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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
LegisLação ambientaL, Licenciamento 
ambientaL e sustentabiLidade
Elaboração
Silvia Barreira Zambuzi
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ........................................................................................................................ 9
CAPÍTULO 1
PROTEÇÃO DAS ÁREAS – UM PROCESSO ANCESTRAL ............................................................. 10
CAPÍTULO 2
MUDANÇAS E AVANÇOS NA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA ........................................... 18
CAPÍTULO 3
OUTRAS LEIS AMBIENTAIS ........................................................................................................ 43
UNIDADE II
LICENCIAMENTO AMBIENTAL ................................................................................................................ 47
CAPÍTULO 1
O BRASIL E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL – HISTÓRICO ......................................................... 48
CAPÍTULO 2
ESTUDOS AMBIENTAIS E MATRIZ DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO ................................................... 67
UNIDADE III
SUSTENTABILIDADE ............................................................................................................................... 91
CAPÍTULO 1
MOVIMENTO AMBIENTALISTA: UM BREVE HISTÓRICO ................................................................ 92
CAPÍTULO 2
CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: AS PRIMEIRAS IDEIAS E O 
ECODESENVOLVIMENTO....................................................................................................... 101
CAPÍTULO 3
INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE .................................................................................... 110
PARA NÃO FINALIZAR ..................................................................................................................... 130
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 132
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
A ação do homem sobre o meio ambiente ocorre desde o início de sua existência, com o 
uso dos recursos naturais como fonte de vida e sobrevivência.
Ao longo das civilizações, os povos passaram a reconhecer os locais onde haviam 
características geográficas especiais e passaram a, naturalmente, protegê-las. Esses locais 
ora estavam associados a fatos históricos, ora a mitos e lendas, ou à proteção de fontes 
de água, plantas medicinais e madeira para aquecimento (DIEGUES; ARRUDA, 2001).
Ao longo do processo evolutivo, a preocupação com as disputas e conquistas de 
territórios fizeram com que o uso dos recursos naturais passasse a ser intenso, não 
apenas para subsistência, mas também para a ganância de uso dos territórios. 
Neste contexto, começam a surgir normas para disciplinar a conduta humana sob 
um meio ambiente que já não consegue retomar, naturalmente, seu ciclo natural de 
renovação. 
As leis ambientais evoluíram ao longo desse processo evolutivo, sendo distintas e 
específicas para cada país, local ou particularidade de ambiente, entretanto muito 
ainda deve ser discutido e evoluído a este respeito, em todo o mundo. O Licenciamento 
Ambiental faz parte deste contexto, sendo uma normatização recente e repleta de 
imperfeições, deve ser analisada de forma crítica e profunda. Só assim é possível garantir 
a sustentabilidade nas ações antrópicas que, invariavelmente, precisam ocorrer, para 
que esse processo evolutivo de nossa espécie prossiga de forma harmoniosa com o 
planeta em que vivemos.
Objetivos
Os principais objetivos do tema de estudo são:
 » Descrever o processo evolutivo da legislação ambiental no mundo e no 
Brasil. 
 » Apontar as principais leis ambientais brasileiras. 
 » Analisar o processo de Licenciamento Ambiental no Brasil. 
 » Descrever o conceito de Sustentabilidade, sua evolução e os procedimentos 
e ferramentas utilizadas atualmente para discutir o desenvolvimento 
sustentável.
8
9
UNIDADE ILEGISLAÇÃO 
AMBIENTAL
Para compreender as leis ambientais atuais, é preciso acompanhar o processo evolutivo 
do tema ambiental na conjuntura histórica, tanto do Brasil quanto do mundo.
A história da Legislação ambiental brasileira acompanha, ora de forma alinhada, 
ora de forma anacrônica, os acontecimentos e tendências mundiais sobre o tema, 
especialmente pensando nas consequências das ações do homem ao longo do processo 
de desenvolvimento econômico industrial e urbano.
Por isso, não é possível descrever esses processos no Brasil e no mundo sem que haja 
uma sincronicidade, uma vez que, naturalmente, o processo evolutivo da discussão do 
tema é concomitante e precisa ser compreendidoem seu todo. 
10
CAPÍTULO 1
Proteção das áreas – um processo 
ancestral
A relação homem e natureza, desde os primórdios da nossa espécie, tem sido 
conturbada. Ao longo das civilizações, muitas destas pagaram um alto preço por não 
terem se atentado para a possibilidade de ocorrer o esgotamento dos recursos naturais, 
por exemplo. Um exemplo emblemático dessa relação são os Rapanui, civilização que 
habitava a Ilha de Páscoa até o Século XVII e que desapareceu após entrar em colapso, 
no qual muitos atribuem ao esgotamento dos recursos naturais da ilha. A exploração de 
madeira excessiva – causando o desmatamento e o consequente esgotamento do solo 
– além do uso das águas, são uns dos elementos que podem ter feito com que várias 
civilizações tivessem um destino semelhante. 
O fato é que, da mesma forma, várias civilizações vieram a proteger locais que, de 
alguma forma, eram reconhecidos por estes povos antigos como locais associados a 
mitos e crenças, rituais, locais históricos marcantes etc. Posteriormente, passaram 
a proteger locais de abastecimento de água, que possuíam plantas medicinais, etc., 
sempre pensando na sua sobrevivência. Os povos da Antiguidade, por exemplo, já 
faziam referência à proteção ambiental. Platão, na Grécia Antiga, fazia referência à 
importância das florestas como defensoras do solo contra a erosão e Cícero, em Roma, 
já atuava protegendo as florestas da Macedônia contra os inimigos. A famosa Lei das 
XII Tábuas (450 AC) já continha disposições para prevenir a devastação das florestas, e 
o famoso explorador Marco Polo já citava os líderes mongóis como defensores das aves 
contra a caça no período de reprodução destas (FREITAS FILHO, 2016).
Legislação ambiental
Da mesma forma que ocorreu com as leis fundamentais gerais, as leis ambientais 
passaram por um processo de evolução histórica desde a Antiguidade, mas se 
consolidaram de forma mais tardia, somente com a formação dos Estados. Atualmente, 
o tema passou a ser uma preocupação mundial, a partir não só de leis, mas de tratados 
internacionais.
Foi na década de 1960 que a preocupação com o meio ambiente veio mais à tona em 
todo o mundo, especialmente graças às pressões públicas coletivas, um reflexo das 
consequências do avanço industrial e exploratório dos recursos de forma desmedida. 
Neste período, surgem leis de diferentes países na busca de um regramento de atividades 
11
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
poluidoras das águas, ar e solo, sendo criados diversos órgãos internacionais especiais 
para o meio ambiente. 
Um exemplo disso é a Carta Europeia das Águas, escrita em 1968, estabelecendo o 
princípio de que as águas não conhecem fronteiras, posteriormente reconhecendo 
que não só as águas como a atmosfera também não conhecem fronteiras. Tais 
instrumentos deram início a uma onda ecológica em toda a Europa, motivando outros 
continentes a fazer o mesmo. Na África, no mesmo ano, surgiu a Convenção Africana 
para conservação da natureza e dos recursos naturais, substituindo a Convenção de 
Londres de 1933, firmada entre os países colonizadores. A Convenção da Organização 
da União Africana é tida “como um modelo pelos princípios ali estabelecidos (criação 
de reservas, regulamentação da caça, da captura, da pesca e proteção especial de certas 
espécies: fauna e flora) não só no que tange às espécies, mas também a seu “Habitat”, 
como a responsabilidade dos Estados que tenham, em seu território, uma espécie rara” 
(NAZO; MUKAI, 2001).
Seguiu-se das discussões sobre o meio ambiente, no desenvolvimento do tema nas 
décadas seguintes, a necessidade de se discutir a relação deste ambiente com o homem. 
A ONU (organização das Nações Unidas) tem um papel importante neste período, 
com Pactos Internacionais e Declarações de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais 
e Direitos Civis e Políticos, trazendo a tônica de assegurar os direitos fundamentais 
do homem à vida, à saúde, ao trabalho, à educação, para ter condições mínimas de 
desenvolvimento considerando o meio em que vivem. 
Veremos mais adiante como a discussão acerca da temática do meio ambiente foi mais 
profunda na década de 1970 em diante, na Unidade III – Sustentabilidade.
Legislação Ambiental no Brasil
O modelo de desenvolvimento brasileiro foi baseado, desde o descobrimento pela 
coroa portuguesa, na exploração dos recursos naturais existentes nas extensas terras 
do território, os quais pareciam ilimitados.
A legislação portuguesa possuía, até então, alguns ordenamentos de proteção à natureza 
em seus registros, como por exemplo, a proibição do furto de aves em 1326 e o corte 
deliberado de árvores frutíferas, por volta de 1393. Essas medidas foram reunidas nas 
chamadas Ordenações Afonsinas, que estavam em vigor na época do descobrimento do 
Brasil e introduzidas – aquelas que de fato atendiam aos interesses da Coroa portuguesa 
– na colônia (BORGES, REZENDE E PEREIRA, 2009).
12
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
As ordenações Manuelinas, editadas em 1521, também possuíam normas de caráter 
ambiental, como a caça de alguns tipos de animais com instrumentos entendidos como 
cruéis, e a proibição da comercialização de colmeias sem preservar as abelhas. O corte de 
algumas árvores frutíferas (com valor econômico alto) teria como punição a extradição 
do degradado para o Brasil. 
Durante o período que o Brasil passou para o domínio espanhol, as Ordenações Filipinas 
indicaram uma preocupação maior com as águas, proibindo o despejo de materiais que 
pudessem matar os peixes em rios e lagos (NAZO; MUKAI, 2001).
É importante lembrar que a abundância de recursos naturais – especialmente florestais 
- do Brasil colônia tinham grande importância estratégica para Portugal, em fase de 
plena expansão de navegação, que demandavam grandes quantidades de madeira para 
a construção das embarcações, enquanto estes recursos já apresentavam escassez no 
país europeu.
À medida que a exploração florestal ao longo da costa foi tornando-se cada vez mais 
escassa, foi necessária a exploração das florestas mais interiores, com determinações 
específicas para corte e comercialização da madeira, e o descumprimento destas 
resultavam em altas penas e multas.
“Madeira de Lei”
Essa expressão, que hoje usamos para identificar as madeiras resistentes e de 
valor comercial alto, como o mogno, cedro etc., surgiu no período colonial 
quando os portugueses a criaram para designar as madeiras que só podiam ser 
derrubadas se a Coroa portuguesa autorizasse, ou seja, o corte dependia de uma 
permissão por lei. 
13
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
Figura 1. Diversas são as representações da exploração do Pau-Brasil, primeira madeira considerada 
“de lei” do Brasil. 
Fonte: (COSTA, 2017). 
O pau-brasil foi a primeira madeira classificada de lei, para impedir que esta fosse 
contrabandeada pelos espanhóis, franceses ou ingleses que aportavam na costa 
do nosso país (MUNDO ESTRANHO, 2011).
A conservação das florestas ao longo da costa brasileira foi determinada em 1800, 
com a promulgação de uma Carta Régia, que incluía patrulhas para a fiscalização da 
atividade de exploração de madeira. Em 1802, surgiram as primeiras instruções que 
recomendavam o reflorestamento de partes da costa brasileira já muito devastada, 
especialmente no entorno das cidades que estavam em crescimento. 
Um marco significativo em todo o desenvolvimento das leis – ambientais ou não - foi 
a chegada da família real ao Brasil em 1808. A criação do Jardim Botânico do Rio de 
Janeiro, em 1811, é um exemplo do período, ainda que sua função não possuía interesse 
de conservação, apenas o estudo da flora brasileira com interesses econômicos. 
(KENGEN, 2001 in BORGES, REZENDE E PEREIRA, 2009). Ainda assim, a criação 
do Jardim Botânico foi um ato relevante para a evolução das discussões relativas à 
legislação ambiental no país, sendo considerado o primeiro passo para a regulamentação 
das áreas protegidas, até chegarmos no que hoje é o Sistema Nacional de Unidades de 
Conservação– SNUC, que veremos adiante.
Em 1821, a primeira legislação sobre o uso da terra foi promulgada, na qual previa a 
manutenção de reservas florestais na sexta parte das áreas vendidas ou doadas, para 
preservar as madeiras existentes. Essa iniciativa é também precursora de leis atuais, 
14
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
como as chamadas Reservas Legais de propriedades rurais, previstas no Código 
Florestal Brasileiro, que veremos adiante.
Com a extinção do monopólio imperial sobre o pau-brasil em 1831, aliado ao intenso 
crescimento da agricultura e ao estímulo à ocupação do território brasileiro, o período 
foi de pouca preocupação ambiental, com leis mais brandas, até a criação do primeiro 
Código Florestal, em 1934, já no Estado Novo. O destaque desse Código foi a classificação 
das florestas em protetoras, remanescentes, modelo e de rendimento. As florestas 
consideradas protetoras conservavam as águas, evitavam a erosão e abrigavam a fauna, 
além de proteger fronteiras do país. As florestas remanescentes eram destinadas à 
conservação, enquanto as florestas modelo eram plantadas (com espécies nativas ou 
exóticas). As florestas de rendimento eram aquelas em que era permitida a exploração 
intensa de seus recursos.
No mesmo ano foi criado o Código de Caça e Pesca, que disciplinou o uso de equipamentos, 
tornou obrigatório o uso de licenças para caça e pesca e proibiu a caça de alguns animais 
úteis à agricultura. O Código das Águas (também criado em 1934) estabeleceu, pela 
primeira vez, regras para o uso particular das águas e geração de energia. O surgimento 
dessas leis, bem como da Constituição de 1934, embora com uma visão utilitarista dos 
recursos naturais, impulsionaram o desenvolvimento do que é a legislação ambiental 
brasileira atualmente (HENDGES, 2016).
A década de 1930 marcou também a criação do primeiro Parque Nacional do país, 
localizado em Itatiaia – RJ. (BORGES, REZENDE E PEREIRA, 2009). Deste período 
até a década de 1960, foram criados mais de 14 Parques Nacionais.
Em 1965, foi criado um novo Código Florestal, Lei no 4.771/1965, que substituiu o 
anterior de 1934 e trouxe as florestas como bem comum a toda a população. Além 
disso, definiu duas linhas políticas aos recursos florestais: uma de proteção, criando as 
Áreas de Preservação Permanente (APP), Reservas Legais e áreas de uso indireto, como 
parques; outra linha, de conservação, por meio do uso racional e exploração de florestas 
nativas, uso múltiplo de áreas e “permitindo ao Estado uma interferência direta no 
uso das florestas particulares quando necessária à defesa de interesses coletivos” 
(HENDGES, 2016).
Em 1967, foi criado o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF, o que 
depois se tornaria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis – IBAMA, que falaremos adiante.
A década de 1970 foi marcada, no Brasil e no mundo, pelo início das discussões 
ambientalistas, como uma reação ao choque do petróleo e do crescimento urbano e 
15
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
industrial sem controle. O Brasil estava em pleno “milagre econômico” e indiferente a 
este levante ambiental mundial. A criação dos Planos Nacionais de Desenvolvimento 
durante o período militar brasileiro foi desastrosa para o meio ambiente, sendo os 
incentivos dados ao governo para a exploração das terras do país os piores possíveis, 
causando a destruição em massa dos recursos naturais.
Na Conferência de Estocolmo – que veremos mais detalhadamente adiante – em 
1972, enquanto o mundo buscava formas de frear esse crescimento argumentando 
que o planeta não poderia reagir à essa velocidade de degradação, o Brasil defendeu 
o crescimento a qualquer custo, como forma de superar o subdesenvolvimento. 
Segundo Borges, Rezende e Pereira (2009), “A Delegação Brasileira na Conferência de 
Estocolmo declara que o país está aberto à poluição, porque o que precisa é dólares, 
desenvolvimento e empregos” (MEDINA, 2009).
Apesar disso, ocorreram ações no país como um reflexo das novas discussões e 
preocupações ambientais do mundo. Em 1973 foi criada a Secretaria Especial do Meio 
Ambiente – SEMA, para trabalhar em parceria com o IBDF. Em 1981, também como 
resultado dessa nova tendência, foi criada a Política Nacional de Meio Ambiente, Lei 
no 6.938/1981, o primeiro grande marco da legislação ambiental do país. O segundo 
grande marco foi a criação da Lei nº 7.347/1985 da Ação Civil Pública, onde enfim os 
danos ao meio ambiente poderiam efetivamente chegar ao Poder Judiciário (GODOY; 
FACIO, 2013).
A redemocratização do país trouxe uma nova Constituição em 1988, terceiro grande 
marco, que refletiu, de certa forma, nas influências de movimentos sociais e ambientais 
do mundo, para que fossem incluídos princípios relativos ao tema, especialmente 
baseados nos conceitos de desenvolvimento sustentável surgido no documento da 
ONU, intitulado Nosso Futuro Comum – Relatório Brundtland, criado em 1987. Como 
resultado, o artigo 225 da Constituição é totalmente dedicado ao meio ambiente, 
dispondo que ““Todos tem direito ao meio ambiente equilibrado, bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade 
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (HENDGES, 
2016).
O quarto importante marco da legislação ambiental ocorreu com a criação da Lei no 
9.605/1998 – Lei de Crimes Ambientais, que incluiu sanções penais às atividades 
prejudiciais ao meio ambiente.
A constituição e seus dispositivos legais trouxeram consigo um conjunto de leis que 
consolidaram definitivamente a legislação ambiental brasileira como sendo uma das 
mais avançadas e completas do mundo. Embora não haja confluência entre as leis e o 
16
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
que de fato é praticado em grande parte dos setores – privados ou públicos – devemos 
considerar os avanços significativos destas normatizações.
É importante lembrar que, apesar de haver uma certa ordem cronológica nos fatos, a 
legislação ambiental é marcada ora por avanços, ora por retrocessos, uma vez que ela 
sempre está vinculada aos interesses dos governantes, ao grau de impacto das ações 
e às discussões sobre meio ambiente do respectivo período (BORGES, REZENDE E 
PEREIRA, 2009).
O autor Neder (2002) traçou, em um quadro, três dos principais momentos políticos/
legais do país e os comparou em relação à situação da questão ambiental no âmbito 
jurídico institucional. Esse quadro é uma síntese de muitos assuntos que vocês já viram 
até agora e que vão ainda ver nesse material, portanto, veja atentamente todo o processo 
histórico da questão ambiental do Brasil para entender onde estamos atualmente na 
questão.
Quadro 1. Momentos históricos do Brasil e a questão ambiental. 
Período militar
Assembleia Constituinte 
até 1998
1998-atual
Percepção dos problemas 
ambientais
 » - Problemas vistos como 
pontuais;
 » - Poluição nas grandes cidades;
 » - Necessidade de criação de 
Unidades de Conservação sem 
a presença humana.
 » - A partir de Bruntdland, 
problemas são vistos como 
globais;
 » - Desmatamento na Amazônia e 
perda da biodiversidade;
 » - Visão socioambiental- homem 
inserido no meio ambiente.
- Aquecimento global e perda 
de habitats;
- Economia ambiental- valoração 
econômica dos recursos naturais.
Cenário político-econômico-social
 » - Governo autoritário, com 
pouca / nenhuma participação 
popular;
 » - Maioria da população sem 
acesso a bens de consumo;
 » - Início do movimento 
ambientalista, ainda com visão 
romântica e separação homem-
natureza.
 » - Clube de Roma / Conferência 
de Estocolmo.
 » - Democratização, com maior 
participação popular;
 » - Multiplicação de ONGs 
socioambientalistas;
 » - Transição entre crise e 
estabilidade econômica;
 » - Brundtland- Nosso Futuro 
Comum, surgimento do 
conceito de Desenvolvimento 
Sustentável e Rio-92.
 » - Estabilidade e crescimento 
econômico;
 » - Ascensão de grande parte da 
populaçãoe acesso a bens de 
consumo;
 » - Grandes obras de infraestrutura;
 » - Expansão do agronegócio e 
exploração de petróleo e energias 
limpas;
 » -Kyoto, Rio + 10, Rio +20; 
Acordo de Paris.
Principais legislações ligadas ao 
licenciamento ambiental
 » - Política Nacional do Meio 
Ambiente e Res. CONAMA 
01/86
 » - Resolução CONAMA 237/97 
e Lei de Crimes Ambientais.
 » - Novo Código Florestal (2012), 
Lei Complementar 140.
Dinâmica das instituições
 » - Criação da SEMA, ligada ao 
ministério do Interior.
 » - Criação do IBAMA, com a 
junção da SEMA, IBDF, SUDEPE 
e SUDHEVEA;
 » - Criação do MMA 
posteriormente à criação do 
IBAMA.
 » - Descentralização da gestão 
ambiental;
 » - Divisão do IBAMA, com a criação 
do ICMBio, ANA etc.
 
Fonte: Adaptado de Neder (2002). 
17
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
Conforme podemos observar no quadro, nos três contextos históricos distintos, a 
questão ambiental tem um papel importante na transformação social – e vice-versa – 
uma vez que as tendências de novas ideologias e avanços sociais também refletiram no 
papel e importância na qual o meio ambiente assume perante a sociedade.
Cabe destacar nessa evolução o papel do componente humano nas relações com o meio 
ambiente. Se antes, até o período militar, o ser humano é visto como um elemento 
perturbador das condições ambientais e da preservação do ecossistema, essa visão vai 
mudando após a década de 1970, a partir das novas discussões sobre o desenvolvimento 
sustentável, no qual engloba o ser humano como elemento que compõe, de alguma 
forma, esse meio ambiente e, portanto, é responsável por ele – também para sua 
preservação.
É importante lembrarmos o contexto no qual algumas das leis ambientais foram 
desenvolvidas – e vigentes até hoje – inclusive para notar que estas foram escritas sob 
outro viés de pensamento, trazendo o homem como agente de destruição e não um 
elemento de composição do meio ambiente, por exemplo. 
Outra questão importante que se alterou ao longo do processo histórico são as 
instituições públicas. Durante o período ditatorial, uma das principais características 
era a centralização do poder público, e isso também ocorria com as instituições de 
gestão ambiental. E esse processo mudou ao longo dos anos, com a tendência atual de 
descentralização dos serviços, o que atualmente ocorre. Ainda que, atualmente, essa 
descentralização compromete grande parte dos serviços – e não somente os ligados à 
gestão ambiental - pela falta de estruturação das instituições municipais, por exemplo, 
essa tendência é global e, quando realizada de forma estruturada, com diálogo entre 
as estruturas das demais esferas do governo, é uma transformação positiva da gestão 
pública.
18
CAPÍTULO 2
Mudanças e avanços na Legislação 
Ambiental Brasileira
Quando pensamos no Brasil, é possível entender porque não é tão simples assim a 
questão ambiental. Um país quase com o tamanho de um continente, com a quinta 
maior nação do mundo, em um território que recobre cerca de 5,6% de toda a superfície 
terrestre do planeta, possuindo grande quantidade de água doce (cerca de 12% das 
reservas globais), além de uma grande biodiversidade de animais e espécies vegetais 
em um local de relevo e clima favoráveis (LOPES, 2017).
O país, conforme já dissemos anteriormente, criou muitas de suas leis ambientais de 
forma precursora, antes mesmo do auge das discussões mundiais sobre o tema. Isso 
permitiu, de certa forma, que tais leis fossem evoluindo ao longo dos anos, ora acolhendo 
temas antes não discutidos, ora adaptando-se às novas realidades existentes no país.
Embora, muitas vezes, tais leis são consideradas falhas, injustas ou até mesmo rigorosas 
excessivamente, podemos afirmar que essa precocidade em desenvolver meios que 
assegurassem (mesmo que inicialmente por interesses econômicos) a conservação 
e regulassem o uso dos recursos naturais do país fizeram do Brasil um dos países 
considerados mais avançados em termos de leis ambientais propriamente ditas. 
Para compreender esses avanços e/ou mudanças nas principais leis, vamos descrever 
as leis básicas e suas mudanças principais.
Código Florestal
Assim como a Constituição Federal, a denominação Código Florestal era inédita quando 
foi promulgada, em 1934, por Getúlio Vargas, por meio do Decreto no 23.793/1934, com 
o objetivo de refletir as preocupações do período e de normatizar o uso das florestas, 
reconhecendo-as como de interesse social comum ao povo brasileiro. 
O Código Florestal surgiu no contexto do avanço industrial do país, que precisava se 
recuperar dos reflexos da crise mundial de 1929, quando houve a queda da bolsa de 
Nova Iorque. O Brasil, que tinha no café seu principal produto, precisava diversificar 
sua economia e passou a investir na indústria de base, como as metalúrgicas e as 
siderúrgicas, que necessitavam de investimentos em mineradoras e madeireiras para 
19
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
o fornecimento de matérias-primas. Neste sentido, era necessário regulamentar a 
extração destes recursos para que não se esgotassem (SANTOS FILHO, 2015).
Destaca-se entre as diretrizes deste Código que “Nenhum proprietário de terras 
cobertas de matas poderá abater mais de três quartas partes da vegetação existente 
[...]” (Decreto Federal 23.793/1934, Art. 23). Além disso, definiu o conceito de florestas 
protetoras que, “apesar de similar ao conceito das áreas de preservação permanente 
(APP), não previa as distâncias a serem preservadas” (PRAES, 2015).
Conforme dito anteriormente, as florestas foram, neste Código de 1934, classificadas 
em 4 tipos: protetoras, remanescentes, modelo, e de rendimento (BRASIL, 1934).
As florestas protetoras (art.4°) seriam as que tinham como fins:
 » Conservar o regime das águas. 
 » Evitar a erosão das terras pela ação dos agentes naturais. 
 » Fixar dunas. 
 » Auxiliar a defesa das fronteiras, de modo julgado necessário pelas 
autoridades militares. 
 » Assegurar condições de salubridade pública. 
 » Proteger sítios que por sua beleza mereçam ser conservados. 
 » Asilar espécimes raras da fauna indígena. 
As chamadas floretas remanescentes (art.5°) seriam as de características:
 » Que formarem os parques nacionais, estaduais ou municipais. 
 » Em que abundarem ou se cultivarem espécimes preciosas, cuja 
conservação se considerar necessária por motivo biológico ou estético. 
 » Que o poder público reservar para pequenos parques ou bosques, de gozo 
público.
As florestas tidas como modelo (art.6°) seriam as artificiais, ou seja, plantadas com 
vegetação nativa ou exótica, mas a lei não se atém a muitos critérios ou descrições em 
relação ao procedimento de plantio ou bioma, ou qualquer outro detalhe necessário 
para o manejo adequado da floresta. As demais florestas, que não se enquadravam 
nestas categorias descritas, eram consideradas florestas de rendimento. 
20
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Outro destaque relevante deste Código Florestal de 1934 foi a criação do Fundo Florestal 
(art.98°), onde determinada que os recursos oriundos de contribuições das empresas, 
companhias, institutos ou doações de particulares interessados na conservação das 
florestas seria administrado pelo Ministério da Agricultura.
Apesar de precursora, obviamente que essa lei apresentava limitações e falhas – como a 
questão da fiscalização pouco detalhada destas áreas a serem preservadas – e, por isso, 
esta sofreu alterações ao longo das décadas seguintes até a década de 1960, quando 
o aumento das discussões e movimentos ambientalistas em todo mundo refletiu na 
criação de um novo Código Florestal.
Assim, foi promulgada a Lei no 4.771/1965, refletindo à época a política intervencionista 
da ditadura militar sobre as propriedades rurais, com destaque para a criação das 
chamadas Reservas Legais e Áreas de Preservação Permanente (APP’s), e o proprietário 
rural deve, a partir disso, preservar tais áreas estando sujeito às sanções e à recomposição 
de tais áreas.
ReservaLegal
A Reserva Legal é uma área dentro de cada propriedade com vegetação preservada, 
podendo ser explorada economicamente somente de forma sustentável, ou seja, com a 
conservação desta flora e também da fauna existente. 
O Código Florestal de 1965 definiu como limites para a Reserva Legal 50% da área da 
propriedade localizada na floresta Amazônica e 20% para as demais regiões do país, 
limitando o uso do solo e a exploração da vegetação natural existentes na propriedade. 
Posteriormente, com a Medida Provisória no 216/67 (art. 16o), estes limites foram 
aumentados para 80% de reserva legal para florestas da Amazônia, 35% para o Cerrado 
da Amazônia e 20% para as demais regiões do país.
Área de Preservação Permanente (APP)
Conforme o Art 2o, eram consideradas Áreas de Preservação Permanente as florestas ou 
formas de vegetação situadas:
“a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d’água, em faixa 
marginal cuja largura mínima será:
1- de 5 (cinco) metros para os rios de menos de 10 (dez) metros de 
largura:
21
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
2- igual à metade da largura dos cursos que meçam de 10 (dez) a 200 
(duzentos) metros de distância entre as margens;
3- de 100 (cem) metros para todos os cursos cuja largura seja superior 
a 200 (duzentos) metros.
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou 
artificiais;
c) nas nascentes, mesmo nos chamados “olhos d’água”, seja qual for a 
sua situação topográfica;
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;
e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, 
equivalente a 100% na linha de maior declive;
f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas;
h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, nos campos 
naturais ou artificiais, as florestas nativas e as vegetações campestres.
Figura 2. Limites definidos para APP’s no Código Florestal de 1965. 
Fonte: <https://www.senado.gov.br/NOTICIAS/JORNAL/EMDISCUSSAO/upload/201105%20-%20dezembro/ed09_imgs/ed09_p56_info.jpg>
Em 1986, a Lei nº 7.511 alterou os limites de APP, com um significativo aumento destas:
1. de 30 (trinta) metros para os rios de menos de 10 (dez) metros de 
largura;
2. de 50 (cinquenta) metros para os cursos d’água que tenham de 10 
(dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;
22
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
3. de 100 (cem) metros para os cursos d’água que meçam entre 50 
(cinquenta) e 100 (cem) metros de largura;
4. de 150 (cento e cinquenta) metros para os cursos d’água que possuam 
entre 100 (cem) e 200 (duzentos) metros de largura; igual à distância 
entre as margens para os cursos d’água com largura superior a 200 
(duzentos) metros (Brasil, 1986).
Figura 3. Limites estabelecidos pela Lei 7.511/1986 para as APP’s. As alterações dessa lei tornaram irregulares os 
imóveis que obedeciam aos limites antigos das APP’s.
Fonte: <https://www.senado.gov.br/NOTICIAS/JORNAL/EMDISCUSSAO/upload/201105%20-%20dezembro/ed09_imgs/ed09_p56_
info.jpg>
As mudanças ocorridas em 1986, por meio desta lei, tinham influência significativa das 
novas discussões sobre o meio ambiente e o uso dos recursos naturais, cada vez mais 
latente em todo o mundo e não sendo diferente no Brasil. 
Em 1989, a Lei no 7.803 incluiu um parágrafo ao art. 2º do Código Florestal vigente 
que incluiu como APP também as áreas urbanas que se enquadrariam nas descrições 
da lei, que até então só se referia às áreas rurais quando tratava das APP’s, sempre 
observando os Planos Diretores Municipais e leis de Uso do Solo para definir os limites 
destas APP’s.
23
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
Figura 4. A Lei 7.803/1989 definiu a medição da APP a partir da margem dos cursos d’água na época das cheias. 
Fonte: <https://www.senado.gov.br/NOTICIAS/JORNAL/EMDISCUSSAO/upload/201105%20-%20dezembro/ed09_imgs/ed09_p56_
info.jpg>
O país, por deter grandes áreas de florestas e uma abundância de recursos como água 
e minerais, estava na mira dessas novas discussões mundiais e, não à toa, foi sede da 
Conferência Rio-92, organizada pela ONU e considerada um marco para a evolução da 
temática ambiental e popularização do tema, especialmente para o Brasil. 
Apesar disso, a prática estava cada vez mais distante das teorias de preservação e os 
anos seguintes registraram um intenso aumento do desmatamento da Amazônia. 
Para tentar conter essas ações, o governo do período promoveu a modificação da Lei 
4.771/1965, através da Medida Provisória de nº 2.166, sendo esta medida reeditada 67 
vezes até o ano de 2001 (PRAES, 2015).
Em 2000, a Medida Provisória no 1956 trouxe outra novidade para a classificação de 
APP’s. Em seu texto, havia a indicação de que não seria necessária a presença de mata 
nativa para ser considerada área de APP, incluindo no art.1o do Código Florestal o 
parágrafo:
“Art. 1º; Parágrafo 2º. Para os efeitos deste Código, entende-se por:
II – área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2º 
e 3º desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental 
de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a 
24
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o 
bem-estar das populações humanas”. 
Uma das principais ações para coibir esse desmatamento foi o surgimento da Lei de 
Crimes ambientais nº 6.905/1998, que previa severas sanções para os desmatadores. 
Falaremos mais adiante sobre essa lei.
Novo Código Florestal Brasileiro - Lei 12.651/2012
Em 2009, iniciou-se a revisão do Código Florestal, por uma bancada de deputados 
composta, em grande parte, pelos chamados “ruralistas”, ou seja, deputados que 
possuíam alguma relação com terras – especialmente na Amazônia – sendo muitos 
donos de grandes propriedades e latifúndios, o que pautava o teor das discussões acerca 
da revisão do Código Florestal, gerando polêmicas especialmente com ambientalistas 
que alegavam que a revisão da lei favorecia à toda classe de grandes produtores rurais, 
pecuaristas e latifundiários. 
A comunidade científica, além dos ambientalistas, também criticou duramente as 
diversas modificações da lei, afirmando que as propostas seriam um retrocesso 
na preservação ambiental. Até que em abril de 2012 o texto final foi aprovado e foi 
publicada a Lei 12.651/2012, após mais de 10 vetos e 30 modificações no texto proposto 
inicialmente. Algumas regulamentações foram dadas pelo Decreto no 7.830/2012. 
Mas quais as polêmicas em relação à essa lei?
Vamos destacar as principais alterações da lei de 2012 em relação ao Código Florestal 
de 1965:
 » Permissão de uso nas APP’s: admite-se o plantio de culturas temporárias 
e sazonais de vazante de ciclo curto na faixa de terra exposta no período 
de vazante dos rios e lagos – desde que não haja novas supressões de 
vegetação nativa – para as pequenas propriedades exploradas por 
empreendedores familiares rurais, incluindo assentamentos e projetos 
de reforma agrária (Art. 4o, § 5o).
 » Permissão para a prática de aquicultura e infraestrutura ligada à tal prática 
nas APP’s dos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais desde 
que estejam regulares com os Planos de Bacia, não necessite de novas 
supressões de vegetação nativa, tenha regulamentado o licenciamento 
ambiental competente e esteja inscrito no CAR.
25
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
 » Permissão para incluir as APP’s no cálculo de Reserva Legal das 
propriedades, desde que a área esteja em recuperação ou conservada e 
incluída no CAR (Art. 15), o que pode diminuir as áreas totais protegidas.
 » Possibilidade de realizar recomposição de Reserva Legal com espécies 
exóticas (Art 66), o que pode comprometer a biodiversidade natural do 
ambiente.
 » Compensação da Reserva Legal em outra área: permissão para instituir 
RL em regime de condomínio ou coletiva, entre diversas propriedades, 
respeitando o percentual previsto. Embora hajaa obrigatoriedade desta 
compensação ser no mesmo bioma da RL original, pode-se perder a 
identidade ecológica e as características especificas do local que deveria 
ser recomposto.
 » Anistia de multas para alguns casos em que produtores/proprietários 
tenham desmatado áreas protegidas até 22 de junho de 2008, com a 
obrigação de recomposição parcial da área desmatada. Embora haja 
essa obrigação, os ambientalistas criticam essa alteração da lei por abrir 
brechas jurídicas e precedentes que incentivem o desmatamento.
Afinal, por que a data de 22 de julho de 
2008?
Nessa data foi publicado o Decreto no 6.514, que trata sobre as infrações e 
sanções administrativas ao meio ambiente. 
A lógica do Novo Código Florestal é de que quem cometeu infrações até essa 
data, não poderá ser punido pois não havia leis competentes para tais sanções 
anteriormente.
 » Cota de Reserva Ambiental (CRA) é um mecanismo proposto pela nova 
lei para que seja criado um mercado de negociação de áreas excedentes 
de Reserva Legal de uma propriedade para que outro produtor que tenha 
reserva insuficiente a utilize, como um título, negociável, inclusive, 
na Bolsa de Valores. Entretanto, na prática, ainda não há iniciativas 
existentes dessa prática (ORENSTEIN, 2017).
 » Possibilidade de redução da Reserva legal na Amazônia, pois embora a lei 
tenha mantido o valor de 80% de RL nesse bioma, este pode ser reduzido 
a até 50% caso haja autorização dos órgãos competentes.
26
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
 » As APP’s, que antes eram medidas a partir do leito maior dos rios, 
passaram a ser medidas a partir do leito regular, ou seja, pode haver uma 
diminuição do leito e, consequentemente, da APP deste.
Resumindo as APP’s (REINIS, 2016):
 » Até 1965, não existiam as Áreas de Preservação Permanente, sendo 
que as áreas na beira dos cursos d’água com vegetação nativa podiam 
livremente ser suprimidas. 
 » Entre a criação da Lei no4.771/1965 até a Lei no7.511/1986, os 
proprietários de terrenos em áreas rurais que tivessem áreas nativas 
no entorno dos rios e cursos d’água tinham a obrigação de preservá-
los nos 5 metros do entorno da margem, mas isso só era obrigatório 
para áreas rurais. 
 » A partir da criação desta lei, em 1986, os proprietários de terras em 
áreas rurais com vegetação nativa no entorno dos cursos d’água 
passaram a ser obrigados a preservar 30 m da margem, enquanto nas 
áreas urbanas surgiu a restrição de acordo com as leis de parcelamento 
de solo específicas. 
 » Em 1989, a criação da Lei no 7.803 fez com que as leis municipais e 
seus Planos Diretores passassem a obedecer os limites e princípios do 
Código Florestal, ou seja, nas áreas urbanas, os limites de preservação 
para as margens no entorno de rios e cursos d’água também passaram 
para 30 metros. 
 » Em 2000, com a Medida Provisória no1956, passou a ser necessária 
a preservação de qualquer área no entorno dos cursos d’água, não 
necessariamente as áreas de vegetação nativa, mas qualquer área que 
se enquadre nesse entorno. 
 » Com a criação do novo Código Florestal em 2012, excluíram-se 
os cursos d’água efêmeros das APP’s, bem como foi liberado às 
pequenas propriedades o plantio de culturas temporárias e sazonais 
de ciclo curto em áreas de vazantes (§ 5o), e a prática da aquicultura 
ara imóveis com até 15 módulos fiscais (§ 6o), desde que nada disso 
decorra à necessidade de supressão de vegetação, seja realizado o 
27
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
licenciamento ambiental (no caso da aquicultura) e a propriedade 
tenha Cadastro Ambiental Rural – CAR.
Cadastro Ambiental Rural – CAR
Uma das inovações consideradas positivas pela nova lei é a criação do Cadastro 
Ambiental Rural (CAR), para que – teoricamente – os órgãos ambientais conheçam a 
localização de cada imóvel rural e sua situação ambiental. 
O CAR é um sistema nacional virtual que reúne informações de todas as propriedades 
rurais, com nome do proprietário ou possuidor da terra, a planta georreferenciada do 
perímetro do imóvel, informações sobre a APP, Reservas Legais e/ou Áreas de Uso 
Restrito deste. Todas essas informações vão para o chamado Sistema de Cadastro 
Ambiental Rural (SICAR), dentro do chamado Sistema Nacional de Informação sobre 
Meio Ambiente (SINIMA). Esse cadastro é obrigatório conforme a lei, sendo critério 
determinante para possibilitar a aquisição de créditos agrícolas, por exemplo. 
O principal objetivo do CAR é compor uma base de dados para o controle, monitoramento, 
planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.
Após a inscrição no CAR, os proprietários ou possuidores de imóveis rurais com passivos 
ambientais (especialmente ligados à supressão de vegetação nativa) ocorridos até 22 de 
julho de 2008 em áreas de APP, de Reserva Legal ou de Uso Restrito podem solicitar 
adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) do respectivo Estado.
O PRA é mais uma das novidades do novo Código Florestal, para que os Estados orientem 
os produtores rurais na implementação de ações para a recomposição das áreas com 
passivos ambientais nas suas propriedades, seja em APP’s ou Reserva Legal. O PRA 
dará os procedimentos para recuperação, recomposição, regeneração ou compensação 
(este último para as RL’s suprimidas até a data).
Passivos ambientais são as obrigações – voluntárias ou involuntárias – de 
preservação, recuperação e/ou proteção do meio ambiente pela qual empresas 
ou particulares são responsáveis.
O Programa de Regularização Ambiental – PRA foi previsto em lei para agregar as 
ações para a regularização ambiental das propriedades, sendo sua adesão obrigatória 
para os inscritos no CAR. Para isso, o proprietário ou responsável pelo imóvel rural 
assina um Termo de Compromisso para recompor, manter ou recuperar as áreas 
degradadas nas suas APP’s, Reservas Legais e Uso Restrito. A partir da assinatura do 
Termo de Compromisso serão suspensas as sanções decorrentes das infrações relativas 
28
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
à supressão irregular de vegetação em Áreas de Preservação Permanente, de Reserva 
Legal e de Áreas de Uso Restrito cometidas antes de 22/07/2008, nas denominadas 
“áreas rurais consolidadas”, ou seja, com ocupação antrópica onde deveria haver área 
preservada conforme a lei. Essa medida é muito questionada pelos ambientalistas, pois 
é considerada uma anistia aos que devastaram áreas protegidas por lei até esta data. 
Neste sentido, as pequenas propriedades são favorecidas, uma vez que há na lei regras 
diferenciadas para as propriedades com até 4 módulos fiscais para a regularização da 
Reserva Legal. 
As discussões acerca do chamado Novo Código Florestal envolvem os chamados 
ruralistas, acadêmicos e ambientalistas que divergem de opinião sobre a 
revisão do texto original. Enquanto ruralistas afirmavam que o antigo Código 
Florestal impedia o desenvolvimento econômico da agropecuária, acadêmicos e 
ambientalistas concordavam em afirmar que não havia embasamento e estudos 
para as novas determinações do Código. O fato é que conciliar interesses 
sociais, econômicos e ambientais em uma lei que promova, ao mesmo tempo, 
a conservação dos recursos naturais e o desenvolvimento econômico da 
agropecuária.
Para os chamados ruralistas, é necessário expandir as fronteiras agrícolas para o 
aumento da produção, o que era dificultado pelo Código Florestal anterior; para 
os acadêmicos, é importante desenvolver a agricultura, mas essas mudanças 
devem ser embasadas pela ciência; para os ambientalistas, a facilidade para 
desmatar que as leis trazem provocam desequilíbrio ecológico, o que prejudica 
inclusive a agricultura (PRAES, 2015).
De fato, algumas pesquisas afirmam que as terras já existentes para a produção 
agropecuária poderiam ser suficientes para dobrar a produção, apenas com o 
melhoramento e desenvolvimento de tecnologias para tal (SPAROVEK et al. 2011 
em PRAES, 2015).
Embora houve consenso na revisão do Código Florestal de 1965, os divergentesinteresses dificultaram na reformulação do texto final do novo Código Florestal. 
Essas divergências prejudicam a busca por um real desenvolvimento sustentável 
do país. 
É preciso fazer uma análise crítica sobre o tema e não estar somente de um 
lado, mas realizar uma reflexão do que podemos fazer para compatibilizar o 
desenvolvimento do setor agropecuário com a sustentabilidade ambiental. Esse 
é o desafio às próximas gerações.
29
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
Para esclarecer melhor todos os itens do chamado Novo Código Florestal, o CI 
Florestas ilustrou as mudanças e os conceitos da lei. Acesse:
<http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/index.html>
Lei das águas à Política Nacional de Recursos 
Hídricos
O crescimento da população aliado ao uso intenso de recursos hídricos em atividades 
como a agricultura e indústria – para suprir as necessidades desta população em 
crescimento – fez com que as águas fossem utilizadas ao longo da história de forma 
deliberada, tanto para o abastecimento quanto para a diluição de efluentes, irrigação e 
produção industrial. Isso ocorreu em todo o mundo, em períodos distintos da evolução 
de cada região.
O Brasil, por apresentar dimensões de um continente e uma grande abundância de 
recursos hídricos, precisou dar a devida importância para estes na construção de 
medidas com a finalidade de normatizar o uso destas. 
A primeira lei que buscou isso foi o “Código de Águas”, Decreto nº 24.643, de 10 de 
julho de 1934, criada por Getúlio Vargas. O decreto fala dos tipos de água (públicas, 
comuns e particulares), das desapropriações caso sejam necessárias para o bem do 
aproveitamento da água, das concessões, autorizações e penalidades, bem como do uso 
para aproveitamento de energia hidráulica.
Sobre as penalidades, o decreto prevê que quem poluísse as águas, ainda que as 
particulares, poderia ter responsabilidades criminais, no entanto, não dá maiores 
detalhes sobre quais responsabilidades seriam estas, além da recuperação das águas:
Art. 109. A ninguém é lícito conspurcar ou contaminar as águas que não 
consome, com prejuízo de terceiros.
Art. 110. Os trabalhos para a salubridade das águas serão executados à 
custa dos infratores, que, além da responsabilidade criminal, se houver, 
responderão pelas perdas e danos que causarem e pelas multas que lhes 
forem impostas nos regulamentos administrativo.
Art. 111. Se os interesses relevantes da agricultura ou da indústria o 
exigirem, e mediante expressa autorização administrativa, as águas 
poderão ser inquinadas, mas os agricultores ou industriais deverão 
providenciar para que as se purifiquem, por qualquer processo, ou 
sigam o seu esgoto natural (BRASIL, 1934).
http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/index.html
30
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
O Código das Águas foi a lei mais importante para normatizar o uso das águas até a 
Constituição Federal de 1988, quando foi extinto o domínio privado das águas, passando 
a ser de domínio público todo o tipo de água, desde a subterrânea até a superficial, 
as nascentes, etc. Desde 1988, portanto, as águas podem ser consideradas (BORGES; 
REZENDE e PEREIRA, 2009):
 » Domínio da União: rios e lagos que banhem mais de uma unidade 
federada, ou que sirvam de fronteira entre essas unidades, ou entre o 
território do Brasil e o país vizinho ou deste provenham ou para o mesmo 
se estendam;
 » Domínio dos estados, para suas águas superficiais ou subterrâneas, 
fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso as decorrentes 
de obras da União.
Em 1997 foi criada a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH pela Lei no 
9.433/1997, lei que objetivava modernizar as normas para o uso das águas numa 
perspectiva já voltada à sustentabilidade destes recursos a partir das discussões 
ambientais crescentes no período em todo o mundo. É possível verificar a influência 
destas novas perspectivas ambientais nos objetivos desta lei, em seu art. 2o, onde 
diz “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em 
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos” (BRASIL, 1997).
Enquanto o Decreto de 1934 prioriza o direito da propriedade das águas, a Lei que 
instituiu a PNRH reforça a supremacia do domínio público das águas sobre o privado, 
ou seja, para alguns aproveitamentos e explorações, o interessado precisa seguir os 
termos legais e solicitar autorizações especificas dos órgãos competentes (CAVALCANTI 
e CAVALCANTE, 2016). 
A Lei busca organizar o planejamento e a gestão dos recursos hídricos com a criação de 
diversos instrumentos políticos para o setor:
 » Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh): o 
sistema tem como objetivo implementar a PNRH, coordenando a gestão 
das águas, controlando o uso, a preservação e a recuperação, bem como 
participar do processo de cobrança pelo uso dos recursos hídricos. 
Como partes integrantes do Singreh estão:
 » o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
 » a Agência Nacional de Águas;
31
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
 » os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;
 » os Comitês de Bacia Hidrográfica;
 » os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e 
municipais que estejam relacionados à gestão dos recursos hídricos;
 » as Agências de Água.
Podemos assim dizer que essa lei sustenta-se por dois pilares prioritários: o planejamento 
e aproveitamento de uso e a participação de todos os setores usuários na tomada de 
decisões, visando uma gestão participativa e descentralizada, com a participação do 
Poder Público, dos usuários e das comunidades.
Em 2000, foi criada por lei a Agência Nacional das Águas – ANA, pela Lei no 9.984/00, 
com o objetivo de executar a PNRH. A ANA, enquanto autarquia (ou seja, com autonomia 
administrativa e financeira) é vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, e foi criada 
para viabilizar condições técnicas para a efetivação da Lei das Águas (BORGES; 
REZENDE e PEREIRA, 2009).
A ANA segue, basicamente, quatro linhas de ações (ANA, 2017): 
 » Regulação: regula o acesso e o uso das águas que são de domínio da União, 
os serviços de irrigação e adução, além de emitir e fiscalizar as outorgas 
para o uso de água e também fiscalizar a segurança das barragens.
 » Monitoramento: a ANA é o órgão responsável por acompanhar a situação 
dos níveis, vazões, quantidade de chuva, além de definir as regras para a 
operação dos reservatórios das Usinas Hidrelétricas em parceria com o 
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a fim de regular o uso da 
água represada.
 » Aplicação de lei: é uma das atuações mais importantes da ANA, uma vez 
que auxilia na coordenação e implementação da PNRH, a partir do apoio 
à programas e projetos, articulando com os órgãos estaduais gestores dos 
recursos hídricos e os Comitês de Bacia Hidrográfica.
 » Planejamento: participa da elaboração de estudos como os Planos de 
Bacias hidrográficas, Relatórios Técnicos, entre outros, em parceria com 
outros órgãos públicos ou instituições.
32
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Conheça mais sobre o que a ANA, veja documentos produzidos e mapas dos 
recursos hídricos do Brasil no site: <http://www.ana.gov.br>.
Outra ação legal significativa para normatizar o uso destes recursos hídricos foi a 
criação da Resolução CONAMA n° 357 de 2005, que substituiu a Resolução no 20/1986, 
e classificou e enquadrou as águas, estabelecendo padrões de uso permitidos para cada 
uma destas e para o lançamento de efluentes em cada uma. O novo enquadramento 
surgiu da necessidade de se reformular a antiga classificação, a fim de melhorar as 
condições e padrões de qualidade para atender as necessidades da população.
As principais mudanças entre as duas Resoluções estão relacionadas aos valores de 
concentração máxima de alguns elementos e as condições para a emissão de efluentes, 
além das exigências de toxicidade. Estas exigências foram modernizadas e algumas 
tiveram valores mais restritivos.A Resolução de 2005 manteve a classificação para as águas doces, com as mesmas 5 
classes (CONAMA, 2005): 
- I - classe especial: águas destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção;
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,
c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação 
de proteção integral.
- II - classe 1: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento 
simplificado;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e 
mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000;
d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se 
desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção 
de película; e
e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
- III - classe 2: águas que podem ser destinadas:
33
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento 
convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e 
mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000;
d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, 
campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato 
direto; e
e) à aquicultura e à atividade de pesca.
- IV - classe 3: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento 
convencional ou avançado;
b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
c) à pesca amadora;
d) à recreação de contato secundário; e
e) à dessedentação de animais.
- V - classe 4: águas que podem ser destinadas:
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.
Porém, a nova Resolução aumenta o número de classificação das águas salinas e 
salobras, de duas para quatro categorias.
Se compararmos com a resolução CONAMA no 20, a nova Conama no 357 estipula 
padrões mais exigentes que os de Classe 1 para cursos d’água utilizados em pesca ou 
cultivo de organismos de consumo intensivo industrial. 
Além disso, substitui o conceito de emissão de efluentes por limite de concentração 
pelo de fixação de carga poluidora máxima, ou seja, permite levar em conta a real 
capacidade do corpo d’água para receber a descarga diária de efluentes. Essa mudança 
ajuda a diferenciar as emissões para cada rio, curso d’água ou mar, dependendo da sua 
classificação. “Se ele for especial, por exemplo, não admitirá nenhum tipo de emissão. 
Se for classe 1, terá uma exigência maior, que será reduzida progressivamente até 
34
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
chegar na última e mais poluída classificação: no caso de águas doces, classe 4, e de 
águas salinas e salobras, classe 3” (FURTADO, 2005).
Cabe lembrar que ainda em 2000, foi publicada a Resolução CONAMA no 274, sobre a 
balneabilidade das águas doces, salobras e salinas, classificando-as como próprias ou 
impróprias de acordo com os parâmetros estabelecidos. Cabe aos órgãos de controle 
ambiental competentes a aplicação da lei e a divulgação das condições de balneabilidade 
das praias, bem como da fiscalização.
No Estado de São Paulo, por exemplo, quem faz essa análise e determina o parâmetro 
específico de uma praia, por exemplo, é a CETESB - Companhia Ambiental do Estado 
de São Paulo, onde semanalmente são coletadas amostras de água para determinar 
a qualidade para o uso recreativo. Nas praias de todo o litoral do Estado são fixadas 
bandeiras que indicam a qualidade da água amostrada: verde indica uma praia apta 
ao banho, pois a qualidade da água está boa, conforme podemos ver na figura a seguir, 
enquanto a bandeira vermelha indica uma má qualidade das águas, consideradas 
impróprias para banho.
Figura 5. Imagem da bandeira utilizada pela CETESB para indicar a qualidade das águas de uma determinada 
praia.
Fonte: <http://cetesb.sp.gov.br/wp-content/uploads/2017/01/Milion%C3%A1rios-Capa.jpg>
Em 2008, alguns parâmetros da Resolução no 357 foram alterados pela publicação da 
Resolução CONAMA n° 397/2008. No mesmo ano, a Resolução CONAMA no 
396/2008 estabeleceu parâmetros mais específicos de enquadramento para as águas 
subterrâneas, 
Outra Resolução importante foi a CONAMA n° 430, em 13 de maio de 2011, que 
trata das condições, parâmetros, padrões e diretrizes para a gestão do lançamento de 
http://cetesb.sp.gov.br/wp-content/uploads/2017/01/Milion%C3%A1rios-Capa.jpg
35
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
efluentes em corpos d’agua receptores, alterando os conceitos sobre o assunto das 
resoluções anteriores.
Essa Resolução manteve as classificações e enquadramentos de corpos d’água anteriores, 
mas determinou que os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser 
lançados diretamente nos corpos receptores após o tratamento conveniente, segundo 
as orientações legais. Além disso, as disposições dessa norma devem ser seguidas 
quando houver lançamento indireto de efluentes caso o órgão ambiental competente 
não possuir normas específicas sobre isso.
Lei de Crimes Ambientais
A Lei de Crimes Ambientais nº 6.905/1998 surgiu para aprimorar as penalidades 
para quem estivesse em desacordo com as normas existentes para o meio ambiente, 
responsabilizando os infratores na esfera civil e também penal, além de contemplar 
itens sobre a recuperação dos danos causados.
Foi a partir dessa lei que os delitos contra o meio ambiente passaram a ser crimes, 
não somente contravenções penais. A partir disso, as penas ficaram mais severas 
com o intuito de diminuir os delitos que só causavam, no máximo, algumas multas 
anteriormente à lei.
Em 2008, a Lei de Crimes Ambientais foi regulamentada pelo Decreto nº 6.514/2008, 
que exigia inclusive a averbação das áreas de Reserva Legal – já descritas anteriormente 
– sendo que o não cumprimento impediria o proprietário rural de ter alguns benefícios, 
como receber do governo financiamentos rurais, por exemplo. Esse é o decreto que 
“anistia” os proprietários que desmataram áreas de RL até 22 de julho de 2008 de 
sanções segundo o Novo Código Florestal Lei no 12.651/2012.
O Decreto no 9.179, de 23 de outubro de 2017 foi publicado em consonância ao 
novo Código Florestal, alterando parte do decreto citado anteriormente, no que tange 
as infrações e conversões de multas. O Decreto instituiu, para isso, o Programa de 
Conversão de Multas Ambientais, ligado ao SISNAMA. Segundo o art. 140:
“São considerados serviços de preservação, melhoria e recuperação da 
qualidade do meio ambiente, as ações, as atividades e as obras incluídas 
em projetos com, no mínimo, um dos seguintes objetivos:
I - recuperação:
a) de áreas degradadas para conservação da biodiversidade e 
conservação e melhoria da qualidade do meio ambiente;
36
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
b) de processos ecológicos essenciais;
c) de vegetação nativa para proteção; e
d) de áreas de recarga de aquíferos;
II - proteção e manejo de espécies da flora nativa e da fauna silvestre;
III - monitoramento da qualidade do meio ambiente e desenvolvimento 
de indicadores ambientais;
IV - mitigação ou adaptação às mudanças do clima;
V - manutenção de espaços públicos que tenham como objetivo a 
conservação, a proteção e a recuperação de espécies da flora nativa ou 
da fauna silvestre e de áreas verdes urbanas destinadas à proteção dos 
recursos hídricos;
VI - educação ambiental; ou
VII - promoção da regularização fundiária de unidades de conservação.
§ 1° Na hipótese de os serviços a serem executados demandarem 
recuperação da vegetação nativa em imóvel rural, as áreas beneficiadas 
com a prestação de serviço objeto da conversão deverão estar inscritas 
no Cadastro Ambiental Rural - CAR.
§ 2° O disposto no § 1o não se aplica aos assentamentos de reforma 
agrária, aos territórios indígenas e quilombolas e às unidades de 
conservação, ressalvadas as Áreas de Proteção Ambiental.” (NR)” 
(BRASIL, 2017).
PolíticaNacional de Meio Ambiente
A Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981 é a lei que define os mecanismos e instrumentos 
de proteção do meio ambiente no país, e serviu para, de certa forma, unificar as leis 
ambientais estaduais, o que auxilia na sistematização, normatização e torna-as mais 
eficientes.
A lei é anterior à Constituição Federal de 1988, embora dê efetividade ao artigo 225 
desta, que afirma que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defende-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações” (BRASIL, 1988).
37
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
Entre os principais objetivos da PNMA estão a compatibilização entre o desenvolvimento 
econômico e social com a preservação do meio ambiente; a definição de áreas prioritárias 
de ação; o fomento ao desenvolvimento de pesquisas ligadas aos recursos naturais, 
além do estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e manejo 
dos recursos; a exigência na recuperação dos danos causados aos recursos naturais/
ambientais é um ponto importante da lei, com a aplicação de multas e indenizações 
relativas aos danos causados (EBBESEN, 2016). 
Para viabilizar tais objetivos, a PNMA descreveu instrumentos (Art 9º) que podem ser 
utilizados pela administração pública, de qualquer ente federativo. De tais instrumentos, 
é importante enfatizar alguns:
 » Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental onde o CONAMA 
tem papel importante a partir do desenvolvimento das normas e 
Resoluções que padronizam a gestão de questões como a qualidade do 
ar, das águas, os ruídos, etc. 
A Resolução CONAMA no 5, de 1989, por exemplo, criou o Programa Nacional de 
Controle de Qualidade do Ar (PRONAR), estabelecendo limites de poluentes no ar, 
enquanto a Resolução no 3/ 1990 definiu o conceito de poluentes. A Resolução n.º 1 de 
1990 do CONAMA deu validade à NBR n.º 10.152 da ABNT, que avalia a intensidade 
dos ruídos em áreas habitadas. Da mesma forma, para as águas, o CONAMA instituiu 
uma série de Resoluções com ao no 357/2005 que classifica as águas doces, salgadas e 
salinas, conforme já vimos anteriormente (RODRIGUES, 2014). 
 » Zoneamento Ambiental o que viabilizou, por exemplo, a regulamentação 
do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) por meio do Decreto nº 
4.297, de 10 de julho de 2002, além do zoneamento industrial e urbano, 
entre outros.
O ZEE estabelece padrões de proteção ambiental para assegurar a qualidade ambiental 
dos recursos e é de competência federal realizá-lo. O zoneamento é um importante 
instrumento jurídico de ordenamento do uso do solo, e está previsto também na 
Constituição Federal de 1988, onde consta que cabe ao município promover esse 
ordenamento territorial (Art. 30), especialmente com a elaboração dos chamados 
Planos Diretores. O zoneamento ambiental também consta no Estatuto das Cidades, 
lei no 10.257/2001 com o intuito de contribuir com a sustentabilidade dos municípios 
(RODRIGUES, 2014).
 » A Avaliação dos Impactos Ambientais, o Licenciamento e a revisão de 
atividades potencialmente poluidoras, normatizada anos mais tarde 
38
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
pela Resolução Conama nº 001, de 23 de janeiro de 1986, que também 
veremos adiante. 
 » A criação de Áreas de Proteção Ambiental, normatizado posteriormente 
com a criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), 
que veremos adiante. 
 » A penalização para quem não cumprir as medidas para a preservação 
ambiental, entre outros instrumentos.
Para viabilizar a efetivação de todos os instrumentos preconizados, através das ações 
de competência da União, dos Estados e dos Municípios, a PNMA, no Art 6o, criou 
o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, estruturado por órgãos federais, 
estaduais e municipais para proteger e melhorar a qualidade ambiental. São membros 
do SISNAMA:
 » Conselho de Governo. 
 » CONAMA, com principal órgão consultivo e deliberativo para propor as 
normas e padrões para a qualidade ambiental. 
 » Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República. 
 » O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da 
Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, principais executores da política 
ambiental no país. 
 » Órgãos e entidades estaduais, que são os responsáveis pela execução 
dos programas, projetos e pela fiscalização das atividades que podem 
provocar impactos ou degradações ambientais.
O CONAMA tem um papel de destaque na PNMA e no SISNAMA como um todo, uma 
vez que, conforme o Art. 8o, além do estabelecimento de normas e padrões de qualidade 
ambiental, cabe a ele também:
“II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das 
alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos 
ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, 
bem assim a entidades privadas, as informações indispensáveis para 
apreciação dos estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, 
no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental, 
39
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional (Redação 
dada pela Lei nº 8.028, de 1990) (BRASIL, 1981). 
Isso torna o CONAMA um órgão fundamental no processo de licenciamento ambiental no 
país, uma vez que participa de perto de processos decisórios e de avaliações dos estudos 
solicitados para a obtenção de licenças ambientais por meio de empreendimentos. 
Falaremos mais sobre o assunto na Unidade II a seguir.
Sistema Nacional de Unidade de Conservação 
(SNUC) – Lei n°9.985/2000
Embora o processo de criação de Unidades de Conservação no país já começasse a 
partir da década de 1930, com a criação do Parque Nacional de Itatiaia, criado em 1937, 
seguido dos Parques Nacionais do Iguaçu e Serra dos Órgãos em 1939, estes ainda não 
tinham como objetivo principal a proteção da natureza como foco de criação. 
O Código Florestal de 1965 trouxe como conceituação legal a criação de Unidades de 
Conservação de uso indireto – Parques nacionais, estaduais, municipais e as Reservas 
Biológicas – que não permitiam o uso dos recursos, e de uso direto – Florestas nacionais 
e Parques de Caça – que permitiam a exploração dos recursos (DRUMMOND,1997). 
Em 1981, a Lei nº 6.902 foi criada para instituir as estações ecológicas e as áreas de 
proteção ambiental, enquanto as Reservas extrativistas surgiram por meio de uma 
Portaria do INCRA, após pressão de ribeirinhos da região amazônica que necessitavam 
explorar a floresta como subsistência, sendo reconhecidas em 1990 por meio do Decreto 
no 98.897.
Nesse período surgiram diversas categorias de unidades de conservação em uma 
tentativa de, ao mesmo tempo, proteger as áreas naturais e seguir as tendências 
mundiais de mudanças no panorama da conservação ambiental, pressões internacionais 
e ampliação no interesse social sobre o assunto (BARROS, 2000).
Diante disso, a Lei no 9.985 surgiu em 2000 para consolidar e regulamentar a criação 
de áreas de preservação e proteção da biodiversidade que eram citados desde o Código 
Florestal, na Política Nacional de Meio Ambiente e na Constituição Federal de 1988. É 
possível dizer que a criação do SNUC regulamentou o artigo 225, § 1°, incisos I, II, III 
e VII da Constituição Federal (BORGES, REZENDE E PEREIRA, 2009). O SNUC foi 
regulamentado pelo Decreto nº. 4.340 de 22 de agosto de 2002.
40
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
As áreas de preservação anteriores ao SNUC foram reclassificadas e enquadradas em 
dois grupos: 
 » Unidades de Proteção Integral: com o objetivo de preservar a natureza, 
sendo admitido apenas o uso indireto (com exceções). São compostas 
por cinco categorias de unidades de conservação: Estação Ecológica; 
Reserva Biológica; Parque Nacional; Monumento Natural e Refúgio de 
Vida Silvestre. 
Em muitas destas, nem avisitação pública é permitida, nem a permanência de 
moradores tradicionais e nenhum tipo de exploração da área, apenas a pesquisa 
mediante autorização dos órgãos competentes.
 » Unidades de Uso Sustentável: permite a exploração do ambiente de forma 
que se garanta a perenidade dos recursos naturais renováveis, mantendo 
a biodiversidade, de forma socialmente justa e economicamente viável. 
As Unidades de Uso Sustentável são as Áreas de Proteção Ambiental; 
Áreas de Relevante Interesse Ecológico; Floresta Nacional; Reserva 
Extrativista; Reserva de Fauna; Reserva de Desenvolvimento Sustentável 
e Reserva Particular do Patrimônio Natural.
É nessas UC’s que se concentram grande parte das populações - tradicionais ou não 
- que necessitam explorar as áreas naturais para a sobrevivência, como os caiçaras, 
ribeirinhos, quilombolas, entre outros. 
Embora o SNUC atue de forma importante para normatizar as Unidades de Conservação, 
há ainda entraves na classificação padronizada de áreas tão distintas e heterogêneas 
ao longo de um país tão extenso como o Brasil. Muitas áreas tidas como de proteção 
integral, por exemplo, possuem populações tradicionais que poderiam contribuir para 
ações de conservação, entretanto, sofrem com a pressão e a burocratização dos seus 
modos de vida, sendo impedidos de exercê-las. 
A polarização entre as visões conservacionistas e socioambientais das Unidades de 
Conservação impede que haja um debate que possa, de fato, enriquecer as ações de 
preservação das áreas realmente importantes ao mesmo tempo que conserve tradições 
e meios de vida culturais.
O artigo RIBEIRINHOS E CAIÇARAS: A VIDA ENTRE TERRA E ÁGUA, escrito por Renato 
Azevedo Matias Silvano e Alpina Begossi (2017) retrata um pouco da vida destas 
41
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
populações tradicionais – muitas vezes marginalizadas – e também os conflitos 
de suas atividades e Unidades de Conservação.
Acesse:<http://www.comciencia.br/ribeirinhos-e-caicaras-vida-entre-terra-e-
agua/>
Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS - Lei 
12.305/2010
A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi uma das últimas grandes leis publicadas 
que estão relacionadas à problemáticas ambientais importantes, como a gestão dos 
resíduos no país, depois de décadas em tramitação. A lei foi regulamentada pelo Decreto 
no 7.404/2010. 
A primeira iniciativa de haver uma lei sobre o assunto, segundo Costa (2017), começou 
a tramitar em 1989, sobre a disposição final de resíduos de saúde, mas somente em 
2007 foi dado o seguimento para a criação do que é a atual lei. Nesse período, cerca de 
100 projetos relacionados ao tema foram apensados e tramitaram na Câmara. 
A questão mais problemática da PNRS é a logística reversa, que prevê a responsabilidade 
de fabricantes e distribuidores na destinação correta dos resíduos, o que – obviamente – 
encontrou resistência do setor industrial, atrasando ainda mais a publicação da lei final 
(COSTA, 2017). E mesmo após a publicação da lei, as ações relativas à logística reversa 
ainda são pouco eficazes e são bem restritas à alguns setores e localizações geográficas.
A lei também enfatizou a obrigatoriedade da elaboração do Plano de Gerenciamento 
de Resíduos Sólidos (PGRS) por parte do setor privado, uma exigência já de muitos 
processos de licenciamento ambiental. 
Embora publicada há alguns anos, a PNRS ainda precisa engrenar muitos conceitos e 
ações, entretanto, algumas iniciativas e exigências legais tendem a dar certo, embora 
a lei não tenha levado em consideração realidades distintas ao longo do país, como 
entre as grandes metrópoles e pequenas cidades, ou regiões industriais e agrícolas, por 
exemplo, dificuldades enfrentadas sempre em que há generalizações.
Plano Nacional sobre Mudança do Clima – PNMC – 
Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009.
A lei, que foi regulamentada pelo Decreto nº 7.390 / 2010, foi uma inédita e importante 
iniciativa para a redução de emissão de CO2 e outras medidas que contribuem para a 
42
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
discussão, pautada nas tendências ambientais desde a Conferência de Estocolmo na 
década de 1970 até a criação do Protocolo de Kyoto, em 1998 e as discussões atuais.
A Lei trata do tema de forma coletiva, onde estabelece-se como obrigação de todos 
para atuar na redução dos impactos sobre o clima, para o benefício desta e das futuras 
gerações.
Embora de iniciativa precursora, a lei pouco põe em prática os conceitos estabelecidos 
para, de fato, essa redução de impactos. Mas é impossível negar a importância do início 
das discussões sobre as mudanças do clima, que certamente serão intensificadas nas 
próximas décadas.
43
CAPÍTULO 3
Outras Leis Ambientais
Outras leis ambientais são importantes para a história do país no que tange à proteção 
ambiental. Entre as principais estão:
 » Lei 7.735/1989 – Criou o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos 
Recursos Naturais Renováveis – Ibama e integrou a gestão ambiental 
no Brasil através da fusão Secretaria de Meio Ambiente – SEMA, 
Superintendência da Borracha – SUDHEVEA, Superintendência da Pesca 
– SUDEPE e Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF.
 » Lei 7.797/1989 – Cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente com o objetivo 
de desenvolver projetos que incentivem o uso racional e sustentável dos 
recursos naturais, a manutenção, recuperação e melhoria da qualidade 
ambiental e da vida da população.
 » Decreto 99.274/1990 – Regulamenta a Política Nacional de Meio 
Ambiente – lei 6.938/1981 e dispõe sobre a criação de Estações ecológicas 
e Áreas de Proteção ambiental.
 » Lei 8.490/1992 – Criou o Ministério do Meio Ambiente.
 » Decreto nº 1.141, de 19 de maio de 1994 - Dispõe sobre a Comissão 
Intersetorial de Ações de Proteção do Meio Ambiente, Saúde e Atividades 
Produtivas para Comunidades Indígenas (FUNAI).
 » Medida Provisória 1.511/1996 – Primeira de uma série que definem e 
conceituam as Reservas Legais e as Áreas de Preservação Permanentes, 
fixando as primeiras em 80% na Amazônia Legal.
 » Lei 9.433/1997 – Política Nacional de Recursos Hídricos: regulamenta 
o artigo 21, inciso XIX da Constituição Federal. Estabelece o Sistema 
Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, estabelece que a 
água é um bem de domínio público, uso múltiplo e gestão descentralizada 
com participação dos usuários. O Decreto 4.613/2003 – Regulamenta 
o Conselho Nacional dos Recursos Hídricos, suas competências e 
composição.
 » Lei 9.795/1999 – Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA: inclui 
a educação ambiental inter, multi e transdisciplinar em todos os níveis e 
modalidades formais do ensino e não formal como práticas educativas 
44
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
desenvolvidas pelas organizações da sociedade civil, empresas, sindicatos, 
organizações não governamentais, meios de comunicação e cidadãos 
para a sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais, 
sua organização e defesa do meio ambiente. O Decreto 4.281/2002 – 
Regulamenta a Política Nacional de Educação Ambiental, sua execução 
e gestão.
 » Lei 9.666/2000 – Sobre a prevenção, controle e fiscalização dos 
lançamentos de óleos e substâncias perigosas ou nocivas nas águas 
nacionais. A resolução Conama nº 306/2002 estabelece os requisitos 
para as auditorias ambientais de avaliação dos sistemas de gestão e 
controle ambiental nos portos, plataformas e refinarias com objetivos 
de cumprimento da legislação e dos licenciamentos ambientais pelas 
indústrias petrolíferas, gás natural e derivados.
 » Lei 11.326/2006 – Estabelece os conceitos, princípios, instrumentos e 
políticas públicas relacionadas à agricultura familiar e empreendimentos 
familiares rurais.
 » Lei 11.516/2007 – Cria o Instituto Chico Mendes – ICMBio como 
responsável pela gestão e fiscalização das Unidades de Conservação.
 » Lei 11.445/2007 – Política Nacional de Saneamento Básico – PNSB: 
diretrizes nacionais para o saneamento básico englobando o abastecimento 
de água, esgotamento sanitário,

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