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Direito Penal I DIA 17/02/2020 CONCEITO Conjunto1 de normas (regras) jurídicas estabelecidas pelo Estado, visando o combate à criminalidade2 através da sanção penal3 ou medida de segurança4. 1 - Código Penal (principal) + Leis Especiais. 2 - Proteger o bem jurídico. 3 - Estará em todo crime. Infrator imputável. 4 - Infrator inimputável. DENOMINAÇÃO (Direito Penal) 1822 (antes): sem legislação 1822 (depois): liberdade (independência do Brasil) 1830: Código Criminal do Império 1890: Código Penal Republicano 1988: Constituição Federal (art. 22, I) CLASSIFICAÇÃO DOS ILÍCITOS PENAIS 1. Crime ou Delito (maior gravidade) Código Penal + Legislação Especial • Atinge diretamente o bem jurídico tutelado pelo Estado (vida, integridade física, patrimônio, liberdade...) • Direito individual alheio (penas maiores) 2. Contravenções Penais (menor gravidade) Decreto Lei n 3.688 – 03/10/41 • Não atinge nosso bem jurídico, viola conceitos da vida social (v.g Jogo do bicho). Profº Tailson Pires Costa tailson.costa@direitosbc.br CARACTERÍSITCAS • VALORATIVA Valor atribuído pelo legislador para cada bem jurídico (mais valor = mais pena). • FINALISTA Combater a criminalidade/má conduta. • SANCIONADORA Sanção. “JUS PUNIENDI” (DIREITO DE PUNIR) • Cabe ao Estado (União) • Poderes: Legislativo (elaborar a norma penal); Judiciário (julgar o infrator – processo penal) e Executivo (executar a pena – condenado). DIREITO PENAL (crime) – material, substantivo. DIREITO PROCESSUAL PENAL (instrumento) – formal, adjetivo. Jus Libertatis x Jus Puniendi (Direito Processual Penal). DIA 02/03/2020 FONTES DO DIREITO PENAL Espécies 1. Direta/Imediata – Lei (Ex.: CP + Legislação Especial – 2.848/40) - Maria da Penha, ECA, leis ambientais - Quando se tem um conflito, primeiro procura-se a solução na lei, se não encontrar, busca-se nas fontes mediatas. Material – Estado (art. 22, I, CF) – A fonte material é capaz de produzir a fonte formal. Formal (1. e 2.): 2. Indireta/Mediata/ Subsidiária: • Costumes (Ex.: art. 215-A; 216-B; 217; 240...CP • Doutrina (Ex.: Manuais, livros artigos...) • Equidade (Ex.: Penas Alternativas) • Jurisprudência (Ex.: decisões dos tribunais (direito dos tribunais) • Analogia (art. 155, §2º) • Princípios Sociais do Direito COSTUMES Os costumes sociais muitas vezes pedem ao Estado um novo sistema positivo, a lei penal deve acompanhar a metamorfose social, mas nem sempre o legislador consegue acompanhar. Ex.: Lei de importunação sexual, lei nova que começa em 2019 devido as novas condutas sociais. Os costumes também podem fazer leis serem revogadas, porque não se torna mais relevante para a sociedade. Ex.: lei contra adultério, lei da sedução etc. Isso acontece em “ações penais privadas”, que dependem do pedido da vítima par o Estado agir. DOUTRINA A doutrina tem uma dupla função. Para os estudantes, ela age como manual, mas em um processo, por exemplo, pode-se usar a doutrina para reforçar os argumentos que a favorecem, e o juiz também, quando vai argumentar, faz o uso de doutrina para demonstrar os seus argumentos. EQUIDADE A equidade se refere às penas alternativas, do art. 32 do CP. As penas previstas na Constituição são a Pena Privativa de Liberdade (PPL – reclusão ou detenção), as penas restritivas de direitos 5 tipos) e a pena de multa (para o Estado). Quando o crime é de menor potencial ofensivo (pena mínima inferior a 1 ano e máxima de 2 anos), pode ser aplicada uma pena alternativa no lugar da P.P.L., por pura questão de bom senso e equilíbrio. JURISPRUDÊNCIAS As jurisprudências são decisões dos tribunais superiores que convergem. A decisão tem que percorrer o caminho: inquérito policial – processo penal – expedição de sentença – vai ao TJ, onde é expedido acórdão – vai para as instâncias superiores (STJ/STF). Podemos citar por ex. a jurisprudência sobre a possibilidade de prisão em 2ª instância. ANALOGIA Só pode ser utilizada para beneficiar o réu, nunca para prejudicar. Para prejudicar, só a lei. Ex.: Art. 155, §2º, CP – furto. Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO • Princípio da legalidade • Princípio da insignificância – criado pela doutrina. A transformação social provocada pelo crime do agente é nenhuma. Ex.: pessoa rouba um shampoo de R$4,00. Vale a pena movimentar todo o Estado? Não. Aplica-se o princípio da insignificância. Crime privilegiado – está aplicando uma situação melhor para o réu. Crime qualificado – está aplicando uma situação pior para o réu. AÇÃO PENAL PÚBLICA X AÇÃO PENAL PRIVADA QUEIXA-CRIME – PETIÇÃO INICIAL (só advogado pode fazer) – Ação Penal Privada Quando o crime exige representação da vítima, não precisa contratar advogado, e ela se transforma numa Ação Penal Pública condicionada. Quando não se pede nada, o crime é de Ação Penal Pública Incondicionada, não depende de nada (por exemplo, o homicídio e a maioria dos crimes). Diferença fundamental: O MINISTÉRIO PÚBLICO (pelo promotor de justiça) ATRAVÉS DE UMA DENÚNCIA PROCESSA NAS AÇÕES PENAIS PÚBLICAS. Quando você vai à delegacia, você não presta queixa ou faz uma denúncia, você faz uma notitia criminis, que é levar ao conhecimento da autoridade pública, que houve um crime contra você. DIA 03/03/2020 1. Tempos primitivos 2. Período humanitário 3. No Brasil Nos tempos primitivos, existia o conceito de vingança privada. Um indivíduo poderia se vingar, por exemplo, caso um parente tenha sido ferido, ferindo quem fez o ato ou até o matando. Fazer justiça com as próprias mãos hoje é crime. A vingança divina acontece quando um sujeito cometia um crime e, por ventura, a civilização sofresse com escassez, fortes chuvas, pragas etc., era entendido que o infrator deveria pagar com a própria vida para acalmar os deuses. Com a criação da vingança pública, se institui a figura do Estado, que é o que conhecemos hoje. Ainda na vingança privada, com o código de Hamurabi, foi feito um documento escrito com freios e contrapesos para conter exagero na ação de quem se vinga, impedindo que um indivíduo matasse uma pessoa que apenas cortou seu dedo (Lei de Talião). No período da idade média, a igreja era a principal detentora de poder e de riquezas, mesmo comparado a grandes reis. Crimes e pecados eram facilmente confundidos, assim como penas e castigos, o que era muito violento e injusto em alguns casos, com penas corporais e até morte. O período posterior à idade média, o iluminismo, foi possível devido à criação de universidades como as “Pontifícias Católicas” espalhadas pelo país. Nesse período, a burguesia passa a deter poder, principalmente com a Revolução Francesa. Surge com o direito o penal, o período humanitário, no século XVIII. Nessa época, foi escrito o livro “Dos Delitos e Das Penas”, obra revolucionária para o Direito Penal. Nesse momento, o Estado Soberano só poderia cobrar do indivíduo aquilo que lhe foi exposto. Não pode ser aplicado pena de morte no Brasil porque a vida não foi cedida ao Estado, mas a liberdade foi, por isso existe a pena de reclusão. Isso é estabelecido na CF, na criação do contrato social. Conforme o Princípio da Legalidade, não há crime se não foi previsto em lei. Isso assegura estabilidade à sociedade. O Princípio da Publicidade da Lei faz com que ela não seja “engavetada”, para que todos tenham ciência de que certa conduta é proibida ou não. A população deveter consulta livre. Outra ideia do humanismo é a instauração da necessidade de provas lícitas. Não se pode utilizar prova ilícita, não se pode produzir prova conforme a anuência da situação. Antes desse princípio, existia a “Prova de Fogo”, na qual o condenado deveria andar sobre o fogo e seria livrado do crime se não houvessem queimaduras. A prisão preventiva só poderia ser decretada se houvessem indícios de autoria e materialidade do fato. “Parece que foi fulano que matou o indivíduo, e foi encontrado o corpo do morto”. Antes do período humanitário isso não acontecia. Também surge o conceito de ouvir o depoimento do réu. Também passa a ser discutida a finalidade da pena, que antes era vista apenas como castigo, passa a ser estudada a reeducação e a ressocialização. Reeducação é enquanto se está cumprindo a pena e a ressocialização é pós cumprimento da pena. A sociedade e o Estado devem atuar na ressocialização com a inserção no mercado de trabalho, reinserção na família etc. No Brasil, quando descoberto em 1500, não existiam regras, mas sim costumes dos povos indígenas. O imperador português quis então trazer ao Brasil as leis portuguesas que, no período da idade média, eram muito severas. Em 1822, o Brasil rompe a dependência política e econômica, e cria a CF de 1824. Nessa CF, passa a ser exigido um novo sistema penal. Em 1880, surge o Código Criminal do Império, trazendo as ideias humanitárias ao Brasil. Esse código serviu de base para a reformulação da base do sistema punitivo dos países da América Latina. Esse Código reduziu 78 possibilidades para apenas 3 possibilidades de pena de morte, no crime de “Lesa Majestade” (calúnia, difamação dos líderes), falsificação de moeda e o crime de adultério. Posteriormente, com a República, extinguem-se as prisões perpétuas e eliminam de uma vez por todas a pena de morte (Código Penal de 1890). Em 1930 surge um novo regime de governo, de Getúlio Vargas, que pensou uma nova CF e um novo CP, no qual foram juntadas as leis complementares, fazendo a consolidação das leis penais. Em 1934, durante a Ditadura de Vargas, trouxe ao seu lado um crítico chamado Alcântara Machado, em vez de lutar contra as faculdades de direito, ele propõe que machado escreva o código, então instituído Código de 1940, com todas as ideias do humanismo. Surge o Decreto de Lei de 1940, com nosso atual Código Penal, que está prestes a completar 80 anos de vida. Após a CF/88, tivemos centenas de leis penais, ocasião parecida com a situação inflacionária na República. Podemos citar a Lei dos crimes hediondos, crimes contra o consumidor, crimes tributários, crimes ambientais, ECA, lei Maria da Penha, Estatuto do Idoso, Lei Antidrogas etc. DIA 09/03/2020 LEI PENAL 1. Classificação • Incriminadora (Preceito Primário + Preceito Secundário) Preceito primário = comando (ex. art. 121, comando: não matar) Preceito secundário = pena (ex. art. 121, pena: reclusão, de x a x anos) Ex.: art. 121; 122; 123 etc. Parte Especial CP – só são encontradas na parte especial. Na parte geral não tem norma incriminadora. - Caput, corpo, rubrica (nome do crime), preceito primário e preceito secundário. • Não incriminadora a) Permissivas Permite que alguém pratique uma conduta criminosa. Ex.: Art. 23; 24 e 25 – Parte Geral CP Art. 128; 146, §3º; 150, §3º, II – Parte Especial CP b) Explicativas Ex.: Art. 1º, 63 etc – Parte Geral CP Art. 150, §4º; 327 – Parte Especial CP NOTAS DA ISA CYRNE A lei penal é classificada em normas incriminadoras e normas não incriminadoras. As incriminadoras somente serão encontradas na parte especial do CP, enquanto as não incriminadoras (permissivas e explicativas) estão na parte geral do CP. Ex. de norma incriminadora: art. 121 – matar alguém (preceito primário). Pena de 06 a 20 anos (preceito secundário). As normas não incriminadoras são as permissivas e as explicativas. Ex.: art. 23 – “não há crime quando o agente pratica o fato em estado de necessidade, estado de defesa (...) e exercendo o próprio direito”. No MMA não é crime bater no adversário, mas fora do ringue é crime de lesão corporal. Outro exemplo de norma permissiva é o art. 128, no qual se permite o aborto em caso de gravidez de risco ou estupro. A norma explicativa define conceitos para a aplicação do direito penal. Ex.: art. 68 explica a reincidência, quando se comete 2 crimes, um após o trânsito em julgado do primeiro crime. Se forem cometidos 10 crimes, mas nenhum transitou em julgado, ainda é réu primário. O art. 326 explica o papel do funcionário público em fins penais, ou seja, o funcionário público que pratica um crime se torna mais grave do que um outro particular. No art. 1º do CP, diz que não há crime sem lei prévia, assim como prevê a teoria humanitária. No art. 5º, inciso 39 da CF, também aparece o mesmo princípio da legalidade. O princípio da legalidade impede todas as formas que o réu se prejudique por fatos anteriores (princípio da reserva legal/princípio da anterioridade da lei penal). • Princípio da Legalidade/ Princípio da Reserva Legal/ Principio da Anterioridade da Lei Penal – o julgador (poder Judiciário) deve aplicar a pena prevista, não pode inventar uma lei. ART. 1º CÓDIGO PENAL – Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Artigo 5º, XXXIX, CF “Nullum Crimen, Nulla poena sine lege” – Não há crime nem pena sem lei prévia. Previne de todas as formas o uso da analogia para prejudicar o réu (não pode usar fatos anteriores à lei). - Período Humanitário - Séc. XVIII Marquês de Beccaria “Dos delitos e das penas” Na Legislação Pátria -> 1824 (CF) 2. Características a) Autoridade da Lei Penal; b) Esclarece o que é um ilícito penal; c) Visa impedir arbitrariedade; d) Vedado uso da analogia para prejudicar o réu; e) Para que a pessoa possa ser processada, é necessário que antes da conduta humana exista uma lei que diga que aquilo é um fato atípico; DIA 16 E 17/03 – EAD ART. 2º CÓDIGO PENAL – Aplicação da Lei Penal no Tempo Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. • Trata da aplicação da lei penal no tempo; • Segue o que anuncia o art. 1º; • A lei penal não deve retroagir, deve ser aplicada como regra geral a partir da sua vigência em diante; • SE PREJUDICA O RÉU = NÃO RETROAGE; SE BENEFICIA O RÉU = RETROAGE. POR CURIOSIDADE: A pena de reclusão é aplicada a condenações mais severas, o regime de cumprimento pode ser fechado, semi- aberto ou aberto, e normalmente é cumprida em estabelecimentos de segurança máxima ou media. A detenção é aplicada para condenações mais leves e não admite que o inicio do cumprimento seja no regime fechado. Em regra, a detenção é cumprida no regime semi-aberto, em estabelecimentos menos rigorosos como colônias agrícolas, industriais ou similares, ou no regime aberto, nas casas de albergado ou estabelecimento adequados. A prisão simples é prevista na lei de contravenções penais como pena para condutas descritas como contravenções, que são infrações penais de menor lesividade. O cumprimento ocorre sem rigor penitenciário em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime aberto ou semi-aberto. Somente são admitidos os regimes abertos e semi-aberto, para a prisão simples. • A doutrina denomina quatro possibilidades: 1. Novatio Legis incriminadora 2. Abolitio Criminis 3. Novatio Legis in Pejus 4. Novatio Legis in Mellius • Não retroagir – lei penal aplicadaapós a sua vigência (prejudicam o réu). Novatio Legis incriminadora e Novatio Legis in Pejus – jamais deverão retroagir para atingir fatos anteriores a vigência da lei. Só poderão ser aplicadas a partir da sua vigência em diante. • Abolitio Criminis e Novatio Legis in Mellius - são aplicadas a partir da sua vigência e também deverão retroagir para atingir fatos anteriores a sua vigência, se for o caso. • Novatio Legis incriminadora – nova lei, está entrando em vigor, e criando um novo crime, que não existia em lugar nenhum no SJ brasileiro. Seguimento social passa a se importar com determinada conduta, os legisladores percebem e criam uma nova lei, que tipifica um novo crime. Pode ser colocada no CP ou na Legislação Especial se for um caso bem específico. Nova lei surge incriminando uma conduta social. Ex.: Art. 158, §3º, crime de sequestro relâmpago. Privar a liberdade de locomoção da vítima, obrigar que ela acompanhe o sujeito ativo até o local onde está o patrimônio, obrigando-a a entregar seu patrimônio aos agentes. Doutrinariamente ficou conhecido como sequestro relâmpago, detendo a vitima apenas para conseguir o que quer. Antes de 17/04/2009 esse crime não estava no CP (basta ver no fim do art.), ele sim existia, mas com a implementação dos caixas eletrônicos, esse tipo de conduta se agravou e não existia o crime específico para essa conduta. Isso significa que este artigo só pode passar a punir o agente após a sua entrada em vigor. Quem cometeu esse crime antes disso, não poderia ser punido. – PREJUDICA O RÉU. • Abolitio Criminis - nova lei que surge em um determinado momento, muitas vezes pelo desinteresse estatal de continuar punindo as pessoas por uma determinada conduta, dizendo que tal artigo do CP está revogado. A partir de tal data, ninguém mais será punido por tal conduta. Temos aí a exceção da regra da lei que não retroage, a lei penal vai retroagir, pois veio para beneficiar o réu. Ex.: art. 217 (sedução), art. 219 (rapto), art. 240 (adultério) – crimes contra os costumes e família. “Revogado pela lei nº xxx/xxxx”. A partir da data de revogação, quem passou a praticar a quebra da fidelidade conjugal, não poderia mais ser processado, o crime para de existir. No entanto, destaca-se que os efeitos retroativos eram: se alguém estivesse preso por esses crimes revogados, deveria ser posto em liberdade e deveriam ser colocados em situação de primariedade. Todos os efeitos penais anteriores serão atingidos para beneficiar o réu. – BENEFICIA O RÉU. • Novatio Legis in Pejus – nova lei que veio para prejudicar a situação do réu. Parecida com a incriminadora. A incriminadora surge criando um novo crime, a in Pejus surge prejudicando a situação do réu em um crime que já existe, não cria nenhum crime, muda alguns efeitos de um crime que já existe, prejudicando o réu. Por ex. aumentando a pena ou criando dificuldades para cumprimento da pena, tipo para mudar de regimes etc., qualquer efeito que venha para prejudicar o réu sem criar um novo crime. Ex.: Art. 121 (homicídio) – no §4º, causas de aumento de pena, na parte de homicídio doloso, a pena aumenta 1/3 se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 anos ou maior de 60 anos. Esse dispositivo foi parar aí por causa do ECA e do Estatuto do Idoso. Quem matou um idoso antes da entrada do EI (2003), respondeu pela pena correspondente ao homicídio praticado, sem esse acréscimo. Quem praticou a conduta delituosa depois, responde com o acréscimo de 1/3. Só pode ser aplicado a partir da alteração da lei. Quem praticou antes, NÃO PODE cumprir com o aumento de 1/3. – PREJUDICA O RÉU. • Novatio Legis in Mellius – nova lei que vem para melhorar a situação do réu. Tem efeito semelhantes a Abolitio Criminis, retroage para atingir fatos anteriores à sua vigência. Aplicada da vigência em diante, e para fatos antes da sua vigência. Ex.: Art. 2º, parágrafo único, “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.” Isso nos remete ao art. 107, III, CP, causas de extinção da punibilidade – extingue-se a punibilidade pela retroatividade de lei que não considera mais o fato como criminoso. Art. 159, crime de extorsão mediante sequestro, §4º - espécie de delação premiada, se o crime é cometido em concurso, o concorrente que denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de 1/3 a 2/3. – Redação dada pela Lei nº 9.269/1996. Ou seja, essa lei foi colocada para ajudar o réu que cooperar com as autoridades. Geralmente é um crime praticado por um concurso de pessoas, ou seja, por várias pessoas (difícil uma pessoa só conseguir realizar o sequestro). Quem cometeu o crime antes de 1996 mas também resolveu colaborar, poderão ser beneficiados com essa redução de pena. Essa redução de pena vai retroagir. Sempre que a lei vem para o benefício do réu, ela irá retroagir. – BENEFÍCIA O RÉU. ART. 3º CÓDIGO PENAL – Lei Excepcional ou Temporária Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. • Aplicação da lei penal depois que ela deixou de existir. • Duas modalidades: 1. Lei Excepcional 2. Lei Temporária • Diferente do art. 2º que trata da possibilidade de aplicação da lei penal antes da sua vigência – retroatividade da lei penal. Nesse artigo, trataremos da ultratividade da lei penal = mesmo depois que a lei deixa de existir, os seus efeitos permanecerão. Ou seja, se um crime foi cometido no período de existência da lei, e ela deixou de existir, os seus efeitos permanecerão. • Não se confunde com a Abolitio Criminis ou Novatio Legis in Mellius, pois nessas surge uma nova lei que modifica a anterior. Aqui não surge nova lei, ela apenas deixa de existir por si mesma, só vem para um caso excepcional ou para um caso temporário/pré-determinado. • A lei excepcional geralmente é uma lei criada incriminando uma conduta social/humana em razão de um momento excepcional. Ex.: período de guerra – por razão de segurança nacional o governo promulga uma lei de toque de recolher. Essa lei permanece durante o período de excepcionalidade. Ex. 2: Disseminação do COVID19 – imagine que o Legislativo Federal (org. competente para elaborar a lei penal, art. 22, I, CF), dissesse que a partir de hoje, dada a situação de excepcionalidade do Corona vírus, quem for encontrado em reuniões com mais de 50 pessoas comete um crime, pena de 6 meses a 2 anos de detenção. Daqui 3 meses, COVID foi eliminado da nossa sociedade, nossas vidas voltaram ao normal, a situação de excepcionalidade deixou de existir e, consequentemente, a lei também. • A lei temporária tem os mesmos efeitos, mas vem no corpo de seu texto com o prazo de validade determinado. Ex.: essa lei terá vigência até tal data. Na excepcional não tem prazo de validade descrito no corpo, dura enquanto a situação durar. Ex. 2: Lei Geral da Copa do Mundo no Brasil – nº 12.663/2012, art. 30 até 33, temos alguns crimes específicos praticados durante a Copa do Mundo que não existiam no CP ou Legislação Especial. Condutas como falsificação de marcas, de ingressos etc, se tornaram crime. Essa lei durou até 31/12/2014 – está no corpo da lei. Depois desse período, essas condutas deixaram de ser crime. • O que diferencia do art. 2º é que mesmo depois que a lei deixar de existir, os fatos criminosos que foram praticados durante a sua vigência, permanecerão. O sujeito que cometeu o ato criminoso durante a vigência da lei, ainda poderão ser condenados/processados. DIA 19/03/2020 - EAD ART. 4º CÓDIGO PENAL – Tempo do Crime Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro sejao momento do resultado. • Três teorias sobre o momento em que o crime se consuma: Teoria da Atividade (Ação ou Omissão), que considera o momento do crime quando o sujeito pratica uma ação ou o momento em que se omite em praticar uma ação. Momento que o agente faz ou deixa de fazer, INDEPENDENTEMENTE do momento em que se dá o resultado Ex.: Homicídio – momento do crime quando o sujeito dispara sua arma contra outro, e não o momento em que a vítima vem a morrer. Teoria do Resultado/do Efeito, momento do crime é quando o resultado pretendido é alcançado. Ex.: Homicídio – momento do crime é só quando a vítima morre. Isso pode acontecer caso a vítima venha a ser socorrida e só morre dias depois. Teoria Mista, considera tempo os dois acima. Reserva a punição para o indivíduo em qualquer momento que alcance a consumação. Direito Penal Brasileiro adota a TEORIA DA ATIVIDADE. Efeitos/ condições do ponto de vista penal: Ex.: A pessoa tem 17 anos e 11 meses e dispara a arma contra alguém, essa vítima fica por 30 dias no hospital e vem a morrer, morrendo quando o sujeito já fez 18 anos. Aos olhos da lei, o sujeito é inimputável, pois cometeu o crime nessas condições e não será sujeito à pena, e sim às sanções previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. Essa situação demonstra a importância da adoção dessa teoria pelo sistema penal brasileiro. Por outro lado, no parágrafo 4º, na segunda parte, o homicídio doloso com causa de aumento de pena em virtude da idade da vítima: quando é menor de 14 anos no momento do crime ou maior de 60 anos, também no momento do crime. O sujeito ativo dispara contra outro de 13 anos 11 meses e 25 dias ocorreu os disparos contra o adolescente. Permanece em tratamento por 30 dias e vem a falecer, quando já havia completado 14 anos. Para efeitos de punição, o tempo de crime foi o momento da ação ou da omissão, então seria uma causa de aumento de pena em 1/3, pois matou aquele que ainda não tinha 14 anos. A mesma coisa para o de 60 anos, se no momento do crime a vítima ainda não tinha 60 anos, não responde pelo aumento de pena. Art. 4º é importante para efeitos de punição, se vai punir e se será de forma grave ou não. ART. 5º CÓDIGO PENAL – Territorialidade Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. • Aplicação da lei penal no espaço (regra) A base é o Princípio da Territorialidade: aplica-se a lei penal brasileira em todo território nacional, a todos aqueles que cometem o crime em território nacional. Esse princípio decorre de outro princípio: Soberania do Estado, que determinou que a lei penal brasileira é regra, sem sofrer interferência de outras legislações, de outros países. Território nacional: nosso solo, subsolo (escavações, subsolos de prédios, minas etc.), espaço aéreo correspondente (sem limite de altitude, tudo que está em cima do nosso solo), espaço marítimo correspondente (para efeito penal: até 12 milhas da costa brasileira). REGRA 1: Dependendo do meio de transporte, essas regras mudam (art. 5º, §1º - primeira parte, CP). As aeronaves de natureza pública brasileiras (do presidente, da força aérea brasileira etc.) ou a serviço do governo brasileiro se um crime for praticado nessas dependências, embarcações (da força marinha etc.) será aplicada a lei brasileira, independente a nacionalidade de quem praticou o crime ou de onde ele está. É uma extensão territorial brasileira. Ex.: Uma aeronave japonesa aterrissa no Aeroporto de Guarulhos, ela segue sendo uma extensão nacional japonesa. O mesmo acontece com as embarcações e aeronaves brasileiras. Vale para todos os países por conta dos tratados internacionais. §1º, segunda parte: as aeronaves e embarcações particulares ou comerciais brasileiras que estiverem sobrevoando ou navegando pelo território brasileiro, aplica-se a lei penal brasileira. Ex.: aeronave da TAM, saiu de GRU com destino ao Japão, enquanto estava sobrevoando o território brasileiro, um americano matou um italiano = todos respondem à lei penal brasileira. Caso tivesse acontecido enquanto sobrevoavam o território japonês, responderiam todos às leis penais japonesas. REGRA 2: §2º: Se é uma aeronave pública que sai do Japão e chega em território brasileiro, é uma extensão do Japão, cumpre-se as leis penais japonesas. Se é uma aeronave particular ou comercial japonesa que sai de lá e vem ao Brasil, caso já esteja em território brasileiro, cumprem-se as leis penais brasileiras. Vale também para as embarcações. RESUMINDO: se é aeronave/embarcação pública ou em função do governo, não importa se está ou não em território brasileiro (“onde quer que estejam”), responde sempre às leis penais brasileiras. Se é privada ou comercial brasileira, responde à lei do território em que estiver (“no espaço correspondente”). REGRA 3: Uma embarcação/aeronave privada ou comercial – NUNCA PÚBLICA - não se encontram em espaço aéreo ou em fronteiras marítimas correspondentes a algum país = se um crime for cometido ali, pouco importam as nacionalidades dos sujeitos, o que importa é a BANDEIRA estampada na embarcação/aeronave. Ex.: Uma embarcação está indo do Brasil até o continente africano, já passou das 12 milhas e ainda não chegou nem perto do continente africano, não está em fronteira marítima correspondente a nenhum país, se um crime for cometido lá, o que vai importar é a bandeira estampada no navio. Se for uma bandeira brasileira, por exemplo, aplica-se a lei penal brasileira. • Aplicação da lei penal às pessoas (exceções) – AGENTES DIPLOMÁTICOS IMUNIDADE DIPLOMÁTICA: ‘Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional...’ – preservaram, que não entra na regra da aplicação da lei penal no espaço, no caso, OS EMBAIXADORES, os diplomatas (não só eles, mas são os principais agentes de uma diplomacia). A finalidade é não intimidar os seus representantes políticos nos países onde se encontram a não praticar atos de interesses da sua nação de origem, com medo de uma legislação penal local. Se comete um crime em território exterior, responde à legislação de seu país de origem. NÃO SIGNIFICA QUE VAI FICAR IMPUNE. Decorre da Convenção de Viena – 1961 -, determina quem são os agentes diplomatas = embaixadores, secretário da embaixada, pessoal técnico- administrativo, familiares, chefes de governo estrangeiro e toda a sua comitiva administrativa. Ficam de fora: empregados particulares desses imunes. Embaixadas não são extensão territorial, mas são invioláveis pois reserva informações e documentos que só interessam ao seu país de origem. Não é qualquer um que pode ter acesso. O cônsul não goza de imunidade diplomática, é um representante comercial de determinada empresa de determinado país e só vai a determinado país para aproximar as relações comerciais entre esses países. Mas nada impede que os países, de forma bilateral, façam esse acordo entre eles. DIA 20/03/2020 – EAD IMUNIDADE PARLAMENTAR (art. 53, CF relacionado com arts. 138, 139 e 140, CP) Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis,civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. Caput do art. 53 caracteriza a IMUNIDADE ABSOLUTA, jamais poderão sofrer um processo civil/penal em razão de suas opiniões, palavras e votos que venham a emitir diante de suas funções parlamentares. CARACTERÍSTICAS DA IMUNIDADE PARLAMENTAR: 1. Começa com o ato da diplomação (disputa a eleição, toma posse, recebe um diploma de deputado federal/senador ou deputado estadual/vereador), 2. é irrenunciável e 3. vai até o fim do mandato (que tem o prazo de 4 anos ou mais, por reeleição e menos, por cassação). POR QUE EXISTE A IMUNIDADE PARLAMENTAR? Tem a função de preservar a autonomia do Poder Legislativo, para que nenhum outro poder possa interferir em seu trabalho, e para que os parlamentares não se sintam intimidados no momento de defender os interesses da população que representam. São imunes aos crimes de palavra: calúnia, difamação e injúria (arts. 138, 139 e 140, CP, respectivamente). § 1º - Foro Privilegiado. O STF é foro privilegiado aos deputados federais e senadores, apenas. Qualquer crime desses dois parlamentares será julgado pelo STF, com exceção dos crimes que afetam a honra, já que são imunes. § 2º - Só podem ser presos se forem pegos em flagrante delito de crime inafiançável. A Casa respectiva vai decidir se o deputado federal ou o senador deve ser preso. §3º - Procurador Geral da República é quem faz a denúncia (como se fosse o promotor de justiça do estado de SP); essa denúncia é recebida pelo STF, que avisa a Câmara dos Deputados ou o Senado, a Casa se reúne e o voto da maioria decide se o processo deverá continuar tramitando ou se deverá ser suspenso. §4º - Explica o procedimento dessa suspensão. É matéria processual. §5º - Suspensão da prescrição. Se o STF não puder julgar aquele parlamentar pois a Casa respectiva definiu por maioria que o processo deve ser suspenso, se suspende também o prazo prescricional (perda do direito de punir por parte do Estado por ter demorado demais para julgar/punir). Permite que haja um novo julgamento, por exemplo, se acaba o mandato do parlamentar, o Procurador envia para o juiz de 1ª instância. §6º - Se eles recebem uma intimação para testemunhar em um processo, não são obrigados a testemunhar, mas podem. Todas as imunidades se estendem também aos deputados federais, a única exceção é que não possuem o foro privilegiado. Aos vereadores, a imunidade é apenas no que diz respeito aos crimes de palavra. ART. 6º CÓDIGO PENAL – Lugar do Crime Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. • Mesmas 3 teorias do tempo do crime: 1. Teoria da Atividade – considera o lugar crime o lugar onde ocorreu a ação ou omissão. Ex.: Sujeito ativo atira no passivo em Osasco, a vítima é enviada para um hospital em São Paulo e lá morre. O lugar do crime é Osasco. 2. Teoria do Resultado/Efeito – considera o lugar do crime o lugar onde o resultado da ação é atingido. Ex.: Sujeito ativo atira no passivo em Osasco, a vítima é enviada para um hospital em São Paulo e lá morre. O lugar do crime é São Paulo. 3. Teoria Mista – considera o lugar do crime tanto o lugar onde aconteceu a ação ou omissão, tanto quanto o lugar onde se dá o resultado. Ex.: As duas cidades teriam jurisdição para apurar o fato, iriam decidir entre si qual tem mais capacidade. O nosso Código Penal adota a Teoria Mista. Ex.: Tráfico se inicia em outro país e vem para o Brasil, as autoridades brasileiras são competentes para julgar o crime assim como o outro país. Vale também para divisas entre estados, cidades, países. Só uma autoridade vai julgar, num conflito de competência será escolhido um dos estados, cidades, países etc. CONCEITO DE CRIME, SUJEITO ATIVO DO CRIME, SUJEITO PASSIVO DO CRIME E OBJETO DO CRIME 1. CONCEITO DE CRIME O crime, para ser considerado, deve reunir três elementos: tem que ser um fato típico, uma conduta antijurídica e sua prática tem que ser culpável. - FATO TÍPICO: É o tipo penal. Aquilo que está descrito na lei, a partir do art. 121, que começa a parte especial do CP. Todos artigos que descrevem o que são considerados crimes, são fatos típicos. - CONDUTA ANTIJURÍDICA: Conduta contrária ao que diz a lei. Por exemplo, matar é uma conduta antijurídica, mas pode ser reconsiderado como jurídico se o homicídio foi em legítima defesa ou nas outras causas previstas em lei. - CULPABILIDADE: Avaliação se o sujeito é culpável, para que se possa atribuir uma reprovação social da sua conduta antijurídica que reflete no fato típico. Todos os imputáveis (capacidade de entender o que estão fazendo) são considerados culpáveis aos olhos da legislação penal brasileira. *Inimputáveis = menores de 18 anos; pessoas que sofram de doença mental que impedem que tenham essa consciência e os silvícolas (vivem a margem da sociedade). 2. SUJEITO ATIVO DO CRIME Quem comete a conduta descrita na lei, ou seja, quem comete o crime. Recebe denominações de acordo com a apuração dos fatos. • Na delegacia, se tiver um inquérito policial: será o indiciado ou averiguado. • Na delegacia, se tiver um termo circunstanciado: será o autor do fato. • No processo penal, antes da sentença: será o réu em ação pública, ou querelado, se a ação for privada. • No processo penal, depois da sentença: se absolutória, será o absolvido; se condenatória, será o condenado. • Se condenado a pena: de detenção, será o detento; de reclusão, será o recluso. A pessoa jurídica também pode ser sujeito ativo de crime (Lei nº 9.605/98 – dos crimes ambientais) - Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. 3. SUJEITO PASSIVO DO CRIME Sujeito passivo é o titular do bem jurídico protegido pelo tipo penal incriminador, que foi violado. Sujeito passivo é a vítima. É quem tem seu bem jurídicotutelado pelo estado atacada, ferido, quem sofre o crime. É chamada de vítima em todas as fases processuais. Todo ser humano pode ser vítima. A pessoa jurídica também pode ser vítima de alguns crimes, por exemplo, o estelionato (art. 171, §2º, V, CP). Ex.: INSS paga benefícios paga benefícios para aqueles que fraudaram o tempo de contribuição, é vítima de estelionato. A Administração Pública (portanto, o Estado) pode ser vítima de alguns crimes (a partir do art. 312 – peculato, por exemplo – crimes praticados pelo funcionário público contra a Administração Pública). Os mortos também podem ser vítimas de alguns crimes: do art. 209 ao art. 212, CP, crimes de desrespeitos aos mortos. 4. OBJETO DO CRIME Objeto jurídico do crime: É o interesse protegido pela norma penal, como a vida, o patrimônio, a honra, a fé pública etc. Ex.: num crime contra a vida, tem como objeto jurídico a vida humana. Num crime de lesão corporal, a integridade física e saúde de outra pessoa. Nos crimes patrimoniais, objeto jurídico é o patrimônio. Objeto material do crime: É o bem jurídico, de natureza corpórea ou incorpórea, sobre o qual recai a conduta criminosa. Ex.: de objetos materiais incorpóreos: a reputação na calúnia e na difamação; a autoestima na injúria. DIA 23/03/2020 – EAD ART. 10 e 11 CÓDIGO PENAL – Contagem de prazo e Frações não computáveis da pena (respectivamente) Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. • Prazo processual penal x Prazo penal: Prazo de direito processual penal – prazo começa a contar a partir do dia útil seguinte. Prazo de direito penal – prazo começa a contar na data do fato, independentemente de ser ou não dia útil. Vale para tudo, seja para contagem de prescrição (perda do direito de punir, por parte do Estado), de decadência (perda do direito de propor a ação por parte da vítima), cumprimento de pena etc. • O calendário comum é o calendário gregoriano, começa dia 1º de janeiro e termina dia 31. • Desprezo das frações de dia: vai começar a cumprir a pena hoje, independente do horário; quantos dias tem o mês também independe. Se a pena de 1 mês começou a ser cumprida dia 23/03, terminaria 1 dia antes do mês consecutivo. • Frações não computáveis da pena: condenado a 6 meses e 15 dias de detenção e o juiz deve subtrair 1/6 (seriam 1 mês, 2 dias e 12 horas), nesse caso ele iria subtrair 1 mês e 2 dias, rejeita-se a hora. ART. 12 CÓDIGO PENAL – Legislação Especial Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. Princípio da Especialidade • Toda essa parte geral do CP também será aplicada aos crimes da legislação especial, quando a própria legislação especial não tiver a sua parte geral. Aplica- se no todo ou parcialmente, ou não se aplica. • Ex.: Art. 14, II, CP – tentativa de crime, pena: pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Se os crimes da parte especial não dispuserem o contrário, aplica-se essa lei. Para a legislação especial, a mesma coisa. • Ex. 2: Lei de tráfico de drogas não menciona caso a pessoa não consuma o crime de tráfico de drogas, caso ele só tente, então se aplica a regra do art. 14, II, parágrafo único, CP. • Ex. 3: Art. 29, CP – concurso de agentes, crime praticado por mais de uma pessoa. O CP trata sobre o concurso de agentes. O CDC, no art. 75 (parte de legislação especial penal), já trata do seu próprio concurso de agentes. Logo, não se usa os artigos da parte geral do CP. Pelo princípio da especialidade, aplica o disposto na legislação especial. Conflito aparente de normas • Quando as normas se chocam diretamente. • Pode acontecer dentro do próprio CP: existe um crime geral e um especial (o legislador escolhe naturalmente o da especial). Ex.: art. 121 – homicídio (crime geral) e art. 123 – infanticídio (espécie de homicídio especial, mãe precisa praticar, a vítima só pode ser o nascente ou recém-nascido e necessariamente tem que estar dotado de estado puerperal). Aplica-se então, o art. 123. • Fora do CP: homicídio culposo (art. 121, §3º, CP) – provoca a morte por negligência, imprudência ou imperícia. O Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503) também traz o homicídio culposo. É uma legislação especial, que trata desse tipo de homicídio quando você está dirigindo veículo automotor. Pena de 2 a 4 anos, maior que a do CP. Aplica-se, então, em caso de atropelamento ou morte proveniente de acidente automobilístico, a legislação especial, no caso, a do CTB.
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