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1 LEI ORGÂNICA diferenciado aos necessitados. A seguir veremos outros exemplos de diferenças de tratamento permitidas em lei. Rui Barbosa (águia de Haia), o maior jurista brasileiro, sabiamente já dizia: “a isonomia não consiste em tratar todos da mesma maneira, consiste, isto sim, em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades”. Significa que há necessidade de tratamento diferenciado aos desiguais, para que tenham as mesmas oportunidades. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; Lei é um preceito jurídico escrito, emanado pelo poder estatal competente, com caráter de inovação, generalidade, e obrigatoriedade. Entende-se que somente o poder legislativo, via de regra, deve elaborá-la, sendo ela obrigatória e para todos. Vê-se aqui a enunciação de um princípio basilar (básico) do Estado de Direito: O princípio da legalidade. Embora determinados atos administrativos, como os decretos e portarias, também obriguem os cidadãos, em última análise, isso só é possível porque alguma lei o permite. Desta forma, não se pode proibir ou penalizar qualquer cidadão por ato que não esteja expressamente proibido em lei. Ainda que a lei venha a existir posteriormente, esta não poderá ser usada para penalizá-lo, se na época da prática do ato tal lei ainda não existia ou se existia ainda não estava em vigor. 2 Princípio da Irretroatividade: um dos princípios jurídicos do direito brasileiro é o Principio da Irretroatividade, ou seja, a Lei só retroage no tempo para beneficiar o réu, nunca p prejudicar. Isto significa que: Se a Lei não existia no período do ato praticado e posteriormente aquele ato passou a ser proibido por lei, a lei não o alcançara para punir aquele que o praticou. Mas se o contrário ocorrer, ou seja, ele praticou um ato que era considerado ilegal e posteriormente aquela lei deixou de existir, seja por nulidade, por caducidade ou por ter sido revogada por outra, ainda que durante o julgamento, ele deixa de responder por aquele crime. Tudo fica Nulo. Vacatio Legis: é um termo jurídico, de origem latina, que significa vacância da lei, ou seja, lei vaga, que é o período compreendido entre o dia da publicação de uma lei e o dia em que ela entra em vigor. O objetivo desta vacância, é a assimilação da nova lei antes de sua entrada em vigor. Esse período é em média de 45 dias, contando da data da publicação da lei. É possível também que a nova lei dispense a Vacatio Legis com o seguinte artigo: “Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação”. III – ninguém será submetido à tortura ou tratamento desumano ou degradante; Exemplos de tortura: utilização de “pau-de-arara”, choques, espancamentos, mutilações, queimaduras, “soros da verdade”, etc. Quanto à proibição de tratamento desumano e degradante, ela diz respeito, sobretudo, à aplicação de penas e, neste sentido, o inciso XLVII (47) proibirá, por exemplo, penas de trabalhos forçados e penas cruéis. Ninguém poderá ser tratado sem o devido respeito. O legislador constituinte, em 1988, era um legislador escaldado com um Estado que não respeitava o indivíduo. Muitos deles foram alvos de tortura, daí a importância dada ao 3 tema. O direito à integridade é basicamente o 1º direito humano elencado na Carta Magna (Constituição Federal). LIBERDADE DE PENSAMENTO: IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; * (O concurso pode pedir tal questão substituindo a palavra “anônimo” por inominado ou apócrifo, visto que são sinônimos, a fim de confundi-los). Toda e qualquer pessoa pode manifestar seu pensamento, qualquer que seja este, mas isto não a exime de ser responsabilizada pelo que disser, se ofender, humilhar, discriminar ou expuser alguém à situação vexatória. Ex.: injuriar, caluniar ou difamar alguém, ou trouxer à publico a vida pessoal, íntima ou sexual de alguém, de forma a constrangê-lo. Expor fofocas, etc. DIREITO DE RESPOSTA: V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; Este inciso é reflexo do anterior. Ao ofendido é assegurado direito à indenização e direito de resposta. Este último tem sido largamente utilizado nas campanhas eleitorais. LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA, DE CRENÇA E DE CULTO: VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias; 4 A Constituição assegura a todos escolher livremente a crença e a ideologia política ou filosófica que desejarem. É a chamada liberdade interna, também conhecida por liberdade subjetiva ou liberdade moral (consciência). Quando esse direito se exterioriza, com a expressão da crença através do culto, ou outra prática á este pertinente, estamos diante da liberdade objetiva, que também é resguardada pela Constituição. Evidentemente, essa liberdade não é absoluta. Ela se mantém até onde inicia a liberdade do outro. Não se pode, por exemplo, fazer pregações às 2h da manhã, pois isso interfere no direito de intimidade e privacidade do outro. Percebe-se um avanço no respeito do Estado às liberdades de consciência e de crença, sendo este estendido, inclusive, aos adeptos de religiões animistas ou indígenas. Não pode, qualquer agente público no exercício das suas funções, fazer qualquer juízo de valor sobre a crença de qualquer pessoa, pois o Estado é laico. VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva (hospitais, presídios, asilos, orfanatos, manicômios, quartéis, etc.); O Estado Brasileiro é laico, isto é, não tem religião oficial. Portanto, a prestação de assistência religiosa, segundo o texto, além de ser regulamentada por lei, será oferecida facultativamente por quem quiser. VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir- se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; É comum, no caso de algumas religiões, alegar-se escusa de consciência (“minha religião não permite...”) para a dispensa do serviço militar obrigatório, por exemplo. Nesses casos, deve então a autoridade competente conceder uma prestação alternativa, onde, ao invés do treinamento militar, que contraria a sua religião, o sujeito irá fazer uma outra coisa, como prestação de serviços comunitários, de escritório, etc.). 5 Desta forma, cabe ao indivíduo cumprir tal prestação alternativa. Caso contrário, perderá seus direitos políticos e deixará de ser cidadão, isto é, não poderá mais votar ou se candidatar a uma eleição. Um cuidado se deve ter: só se pode alegar escusa de consciência, quando a obrigação legal a todos imposta permitir uma prestação alternativa. Caso contrário, ela não poderá ser alegada. Quem presencia um crime, por exemplo, não pode dizer ao juiz que não irá testemunhar por razões de consciência – não há ato que substitua o depoimento dessa pessoa e, portanto, não há prestação alternativa que possa ser aplicada. LIBERDADE DE EXPRESSÃO: IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença. Censura, segundo Michel Temer, “é a verificação do pensamento antes de sua divulgação, com o intuito de impedir a circulação de certas ideias”. Censura é um crivo prévio do Estado sobre qualquer publicação. Licença é a autorização emitida por órgãos oficiais para a publicação de jornais e outros escritos, como livros, poemas, músicas, notícias, etc. Estes dois institutos, utilizados exaustivamenteno período da ditadura e demais estados de exceção, hoje não têm mais lugar. É logico que o administrador faça uma classificação, como disposto no art. 220 da CF: CF - Art. 220 [ 3º - Compete à Lei Federal: I – regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada; II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no artigo 221, bem como da propaganda 6 de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente. X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
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