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Relatório de Estágio I

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI 
LICENCIATURA EM HISTÓRIA 
WELLINGTON CARLOS GONÇALVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diamantina 
2016 
 
 
 
WELLINGTON CARLOS GONÇALVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO I 
 
 
Relatório de Estágio Supervisionado I, apresentado 
as disciplinas de Ensino de História II e Estágio 
Supervisionado I do curso de Licenciatura em 
História da Universidade Federal dos Vales do 
Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, como pré-
requisito para aprovação na disciplina, sob 
orientação do Prof. Dr. Luciano Magela Roza. 
 
 
 
 
 
 
Diamantina 
2016 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Neste momento, gostaria de agradecer a todos que de alguma forma contribuíram 
para a realização desta vivência fundamental para compreender os processos e as 
relações existentes nos espaços educacionais, contribuindo significativamente para 
minha formação. 
Agradeço a UFVJM, a Faculdade Interdisciplinar em Humanidades, ao Curso de 
Licenciatura em História, ao professor Dr. Luciano Magela Roza pelas orientações e 
várias discussões esclarecedoras e emancipadoras, no âmbito da educação e 
ensino de História. 
Agradeço a direção da Escola Municipal Dr. João Antunes de Oliveira, em especial a 
diretora Rita Brant, a supervisora Creusa Ribeiro, ao professor Vanderson Morette, e 
por último, e não menos importante, aos alunos do sexto 6º ano ao 9º ano desta 
instituição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"A Alegria de ensinar 
Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma 
forma continuamos a viver naqueles cujos olhos 
aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa 
palavra. O professor, assim, não morre jamais" 
Rubem Alves 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 6 
2. OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 7 
3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................................... 7 
4. DESENVOLVIMENTO .................................................................................................................... 8 
4.1 – HISTÓRICO DA ESCOLA ..................................................................................................... 8 
4.2 – A ESTRUTURA DA ESCOLA ............................................................................................. 10 
4.3 – O PERFIL DOS ALUNOS ................................................................................................... 12 
4.4 – EXPERIÊNCIAS EM SALA DE AULA ............................................................................... 14 
5 – AVALIAÇÃO ESCOLAR ............................................................................................................ 19 
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................... 20 
8 – ANEXOS ....................................................................................................................................... 22 
 
6 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
O presente relatório de estágio apresenta as observações, reflexões e 
análises realizadas, entre 23 de maio e 10 de junho de 2016, com as turmas do 6º 
ao 9º ano da Escola Municipal Dr. João Antunes de Oliveira, situada na Rua da 
Glória, n. 469, Centro, na cidade de Diamantina – MG. 
Sob a orientação do professor Dr. Luciano Magela Roza,1 vinculado ao curso 
de História da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, 
docente responsável pelas disciplinas Ensino de História II e Estágio Supervisionado 
I, e supervisionado pelo professor Vanderson Morette da Silva,2 docente responsável 
pela disciplina de História, profissional vinculado ao quadro de servidores efetivos da 
Escola Municipal Dr. João Antunes de Oliveira, a confecção deste relatório realizou-
se em dois módulos. Num primeiro momento, observei a Escola, seus espaços, 
documentos, professores, funcionários e público atendido. Esta etapa abrangeu uma 
carga horária de 10 horas. Posteriormente, realizei a observação de 12 aulas de 
História ministradas pelo professor Vanderson Morette da Silva, nas turmas do 6º ao 
9º ano, em 10 horas. Perfazendo uma carga horária total de 20 horas, dividida em 5 
horas semanais, dentro do período proposto. 
O estágio supervisionado é um momento de fundamental importância no 
processo de formação do professor e, constitui-se, em um treinamento que, 
possibilita ao licenciando, vivenciar o que foi debatido no ambiente acadêmico, 
fazendo uma ponte entre as teorias e as práticas. Ainda que, a formação acadêmica 
(na Universidade) seja importante, sozinha, não é capaz de formar e preparar o 
licenciando para o exercício de sua profissão. Deste modo, é necessária a inserção 
do aluno de licenciatura no meio educacional para observar, analisar e aprender 
com as práticas cotidianas dos profissionais da docência.3 
 
1 Luciano Magela Roza possui graduação em História (2001), mestrado (2009) e doutorado em 
Educação (2014) pela Universidade Federal de Minas Gerais. Tem experiência na área de educação, 
com ênfase em ensino de História, História afro-brasileira, livros didáticos e música no ensino de 
história. Atualmente é Professor Adjunto na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e 
Mucuri (UFVJM), nas áreas de História da África e Ensino de História. Fonte: http://lattes.cnpq.br/. 
Acessado em 10/06/2016. 
2 Vanderson Morette da Silva possui graduação em História (1999) pela Fundação Educacional do 
Vale do Jequitinhonha - FEVALE. Tem experiência na área de História. É servidor municipal da 
cidade de Diamantina, lecionando na Escola Municipal Dr. João Antunes de Oliveira e servidor 
estadual, lecionando na Escola Estadual João César de Oliveira, no distrito de Inhaí, também em 
Diamantina. Fonte: http://lattes.cnpq.br/. Acessado em 10/06/2016. 
3 PIMENTA, Selma Garrido. O estágio na formação de professores: unidade, teoria e prática. 2ª ed. 
São Paulo: Cortez, 1995. 
7 
 
2. OBJETIVOS 
 
De acordo com o Manual de Estágio Supervisionado do Curso de Licenciatura 
em História da Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri, os objetivos 
do Estágio Supervisionado I são: “refletir sobre a função social da escola e da 
escolarização a partir da observação, registro e reflexão de práticas pedagógicas. 
Observar, registrar e problematizar o cotidiano escolar, considerando os rituais, a 
arquitetura, os usos dos espaços e tempos e a organização do trabalho 
pedagógico.”4 Ou seja, a proposta é facultar e incentivar o contato entre licenciandos 
e as realidades das escolas, visto que o processo de ensino-aprendizagem nos 
cursos de licenciatura não podem, de modo algum, desvincular as teorias das 
práticas e, muito menos, dissociar o ambiente acadêmico da universidade dos 
mundos da educação das escolas de ensino fundamental e médio. 
3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
Atento às propostas dos objetivos gerais do Manual de estágio do curso de 
História e, em contato com as realidades observadas na Escola investigada, 
elenquei os seguintes objetivos como ponteiros para a consecução deste projeto de 
intervenção: 
a) Observar o espaço escolar e a sua estruturação física; 
b) Analisar a documentação escolar da Escola, como o seu regimento e o Projeto 
Político Pedagógico; 
c) Observar aulas da disciplina de História em diferentes turmas; 
d) Observar o andamento das atividades escolares de alunos, professores e 
funcionários e, se possível, suas relações intra e extra-escolares, com o fimde 
diagnosticar como as relações pessoais e transversais entre os vários sujeitos que 
compõem, ou frequentam, a Escola se pautam. Assim, questões como classe, raça 
e gênero poderão, porventura, ser mais bem observadas. 
 
4 LAGE, Ana Cristina Pereira; SEABRA, Elizabeth Aparecida Duque. Manual de Estágio 
Supervisionado do Curso de Licenciatura em História. Diamantina: UFVJM, 2013. 
8 
 
4. DESENVOLVIMENTO 
4.1 – HISTÓRICO DA ESCOLA 
 
Para compreender a trajetória da criação da Escola Municipal Dr. João 
Antunes de Oliveira, efetuei algumas pesquisas documentais e bibliográficas.5 Deste 
modo, foi possível depreender que Escola esteve intimamente ligada à criação do 
Centro Integrado de Apoio ao Menor – CIAME. Instituído no fim da década de 1970, 
a instituição destinava-se, exclusivamente, ao ensino feminino, com a atenção 
voltada para o ensino profissional.6 Anos mais tarde, o CIAME deu lugar ao Centro 
de Apoio a Criança - CAC, passando a atender um público misto, ou seja, meninos e 
meninas. Em 1989, mais uma vez, a instituição mudou de nome, passando a se 
chamar Fundação do Bem Estar do Menor – FUMBEM. Assim como a denominação, 
seus objetivos também mudaram e, ela passou a ter como finalidade, desenvolver 
uma política de proteção a criança e ao adolescente em situação de vulnerabilidade 
social.7 
Em 1991 foi criada a Escola Municipal da FUMBEM de Ensino Fundamental 
de 1ª a 4ª série8 com a denominação de Centro Integrado para Educação e Trabalho 
– CIET, a qual obteve autorização de funcionamento da Secretaria Estadual de 
Educação em 1992. Em 1994, a instituição passou por uma mudança de 
denominação, passando de Centro Integrado para Educação e Trabalho para Escola 
da FUMBEM.9 
Segundo o Regimento da Escola da FUMBEM, a entidade tinha por finalidade 
proporcionar a criança e ao adolescente de 7 a 14 anos, educação fundamental de 
1ª a 4ª série. A proposta, além da alfabetização e escolarização, era criar 
oportunidades para que o aluno adquirisse melhores condições de sobrevivência, 
 
5 As pesquisas foram realizadas nos arquivos da Secretaria Municipal de Educação de Diamantina, 
da Escola Municipal Dr. João Antunes de Oliveira e no acervo virtual da Hemeroteca Digital da 
Biblioteca Nacional. Uma lista completa dos documentos utilizados encontra-se ao final deste 
relatório. 
6 Secretaria Municipal de Educação. Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal Dr. João 
Antunes de Oliveira. Diamantina: SME, s/d. 
7 Idem. 
8
 De acordo com a regulamentação e políticas educacionais aplicadas, o ensino fundamental neste 
período o ensino fundamental possuía 08 (oito) anos de duração, sendo denominado 1ª a 8ª séries. 
Após a implementação da Lei nº 11. 114, de 16 de maio de 2005 – tornou-se obrigatória a matrícula 
das crianças de seis anos de idade no Ensino Fundamental. Em de 6 de fevereiro de 2006 a Lei nº 
11.274 – amplia o Ensino Fundamental para nove anos de duração, com a matrícula de crianças de 
seis anos de idade e estabeleceu o prazo de implantação, pelos sistemas, até 2010. 
9 Secretaria Municipal de Educação. Regimento da Escola da FUMBEM. Diamantina: SME, s/d. 
9 
 
preparando-o para a vida participativa na comunidade e, assistindo-o, 
proporcionando assistência alimentar, médica, odontológica e pedagógica. Em 2001, 
a Escola da FUBEM foi autorizada a oferecer turmas de 1ª a 8ª série: 
O artigo 1º da Resolução da Secretaria Estadual de Educação do Estado de 
Minas Gerais nº 7002, de 05/03/93, autoriza a extensão de 5ª a 8ª série do 
Ensino Fundamental, na Escola da FUMBEM (1ª a 4ª), situada na Rua 
Glória, 469, em Diamantina. O citado estabelecimento passa a identificar-se 
como Escola da FUMBEM de Ensino Fundamental (1ª a 8ª série).10 
 
Ainda em 2001, foi autorizado o funcionamento da Educação de Jovens e 
Adultos, no período noturno, com turmas de 1ª a 8ª séries. Em 2006, a Escola 
mudou, mais uma vez de nome, passando a se chamar Escola Municipal João 
Antunes de Oliveira. 11 Na ocasião, a instituição oferecia o ensino fundamental 
regular de 1º a 8º série e Educação de Jovens e Adultos, também de 1º a 8º série. É 
importante lembrar que, a FUMBEM não foi extinta, atualmente tem 27 anos 
existência, funciona no mesmo prédio da Escola e oferece o Programa de 
Erradicação do Trabalho Infantil – PETI, 12 que atende cerca de 80 crianças e 
adolescentes e o Programa Jovem Aprendiz13 que atende 30 adolescentes.14 
Atualmente, a Escola segue orientações da Secretaria Municipal de Educação 
e da Superintendência Regional de Ensino de Diamantina, oferecendo o ensino 
fundamental regular de 6º ao 9º ano (matutino) e Educação de Jovens e Adultos de 
1º ao 5º ano em uma única turma multisseriada. A Escola está sob a direção da 
professora Rita Nascimento Brant e conta 120 alunos e 26 profissionais de diversas 
áreas. 
 
10 Jornal Diário Oficial do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, 25-08-2001. 
11 O nome da Escola é uma homenagem ao ex-prefeito João Antunes de Oliveira. Nascido em 
Turmalina (MG), em 1918. Bacharelou-se em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais 
em 1946. Atou profissionalmente em Diamantina e cercanias. Foi prefeito da cidade nas gestões 
1969-1972, 1989-1992 e 1997-2000. Faleceu em 2002. 
12
 De acordo com o site do Ministério Social e Agrário do Governo Federal, o Programa de 
Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) teve início, em 1996, como ação do Governo Federal, com o 
apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT), para combater o trabalho de crianças em 
carvoarias da região de Três Lagoas (MS). Sua cobertura foi, em seguida, ampliada para alcançar 
progressivamente todo o país num esforço do Estado Brasileiro para implantação de políticas 
públicas voltadas ao enfrentamento do trabalho infantil, atendendo as demandas da sociedade, 
articuladas pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI). 
13
 O programa do Governo Federal Jovem Aprendiz, foi criado em 2005. Conta com a parceria de 
empresas e entidades públicas, como prefeituras. Os Jovens que pretendem se candidatar 
necessitam estar em situação de vulnerabilidade social, que é comprovada com o Cadastro Único do 
Governo Federal com base na renda familiar, possuir entre 15 e 18 anos de idade para poder se 
candidatar para vagas das áreas administrativas e possuir entre 17 anos e 9 meses e 21 anos e 11 
meses para se candidatar vagas nas refinarias e em laboratórios de pesquisa e principalmente estar 
frequentando as aulas do Ensino Regular. 
14 Secretaria Municipal de Educação. Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal Dr. João 
Antunes. Diamantina: SME, s/d. 
10 
 
4.2 – A ESTRUTURA DA ESCOLA 
 
O atual prédio da Escola tem uma longa história. Ele foi construído na década 
de 1950 para abrigar uma fábrica de torta de caroço de algodão.15 A Usina Juscelino 
Kubitschek, como era denominada, foi criada em 1956.16 Ao que parece, a fábrica 
destinada à produção de torta de algodão durou até 1961, quando aquele espaço 
passou a ser destinado à produção de óleo de mamona, contudo, mantendo a 
mesma denominação de Usina Juscelino Kubitschek.17 A fábrica, durante toda a sua 
existência, esteve ligada à Companhia Agrícola de Minas Gerais (CAMIG) e, parece 
ter tido uma produção considerável dos produtos que beneficiava.18 Não consegui 
localizar informações sobre um possível fechamento da fábrica. Contudo, no final da 
década de 1970, o prédio anteriormente ocupado por ela foi utilizado pela Prefeitura 
como espaço educacional e beneficente do CIAME e CAC, posteriormente a 
FUMBEM e nos dias de hoje, a Escola. Igualmente, também não localizei nenhum 
documento sobre os primeiros anos de utilização do prédio como espaço 
educacional. 
Quanto à Escola e o seu espaço físico, notadamente, percebe-seque ele não 
foi construído para abrigar uma instituição de ensino. Através das marcas deixadas 
pelas modificações, vêem-se inúmeras adaptações. O prédio possui salas distante 
umas das outras e grandes espaços vagos. O ambiente não atende somente a 
Escola, já que existem salas destinadas a FUMBEM para desenvolvimento do 
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e Programa Menor Aprendiz. E, uma 
sala, destina-se ao Pólo de Informática EAD/UFVJM. O espaço reservado para o 
funcionamento da escola, consta com uma sala para a direção, uma sala para a 
secretaria, uma sala para os professores e supervisão, 06 salas de aula, uma sala 
de vídeo, uma sala para a biblioteca, cozinha, refeitório, dispensa, banheiros e uma 
quadra de esportes. 
 
15 A torta do caroço de algodão é o subproduto da extração do óleo contido no grão do algodão, que 
ao ser esmagado é conhecido por torta. Tal produto pode ser utilizado como fertilizante na indústria 
de corantes, na alimentação animal e na fabricação de farinhas alimentícias, após desintoxicação. No 
entanto, sua principal aplicação é na elaboração de rações animais, devido ao seu alto valor protéico. 
16 Jornal A Estrela Polar, Diamantina, 02-12-1956. 
17 Jornal Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 29-04-1961. 
18 Jornal A Estrela Polar, Diamantina, 12-04-1959. Para mais detalhes sobre a atuação da CAMIG em 
Diamantina, cf. FIGUEIREDO, Anísia de Paula (Org.). A terra, o pão, a justiça social: a importância da 
participação da Igreja nas políticas públicas do Brasil. Belo Horizonte: FUMARC, 2010, p. 112-118. 
11 
 
Na tentativa de criar um ambiente acessível para o público atendido, inúmeras 
adaptações foram realizadas. Primeiro, a entrada da escola possui três degraus. As 
rampas de acesso levam a apenas alguns ambientes e algumas são íngremes, o 
que pode impossibilitar uma possível locomoção de um cadeirante. Há apenas um 
bebedouro para atender a Escola e as outras instituições presentes no prédio, e ele 
está no topo de duas escadas. Uma hipótese para o desprezo com a acessibilidade, 
talvez, possa estar ligado com os costumes e hábitos da sociedade diamantinense. 
Observados os espaços privados e públicos da cidade, vê-se que não há a 
preocupação com a acessibilidade. Essa falta de interesse justifica-se, na maioria 
das vezes, por reconhecerem nas “cidades históricas” lugares intocáveis que devem 
ser mantidos como relíquias, desprezando o diverso público atendido por esses 
espaços. Esta hipótese pode ser confirmada, visto que, não há políticas de inclusão 
que tornem acessíveis espaços e serviços como, por exemplo, ônibus adaptados 
para usuários com necessidades especiais, rampas de acessos a museus e órgãos 
públicos. 
A entrada da Escola possui um jardim, porém, as crianças não podem utilizá-
lo. No prédio funcionam outras entidades, o que faz com que o espaço reservado 
para os alunos torne-se limitado. Os portões ficam abertos e fugas podem 
acontecer, o que é uma lástima, pois, no intervalo, os discentes ficam submetidos a 
uma determinada área da Escola. 
Há uma profissional na escola denominada “disciplinadora” e sua função é 
tolher as crianças de coisas simples e naturais da idade, como correr, conversar, 
brincar, mesmo no intervalo. A distribuição da merenda é feita da seguinte forma: as 
crianças vão para o intervalo, porém, elas são dividas em grupos de quatro, que 
devem esperar sentadas para serem chamadas para pegar a merenda. Esse 
sistema faz com que a criança permaneça vigiada e, muitas vezes, não dá tempo de 
todas elas merendarem durante o intervalo, atrasando o retorno de alguns as salas. 
Esse esquema de distribuição de merenda tira a liberdade e deturpa o caráter do 
intervalo, além de não estimular o desenvolvimento e a emancipação dos alunos. 
Em meu tempo de escola, comíamos rápido para brincar, conversar, correr, ir à 
biblioteca. A interpretação do intervalo é entendida apenas como um tempo para 
merendar e não como um momento de descanso, sociabilidade e ludicidade. 
12 
 
Essas práticas podem ser integradas ao conceito de “currículo oculto”.19 Para 
Antônio Flávio Moreira e Vera Maria Candau, o currículo oculto corresponde a 
práticas cotidianas, que, na maioria das vezes, não são questionadas e estão 
ligadas aos modos de organizar o espaço e o tempo, distribuição de alunos, layout 
da sala de aula, hierarquização entre professores e alunos. O currículo oculto faz 
parte das coisas consideradas óbvias no ambiente escolar e o óbvio deve ser 
questionado. A naturalização de algumas práticas pode ser prejudicial ao processo 
de ensino, aprendizado e desenvolvimento dos alunos. Contudo, fugir dessas 
práticas parece não ser fácil, já que, uma série de valores construídos ao longo do 
tempo é intrínseco aos saberes escolares, o que certamente, caracteriza essas 
práticas como algo natural e comum. 
 
4.3 – O PERFIL DOS ALUNOS 
 
Desde os tempos do Centro Integrado de Apoio ao Menor até a Escola 
Municipal Dr. João Antunes, as instituições ali existentes, possuíam caráter 
assistencialista e o público atendido era formado por crianças e adolescentes em 
vulnerabilidade social. Essa conjuntura pode ser uma explicação para o fato de esta 
escola ser estigmatizada pela comunidade diamantinense. O fato de ela atender, 
prioritariamente, alunos dos bairros periféricos (Palha, Bela Vista, Vila Operária, 
Maria Orminda, Gruta de Lourdes, Cidade Nova, Pedra Grande e Cazuza), distritos 
e subdistritos da cidade (Guinda, Algodoeiro, Extração (Curralinho), Biribiri, Covão, 
Fazenda Jazilda, Brauna, Formação), também, pode ser uma possibilidade para 
compreendermos a estigmatização negativa sofrida pela escola e seus integrantes. 
Com a intenção de conhecer o perfil do público atendido pela Escola, foi 
aplicado, em 22 de fevereiro de 2016, um formulário (ver em anexo) pelos bolsistas 
Amilton Vieira, Danilo Fróes, Diego Silva, Juliana Araújo e Wellington Gonçalves, 
vinculados ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência do curso de 
Licenciatura em História da Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri, 
que executam seus projetos na referida Escola. 
 
19 Compartilhamos da descrição de “currículo oculto” segundo as definições de: MOREIRA, Antônio 
Flávio; CANDAU, Vera Maria. Indagações sobre currículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília: 
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. 
13 
 
De acordo com o formulário, a faixa etária atendida pela Escola, nas turmas 
de 6º ao 9º ano, para o ano de 2016, varia entre 10 a 19 anos. Uma das demandas 
da Escola é atender, principalmente, alunos oriundos da zona rural da cidade, 
conforme o gráfico abaixo: 
 
 
As crianças que se deslocam da zona rural até a Escola, pertencem a 
pequenas comunidades que ficam em torno de Diamantina. A Prefeitura Municipal 
por meio da Secretária Municipal de Educação oferece transporte diariamente a 
essas crianças. Algumas delas levam em torno de 3 horas para chegar Escola. 
Parece que, para a Prefeitura é mais viável, ou interessante, trazer essas crianças 
para estudarem em escolas da zona urbana, do que manter escolas em localidade 
rurais. Para essas crianças é oferecido um lanche quando chegam à Escola e, 
almoço antes de partirem, pois, alguns chegam e casa por volta de três horas da 
tarde. Segundo os dados do questionário, 40% dos alunos residem nas áreas 
periféricas de Diamantina, e mesmo morando na cidade recebem o mesmo 
atendimento que os alunos das áreas rurais. Outro diagnóstico levantado pelo 
questionário revela que os alunos da região urbana da cidade residem nos seguintes 
bairros, Palha, Rio Grande, Cazuza, Cidade Nova, Vila Operária e Pedra Grande. 
Todos distantes da região central da cidade e, considerados, favelas ou núcleos 
populacionais constituídos, emsua maioria, por famílias pobres. 
O questionário traz informações importantes como o perfil familiar. As 
respostas revelam uma infinidade de composições familiares. Muitos residem com 
pais, tios, avós, irmãos, outros tantos somente com a mãe, ou somente com o pai, 
muitas vezes apenas com os irmãos, ou padrinhos, terceiros, entre outros. 
Onde Você mora - Questionário 
aplicado individualmente a alunos da 
Escola. M. Dr. João Antunes de 
Oliveira em 22/02/2016. As análises 
foram realizadas entre fevereiro e 
março do mesmo ano1. 
 
 
14 
 
Pelo questionário, 24% dos alunos exercem algum tipo de função, nem 
sempre remunerada, como: garçonete, servente de pedreiro, buscando crianças na 
escola, roçando, capinando, tratando das galinhas, cuidando da casa, entre outras 
funções. 
Lançar olhares sobre o perfil dos estudantes da Escola pode ser uma boa 
oportunidade para nós - professores, funcionários, bolsistas e estagiários - 
conhecermos a realidade e experiências sociais dessas crianças e jovens. Os 
resultados do questionário mostraram que os alunos também são sujeitos sociais e 
carregam uma rica bagagem cultural adquirida fora dos muros da Escola. Essa 
obviedade, muitas vezes, é desprezada pelos profissionais da educação, e os 
alunos são tratados como sujeitos sem história e sem cultura, incluídos numa massa 
homogênea, onde todos recebem o mesmo tratamento, como se fossem todos 
iguais. À vista disso, torna-se imprescindível olharmos os alunos como agentes 
sociais e valorizarmos suas experiências, enfatizando a sua diversidade social e 
cultural. 
 
4.4 – EXPERIÊNCIAS EM SALA DE AULA 
 
 Neste momento, serão apresentadas as práticas pedagógicas utilizadas pelo 
professor no seu cotidiano em sala de aula. Essa experiência não pode ser tomada 
apenas como observação, houve interação entre o professor, o estagiário e os 
alunos. O intento dessas observações e interação é identificar as estratégias de 
ensino empregadas pelo professor, os seus recursos utilizados, sua relação com o 
livro didático, as atividades aplicadas, a receptividade e a participação dos alunos na 
aula de História. 
 As experiências em sala de aula foram realizadas em todas as turmas da 
Escola, que se compõem do seguinte modo: são 4 turmas, uma do 6º ano, uma do 
7º ano, uma do 8º ano e do uma do 9º ano. Acompanhei 2 aulas na turma do 6º ano, 
4 aulas na turma do 7º ano, 2 aulas na turma do 8º ano e 4 aulas na turma do 9º 
ano. De acordo com o professor, suas aulas são preparadas através do livro 
didático, pesquisas na internet e livros. O professor interpreta o livro didático como 
meio de trabalho e ressalta que, na conjuntura social em que os alunos estão 
inseridos, o livro didático torna-se o principal meio de acesso ao conteúdo histórico, 
e é a base a para realização de atividades, leituras e síntese do aprendizado. 
15 
 
O livro didático utilizado pertence à coleção Para Viver Juntos – História 6°, 
7°, 8° e 9º ano, de autoria de Ana Lúcia Lana Nemi e Muryatan Santana Barbosa e 
publicado pela Editora SM Ltda em 2012. Ambos os organizadores do livro são 
professores de História e pesquisadores da área. Ana Lúcia Lana Nemi obteve o 
título de mestrado em História Social pela Universidade de São Paulo (1994) e 
doutorado em Ciências Sociais pela Universidade de Campinas (2003). É professora 
de História Contemporânea na Universidade Federal de São Paulo, e desenvolve 
suas pesquisas nas áreas de historiografia ibérica e história ibérica 
contemporânea. 20 Muryatan Santana Barbosa bacharelou-se em História (2001), 
obteve os títulos de mestre em Sociologia (2004), e doutor em História Social (2012), 
todos pela Universidade de São Paulo. É professor da Universidade Federal do 
ABC. Suas pesquisas concentram-se na área de História da África.21 Nas palavras 
dos autores, os principais objetivos do livro são “entender as sociedades anteriores à 
nossa, com suas diferenças e particularidades, como fruto de seu tempo e da ação 
de seus sujeitos”.22 
Além do livro didático, tomado como suporte principal para as aulas de 
História, o professor utiliza também recursos de multimídia oferecidos pela Escola, 
como aparelhos de DVD, Datashow, TV e caixas de som. Quando possível, ele 
também explora filmes, tidos, segundo sua concepção, como outra possibilidade de 
conhecimento dos conteúdos abordados. 
 Na turma do 6º ano, foram assistidas 02 (aulas). Essa turma é grande, em 
torno de 21 alunos, com faixa etária entre 10 e 15 anos e, em sua maioria, são 
oriundos da zona rural. O professor começou utilizando seu tempo fazendo a 
chamada. Era uma segunda-feira e, geralmente, nas segundas a frequência é baixa, 
sem justificativas por parte dos alunos e responsáveis. Uma vez por semana, de 
acordo com as práticas pedagógicas indicadas pela Escola, os professores de todas 
as disciplinas fazem uma intervenção pedagógica dentro de seu próprio conteúdo, 
ou seja, eles deixam de seguir o conteúdo e aplicam outras atividades que 
dialoguem com a matéria, por exemplo, leitura em voz alta de textos, busca por 
verbetes no dicionário, produção de texto, entre outras atividades. Nessa referida 
 
20 Fonte: http://lattes.cnpq.br/. Acessado em 12/06/2016. 
21 Fonte: http://lattes.cnpq.br/. Acessado em 12/06/2016. 
22 NEMI, Ana Lúcia Lana; BARBOSA, Mauryatan Santana (Orgs.). Para Viver Juntos: História, 7º ano: 
ensino fundamental. 3ª ed. São Paulo: Edições SM, 2012, p. 3. 
 
 
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aula, os alunos fizeram uma leitura em voz alta. Cada aluno ficou responsável por ler 
um parágrafo do texto, desta forma, o professor conseguiu identificar e diagnosticar 
dificuldades pontuais na leitura e interpretação textual dos alunos. Uma vez 
diagnosticados, os alunos com maior dificuldade, passam a assistir, nos primeiros 
horários, todos os dias, aulas de reforço com um pedagogo. Percebe-se que, um 
grande número de alunos tem dificuldades de leitura, falta-lhes entonação, leitura 
pontuada e conhecimento das palavras. Uma hipótese para tal quadro é a possível 
falta da prática da leitura pelos alunos. 
 O corpo docente e pedagógico da escola justifica a liberação dos alunos com 
dificuldade em todas as primeiras aulas, por entenderem, que o reforço escolar com 
um profissional especializado, lhes ajudará a superar dificuldades básicas como 
leitura e escrita, portanto, perder algumas aulas e seus conteúdos que não são 
acompanhados corretamente por falta de domínio de ferramentas básicas é a 
justificativa central dessa manobra. 
 Na segunda aula acompanhada, ainda na turma do sexto ano, o professor fez 
a chamada, como de costume e, em seguida passou para a correção de atividades 
aplicadas em uma aula anterior à intervenção pedagógica. O professor foi lendo as 
questões extraídas do livro didático e alguns alunos foram respondendo. O 
professor, à medida que os alunos iam respondendo, elaborava a resposta no 
quadro, para que os discentes que fizeram incorretamente o exercício, o 
corrigissem. Após o término das correções, o docente passa de carteira em carteira 
corrigindo o caderno dos alunos, com a finalidade de certificar que o exercício foi 
realizado. 
 No sétimo ano, turma com 21 alunos e faixa etária entre 11 e 19 anos, foram 
apreciadas 4 aulas. As duas primeiras foram expositivas e com o auxílio do livro 
didático, o professor explanou sobre a “A mineração no século XVIII nas Minas 
Gerais”, geralmente, esse tema causa interesse por parte dos alunos, pois 
Diamantina foi um dos palcos deste contexto. Percebi que, quando os discentes se 
interessam pelo conteúdo da aula, ela torna-se dinâmica e atrativa tanto para o 
professor quanto para os alunos. É importante mencionar que, em todas as turmas, 
há alunos que não participam e não fazem atividades. A aula expositiva do professor 
é pautada no livro didático e à medida que vai explicando o conteúdo, ele se reportaao livro para exemplificar, utilizando imagens e textos da obra. 
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 Na terceira aula, o professor usou o tempo com atividades sobre o tema 
estudado nas duas aulas anteriores: a mineração. Ele fez um recorte nas questões 
oferecidas pelo livro didático, pois, entendeu que algumas questões são complexas 
para serem realizadas pelos alunos, como leituras de gráficos e perguntas mais 
elaboradas. Os alunos usaram toda a aula para realizar a atividade, contando com a 
ajuda do professor e do estagiário. Notei uma dificuldade interpretativa na leitura e 
interpretação das perguntas que, em suma, eram voltadas para a busca de 
respostas nos textos do livro didático. 
 Na quarta e última aula, o professor corrigiu as questões aplicadas na aula 
anterior. Do mesmo modo que em outras turmas, a correção foi feita oralmente, 
onde os alunos expuseram suas respostas e, em consenso, o professor as validou 
escrevendo-as no quadro para que as respostas erradas fossem corrigidas pelos 
alunos. Em seguida o professor passou de carteira em carteira para verificar se os 
alunos fizeram as correções. 
 A turma do 8º ano possui 12 alunos, e foram acompanhadas 02 aulas, sendo 
uma delas a intervenção pedagógica. Na primeira aula, o professor fez a correção 
de exercícios sobre o “Período Regencial”, seguindo a mesma metodologia, a partir 
do livro didático, ele corrigiu perguntas aplicadas na aula anterior. A segunda aula 
coincidiu com a intervenção pedagógica. O professor solicitou que cada aluno lesse 
em voz alta um parágrafo do texto extraído do livro didático. De modo geral, os 
alunos desta turma apresentaram facilidade com a leitura dos textos. Por vezes, 
algumas palavras mais complexas geraram dificuldades, mas, de modo geral, a 
turma apresentou bom resultado. 
 A turma do 9º ano, possui 8 alunos, é a menor turma da Escola. Nesta classe 
acompanhou-se 4 aulas, onde 2 foram expositivas relacionadas à “Segunda Guerra 
Mundial”, 1 aula utilizada para a intervenção pedagógica e a última foi utilizada para 
a exibição do filme Pearl Harbor. 23 Temas relacionados as guerras chamam a 
atenção de meninos e meninas, e não foi diferente com a turma do 9º ano. Durante a 
aula expositiva, eles fizeram várias perguntas. O conteúdo foi explanado pelo 
professor com base no uso do livro didático. Porém, temas como as guerras e, 
principalmente, a Segunda Guerra Mundial, ligadas ao Nazismo, Fascismo, 
 
23 Pearl Harbor é um filme norte-americano de 2001, produzido por Jerry Bruckheimer, dirigido 
por Michael Bay e distribuído pela Touchstone. A trama narra os episódios que marcaram o atentado 
à base naval norte-americana em Pearl Harbor, ocorrido no dia 7 de dezembro de 1941, no calor das 
disputas da Segunda Guerra Mundial. O atentado oi promovido pelo Japão e foi um dos fatores 
responsáveis pelo ingresso dos EUA na Segunda Guerra Mundial. 
18 
 
Franquismo e Stalinismo devem ser problematizados e, ressaltados seus prejuízos 
para a humanidade, bem como as lutas travadas para conter tais atrocidades 
desumanas. A posição de alunos simpáticos com os valores e ideias nazistas, bem 
como a reprodução exacerbada da suástica nazista no quadro, tornou-se algo 
preocupante, e deixou dúvidas e incomodo sobre a compreensão do conteúdo por 
parte dos alunos. 
 A terceira aula foi utilizada para a intervenção pedagógica, e o professor 
utilizou o texto complementar oferecido pelo livro didático no final do capítulo para 
que os alunos lessem em voz alta. Dois alunos se recusaram a fazer a leitura, 
porém, os alunos que leram apresentaram uma capacidade avançada de leitura e 
interpretação, alguns tiveram dificuldades em algumas palavras, pois os textos 
relacionados à Segunda Guerra trazem expressões em outras línguas, mas, com a 
ajuda do professor e dos próprios colegas, deu-se continuidade a leitura. 
 Na última aula, os alunos foram direcionados para a sala de vídeo, onde o 
professor exibiu o filme Pearl Harbor. Na sala de vídeo, os alunos se sentaram e o 
filme começou a ser exibido e, os hipnotizou. Todos permaneceram calados e 
atentos até o sinal que os liberava da aula. O vídeo foi exibido em uma TV com 
aproximadamente 21 polegadas. Apesar de existir um Datashow na Escola, 
aparelho que poderia ter reproduzido o filme de maneira mais visível e dinâmica, o 
mesmo não foi usado. Sobre o cinema como uma ferramenta pedagógica para o 
professor de História, Roberto Catelli afirma: 
Talvez o principal problema que o historiador ou professor de História tenha 
que enfrentar seja o conteúdo do filme, isto é, a veracidade da fonte. Nem a 
fotografia, nem o filme, nem qualquer documento de arquivo significa uma 
prova da verdade. Toda crítica externa ou interna que a metodologia da 
pesquisa histórica impõe ao manuscrito impõe igualmente ao filme.24 
 
É importante ressaltar aos alunos o caráter representativo dos filmes em 
relação à realidade e aos fatos ou episódios ocorridos. Quando se trata de uma 
grande produção, sempre existe uma história de amor e um heroísmo, além das 
intencionalidades do produtor e do próprio cineasta ao produzir um filme. Questionar 
quando, quem e porque o filme foi realizado é ideal para entendermos suas 
intenções. Sobre o filme, foi discutido com os alunos o seu enredo, mas o professor 
deixou de lado informações importantes, como suas intenções, autores, produtores, 
país de origem, informações que revelam muito sobre a trama. 
 
24 CATELLI JUNIOR, Roberto. Temas e Linguagens da História: ferramentas para sala de aula no 
ensino médio. São Paulo: Scipione, 2009, p. 60. 
19 
 
5 – AVALIAÇÃO ESCOLAR 
 
 Durante o período em que se realizou o estágio, não foi possível observar 
como se dão os processos avaliativos na escola como um todo, sabe-se que no 
âmbito pedagógico, além das provas aplicadas ao final de cada bimestre, atividades 
avaliativas ao longo do processo são realizadas pelos professores em seus 
exercícios individuas que a profissão exige. 
 Por outro lado, como abordado na descrição das experiências em sala de 
aula, no tocante à avaliação pedagógica, há entre os profissionais da escola uma 
preocupação coletiva em avaliar, diagnosticar a capacidade dos alunos em realizar 
operações fundamentais, como leitura, interpretação e operações básicas da 
matemática. Uma vez apontados os alunos que possuem dificuldades, estes são 
direcionados para aulas complementares que acontecem todos os dias nos 
primeiros horários, entre 7h e 7h50min. Este tipo de intervenção avaliativa pode ser 
entendido como uma avaliação formativa, quando a avalição acontece ao longo do 
processo, com o objetivo de dirigir e reorientar o estudante, diferentemente da 
avalição somática, que se propõe a avaliar somente ao final do processo. 
 Justifica-se essa iniciativa por acreditar que o apoio pedagógico realizado por 
um profissional qualificado, contribuirá para o melhor andamento das atividades e 
compreensão pelos alunos dos conteúdos abordados nas demais disciplinas que 
compreendem o currículo do ensino fundamental. 
 Contudo, as recentes abordagens acerca dos processos avaliativos apontam 
que a avaliação é um importante instrumento no processo de ensino e 
aprendizagem, portanto, não pode ser considerada como fator isolado e unicamente 
pedagógico, e seu caráter deve ser coletivo, como aponta Cláudia de Oliveira 
Fernandes e Luíz Miguel de Freitas: 
Há avaliação da aprendizagem dos estudantes o professor tem 
um protagonismo central, mas há também a necessária 
avaliação da instituição como um todo, na qual o protagonismo 
é coletivo dos profissionais que trabalham e conduzem um 
processo complexo de formação na escola, guiados por um 
projeto político-pedagógico coletivo. E, finalmente, há ainda a 
20 
 
avalição do sistema escolar, na qual a responsabilidade 
principal é dopoder público.25 
 
 Considerando o papel social da educação é necessária uma ampliação das 
discussões e participação da comunidade escolar. Sendo, a comunidade escolar 
entendida e composta por professores, funcionários, pais, alunos e a comunidade 
local. Desta forma, o peso das decisões e avalições não ficarão em sobrecarga para 
professores e a direção escolar, estabelecendo vínculo e representatividade a todos 
os sujeitos envolvidos neste sistema, portanto, compartilhando as responsabilidades. 
 Diante dos inúmeros métodos avaliativos, conceitos e implicações sobre o 
sobre avaliações, é importante compreendermos a sua importância, seja como 
instrumento coletivo e/ou individual. Avaliamo-nos constantemente, quando 
tomamos decisões e repensamos atividades cotidianas. No ambiente e no fazer 
profissional do professor não deve ser diferente, autoavaliar a nossa atuação é um 
constante aprendizado, seja revendo os erros e/ou mantendo acertos. 
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 O estágio supervisionado é uma importante etapa que concilia as teorias e as 
práticas. Permanecer no ambiente escolar com um olhar reflexivo nos faz perceber a 
escola a partir do ponto de vista profissional, diferentemente do olhar de estudantes 
de licenciatura ao qual estamos habituados. O ambiente escolar, em breve, será 
palco de nossa atuação, e o estágio, sem dúvida, nos auxilia na compreensão, 
planejamento e melhoria desses espaços. 
 No período observado na Escola, não me deparei com indisciplina ou 
desobediência, como parece ser recorrente nestes espaços. Observei crianças e 
adolescentes com a necessidade de brincar e gastar energia, pois a escola não é só 
espaço de aprendizagem, mas, também, de sociabilidade e congraçamento. 
 Há um silenciamento por parte dos professores e funcionários quanto a 
questões de gênero e étnico-raciais. Uma possível explicação para tal quietude pode 
estar ligado ao despreparo dos professores e demais profissionais da Escola para 
 
25 FERNANDES, Cláudia de Oliveira; FREITAS, Luíz Carlos de. Indagações sobre currículo: currículo 
e avaliação. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007, p. 18. 
 
21 
 
lidar com tais situações. Frases preconceituosas aleatórias e até xingamentos entre 
os alunos são comuns na presença de alguns profissionais da Escola, mas, são 
ignorados. 
Em contrapartida, a Escola adere e divulga ações de igrejas, como por 
exemplo, panfletos incentivando a participação na Campanha da Fraternidade, 
desrespeitando a laicidade do Estado e a diversidade religiosa existente na 
comunidade escolar e na sociedade diamantinense. 
Para finalizar, cabe a nós, futuros profissionais da educação, repensar 
algumas práticas naturalizadas no ambiente escolar. Não será uma tarefa simples. 
Compreender a bagagem trazida pelo discente e incorporá-la a vivência escolar, 
respeitando-as, incentivando-as e valorizando-as é imprescindível para a formação 
humana e social dos alunos. Sabe-se das dificuldades diárias enfrentadas por 
professores e profissionais da educação, no entanto, escolhemos ser professores e 
devemos nos esforçar visando um desempenho satisfatório e gratificante para 
alunos e professores. 
 
7 – ARQUIVOS E FONTES 
 
Secretaria Municipal de Educação 
Secretaria Municipal de Educação. Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal 
Dr. João Antunes de Oliveira. Diamantina: SME, s/d. 
Secretaria Municipal de Educação. Regimento da Escola da FUMBEM. Diamantina: 
SME, s/d. 
Jornal Diário Oficial do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, 25-08-2001. 
 
Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional 
 
Jornal A Estrela Polar, Diamantina, 05-06-1949. 
Jornal A Estrela Polar, Diamantina, 02-12-1956. 
Jornal Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 29-04-1961. 
Jornal A Estrela Polar, Diamantina, 12-04-1959. 
 
Escola Municipal Dr. João Antunes de Oliveira 
Secretaria Municipal de Educação. Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal 
Dr. João Antunes de Oliveira. Diamantina: SME, s/d. 
Secretaria Municipal de Educação. Regimento da Escola da FUMBEM. Diamantina: 
SME, s/d. 
 
 
7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
22 
 
 
 
CATELLI JUNIOR, Roberto. Temas e Linguagens da História: ferramentas para sala 
de aula no ensino médio. São Paulo: Scipione, 2009. 
FERNANDES, Cláudia de Oliveira; FREITAS, Luíz Carlos de. Indagações sobre 
currículo: currículo e avaliação. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de 
Educação Básica, 2007. 
FIGUEIREDO, Anísia de Paula (Org.). A terra, o pão, a justiça social: a importância 
da participação da Igreja nas políticas públicas do Brasil. Belo Horizonte: FUMARC, 
2010. 
LAGE, Ana Cristina Pereira; SEABRA, Elizabeth Aparecida Duque. Manual de 
Estágio Supervisionado do Curso de Licenciatura em História. Diamantina: UFVJM, 
2013. 
MOREIRA, Antônio Flávio; CANDAU, Vera Maria. Indagações sobre currículo: 
currículo, conhecimento e cultura. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de 
Educação Básica, 2007. 
NEMI, Ana Lúcia Lana; BARBOSA, Mauryatan Santana (Orgs.). Para Viver Juntos: 
História, 7º ano: ensino fundamental. 3ª ed. São Paulo: Edições SM, 2012. 
PIMENTA, Selma Garrido. O estágio na formação de professores: unidade, teoria e 
prática. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1995. 
 
8 – ANEXOS 
 
8.1 – Questionário aplicado pelo PIBID 
 
8.2 – Termo de Compromisso de Estágio Obrigatório 
 
8.3 – Plano de Atividades de Estágio 
 
8.4 – Ficha de Frequência 
 
8.5 – Ficha de autoavaliação do estagiário 
 
8.6 – Atestado de conclusão de e avaliação das atividades de Estágio 
Supervisionado

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