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2015 Elaboração das dEmonstraçõEs ContábEis Prof. Edson Ivan da Costa Prof. Fabio Darci Kowalsko Prof. Luciano Fernandes Copyright © UNIASSELVI 2015 Elaboração: Prof. Edson Ivan da Costa Prof. Fabio Darci Kowalsko Prof. Luciano Fernandes Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 657.3 C837e Costa, Edson Ivan da Elaboração das demonstrações contábeis/ Edson Ivan da Costa, Fabio Darci Kowalski, Luciano Fernandes. 2.ed. Indaial : UNIASSELVI, 2015. 169 p. : il. ISBN 978-85-7830-896-4 1. Demonstrações financeiras. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. III aprEsEntação Caro acadêmico! Iniciamos os estudos sobre elaboração das demonstrações contábeis. Vamos utilizar como objeto de estudo as tecnologias da informação que nos permitem utilizar diversas técnicas. Você deverá vivenciar situações, nas quais os sistemas de informação serão usados como recurso educacional. Esta disciplina não trata apenas da forma de elaboração do Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultado do Exercício, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração de Fluxo de Caixa, Demonstração de Valor Adicionado e as notas explicativas. Além disso, a elaboração das demonstrações contábeis está intimamente relacionada à outra situação, tão importante quanto o elaborar, que é a busca para o aprimoramento das técnicas de evidenciação para melhor satisfazer as necessidades dos usuários das informações contábeis. Dessa forma, conclui- se que não se trata apenas de seguir as exigências da lei, mas sim, além de segui-las, buscar a eficácia, buscar saber qual a necessidade do usuário da informação contábil. Este caderno foi elaborado com o intuito de apresentar, na Unidade 1, as principais alterações provocadas pela harmonização das práticas contábeis, os principais usuários dessas demonstrações, bem como suas necessidades informacionais, a evidenciação das demonstrações exigidas pela legislação societária e quais os métodos para mensuração e reconhecimento de elementos contábeis. Na Unidade 2 abordamos a estrutura do Balanço Patrimonial, a classificação de suas contas e a estrutura da Demonstração de Resultado do Exercício e seu efeito econômico sobre a entidade contábil. E, por fim, na Unidade 3 apresentamos a estrutura e as normas de preenchimento da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, da Demonstração de Fluxo de Caixa pelo método direto e indireto e da Demonstração do Valor Adicionado, além de verificar o conteúdo das notas explicativas e sua importância para as demonstrações contábeis. Então, mãos à obra! Edson Ivan da Costa Fabio Darci Kowalski Luciano Fernandes IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .............................. 1 TÓPICO 1 – HARMONIZAÇÃO MUNDIAL DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS .......................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES COM O ADVENTO DA HARMONIZAÇÃO DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS .......................................................................................................... 3 3 NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE NBC TG – ESTRUTURA CONCEITUAL .. 7 4 USUÁRIOS E SUAS NECESSIDADES DE INFORMAÇÕES ..................................................... 9 5 OBJETIVO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ................................................................... 10 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 12 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 13 TÓPICO 2 – CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ...................................................................................................................... 15 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 15 2 RELEVÂNCIA ....................................................................................................................................... 16 3 REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA ..................................................................................................... 18 4 COMPREENSIBILIDADE .................................................................................................................. 19 5 COMPARABILIDADE ......................................................................................................................... 21 6 VERIFICABILIDADE .......................................................................................................................... 22 7 TEMPESTIVIDADE ............................................................................................................................. 23 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 24 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 25 TÓPICO 3 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .............................................................................. 27 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 27 2 DEMONSTRAÇÕES EXIGIDAS PELA LEGISLAÇÃO SOCIETÁRIA .................................... 27 3 ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .............................................................. 28 4 RECONHECIMENTO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .......... 38 5 MENSURAÇÃO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS..................... 41 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 43 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 46 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................47 UNIDADE 2 – BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ............................................................................................................ 49 TÓPICO 1 – BALANÇO PATRIMONIAL ........................................................................................... 51 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 51 2 ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL ............................................................................. 51 3 CLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS NO BALANÇO PATRIMONIAL ........................................ 54 3.1 ATIVO CIRCULANTE .................................................................................................................... 56 3.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE .......................................................................................................... 57 sumário VIII 3.2.1 Realizável a longo prazo ......................................................................................................58 3.2.2 Investimentos ........................................................................................................................58 3.2.3 Imobilizado ............................................................................................................................59 3.2.4 Intangível ...............................................................................................................................61 3.3 PASSIVO CIRCULANTE ..............................................................................................................65 3.4 PASSIVO NÃO CIRCULANTE ...................................................................................................66 3.5 PATRIMÔNIO LÍQUIDO ..............................................................................................................66 4 EXEMPLO DE BALANÇO PATRIMONIAL .................................................................................70 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................75 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................76 TÓPICO 2 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO . ....................................79 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................79 2 PRINCÍPIOS CONTÁBEIS QUE REGEM A DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ..................................................................................................................................79 3 ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO .........................81 4 CLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS DE RESULTADO .................................................................83 5 EXEMPLO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (D.R.E.): ..............90 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................91 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................92 UNIDADE 3 – DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO, DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA, DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO E NOTAS EXPLICATIVAS ...........................................93 TÓPICO 1 – DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO .................................95 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................95 2 CONCEITUALIZAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO .....................................................................................................................................95 3 NORMAS DE PREENCHIMENTO DA DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO .............................................................................................................................96 4 EXEMPLO DA DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO .........................99 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................100 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................101 TÓPICO 2 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA .......................................................103 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103 2 CONCEITUALIZAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ......................103 3 ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ..........................................105 4 MÉTODO DIRETO ............................................................................................................................109 5 MÉTODO INDIRETO .......................................................................................................................111 5.1 EXEMPLO DFC MÉTODO INDIRETO ......................................................................................113 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................117 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................118 TÓPICO 3 – DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO ...................................................119 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................119 2 CONCEITUALIZAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO ..................119 3 ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO .....................................121 3.1 ESTRUTURA DA DVA DEFINIDA PELA NBC TG 09 ............................................................122 4 EXEMPLO DA DVA ...........................................................................................................................127 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................129 IX RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................132 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................133 TÓPICO 4 – DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS ABRANGENTES – DRA ...................135 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................135 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................145 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................146 TÓPICO 5 – NOTAS EXPLICATIVAS ...............................................................................................149 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149 2 CONTEÚDO DAS NOTAS EXPLICATIVAS ................................................................................149 3 EXEMPLO DE NOTAS EXPLICATIVAS ........................................................................................152 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................164AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................165 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................167 X 1 A partir desta unidade, você será capaz de: • distinguir as principais alterações provocadas pelo advento da harmoni- zação das práticas contábeis; • conhecer características e elementos conceituais das demonstrações contá- beis; • identificar os principais usuários das demonstrações contábeis e suas ne- cessidades informacionais; • compreender os elementos necessários para mensuração e reconhecimen- to de itens que possam ser contabilizados. UNIDADE 1 ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta unidade de estudo se divide em três tópicos, nos quais você encontrará as principais alterações provocadas pela harmonização das práticas contábeis, os principais usuários dessas demonstrações, bem como suas necessidades informacionais, a evidenciação das demonstrações exigidas pela legislação societária e quais os métodos para mensuração e reconhecimento de elementos contábeis. Ao final de cada tópico serão desenvolvidos exercícios de fixação. TÓPICO 1 – HARMONIZAÇÃO MUNDIAL DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS TÓPICO 2 – CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS TÓPICO 3 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 HARMONIZAÇÃO MUNDIAL DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS 1 INTRODUÇÃO Destacaremos, neste primeiro tópico, que harmonização das práticas contábeis é simplesmente a normatização da Contabilidade em consonância com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, e abordaremos as principais alterações. Comentaremos a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica – NBC-T 1, denominada Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis. Veremos quais são os principais usuários da informação contábil e a necessidade de cada um desses, uma vez que as demonstrações contábeis são padronizadas; contudo, nem todas as informações são comuns a todos. Analisaremos o objetivo das demonstrações frente às exigências financeiras da legislação societária tendo como base a evidenciação da informação para os usuários externos da contabilidade. 2 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES COM O ADVENTO DA HARMONIZAÇÃO DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS Para que entendamos melhor a evolução da harmonização das práticas contábeis no Brasil, precisamos elencar algumas datas importantes para a contabilidade ocorridas num breve período de tempo: • Em 1973 foi criado o IASC (International Accounting Standards Committee), ou Comitê das Normas Internacionais de Contabilidade, cujo objetivo era formular e publicar, de forma totalmente independente, um novo padrão de normas contábeis internacionais que possa ser universalmente aceito. Os primeiros pronunciamentos publicados por esta instituição foram chamados de International Accounting Standard (IAS). UNIDADE 1 | ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 4 • Em abril de 2001 foi criado o IASB (International Accounting Standards Board), ou Normas Internacionais de Contabilidade, na estrutura do IASC, inclusive, assumindo suas responsabilidades técnicas, com o objetivo de melhorar os pronunciamentos contábeis internacionais emitidos pelo IASC. • Em 2005, o Conselho Federal de Contabilidade – CFC – emitiu a Resolução CFC 1.055, criando então o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, que é voltado para a convergência de uma necessidade que prioriza a informação dada ao investidor e não ao governo. Tem como objetivos o estudo, o preparo e a emissão de pronunciamentos técnicos sobre procedimentos de contabilidade e divulgação de informações dessa natureza. Para permitir a emissão de normas pela entidade brasileira, visa à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. • Em 2006 o Instituto Brasileiro de Auditores Independentes do Brasil – IBRACON – divulgou o primeiro estudo sobre as principais diferenças entre as práticas contábeis adotadas no Brasil e as Normas Internacionais de Contabilidade, agora denominadas de IFRS. O objetivo deste estudo foi guiar o início da ação de convergência das práticas contábeis brasileiras. • Em 16 de julho de 2007 foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) a Instrução n° 457 da Comissão de Valores Imobiliários (CVM), que define como obrigatória a apresentação das demonstrações Contábeis Consolidadas com base nos padrões internacionais. • Em dezembro de 2007 foi emitida a Lei 11.638 (alterações na Lei das Sociedades Anônimas – SAs) que surgiu da necessidade de harmonização das práticas contábeis brasileiras às internacionais. • Em 2009 o CFC emitiu a Resolução CFC 1.156, detalhando as Normas Brasileiras de Contabilidade NBC em: NBC-T (Técnicas) e NBC-P (Profissionais). • Ainda em 2009 foi publicada a Lei 11.941 (antiga Medida Provisória 449) que alterou a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários e concedeu remissão nos casos em que especifica, além de instituir o regime tributário de transição (RTT). Hoje todos os pronunciamentos contábeis internacionais publicados pelo IASB têm o nome de IFRS (International Financial Reporting Standard), ou Relatório Padrão Financeiro Internacional, cujo objetivo é transformar os pronunciamentos contábeis anteriores (IAS) em novos padrões internacionais que respondam às expectativas crescentes dos usuários da informação contábil. TÓPICO 1 | HARMONIZAÇÃO MUNDIAL DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS 5 NOTA Todas as Normas Brasileiras de Contabilidade publicadas pelo Conselho Federal de Contabilidade estão em consonância com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, adequando assim a contabilidade no Brasil à internacional. O Brasil é o terceiro país no mundo a adotar as normas internacionais de contabilidade. O primeiro país foram os Estados Unidos e o segundo, a China. Conforme o Guia da BDO Auditores Independentes (2010), as principais alterações ocorridas com a harmonização das práticas contábeis no Brasil são as seguintes: QUADRO 1 – PRINCIPAIS ALTERAÇÕES OCORRIDAS COM A HARMONIZAÇÃO DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS NO BRASIL Antes Depois Publicação da DOAR (Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos). Publicação da DFC (Demonstração dos Fluxos de Caixa). As companhias fechadas com patrimônio líquido não superior a R$ 1 milhão eram desobrigadas a publicar a DOAR. As companhias fechadas com patrimônio líquido inferior a R$ 2 milhões são desobrigadas a publicar a DFC. A DVA (Demonstração do Valor Adicionado) não era exigida. DVA (Demonstração do Valor Adicionado) exigida para as companhias abertas. A escrituração contábil era efetuada de acordo com os princípios de contabilidade geralmente aceitos e pela legislação comercial, podendo registrar nos livros comerciais ou em livros auxiliares os ajustes decorrentes da legislação tributária ou de legislação específica sobre a atividade da sociedade. A escrituração contábil é efetuada de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. Eventuais alterações oriundas da legislação tributária ou legislações especiais devem ser mantidas em livros auxiliares sem prejuízo às práticas contábeis que serão adotadas. A CVM expedia normas contábeis de acordo com os princípios de contabilidade geralmente aceitos. A CVM deve expedir normas contábeis em consonância com os padrões internacionais de contabilidade (IFRS). Não havia obrigatoriedade de aplicação, pelas companhias fechadas, das normas e resoluções da CVM. As companhias fechadas podem optar por observar as normas contábeis emanadas da CVM. Os efeitos de ajustes contábeis (com algumas exceções previstas na legislaçãotributária) eram considerados na base de incidências dos impostos. Os efeitos de ajustes contábeis decorrentes da mudança de norma contábil não podem ser considerados na base de incidências dos impostos. O ativo permanente era dividido em: investimentos, ativo imobilizado e ativo diferido. O grupo de ativo permanente foi extinto e os novos grupamentos são: investimentos, imobilizado e intangível. O patrimônio líquido era dividido em: capital social, reservas de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e lucros ou prejuízos acumulados. O patrimônio líquido deve ser dividido em: capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. UNIDADE 1 | ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 6 Os prêmios recebidos na emissão de debêntures, bem como as doações e as subvenções para investimento, podiam ser registrados como reservas de capital. Os prêmios recebidos na emissão de debêntures, bem como as doações e as subvenções para investimento devem integrar o resultado do exercício. Aumentos de valores nos saldos de ativos eram registrados como reserva de reavaliação, no patrimônio líquido. Aumentos ou diminuições de valores nos saldos de ativos e passivos decorrentes de avaliações a preço de mercado devem ser registrados na conta de ajustes de avaliação patrimonial, no patrimônio líquido. Os ativos eram avaliados pelo seu custo ou pelos seus valores de mercado, dos dois o menor, sempre deduzido de provisões para perdas, amortização, depreciação ou exaustão. Os ativos devem ser avaliados pelo custo ou mercado, dos dois o menor, sempre deduzido de provisões para perdas. Para rubricas específicas, é aceita a contabilização pelo valor de mercado. Para os ativos de longo prazo, devem ser efetuados ajustes a valor presente. O produto de operações com instrumentos financeiros deve ser registrado em consonância com as regras especificadas da lei. Periodicamente, a entidade deve avaliar a recuperação dos valores do ativo imobilizado, intangível e diferido e, sempre que necessário, devem ser ajustados aos seus valores de realização. Os passivos eram avaliados de forma conservadora e acrescidos de todos os encargos, juros, multas, correções e variações cambiais cabíveis. Os passivos serão avaliados de forma conservadora, acrescidos de todos os encargos, juros, multas, correções e variações cambiais cabíveis. Os passivos de longo prazo serão ajustados ao seu valor presente e aos saldos de curto prazo, quando houver efeito relevante. Nas operações de incorporação, fusão ou cisão, os saldos vertidos podiam ser registrados pelos valores contábeis. Nas operações de incorporação, fusão ou cisão, a CVM determinará os critérios contábeis a serem praticados. As controladas deviam ser avaliadas pelo método da equivalência patrimonial. As controladas, sociedades que fazem parte do mesmo grupo que estejam sob controle comum, devem ser avaliadas pelo método de equivalência patrimonial. As companhias abertas eram obrigadas a publicar as suas demonstrações contábeis devidamente auditadas. As companhias fechadas eram obrigadas a publicar suas demonstrações contábeis. As companhias abertas são obrigadas a publicar suas demonstrações contábeis devidamente auditadas. As companhias fechadas são obrigadas a publicar suas demonstrações contábeis. As empresas (ou grupo de empresas sob controle comum) enquadradas como sociedades de grande porte, ou seja, com receita bruta anual superior a R$ 300 milhões ou ativo total superior a R$ 240 milhões, mesmo que não constituídas como sociedades por ações, estão obrigadas a observar as práticas contábeis previstas na lei ou na CVM, incluindo a auditoria de suas demonstrações contábeis. CPC A CVM, o BACEN e demais órgãos e agências reguladoras podem celebrar convênio com órgãos técnicos de contabilidade no intuito de emitir normas contábeis. Apesar de o seu nome não estar descrito na lei, o órgão que está desempenhando a função de emitir normas contábeis em consonância com os IFRS e em convênio com a CVM e o CFC é o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis). FONTE: Adaptado de: <http://www.bdotrevisan.com.br/portugues/PDFs/online.pdf>. Acesso em: 1 ago. 2010. TÓPICO 1 | HARMONIZAÇÃO MUNDIAL DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS 7 Toda a alteração teve início com o Projeto de Lei 3.741 de 2000, porém somente com a Lei 11.638 de 2007 e com a Lei 11.941 de 2009 houve a aprovação das referidas mudanças, as quais, na grande maioria, já estão vigentes desde 1 de janeiro de 2008. 3 NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE NBC TG – ESTRUTURA CONCEITUAL Em 28 de março de 2008, através da resolução CFC nº 1.121/08, o Conselho Federal de Contabilidade – CFC aprovou a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica NBC T1, que posteriormente teve sua nomenclatura alterada pela Resolução nº 1.329/11, passando a denominar-se NBC TG – ESTRUTURA CONCEITUAL, intitulando-se como a Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis. A NBC TG – Estrutura Conceitual já está em consonância com a exigência de harmonização mundial das práticas contábeis, ou seja, já está adequada às necessidades informacionais internacionais que requerem uma contabilidade uniforme. O principal tema da NBC TG – Estrutura Conceitual que faz parte deste tópico é a estrutura básica das demonstrações contábeis, contendo, dentre outros assuntos, os usuários da contabilidade e suas necessidades informacionais. Conforme a NBC TG – Estrutura Conceitual, as demonstrações contábeis geralmente são preparadas e apresentadas, principalmente para os usuários externos, tendo em vista suas finalidades distintas e necessidades diversas. Sendo assim, por exemplo, os governos, órgãos reguladores ou autoridades fiscais podem especificamente determinar exigências para atender a seus próprios fins, entretanto, essas exigências não devem afetar as demonstrações contábeis preparadas segundo esta Estrutura Conceitual, uma vez que essas são padronizadas. NOTA A grande diferença entre os usuários internos e externos da contabilidade está no tipo de informação requerida. De forma geral, os usuários externos buscam uma informação padronizada, comum a todos. Já os usuários internos buscam uma informação detalhada, muitas vezes, apenas para atender uma finalidade específica, como, por exemplo: orçamentos, custos de produção, créditos tributários etc. UNIDADE 1 | ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 8 De acordo com a NBC TG – Estrutura Conceitual, dentre as principais informações que são comuns a vários tipos de usuários externos destacam-se: 1 decidir quando comprar, manter ou vender um investimento em ações; 2 avaliar a Administração quanto à responsabilidade que lhe tenha sido conferida, qualidade de seu desempenho e prestação de contas; 3 avaliar a capacidade da entidade de pagar seus empregados e proporcionar- lhes outros benefícios; 4 avaliar a segurança quanto à recuperação dos recursos financeiros emprestados à entidade; 5 determinar políticas tributárias; 6 determinar a distribuição de lucros e dividendos; 7 preparar e usar estatísticas da renda nacional; ou 8 regulamentar as atividades das entidades. Percebe-se que, das informações anteriormente destacadas, praticamente todas podem ser obtidas, simplesmente por meio das demonstrações contábeis, sem a necessidade de algum outro relatório específico emitido pela contabilidade. NOTA As demais NBCs podem ser obtidas no site do Conselho Federal de Contabilidade, disponível em: <http://www.cfc.org.br>. Junto às demonstrações contábeis são apresentadas as notas explicativas e/ou quadros explicativos, onde estes são considerados parte integrante dessas demonstrações. Conforme a NBC TG – Estrutura Conceitual, essas informações suplementares podem conter, por exemplo, informaçõesfinanceiras sobre segmentos ou divisões industriais ou divisões situadas em diferentes locais e divulgações sobre os efeitos das mudanças de preços. As demonstrações contábeis não incluem, entretanto, itens como relatórios da administração, relatórios do presidente da entidade, comentários e análises gerenciais e itens semelhantes que possam ser incluídos em um relatório anual ou financeiro. TÓPICO 1 | HARMONIZAÇÃO MUNDIAL DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS 9 4 USUÁRIOS E SUAS NECESSIDADES DE INFORMAÇÕES Vários são os usuários da informação contábil e, de maneira geral, praticamente todos têm uma necessidade específica, ou seja, apenas algum tipo de informação contábil que possa vir a interessar. Obviamente, as demais informações não seriam inúteis, porém, naquele momento, para aquela decisão, somente há a necessidade de uma ou mais informações específicas. Segundo a NBC TG – Estrutura Conceitual, os principais usuários externos da informação contábil seriam: • Investidores: Responsáveis pela inserção de capital na empresa. Preocupam- se com o risco inerente ao investimento e o retorno que ele produz. Precisam constantemente de informações para ajudá-los a decidir se devem comprar, manter ou vender investimentos. • Empregados: Os empregados e seus representantes estão interessados em informações sobre a estabilidade e a lucratividade de seus empregadores. Também se interessam por informações que lhes permitam avaliar a capacidade que tem a entidade de prover sua remuneração, seus benefícios de aposentadoria e suas oportunidades de emprego. • Credores por empréstimos: Estes estão interessados em informações que lhes permitam determinar a capacidade da entidade em pagar seus empréstimos e os correspondentes juros no vencimento em dia, além de conceder possíveis novos empréstimos ou financiamentos. • Fornecedores e outros credores comerciais: Os fornecedores e outros credores estão interessados em informações que lhes permitam avaliar se as importâncias que lhes são devidas serão pagas nos respectivos vencimentos. Normalmente estes usuários têm uma participação menor do que os credores por empréstimos, porém, estão em maior número nas empresas. • Clientes: Os clientes têm interesse em informações sobre a continuidade operacional da entidade, especialmente quando têm um relacionamento em longo prazo com ela, ou dela dependem como fornecedor importante. • Governo e suas agências: Os governos e suas agências estão interessados na destinação de recursos e, portanto, nas atividades das entidades. Necessitam também de informações a fim de regulamentar as atividades das entidades, estabelecer políticas fiscais e servir de base para determinar a renda nacional e estatísticas semelhantes. UNIDADE 1 | ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 10 • Público: As entidades afetam o público de diversas maneiras. Elas podem, por exemplo, fazer contribuição substancial à economia local de vários modos, inclusive empregando pessoas e utilizando fornecedores locais. As demonstrações contábeis podem ajudar o público fornecendo informações sobre a evolução do desempenho da entidade e os desenvolvimentos recentes, além de evidenciar os benefícios concedidos à sociedade pela operacionalidade da empresa no local onde a empresa está situada. Muitos outros grupos ainda estão interessados na informação contábil, como, por exemplo, agências de crédito, associações comerciais e industriais, concorrentes, analistas financeiros e cidadãos privados. Estes seriam os principais usuários externos da informação contábil, entretanto, existe outro tipo de usuário, o interno. O principal usuário interno da informação contábil é a própria administração da empresa que faz uso dessas informações para possíveis decisões estratégicas. Dentro da empresa, outros usuários internos da informação são os gerentes dos diversos departamentos, que fazem uso da informação para tomar decisões mais em nível operacional ou tático, para então seguir o direcionamento posposto pela administração. A administração, a fim de atender às suas próprias necessidades para dar suporte ao processo de tomada de decisões, tem o privilégio e o direito de obter informações muito mais detalhadas ou adicionais às apresentadas nas demonstrações contábeis. UNI Iudícibus e Marion (2002) dizem que a tarefa básica do Contador é produzir e/ou gerenciar tais informações úteis sempre levando em consideração a prontidão, clareza e precisão. 5 OBJETIVO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Para que as demonstrações contábeis atendam as necessidades comuns da maioria dos usuários e que, consequentemente, sejam úteis, faz-se necessário que sigam um objetivo essencial que é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mudanças na posição financeira e econômica da entidade. Dentro desse objetivo, Iudícibus (1998) comenta que o estudo das demonstrações contábeis permite que se projetem resultados por meio de orçamentos, que se torne possível identificar onde e por que se investem recursos e TÓPICO 1 | HARMONIZAÇÃO MUNDIAL DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS 11 que os fornecedores, clientes e governo, assim como os funcionários, acompanhem o desenvolvimento das atividades das entidades, gerando informações do tipo: • Situação financeira e econômica. • Desempenho (investimento X retorno). • Eficiência na utilização de recursos. • Pontos fortes e fracos. • Quadro evolutivo. • Adequação das fontes às aplicações de recursos. • Causas das alterações na situação financeira. • Causas nas alterações da rentabilidade. • Evidência de erros na administração. • Providências que deveriam ser tomadas. Em função de as demonstrações contábeis serem encerradas com data passada à sua divulgação, é preciso ficar atento a possíveis variações relevantes dentro desse período e, se for preciso, divulgar em notas explicativas tais possíveis eventos. ESTUDOS FU TUROS No Tópico 4 da Unidade 3 serão evidenciados os principais itens que devem constar nas notas explicativas. De acordo com a NBC TG – Estrutura Conceitual, as demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da Administração na gestão da entidade e sua capacitação na prestação de contas quanto aos recursos que lhe foram confiados. Aqueles usuários que desejam avaliar a atuação ou a prestação de contas da Administração fazem-no com a finalidade de estarem em condições de tomar decisões econômicas que podem incluir, por exemplo, manter ou vender seus investimentos na entidade ou reeleger ou substituir a Administração. NOTA Enquanto o Balanço Patrimonial evidencia valores de caráter financeiro, como, por exemplo, capacidade de pagamento, valores a receber e a pagar, investimentos etc., a Demonstração do Resultado do Exercício evidencia valores de caráter econômico, como, por exemplo, receitas, custos, despesas, lucro ou prejuízo etc. 12 Neste tópico vimos que através do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC que as Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC, estão sendo emitidas de acordo com as IFRS (International Financial Reporting Standard). • Entre as principais alterações provocadas pela harmonização das práticas contábeis no Brasil, analisamos a Norma Brasileira de Contabilidade NBC TG – ESTRUTURA CONCEITUAL, denominada de Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis. • Conhecemos os principais usuários externos e internos da Contabilidade e sua necessidade informacional. • Destacamos o objetivo das demonstrações contábeis e quais informações podem ser geradas e analisadas a partir delas. RESUMO DO TÓPICO 1 13 1 Qual a importância do CPC na harmonização das práticas contábeis no Brasil? 2 Qual demonstração contábil deixou de ser obrigatória com a Lei nº 11.638/07 e quais demonstrações passaram a ser exigidas? Quais critérios são exigidos para que as novas demonstrações sejam publicadas? 3 O que houve com o AtivoPermanente com o advento da Lei nº 11.638/07? 4 Qual a diferença entre usuários externos e internos da Contabilidade? 5 Cite pelo menos três usuários (internos ou externos) da Contabilidade e sua necessidade informacional. 6 Qual o principal objetivo das demonstrações contábeis e que informações podem ser geradas a partir delas? 7 Qual a diferença entre informações financeiras e econômicas e quais demonstrações contábeis em específico geram separadamente esse tipo de informação? AUTOATIVIDADE 14 15 TÓPICO 2 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Segundo o NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL, existem duas características fundamentais e que devem obrigatoriamente conter nas demonstrações contábeis tornando-as úteis aos usuários na tomada de decisão denominadas de RELEVÂNCIA e REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA. Existem ainda outras características qualitativas que melhoram a utilidade das demonstrações contábeis para fins de tomada de decisão que são a COMPREENSIBILIDADE, COMPARABILIDADE, TEMPESTIVIDADE e VERIFICABILIDADE. Desta forma, uma demonstração contábil para ser útil ao seu usuário necessita ser concomitantemente relevante e representar fidedignamente a situação econômica e financeira de uma entidade. As demonstrações contábeis podem apresentar maior utilidade em suas informações, quando a relevância e representação fidedigna apresentam as caraterísticas de melhorias. Todas elas são direcionadas à elaboração da informação contábil com o objetivo de aperfeiçoá-lo ao seu usuário. Veremos a seguir os conceitos destas características e sua aplicabilidade junto às demonstrações contábeis. NOTA Evidente que toda e qualquer interpretação da informação contábil necessitará de um conhecimento razoável dos negócios, atividades econômicas e demais informações da empresa à disposição, para que então se possa ter um resultado mais próximo da realidade e do que é realmente esperado. UNIDADE 1 | ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 16 A compreensibilidade está relacionada à clareza e objetividade com que a informação contábil é evidenciada, abrangendo desde elementos de natureza formal como simples relatórios, como a organização espacial e recursos gráficos empregados, até a redação e técnica de exposição utilizadas. Conforme Iudícibus (2009, p. 66), “[...] a compreensibilidade revela a qualidade da informação contábil que deve ser exposta da forma mais compreensível possível, para que o usuário possa efetivamente entendê-la e utilizá-la de forma cabal nas tomadas de decisões”. NOTA A empatia é um aspecto muito importante a ser lavado em consideração na elaboração de informações, ou seja, pergunta-se a si mesmo se, da forma em que se evidencia a informação, poderá o usuário, com seu grau de conhecimento, entender de fato o que se está querendo passar? Porém, segundo a NBC TG – Estrutura Conceitual, mesmo as informações sobre assuntos mais complexos devem ser incluídas nas demonstrações contábeis por causa, geralmente, da sua relevância no processo de tomada de decisão, pelos usuários. Essas informações não devem ser excluídas em hipótese alguma, inclusive sob o pretexto de que seria difícil que certos usuários as entendessem. 2 RELEVÂNCIA A relevância da informação está totalmente relacionada à sua utilidade. Quanto mais útil for a informação, mais relevante ela será frente às necessidades do usuário, ou seja, deve estar relacionada às necessidades de informação de um receptor específico para uma situação específica. Conforme a NBC TG – Estrutura Conceitual, as informações são relevantes quando podem influenciar as decisões econômicas ou financeiras de seus usuários, ajudando-os a avaliar o impacto de eventos passados, presentes ou futuros, confirmando ou corrigindo as suas avaliações anteriores. A partir das informações geradas pela contabilidade são tomadas várias decisões, que podem levar em consideração elementos do ativo, passivo ou do resultado. Por exemplo, na aquisição de máquinas e equipamentos para uso operacional da empresa é levado em consideração, principalmente, o custo versus benefício dessa transação. Nesse caso, teríamos como informações relevantes, por exemplo: a disponibilidade financeira para compra do bem; o possível acréscimo TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 17 NOTA NOTA A tomada de decisão nas empresas acontece constantemente e, para isso, várias informações são requeridas, principalmente pelos usuários internos. Por essa razão, na maioria das vezes, depende do contador diagnosticar se uma informação poderá ou não ser relevante. A relevância da informação está em se analisar o passado com a intenção de que este, de alguma maneira, possa auxiliar neste momento ou no futuro. no endividamento da empresa e os encargos financeiros então gerados; a mão de obra necessária; a matéria-prima disponível e demais recursos, além, é claro, da relação entre oferta e procura, uma vez que na aquisição de novas máquinas há tendência de maior produtividade. A contabilidade se utiliza da informação passada como base para previsão ou possíveis mudanças que devam ocorrer na empresa, no presente ou futuro. Entretanto, pelo fato de as demonstrações contábeis serem encerradas com data anterior à sua divulgação, muitos usuários criticam a contabilidade por não fornecer subsídio a tempo para a tomada de decisão. Sendo assim, a geração da informação contábil, para ser relevante, necessita de certa rapidez. Ressalta-se que apenas a divulgação da informação ou das próprias demonstrações contábeis, mesmo que a tempo, na maioria das vezes, deixa de ser relevante se não analisada, ou seja, torna-se apenas uma questão burocrática. A relevância da informação também está relacionada à sua materialidade. O conceito de materialidade é definido por Iudícibus (2009) como sendo a diferença entre custo versus benefício, ou seja, quando o benefício gerado na execução de uma atividade é menor do que o custo necessário para obtê-la. Por exemplo: na conciliação bancária, quando há uma diferença de centavos e que esta não ocorrer frequentemente é possível que seja feito um pequeno ajuste em seu fechamento, para que então, o custo dos serviços do contabilista não supere o serviço de achar a diferença. UNIDADE 1 | ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 18 Para a NBC TG – Estrutura Conceitual uma informação é material ‘perceptível’ se a sua omissão ou distorção puder influenciar as decisões econômicas ou financeiras dos usuários, tomadas com base nas demonstrações contábeis. A materialidade, geralmente, depende do tamanho do item ou do erro, julgado nas circunstâncias específicas de sua omissão ou distorção. Assim, a materialidade proporciona um limite de informações ao invés de ser uma característica qualitativa primária que a informação necessita ter para ser útil. 3 REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA Conforme a NBC TG – Estrutura Conceitual, para ser útil, a informação deve ser confiável, ou seja, deve estar livre de erros ou vieses relevantes e representar adequadamente aquilo a que se propõe representar. A respeito da confiabilidade das informações contábeis, a NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL (2011) em seu item QC 12, afirma que: Os relatórios contábil-financeiros representam um fenômeno econômico em palavras e números. Para ser útil, a informação contábil- financeira não tem só que representar um fenômeno relevante, mas tem também que representar com fidedignidade o fenômeno que se propõe representar. Para ser representação perfeitamente fidedigna, a realidade retratada precisa ter três atributos. Ela tem que ser completa, neutra e livre de erro. É claro, a perfeição é rara, se de fato alcançável. O objetivo é maximizar referidos atributos na extensão que seja possível. Todas as demonstrações contábeis devem ser confiáveis, caso contrário a credibilidadetanto da contabilidade como também do próprio contador ou empresa estaria ameaçada. De acordo com Iudícibus (2009, p. 65), “[...] a confiabilidade é a qualidade (atributo) que faz com que o usuário aceite a informação contábil e a utilize como base para suas decisões, tornando-se, assim, um elo fundamental entre o usuário e a própria informação”. Na contabilidade, há casos de difícil mensuração em que o contador pode ficar em dúvida quanto aos valores a serem registrados. Nessa situação, aconselha-se que não sejam reconhecidos nas demonstrações contábeis tais lançamentos, porém é imprescindível que essas informações sejam apresentadas em notas explicativas. São exemplos de situações de difícil mensuração: reclamações trabalhistas, quando há grande diferença entre valores levantados por empregado e empregador; processos ambientais movidos contra a empresa no caso, por exemplo, de desmatamentos de florestas, poluição de rios, lagos ou mares etc.; indenizações diversas causadas, por exemplo, por acidentes ou morte de empregados, clientes etc. TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 19 4 COMPREENSIBILIDADE Pelo próprio nome da característica qualitativa, “compreensibilidade” está relacionada à forma em que a informação é evidenciada, ou seja, ela precisa ser simples e aceita por todos para que possa ser analisada e interpretada. De acordo com a NBC TG – Estrutura Conceitual, a compreensibilidade é uma qualidade essencial das informações apresentadas nas demonstrações contábeis para que elas sejam analisadas tanto pelos usuários internos quanto externos. NOTA Todas as informações contidas nas demonstrações contábeis devem refletir adequadamente a posição real da empresa naquela data, para isso, faz-se necessária uma conciliação rigorosa dos valores constantes no ativo, passivo e patrimônio líquido dessa entidade. Demonstrações contábeis consolidadas são o resultado da somatória das demonstrações contábeis de várias empresas pertencentes a um mesmo grupo econômico, excluídos os saldos e os resultados de operações entre essas empresas. A consolidação das demonstrações contábeis tem como objetivo refletir o resultado das operações e a verdadeira situação econômica, patrimonial e financeira de todo o grupo de empresas sob um único comando, como se fosse uma única empresa e apresentar o resultado das operações do grupo de empresas. De acordo com Perez e Oliveira (2007), as demonstrações contábeis consolidadas permitem a seguinte análise: • índices de liquidez e endividamento do grupo; • índices de lucratividade por empresa e global; • potencial do grupo de geração de recursos; • todos os índices aplicáveis à controladora e a cada controlada podem ser ana- lisados e comparados com os índices consolidados; • melhor administração e gerenciamento dos recursos financeiros gerados e apli- cados pelo grupo de empresas; • fluxo de caixa global; UNIDADE 1 | ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 20 • avaliação das necessidades de recursos de terceiros e ou de acionistas; • reciprocidade bancária; • melhor avaliação de desempenho isolado e global; • melhor planejamento tributário; • evitar pagamento de tributos sobre lucros não realizados decorrentes de ope- rações entre empresas consolidadas. Entretanto, poucas empresas estão obrigadas à elaboração das demonstrações contábeis consolidadas, porém, aconselha-se que todas a façam. UNI No decorrer do curso de Ciências Contábeis você verá de maneira completa o assunto que trata da consolidação das demonstrações contábeis. A neutralidade é outro fator que deve ser levado em consideração na característica de confiabilidade. Conforme a NBC TG – Estrutura Conceitual, para ser confiável, a informação contida nas demonstrações contábeis deve ser neutra, isto é, imparcial. As demonstrações contábeis não são neutras se, pela escolha ou apresentação da informação, induzirem a tomada de decisão ou julgamento, visando atingir um resultado ou desfecho predeterminado. O contador, por mais pressionado que seja em sua função, não pode em hipótese alguma ser influenciado por qualquer pessoa ou empresa a cometer algo que vá contra a legislação e seus princípios morais. NOTA É importante a impessoalidade (neutralidade) do contador – em relação aos usuários dos informes contábeis – que, quanto mais objetivos forem, mais imparciais e exatos (não enviesados) serão aqueles informes. TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 21 O contador deve ser conservador de tal forma que este possa antecipar o prejuízo e nunca antecipar lucro. Dessa forma, ele não estará influenciando os usuários das informações contábeis, por exemplo, a um otimismo que poderá ser ilusório. Para completar a característica qualitativa da confiabilidade, as demonstrações contábeis precisam ser íntegras, ou seja, devem estar completas, sem omissões de informações quantitativas (valores) ou qualitativas (evidenciação conceitual). Todas as contas contábeis precisam ser evidenciadas e mensuradas adequadamente. Qualquer informação adicional que vier agregar valor para o usuário da informação contábil deve ser evidenciada em notas explicativas para que este não seja prejudicado. 5 COMPARABILIDADE Conforme o próprio conceito, “comparabilidade” é uma das características qualitativas das demonstrações contábeis que permite ao usuário da informação contábil acompanhar a evolução da entidade, ou seja, possibilita o conhecimento da evolução da informação, de forma a identificar as variações de um período para outro. Exige-se que, ao menos, sejam divulgados dois anos em todas as demonstrações contábeis para fins de comparação entre um período e outro. Assim, por exemplo, nas demonstrações contábeis referentes ao ano de 2009 haverá mais uma coluna com os valores de 2008. De acordo com a NBC TG – Estrutura Conceitual, os usuários devem comparar as demonstrações contábeis de uma entidade ao longo do tempo, a fim de identificar e analisar tendências na sua posição patrimonial e financeira e no seu desempenho. Os usuários devem também ser capazes de comparar as demonstrações contábeis de diferentes entidades a fim de avaliar, em termos relativos, a sua posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mutações na posição financeira e econômica. Consequentemente, a mensuração e apresentação dos efeitos financeiros e econômicos de transações semelhantes e outros eventos devem ser feitas de modo consistente pela entidade ao longo dos diversos períodos e também por entidades diferentes. Para que haja a comparabilidade nas demonstrações contábeis, faz- se necessário que essas sejam consistentes, ou seja, a empresa deve adotar no exercício atual os mesmos critérios e procedimentos contábeis adotados em exercícios anteriores. Um exemplo de mudança de critério contábil é a forma em que a empresa rateia os custos indiretos de fabricação. Se a empresa vinha rateando os custos indiretos de fabricação com base no material direto utilizado na produção, não pode, simplesmente, a cada ano mudar esse critério, como, por exemplo, passar a ratear com base na mão de obra direta. Obviamente que, se a UNIDADE 1 | ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 22 mudança se faz necessária para que o resultado contábil seja mais preciso, então, deve ser evidenciado nas notas explicativas o efeito ocasionado pela mudança e o motivo que levou a empresa a adotar tal critério. Para Marion (2008, p. 47), “[...] uma vez adotado certo critério contábil, dentro de vários igualmente relevantes, ele não deverá ser alterado, de ano para ano, porque, em assim o fazendo, impossibilitaria a comparação dos relatórios contábeis”. Ressalta-se que, segundo a NBC TG – Estrutura Conceitual, a necessidade de comparabilidade não deve ser confundida com mera uniformidade e não se deve permitir que se torne um impedimentoà introdução de normas contábeis aperfeiçoadas ou qualquer exigência legal. Não é apropriado que uma entidade continue contabilizando da mesma maneira uma transação ou evento se a prática contábil adotada não está em conformidade com as características qualitativas de relevância e confiabilidade. Também é inapropriado manter práticas contábeis quando existem alternativas mais relevantes e confiáveis. Com o objetivo de propiciar ao usuário da informação contábil uma evidenciação mais simples e objetiva, as demonstrações contábeis podem ser publicadas com a eliminação de dígitos, principalmente de números gran des. Assim, por exemplo, quando se tem números como $ 936.428.621, podem-se eliminar os três dígitos (621) e ficar com $ 936.428, desde que se coloque, no cabe- çalho das demonstrações, a expressão em milhares (ou em $ mil). 6 VERIFICABILIDADE A verificabilidade é uma característica de melhoria das informações contábeis em que é possível vários observadores promoverem consenso sobre determinada informação, embora possam não chegar a um acordo completo, porém podem representar a fidedignidade necessária a que se propõe. Segundo a NBC TG – ESTRUTURA CONCEITUAL (2011), a verificabilidade pode ser direta ou indireta. Podemos dizer que é direta quando podemos observar diretamente, como por exemplo, uma contagem física de caixa, do estoque e determinado imobilizado. A forma indireta ocorre quando “Verificação indireta significa checar os dados de entrada do modelo, fórmula ou outra técnica e recalcular os resultados obtidos por meio da aplicação da mesma metodologia” (NBC TG – ESTRUTURA CONCEITUAL, 2011). TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 23 Um exemplo, seria a verificação dos saldos de estoques conforme a movimentação das fichas de controles em quantidade e custos de aquisição, confrontando com o saldo final, de acordo com o método selecionado. Desta forma, pode-se dizer que a verificabilidade ajuda representação fidedigna e relevância de uma informação quanto a um fenômeno econômico analisado. 7 TEMPESTIVIDADE A tempestividade é uma qualidade de melhoria das informações contábeis, quando aplicada, pois parte do princípio de que uma informação útil deve ser disponibilizada em tempo de influenciar uma decisão. A este respeito a NBC TG – ESTRUTURA CONCEITUAL (2011) diz que a “Tempestividade significa ter informação disponível para tomadores de decisão a tempo de poder influenciá-los em suas decisões. Em geral, a informação mais antiga é a que tem menos utilidade”. Assim, vamos supor que um analista realizou uma análise excelente com informações relevantes acerca da aquisição de determinada empresa, mas que não chegou a tempo para influenciá-la no processo decisório, assim esta informação não tempestiva não influenciou na tomada de decisão. Desta forma, também se pode dizer que a tempestividade ajuda a representação fidedigna e a relevância de uma informação quanto a um fenômeno econômico analisado. 24 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico identificamos e compreendemos quais e como são as caraterísticas qualitativas necessárias para uma informação contábil-financeira ser útil à tomada de decisão. • As características qualitativas se dividem em características fundamentais e características de melhorias. As características fundamentais são a RELEVÊNCIA e REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA, enquanto as características de melhorias são a COMPREENSIBILIDADE, COMPARABILIDADE, TEMPESTIVIDADE e VERIFICABILIDADE. • Verificamos que a aplicação das características qualitativas fundamentais e de melhorias quando da elaboração da informação contábil-financeira, têm como principal objetivo a evidenciação dessa informação com precisão, prontidão e clareza, ou seja, de forma completa, neutra e livre de erros aos seus usuários. • Por fim, é importante lembrar que o contador ao se defrontar com eventos econômicos deverá se reportar às características qualitativas da informação contábil-financeira de forma neutra, sem induzir o usuário a uma interpretação enganosa. Para isso, as demonstrações contábeis, com base nas suas características qualitativas apresentadas, precisam evidenciar o que de fato está ocorrendo na entidade, de forma comparativa, clara e objetiva. 25 1 Qual a importância da característica compreensibilidade que deve constar nas demonstrações contábeis? 2 O que você entende por informações relevantes na contabilidade? 3 Quando podemos dizer que uma informação é material? 4 O que acontece quando a informação contábil deixa de ser confiável? 5 Defina como seria um contador neutro na execução de suas tarefas. 6 Qual o objetivo da característica comparabilidade nas demonstrações contábeis? AUTOATIVIDADE 26 27 TÓPICO 3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste terceiro tópico veremos resumidamente quais são as demonstrações contábeis exigidas pela legislação societária. Faremos um comparativo do que era exigido pela Lei nº 6.404/76 e do que, atualmente, é exigido pela Lei nº 11.638/07. Analisaremos quais são os elementos diretamente relacionados com as demonstrações contábeis e suas principais características. Identificaremos quais os requisitos básicos para o reconhecimento de ativos, passivos receitas e despesas nas demonstrações contábeis. Conheceremos algumas das bases de mensuração empregadas em diferentes graus e em variadas combinações nas demonstrações contábeis. 2 DEMONSTRAÇÕES EXIGIDAS PELA LEGISLAÇÃO SOCIETÁRIA A Lei nº 11.638/07 trouxe grandes mordaças para a contabilidade no Brasil. Uma dessas mudanças foi a exigência legal das demonstrações contábeis. Para assegurar a aplicabilidade da referida lei, o CFC aprovou a NBC TG 13 cujo tema é a adoção inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória nº 449/08. Esta Norma, que está vigente atualmente, teve como objetivo assegurar que as primeiras demonstrações contábeis, elaboradas de acordo com as novas práticas contábeis adotadas no Brasil, bem como as demonstrações contábeis intermediárias, que se referem à parte do período coberto por essas demonstrações contábeis, fossem elaboradas já a partir de 1º de janeiro de 2008. A seguir um comparativo do que era exigido pela Lei nº 6.404/76 e o que é exigido atualmente pela Lei nº 11.638/07: 28 UNIDADE 1 | ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Lei nº 6.404/76 (Anterior) Lei nº 11.638/07 (Atual) Balanço Patrimonial Balanço Patrimonial Demonstração do Resultado do Exercício Demonstração do Resultado do Exercício Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos para as companhias fechadas com Patrimônio Líquido superior a R$ 1 milhão. Demonstração de Fluxo de Caixa para as companhias fechadas com Patrimônio Líquido superior a R$ 2 milhões. - Demonstração do Valor Adicionado para as companhias abertas. Notas explicativas das demonstrações contábeis. Notas explicativas das demonstrações contábeis. FONTE: O autor QUADRO 2 – COMPARATIVO ENTRE AS LEIS 6.404/76 (ANTERIOR) E 11.638/07 (ATUAL) Observa-se que a grande alteração, quando se trata da exigência das demonstrações contábeis a serem publicadas, foi a desobrigatoriedade da Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos – DOAR – e a obrigatoriedade da Demonstração de Fluxo de Caixa – DFC – e da Demonstração do Valor Adicionado – DVA. ESTUDOS FU TUROS No decorrer da Unidade 2 e 3, você conhecerá as características, estrutura e objetivo de cada uma das demonstrações contábeis exigidas pela Lei nº 11.638/07, inclusive das Notas Explicativas, parte integrante dessas demonstrações. 3 ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS As demonstrações contábeis representam o retrato financeiro e econômico da entidade contábil. Cada demonstração possui certascaracterísticas de evidenciação que precisam ser agrupadas por classe. Essas classes são chamadas de elementos das demonstrações contábeis. No Balanço Patrimonial, os elementos diretamente relacionados à mensuração da posição patrimonial e financeira são os ativos, os passivos e o Patrimônio Líquido. Já na Demonstração do Resultado do Exercício, os elementos diretamente relacionados com a mensuração do desempenho econômico são as receitas e as despesas. De acordo com a NBC TG – ESTRUTURA CONCEITUAL, a apresentação desses elementos no balanço patrimonial e na demonstração do resultado envolve um processo de subclassificação. Por exemplo, ativos e passivos podem TÓPICO 3 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 29 ser classificados por sua natureza ou função nos negócios da entidade, a fim de mostrar as informações da maneira mais útil aos usuários para fins de tomada de decisões econômicas. Os itens que compõem o ativo são os bens e os direitos, considerados elementos positivos necessários para manter e operacionalizar as atividades cotidianas da entidade. Em 1958, D`Auria, citado por Iudícibus (2009, p. 123), afirma que ativo é “[...] o conjunto de meios ou a matéria posta à disposição do administrador para que este possa operar de modo a conseguir os fins que a entidade, entregue à sua direção, tem em vista.” Segundo Iudícibus (2009), esta definição torna-se restrita, retratando apenas os bens tangíveis de uma empresa não dando ênfase a elementos tão importantes, hoje, como o goodwill. NOTA Goodwill = ativo intangível, capital intelectual. FONTE: Disponível em: <http://www.congressousp.fipecafi.org/artigos22005/243.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2010. Em 1962, Sprouse e Moonitz, citados por Iudícibus (2009, p. 124), dizem: “[...] ativos representam benefícios futuros esperados, direitos que foram adquiridos pela entidade como resultado de alguma transação corrente e passada.” Ao comentar a definição anterior, Iudícibus (2009, p. 124) diz que A ênfase, nesta definição, está na potencialidade de serviços por parte dos ativos para a empresa. Aproxima-se de uma definição bastante precisa para nossas finalidades, embora dê, talvez, excessiva ênfase às transações presentes ou passadas. Ativos podem ser constituídos como resultado do esforço de pesquisa da empresa, de natureza contínua, pela organização excelente e por fatores intangíveis não necessariamente ligados a transações com o mundo exterior. Em 1929, o professor Canning, citado por Hendriksen e Breda (1999, p. 284), definiu um ativo como: “[...] qualquer serviço futuro em termos monetários ou qualquer serviço futuro conversível em moeda [...] cujos direitos pertencem legal ou justamente a alguma pessoa ou algum conjunto de pessoas. Tal serviço é um ativo somente para essa pessoa ou esse grupo de pessoas que o usufrui”. Ao investigarmos os conceitos de ativo, chegamos à conclusão que quase todos os autores seguem a linha de raciocínio onde se define que o ativo consiste em benefícios futuros esperados. 30 UNIDADE 1 | ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Dentre as contas contábeis que compõem o ativo destacam-se: • Ativo Circulante: são os bens e direitos que estão constantemente em giro, sendo que sua realização ocorrerá no máximo até o final do próximo exercício social ou durante os próximos 12 meses. • Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo: direitos realizáveis após o término do exercício social subsequente. Na empresa em que o ciclo operacional tiver duração maior que o exercício social, a classificação, nesse grupo, terá por base o prazo desse ciclo. • Ativo Não Circulante Investimentos: participações permanentes no capital social de outras sociedades (ou seja, o investimento feito pela empresa ao tornar-se sócia de outra pessoa jurídica). Também constam nessa conta direitos de qualquer natureza, não classificáveis no Ativo Circulante e que não se destinem à manutenção da atividade da empresa. • Ativo Não Circulante Imobilizado: bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens. Exemplo: móveis e utensílios, instalações, imóveis, veículos, máquinas e equipamentos, leasing financeiro, comodato, bens de terceiros etc. • Ativo Não Circulante Intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. Exemplo: direitos autorais, software etc. Os ativos são considerados como tais, pois sua natureza é sinônima de contribuição para geração e desenvolvimento das atividades operacionais, provocando, consequentemente, aumento nos fluxos financeiros da entidade. Além disso, esses ativos podem ser, se necessário, liquidados, trocados, alienados etc. ou, como no caso de um processo industrial, outra alternativa que reduza os custos de produção para que também aumente o fluxo financeiro. Segundo a NBC TG – ESTRUTURA CONCEITUAL, a entidade geralmente usa os seus ativos na produção e comercialização de mercadorias e prestação de serviços capazes de satisfazer os desejos e necessidades dos clientes. Uma vez que essas mercadorias ou serviços possam atender aos seus desejos ou necessidades, os clientes se dispõem a pagar por eles e contribuir assim para o fluxo de caixa da entidade. Dentre os benefícios econômicos e financeiros futuros que um ativo pode gerar para a entidade, destacam-se: • utilização na atividade operacional da entidade (produção – comercialização – prestação de serviços); TÓPICO 3 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 31 • troca entre ativos (simples permuta que envolve pagamentos ou recebimentos por diferenças de valores); • liquidação de passivos (utilização do próprio ativo para liquidar a obrigação). Em sua essência os ativos podem ser considerados tangíveis (corpóreos), como, por exemplo, máquinas e equipamentos, veículos, construções etc. e também intangíveis (incorpóreos), como, por exemplo, patentes e direitos autorais. O fato de apenas considerar como ativo aquilo que for físico não é o bastante para sua caracterização. Na contabilidade há necessidade que se controlem os bens que são de propriedade da entidade e aqueles que estão apenas em posse. Porém, o direito de propriedade não é essencial para o reconhecimento da existência do ativo. Um exemplo dessa situação é o arrendamento, no qual o proprietário cede o direito de uso do bem ao arrendatário que o registra como sendo seu ativo. De acordo com a NBC TG – ESTRUTURA CONCEITUAL, os ativos de uma entidade resultam de transações passadas ou outros eventos passados e, normalmente, os obtêm comprando ou produzindo. Mas outras transações ou eventos podem gerar ativos, como, por exemplo, quando um imóvel é recebido do governo como parte de um programa para fomentar o crescimento econômico da região onde se localiza a entidade. NOTA Transações ou eventos previstos para ocorrer no futuro não podem resultar, por si mesmos, no reconhecimento de ativos, por isso, por exemplo, a intenção de adquirir estoques não atende, por si só, a definição de um ativo. Já no passivo estão alocadas as obrigações da entidade junto a terceiros, os quais são considerados elementos negativos. São derivados de eventos passados, cuja liquidação se espera resultar em saída de recursos, geralmente do ativo, capazes de gerar benefícios econômicos. Em 1927 Hartfield, citado por Iudícibus (2009, p. 141), afirma que os passivos num sentido restrito [...] são subtraendos dos ativos, ou ativos negativos. Seria lógico, portanto, preparar um balanço no qual as exigibilidades totais fossem subtraídas dos ativos totais, deixando no lado direito do balanço meramente itens que representam a propriedade. 32 UNIDADE 1 | ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕESCONTÁBEIS Em 1929 o professor John Canning, de Stanford, citado por Hendriksen e Breda (1999, p. 283), definiu passivo como “[...] um serviço, com valor monetário, que um proprietário [titular de ativos] é obrigado legalmente (ou justamente) a prestar a uma segunda pessoa (grupo de pessoas) [...]”. As definições de Hartfield e Canning estão baseadas nitidamente na teoria da propriedade que pressupõe que os ativos pertencem ao proprietário e os passivos são obrigações do proprietário. Segundo Hendriksen e Breda (1999, p. 466), “A noção de propriedade originou-se de uma tentativa de colocar alguma lógica na exposição da escrituração por partidas dobradas”. Já em sua estrutura, dentre as contas contábeis que compõem o passivo, destacam-se: • Passivo Circulante: são as obrigações da empresa para com terceiros, cujo vencimento ocorrerá até o exercício social subsequente ou durante os próximos 12 meses. • Passivo Não Circulante: são as obrigações da empresa para com terceiros, cujo vencimento ocorrerá após o término do exercício social subsequente. Na empresa em que o ciclo operacional tiver duração maior que o exercício social, a classificação, nesse grupo, terá por base o prazo desse ciclo. Um fator essencial para que haja um passivo é que se tenha uma obrigação presente. Conforme a NBC TG – ESTRUTURA CONCEITUAL, uma obrigação é um dever ou responsabilidade de agir ou fazer de certa maneira. As obrigações podem ser legalmente exigíveis em consequência de um contrato, de requisitos estatutários ou, até mesmo e mais comum, da própria operacionalidade da entidade no mercado, envolvendo compras de produtos, mercadorias e serviços. Surgem dos empréstimos e financiamentos necessários à atividade e dos salários e encargos sobre mão de obra. Até mesmo nas vendas surge a obrigação tributária. A obrigação é inevitável em qualquer atividade, indiferente de sua forma jurídica ou finalidade. Segundo a NBC TG – ESTRUTURA CONCEITUAL, deve-se fazer uma distinção entre uma obrigação presente e um compromisso futuro ainda não reconhecido legalmente. A decisão da Administração, de uma entidade, de adquirir ativos no futuro não constitui, por si só, uma obrigação presente, ou seja, a obrigação normalmente surge somente quando o ativo é recebido ou a entidade assina um acordo irrevogável de aquisição do ativo, como, por exemplo, na compra a prazo de mercadorias com notas fiscais, compra financiada de terrenos com escrituras, compra de veículos através de contratos de financiamento etc. Sendo assim, a natureza irrevogável do acordo significa que as consequências econômicas de deixar de cumprir a obrigação, por exemplo, por causa da existência de uma penalidade significativa, deixem a entidade com pouca ou nenhuma alternativa para evitar o desembolso de recursos em favor da outra parte. TÓPICO 3 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 33 A liquidação da obrigação normalmente se dá pela saída de um ativo, por exemplo, no pagamento de uma duplicata (liquidação) via depósito bancário (saída de ativo). Dentre as formas de liquidação da obrigação destacam-se: pagamento em dinheiro, transferência de outros ativos, prestação de serviços, substituição da obrigação por outra, conversão da obrigação em capital e até renúncia do credor ou pela perda dos seus direitos creditícios. Já no Patrimônio Líquido, estão os elementos que demonstram o valor líquido contábil da entidade. É o valor resultante da seguinte equação: Patrimônio Líquido = ativo (-) passivo. Entretanto, para Iudícibus e Marion (2002, p. 163), “[...] esta definição é por demais simplista e pode ser detalhada [...] pelas várias subclassificações relevantes constantes no Patrimônio Líquido”. Pelo fato de o Patrimônio Líquido depender da avaliação do ativo e passivo, Iudícibus (2009, p. 166) comenta que “[...] à medida que uma boa evidenciação dos elementos constitutivos do Patrimônio Líquido possa auxiliar no discernimento [...], estaremos cumprindo a finalidade principal das demonstrações contábeis, ou seja, a de ajudarem o investidor a avaliar a tendência do empreendimento”. NOTA O Patrimônio Líquido é um dos grupos mais importantes da contabilidade, pois revela o valor contábil da empresa. Para sabermos o valor contábil de uma empresa, não precisamos transformar todo o ativo em dinheiro e pagar as dívidas com terceiros, basta apenas analisar o Patrimônio Líquido. Para Iudícibus (1998), as principais fontes da variação do Patrimônio Líquido são: • Valores líquidos provenientes de investimentos feitos por sócios, acionistas ou associados. • Excesso de lucro ou prejuízo (as variações decorrentes da atividade operacional e não operacional da entidade. • Valores resultantes de correções (ajustes patrimoniais de ativos e passivos). • Utilização e composição de vários tipos de reservas que desse grupo fazem parte. O Patrimônio Líquido está dividido em subclassificações, ou seja, é formado pelas seguintes contas contábeis: • Capital Social: representa os valores aplicados inicialmente pelos sócios, acionistas ou associados e pelas possíveis incorporações do resultado do exercício. 34 UNIDADE 1 | ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS • Reservas de Capital: as reservas de capital são constituídas com valores recebidos pela empresa (geralmente subscrições de ações que ultrapassam o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações) e não transitaram pelo resultado do exercício. • Ajustes de Avaliação Patrimonial: é o conceito novo de conta que está definido pela Lei 11.638/07. Em resumo, representa os valores corrigidos de ativos e passivos em função do valor justo. • Reservas de Lucros: as reservas de lucros são constituídas pelos lucros obtidos pela empresa, retidos com finalidade específica e geralmente já definidos em estatuto, tanto a constituição como sua utilização. • Prejuízos Acumulados: representam os prejuízos apurados pela entidade e que ainda não foram absorvidos por novos resultados positivos (lucro) ou que não foram compensados com reservas de lucros ou com o próprio capital. Conforme a NBC TG – ESTRUTURA CONCEITUAL, a constituição de reservas é, às vezes, exigida pelo estatuto ou por lei para dar à entidade e seus credores uma margem maior de proteção contra os efeitos de prejuízos que possam vir a acontecer. Outras reservas podem ser constituídas em atendimento a leis que concedam isenções ou reduções nos impostos a pagar quando são feitas transferências para tais reservas. A existência e o valor de tais reservas legais, estatutárias e fiscais representam informações que podem ser importantes para a tomada de decisão dos usuários. As transferências para tais reservas são apropriações de lucros acumulados, portanto não constituem despesas, uma vez que seus saldos são compostos por lucros já tributados. Já para a análise do desempenho econômico da entidade contábil utiliza- se a Demonstração do Resultado do Exercício, a qual evidencia os gastos e ganhos, ou seja, as receitas e despesas. NOTA O resultado constante na Demonstração do Resultado do Exercício é frequentemente usado como medida de desempenho ou como base para outras avaliações, tais como o retorno do investimento ou resultado por ação. TÓPICO 3 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 35 O resultado na Demonstração do Resultado do Exercício é obtido através da confrontação entre receitas e despesas. De acordo com a NBC TG – ESTRUTURA CONCEITUAL, as receitas e despesas podem ser apresentadas na demonstração do resultado de diferentes maneiras para que auxiliem o usuário da informação contábil na tomada de decisão. Por exemplo, é comum a distinção das receitas e despesas recorrentes das atividades operacionais daquelas resultantes das atividades descontinuadas. Essa distinção é feita porque a fonte de uma receita é relevante na avaliação da capacidade que a entidade tem de gerar caixa ou equivalentes de caixa no futuro; por exemplo, receitas oriundas de atividades
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