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O PAEG e o Plano Trienal - Uma análise comparativa - RESUMO

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As políticas de estabilização de curto prazo do plano trienal
Diante de um cenário econômico que apresentava perceptíveis dificuldades no gerenciamento das contas públicas e dos contratos externos, foi anunciada, em dezembro de 1962, a adoção de um novo modelo geral de orientação da política econômica do governo. Elaborado pela equipe chefiada pelo ministro extraordinário do Planejamento, o economista Celso Furtado, o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social procurou estabelecer regras e instrumentos rígidos para o controle do déficit público e refreamento do crescimento inflacionário. 
Dentre as metas do plano está crescimento da renda nacional na ordem de 7%, estratégia gradual de combate à inflação, salários reais com crescimentos idênticos a taxa de crescimento da produtividade e o refinanciamento da dívida externa.
A primeira interpretação da demanda tratava-se de um excessivo gasto público sem um adequado sistema de financiamento. Esse déficit do governo fez com que fosse emitido um volume excessivo de papel moeda, o que, por sua vez, levava os preços para cima. Tratava-se, portanto, de uma inflação de demanda.
Outro objetivo básico do plano era a manutenção do nível das importações mediante refinamento da dívida externa. Ocorre que para manter um nível de crescimento era necessário manter as importações básicas e, para isso, necessário usar as divisas disponíveis. Por outro lado, não seria possível usar essas divisas para tal fim se tivesse que usar para pagar as dívidas externas. Desse modo, Santiago Dantas, Ministro da Fazenda, com papel nas relações exteriores, vai ao Estados Unidos com a missão de renegociar a dívida externa e ao mesmo tempo tentar obter novos créditos.
As políticas de estabilização de curto prazo do PAEG
Após a consolidação do Regime Militar de 1964, o presidente Castello Branco – o primeiro chefe de governo do regime – nomeia o economista Roberto Campos para Ministro do Planejamento. Em uma de suas primeiras ações, Campos, apresenta o primeiro plano focado no combate da inflação, o PAEG.
A interpretação como causa da inflação descrito no PAEG estava os déficits públicos, expansão do crédito as empresas e aumento salariais por cima da inflação e dos ganhos da produtividade. Esses elementos aumentariam os meios de pagamento, causando, dessa forma, a elevação da inflação. Quando as raízes da inflação, enquanto o déficit público, dado como responsável primordial, colaborava para o surgimento de uma inflação de demanda, as altas dos salários geravam uma inflação de custos.
Ao combate da inflação, então, foram tomadas medidas graduais. Para alcançar o objetivo, o plano estabelecia diretrizes para as políticas fiscal, monetária, creditícia e salarial. A primeira possuía como diretrizes a diminuição dos gastos públicos e aumento da receita. Ao eliminar a lei da usura – que fixava um teto de 12% para a taxa de juros nominal – o governo restabelecia o mercado de títulos, encontrando uma forma não inflacionaria de financiar os seus déficits.
Para o setor monetário e creditício, foi sinalizado duas diretrizes para evitar a expansão monetária: controle dos déficits públicos e do crédito para o setor privado. Para os salários, tem-se uma diretriz que norteia o aumento dos salários ligado ao aumento da produtividade.
Trienal versus PAEG: análise comparativa 
 A primeira convergência entre os dois planos está associada à introdução da correção monetária por parte do PAEG, elemento que não estava presente no caso do Plano Trienal. Esta, antes de representar um instrumento de combate à inflação, significou uma medida para conviver com ela, pois pretendia, sobretudo, amenizar suas consequências negativas.
Os planos concordavam quanto à existência de uma inflação de demanda, o que justificava as propostas semelhantes nas áreas fiscal e monetária. A identificação de uma inflação de custos via pressão salarial por parte do PAEG gerará a principal diferença de política econômica entre os dois planos: a regra salarial. Se no caso do Trienal o choque de custos via inflação corretiva provocou uma espiral inflacionária, a regra salarial do PAEG, ao impedir o repasse integral da inflação para os salários nominais, quebrou a dinâmica da espiral inflacionária. Assim, o governo militar utilizou o seu poder de repressão para solucionar o impasse distributivo através da redução da parcela salarial na renda.
O Plano Trienal sucumbiu também a outro problema: o estrangulamento externo. No caso, conforme visto anteriormente, a situação das contas externas brasileiras em fins de 1962 e início de 1963 era extremamente problemática e, como os próprios formuladores do Plano Trienal reconheciam, a retomada do crescimento econômico passava necessariamente pela obtenção de novos empréstimos e reescalonamento das dívidas antigas com os credores. O problema é que os norte-americanos não estavam dispostos a dar a ajuda que o Brasil solicitava e necessitava.
Quando o novo governo assumiu em 1964, a situação das contas externas era, portanto, tão ou mais dramática do que no ano anterior. No entanto, os norte-americanos eram simpáticos ao regime militar que ascendeu ao poder após o golpe militar de abril. Ribeiro (2006) relata com detalhes a boa vontade do governo dos Estados Unidos com o governo incumbente e a expressiva ajuda fornecida ao Brasil para impedir que o novo regime sucumbisse economicamente.

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