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AULA 12 - LEI ORGÂNICA DE ARARUAMA

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LEI ORGÂNICA 
diferenciado aos necessitados. A seguir veremos outros exemplos de 
diferenças de tratamento permitidas em lei. 
 
Rui Barbosa (águia de Haia), o maior jurista brasileiro, sabiamente já dizia: “a 
isonomia não consiste em tratar todos da mesma maneira, consiste, isto sim, 
em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de 
suas desigualdades”. Significa que há necessidade de tratamento 
diferenciado aos desiguais, para que tenham as mesmas oportunidades. 
 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: 
II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude de lei; 
 
Lei é um preceito jurídico escrito, emanado pelo poder estatal competente, 
com caráter de inovação, generalidade, e obrigatoriedade. Entende-se que 
somente o poder legislativo, via de regra, deve elaborá-la, sendo ela 
obrigatória e para todos. 
Vê-se aqui a enunciação de um princípio basilar (básico) do Estado de 
Direito: O princípio da legalidade. 
Embora determinados atos administrativos, como os decretos e portarias, 
também obriguem os cidadãos, em última análise, isso só é possível porque 
alguma lei o permite. 
Desta forma, não se pode proibir ou penalizar qualquer cidadão por ato que 
não esteja expressamente proibido em lei. Ainda que a lei venha a existir 
posteriormente, esta não poderá ser usada para penalizá-lo, se na época da 
prática do ato tal lei ainda não existia ou se existia ainda não estava em 
vigor. 
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Princípio da Irretroatividade: um dos princípios jurídicos do direito 
brasileiro é o Principio da Irretroatividade, ou seja, a Lei só retroage no 
tempo para beneficiar o réu, nunca p prejudicar. 
Isto significa que: Se a Lei não existia no período do ato praticado e 
posteriormente aquele ato passou a ser proibido por lei, a lei não o alcançara 
para punir aquele que o praticou. Mas se o contrário ocorrer, ou seja, ele 
praticou um ato que era considerado ilegal e posteriormente aquela lei 
deixou de existir, seja por nulidade, por caducidade ou por ter sido revogada 
por outra, ainda que durante o julgamento, ele deixa de responder por aquele 
crime. Tudo fica Nulo. 
 
Vacatio Legis: é um termo jurídico, de origem latina, que significa vacância 
da lei, ou seja, lei vaga, que é o período compreendido entre o dia da 
publicação de uma lei e o dia em que ela entra em vigor. O objetivo desta 
vacância, é a assimilação da nova lei antes de sua entrada em vigor. Esse 
período é em média de 45 dias, contando da data da publicação da lei. 
É possível também que a nova lei dispense a Vacatio Legis com o seguinte 
artigo: “Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação”. 
 
III – ninguém será submetido à tortura ou tratamento desumano ou 
degradante; 
Exemplos de tortura: utilização de “pau-de-arara”, choques, espancamentos, 
mutilações, queimaduras, “soros da verdade”, etc. 
Quanto à proibição de tratamento desumano e degradante, ela diz respeito, 
sobretudo, à aplicação de penas e, neste sentido, o inciso XLVII (47) proibirá, 
por exemplo, penas de trabalhos forçados e penas cruéis. 
Ninguém poderá ser tratado sem o devido respeito. O legislador constituinte, 
em 1988, era um legislador escaldado com um Estado que não respeitava o 
indivíduo. Muitos deles foram alvos de tortura, daí a importância dada ao 
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tema. O direito à integridade é basicamente o 1º direito humano elencado na 
Carta Magna (Constituição Federal). 
 
LIBERDADE DE PENSAMENTO: 
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
* (O concurso pode pedir tal questão substituindo a palavra “anônimo” por 
inominado ou apócrifo, visto que são sinônimos, a fim de confundi-los). 
Toda e qualquer pessoa pode manifestar seu pensamento, qualquer que seja 
este, mas isto não a exime de ser responsabilizada pelo que disser, se 
ofender, humilhar, discriminar ou expuser alguém à situação vexatória. 
Ex.: injuriar, caluniar ou difamar alguém, ou trouxer à publico a vida pessoal, 
íntima ou sexual de alguém, de forma a constrangê-lo. Expor fofocas, etc. 
 
DIREITO DE RESPOSTA: 
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem; 
 
Este inciso é reflexo do anterior. Ao ofendido é assegurado direito à 
indenização e direito de resposta. Este último tem sido largamente utilizado 
nas campanhas eleitorais. 
 
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA, DE CRENÇA E DE CULTO: 
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo 
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma 
da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias; 
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A Constituição assegura a todos escolher livremente a crença e a ideologia 
política ou filosófica que desejarem. É a chamada liberdade interna, também 
conhecida por liberdade subjetiva ou liberdade moral (consciência). Quando 
esse direito se exterioriza, com a expressão da crença através do culto, ou 
outra prática á este pertinente, estamos diante da liberdade objetiva, que 
também é resguardada pela Constituição. 
Evidentemente, essa liberdade não é absoluta. Ela se mantém até onde 
inicia a liberdade do outro. Não se pode, por exemplo, fazer pregações às 2h 
da manhã, pois isso interfere no direito de intimidade e privacidade do outro. 
Percebe-se um avanço no respeito do Estado às liberdades de consciência e 
de crença, sendo este estendido, inclusive, aos adeptos de religiões 
animistas ou indígenas. Não pode, qualquer agente público no exercício das 
suas funções, fazer qualquer juízo de valor sobre a crença de qualquer 
pessoa, pois o Estado é laico. 
 
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência 
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva 
(hospitais, presídios, asilos, orfanatos, manicômios, quartéis, etc.); 
O Estado Brasileiro é laico, isto é, não tem religião oficial. Portanto, a 
prestação de assistência religiosa, segundo o texto, além de ser 
regulamentada por lei, será oferecida facultativamente por quem quiser. 
 
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa 
ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-
se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação 
alternativa, fixada em lei; 
É comum, no caso de algumas religiões, alegar-se escusa de consciência 
(“minha religião não permite...”) para a dispensa do serviço militar obrigatório, 
por exemplo. Nesses casos, deve então a autoridade competente conceder 
uma prestação alternativa, onde, ao invés do treinamento militar, que 
contraria a sua religião, o sujeito irá fazer uma outra coisa, como prestação 
de serviços comunitários, de escritório, etc.). 
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 Desta forma, cabe ao indivíduo cumprir tal prestação alternativa. Caso 
contrário, perderá seus direitos políticos e deixará de ser cidadão, isto é, não 
poderá mais votar ou se candidatar a uma eleição. 
 
Um cuidado se deve ter: só se pode alegar escusa de consciência, quando 
a obrigação legal a todos imposta permitir uma prestação alternativa. Caso 
contrário, ela não poderá ser alegada. Quem presencia um crime, por 
exemplo, não pode dizer ao juiz que não irá testemunhar por razões de 
consciência – não há ato que substitua o depoimento dessa pessoa e, 
portanto, não há prestação alternativa que possa ser aplicada. 
 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO: 
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independente de censura ou licença. 
Censura, segundo Michel Temer, “é a verificação do pensamento antes de 
sua divulgação, com o intuito de impedir a circulação de certas ideias”. 
Censura é um crivo prévio do Estado sobre qualquer publicação. Licença é a 
autorização emitida por órgãos oficiais para a publicação de jornais e outros 
escritos, como livros, poemas, músicas, notícias, etc. 
Estes dois institutos, utilizados exaustivamenteno período da ditadura e 
demais estados de exceção, hoje não têm mais lugar. É logico que o 
administrador faça uma classificação, como disposto no art. 220 da CF: 
CF - Art. 220 [ 3º - Compete à Lei Federal: 
I – regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público 
informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, 
locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada; 
II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a 
possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e 
televisão que contrariem o disposto no artigo 221, bem como da propaganda 
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de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio 
ambiente. 
 
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou 
moral decorrente de sua violação.

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