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1 Competências IV DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online COMPETÊNCIAS IV Continência: efeitos da Conexão e Continência Doutrina referência para a aula: • Guilherme NUCCI – Código de Processo Penal Comentado. • Norberto AVENA – Processo Penal Esquematizado. • Nestor TÁVORA e Fábio ROQUE – Código de Processo Penal para Con- cursos. • Renato BRASILEIRO – Manual de Processo Penal. Introdução Segundo o escólio de TOURINHO FILHO, apud AVENA: Na continência (art. 77 do CPP), como o próprio nome indica, uma causa está contida na outra, não sendo possível a cisão. Como a continência se verifica na hipótese de concurso de pessoas (coautoria e participação) – e aí a causa petendi – e nos casos em que se aplique a regra contida na primeira parte do art. 70 do CP – arts. 73, segunda parte, e 74 – conclui-se que, como o fato é o mesmo (no caso de coautoria e participação) ou a conduta é uma só (é a hipó- tese do concurso formal), podemos afirmar que a continência está em função da identidade da causa petendi ou da unidade da conduta. Nesta esteira, ensina BRASILEIRO: Configura-se a continência quando uma demanda, em face de seus elemen- tos (partes, pedido e causa de pedir), estiver contida em outra. Cuida-se, pois, de ‘um vínculo jurídico entre duas ou mais pessoas, ou entre dois ou mais fatos delitivos, de forma análoga a continente e conteúdo, de tal modo que um fato delitivo contém as duas ou mais pessoas, ou uma conduta humana contém dois 2 Competências IV DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online ou mais fatos delitivos, tendo como consequência jurídica, salvo causa impedi- tiva a reunião das duas ou mais pessoas, ou dos dois ou mais fatos delitivos, em um único processo penal, perante o mesmo órgão jurisdicional. OObs:� em uma hipótese de continência, existe uma causa maior abrangendo causa menor. E, portanto, elas não podem ser julgadas por juízes diferen- tes. Por essa razão que, no caso da continência, o mesmo juiz que julga causa maior, julga causa menor, pois as partes, o pedido e a causa de pedir são coincidentes – estão umas contidas nas outras. Hipótebeb de Continência O CPP prevê a existência de continência por cumulação buOjetiva ou obje- tiva, nos termos do arts 77: Arts 77s A competência será determinada pela continência quando: I – duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; II – no caso de infração cometida nas condições previstas nos *arts. 51, § 1º, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal. *Atuais arts. 70, 73 e 74. CP. Continência por Cumulação SuOjetiva Hipótebe do arts 77, I, CPP – Concurbo (eventual ou necebbário) de Peb- boab Ocorre quando duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infra- ção penal. Trata-se aqui de crime único cometido por duas ou mais pessoas em coautoria ou participação. 3 Competências IV DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online De todas as formas de conexão e continência, na prática, esta é a mais comum. Exemplo clássico: homicídio praticado por dois agentes. Continência por Cumulação OOjetiva Hipótebe do arts 77, II, CPPs Ocorre nos casos de: 1s Concurso formal de crimes; 2s Aberratio ictus complexa; 3s Aberratio criminis com duplo resultado. OObs:� esses três fenômenos jurídicos também implicam na continência, e por via de consequência também implicam em prorrogação de competência, e fazem com que seja o mesmo juiz a julgar as pessoas envolvidas em concurso formal, aberratio ictus complexa e aberratio criminis com duplo resultado. Continência por cumulação oOjetiva – arts 77, II, CPP – Concurbo Formal Há concurbo formal quando o agente, com uma só ação ou omissão, pratica duas ou mais infrações, idênticas ou não. A continência se mostra presente porque a conduta é uma bó, embora o agente responda por dois ou mais crimes. Conforme o CP: Concurbo formal Arts 70s Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 4 Competências IV DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Continência por cumulação oOjetiva – arts 77, II, CPP – Aberratio Ictus Complexa O erro na execução – aberratio ictus complexa – aberratio ictus com resul- tado duplo ou múltiplo – traduz a hipótese em que o agente, por erro na execu- ção, atinge não apenas a pessoa que desejava, mas, também, outra que não pretendia atingir. Exemplo clábbico: desejando matar Mévio, Tício desfere-lhe um tiro, o qual, além de Mévio, atinge, também, o transeunte João. Conforme o CP: Erro na execução Arts 73s Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no §3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Continência por cumulação oOjetiva – arts 77, II, CPP – Aberratio delicti No aberratio criminis – rebultado diverbo do pretendido – o agente obje- tiva determinado resultado, vindo a alcançá-lo, e, também, outro que não estava nos seus planos. Exemplo clábbico: pedra desferida contra uma vitrine, visando a danificá-la (crime de dano), mas que atinge, também, uma pessoa que no momento pas- sava pelo local (crime de lesões corporais). 5 Competências IV DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Conforme o CP: Rebultado diverbo do pretendido Arts 74s Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execu- ção do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pre- tendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Atenção! O STF tem o seguinte entendimento sumular sobre esta matéria: Súmula 704: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados. Precedente: Inquérito. 2. Competência originária. 3. Penal e Processual Penal. 4. Cone- xão e continência. Réus sem foro originário perante o Supremo Tribunal Federal. 'Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal, a atração, por continência ou conexão, do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados' (Súmula 704). Eventual sepa- ração dos processos e consequente declinação do julgamento a outra instância deve ser analisada pelo Supremo Tribunal, com base no art. 80 do CPP. Tra- tando-se de delitos praticados em concurso de agente, não havendo motivo rele- vante, o desmembramento não se justifica." (Inq 2688, Relatora Ministra Cármen Lúcia, Redator do acórdão Ministro Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgamento em 02/12/2014, DJe de 12/02/2015). 6 Competências IV DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online OObs:� se existe atração por conexão e continência em relação aos corréus, e um deles tem prerrogativa de foro, essa prerrogativa se estende aos demais, e todos são julgados pelo mesmo tribunal, para evitar que haja julgamen- tos diversos, pondo a salvo a segurança jurídica da prestação jurisdicio- nal. EFEITOS DA CONEXÃO E DA CONTINÊNCIADe acordo com BRASILEIRO, bão efeitob jurídicob da Conexão e Conti- nência: 1s Procebbo e julgamento único (simultaneus processus): dispõe o art. 79 do CPP que a conexão e a continência importarão unidade de processo e julga- mento, salvo no concurso entre a jurisdição comum e a militar, ou no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. Essa modificação de compe- tência não viola a garantia do juiz natural: não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou cone- xão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denun- ciados (Súmula 704 do STF). Caso haja conexão e continência entre crimes de ação penal pública e privada, estabelecer-se-á litisconsórcio ativo entre o Minis- tério Público e o titular do jus querelandi. 2s Força atrativa (forum attractionis ou vis attractiva): o juízo competente vai trazer para si o processo e julgamento único. Tem-se aí uma hipótese de prorrogação de competência, tornando-se competente o juízo que, em abstrato, não o seria, caso se levasse em consideração o lugar da infração, o domicílio do réu, a natureza da infração e a distribuição. Seu efeito é a sujeição dos acusa- dos ou dos diversos fatos delituosos a um só juízo, a fim de serem julgados por uma única sentença, sem que disso resulte qualquer alteração da natureza das infrações penais cometidas. �����Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Adriano Barbosa.
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