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9
66
FACULDADE DE MACAPÁ
CURSO DE BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
FABRICIO CHERMONT GOMES
ANÁLISE DO MICROCLIMA URBANO NO BAIRRO JARDIM FELICIDADE II EM MACAPÁ-AP
MACAPÁ-AP
2019
FABRICIO CHERMONT GOMES
ANÁLISE DO MICROCLIMA URBANO NO BAIRRO JARDIM FELICIDADE II EM MACAPÁ-AP
Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Macapá - FAMA, como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.
Orientador: Prof. Arq. Me. Jacy Soares Corrêa
Coorientadora: Prof. Arq. Me. Ana Maria Pantoja
MACAPÁ-AP
2019
 FABRICIO CHERMONT GOMES
ANÁLISE DO MICROCLIMA URBANO NO BAIRRO JARDIM FELICIDADE II EM MACAPÁ-AP
Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Macapá - FAMA, como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. 
Aprovação em ____ de __________________ de _______.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Professor orientador-FAMA
___________________________________________
Examinador (a)
___________________________________________
Examinador (a)
 
Dedico à Deus, a minha família, aos meus Professores, e aos meus amigos!
AGRADECIMENTOS
A minha família, que me suportou e deu forças durante todo o meu tempo acadêmico, em especial a minha mãe Maria Ivaniusa que sempre me incentivou e nunca me deixou desistir. 
Aos professores, que com dedicação, amor e extrema paciência, abasteceram-me com seu saber, permitindo que eu pudesse evoluir, enquanto pessoa e enquanto acadêmico.
Aos companheiros, os antigos, que há muito tempo estão ao meu lado, aos novos, que surgiram para trazer novo brilho ao meu caminho, aos que se foram deixando a saudade e as boas lembranças.
A uma amiga, irmã Arquiteta e Urbanista Letícia da Silva Freitas que sempre esteve disposta a ajudar, dá forças e nunca me deixar desanimar. 
A todos que, de alguma forma, fizeram parte desse momento maravilhoso da minha vida, os meus anos acadêmicos, meus sinceros agradecimentos.
A persistência é o caminho
do êxito (Charles Chaplin)
RESUMO
A intervenção antrópica no meio ambiente tem causado profundas alterações climáticas. A crescente urbanização, que reduz as áreas verdes, modifica o relevo e o curso dos rios, além do aumento da emissão de poluentes, causado pelo aumento do trânsito de veículos, que é um dos fatores fundamentais nesse cenário de mudanças climáticas. No interior das cidades, o traçado geométrico dessas interfere no clima, modificando o regime de ventos e chuvas locais, temperatura e outros fatores, em um processo conhecido como microclima. Assim, o presente trabalho tem por tema o microclima do Jardim Felicidade II, localizado na cidade de Macapá. Seu objetivo geral é a compreensão desse fenômeno local. Para sua realização, foi utilizado um equipamento de precisão, e coletadas medições de parâmetros climáticos como temperatura, velocidade do vento e umidade relativa do ar, em diferentes pontos na área de estudo, para que essas variações climáticas pudessem ser comprovadas. O trabalho traz ainda, em suas considerações finais, sugestões para que se desenvolvam as corretas medidas para a compreensão e previsão das alterações futuras nesses microclimas. 
Palavras-chave: Microclima. Desconforto térmico. Forma urbana.
ABSTRACT
Anthropogenic intervention in the environment has caused profound climatic changes. Increasing urbanization, which reduces green areas, modifies the relief and flow of rivers, and greatly increases the emission of pollutants, thanks to the increase in vehicle traffic, is one of the fundamental factors in this scenario of changes. Within the cities, the geometric trace of these interferes in the local climate, modifying the regime of winds and rains, the temperature and other factors, in a process known as microclimate. Thus, the present work has as its theme the microclimate of Jardim Felicidade II, located in the city of Macapá. Its general objective is the understanding of this local phenomenon. For its accomplishment, were taken, with precision equipment, diverse measurements of climatic parameters like temperature, speed of the wind and relative humidity of the air, in different points of the city, so that the phenomenon could be proven. In the final considerations, the paper also offers suggestions for developing the correct measures for understanding and predicting future changes in these microclimates. (Corrigir)
Keywords: Microclimate. Thermal Discomfort. Urban form.
LISTA DE SIGLAS
AP: Amapá;
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
E: Leste
ENE: Leste- Nordeste
ISO: Organização Internacional de Normalização
NE: Nordeste	
NBR: Norma Brasileira
TFA: Território Federal do Amapá.
NASA: National Aeronautics and Space Administration
NOAA: National Oceanic and Atmospheric Administration
UV: Ultravioleta
DUs: Unidades Dobson
CFC: Clorofluorcarbono
CO2: Dióxido de carbono
ITU: Índice de Temperatura e Umidade
IDH: Índice de Desconforto Humano
INMET: Instituto Nacional de Meteorologia
TA: Temperatura do Ar
UR: Umidade Relativa
PMV: Voto Médio Estimado
PPD: Porcentagem de Pessoas Insatisfeitas
ALCMS: Área de Livre Comércio de Macapá e Santana 
IEPA: Instituto de Pesquisa do Amapá
JK: Juscelino Kubitschek
MCMV: Minha casa minha vida
HIS: Habitação de Interesse Social
SFA: subzonas de Fragilidade Ambiental
ZCIT: Zona de Convergência Intertropical
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
SR4: Setor Residencial 4
LISTA DE figuras
Figura 1: O efeito estufa	18
Figura 2: Imagem do buraco na Camada de Ozônio, em 2001.	21
Figura 3:Mapa do acúmulo de CO2 na atmosfera.	21
Figura 4: Trocas de Calor	23
Figura 5:Índices de Calor do NOAA	26
Figura 6:Diagrama do Índice de Conforto Térmico Humano, do INMET.	27
Figura 7: Requerimentos Ambientais de Conforto, segundo a ISO 7730	31
Figura 8: Aglomerado Urbano de Macapá	34
Figura 9 - Crescimento Urbano de Macapá 2010 – 2015	37
Figura 10-Zoneamento Urbano de Macapá, estabelecido pelo Plano Diretor do Município.	42
Figura 11- Principais fenômenos meteorológicos no Amapá	43
Figura 12 - Mapa da incidência de radiação em Macapá em kw/hm²	44
Figura 13- TEMPERATURA MÁXIMA EM MACAPÁ DURANTE O ANO	45
Figura 14-TEMPERATURA MÁXIMA EM MACAPÁ DURANTE O ANO	46
Figura 15- Umidade relativa em % anual	46
Figura 16: Perímetro do Bairro	47
Figura 17: Delimitação da Área de estudo	48
Figura 18: Mapa Ventilação e Insolação	48
Figura 19: Mapa do sistema viário	49
Figura 20 - Mapa de setorização do bairro	49
Figura 21 - Mapa de uso e ocupação do solo	50
Figura 22 - Setor do bairro Jardim Felicidade II	51
Figura 23:TERMO-HIGRO-ANEMÔMETRO LUXÍMETRO THAL-300	53
Figura 24: Pontos de coletas de dados	53
Figura 25:Ponto 1	55
Figura 26: Ponto 2	55
Figura 27: Ponto 3	56
Figura 28: Ponto 4	56
Figura 29: Fotografias (iniciando da esquerda para a direita) - Medições realizadas no Local ponto 1 as 8:00h. – Temperatura.– Umidade.– Vento.	58
Figura 30: Fotografias B1 a B7 (iniciando da superior esquerda) – Medições realizadas no Local JdII as 8:00h. B1 – Temperatura. B2 e B3 – Umidade. B4 e B5 – Vento. B6 e B7 – Temperatura dos Materiais.	59
QUADROS
 
QUADRO 1: Evolução história da concentração de CO2 na atmosférica	19
QUADRO 2: Recomendações Bioclimáticas para o clima quente úmido	32
QUADRO 3:Locais de coleta de dados	54
GRÁFICOS
Grafico 1:Influência da antropização do ambiente e da topografia na temperatura.	17
Grafico 2:Emissões por tipo de veículo, evolução desde 1980. Detalhe para os dados do ano de 2012.	20
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	9
1.1	DELIMITAÇÃO DO TEMA	10
1.2	PROBLEMA	11
1.3	OBJETIVOS	11
1.3.1	Objetivo Geral	11
1.3.2	Objetivo Específico	11
1.4	JUSTIFICATIVA	11
1.5	METODOLOGIA	12
1.6	DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS	13
2	INFLUÊNCIAS DAS FORMAS URBANAS NA PRODUÇÃO DO ESPAÇO	14
2.1	CIDADES DISPERSAS E COMPACTAS	15
2.2	FATORES E ELEMENTOSQUE ALTERAM O CLIMA	16
2.2.1	Trocas de calor entre o corpo e o Ambiente	22
2.3	cONFORTO TÉRMICO	24
2.4	ÍNDICES E INDICADORES DE CONFORTO CLIMÁTICO	25
2.4.1	Temperatura do Ar	27
2.4.2	Umidade Relativa do Ar	28
2.4.3	Ventilação do Ambiente	28
2.4.4	Vestimenta utilizada	29
2.4.5	CONCEPÇÃO BIOCLIMÁTICA	31
2.4.6	Recomendações bioclimáticas para o clima quente e úmido	32
3	CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO	34
3.1	A FORMA URBANA DE MACAPÁ e suas problemáticas	34
3.2	POLÍTICAS PÚBLICAS NA PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO: PLANO DIRETOR DE MACAPÁ E SEUS ASPECTOS AMBIENTAIS	37
3.3	ASPÉCTOS CLIMÁTICOS DE MACAPÁ	43
3.4	análise espacial das caracteristicas DA ÁREA DE ESTUDO	47
	Ventilação e insolação	48
	Sistema viário	49
	Setorização	49
3.4.1	Diretrizes de Uso do solo	50
4	PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS	53
5	RESULTADOS E DISCUSSÃO	60
6	CONSIDERAÇÕES FINAIS	69
7	REFERÊNCIAs	70
 
INTRODUÇÃO
Desde que aprendeu a viver em pequenos bandos, a manipular o fogo e a criar suas ferramentas, o homem vem modificando o meio ambiente. Nesse contexto de intervenções e modificações antrópicas do meio ambiente, o surgimento das cidades trouxe grandes impactos. 
Notadamente nos últimos 180 anos, com o advento da Revolução Industrial, as zonas urbanas tiveram crescimento exponencial. Atraídos pela possibilidade de novos empregos nas fábricas, muitos trabalhadores deixaram a zona rural, em um êxodo de intensidade nunca antes visto. (OLIVEIRA, 2015). A evolução técnico-científica também auxiliou o crescimento das cidades. 
Novas técnicas de construção e novos e melhores materiais permitiram construções mais rápidas e edifícios mais altos, verticalizando as cidades e tornando os arranha-céus uma visão comum nos grandes centros urbanos. Outras inovações foram acrescentadas às cidades, como as ruas com pavimento asfáltico, para permitir a melhor circulação dos veículos automotores e os passeios para pedestres, confeccionados em diversos materiais, facilitando a mobilidade desses no cenário urbano. 
Porém, essas intervenções antrópicas no meio causaram diversas consequências. A intensa queima de combustíveis fósseis alterou a composição atmosférica, elevando a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, o que causou a intensificação do processo natural conhecido como Efeito Estufa, que regula a temperatura na superfície da terra e dos oceanos, possibilitando a vida como conhecemos no planeta; causando o fenômeno chamado de aquecimento global, que aumenta cerca de 0,02° C, em média, a temperatura do planeta, a cada triênio. (VIANNA, 2007).
Outro fenômeno, que pode influenciar na qualidade de vida dos habitantes de áreas urbanas, agravado pelo surgimento das grandes cidades, é a formação dos microclimas. Esse termo designa um espaço, geograficamente delimitado que sofre diferenciação climática do padrão geral de sua macrorregião climática em função de sua topografia, hidrologia, vegetação, solo e outros. (Barbirato, 2007).
Segundo Gartland (2010) as modificações causadas pelas cidades, como as alterações na cobertura vegetal original, as mudanças nos cursos d’água, as alterações promovidas no solo e no relevo, além da verticalização das edificações, somadas as emissões de poluentes, provocam o aumento dos microclimas, gerando fenômenos como as ilhas de calor, que trazem desconforto para quem habita ou trabalha nas áreas atingidas, e agravando outros. 
Assim, compreender como se formam esses microclimas e como eles funcionam é essencial para que se possa pensar em soluções urbanas para esse fenômeno, mitigando ao máximo seus efeitos colaterais e proporcionando evolução na qualidade de vida da população urbana afetada.
É essencial que se realizem novas pesquisas sobre o tema, procurando estudar o fenômeno em outras microrregiões climáticas, compreendendo-o melhor e encontrando soluções, para que os projetos urbanísticos considerem maneiras de minimizar sua ocorrência ou o agravamento de suas condições microclimáticas. Nesse sentido, o tema se insere em investigações atinentes à compreensão, análise e influência da urbanização na geração de microclimas urbanos, em áreas específicas, tais como bairros de cidades.
O tema do presente trabalho está delimitado ao estudo do microclima no clima quente-úmido de macapá-AP, não abrangendo o estudo desse fenômeno em outras áreas, contudo apresenta as variações climáticas em uma área específica da cidade.
As intervenções antrópicas no meio ambiente, incluindo a crescente urbanização, têm provocado profundas alterações em vários aspectos ambientais, principalmente no clima. No interior das zonas urbanizadas surgiram fenômenos como as [footnoteRef:1]ilhas de calor e o [footnoteRef:2]smog fotoquímico. [1: Ilhas de calor são formadas em áreas urbanas e suburbanas porque muitos materiais de construção comuns absorvem e retêm mais calor do sol do que materiais naturais em áreas rurais menos urbanizadas.] [2: O smog fotoquímico ocorre na baixa atmosfera, que chamamos de troposfera, e, principalmente, em ambientes com alto índice de poluição, como nos grandes centros urbanos.] 
Assim, de maneira a delimitar geograficamente o tema, a pergunta-problema que norteia o presente trabalho é: qual a interferência da urbanização no comportamento de microclimas no clima quente-úmido? 
O objetivo geral desta pesquisa se relaciona em: compreender o microclima urbano do bairro Jardim Felicidade II em Macapá-AP. Os objetivos específicos do presente trabalho são: Compreender noções de microclima urbano e a interferência do traçado urbano na sua formação e funcionamento; identificar variáveis climáticas por meio de medições e levantamentos; analisar a formação de microclima urbano do Bairro Jardim Felicidade II em Macapá-AP e analisar medidas de mitigação dos efeitos térmicos para o bairro Jardim Felicidade II.
No Bairro Jardim Felicidade II, localizado na zona norte de macapá, é perceptível o desconforto térmico. Nota-se que a ausência de infraestrutura e a presença mássica do leito carroçável, além do descaso público em vários pontos do bairro em relação a acumulo de lixo nas ruas e a escassez de calçadas normatizadas contribuem no aumento da sensação térmica.
O bairro possui grande presença de vegetação em seu perímetro, dessa maneira, o estudo de caso do microclima urbano do Bairro Jardim felicidade II, em Macapá, vem como forma de analisar o fenômeno do microclima, suas causas e implicações para os moradores.
Assim o estudo vem para sugerir melhorias e novos analises sobre o tema, não estando esses restritos a delimitação geográfica desse trabalho, a fim de que os mesmos possam auxiliar na compreensão do fenômeno do microclima e no entendimento da importância da ação antrópica e da urbanização para a ocorrência desse, apontando caminhos para a mitigação das consequências negativas do microclima, como o desconforto provocado pelo aumento da temperatura.
Para a primeira parte desse trabalho, foi desenvolvida uma pesquisa exploratória, com a finalidade de adquirir e acumular conhecimentos sobre o tema, para que os mesmos sejam empregados na segunda parte e no desenvolvimento de futuros trabalhos. A fim de se realizar essa pesquisa exploratória, foi realizada uma revisão bibliográfica, cujas fontes foram artigos em revistas e outros periódicos científicos, livros e sites especializados no tema. 
Em sua segunda parte, o presente trabalho traz uma pesquisa de campo, para a qual foram coletados, com o emprego de um instrumento especializado (TERMO-HIGRO-ANEMÔMETRO LUXÍMETRO THAL-300) dados climatológicos do Jardim Felicidade II em quatro pontos distintos dentro de uma área com raio de 400m, sendo os mesmos compilados e comparados, para que se pudesse traçar o perfil microclimático do objeto geográfico dessa pesquisa e entender seu funcionamento e a influência do traçado urbano.
Para a coleta desses dados, foi empregado um Termo-Higro-Anemômetro Luxímetro Digital Portátil Thal-300, onde foram colhidos dados referentes a temperatura do ar (Ta, ºC/ºF), velocidade do ar (KM/H) e umidade relativa do ar (%RH). Os dadosforam colhidos no Jardim Felicidade II, as 8:00h, 12:00h, e 19:00h, sendo produzida uma comparação entre os dados dos quatro pontos de coleta. 
O presente estudo está divido em três capítulos. O primeiro capítulo conceitua as formas urbanas e sua influência na formação do espaço, passando em sua segunda sessão, a demonstrar o perfil das formas urbanas de Macapá. No segundo capítulo, o trabalho descreve como a forma urbana tornou-se um importante fator na produção de microclimas, concatenada com as transformações antrópicas que afetam o macroclima planetário. 
No terceiro capitulo do trabalho, é descrito, detalhadamente, o procedimento metodológico emprego na análise e coleta dos dados, passando então, a apresentar seus resultados e a discussão desses, na sessão seguinte. Por fim, o trabalho se encerra apresentando a análise dos resultados e propostas como meio de mitigar os efeitos térmicos no bairro Jardim Felicidade II.
INFLUÊNCIAS DAS FORMAS URBANAS NA PRODUÇÃO DO ESPAÇO 
As influencias das formas urbanas na produção do espaço vem se organizando constantemente, de forma que evolui gradativamente o espaço urbano. Desde a fundação de Çatal-Huÿuk, a primeira cidade conhecida, o homem vem se organizando no espaço urbano, e esse, por sua vez, cresce e se modifica constantemente. (NEVES, 2002). Nesse sentido pode se afirmar que desde as origens das primeiras cidades a paisagem da civilização transforma incessantemente.
Segundo Franco (NOGUEIRA, et al., 2013) além das alterações na paisagem, a crescente urbanização antrópica tem causado outra modificação significativa: a alteração microclimática. As modificações do homem no meio ambiente são grandes responsáveis pelas alterações no clima, devido a isso o surgimento de ilhas de calor, smog fotoquímico, e o desconforto térmico nos locais causam problemas a população.
O fenômeno conhecido como microclima, que consiste de uma área geograficamente delimitada que apresenta parâmetros climáticos, como a temperatura, diferentes da região circundante; existe na natureza, sendo comum, por exemplo, em oásis, mangues e capões de mata em meio ao cerrado. (NÓBREGA & LEMOS, 2011). Assim diferentes regiões podem apresentar diversas variações climáticas que as torna peculiares em determinados lugares como por exemplo áreas urbanas e rurais. 
Nas últimas décadas, diante das mudanças climáticas globais, e principalmente do desconforto causado pelo calor e outros fenômenos decorrentes da alteração climática, como o smog fotoquímico, em diversas cidades do mundo. O interesse aumentou em entender como a geometria do espaço urbano e outras alterações antrópicas influem no microclima. Contudo, há uma enorme gama de fatores do espaço geográfico que sofre influência das cidades.
Essas mudanças alteram grandemente o espaço no entorno das cidades, afetando os biomas e ecossistemas existentes. Esses últimos podem ser divididos ao meio ou em vários segmentos, ou mesmo desaparecerem. Essas alterações ao ecossistema causam profundo impacto na fauna e na flora, alterando o equilíbrio ecológico e levando espécies a se tornarem raras ou desaparecerem de determinada região, o que é particularmente grave, quando se trata de espécies endêmicas. (GREENPEACE, 2018).
Conforme supracitado, as alterações nas cidades têm afetado o meio ambiente, causando grandes impactos na natureza, alterando o equilíbrio ecológico e causando consequentemente a extinção de várias espécies de animais. Porém, a alteração mais perceptível, além da paisagem causada pelas cidades é a emissão de dióxido de carbono alterando o clima através do aquecimento global.
Diante do exposto pode se afirmar que a evolução urbana tem influenciado diretamente nas mudanças climáticas do espaço. Uma das principais causas é a redução das áreas verdes, a mudança do curso ou desaparecimento de rios e lagos, a substituição do solo livre por solo coberto de asfalto ou cimento, causadores diretos ou modificadores dos microclimas urbanos.
CIDADES DISPERSAS E COMPACTAS
A forma urbana das cidades diz muito sobre seu processo de formação e desenvolvimento. Entende-se que há dois paradigmas no tocante ao desenvolvimento urbano: um que diz respeito às cidades dispersas na qual há a expansão rápida das áreas urbanas, e os padrões urbanísticos verticalizados adotados pelas cidades compactas (OLIVEIRA FILHO et al., 2015). Pode-se afirmar que a modificação no traçado e tecido urbano das cidades é consequência das dispersões e compactação urbanística.
Segundo Nobrega e Lemos (2011) o processo de dispersão urbana modifica grandemente o tecido urbano, gerando novos polos, eixos de expansão, vias de fluxo e problemas sócio ambientais. Nesse sentido notasse que esse processo de dispersão é responsável pelos impactos na natureza, através da expansão dos núcleos urbanos que causa o crescimento viário e a diminuição de áreas verdes.
Diferentemente das cidades compactas onde a uma grande densidade urbana, e o principal elemento característico é a verticalização das cidades, com o objetivo de organizar locais, diminuir o fluxo de automóveis, priorizar o transporte coletivo e veículos não motorizados e disponibilizar serviços sem percorrer grandes distâncias, favorecendo as pessoas para casa, trabalho e lazer, buscando a sustentabilidade dentro das cidades.
Para Hissa (2008) a compactação facilita o controle da poluição, otimiza o consumo de energia, e a própria forma urbana expõe arranjos espaciais que contêm o espraiamento territorial (indesejável), favorecendo o adensamento, o que introduz eficácia na oferta de transporte coletivo e serviços públicos de qualidade em saneamento e equipamentos de saúde. Pode-se dizer que as cidades compactas diminuam os efeitos que a expansão urbana provoca dentro das cidades, neste contexto observa-se que a compactação e o adensamento se tornam útil e contribuem para o estilo de vida das pessoas e para a economia das cidades.
FATORES E ELEMENTOS QUE ALTERAM O CLIMA
Os fatores e elementos que alteram o clima, são consequências de variáveis naturais, que vai desde as formas geológicas até a própria formação urbana das cidades. Os climas ocorrem naturalmente na Biosfera, normalmente, em função das condições de relevo, hidrológicas, cobertura vegetal e regime geral dos ventos de uma área específica. (OLIVEIRA FILHO et al., 2015). Pode-se dizer que nessas áreas são comuns a ocorrência natural das variações climáticas.
Porém, a intervenção antrópica incluiu outros fatores, como a urbanização exacerbada que aumentaram a ocorrência de alterações climáticas. (MARITINI, BIONDI, & BATISTA, 2013). É notório que a alteração da paisagem pelo ser humano foi o principal fator das transformações climáticas, alterando as características da cobertura vegetal da área e as próprias edificações, que influem no regime dos ventos, que juntamente com os fatores naturais modificaram o microclima. 
Segundo Oliveira Filho et al. (2015) Também é importante lembrar que muitos processos de urbanização alteraram o relevo original, bem como a hidrologia, canalizando, alterando o curso ou mesmo eliminando rios, lagos, lagoas e outros recursos hídricos antes existentes. (OLIVEIRA FILHO et al., 2015). Segundo o autor, as demandas de desmatamentos, a crescente expansão de núcleos urbanos vem colocando em extinção ecossistemas gerando consequentemente mudanças climáticas. 
Segundo Ab’Sáber (2007), os domínios morfoclimáticos podem ser completamente modificados pela ação antrópica, provocando alterações no macro e microclimas. Por exemplo, as alterações no contorno topográfico de uma área causada pela modificação do traçado de uma encosta podem alterar grandemente o regime geral de ventos da região. Esse tipo de alteração, segundo o autor, causa sensíveis mudanças, além da intensidade do próprio vento, na temperatura, umidade relativa do ar e regime de chuvas da área afetada. 
Assim, as alterações antrópicas que geram alterações topográficas, incluindo-se aqui as formas urbanas que criam uma “topografia antropizada” do terreno influem na composição domicroclima.
Figura 1 - INFLUÊNCIA DA ANTROPIZAÇÃO DO AMBIENTE E DA TOPOGRAFIA NA TEMPERATURA.
Fonte: Encyclopaedia Brittanica (2018)
	
Na figura 1 é apresentado a Influência da antropização do ambiente e da topografia na temperatura, onde é possível notar que a temperatura nas regiões com alta verticalização é maior. Para Grimoni e Galvão et al. (2004) O fator antrópico importante na formação ou intensificação de microclimas, e que também possui grande influência nas alterações macroclimáticas, são as emissões de gases poluentes, principalmente aqueles causadores da intensificação do efeito estufa e os causadores da precipitação ácida.
A atmosfera terrestre é composta por diversos gases, formando uma membrana protetora transparente em volta do planeta, o que permite a passagem de radiação solar e impede sua saída total para o espaço, funcionando como uma espécie de estufa, mantendo a temperatura na superfície sendo um dos elementos chave para a existência de vida no planeta. (Xavier & Kerr, 2015). Algumas das moléculas constituintes das camadas superiores da atmosfera, como o CO2. CH4, H2O e O3 absorvem a frequência infravermelha da radiação, retendo dessa forma, o calor solar, onde O3 se destaca por ser responsável pela retenção da maior parte dos raios ultravioletas do sol.
Figura 2: O efeito estufa
Fonte: SOUSA, 2016
Na figura 1 é representado o efeito estufa, onde camadas inferiores da atmosfera, CO2 e H2O tornam a atmosfera terrestre “polarizada” na frequência dos raios infravermelhos, dificultando o escape desses de volta ao espaço. O aumento da quantidade de gases do efeito estufa presentes na atmosfera, causada pela ação antrópica, faz com que mais calor fique retido, causando o efeito conhecido como aquecimento global. (Xavier & Kerr, 2015). Desde a Revolução Industrial, a emissão de poluentes, notadamente de CO2 pela ação antrópica tem aumentado de maneira muito significativa. 
QUADRO 1: Evolução história da concentração de CO2 na atmosférica
Fonte: MEDEIROS (2005)
A tabela 1 apresenta a evolução história da concentração de CO2 na atmosférica, na qual é possível verificar que entre 1750 até 1999 a concentração de CO² subiu cerca de 40% sendo estimado que essa taxa aumente em mais de 100% em 2100. Aproximadamente ¾ das emissões anuais de CO2 tem sua origem na ação humana, principalmente na queima de combustíveis fósseis. (XAVIER & KERR, 2015) Outras contribuições humanas para o aumento dessas emissões têm suas origens na poluição dos oceanos, que reduz a quantidade de fitoplâncton na água, e no desmatamento, ambas eliminando organismos vivos que realizam trocas gasosas para a produção de seu alimento, eliminando O2 para a atmosfera e retirando CO2 dessa. 
Ainda que os veículos modernos sejam obrigatoriamente equipados com catalisadores, o nível de emissão de poluentes continua elevado, contribuindo para o agravamento do Efeito Estufa e para o consequente Aquecimento Global. (MEDEIROS, 2005). Assim, os grandes vilões da queima de combustíveis fósseis são os veículos automotores e a produção industrial.
	
Grafico 2:Emissões por tipo de veículo, evolução desde 1980. Detalhe para os dados do ano de 2012.
Fonte: MMA (2013)
Através da análise dos dados do Gráfico 3 pode-se perceber que os automóveis (carros de passeio e utilitários leves), notadamente, são as maiores fontes de poluição entre os veículos automotores terrestres. Nos grandes centros urbanos, carros, caminhões leves e ônibus urbanos, são os principais contribuintes do tráfego lento e congestionado. (SOUSA, 2016). Dessa maneira, pode-se afirmar que essa categoria faz parte dos fatores que contribui para a abertura do “buraco” na camada de ozônio. 
As pesquisas desenvolvidas pela NASA (National Aeronautics and Space Administration – Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) e pelo NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration – Administração Oceânica e Atmosférica Nacional), com o uso de aeronaves militares de reconhecimento U2, satélites e balões meteorológicos descobriram um “buraco” na camada de O3, conhecida como Camada de Ozônio, sobre a Antártida, o que permitia que grande quantidade de raios ultravioleta (UV) do sol penetrasse na atmosfera. A expressão buraco designa áreas onde a camada de O3 é menor do que 200 DUs (unidades Dobson). 
Figura 3: Imagem do buraco na Camada de Ozônio, em 2001.
Fonte: Encyclopaedia Brittanica, (2018)
	A observação da Figura 3, acima mostra que o buraco na Camada de Ozônio já tem uma área maior do que a área da Antártida. Vale ressaltar que o buraco não é permanente, mas sazonal, ocorrendo na primavera do hemisfério Sul, e não é um fenômeno irreversível. Com a redução do CFC (Clorofluorcarbono), principal vilão do Ozônio estabelecido em 1987, pelo Protocolo de Montreal, o buraco deverá estar completamente fechado por volta de 2065. (CONOSUR, 2008).
Assim, como resultado, ocorre do aumento da concentração dos gases do Efeito Estufa na atmosfera é o fenômeno conhecido por Aquecimento Global. (Xavier & Kerr, 2015). O aumento da concentração, sobretudo do CO2, impede o escape da radiação solar para o espaço. Essa concentração é maior no hemisfério norte, onde a industrialização teve início primeiro e é maior. 
Figura 4:Mapa do acúmulo de CO2 na atmosfera.
Fonte: Encyclopaedia Brittanica, (2018)
A figura 3 apresenta o Mapa do acúmulo de CO2 na atmosfera, em escala global, onde se pode notar um significativo aumento desde a década de 80 até 2010 na qual se visualiza as bolhas de calor. A grande concentração de automóveis, constituintes do tráfego dos grandes centros urbanos, impacta diretamente na questão microclimática, sendo um dos principais fatores responsáveis pela formação das chamadas bolhas de calor, bastante documentadas na cidade de Paris. (XAVIER & KERR, 2015). Conquanto esses fatores sejam macroclimáticos, eles atuam diretamente no microclima urbano. 
Outro fator, associado ao primeiro, cuja contribuição para a formação das bolhas ou ilhas de calor não pode ser negligenciada, é a grande concentração de massa asfáltica nas áreas urbanas. (FRANCO, NOGUEIRA, PINTO JUNIOR, BIUDES, & NOGUEIRA, 2013). Quando ambos os fatores se associam à uma baixa taxa de arborização, ausência de fontes hídricas e alta taxa de edificações com vários pavimentos, tem-se um complexo quadro microclimático, no qual a temperatura tende a se elevar e os ventos e a umidade relativa do ar sofrem quedas, causando sensação de desconforto e agravando problemas respiratórios. 
Segundo Capistrano (2014), se adicionarmos ainda a esse quadro eventuais emissões industrias, ocorridas dentro ou próxima a área urbana, como por exemplo as associações químicas dos gases da atmosfera com os gases oriundos dessas atividades industriais, geram o chamado smog fotoquímico. Dessa forma, os fatores e elementos que alteram o clima vão além do que apenas os fatores naturais, mais principalmente pela ação humana no meio ambiente, dando origem a inúmeras catástrofes que transformam o clima e o microclima de diferentes regiões. 
Trocas de calor entre o corpo e o Ambiente 
As trocar de calor entre o corpo e o ambiente estão atrelados aos condicionantes térmicos do ambiente. A troca de calor se dá também pelo tipo de atividade física realizada no ambiente, quanto maior for o esforço, maior a quantidade de calor produzida pelo corpo (ROJAS, 2015). Os fatores dessa troca acontecem por vários fatores como: a temperatura do ar: por condução e convecção; velocidade do ar: onde altera as trocas de calor no organismo e umidade do ar: por evaporação.
Se a superfície dos corpos presentes no ambiente estiver a uma temperatura inferior à do sistema corpo-vestimenta, há dissipação de calor por radiação (cerca de 40%). (FROTA E SCHIFFER, 2001). De acordo com o autor, a vestimenta é um fator que influi na transferência de calor, porém a se há uma diferença de temperatura nos corpos presentes no ambiente, há uma perda de calor por radiação em cerca de 40%.
O ser humano é caracterizado como homeotérmico, no qual mantém sua temperaturacorporal interna nos 37ºC e pequenas variações entre os 36,1 e 37,2ºC mantendo o máximo de equilíbrio para se sentir confortável. O organismo humano através do metabolismo cria energia que será distribuída para o corpo e uma grande parte transformada em calor para manter o corpo em equilíbrio.
“Ao efetuar trabalho mecânico, os músculos se contraem. Tal contração produz calor. A quantidade de calor liberado pelo corpo, por essa razão, será função do trabalho desenvolvido, podendo chegar a um máximo da ordem de 1200 W, desde que por pouco tempo”. (FROTA E SCHIFFER, 2001, p.21)
Conforme citado, o corpo humano sofre perda de calor dependendo da condição climática no ambiente e tipo de esforço físico realizado. O autor ainda afirma que quando se considera que o indivíduo está vestido e calçado, o calor dissipado por condução é pequeno. 
Figura 5: Trocas de Calor
Fonte: www.labeee.ufsc.br, (2014)
A imagem apresenta as trocas de calor do corpo humano, quando o ambiente apresenta temperaturas altas no seu interior o corpo perde calor por evaporação (suor). Isso acontece devido ao calor ser um tipo de anergia que transita entre os corpos, matéria, e qualquer objeto que possa conduzi-lo, apresenta-se no dia-a-dia como por exemplo a troca de calor de um corpo humano com o ambiente em que habita. Portanto a dissipação do calor por evaporação do suor aumenta bastante quanto mais quente for o ambiente
A troca de calor é a emissão espontânea de calor de um corpo quente para o meio ambiente, como resultado da agitação térmica molecular. A velocidade (v) de emissão de calor (calor que é emitido na unidade de tempo) é expressa pela fórmula que se segue e que caracteriza a influência de muitos fatores sobre o fenômeno: V=k.A.(T-t)/Pext. (BERTOLDO, 2009, p.162). 
Conforme citado, pode-se entender por equações como funciona a troca de calor entre corpo e meio ambiente, na qual serão obtidos resultados exatos de temperaturas e velocidades de emissão de calor no ambiente. Assim, quanto maior for o tipo de esforço físico realizado, mais emissão espontânea de calor o corpo realizará, aumentando a agitação térmica molecular. Dessa forma, verifica-se a importância de conhecer esses dados, para que se possa produzir ambientes que evitem essa troca constante, evitando a fadiga e desconforto térmico. 
cONFORTO TÉRMICO
O conforto térmico está relacionado aos condicionantes climáticos em relação à percepção térmica do ser humano em relação ao ambiente que se encontra. É importante considerar que a aplicação de qualquer índice deve levar em conta o clima local e os tipos de dinâmicas praticadas pelas pessoas nos diferentes ambientes.
Segundo Corbella e Corner (2015) os elementos climáticos como a temperatura, umidade, o ar e a radiação solar são responsáveis pelas alterações térmicas. Pode-se dizer que as diferenças climáticas, são responsáveis pelo conforto ou desconforto térmico das pessoas com seu entorno.
Ora, em tese, os índices de conforto nas condições do clima brasileiro são bem diversificados, por exemplo, a região do extremo norte do país possui o clima quente e úmido e o extremo sul o clima é seco e frio. É importante lembrar que existem oito (8) zonas bioclimáticas que foram classificadas de acordo com cada região e suas especificidades (figura 6).
Figura 6 - Zonas Bioclimáticas
Fonte: www.bioclimatismo.com.br
Na figura 6 apresenta-se as oito (8) zonas bioclimáticas na qual a norma recomenda para cada zona meios de proteções que proporcione conforto de acordo com o clima de cada região. Nota-se que a zona 8 destaca-se por sua maior predominância, no qual apresenta recomendações construtivas para aberturas grandes e totalmente sombreadas, o uso de paredes e coberturas leves e refletoras. (HARADA, 2016).
É preciso ressaltar que para se alcançar a zona de conforto em uma cidade, é necessária a aplicação de estratégias bioclimáticas no meio urbano que se adequem os efeitos da radiação e dos condicionantes térmicos, como a aplicação de vegetação e materiais que minimizem os efeitos térmicos no clima quente e úmido.
A arquitetura tem um papel fundamental no diz respeito ao conforto térmico, a projeção dos espaços, escolha dos materiais e tipo de tecnologia utilizada que irão dar melhores condições de conforto para o ser humano no interior dos ambientes, independente das condições climáticas externas.
A Arquitetura deve servir ao homem e ao seu conforto, o que abrange o seu conforto térmico. O homem tem melhores condições de vida e de saúde quando seu organismo pode funcionar sem ser submetido a fadiga ou estresse, inclusive térmico. A Arquitetura, como uma de suas funções, deve oferecer condições térmicas compatíveis ao conforto térmico humano no interior dos edifícios, sejam quais forem as condições climáticas externas (FROTA E SCHIFFER, 2001, p.15).
Desse modo, a arquitetura se torna útil, e pode criar espaços termicamente confortáveis ao ser humano, a cada dia o surgimento de novos materiais e equipamentos que são bastante eficazes em edificações e ambientes externos. Dessa maneira, o estudo do clima e das problemáticas urbanas é importante para desenvolver projetos com princípios bioclimáticos voltados para o conforto da sociedade.
ÍNDICES E INDICADORES DE CONFORTO CLIMÁTICO 
Alguns índices têm sido criados para que se possa mensurar o conforto climático dos ambientes. Alguns desses índices como o Índice de Temperatura e Umidade (ITU) possuem diversos usos, como mensuração de conforto térmico em agropecuária (criação de frango de corte, por exemplo), e algumas variações possíveis em suas fórmulas de cálculo, dependendo das variáveis aplicadas e utilização do índice. 
Um índice importante, criado por Ono e Kawamura (1991) é o Índice de Desconforto Humano (IDH), que utiliza os dados de temperatura e umidade relativa do ar, medido em um ponto específico, para calcular o índice de conforto humano nesse local específico. Seu cálculo é obtido com a seguinte fórmula:
Já Ono e Kawamura (1991) descreve a fórmula, onde, Ta é a temperatura do ar e Td a temperatura do orvalho. IDH = 0,99Ta + 0,36Td + 41,5. Td é encontrado através da equação: Td = b*α(Ta.UR), sendo que α(Ta.UR) = a*Ta+In(UR) a-α(Ta.UR) b+Ta (Amaral, et al., 2016)
O NOAA possui também o índice de calor, um referencial que descreve o conforto e alterações fisiológicas sentidas em dada temperatura. O quadro X traz o índice de calor. 
Figura 7:Índices de Calor do NOAA
Fonte: NOAA, (2018)
A figura 5 apresenta os índices de calor segundo a NOAA, na qual classifica o cuidado, a extrema cautela, o perigo e o extremo perigo, com os respectivos índices de calor e seus efeitos sobre o corpo, além das cores que podem corresponder a esses efeitos. Outro índice, de emprego apenas nacional, foi criado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Ele é denominado índice de Conforto Térmico Humano, e é expresso pelo diagrama encontrado na Figura X.
Figura 8:Diagrama do Índice de Conforto Térmico Humano, do INMET.
Fonte: INMET, (2018)
Esse diagrama (figura 6) traz, em seu eixo y, a temperatura do ar, e em seu eixo x, a umidade relativa do ar. As quatro sessões coloridas, alinhadas ao eixo ao qual pertencem classificam a sensação térmica, e o quadro interior, traz a classificação do conforto humano, de acordo com a sensação térmica. (INMET, 2018). Para uma melhor compreensão do conforto climático proporcionado pelos ambientes, é necessário considerar os fatores que influenciam na remoção de calor do corpo humano.
O conforto térmico está, intimamente, ligado ao sistema termorregulador humano. Assim, os fatores ambientais que influenciam no trabalho desse sistema, são importantes para o conforto térmico. (Ruas, 1999).Esses fatores são a Temperatura do Ar (TA); a Umidade Relativa do Ar (UR); a ventilação do ambiente e a vestimenta utilizada pela pessoa. 
Temperatura do Ar
A temperatura do ar atua no processo de evapotranspiração, devido ao fato da incidência solar e o calor refletido da superfície elevando a temperatura do ar. Quando essa for superior a temperaturada pele do indivíduo, o meio cederá calor para o corpo, por um processo de convecção. Quando a situação inversa acontece, ou seja, a temperatura do ar está menor do que a da pele, essa perde calor para o meio por convecção, sendo a razão de perda maior quanto menor for a temperatura do ar. (Ruas, 1999). Nesse sentido, pode se dizer que a temperatura do ar está inerente as trocas de calor das superfícies, sejam elas da pele ou de abjetos com a radiação térmica.
Umidade Relativa do Ar
A umidade relativa do ar está relacionada com a quantidade de água presente no ar, pode ser quantificada em porcentagem pela unidade de medida UR de 0 à 100% de saturação da temperatura. Geralmente esses dados são computados na meteorologia, determinando a previsão do tempo em relação a umidade do ar. Nesse sentido Ruas (1999, p.42), define UR como: 
A umidade relativa do ar, numa determinada temperatura, é a razão entre o número de gramas de vapor d'água existente em lm3 de ar e a quantidade máxima de gramas de vapor d'água que 1m3 de ar pode conter, quando está saturado naquela temperatura. A umidade relativa varia com a temperatura do ar. Com o aumento da temperatura, a quantidade máxima de vapor d'água que 1m3 de ar pode conter também aumenta. Com a diminuição da temperatura, a quantidade máxima de vapor d'água que 1 m3 de ar pode conter também diminui. 
Conforme supracitado a umidade relativa do ar é determinada através da razão do número de gramas do valor de água existente no ar, que de acordo com a variação da temperatura a quantidade de vapor de água pode aumentar ou diminuir. Assim, para que se baixe a UR é necessário a diminuição na quantidade de vapor d’água ou o aumento da temperatura do ar, sendo invertidas as variáveis para a situação inversa.
Ventilação do Ambiente
 A ventilação do ambiente, enquanto variável de influência na remoção de calor, está condicionada a TA e a UR. Assim, em uma situação de ar não saturado e com temperatura inferior a da pelo do indivíduo, quando a ventilação aumenta, o processo de evaporação aumenta, porque a umidade é retirada mais rapidamente da pele e processo de perda de calor por convecção aumenta, pois o ar circundante do corpo é trocado mais rapidamente. 
Quando a ventilação diminui, esses processos também diminuem, na mesma proporção dessa. (Ruas, 1999). Assim, a ventilação possui grande importância na troca de calor por convecção, retirando o calor e resfriando o local.
Vestimenta utilizada
 	A roupa serve como elemento que reduz a remoção de calor do corpo. Assim, ela reduz os processos de perda de calor por convecção, ao diminuir a circulação de ar ao redor do corpo e diminui, na razão de sua permeabilidade, a perda de umidade da pela pelo suor. (Ruas, 1999). Pode-se afirmar que a vestimenta vai além do que apenas cobrir a superfície da pele, ela protege tanto do calor quanto do frio, conservando a temperatura do corpo.
Para que se possam estabelecer padrões internacionais de conforto térmico, a Internacional Standards Association (ISO), criou a Norma de Ergonomia do Ambiente Térmico ou ISO 7730. Essa norma considera a avaliação de dois índices, o Voto Médio Estimado (PMV) e a Porcentagem de Pessoas Insatisfeitas (PPD), para a avaliação do conforto térmico de um ambiente. (Lamberts, Xavier, & Goulart, 2008). 
Assim, Lamberts, Xavier e Goulart (2008, p. 65), ainda afirmam que o PMV pode ser definido como: 
Esse índice pode ser determinado quando a Atividade (taxa metabólica) e as Vestimentas (resistência térmica) são conhecidas, e os parâmetros físicos são medidos, tais como: temperatura do ar, temperatura radiante média, velocidade do ar e umidade do ar, conforme previsto na Norma ISO 7726/85. É importante ressaltar que esse índice está baseado no balanço de calor do corpo humano com o ambiente.
Conforme citado os índices são determinados pela atividade exercida através do metabolismo e da vestimenta em relação a temperatura do ar, radiação e umidade, conforme previsto em norma. Ainda segundo os autores, seu cálculo é obtido pela seguinte equação:
Onde: 
tcl é calculada iterativamente através da equação 8.
Sendo:
PMV = Voto médio estimado, ou sensação de conforto,
M = Taxa metabólica, em W/m2,
W = Trabalho mecânico, em W/m2, sendo nulo para a maioria das atividades,
Icl = Resistência térmica das roupas, em m2.ºC/W,
fcl = Razão entre a área superficial do corpo vestido, pela área do corpo nú,
ta = Temperatura do ar, em ºC,
tr = Temperatura radiante média, em ºC,
var = Velocidade relativa do ar, em m/s,
pa = Pressão parcial do vapor de água, em Pa,
hc = Coeficiente de transferência de calor por convecção, em W/m2.ºC,
tcl = Temperatura superficial das roupas, em ºC. (Lamberts, Xavier, & Goulart, 2008).
Esse cálculo verifica o voto médio estimado, ou sensação de conforto, de acordo com o metabolismo, a temperatura do ar, a radiação, ventilação e umidade, calculando a transferência de calor por convecção e a temperatura superficial das roupas para se chegar no resultado. Segundo a ISO 7730, os requerimentos de conforto térmico para diversas categorias de ambientes, devem ser mensurados como na figura abaixo.
Figura 9: Requerimentos Ambientais de Conforto, segundo a ISO 7730
Fonte: Voltani e Labak, (2008)
A figura 7 apresenta os Requerimentos Ambientais de Conforto, segundo a ISO 7730, caracterizando por categoria o estado térmico do corpo e o desconforto local de cada categoria de acordo com a diferença de temperatura na vertical, piso quente e a radiação assimétrica. 
CONCEPÇÃO BIOCLIMÁTICA
A concepção bioclimática está relacionada a utilização dos condicionantes naturais do clima, para elaborar espaços que possam propiciar conforto com a adequação aos elementos climáticos. No meio urbano essa concepção é visualizada de forma que estratégias bioclimáticas se tornem um mediador entre o clima externo e o espaço público.
Para Romero (2000) essas concepções podem ser aplicadas no espaço urbano, de maneira que se possa produzir ambientes externos de qualidade propiciando saúde e bem-estar, por meio da integração do ambiente urbano para satisfazer às exigências do conforto térmico para as práticas sociais do homem. Nesse sentido pode-se dizer que o espaço público deve ser concebido através do aproveitamento do meio natural, com intuito de impedir a ação das intempéries, para garantir o conforto e bem-estar dos usuários.
Consiste na adequada e harmoniosa relação entre ambiente construído, clima e seus processos de troca de energia, tendo como objetivo final o conforto ambiental humano. Mais do que parte do movimento ecológico mundial que se seguiu posterior, o bioclimatismo é uma das concepções que mais reforçam e contribui para a eficiência térmico energético de um edifício. (BARBIRATO, SOUSA, et al, 2007, p.12)
Portanto, a concepção bioclimática dos espaços públicos conforme citado visa uma adequada e harmoniosa relação entre ambiente construído, concebendo espaços que promovam bem-estar, conforto e interação do ser humano com o meio ambiente.  A concepção bioclimática veio como um meio de reformar e contribuir para a eficiência térmico energético não só da edificação, mas também de toda forma de ambiente construído.
Estudo a Carta psicométrica De Givoni (1976) 
Ao analisar a carta psicométrica de Givoni (1976), na qual foi reproduzida pelo software Analysis Bio 2.2, nota-se que os meses de setembro e outubro são os que se encontram mais próximos da zona de conforto, entretanto apresentam-se também nas áreas de ventilação, alta inércia, resfriamento evaporativo e ar condicionado. Também nesses meses são apresentados os menores índices de umidade relativa em média de 64%, maiores temperaturas médias de 33ºC.
Figura 10: Carta bioclimática de Givoni (1976)
Fonte: Analysis Bio
Nota-se na figura 10, os meses de janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, novembro e dezembro se encontram totalmente fora da zona de conforto, inseridos nas zonas de ventilação, alta inércia, resfriamento evaporativo e ar condicionado. Dessa forma, podemos analisarque a umidade nesses meses aumenta e a temperatura vareia com máxima de 31ºC e mínima de 23ºC, a necessidade de técnicas construtivas para mitigar os efeitos térmicos na edificação.
A velocidade de circulação do ar no interior da edificação e as temperaturas superficiais internas são variáveis que podem ser alteradas, por meio de estratégias arquitetônicas, sem emprego de equipamentos mecânicos, para se obter uma melhor condição de conforto aos ocupantes (Mazon et. al, 2006). Ou seja, tratando se da velocidade de circulação do ar, o profissional em arquitetura e urbanismo trabalha também com estratégias para melhor desenvolver o conforto e bem estar dos habitantes dentro de um projeto arquitetônico, tanto interno quanto na parte externa, pois na maioria das vezes as temperaturas variam de acordo com as estações e para tanto é necessário o uso de estratégias.
Recomendações bioclimáticas para o clima quente e úmido
As recomendações bioclimáticas para o clima quente e úmido são diversas, depende de cada região e tipo de clima, além dos elementos que compõe as regiões. No Brasil, um país de diversos domínios climáticos, a construção civil segue normas para minimizar os desconfortos e aumentar a eficiência climática e energética, de acordo com cada região. (Pacheco, Dias, Fernandes, Pedrini, & Brito, 2013). Assim, a série de normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR15220:2005, que versa sobre as recomendações bioclimáticas para projetos em climas quente-úmido, sugere como soluções para o clima de Macapá (Quadro 2).
Segundo Romero (1988), para o clima quente - úmido é necessário aumentar a movimentação do ar, promover a evaporação, reduzir a absorção de radiação e proteção máxima conta os agentes agressivos da natureza.
QUADRO 2: Recomendações Bioclimáticas para o clima quente úmido
	Sombreamento
	Proteção da insolação para aumentar o conforto térmico e reduzir o consumo de condicionamento de ar, através do emprego de varandas, beirais, protetores e vegetação. 
	Ventilação
	Arquitetura permeável ao vento e orientada para os ventos predominantes, para remover o calor e refrescar usuários. 
	Refletividade da envoltória
	Refletir o calor solar para evitar o aquecimento indesejado e para reduzir o consumo de energia do condicionador de ar, com a utilização de superfícies com cores claras ou reflexivas. 
	Iluminação
	Aproveitamento da luz natural abundante, gratuita e de melhor qualidade para substituir a artificial, proporcionada por grandes aberturas sombreadas. 
	Vegetação
	Vegetação que protege o edifício do calor e o resfria, proporciona privacidade e preserva o ambiente. 
	Fachada cega
	Paredes sem aberturas para Oeste para minimizar a entrada de calor. 
	Profundidade
	Edifícios com pouca profundidade para que os ambientes tenham ventilação e luz natural e contato com o exterior. 
	Grandes beirais
	Grandes beirais para proteger as aberturas e paredes da insolação e das intempéries. 
	Água pluvial
	Captação de água da chuva por meio de geometria apropriada da cobertura, sendo coletada ao centro da coberta. 
	Teto verde
	O telhado verde provê conforto termo acústico e harmoniza o edifício na paisagem 
	Elevação
	Edifício elevado do solo, com pilotis, recebe mais vento, evita movimentação de terra, aumenta a permeabilidade do solo e preserva a vegetação. 
	Ventilador de teto
	Ventila o ambiente e remove calor do usuário quando não há ventilação, com baixo consumo de energia elétrica. 
	Exterior
	Integração do interior com o exterior vegetado aumenta o conforto térmico, aumenta a qualidade ambiental e gera efeitos psicológicos positivos. 
	Venezianas
	As venezianas móveis são flexíveis permitindo sombrear e ventilar os ambientes conforme a necessidade. 
	Isolamento
	Isolamento térmico em coberturas de ambientes climatizados e em paredes externas voltadas para Oeste, visando diminuir temperatura da superfície interna, o fluxo de calor entre o interior e o exterior e o consumo de energia do condicionador de ar. 
	Energia
	Arquitetura eficiente energeticamente de acordo com a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia de Edifícios. 
	Orientação
	Planta alongada com maiores fachadas e aberturas para Norte e Sul para otimizar sombreamento e ventilação 
	Material leve
	Materiais e sistemas construtivos leves para não acumular calor absorvido durante o dia. Essa estratégia foi atendida com o emprego de paredes de chapas finas de madeira e dry wall. (Pacheco, Dias, Fernandes, Pedrini, & Brito, 2013)
Fonte: NBR15220:2005. Adaptado pelo Autor, (2019)
O emprego de tais recomendações, segundo os estudos técnicos que as desenvolveram, melhora a eficiência térmica dos edifícios, como mostrado na imagem acima as recomendações para o clima quente úmido de macapá, no qual propõe soluções para amenizar o desconforto causado pelo aumento da temperatura.
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A FORMA URBANA DE MACAPÁ e suas problemáticas
Muitas cidades tem processos tardios de crescimento e mudanças, devido à falta de políticas públicas aplicadas, má administração e gestão pelos órgãos responsáveis. Conquanto tenha quase 300 anos de idade, Macapá passou por seus maiores períodos de mudança durante o século XX, notadamente, desde a criação do atual Estado do Amapá em 1988; frutos das mudanças políticas e sociais trazidas por esse fato. (SOUZA, 2014). Nesse sentido devido aos processos tardios, a cidade hoje reflete uma situação na qual apresenta grandes deficiências em equipamentos públicos e a modificação do seu traçado e tecido urbano.
Segundo Santos e Santos (2016) a criação da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana (ALCMS), a intensa migração populacional e a conurbação fizeram com que alguns processos de modificação socioespacial ocorressem, como por exemplo, a segregação socioespacial (separação de bairros por classes sociais) e a descentralização, dando origem a aglomerados urbanos ocupados de forma desordenada. 
Figura 11: Aglomerado Urbano de Macapá
Fonte: Santos, (2015)
A figura 8 apresenta o mapeamento dos aglomerados urbanos até 2015, na qual observa-se que a concentração maior se localiza na zona norte da cidade de Macapá. As modificações trazidas por esse fato fizeram com que Macapá crescesse de forma desordenada, grandes migrações é o resultado da expansão urbana na cidade. Esse processo é endêmico do Estado do Amapá, afetando toda a urbanização nessa Unidade da Federação: 
O estado do Amapá experimentou um processo de urbanização tardia que se intensificou nas três últimas décadas e como principal reflexo apresenta um alto grau de deficiência de equipamentos e estruturas urbanas necessárias a uma melhor qualidade de vida de sua população. Parte dos problemas apresentados no espaço urbano amapaense tem como origem a baixa capacidade de planejamento empreendida por gestores públicos, além da ausência de integração de políticas regionais propostas para os municípios que estejam em consonância com a realidade pré-existente. (SOUZA, 2014)
Devido à falta de planejamento pelos gestores, Macapá cresceu desordenadamente com uma grande deficiência em equipamentos públicos. Assim, os problemas de desenvolvimento urbano do Estado tiveram grande influência na formação do espaço urbano de Macapá: 
Apesar do exercício de planejamento ter ocorrido no território amapaense, a baixa capacidade técnica presente nos municípios, aliada a um baixo grau de participação da popular na sua concepção é refletida nas propostas idealizadas. Aliada a estes fatores, a alta densidade demográfica concentrada em duas cidades, Macapá e Santana, amplia os problemas urbanos existentes no Amapá. As duas cidades atualmente têm em seus territórios cerca de 80% da população do Amapá, residentes em áreas urbanas, e a ausência de planejamento integrado entre estas cidades é refletida especialmente nas duas principais rodovias de integração, a Rodovia Juscelino Kubitschek (JK) e Duca Serra, que vem ao longo dos anos experimentando um processo de conurbação. (SOUZA, 2014).
Tão importante quantoa preservação das áreas de ressaca é a preocupação com a ocupação das mesmas. Macapá apresenta um déficit habitacional alto e acarretando inúmeras ocupações informais principalmente em áreas úmidas que são essenciais a conservação do meio ambiente, escoamentos das águas, e essas áreas quando aterradas provocam as enchentes, alterando o clima local.
A ocupação destes ambientes úmidos importantes para manutenção do micro clima das cidades de Macapá e Santana e considerado por pesquisadores do Instituto de Pesquisa do Amapá (IEPA) como ambientes extremamente vulneráveis reproduz o modo de vida das populações ribeirinhas localizadas nos ambientes rurais do Amapá, encontrada em grande escala no ambiente amazônico, porém acrescida de toda a desestruturação proveniente da ocupação irregular de espaços ambientalmente fragilizados (Souza, 2014)
Conforme supracitado a falta de participação popular no planejamento urbano tem ampliado os problemas de infraestrutura em Macapá e Santana, na qual são as cidades que apresentam a maior densidade populacional do estado do Amapá. O reflexo dessas problemáticas urbanas pode ser visualizado nas rodovias Juscelino Kubitschek (JK) e Duca Serra que integram as cidades.
O atual Plano Diretor do Município, entre suas muitas novidades, trouxe a criação de zonas protegias, incluindo as ressacas e a zonas ribeirinhas, além de criar áreas protegidas no interior e no entorno da cidade, permitindo que se encontrem alternativas socialmente equilibradas para os problemas de ocupação dessas áreas. (MACAPÁ, 2014). Outro problema urbano de Macapá, surgido da dispersão e ocupação de áreas irregulares é a questão do saneamento básico, cuja rede atualmente existente, é insuficiente para atender a todo o território municipal. 
Conquanto esses problemas sigam sem uma solução completa, desde 2010, a forma urbana de Macapá, influenciada pelo Plano Diretor e outras políticas públicas, vem sofrendo grande alteração:
Foi verificado que, de 2010 a 2015, foram realizados em Macapá cerca de 33 empreendimentos residenciais, dentre eles, 5 públicos e 28 privados, desses, 10 verticais e outros 18 na forma horizontal. Esses empreendimentos ofertaram à população macapaense mais 16 mil unidades, entre terrenos e residências. Desse total, 8.426 unidades foram provenientes da iniciativa pública, em especial pelo Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), criado pela Lei Federal n° 11.977, de julho de 2009, e outras 8.030 mil contabilizando só os empreendimentos horizontais, resultantes da atuação da iniciativa privada. (SILVA, online2017)
Conforme citado a realização de programas de empreendimentos residenciais para habitação de interesse social veio como forma de mitigar as ocupações desordenadas em áreas de resseca, tornando assim possível a restauração desses espações que são importantes para o clima amapaense.
Figura 12 - Crescimento Urbano de Macapá 2010 – 2015
Fonte: (Silva E. C., 2017)
A figura 11 apresenta o crescimento urbano de Macapá nos anos de 2010 a 2015, na qual nota-se a expansão dos condomínios e conjuntos habitacionais (HIS) para a periferia da cidade, acarretando em um crescimento horizontal. A forma urbana atual de Macapá, assim como ocorre em outros centros urbanos, é um dos fatores primordiais para sua composição microclimática. (FRANCO, NOGUEIRA, PINTO JUNIOR, BIUDES, & NOGUEIRA, 2013). A pouca verticalidade permite que a ventilação advinda do rio Amazonas chegue em bairros mais distantes, tornando assim a cidade ventilada.
POLÍTICAS PÚBLICAS NA PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO: PLANO DIRETOR DE MACAPÁ E SEUS ASPECTOS AMBIENTAIS
Instituído em fevereiro de 2004, sob Lei Complementar nº 26/2004, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Macapá surgiu, por ocasião de seu aniversário de 246 anos. Como regulamentação legal para o uso e ocupação do solo dessa cidade, permitindo seu zoneamento e planejamento do desenvolvimento urbano futuro dentro dos novos padrões ambientais. (MACAPÁ, 2014). Assim, o planejamento urbano da cidade passou a ser adequados a realidade de transformações e impactos causados pela interferência antrópica no meio.
As orientações contidas neste documento conformam a base de um processo de planejamento permanente de gestão urbana e ambiental do município, que tem na participação popular um dos principais componentes para a consolidação do objetivo maior da política de desenvolvimento urbano, que é ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. (Macapá , 2014, p.5)
Tal documento, norteador da forma urbana é essencial para a compreensão dos microclimas já existentes na cidade e traz soluções para que a cidade se desenvolva de forma sustentável, e seu papel é fundamental para propor medidas para os problemas trazidos pelas modificações antrópicas.
Nesse sentido, e incluindo outras formas de impacto ambiental, além das alterações microclimáticas, o norte do Plano Diretor de Macapá foi a sustentabilidade no uso do solo urbano. In verbis:
O Plano Diretor visa, ainda, a implantação e a consolidação de um processo de planejamento que propicie o desenvolvimento sustentável do Município. Deste modo, fornece diretrizes que, interpretando as potencialidades econômicas e sociais dos recursos ambientais do Município de Macapá, induzam ao desenvolvimento sustentável, indiquem as prioridades de investimento e promovam a melhoria da qualidade de vida da sua população. Entre as diretrizes e critérios que norteiam o Plano Diretor e a regulamentação dos seus instrumentos, é destacada a necessidade de condicionar o desenvolvimento urbano à capacidade da infraestrutura, ao acesso universal a equipamentos e serviços e à construção de uma cidade sustentável e sem desigualdades sociais. (MACAPÁ, 2014, p.9)
Dentro do conceito de sustentabilidade no desenvolvimento do espaço urbano, associado a conceitos como a mobilidade urbana e o pleno acesso à equipamentos e serviços, há a necessidade de propor uma cidade sustentável e sem desigualdades sociais. O Plano Diretor de Macapá foi constituído observando-se as seguintes premissas: a estruturação do Município de Macapá, abrangendo os aspectos urbanos e a mobilidade intramunicipal e intraurbana, os aspectos ambientais, as condições de moradia para a população de baixa renda e por fim a gestão territorial.
Assim, observadas essas premissas, após análises das comissões que, delimitaram-se as áreas constituintes do Plano Diretor. “A partir dos levantamentos temáticos foram construídos referências e indicadores que orientaram a elaboração de alternativas propostas para o Plano Diretor”. (MACAPÁ, 2014, p.10). No que diz respeito ao plano diretor, as cidades necessitam de estratégias para a qualificação e preservação do espaço, adotar princípios para a melhoria da mobilidade, proteção do meio ambiente e habitação popular para pessoas que vivem em áreas de risco, todas as estratégias estão ligadas diretamente no surgimento de microclimas. 
Vencida essa etapa, o Plano Diretor criou um grupo de espaços, que foram dados por Patrimônio Ambiental do Município, nos quais estão inclusas segundo o Plano Diretor de Macapá (2014): 
§ 3o Incluem-se no patrimônio ambiental do Município de Macapá: 
I - a orla do rio Amazonas; 
II - as ressacas; 
III - os demais recursos hídricos; 
IV - o ecossistema de várzea; 
V - o ecossistema de cerrado; 
VI - os bosques; 
VII - os ninhais; 
VIII - os sítios arqueológicos; 
IX - os bens imóveis históricos e culturais; 
X - o traçado original da antiga praça e vila de São José de Macapá; 
XI - os costumes e as tradições populares manifestos no meio ambiente. 
§ 4o Entende-se por ressacas, as áreas que se comportam como reservatórios naturais de água, apresentando um ecossistema rico e singular e que sofrem a influência das marés e das chuvas de forma temporária. (MACAPÁ, 2014, p.16)
A proteção dos bens naturais, histórico e culturas são de suma importância para o estado, no qual está incluindo nesse âmbito a orla do rio amazonas, as ressacas, os recursoshídricos, além do ecossistema de várzea e do cerrado entre outros bens imóveis históricos. É importante lembrar que as áreas de ressaca são imprescindíveis para a manutenção do ecossistema que é único em cada região e sendo responsável pela drenagem da água da chuva evitando enchentes. 
 Ainda no âmbito da proteção ambiental, elemento essencial para os microclimas, o Plano Diretor estabeleceu estratégias como a proteção ambiental das áreas de ressacas realizando a realocação das pessoas que ocupam essas áreas. Especificamente quanto ao que tange a gestão territorial, foram estabelecidos, dentro da questão da sustentabilidade do espaço urbano, os nortes como a gestão integrada do patrimônio ambiental e do desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis. 
É possível verificar que as áreas de ressaca e de fragilidade ambiental além do manejo de recursos naturais e atividades de turismo fazem parte da gestão integrada do patrimônio ambiental (MACAPÁ, 2014). Observados esses constituintes do Plano Diretor de Macapá, traçou-se as premissas estratégicas para a cidade, que serão responsáveis, em grande parte, por seu futuro desenvolvimento e forma urbana: 
O tratamento das ressacas como um dos mais importantes recursos naturais da cidade de Macapá, abrangendo: a) recuperação progressiva das ressacas ocupadas, com reassentamento progressivo das famílias que as habitam; b) prioridade na proteção das ressacas não ocupadas com a preservação do cinturão de área verde nas suas margens; (MACAPÁ, 2014, p. 23)
Também é importante considerar, pensando no impacto que possui na formação de microclimas, a estratégia para a habitação, que tem como meta principal, evitar a degradação, pelo uso irregular, de áreas ambientalmente frágeis.
Tais diretrizes se reforçam no Art. 28 do Plano Diretor Municipal, que traz também o reforço à instalação de redes de saneamento básico que, ao reduzirem a poluição dos cursos d’água e melhorarem sua vazão, além de reduzir o mau cheiro, causado por seu despejo sem tratamento, contribuem para a alteração dos microclimas atuais. 
Também é importante, do ponto de vista da formação e alteração dos microclimas urbanos, a estratégia empregada na qualificação do espaço urbano, que acaba por organizar, por exemplo, as áreas onde é possível a construção de edifícios de diversos pavimentos, contribuindo diretamente para a ocorrência de tais fenômenos. 
Art. 33. A Estratégia para Qualificação do Espaço Urbano tem como objetivo geral ordenar e regulamentar o aproveitamento dos espaços da cidade, para propiciar um ambiente mais saudável e confortável para os seus usuários e criar novas oportunidades de geração de trabalho e renda para a população, sobretudo relacionadas ao lazer e ao turismo. (MACAPÁ, 2014, p.26).
A separação do zoneamento urbano permite traçar um plano das potenciais áreas que possuirão edificações capazes de interferir no regime de ventos, as áreas que serão urbanizadas, perdendo parte de sua arborização nativa e recebendo a cobertura asfáltica em seu solo, além de outras situações que impactarão, futuramente, na formação e modificação dos microclimas urbanos.
Quanto a criação e gerenciamento das subzonas urbanas que são responsáveis pelo equilíbrio do ecossistema e os microclimas das diferentes regiões da capital, o Plano Diretor de Macapá estabelece as subzonas de Fragilidade Ambiental (SFA) (MACAPÁ, 2014). Assim conforme citado o Plano Diretor estabeleceu Zonas e Subzonas de fragilidade ambiental, delimitando o ornamento e normas especificas para essas áreas. Estabelecidas todas essas diretrizes, o Plano Diretor estabeleceu o mapa da ocupação urbana, que é ponto fundamental para a formação ou modificação dos microclimas no interior da zona urbana de Macapá.
Figura 13-Zoneamento Urbano de Macapá, estabelecido pelo Plano Diretor do Município.
Fonte: Macapá, (2014)
A figura 12 apresenta o Zoneamento Urbano de Macapá, no qual o estabelecimento do mesmo, torna-se mais fácil, empregando as teorias sobre o microclima existentes, associadas ao conhecimento dos domínios morfoclimáticos derivados da obra de Aziz Ab’Sáber e dos estudos desse autor sobre a influência antrópica na modificação desses domínios, compreender, nos projetos futuros, como os elementos da geometria urbana existentes e os que estão sendo criados irão criar e alterar os diversos panoramas microclimáticos de Macapá. 
ASPÉCTOS CLIMÁTICOS DE MACAPÁ 
Por estar situado na Linha do Equador o clima da cidade de Macapá é equatorial predominantemente quente úmido, recebendo as radiações solares de forma perpendicular especialmente ao meio dia nos equinócios. É caracterizado pelas variações estacionais no regime de precipitação, associado à migração anual da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que consiste segundo Tavares (2014) nas nuvens que circundam ao redor do planeta na região da linha do equador, relacionada ao encontro dos ventos originários do hemisfério norte e sul que se estabilizam exatamente nas cidades situadas na linha do equador. 
Figura 14- Principais fenômenos meteorológicos no Amapá
Fonte: Tavares (2014, p. 138)
A figura 13 acima apresenta o mapa do Estado do Amapá e os principais fenômenos meteorológicos da região, onde é possível verificar o favorecimento atmosférico para a formação de nuvens convectivas devido a grande presença hídrica que se propagam em direção a Amazônia pelos ventos predominantes da região. Esses fenômenos contribuem para o grande volume de precipitação durante mais da metade do ano causado principalmente pela atividade convectiva da Zona de Convergência Intertropical e pelas linhas de instabilidades que podem ser visualizadas na imagem.
O clima da capital do estado, Macapá é influenciado principalmente pela impermeabilização do solo e pela ausência de vegetação, se caracterizando pela grande incidência de radiação solar em sua superfície. É importante lembrar que a incidência de radiação solar é maior na região tropical, e devido Macapá está localizado na linha do equador a elevação solar fica a 90º com poucas variações, sendo de maior intensidade no mês de setembro no equinocio de primavera (TAVARES, 2014). A insidencia da radiação solar pode ser medida em kw/h/m² por área como mostra a figura 12. 
Figura 15 - Mapa da incidência de radiação em Macapá em kw/hm²
Fonte: Global Solar Atlas, adaptado (2018)
A ilustração (Figura 14) acima demostra uma visão geral da irradiação solar, na qual Macapá se insere na região com incidência da radiação solar de 2009 kWh/m2 por ano, observa-se que na área central onde está fixado o símbolo de localização o nível de incidência é maior ficando na faixa de 2070 kWh/m2 anualmente. Não é exagero afirmar que esses dados além da contribuição da radiação nos meses em que ocorrem os equinócios comprovam que o clima urbano da cidade é termicamente elevado, tornado assim, necessário à aplicação de projetos Bioclimáticos para espaço abertos com o intuito de proporcionar conforto térmico nessas áreas. 
Os maiores valores ocorrem nos meses de equinócios, quando o sol passa na vertical da Linha do Equador, em março e setembro. Essa grande quantidade de energia que chega à superfície contribui para manter as temperaturas sempre altas em Macapá. E devido à alta umidade durante todo o ano, a amplitude térmica é muito pequena, não excedendo 10°C. (TAVARES, 2014, p. 139)
Conforme citado acima meses em que ocorrem os equinócios a sensação térmica aumenta sensivelmente, mantendo a temperatura ambiente entre 33Cº à 35Cº. Diante desse quadro, nota-se que o clima urbano da cidade de Macapá tem poucas variações ficando em média sempre com elevados temperaturas e grande presença de umidade, sendo influenciado pela forte presença do concreto e de corpos hídricos que alteram os efeitos térmicos e contribui para a formação de microclimas com elevados índices térmicos, gerando consequentemente áreas desconfortáveis e inapropriadas para o uso e permanência da população.
Gráfico 16- TEMPERATURA MÁXIMA EM MACAPÁ DURANTE O ANO
Fonte: INMET (1961-1990)Gráfico 17-TEMPERATURA MÍNIMA EM MACAPÁ DURANTE O ANO
Fonte: INMET (1961-1990)
Nos gráficos 2 e 3 é apresentado a temperatura máxima e mínima durante o ano, apesar de estarmos na linha do equador a temperatura nos anos de 1961 e 1990 chegou na mínima de 22,8 Cº no mês de julho. Atualmente esses dados sofreram poucas variações, devido a crescente urbanização da cidade e a retirada das vegetações principalmente na região central de Macapá. 
Gráfico 18- Umidade relativa em % anual
Fonte: INMET (1961-1990)
O gráfico 17 apresenta a Umidade relativa durante o ano em Macapá, onde pode-se visualizar que o mês de março possui a mais alta porcentagem de umidade do ano. A umidade em Macapá aumenta nos meses chuvosos e apresenta menor índice no período de seca, apresentando uma média de 80% de umidade durante quase todo ano. 
análise espacial das caracteristicas DA ÁREA DE ESTUDO
O bairro Jardim Felicidade II localizado na zona norte de macapá é um bairro segundo o IBGE que surgiu em meados da década de 1970. “Sua população em 2010 era de 16 672 habitantes, sendo 8.152 homens e 8.520 mulheres” (IBGE, 2010). Ainda de acordo com o IBGE o bairro até 2010 possuía 3.898 domicílios particulares permanentes, que estavam distribuídos em uma área total de 2,6 km².
Figura 19: Perímetro do Bairro
Fonte: Google Earth. Adaptado pelo autor (2019)
A figura 18 acima representa o perímetro do bairro Jardim felicidade II, que se estende em uma área de aproximadamente 2km. O bairro não possui prédios ou casas com mais de 3 pavimentos, facilitando assim a passagem de ventilação no entorno da área. Nota-se que o bairro apresenta bastante vegetação que se estende em quase todo o seu perímetro.
Figura 20: Delimitação da Área de estudo
Fonte: Google Earth. Adaptada pelo autor (2019)
Para aplicação do estudo do microclima do Bairro Jardim Felicidade II, delimitou-se uma área em um raio de 400 metros como mostrado na figura acima, no qual será abordado a caracterização e estudo do local realizando uma análise espacial das suas características.
· Ventilação e insolação
Figura 21: Mapa Ventilação e Insolação
NASCENTE
POENTE
VENTILAÇÃO
Fonte: Google Earth. Adaptada pelo autor (2019)
A figura acima representa a insolação e ventilação no bairro, os ventos predominantes são advindos da zona Leste da cidade. O sol nasce na Leste aproximadamente às 06:00 e se põe no Oeste às 18:00. 
· Sistema viário
Figura 22: Mapa do sistema viário
VIA ARTERIAL
Fonte: Google Earth. Adaptado pelo autor (2019)
A figura 21 acima representa o sistema viário do bairro, as 3 vias na cor laranja são as vias coletoras de maior fluxo que dão acesso aos bairros vizinhos, na cor amarelo as vias locais, e na cor branca representa a rodovia AP-070 na qual se insere como uma via arterial passando pelos bairros e dando acesso a outros municípios.
· Uso do solo
Figura 23 - Mapa de uso do solo do bairro
Fonte: Autor (2019)
O uso do solo na área de estudo como mostrada na figura acima apresenta as áreas ocupadas e tipo de ocupação em cada lote organizado nas cores Amarelo: Residencial, Vermelho: Misto(casa/comércio), Vende: Comercial, cinza: Institucional e Preto: Áreas sem ocupação.
· Gabarito das edificações 
Figura 24 – Gabarito das edificações
Fonte: Autor (2019)
A figura acima apresenta o gabarito das edificações, no qual foi realizando uma mapeamento na área para verificar as residências de 1, 2 ou mais pavimentos, onde notou-se a predominância de residencias de 1 pav. como representado acima na cor amarelo. O local não possui residências como mais de dois (2) pavimentos, e apresenta poucas áreas sem construção.
Diretrizes de Uso do solo
A Lei do Parcelamento do Solo de Macapá delimita áreas em setores classificando o uso e ocupação específico de cada área. Determina as diretrizes de ocupação e construção de acordo com as especificidades de cada setor. Assim o parcelamento do solo para fins urbanos será regulamentado pelo Município em consonância com as leis federal, estadual e municipal, no que couber, assegurados o interesse público e a função social da propriedade no uso da terra.
Figura 25 - Setor do bairro Jardim Felicidade II
Fonte - Lei de uso e ocupação do solo. Adaptada pelo autor (2019)
Por interédio de consulta na Lei de Uso e Ocupação do Solo verificou-se que o Bairro se encontra no setor SR4, mais especificamente na área selecionada para estudo, no qual está inserido áreas de ressaca em suas proximidades, com usos e atividades epecificas.
Os tipos de usos e atividades permitidas no Setor Residencial 4, onde se destaca o uso de residências uni e multifamiliar, o comércio e serviços de apoio à moradia com restrição às atividades que causem impactos ambientais, ou incomodo a vizinhança. Também é permitido o uso para residencial uni e multifamiliar; comercial e industrial níveis 1 e 2; de serviços níveis 1, 2 e 3; agrícola nível 3.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
Para o presente trabalho, foram coletados dados climatológicos de quatro pontos no Bairro Jardim Felicidade II, com o fito de demonstrar a variação microclimática e determinar as condições desse fenômeno no bairro. Na coleta dos dados foi utilizado um TERMO-HIGRO-ANEMÔMETRO LUXÍMETRO THAL-300 para calcular a Temperatura, Umidade relativa e velocidade do ar.
Figura 26:TERMO-HIGRO-ANEMÔMETRO LUXÍMETRO THAL-300
Fonte: Autor (2019)
 Os dados foram colhidos em quatro pontos distribuídos em um raio de 400m no Jardim Felicidade II às 8:00h, 12:00h e 19:00h, sendo produzida uma comparação entre os dados coletados. Os pontos estão assim distribuídos como mostra na figura 26.
Figura 27: Pontos de coletas de dados
Fonte: Google Earth. Adaptado pelo autor (2019)
Os pontos de coleta de dados estão distribuídos em áreas distintas no qual apresentam características diferentes de forma, presença ou ausência de calçadas, pavimentação e vegetação, para que se pudesse obter resultados de variação de temperatura, umidade e ventilação.
QUADRO 3:Locais de coleta de dados
	Nome do Ponto de Coleta
	Endereço do Ponto de Coleta
	Ponto 1 – Jd. Felicidade II
	R. Francisco Xavier das Chagas, entre as avenidas Alexandre Ferreira da Silva e Joaquim Silva do Amaral (Mapa 1)
	Ponto 2 – Jd. Felicidade II
	Av. Francisco Alves Corrêa, entre as ruas Clodoaldo da Silva Matias e Marabaixo. (Mapa 2) 
	Ponto 3 – Jd. Felicidade II
	Av. José Loureiro de Sena, entre as ruas Francisco Xavier das Chagas e Josefa Pelaes da Silva (Mapa 3)
	Ponto 4 – Jd. Felicidade II
	Av. Joaquim Silva do Amaral, entre as ruas Clodoaldo da Silva Matias e Marabaixo. (Mapa 4) 
Fonte: Dados do Autor (2019)
O quadro 3 apresenta os locais de coletas de dados, com o nome e endereço dos pontos, 	que serão apresentados nos mapas a seguir para situação dos pontos dentro do objeto de estudo no período de 15 dias começando a partir da data 11 de março à 25 de março de 2019. 
Figura 28:Ponto 1
Fonte: Google (2018); Dados do Autor (2019)
A figura 27 mostra o ponto 1 no mapa apresentando a imagem onde foram realizadas as aferições, situada na Rua Francisco Xavier das Chagas, entre as avenidas Alexandre Ferreira da Silva e Joaquim Silva do Amaral. No qual apresenta verticalização baixa, rua sem pavimentação, ausência de calçadas e pouca arborização no perímetro.
Figura 29: Ponto 2
Fonte: Google (2018); Dados do Autor (2019)
A figura 26 mostra o ponto 2 no mapa apresentando a imagem onde foram realizadas as aferições, e está situada na Av. Francisco Alves Corrêa, entre as ruas Clodoaldo da Silva Matias e Marabaixo, localizado em frente à praça do bairro e a Escola Maria do Carmo Viana do Anjos onde possui bastante movimentação dos alunos nos horários de entrada e saída, apresentando pouca arborização, presença de pavimentação e calçadas. 
Figura 30: Ponto 3
Fonte: Google (2018); Dados do Autor (2019)
A figura 29 mostra o ponto 3 no mapa apresentando a imagem onde foram realizadas as aferições, e está situada na Av. José Loureiro de Sena, entre as ruas Francisco Xavier das Chagas e Josefa Pelaes da Silva. A situação da avenida

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