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AULA 1 
GESTÃO CONTÁBIL
Prof. Érico Eleutério da Luz 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Olá! Seja bem-vindo ao tema em que vamos tratar do panorama da contabilidade 
financeira no Brasil atualmente. Você, como estudante da área, deve saber que a 
contabilidade no Brasil é fortemente regulada, seja por leis específicas (Lei n° 
6.404/76 e Lei n° 10.406/2003) ou por normas emanadas dos órgãos reguladores. 
A partir de 2005, o Brasil optou por aderir às regras internacionais de 
contabilidade, mais precisamente os IFRS - Regras Internacionais de Relatórios 
Financeiros -. Essa nova estrutura conceitual da contabilidade brasileira tem início 
com a criação, por meio da resolução do Conselho Federal de Contabilidade 
1.055/2005, do CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis – órgão que possui 
total independência em suas deliberações (pronunciamentos técnicos, 
interpretações e orientações), embora receba suporte material do CFC. 
A partir de agora, você vai ver mais sobre isso e muito mais. Para iniciar, acesse 
o material on-line e assista ao vídeo de introdução em que o Professor Érico 
apresentará todos os tópicos abordados aqui. 
PROBLEMATIZAÇÃO 
A empresa Pedra e Óleo S/A atua no setor de energia e pelas características de 
seu negócio tem contratos com fornecedores de serviços sofisticados e altamente 
técnicos, com a aquisição de ativos de construção de longo prazo e valores 
elevados. Por ser uma empresa de capital aberto, sua relação com o mercado de 
ações sempre foi de extrema transparência e confiabilidade, já que necessita de 
investimentos em grandes estruturas físicas e constantemente precisa de grandes 
aportes de capital para financiamento desses ativos, uma vez que atua num 
mercado altamente competitivo e sensível às alterações no mercado 
internacional. 
Ocorre que nos últimos tempos a empresa tem enfrentado uma série de 
contratempos, pois descobriu-se que alguns gestores negociaram contratos com 
valores acima daqueles de mercado para construção de grandes estruturas. Parte 
dos valores superfaturados eram depositados, pelos fornecedores, em contas 
bancárias dos gestores. 
O superfaturamento nos preços de produtos e serviços causou uma sangria no 
caixa da empresa e a reação do mercado foi naturalmente reduzir seu nível de 
 
 
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confiança nos números contábeis divulgados. Seguiu-se uma queda abrupta e 
considerável nos preços das ações e o rebaixamento de sua nota de classificação 
de risco em nível internacional. A própria empresa de auditoria contratada se 
recusou a emitir um parecer até que seu cliente se manifeste sobre os reflexos 
contábeis das mazelas causadas pelas ações dos gestores. 
Ressalte-se que os financiadores se veem no risco de não receberem seus 
créditos no prazo contratado, dadas as dificuldades financeiras experimentada 
pela empresa. 
Por todo o exposto sobre a situação relatada, você é chamado a dar sua opinião 
sobre a situação. E agora? Não precisa responder agora, no final do estudo, 
voltaremos a falar sobre isso. 
PANORAMA DA CONTABILIDADE BRASILEIRA E SUA ESTRUTURA LEGAL NO 
BRASIL 
Para iniciar esta parte do estudo, quem vai ajudar é o Professor Érico através do 
vídeo com acesso pelo material on-line. 
A resolução 1.055/2005 expressa a crescente internacionalização das normas 
contábeis e observa que os países estavam caminhando para uma convergência 
dessas regras, entendendo que o CFC geraria entre outros benefícios a redução 
dos riscos dos empreendimentos e o barateamento dos custos de captação de 
recursos, via empréstimos e financiamentos; além da melhoria na comunicação 
contábil entre países pelo uso de uma linguagem contábil mais homogênea. Pelos 
motivos expostos e outros que se destacam no documento, institui-se o Comitê 
de Pronunciamentos Contábeis, entidade composta inicialmente pelas seguintes 
entidades: 
 Abrasca - Associação Brasileira das Companhias Abertas; 
 Apimec Nacional - Associação dos Analistas e Profissionais de 
Investimento do Mercado de Capitais; 
 Bovespa - de Valores de São Paulo; 
 CFC - Conselho Federal de Contabilidade; 
 Ibracon - Instituto dos Auditores Independentes do Brasil; 
 
 
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 Fipecafi - Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e 
Financeiras. 
O objetivo e atribuição do comitê estão definidos nos artigos 3º e 4º da resolução, 
que assim dispõe: 
Art. 3º - O Comitê de Pronunciamentos Contábeis - (CPC) tem por 
objetivo o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos 
sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações 
dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade 
reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu 
processo de produção, levando sempre em conta a convergência da 
Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. 
Art. 4º - É atribuição do Comitê de Pronunciamentos Contábeis - (CPC) 
estudar, pesquisar, discutir, elaborar e deliberar sobre o conteúdo e a 
redação de Pronunciamentos Técnicos. 
 
A partir da criação do Comitê de pronunciamentos contábeis, inúmeros 
pronunciamentos técnicos são editados, sempre com o fim de estabelecer a 
convergência entre a estrutura contábil brasileira às melhores regras 
internacionais de contabilidade. A partir da emissão de um pronunciamento 
técnico e após a aprovação, ele será submetido à análise do Conselho Federal de 
Contabilidade, o qual transformará numa norma brasileira de contabilidade, 
tornando sua aplicação obrigatória para todos os contadores. 
PRINCÍPIOS CONTÁBEIS 
No material on-line, o Professor Érico disponibilizou um vídeo falando dos 
princípios contábeis, regras de observância obrigatória pelos contadores quando 
do registro e mensuração dos eventos econômicos, acesse lá e confira! 
Os princípios contábeis são regras adotadas pelos profissionais de contabilidade 
e devem ser observadas na elaboração das Demonstrações Contábeis; são de 
aplicação obrigatória por força da Lei n° 6404/7, que em seu Art. 177 determina 
que: 
A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, 
com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos 
princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar 
 
 
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métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as 
mutações patrimoniais segundo o regime de competência. 
 
Para um enunciado com força de aplicação geral pelos contadores ser classificado 
como princípio contábil, é necessário que contenha duas características 
essenciais: deve ser praticável e útil. A utilidade diz respeito ao valor agregado à 
informação contábil pela aplicação daquele princípio, enquanto a praticabilidade 
está vinculada à premissa de que se de alguma forma não puder ser exigida de 
todos os contadores a observância daquele procedimento, então faltará a esse 
enunciado a generalidade, tornando-se impraticável para algum segmento, região 
ou atividade econômica especificamente. 
O CFC, por meio da Resolução 1282/2010, atualizou e consolidou dispositivos da 
Resolução CFC n. º 750/93, que dispõe sobre os Princípios de Contabilidade. Os 
fundamentos que justificaram essa atualização, conforme o teor da Resolução 
1282/10, estão vinculados ao processo de convergência às normas internacionais 
de contabilidade, o que anteriormente já havia sido justificativa da emissão pelo 
Conselho Federal de Contabilidade, da Norma Brasileira de Contabilidade Técnica 
1 NBC – TG ESTRUTURA CONCEITUAL - Estrutura Conceitual para a 
Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, através da Resolução 
CFC nº 1.374/11. 
Segundo a resolução CFC nº 1.282/2010, a decisão por manter a resolução 
750/93 tem como base porque ela discute a aplicabilidade dos Princípios 
Fundamentais de Contabilidade contidos na Resolução CFC n. º 750/93. 
A resolução CFC nº 750/93, atualizada, elenca os seguintes princípios de 
contabilidade:A seguir, você vai conhecer detalhadamente cada um deles. 
Entidade Continuidade Oportunidade
Registro pelo 
valor original
Competência Prudência
 
 
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Princípio da Entidade 
Conforme o Art. 4º da Resolução 750/93, o patrimônio, a teor do princípio da 
entidade, é reconhecido como objeto da Contabilidade. Afirma-se assim a 
autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio 
particular de um universo de patrimônios existentes a ele vinculados 
juridicamente, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de 
pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com 
ou sem fins lucrativos. Quando não se distingue claramente o que pertence à 
entidade daquilo que é do sócio podem surgir contingências fiscais, como no 
exemplo de se considerar como despesa um recurso consumido exclusivamente 
pelo sócio. 
Ressalte-se que o Parágrafo único do artigo em comento destaca que o 
“Patrimônio pertence à Entidade, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou 
agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova entidade, mas 
numa unidade de natureza econômico-contábil”, como no caso de diversos 
patrimônios objetos de uma consolidação contábil. 
Princípio da Continuidade 
O Art. 5º da Resolução 750/93, como redação dada pela resolução 1282/10, 
dispõe que o “Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em 
operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes 
do patrimônio levam em conta esta circunstância”. 
As empresas são criadas com a intenção de operarem indefinidamente. Esta 
premissa deve ser observada quando do registro e avaliação das mutações 
patrimoniais, só alterando-se este princípio se surgirem fortes evidências de 
descontinuidade. A regra, portanto, é a perenidade dos negócios e é essa 
premissa que determina os critérios para reconhecimento e avaliação de ativos e 
passivos pela entidade. 
Princípio da Oportunidade 
Conforme o disposto no artigo Art. 6º (redação dada pelo Resolução CFC 
1282/10), “o Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e 
apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras 
e tempestivas”. Define ainda, em seu parágrafo único, que “a falta de integridade 
 
 
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e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode 
ocasionar a perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação 
entre a oportunidade e a confiabilidade da informação”. 
O registro das operações deve ser efetuado no tempo certo e com a extensão 
correta, sendo que existindo apenas razoável possibilidade de ocorrer um evento, 
este deve ser considerado, assim como no exemplo das provisões constituídas 
quando um evento econômico está se potencializando. 
Princípio do Registro pelo Valor Original 
O enunciado deste princípio trazido pelo art. 7º e seus parágrafos da Resolução 
750/93 (com redação dada pela Resolução CFC 1282/10), diz expressamente que 
“o Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do 
patrimônio devam ser inicialmente registrados pelos valores originais das 
transações, expressos em moeda nacional”. 
Inicialmente os ativos e passivos devem ser contabilizados pelos valores originais 
que representam as quantidades de moedas representativas dos eventos. Porém, 
na permanência desses elementos como componentes de um determinado 
patrimônio outros critérios de mensuração devem ser cuidadosamente estudados 
para se estabelecer os melhores parâmetros de atribuição de valores a esses 
objetos ou eventos. 
Os componentes do Patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das 
transações, expressos a valor presente na moeda do País. Por exemplo, a regra 
como base para avaliação dos ativos é o seu valor de custo ou de mercado, o que 
for menor. Entretanto, poderão ser utilizados outros critérios quando da 
mensuração desses ativos na permanência destes no patrimônio, como custo 
corrente, valor de realização líquida, valor justo e outros conforme o caso. 
Princípio da Competência 
As receitas e despesas devem ser incluídas no resultado no período em que 
ocorreram e não quando efetivamente recebidas ou pagas. O resultado (lucro ou 
prejuízo) de um exercício deve corresponder ao confronto das receitas e despesas 
geradas naquele exercício. O Art. 9º da Resolução CFC 1282/10 determina que, 
na competência, “os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos 
 
 
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nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou 
pagamento”. 
O Princípio da Competência, que contrapõe ao regime de caixa, pressupõe a 
simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas que sejam correlatas. 
Szuster (2011, p. 90), afirma que os fatos contábeis devem ser reconhecidos 
quando ocorridos os eventos econômicos, independentemente dos seus efeitos 
financeiros. 
O princípio da competência exige que se estabeleça claramente quando a receita 
é considerada realizada. Nesse sentido, considera-se que houve a realização 
efetiva da receita quando se torna passível de registro pela Contabilidade, quando 
produtos ou serviços produzidos ou prestados pela entidade são transferidos para 
outra entidade ou pessoa física com a anuência destas e mediante pagamento ou 
compromisso de pagamento; ou seja, é a transferência de propriedade ou a 
execução do serviço que, regra geral, determinam a obrigatoriedade do 
reconhecimento contábil da receita. 
Já em relação às despesas e custos, eles devem ser adequadamente 
confrontados com as receitas para que o lucro possa ser mensurado e 
reconhecido no momento econômico de sua geração. Neste caso, toda despesa 
diretamente delineável com as receitas reconhecidas em determinado período 
com elas deverá ser confrontada; os consumos ou sacrifícios de ativos (atuais ou 
futuros), realizados em determinado período e que não puderam ser associados 
à receita do período nem às dos períodos futuros, deverão ser descarregados 
como despesa do período em que ocorreram. 
Lá no material on-line, o Professor Erico vai falar das convenções contábeis, 
enunciados de observância obrigatória também, mas permitindo uma certa 
restrição na aplicação dos princípios. Não deixe de assistir ao vídeo. 
CONVENÇÕES 
As convenções contábeis caracterizam-se como restrições ou limitações aos 
princípios, visto que estes permitem aos contadores uma certa liberdade na 
escolha dos critérios de registro e mensuração dos eventos. 
Embora não constem na Resolução 750/93 do Conselho Federal de 
Contabilidade, temos as seguintes convenções: 
 
 
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Convenção da Consistência 
O contador deve ser consistente na escolha dos critérios para registrar e mensurar 
os eventos econômicos relevantes para a contabilidade. Uma vez adotado, ele 
deve, se possível, ser utilizado ao longo de diversos períodos contábeis, 
facilitando a comparabilidade e a análise de tendências a partir dos relatórios 
contábeis. 
Se, por exemplo, for adotado determinado critério para avaliação dos estoques 
referente às baixas por vendas, esse critério deve ser mantido o mais 
consistentemente durante os períodos contábeis. Porém, essa convenção não 
deverá prejudicar a qualidade da informação contábil, pois em diversas situações 
é recomendável que se utilizem critérios diferentes de um período para outro, mas 
nesses casos deve-se constar em nota explicativa a natureza da alteração e quais 
foram as implicáveis no valor do patrimônio e no resultado empresarial, 
decorrentes especificamente da mudança de critério. 
Convenção do Conservadorismo ou Prudência 
A contabilidade deve pautar-se pela escolha de critérios de mensuração de ativos 
e passivos que resultem no menor valor para os ativos e receitas e o maior valor 
para os passivos e despesas sempre que se apresentem alternativas igualmente 
válidas de atribuição de valores diferentes a um elemento doativo (ou do passivo). 
O conservadorismo ou cautela nestes casos são recomendados para evitar que 
as informações evidenciadas nos relatórios contábeis criem falsas expectativas 
no mercado, induzindo pessoas a efetuarem transações com a empresa baseados 
em eventos que tenham riscos potenciais de não se realizarem da forma como 
foram divulgados. Todas as expectativas de perdas de ativos devem ser 
reconhecidas e os seus riscos mensurados. A empresa pode experimentar perdas 
nos estoques, nos clientes, nos ativos financeiros, entre outros, e essas perdas 
potenciais devem ser contabilizadas. 
A prudência também deve ser utilizada no julgamento de passivos que estejam 
surgindo, embora não exista naquele momento uma obrigação líquida e certa com 
terceiros. As provisões para contingências fiscais, trabalhistas e ambientais são 
exemplos de passivos que estão se potencializando e devem ser reconhecidos 
contabilmente. 
 
 
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A contabilização de uma provável perda no ativo é efetuada tendo como 
contrapartida uma conta de despesa ou ajuste na receita, como no exemplo das 
perdas prováveis com o não recebimento de créditos junto a clientes. A 
contabilização de uma provável obrigação no passivo deve ser reconhecida tendo 
como contrapartida uma conta de despesa, como no exemplo da provisão para 
indenizações trabalhistas, nos casos de ações trabalhistas movidas contra a 
empresa. 
Convenção da Materialidade 
Esta Convenção orienta que o contador deve observar sempre a compatibilidade 
da necessidade e utilidade da informação com o custo incorrido para sua geração 
e formalização na contabilidade, a fim de se evitar desperdício de tempo e de 
dinheiro, deve-se registrar na Contabilidade apenas os eventos dignos de atenção 
e na ocasião oportuna, ou seja, o contador deve registrar as operações à luz da 
relação custo versus benefício da informação. Por exemplo: os valores 
despendidos com aquisição de materiais de expediente. Embora não haja o 
consumo imediato desses ativos (consumo do recurso é o fato gerador da 
despesa), dado seus valores imateriais (nenhuma influência no resultado, pela 
antecipação do seu reconhecimento contábil) devem ser contabilizados como 
despesas no momento da compra desses elementos e não quando consumidos 
fisicamente. 
Vale ressaltar que a definição do quão material ou não é uma informação deve 
ser efetuada levando-se em consideração o porte da empresa. Para um pequeno 
negócio demonstrar de forma analítica a despesa com pessoal no momento de 
R$ 5.000,00 pode ser extremamente útil ao gestor, porém, esse valor para uma 
multinacional seria agregado com outros valores sem necessidade de sua 
divulgação de forma isolada, dada sua imaterialidade no contexto daquele 
resultado. 
O julgamento quanto à materialidade também se relaciona com qual informação 
devemos evidenciar, cuja exclusão dos relatórios publicados poderia levar o leitor 
a conclusões inadequadas sobre resultados e as tendências da empresa. 
Normalmente, materialidade e relevância andam juntas. 
 
 
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Convenção da Objetividade 
O contador deve ser objetivo no momento do registro de uma transação, valendo-
se prioritariamente de documentos que consubstanciem tal operação. Na falta de 
uma nota fiscal, recibo, contrato ou outro documento idôneo deverá valer-se de 
um laudo de especialista. A razão para a estrita observância dessa convenção é 
impedir que os contadores se utilizem de critérios não formalizados em 
documentos para definição dos critérios de registro e avaliação dos elementos 
patrimoniais. 
A opinião do contador, como técnico, será sempre fundamenta em documentos, 
planilhas e outros tipos de controles internos. Qualquer ativo ou passivo 
reconhecido na contabilidade que não tenha documento atestando sua existência, 
valor de entrada e outras informações essenciais será de responsabilidade 
pessoal do contador. Portanto esta convenção limita o livre arbítrio do contador 
ao formalizar as operações na contabilidade. 
Não havendo nenhuma indicação de critério ou parâmetro que possa ser utilizado 
para avaliar o item, o contador deverá abster-se de registrá-lo contabilmente, 
como no caso de ativos contingentes. No máximo poderia evidenciar em notas 
explicativas. 
Revendo a problematização 
Agora que você já viu todo o conteúdo teórico, acredito que já tenha conhecimento 
suficiente para solucionar o problema exposto lá no início do tema. E então, qual 
sua opinião sobre o caso da empresa Pedra e Óleo S/A? 
a) Você percebe que a situação poderá levar a uma crise financeira de 
gravidade, o que poderá comprometer a continuidade do negócio. 
b) Você percebe, após um estudo mais aprofundado dos princípios e 
convenções contábeis, que não obstante todas as ações prejudiciais aos 
negócios que foram executados, não há indícios de fraudes contábeis, o 
c) Após seu estudo dos temas contábeis e da sua experiência, você conclui 
que é recomendável que a empresa faça uma análise rigorosa e bem 
fundamentada da situação, assim como as respectivas provisões caso se 
 
 
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constate que as pessoas prejudicadas poderão acionar juridicamente a 
empresa, em virtude dos prejuízos sofridos. 
SÍNTESE 
Você verificou neste tema que a contabilidade brasileria experimentou uma 
considerável transformação nos últimos anos, mais precisamente com o objetivo 
convergirmos às regras internacionais de contabilidade. Essas alterações, que se 
iniciaram com a criação do CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis –, em 
2005, serviram para fortalecer a segurança, a confiabilidade e a transparência dos 
relatórios contábeis, proporcionando às empresas brasileiras o acesso mais fácil 
a linhas de financiamentos. 
Vimos também que os princípios e convenções contábeis são enunciados legais 
de observação obrigatória por parte dos contadores, com o objetivo de assegurar 
uma padronização e segurança no registro e avaliação dos fenômenos 
econômicos que serão reconhecidos pela contabilidade. 
Para você recapitular tudo o que vimos aqui, acesse o material on-line e assista 
ao vídeo em que o Professor Erico faz uma síntese deste tema. 
 
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, M. C. Manual prático de interpretação contábil da lei societária. 
São Paulo: Atlas, 2014. 
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Ações. 
BRASIL. Lei 11.638/2007. Altera dispositivos da Lei 6.404/76. 
BRASIL. Lei 11.941/2009. Altera dispositivos da Lei 6.404/76. 
IUDÍCIBUS, S. de; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R.. Manual de contabilidade 
societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. 
JUNIOR, A. L. R.; ARAÚJO, E. C. de.; SOUZA, K. L. N. de. Holding: aspectos 
contábeis, societários e tributários. São Paulo: Editora IOB Sage, 2014. 
ALMEIDA, Neirilaine Silva de. Casos para ensino em contabilidade societária. 
São Paulo: Atlas, 2014. 
 
 
13 
MARION, J. C.; REIS, A. Contabilidade avançada. São Paulo: Saraiva, 2006. 
OLIVEIRA, Antonio Carlos Leite de.; LUZ, Érico Eleuterio da. Contabilidade 
societária. Curitiba: IESDE, 2012. 
PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, G. C. de; LEITE, J. da S. J.. Manual de normas 
internacionais de contabilidade. São Paulo: Cencage Learning, 2012. 
AZEVEDO, O. R. Comentários às regras contábeis. São Paulo: IOB SAGE, 
2014.

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