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CENTRO UNIVERSITÁRIO IESB BACHARELADO EM DIREITO TRABALHO DE CURSO NEURACI CECÍLIO DE OLIVEIRA LEI MARIA DA PENHA: A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR Brasília/DF 2019/2 NEURACI CECÍLIO DE OLIVEIRA LEI MARIA DA PENHA: A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR Artigo científico apresentado como pré- requisito para obtenção do título de bacharel em Direito pelo Centro Universitário Instituto de Educação Superior de Brasília. Orientadora : Profª. Drª. Nara Rejane Moraes da Rocha Brasília/DF 2019/2 RESUMO O presente trabalho tem como objeto de discussão, a violência contra a mulher em abito doméstico e familiar resalta também a temática de gênero, e a participação das mulheres nos mais variados movimentos sociais. Esse enfoque histórico/social é de extrema relevância para questionar os padrões pre-estabelecidos do masculino e feminino. Nesse sentido o artigo traz a violência pelo vies da Lei Maria da Penha nº 11.340/06 (onze mil trezentos e quarenta de dois mil e seis) , ao passo que esta tem como objeto especificamente combater a violência doméstica, no seio de suas relações familiares e afetivas. abordar também as formas de violência doméstica contra a mulher, quais danos, físico, psicológicos, moral e sexual, causado a vítima, como a lei visa proteger a mulher dessa violência e punir o autor, como que a violência sofrida atrapalha a mulher no seu dia-a-dia, as medidas protetivas para manter os agressores longe do seio familiar. Será feita análise sobre consequências para as vítimas, como surgiu a primeira Delegacia especializada para proteger a mulher vida de agressões. Palavras-chave: Violência, Mulher, Lei Maria da Penha. 1. Introdução O artigo tem como finalidade tratar o tema da violência contra mulher perpetrada por companheiro e a aplicação da Lei “Maria da Penha”. Desde décadas passadas, os maus tratos à mulher eram vistos e tolerados, principalmente pela cultura patriarcal que considerava a mulher o gênero Este submisso. Como exemplo, as mulheres podiam ser agredidas por chibata pelo seu marido, devendo ser submissa, servir aos filhos e ao marido, ás tarefas domésticas, desprovida de desejo sexual ou qualquer outro. Historicamente falando, [...] [a] violência cometida contra a mulher é um fenômeno [...] que dura milênios, pois a mulher era tida como um ser sem expressão, uma pessoa que não possuía vontade própria dentro do ambiente familiar. Ela não podia sequer expor o seu pensamento e era obrigada a acatar ordens que, primeiramente, vinham de seu pai e, após o casamento, de seu marido. [...] o homem possuía o direito assegurado pela legislação de castigar a sua mulher. Observa-se que, na América colonial, [...] a legislação não só protegia o marido que “disciplinasse” a sua mulher com o uso de castigos físicos, como dava a ele, expressamente, esse direito. (RITT et al., [s.d.], p.4). Entende-se por violência, o ato de brutalidade, constrangimento, abuso, proibição, desrespeito, discriminação, imposição, invasão, ofensa, agressão física, psíquica, moral ou patrimonial contra alguém, caracterizando relações que se baseiam na ofensa e na intimidação pelo medo e pelo terror. (CAVALCANTI, 2006 apud RITT et al., [s.d.], p.2). A violência doméstica sempre esteve presente na Sociedade por muitos anos mulheres sofriam abusos e ficaram caladas com medo de seus companheiros, a desigualdade nas relações entre homens e mulheres, a discriminação de gênero ainda está presente na nossa Sociedade e no âmbito familiar de muitas mulheres, no Brasil o tema ganhou relevância com a entrada da lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006, também conhecida como “Lei Maria da Penha”, uma merecida homenagem a mulher que se tornou símbolo de resistência a sucessivas agressões de seu ex- esposo. A partir do momento em que foi sancionada a Lei n°.11.340/2006, várias foram as alterações realizadas no judiciário para buscar uma eficácia concreta em seus efeitos, que vão desde a criação de Juizados de Violência Doméstica até a prisão preventiva do agressor. Em seguida apresenta-se a lei Maria da Penha dentro de um contexto histórico de avanço á proteção das mulheres brasileiras problematizado situações diversas da aplicação e inetrepretação, obtidas a partir de pesquisas legislativas e jurisprundenciais. 2. Violencia contra a mulher à luz da Lei Maria da Penha: Conceitos Operacionais e Principios para compreensão sobre o tema. Neste parágrafo será abordado a violência contra a mulher, á luiz da Lei Maria da Penha os conceitos e os princípios para melhor compreensão do tema. 2.1. Mulher Entende-se por mulher todo ser humano do sexo feminino, em oposição ao sexo masculino classificado como homem. Dentro da categoria “mulher” pode-se incluir a menina, adolescente e adulta. Por outro lado, o termo “homem” é utilizado com frêquencia para referir-se à humanidade em geral ou ao individuo em Sociedade, de forma que também compreende a mulher nesta consideração No século passado estabeleciam que as mulheres eram as mantedoras de sua casa e responsáveis pela educação e a criaçao dos filhos e o homem o provedor.Com o passar do tempo as mulheres lutavam pelas conquistas de espaço igual para homens e mulheres,como por exemplo nas universidades e em “profissões de elite”, de forma de poder contribuir com o desenvolvimento do pais. Foi nesse argumento que se deu a entrada da mulher de classe média no mercado de trabalho. Mesmo assim, era patente a preocupação quanto ao direcionamento dessas mulheres no mercado de trabalho: dever-se-ia cuidar para que executassem funções que não concorressem com a sua feminilidade, que não oferecessem risco de ameaçar a autoridade masculina no lar ou qualquer outra relação de poder na Sociedade em geral. Para que a mulher de classe média pudesse sair de casa, era necessário que outra pessoa exercesse seu papel no lar; daí a entrada da empregada doméstica para cuidar dos filhos, da casa e da família, uma vez que, nessa época, a casa era valorizada como se fosse o “ninho sagrado” a mulher, como “a rainha do lar” e o filho, era tratado como “o reizinho da família”. Uma carreira satisfatória e o compromisso coum projeto profissional constituem realmente a melhor preparação para a maternidade. Um alto nível de interesse e de envolvimento em algum tipo de trabalho é, muitas vezes, o melhor prognóstico de alegria e sucesso no papel materno. (KOLBENSCHLAG, 2001, p. 124). A maternidade esta vinculada à essência feminina, misturando-se muitas vezes fertildade com o ser mulher,o que faz com muitas mulheres procurem encontrar-se e preencher-se através da maternidade,tornando-se dificil mensurar se o verdadeiro desejo de ser mãe encontra-se em forças biológicas, sociais ou psicológicas. 2.2. Mulher Vitima Emocional À luz de Kashani e Allan, cada tipo de violência gera consequências nas esferas emocional. O processo de demonstração do dano psicológico envolve maior complexidade do que a lesão corporal, porque as sequelas nem sempre ficam aparentes. Por mais que as agressões psicológicas sejam discretas acabam deixando marcas indeléveis no organismo. Portanto, é através da avaliação destas consequências (pressão, fobia, isolamento, baixa- estima etc.) e do evento que deu causa que se chega ao dano psicológico. Nesta seara, Cruz e Maciel dispõem que: (...) o dano psicológico é evidenciado pela deterioração das funções psicológicas, de forma súbita e inesperada, surgida após uma ação deliberada ou culposa de alguém, e que traz para a vítima tanto prejuízos morais quanto materiais, face à limitação de suas atividades habituais ou laborativas.A caracterização do dano psicológico requer, necessariamente, que o evento desencadeante se revista de caráter traumático, seja pela importância do impacto corporal e suas consequências, seja pela forma de ocorrência do evento, podendo envolver até a morte. (CRUZ; MACIEL, 2005, p. 122). O estado emocional também pode impactar o nível de empatia que sentimos.Ou seja, mudam a forma como o cérebo reage à dor dos outros,como interações socias que podem ser afetadas negativamente. 2.3. A Lei Maria da Penha – Lei nº 11.340 de 07 de Agosto de 2006 A lei Maria da Penha tem como objetivo a denominação, a lei surgiu por conta de Maria da Penha Maia Fernandes o qual,é uma bi farmacêutica que sofreu por várias vezes agressões, ameaças, intimidações, durante 20 anos de seu casamento. Seu marido, Marco Antônio, tentou assassiná-la. Após passar vários anos sofrendo escondida e se sentindo envergonhada pela situação que vivenciava, Maria resolveu denunciar seu agressor após sofrer duas tentativas de homicídio. A primeira tentativa, o marido atirou nas costas de Maria e alegou tentativa de assalto, em decorrência desse tiro Maria ficou paraplégica. A segunda tentativa foi durante sua recuperação, Maria estava no banho quando seu marido tentou eletrocutá-la. Após anos com as agressões, Maria mesmo temendo pela vida e integridade física de suas filhas, resolveu procurar ajuda e denunciar seu marido naquela época não existia uma lei específica sobre violência doméstica, a mesma era abordada como crime de menor potencial, não tendo assim previsão da preventiva, flagrante, ou qualquer outro meio de repreensão. O crime era observado na questão criminal e se fosse realmente analisado a violência ocorrida, era necessário a abertura de outra ação na Justiça comum, para tratar as questões cíveis. A denúncia da mulher naquela época não tinha amparo necessário da lei. Elas denunciavam, mas ainda continuavam a morar com seu agressor, e não existia nenhuma garantia a sua segurança e integridade física, muitas mulheres retiravam a denúncia por medo. Mesmo com toda a precariedade da Lei e a imputabilidade do agressor, Maria não desistiu de ver seu ex. marido ser condenado e pagar por todo o mal que sofreu, a mesma procurou ajuda a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Deste modo, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, conclui que: A República Federativa do Brasil é responsável da violação dos direitos às garantias judiciais e à proteção judicial, assegurados pelos artigos 8 e 25 da Convenção Americana em concordância com a obrigação geral de respeitar e garantir os direitos, prevista no artigo 1(1) do referido instrumento pela dilação injustificada e tramitação negligente deste caso de violência doméstica no Brasil. [...] Que o Estado violou os direitos e o cumprimento de seus deveres segundo o artigo 7 da Convenção de Belém do Pará em prejuízo da Senhora Fernandes, bem como em conexão com os artigos 8 e25 da Convenção Americana e sua relação com o artigo 1(1) da Convenção, por seus próprios atos omissivos e tolerantes da violação infligida.FERNANDO, Luiz (2011. p.165) Em virtude de tantas vítimas de violência doméstica no pais,no dia 07 de agosto de 2006 foi sancionada a Lei nº 11.340/06, mais conhecida como A Lei Maria Da Penha, onde a mesma entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006. 2.4. Violência Doméstica Violência doméstica normalmente acontece contra mulheres que são agredidas por seus companheiros por motivos de ciúmes ou de posse sobre a vida das suas companheiras, mas a violência não restringe apenas as relações amorosas. O agressor pode ser o padrasto, sogro, cunhado ou agregados. As agressões podem ser: agressão física ou verbais, agressão psicológica, violência sexual, violência econômica ou financeira. Muitas mulheres tem receio de denunciar as agressões sofridas por seus companheiros, por medo ou vergonha, ou receio de que ninguém acredite ainda ou por sentimento de culpa, as violências podem se arrastarem por muitos anos, ou por toda a vida. O crime que, muitos agressores fazem a vítima acreditar que ela é a culpada por seus atos e comportamento agressivo, outras não enxergam os maus-tratos a que são sujeitas. 2.5. A mudança apos a Lei nº 11.340/06 – Lei Maria da Penha Antes da Lei Maria da Penha, entrar em vigor a violência doméstica contra a mulher nunca teve uma lei especifica que a regulasse. Mulheres que sofriam agressão viviam encurraladas pela falta de apoio jurídico e o homem continuava com as agressões pois acredita-se que nunca haveria chance de ser punido pelos atos praticados. A promulgação de Constituição Federal de 1988, foram criados os Juizados Especiais, no processo penal brasileiro. Os Juizados Especiais tinham apenas competência quando se tratava de crime com pena máxima de 2 anos, quando era, “crimes de menor potencial ofensivo”. Mas, no momento da transcrição do texto legal, o legislador se esqueceu de observar um aspecto muito importante no que é à violência doméstica contra a mulher: quando se tratava de lesões corporais dolosas ou culposas, a ação penal era condicionada, tirando o poder de punir. Apesar de a igualdade entre os sexos estar ressaltada enfaticamente na Constituição Federal, é secular a discriminação que coloca a mulher em posição de inferioridade e subordinação frente ao homem. A desproporção, quer física, quer de valoração social, entre o gênero masculino e feminino, não pode ser olvidada. (Dias,2007, p. 22). Ocorre que, essas pequenas mudanças não foram suficientes para mudar todo um panorama nacional onde o número de mulheres que sofriam violência doméstica só aumentava. Por se tratar, na época, de um crime de menor potencial ofensivo e por tramitar nos Juizados Especiais, ficava dispensado o flagrante se o autor se comprometesse a comparecer no Juizado Especial Criminal, a transação penal, concessão de sursis, aplicação de penas restritivas de direitos, e a representação caso se tratasse de lesão leve. 2.6. As formas de violencia doméstica A violência doméstica pode assumir diversas formas, como agressão fisica, que ofenda sua integridade ou saúde corporal,agressão psicológica, que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação,agressão moral, configure difamação, calunia ou injuria,agressão sexual, ameaça, coação ou ate uma relação relação sexual não desejada,agressão patrimonial, o simples ato de vender algum bem sem seu consentimento. 2.6.1. Agressão física Os danos causados a vítima são inúmeros dentre eles: lesões graves ou simples, perda de membros, perda da coordenação motora. compreendendo acerca de algum comportamento como a integridade ou saúde corporal da mulher,essa violência se caracteriza pelo o uso da foça que o gênero masculino possui para as mulheres,muitas das vezes o agressor utiliza deversos objetos,a qual deixa marcas evidentes nas vítimas. A violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal. 2.6.2 Agressão psicológica A agressão psicológica nesta modalidade de violência, a vítima nem sempre percebe que estar sendo agredida emocionalmente, nela a autoestima, o autoconceito da vítima é degradadamente abalado, ficando vulneravél a danos emocionais dos mais diversos.Dentre eles a vítima começa a se sentir inferior e etc. Violência psicológica é toda ação ou omissão que causa ou visa causar dano à autoestima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa. Inclui: ameaças, humilhações, chantagem, cobranças de comportamento, discriminação, exploração, crítica pelo desempenho sexual, não deixar a pessoa sair de casa, provocando o isolamento de amigos e familiares, ou impedir que ela utilize o seu próprio dinheiro. Dentre as modalidades de violência, é a mais difícilde ser identificada. Apesar de ser bastante frequente, ela pode levar a pessoa a se sentir desvalorizada, sofrer de ansiedade e adoecer com facilidade, situações que se arrastam durante muito tempo e, se agravadas, podem levar a pessoa a provocar suicídio(Brasil 2001,p.14) A violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação. 2.6.3. Agressão Moral A violência moral ocasiona desordens emocionais, atinge a dignidade e identidade da pessoa humana, altera valores, causa danos psíquicos (mentais), interfere negativamente na saúde, na qualidade de vida e pode até levar à morte(Brasil,2010). Compreende violência moral, como sendo qualquer conduta do agressor que configure difamação, calunia ou injuria, no qual o mesmo assegura falsamente a prática crime que ela não cometeu, ou quando o agressor atribui à mulher fatos que maculem a sua reputação, bem como acontece quando o agressor ofende a honra da mulher. 2.6.4 Agressão Sexual Entende-se violência sexual, qualquer conduta a qual use a ameaça a coação ou ate o uso da força que obrigando a mulher a ter uma relação sexual não desejada, impdindo de usar qualquer método contraceptivo; ou que limite ou anule o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos da vítima A violência sexual exerce importante impacto sobre a saúde e as últimas décadas têm acumulado indicadores confiáveis nesse sentido. Investigações têm concluído que a violência contra a mulher se encontra entre as principais causas de anos de vida saudáveis perdidos por incapacidade. Os dados têm causado perplexidade ao revelar que a violência tem ceifado mais anos de vida das mulheres do que as guerras contemporâneas ou do que os acidentes de trânsito (HEISE et al, 1994, p.255). As consequências psicológicas,embora mais difíceis de mensurar, comprometem a maioria das mulheres e de suas famílias, com danos intensos e devastadores, muitas vezes irreparáveis (HEISE, 1994, p.255). A violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos. 2.6.5 Alienação Patrimonial Constitui-se a violência patrimonial o desviar, subtrair objetos pertinentes da mulher, tais como carros, roupas, joias, podendo ser seus, bens, instrumento de trabalho, ou o simples ato de vender algum bem sem seu consentimento. O mesmo se diga com relação à apropriação indébita e ao delito de dano. É violência patrimonial „apropriar-se‟ e „destruir‟, os mesmos verbos utilizados pela lei penal para configurar tais crimes. Perpetrados contra a mulher, dentro de um contexto de ordem familiar, o crime não desaparece nem fica sujeito à representação. ( DIAS, 2007, p.52). Vale destacar que uma vez configurada a prática da alienação parental, a lei prevê algumas medidas cabíveis a fim de se combater a referida alienação, salvaguardando, desse modo, os interesses de todos. 2.6.6 . Medidas protetivas de urgência expressas na Lei Maria da Penha A legislação trouxe a proteção à mulher, longe de gerar inconstitucionalidade por infração ao Princípio da Igualdade ou Isonomia em relação ao gênero masculino, promove certamente a igualdade material. A igualdade entre homens e mulheres constitucionalmente prevista na Lei n° 11.340/06 em termos de constitucionalidade ou sofrem de obtusidade mórbida ou atuam com má fé, usando um sofisma primário por não admitirem mudanças sociais em prol das mulheres. O artigo 5º., I da Constituição Federal não se volta para uma igualdade formal rígida e chapada, senão para a finalidade de promover a não igualdade material. É uma das lições mais antigas aquela que diz que se devem tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente (equidade é algo em pauta desde a Grécia antiga com Aristóteles e companhia e chegando aos nossos dias com a Teoria da Justiça de John Rawls (Martins Fontes, 1997, p.3). Verifica-se que o dispositivo constitucional em comento jamais pretendeu dizer o absurdo de que homens e mulheres são realmente iguais. Há obviamente diferenças físicas, psíquicas, mas o principal são as diferenças sociais que vêm se mantendo não somente no Brasil é dito civilizado ou não. Assim a dicção do artigo 5º., I, CF, ao proclamar essa igualdade formal, por escopo ensejar uma igualdade real ou material através da lei, corrigindo injustiças e desigualdades existentes de fato e equiparando socialmente a mulher ao homem mediante uma “discriminação positiva”, ainda seria de norma constitucional fosse equiparar o homem à mulher, vez que o gênero masculino sempre se sobrepôs ao feminino na história da humanidade com raríssimas exceções encontráveis em algumas sociedades matriarcais, aliás, raríssimas ou inexistentes na atualidade a não ser em pequenas comunidades primitivas. Portanto, a Lei Maria da Penha nada tem de inconstitucional. Doutra banda, é interessante notar a paradoxal boa vontade em ampliar a aplicação da Lei Maria da Penha para homens, especialmente no que tange às suas medidas protetivas. A situação é chocante porque ao mesmo tempo em que se resiste à aplicação dessa legislação às mulheres, para as quais ela foi erigida, pretende-se aplica-la aos homens! (Martins Fontes, 1997, p. 3 e 56). A contradição entre a resistência de aplicação da legislação em seu âmbito natural e a disponibilidade para sua ampliação a campos não previstos, pode-se afirmar que essa medida de procurar proteger homens vitimados em situações análogas àquelas de mulheres vítimas de violência não é desprezível. Isso porque, a partir do momento em que se admite a possibilidade e real necessidade de uma lei especialmente protetiva das mulheres em situação de hipossuficiência social tradicional sem violação da igualdade, conforme acima consignado, mas promovendo à igualdade material entre os gêneros num plano abstrato, pode-se também vislumbrar situações em que um homem se encontre em situação que demande medidas protetivas devido à conduta violenta e contumaz de uma mulher desequilibrada Para que possa avaliar a eficácia ou não das medidas protetivas, e conhecer quais são elas e como elas atuam, e porque em muitos casos elas se tornam ineficazes. A vítima pode levar o conhecimento das agressões sofridas à delegacia competente, ou a autoridade policial, pedindo a medida protetivas de urgência que serão decretadas pelo juiz, podendo, a depender do caso, ser decretada a prisão preventiva do agressor a ser analisado as circunstancia de cada caso concreto. A vítima poderá pedir as providências necessárias à justiça, a fim de garantir a sua proteção por meio da autoridade policial, e o delegado de polícia deverá encaminhar, no prazo de 48 horas, o expediente referente ao pedido (PRESSER, 2014,p 65). A lei Maria da Pena traz um rol de medidas que são as chamadas medidas protetivas de urgência entre os artigos 22 ao 24, nas quais existem tanto as que obrigam ao agressor a segui-las quanto asde proteção da vítima. Assim preleciona a Lei 11.340/06: Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: I Suspenção da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgao competente nos termos da Lei n° 10.826 de 22 de dzembro de 2003, II. - Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridadefísica e psicológica da ofendida; IV - Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; V - Prestação de alimentos provisionais ou provisórios. (...) Em relação às medidas, nota-se que o passo inicial ao constatar a violência doméstica é que o juiz poderá desde logo aplicar as medidas de proteção em favor da vítima. Antes da entrada em vigor da Lei Maria da Penha, as causas de agressão e violência doméstica eram tratadas nos Juizados Especiais e as penas aplicadas geralmente eram pagamento de cestas básicas e prestação de serviços à comunidade. O agressor poderia voltar para a casa com a sensação de impunidade aos atos de violência por ter a convicção de que não seria penalizado. Não existia o afastamento do agressor da vítima e do convívio do lar. A polícia, e o judiciário são responsáveis pelas providências cabíveis para inibir o agressor, tanto que atualmente a própria vítima pode pedir ao juiz medidas para garantia de sua proteção. Isso ocorre a partir do registro da ocorrência, o qual, a autoridade policial que deverá encaminhar o pedido no prazo de 48 (quarenta e oito) horas ao Juiz. Em relação ao afastamento do agressor do ambiente doméstico salienta que: Só será possível o afastamento do lar se houver alguma notícia da prática ou risco concreto de algum crime que certamente irá justificar o afastamento, não apenas como mero capricho da vítima, pois se sabe que muitas vezes o afastamento do varão extrapolará os prejuízos a sua pessoa. Tal medida pode ser considerada violenta, por privar os filhos do contato e do convívio com o pai. Porto apud Presser (2012) Contudo, ainda em relação ao afastamento do agressor e das medidas de proteção, embora estabelecidas pelo juiz a própria vítima acaba com que as medidas sejam revogadas e consequentemente ineficazes. Nota-se que o papel do Estado em solucionar os litígios e buscar soluções aos casos na maioria das vezes é insuficiente para a solução dos problemas, neste caso, a retratação da vítima acaba ao algoz volte a cometer os mesmos atos ilícitos com a sensação de impunidade. 2.6.7 . Da (in) eficacia da Lei Maria da Penhae as falhas na sua aplicabilidade A chamada cultura machista tem derrubado muitos sonhos, calado a voz feminina e famílias. Foi na tentativa de acabar com essa situação vivenciada por mulheres que surgiu a Lei Maria da Penha, conforme citado na s medidas protetivas de urgência que as encorajou a pedir socorro, bem como dar um fim na realidade violenta vivida em seus lares. Toda violência doméstica e familiar praticada contra a mulher que traga ofensa à integridade física ou a saúde, se trata de lesão corporal artigo 129 decreto de Lei n°2.848 de 07 de Dezembro de 1940. Para que seja configurada lesão corporal é preciso que a vítima tenha sofrido algum dano no seu corpo, é que venha a prejudicar a sua saúde, causando até abalos psíquicos. Apesar de que haja proteção às vítimas de violência doméstica, estes acontecimentos não podem somente ficar a cargo do Direito Penal, o Estado deve introduzir programas para que os agressores sejam subordinados a tratamentos. Para que isso ocorra é que o Código Penal Brasileiro listou algumas penas restritivas de direito, que servem para os agressores que praticam a violência doméstica e familiar contra a mulher,colociona-se: Uma delas é a limitação de fim de semana (CP, art. 43, VI). Seu cumprimento consiste na brigação do réu permanecer, aos sábados e domingos, por 5 horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado (CP, art. 48). Durante esse período faculta a lei que sejam ministrados cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. (CP, art. 48, parágrafo único; LEP, art. 152). Depois de aplicada a pena que determina a limitação dos finais de semana, a Lei Maria da Penha autoriza que o juiz determine ao réu o seu comparecimento a programas de recuperação e reeducação, sendo este obrigatório. Poderá também o juiz determinar a aplicação de outras medidas ao réu, como “prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, além da interdição temporária de direitos e perda de bens e valores (CP, art. 43, II, IV, V e VI). As medidas citadas são tomadas para que o agressor se conscientize que não poderá praticar tais atos, pois não são proprietários das mulheres, dando então um basta ao crime cometido de forma contínua por muito tempo. Cabe então ao Estado adotar ações diretas com os agressores, e com as vítimas, “e garantir a capacitação permanente dos profissionais que lidam com a atenção da vítima e aos agressores” (TELES, 2002, p. 116). Foram articuladas ações entre a União, Estado, Distrito Federal, Municípios e entes não governamentais, para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, adotando programas de prevenção, (conforme artigo da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher “Convenção de Belém do Pará – 1994). §1. Fomentar o conhecimento e a observância do direito da mulher a uma vida livre de violência e o direito da mulher a que se respeitem e protejam seus direitos humanos. §2. Modificar os padrões socioculturais de conduta de homens e mulheres, incluindo a construção de programas de educação formais e não-formais apropriados a todo nível do processo educativo. Fomentar a educação e capacitação do pessoal na administração da justiça, policial e demais funcionários encarregados da aplicação da lei assim como o pessoal encarregado das políticas de prevenção, sanção e eliminação da violência contra a mulher. Estabelecer procedimentos juridicos, justos e eficaz para a mulher que tenha submetido a violência,que inclua entre outras medidads de proteção,um julgamento oportuna e um acesso efetivo a tais procedimentos. §4. Aplicar os serviços especializados apropriados para o atendimento necessário à mulher, por meio de entidades dos setores público e privado, inclusive abrigos, serviços de orientação para toda família. No entanto, essas mulheres que sofrem, precisam de ajuda, não existe um lar abrigo, para apoiar essas vítimas quando é necessário, não têm para onde ir quando são agredidas, não é necessário chegar de olho roxo ou hematomas, para justificar a agressão, porque a violência psicológica deixa a vítima com auto-estima muito baixa. §5. Fomentar e apoiar programas de educação [...]. Oferecer à mulher, acesso a programas eficazes de reabilitação e capacitação que lhe permitam participar plenamente da vida pública, privada e social. A Lei Maria da Penha n°11.340/06 artigo 12 inciso III é o atigo 18 caput, estabelece que a autoridade policial deverá adotar providências legais cabíveis, assim que tiver conhecimento da prática de violência doméstica. Deve ainda: garantir à mulher a proteção policial; encaminhá-la ao hospital, posto de saúde ou ao InstitutoMédico Legal; fornecer abrigo ou local seguro quando ficar configurado o risco de vida; acompanhá-la ao local da ocorrência, a fim de assegurar a retirada dos seus pertences; e informar os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis. Tais medidas dão suporte às mulheres que buscam ajuda às autoridades competentes, visando a sua segurança. Esclarece Fernando Vernice dos Anjos que, O combate à violência contra a mulher depende fundamentalmente, de amplas medidas sociais e profundas mudanças estruturais da sociedade (sobretudo extrapenais). Como afirmamos a nova lei acena nesta direção, o que já é um bom começo. Esperamos que o Poder Público e a própria sociedade concretizem as almejadas mudanças necessárias para que possamos edificar uma sociedade mais justa para todos, independentemente do gênero(2006,p.10) Desta forma, o caráter simbólico das novas medidas penais da lei n° 11.340/06 não terá sido em vão, e sim terá incentivado ideologicamente medidas efetivas para solucionarmos o grave problema de discriminação contra a mulher. A Lei Maria da Penha foi criada para proteger a vítima do seu agressor todavia,se por um lado é aplicada com eficiência, por outro, falham os órgãos competentes para executá-la mediante a falta de estrutura dos órgãos governamentais. É notável que a mulher, vítima de agressão, tem comparecido com maior frequência nas delegacias apropriadas, porém as medidas de proteção não são aplicadas como determina a Lei. Segundo Silvia Regina Fracasso O Brasil avançou muito desde a década de 80 na criação de instituições destinadas a frear a violência machista contra as mulheres. Em 1985 foi criada a primeira Delegacia da Mulher e depois surgiram as casas-abrigo para as vítimas e os órgãos judiciais especializados, até entrar em vigor, finalmente, a Lei Maria da Penha. Mas falta aplicar a legislação com eficiência e que os órgãos criados para a executar operem adequadamente, queixam- se ativistas, vítimas e parentes de vítimas( S.R.F p 62). A autora Maria da Penha Maia Fernandes da Lei n° 11.340/06, num ato desesperado, declarou que “deveria ter uma lei para prender imediatamente em virtude de ameaça. Só assim diminuiriam os ataques contra as mulheres” (jornal O POVO, página 06, no caderno Opinião). Diante dessa colocação, ela incita que a lei que leva o seu nome demonstra ineficácia. É lamentável quando a própria inspiradora da Lei faz esse desabafo, uma vez que, a Lei dá diretrizes à proteção da vítima e a punição do agressor, observa assim que não há ineficácia na lei e sim na sua aplicabilidade. Em entrevista ao site O Globo, o Ministro Gilmar Mendes no dia 30 de Setembro de 2010, afirmou que: O juiz tem que entender esse lado e evitar que a mulher seja assassinada. Uma mulher, quando chega à delegacia, é vítima de violência há muito tempo e já chegou ao limite. A falha não é da lei, é na estrutura, disse, ao se lembrar que muitos municípios brasileiros não têm delegacias especializadas, centros de referência ou mesmo casas de abrigo. (extra.globo.com, 2010). É dever da administração pública criar mecanismos para proteger as vítimas de violência. Enquanto a lei garante direitos às mulheres violentadas, o papel do governo é promover condições favoráveis na proteção da vítima, construir abrigos dignos com profissionais competentes para ressocialização do ser humano que sofreu traumas psicológico, físico e moral. Em entrevista ao jornal Recomeço, esclarece Miguel Reale Júnior Se a administração pública não cria as casas de albergados, o Judiciário acaba sendo obrigado a transformar a prisão albergue em prisão domiciliar,apesar de a lei de execução proibir terminantemente isso. O que é a prisão domiciliar? É nada, é a impunidade. Você tem uma impunidade que decorre do fato de a administração pública não criar os meios necessários de a magistratura aplicar a lei, de o Ministério Público controlar. De outro lado, a inoperância não está na fragilidade da lei,está na frafragilidade da apuração do fato(REALE, 2010) Logo, faz-se necessário a celeridade na aplicabilidade da lei Maria da Penha em punir com rigor àqueles que promovem a violência, nas condições e agilidade no cumprimento da lei contra os possíveis agressores no âmbito familiar. 2.6.8 Primeira Delegacia de Defesa da Mulher A primeira criação de Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), ocorreu em 06 de agosto de 1985, com o decreto nº 23.769/85 surgiu a primeira delegacia da mulher na Secretaria Pública de São Paulo, de forma que à atribuição de acolhimento, e amparo a mulher. Esta delegacia não possuía uma cadeia própria, assim não efetuava serviços de carceragem, portanto, não era possível manter a agressor detido. Evidencia a chegada da primeira delegacia em São Paulo, foi um referencial para a criação de outras pelo país, isso, foi marco importante no sistema criminal brasileiro, pois, originou a clareza da violência contra as mulheres. Contudo o Estado, não foi suficiente na criminalização da violência contra mulher, não aplicou nas necessidades básicas da DDM, bem como: qualificação dos funcionários, assistência psicológico, assistência social, assistência à saúde, orientação jurídica, casas de abrigo e principalmente medidas protetivas. Não foi relacionada a importância das atividades educativas neste momento, no entanto estas não deixaram de ser o foco das entidades não-governamentais feministas. O anteprojeto do decreto relatava que só poderia investigar crimes sexuais, como estupro e atentado violento ao pudor, a lesão corporal não foi incluída. Assim como também não foi incluído o crime de homicídio, tendo como base o fato de já existir uma delegacia de polícia específica na averiguação nessa espécie de delito. As feministas lutaram pela inserção dos dois crimes: de lesão corporal e homicídio, nas atribuições da DDM. Nesse momento, a mídia enfocava bem esta discussão e afirmava que a violência doméstica e conjugal era a principal espécie de violência contra a mulher na sociedade. Mas as demandas das feministas não foram atendidas. (PASINATO e SANTOS, 2008. p.11) https://www.sinonimos.com.br/assistencia/ Desde que a Delegacia da Mulher foi fundada, quase todas as denúncias traziam fatores de espancamento, e quase nunca ao estupro, o que sustentou ainda mais os argumentos feministas (Santos 2005). Com a pressão feminista, em 1989, o Governador do Estado de São Paulo, ampliou a competência das delegacias da mulher através do Decreto nº 29.981/89, com a inserção das atribuições para verificação de delitos contra a honra, tais como calúnia, injúria e difamação, e do crime de abandono. No entanto a mudança mais profunda ocorreu em 1996, com o Decreto nº 40.693/96, que possibilitava a essas delegacias apurar com mais qualidade os crimes contra as mulheres. 2.6.8.1. Dos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher – JVDFM Uma mudança trazida pela Lei n° 11.340 07 de Agosto de 2006 para o combate a violência doméstica, foi a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (JVDFM), conforme prevê o artigo 14 da referida lei. Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária. Com jurisdição tanto criminal como cível, acopla à ideia de proteção integral à mulher vítima de violência doméstica e familiar, de forma a facilitar o acesso à Justiça, permitindo que o juizda causa tenha uma visão integral de todo o aspecto que a envolve, no qual as adoções de medidas criminais contra o agressor são de competência do Juiz Criminal, mas aquelas ao vínculo conjugal são de competência do Juiz de Família (SOUZA, 2007, p. 137). Todavia, não há condição de instalação de Juizados em todos os municípios brasileiros, pois a lei apresenta que caberá às Varas Criminais analisar e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. Obesrva-se que as providências legais cabíveis a serem tomadas pela autoridade policial nos casos de violência doméstica contra a mulher são de grande importância para o combate a violência doméstica, como prevê os artigos abaixo: Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados. Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências: I - Garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; II - Encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal; III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; IV - Se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; V - Informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis. Assim, a obrigação do Estado em cobrir a segurança das mulheres nos espaços público e privado estão previstas na Lei Maria da Penha, a qual determina as linhas de uma política de prevenção e atenção no enfrentamento da violência doméstica e familiar, social,em sua emancipação e autonomia. CONCLUSÃO O objetivo nesse artigo consiste em analisar as formas de violência contra as mulheres e as várias formas de violência que deixam mulheres com traumas que as acompanham por toda a vida. A lei trouxe consigo conhecimento aos agressores de que seus atos não são corriqueiros ou normais e que suas companheiras não são sua propriedade, alem das consequencias quanto a punição de tais condutas. A lei trouxe mecanismos de punição para essa violência afim de que os direitos das mulheres sejam respeitados e preservados. Um mecanismo de extrema importancia é o fato de que o crime deixou de ser considerado crime de menor potencial ofensivo, saindo da competência dos Juizados Especiais Criminais e as penas pecuniárias como multa e pagamento de cestas básicas já não existem mais. A Lei nº11.340/2006 vem sofrendo várias alterações no âmbito jurisprudencial com a finalidade de eficácia concreta em seus efeitos, que vão desde a criação de Juizados de Violência Doméstica até a prisão preventiva do agressor. Dessa forma, é necessário que o Estado invista em políticas públicas capazes de combater a violência contra mulher e os processos pedagógicos e educativos que visem o fortalecimento da denuncia, impedido que as vitimas calem diante da violência que sofrem. Além disso é imperioso que a haja uma educação de emancipação que invista na mulher e a eduque para a liberdade e em prol da resistência ao sexismo, machismo e subserviência. Por isso, é válido questionamos quais seriam esses processos pedagógicos que aliados às políticas públicas que contribuam para o fim das diversas formas de violência contra a mulher. A mulher na sociedade tem conseguido avanços em diversas áreas, econômica, social e cultural, mesmo tendo conseguido tantas conquistas, a violência contra a mulher está latente em todas as classes e camadas sociais. Diante das mudanças e dos movimentos de erradicação a violência doméstica, a realização dessa pesquisa tem o objetivo de demonstrar o perfil dessas mulheres que sofrem todos os tipos de violência buscando chamar a atenção do poder público pela falta de uma instituição que acolha essas mulheres. É visível necessidade de políticas públicas urgentes para o combate a violência doméstica, é preciso concientizar a vítima, punir o agressor e educar a sociedade no sentido de não haver novas agressões e para denunciar as que já foram proferidas. Todas as leis e lutas já iniciadas nunca serão suficientes se algum lugar ainda existir uma mulher sofrendo esse tipo de violência. Nesse sentido, espero que esse trabalho sirva para contribuir como manifestação as desigualdades que ainda permeiam em nosso século entre o homens e mulheres e que ,não seja somente como instrumento para a conclusão desse curso mas que venha a conscientizar as mulheres para que possam perceber que elas são capazes de sair dessa situação de violência. BIBLIOGRAFIA BIANCHINI, Alice. Lei Maria da Penha, lei 11.340/2006, aspectos assistenciais, protetivos e criminais da violência de gênero. PASINATO, Wânia. Estudo de Caso sobre os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e a Rede de Serviços para Atendimento de Mulheres em Situação de Violência, em Cuiabá, M.T, 2008,100 p. Relatório de pesquisa: Observatório Lei Maria da Penha - SPM. PASSINATO, Wânia; SANTOS, Cecília MacDowell. Mapeamento das Delegacias da Mulher no Brasil. 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