geração do trabalho que aqui concluímos (mesmo que temporariamente já que o tema é rico e certamente pede ampliação e desdobramentos). O fato é que cada leitura e cada prática, cada observação da Natureza Externa e da Natureza Interna me levaram a percepção de que todo o Universo, ou melhor, de que a Totalidade é regida pela lei dos Cinco Movimentos e compreendê-la nos permitirá avançar de forma indescritível na precisão de nossa ação terapêutica, de nossa abordagem educacional e do cultivo de nossa saúde em todos os níveis. Percebi que, assim como para curar o mal-iogue, precisamos a todo momento do Amor. Não do amor enquanto uma dependência dos outros, mas um amor que é traduzido como a aceitação de mim mesmo como sou, dos outros como são e como estão, da vida como se apresenta com seus altos e baixos e do Fluxo Eterno que não é bom nem mal, claro nem escuro, mas todas as coisas em uma infinita transmutação necessária para que o Todo exista. Amar não só é cura, mas é o próprio Tao. Tiago Oviedo Frosi Maio, 2014 30 Referências BECK, Don Edward; COWAN, Cristopher C. A Dinâmica da Espiral: dominar valores liderança e mudança. Lisboa: Instituto Piaget, 2000. BLOFELD, John. Taoísmo, o Caminho para a Imortalidade. Pensamento. 1986. BLÓISE, Paulo V. O Tao e a Psicologia. São Paulo: Angra, 2000. BRITTO, Ely Amorim de. Fusão dos 5 Elementos (manual do curso de instrutores). Itamonte: IntertTao, 2014. BURGOS, Ênio. Medicina Interior: a medicina do coração e da mente. Porto Alegre: Bodigaya, 2006. CAMPBELL, J. As máscaras de Deus: mitologia oriental. São Paulo: Palas Athena, 2008. 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