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Como avaliar em Neuropsicologia do sono

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© 2019 Casapsi Livraria e Editora Ltda. 
É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação. para qualquer f-inalidade, 
sem autorização por escrito dos editores. 
l ª Edição 20/9 
Responsabilidade editorial A1ia Caroli1ia Neves 
Coordenação editorial Bmn11a Pinheiro Cardoso 
Assistência editorial Karoli11e de Oliveira C11ssoli111 
Preparação Lemwrtlo Dantas do Carmo 
Revisão Natlwlia Fermrezi 
Capa e projeto gráfico Bo11ifácio fatúdio 
Foto de capa Km1yaros Hat1mwjm1gkol 
Diagramação eletrônica 8011ifácio Est1Ídio 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Angélica llacqua CRB-8/7057 
Alrnondes. Katie Moraes de 
Como avaliar em neuropsicologia do sono / Katie l\foraes de Alrnondes. - 
São Paulo Pearson Clinicai Brasil, 2019 
144 p. (Neuropsicologia na PrMica Clinica) 
Bibliografia 
ISBN 978-85-8040-000-1 
1. Neuropsicologia 2. Sono 3. Sono - Psicologia do sono 1.Título 11. Série 
19-0700 
Índices para catálogo sistemático: 
1. Neuropsicologia 
Impresso no Brasil 
Pri11ted in Bmz.il 
CDD 616.00 
As opiniões ex1nessas 11este livro, hem como seu co11teiído, siio de responsabilidade de 
seHs autores, /Uio 1iecessaria111e11te correspo11de11do ao po11to de vista da editora. 
Resen1ados todos os direitos de p11blicaçiio em lí11g11a portuguesa à 
@Pearson 
Casapsi Livraria e Editora Ltda. 
Av: Francisco Matarazzo, 1.500-Cj. 51 Ed. Ncw York 
Barra Funda -São Paulo/SP-CEP 05001-100 
www.pcarsonclinical.com.br 
Sumário 
Prefácio• ..... ........ ..... ........ ... ..... ............. ... ..... ........... ..... ............. 11 
Pre fácio ...... ............. ........ ... ..... ............. ... ..... ........... ..... ............. 23 
Apresentação ................... ..................... ................................ ..... 35 
1. Neuropsicologia do Sono: história e paradigmas ........... ... ..... 39 
Histó ria do surgimento da Ne uropsicologia 
do Sono: evidências para seus paradigmas. 
Caracterizando os pri ncipais paradigmas atuais 
em Neuropsicologia do Sono. 
····· ········42 
····· ········48 
Perspectivas atuais.. . .... ........ 56 
2. Por que a avaliação do sono é importante para os 
neuropsicólogos? ..... ... ..................... ................................ ..... 59 
3. Como avaliar em Neuropsicologia do sono ...................... ..... 75 
Neurops icólogos em saúde: avali ando o so no como uma ferramenta 
importante no di agnóstico diferencial 
Caso 1 . 
Ne uropsicólogos do so no: uma especia lização a mais 
na avali ação ... 
....... 77 
. ...... 78 
. ...... 96 
Caso 2 
Caso 3 
Caso 4. 
4. Recomendações importantes para avaliação do sono 
.103 
.106 
.107 
em Neuropsicologia ............... .. ................... .. .......... ... ......... 111 
Referências bibliográficas ............ .. ................... .. .............. .. ..... 121 
Prefácio· 
O sono é uma função vita l e necessári a para a evolução de 
diferentes espécies. Nele, ocorrem muitos processos importan -
tes para o funcionamento e a adaptação de nosso organismo ao 
meio ambiente, como os processos de reparo fisiológico, atividade 
metabólica, sistema imunológico e outros, fazendo-o um mundo 
interessante para descobrir e explorar. Um aspecto fundamental 
da investigação do sono tem sido sua relação com a função cogni-
ti va. Estudos comportamentais e e letrofis iológicos revelaram que 
o sono desempenha um papel no armazenamento da memória 
de longo prazo, com uma importância significativa nos fenôme-
nos da plasticidade neuronal , incluindo aq uisição, consolidação 
e rec uperação da memória (Bli wise, 1989; Cipolli et al. , 201 7). 
A melhora das habilidades motoras que um indivfduo realiza du -
rante o dia continua durante o sono , demon strando sua importân-
Prefácio traduzido do espanhol pela autora Kat ie Moraes de Almondes para essa 
edição. Disponi bili zamos o texto na língua original na p. 23. 
11 
eia na consolidação dessas habilidades. A experiência dos sonhos 
no período dos movimentos oculares rápidos (REM) forma um 
estado fisiológico do cérebro que compartilha tanto os substra-
tos fisiológicos como as experiências psicológicas das condições 
psicopatológicas, em que a hiperativação límbica combina com 
a hipoativação frontal e com outras estruturas cerebrais. Todas 
essas características e relações do sono levaram à ava li ação e ao 
desenvolvimento de importantes baterias de medição não só para 
o sono em pessoas saudáveis, em que existem muitos modelos de 
explicação neuropsicológica da função do sono, mas também ao 
desenvolvimento de uma grande pesquisa sobre as a lterações das 
funções cognitivas nas alterações de sono e a interação da dita 
ativação com dano cerebra l (B li wise, 1989; Cipolli et al., 2017). 
A função onírica ocorre em muitos estágios do sono, no 
entanto, as imagens hipnagógicas aparecem com mais frequên -
cia durante o REM mais leve ou o sono paradoxal , mas mesmo 
durante o sono profundo (es tágios 2 e 3) ou no sono N REM 
(non-rap id eye movement). Os sonhos, em seguida, diferem do 
sono REM para o sono N REM. Os estágios do sono REM co-
meçam em aproximadamente 90 minutos, são de curta duração 
no início do sono e vão se tornando mais frequentes muito antes 
do despertar; eles ocupam cerca de 20% a 25% do nosso tem-
po total de sono (Bliwise, 1989; Cipo lli et al., 2017). Estudos 
de laboratório relataram que, quando acordam durante o sono 
REM, os indivíduos relatam em 80% a quase 100% do tempo 
que tiveram um sonho. Estes tendem a ser sonhos de conteú-
do mais vívido, altamente visuais. Durante os períodos NREM, 
descobriu -se que os sonhos são menos frequ entes , muitas vezes 
mais pensativos e mais semelhantes a uma repetição ou prá-
12 
tica de eventos do dia anterior. Embora a função de cada es-
tado não seja totalmente compreendida, a fase REM tem sido 
descrita como um período envolvido com o desenvolvimento 
do cérebro, a restauração e a adaptação psicológica, bem corno 
com a consolidação de memórias de procedimentos através da 
ligação de memórias emocionais distantes , mas relacionadas, e 
conso lidando-os em urna narrativa suave. Acredita-se, entretan-
to, que o estado NREM é mais envolvido na restauração fisio-
lógica e na consolidação da memória episódica e declarativa , 
aspectos que constituem a consolid ação de modelos neuropsi-
cológicos dos sonhos (Bliwise, 1989 ; Cipolli et al., 2017). 
Recentes avanços em eletrofisiologia, ,~deopoli ssonografia (ví-
deo-PSG ), estimulação transcraniana e técnicas de neuroimagern 
permitem urna investigação mais profunda e precisa dos correlatos 
neuronais do estado de sono em indivíduos saudáveis e em pacien-
tes com danos cerebrais, doenças neurodegenerativas, distúrbios 
do sono ou parassonias. A evidência convergente fornecida pores-
tudos que usam essas técnicas em sujeitos saudáveis levou a urna 
reformulação de vários problemas não resolvidos sobre a geração e 
a memória do sonho (como as diferenças inter e intraindividuais na 
memória dos sonhos e a predição de ritmos de EEG específicos, 
como theta no movimento ocular rápido [REM] para memória de 
sono) (Bliwise, 1989; Cipolli et al., 2017). Dentro dos modelos mais 
completos de consciência humana e suas variações nos estados de 
sono/vigíli a, os modelos tradicionais são baseados principa lmente 
na Neurofisiologia do Sono REM em animais. Em contrapartida, 
novos estudos e novas tecnologias lançam nova luz sobre as bases 
neuronais (em particular, a atividade das regiões do córtex pré-fron-
tal medial dorsal, as áreas do hipocampo e da amígdala), as dife-
13 
renças inter e intraindividuais, a memória dos sonhos, a localização 
temporal do conteúdo de propriedades iguais ou específicas ( como 
a lucidez), da experiência do sonho e do processamento das memó-
rias que são acessadas durante o sono e incorporadas ao conteúdo 
do sonho (Bliwise, 1989; Cipolli et al., 2017). Todas essas teoriasmodernas fornecem informações sobre o modelo neuropsicológico 
do sono humano, suas funções e outras áreas que se tornam uma 
área da Neuropsicologia e da Psicologia do Sono, que merece toda 
a atenção, desde seus aspectos básicos , tratados aqui, aos clínicos 
presentes em algumas parassonias. 
Quanto aos distúrbios do sono, a insônia é um sintoma, uma 
síndrome e uma comorbidade. Seu diagnóstico é baseado nos 
relatos subjetivos do indivíduo afetado e é definido como difi -
culdades para iniciar o sono, mantê-lo, acordar cedo demais ou 
te r um sono não restaurador. A insônia é um dos distúrbios do 
sono que mais utilizam processos de avaliação neuropsicológica, 
com o uso de medidas neurofisiológicas , como polissonografia, 
análise de potência espectral, neuroimagem , além de protocolos 
de testes neuropsicológicos específicos , recomendando, em pri-
meira instância, o uso de ambos protocolos objetivos e subjeti-
vos na avaliação do paciente (Bastien, 2011; Goldman-Mellor et 
al., 2015; Aasvik et al., 2018). São encontrados nesses estudos, 
estratégias de avaliação combinadas, diferenças significativas e 
danos neuropsicológicos em pacientes, conforme a idade avança. 
Ao controlar a comorbidade nesses estudos, com deterioração 
diurna e medicamentos , essa associação diminuiu ligeiramen-
te. Os deficit cognitivos na infância foram anteriores aos deficit 
cognitivos dos adultos que procuraram tratamento. As ligações 
entre insônia e declínio cognitivo podem ser mais fortes entre 
14 
as pessoas que busca111 trata111ento c líni co. Os 111édicos deve111 
levar e111 consideração a presença de proble111as de saúde co111-
plexos e u111a redu zida função cognitiva pré-111órbida ao planejar 
o trata111ento de pacientes co111 insônia. Outros estudos 111ostra111 
que, à 111edida que a gravidade dos sinto111as de insônia au111enta 
e se torna clinica111ente significativa, há efeito substancia l sobre 
o funciona111ento da 111e111ória de trabalho nu111érica espacial e 
verbal. Ao diferenciar e testar diferentes do111ínios da 111e111ória 
de trabalho , os estudos de insônia descreve111 deficiências nela. 
Os resultados deve 111 ser transferidos para a prática c línica para 
neuropsicólogos, a fi111 de incluir avaliações do sono co1110 parte 
de seus exa111es de rotina (Bastien, 2011; Gold111 an-Mel lor et ai., 
2015; Aasvik et ai., 2018). Na apneia e nos distúrbios respira-
tórios do sono, a avaliação neuropsicológica te111 tido u111a área 
111uito a111p la de avanço, e111 que u111 dos objetivos te 111 sido 
ava li ar o efeito da hipoxe111ia inter111itente sobre o funciona-
111ento neuropsicológico , pois há deterioração neuropsicológica 
global, onde a gravidade da hipoxe111ia se correlaciona signifi-
cativa111ente co111 deficit nas 111edidas de capacidades 111otora e 
perceptiva-organizac ional, que a lgu111as vezes, per111anece após o 
trata111ento co111 CPAP (continuous positive airwaypressure - [pres-
são positiva contínua nas vias aéreas]) (G len et ai., 1987; Bédard, 
1991; Bédard et ai., 1993; Valencia-Flores, 1996; Stuss et ai., 
1997; Tippin, 2007; Dauratetal., 2008; Devitaetal., 2017). Por 
sua vez, testes neuropsicológicos e i111agens cerebrais 111ostra111 
que o e nvelheci111ento saudáve l leva a u111a deterioração prefe-
rencial do córtex pré-frontal. Curiosa111ente, e111 adultos jovens, 
a privação do sono causada pe la frag111entação do sono devido à 
apneia do sono te111 efeitos se111elhantes (os testes desses estudos 
15 
forarn baseados na precisão da resposta , e não na velocidade) 
(G len et al., 1987; Bédard , 1991; Bédard et al., 1993; Valencia-
-Flores, 1996; Stuss et al., 1997 ; Tippin, 2007; Daurat et al., 
2008; Devita et al., 2017). 
N o caso da narcolepsia, nas avaliações neuropsicológicas, os 
pacientes relatararn rnaiores queixas de atenção, associadas à in -
tensidade dos sintornas depressivos, tiverarn desernpenho rnais 
lento e variável nas tarefas sirnples de ternpo de reação, e tarnbérn 
apresentararn desernpenho rnais lento, reagindo de forma rnais va-
riável e cornetendo rnais erros nos testes de funcionarnento exe-
cutivo (Naurnann & Daurn, 2003; Bayard et al., 2012; Moraes et 
al., 2012). A aná li se do perfil individual rnostrou urna c lara hete-
rogeneidade na gravidade do deficit executivo, correlacionando po-
sitivarnente os referidos resultados corn a sonolência rnedida nos 
rnültiplos testes de latência do sono, não se corre lacionando corn 
os dernais sintornas da narcolepsia. Urn desafio nessa área consiste 
ern reali za r rnais estudos que possibilitern a exploração da ação 
de drogas e estratégias cornportarnentais que prornovarn a vigília , 
na rnelhora das funções executivas na narcolepsia. Dados sobre o 
cornprornetirnento neuropsicológico ern crianças corn narcolepsia 
são escassos (Naurnann & Daurn, 2003, Bayard et al., 2012; Mo-
raes et al., 2012). Alguns estudos realizados ern crianças rnostra-
rarn rnültiplos padrões de disfunção cognitiva e cornportarnental, 
e, rnuitas vezes, dificuldades acadêrnicas, representando urn fator 
de risco para alterações cognitivas sutis e heterogêneas que podern 
resultar na rnesrna, apesar do QI normal. Essas crianças tarnbérn 
têrn certo risco psicopatológico. Tudo isso parece ser pelo rnenos 
parcialrnente separado dos efeitos diretos da sonolência diurna, 
corno no caso dos adu ltos (Posar et al., 2014). 
16 
Nos distúrbios do ritmo circadiano, há evidências que rapida-
mente se acumulam a partir de uma estreita relação entre a perda 
do sono e a cognição. A Neuropsicologia tem sido responsável por 
estudar, através de um corpo de conhecimento, os efeitos da per-
da do sono nas funções cerebrais, em que os resultados mostram 
que a falta de sono afeta o desempenho em tarefas cognitivas em 
pessoas saudáveis, tendo um impacto mensurável no desempe-
nho através da diminuição das funções cognitivas e efeitos sobre 
as vias biológicas que suportam o desempenho cognitivo (Harri-
son et al., 2000; Waters & Bucks, 2011; Va ldez et al., 2012) A 
perda de sono produz, de forma confiável, reduções na velocidade 
de processamento e atenção. Funções cognitivas de ordem su-
perior são afetadas em menor grau, corno exemplo das tarefas de 
habilidades cristali zadas, que podem ser vistas em pacientes com 
turnos de trabalho rotativos , com atraso na fase do sono e sono 
avançado, e em pacientes com jet lag. Os deficit pioram com o 
aumento da vigília, mas podem ser revertidos quando o sono nor-
mal é restabelecido. A revisão também mostra que esses distúr-
bios são urna característica das condições neuropsicológicas que 
contribuem para o padrão de declínio cognitivo (Harrison et al., 
2000; Waters & Bucks, 2011; Vai dez et al., 2012). 
Em geral, os neuropsicólogos devem estar atentos aos proble-
mas do sono em seus pacientes, para que as intervenções no sono 
em processos cognitivos ou as alterações do sono por deficit em 
qualquer pessoa, incluindo, por exemplo , danos cerebrais, sejam 
consideradas no plano de reabi litação para pessoas com disfunções 
cognitivas. As recomendações também incluem o exame de rotina 
do sono corno parte da avaliação cognitiva, pois o desempenho 
nos testes neuropsicológicos é afetado pelos ritmos circadianos 
17 
nos processos cognitivos. Durante o dia, as pessoas saudáveis 
apresentam níveis aceitáveis de desempenho cognitivo das I Oh 
às 14h e das 16h às 22h, que coincide com o horário de fun -
cionamento quando a avaliação neuropsicológica é normalmente 
programada. No entanto, é importante considerar que o tempo 
de evolução cognitiva nos pacientes pode ser afetado por outros 
fatores, como cronotipo, idade, distúrbios do ritmo circadiano, 
privação de sono e medicação (Harrison et al., 2000; Waters & 
Bucks, 2011; Valdez et al., 2012) 
Embora os picos e os mínimos na performance cognitiva ca-
racterizem nosso funcionamento cotidiano, as flutuações da horado dia sobre as funções neuropsicológicas continuam sendo con-
sideradas marginalmente no domínio da psicologia cognitiva e da 
Neuropsicologia; as modulações do tempo do dia afetam o de-
sempenho em uma ampla gama de tarefas cognitivas que medem 
capacidades de atenção, funcionamento executivo e memória. 
Essas flutuações no desempenho também dependem do crono-
tipo, que reflete as diferenças interindividuais na preferência cir-
cadiana e, particularmente, na sincronicidade entre os períodos 
de pico de ativação circadiana dos indivíduos e a hora do dia em 
que os testes são realizados. Em resumo, essas conclusões devem 
direcionar a atenção do médico, do neuropsicólogo e do pesqui-
sador para a maior importância , a fim de levar em conta os parâ-
metros do momento do dia ao avaliar o desempenho cognitivo em 
pacientes e indivíduos saudáveis (Harrison et al., 2000; Waters & 
Bucks, 2011; Valdez et al., 2012) 
As parassonias são uma área de manejo recente em Neuropsi -
cologia. As principais contribuições se concentram em pesadelos 
e no distúrbio comportamental do sono REM. Os pesadelos são 
18 
um tipo de parassonia prevalente, caracterizados por experiências 
de sono intensas e desagradáveis durante o sono noturno (Sirnor 
et al. , 20 120). Tem sido proposto que o bachground neuronal de 
sonhos alterados está associado a prejuízo do funcionamento pré-
-fronta l e fronta- límbico durante o sono REM, reAetindo também 
a deterioração do nível comportamental durante tarefas de vigíli a, 
exibindo tempos de reação mais longos em tarefas emocionais e 
no Stroop, cometendo mais erros de perseverança; e les também 
mostram urna menor geração de palavras em tarefas de Auência 
verba l (Sirnor et al., 2012). Quanto aos pacientes com distúrbio 
comportamental do sono REM, a literatura relata a presença de 
escores significativamente inferiores nos testes de cópia de Rey-
-Osterrieth e na bateria do Corsi Supra span Leaming. Nenhuma 
correlação foi encontrada entre os resultados dos testes neurop-
sicológicos e a duração do RBD (REM sleep behavior disorder -
distúrbio de comportamento do sono REM]) ou com os achados 
polissonográficos (Ferini -Strarnbi et al., 2004). 
Em vista dos fatores mencionados, não é estran ho e é neces-
sário um texto que e labore urna abordagem importante da Neu-
ropsicologia do Sono e permita ao leitor urna abordagem científica 
a esse campo de ação da Psicologia do Sono . Ao mesmo tempo, 
torna -se um manual obrigatório para o profissional de Neuropsi-
cologia, o que lhe permite amp liar seu campo de atuação e aper-
feiçoar seu trabalho em favor da avaliação dos processos cogni-
tivos, sua relação com a função do sono e alteração do sono em 
pessoas sãs e pacientes com desordens do sono. 
O li vro começa com urna descrição histórica da Neuropsico-
logia do Sono, suas abordagens teóricas e de ava li ação, que podem 
ser datadas das primeiras experiências de privação de sono em tra-
19 
balhadores, em funções cognitivas em 1915, e continuam com um 
modelo específico de Neuropsicologia desde 1959, com estudos 
experimentais sobre a privação do sono e seu impacto no desempe-
nho, por meio de reduções nas funções cognitivas e efeitos nas vias 
neurobiológicas que suportam o desempenho cognitivo. 
Em uma segunda parte, o texto nos leva à resposta da questão 
de por que é importante ava li ar o sono para os neuropsicólogos, 
apresentando evidências científicas sobre por que o sono não é 
ava li ado rotineiramente na prática neuropsicológica brasileira até 
o momento e leva, ao mesmo tempo, a entender a importância 
do tema, ou seja, a avaliação do sono para profissionais neuropsi -
cólogos. Essa seção também apresenta contribuições relacionadas 
a estudos neuropsicológicos que abordam a relação do sono com 
sintomas de várias condições psiquiátricas e neurológicas e vários 
distúrbios do sono, que resultam em sintomas psiquiátricos e neu-
rológicos, como forma de aprofundar a importância da abordagem 
neuropsicológica do sono na ava li ação neuropsicológica geral. 
A terceira parte do manual apresenta diretrizes para ava li a-
ção do sono na prática neuropsicológica, por meio de vinhetas de 
casos, sugestões de testes neuropsicológicos e baterias de ap li -
cação para aval iação do sono na prática clínica e em populações 
de crianças, adolescentes e adu ltos, enquanto fornecem ao leitor 
explicações com casos clínicos dos métodos objetivos, como po-
li ssonografia e actigrafia, para permitir que os neuropsicólogos co-
nheçam a importância dessas medidas na mesma avaliação neu-
ropsicológica. A última parte do livro aborda as diretrizes essen-
ciais direcionadas às ap li cações das baterias de teste para garantir 
que a ava li ação do sono seja confiável e vá lida, evitando posições 
confusas nos diagnósticos diferenciais. 
20 
Não poderia terminar este prefácio sem me referir à autora 
e à sua alta competência no desenvoh~mento da Psicologia e da 
Neuropsicologia do Sono no Brasil , ao seu trabalho incansável , 
desde os níveis de graduação e pós-graduação, em prol do cresci-
mento da área no continente, e à sua competência específica na 
área, o que pode ser visto no desenvolvimento do presente texto, 
que servirá como referência no continente e no contexto brasilei-
ro, principalmente. 
Todas essas razões devem nos encher de orgulho, e expresso 
aqui, em um nível pessoal , minha imensa alegria pela Psicologia 
do Sono na América Latina ao ter a honra de apresentar es te texto 
sobre o desenvolvimento do tema, que, graças a materiais como 
este, comporá pouco a pouco um posicionamento mais definido 
no campo da Psicologia do Sono latino-americana e brasile ira. 
HernánAndrés MarínAgudelo 
Presidente da Federação Latino-Americana de Sociedades do 
Sono (FLASS ) 
21 
Prefácio 
EI sueiio es una función vita l y de necesidad evolutiva para 
las diferentes especies, en é l ocurren muchos procesos importan-
tes para el funcionamiento y la adaptación de nuestro organismo 
ai media, como son los procesos de reparación fisiológica, acti-
vidad metabólica, sistema inmunológico y demás que hacen de 
éste proceso un interesante mundo por descubrir y por explorar. 
Un aspecto fundamental, desde la investigación del sueiio, ha 
sido su relación con la función cognitiva. Estudios conductuales 
y e lectrofisiológicos revelaron que el sueiio juega un rol en e l 
alm acenamiento de la memoria a largo plazo, con una significa-
tiva importancia en los fenómenos de plasticidad neuronal , in -
cluyendo la adquisición, la consolidación y la recuperación de la 
memoria (B li wise, 1989; C ipolli y cais., 2017) . También el per-
feccionamiento de las destrezas motoras que un individuo reali za 
durante el día continúa durante e l sueiio, demostrando su im-
portancia en la consolidación de dichas destrezas. La experien-
23 
eia de los sueíios en el período de movimientos oculares rápidos 
(MOR) conforma un estado fisiológico de i cerebro que comparte 
tanto los substratos fisiológicos como las experiencias psicoló-
gicas de condiciones psicopatológicas, donde la hiperactivación 
límbica se combina con hipoactivación frontal y otras estructuras 
cerebrales.Todas éstas características y relaciones dei sueíio han 
ll evado aunque sea de vital importancia la evaluación y e! desar-
rollo de bate rías de medición , importantes no solamente para e! 
sueíio en personas sanas, en donde exis ten muchos modelos de 
explicación neuropsicológica de la función onírica, sino además 
e l desarrollo de una nutrida investigación acerca de las funciones 
cognitivas como se encuentran alteradas en e l proceso patológico 
dei mismo y la interacción de dicha activación, con e l daiio cere-
bral (Bliwise, 1989; Cipolli y cais., 2017 ) . 
La función onírica ocurre en muchas etapas dei sueíio, sin 
embargo las imágenes hipnagógicas aparecen más frecuentemen -
te durante el MOR más ligero, o sueíioparadójico, pero incluso 
durante un sueiio profundo (etapas 2 y 3) o sueíio NMOR. Los 
ensoíiaciones difieren entonces dei sueíio MOR, ai sueiio NO-
MOR Las etapas dei sueiio MOR comienzan aproximadamente 
a los 90 minutos y son de corta duración ai comienzo dei sueiio, 
son cada vez más frecuentes mucho antes de despertar y ocu-
par alrededor dei 20% ai 25 % de nuestro tiempo total de sueiio 
(Bliwise, 1989; Cipolli y cais. , 2017). Los estudios de laborato-
rio , ha informado que cuando se despiertan los sujetos durante e! 
sueiio MOR, infonnan en e! 80% a casi el 100% dei tiempo, que 
han tenido una ensoíiación. Estas tienden a ser sueiios de conte-
nido más vívidos , altamente visuales, parecidos a una historia que 
consideramos como "sueíios". Durante los períodos N MOR, se ha 
24 
descubierto que los suefios son menos frecuentes, a menudo más 
pensados y más parecidos a una repetición o práctica de eventos 
dei día anterior. Au nque la función de cada estado no se entiende 
comp letamente, la fase MOR, ha sido descrita entonces como 
un período que está invo lucrado en el desarrollo dei cerebro, la 
restauración psicológica y la adaptación, así como la consolida-
ción de recuerdos de procedimientos mediante la vinculación de 
recuerdos emocionales di stantes, pero relacionados y consolidán-
dolos en una narrativa suave. Se cree, por otro lado, que e l estado 
NMOR está más involucrado en restauración fisiológica y la con-
so lidación de la memoria episódica y declarativa, aspectos entro 
que constituyen la consolidación de modelos neuropsicológicos 
de la ensoiiación (Bliwise, 1989; Cipolli y cais., 2017) 
Los avances recientes en electrofisiología, video-poli som no-
grafía (video-PSG), estimulación transcraneal y técnicas de neu-
roimagen permiten una investigación más profunda y más precisa 
de los corre latos neuronales dei estado de ensofiación en individuas 
sanas y en pacientes con daiio cerebral, enfermedades neurodege-
nerativas, trastornos dei suefio o parasomnias. La evidencia conver-
gente proporcionada por los estudios que utilizan estas técnicas en 
sujetos sanas ha ll evado a una reformulación de varias problemas 
no resueltos sobre la generación y el recuerdo de la ensofiación 
(como las diferencias inter e intra individuales en el recuerdo de los 
suefios y la predicción de ritmos de EEG específicos, como el theta 
en e l movimiento ocular ráp ido MOR, para e l recuerdo dei suefio) 
(Bliwise, 1989; Cipolli y cais., 2017). Dentro de los modelos más 
completos de la conciencia humana y sus vari aciones en los estados 
de suefio/\~gi lia , los modelos tradicionales, que se basaron princi-
palmente en la neurofisiología dei suefio REM en los animales; por 
25 
otro lado, los nuevos estudios y las nuevas tecnologías arrojan nueva 
luz sobre las bases neuronales (en particular, la actividad de las 
regiones de la corteza prefrontal medial dorsal, las áreas de hipo-
carnpo y la amígdala), de las diferencias inter e intra individuales en 
la memoria de los sueíios, la ubicación temporal de los contenidos 
de los mismos o propiedades específicas (corno ejernplo la lucidez), 
de la experiencia dei sueíio y e! procesarniento de los recuerdos a 
los que se accede durante e! sueíio e incorporados en e! contenido 
dei sueiio (Bliwise, 1989; Cipolli y cols., 2017). Todas estas teorías 
modernas aportan inforrnación dei modelo neuropsicológica dei 
sueiio humano, sus funciones y otras áreas más se convierten en 
un área de la neuropsicología y psicología dei sueíio, que merece 
toda la atención, desde sus aspectos básicos, aquí tratados hasta los 
clínicos en algunas parasornnias. 
En cuanto a los trastornos dei sueíio, e! insornnio es un sínto-
rna, un síndrome y un trastorno cornórbido. Su diagnóstico se basa 
en los informes subjetivos dei individuo afectado y se define corno 
las dificultades para iniciar e! sueíio, rnantener e l sueíio, despertar-
se demasiado ternprano o tener un sueiio no reparador. E] insornnio 
ha sido uno de los trastornos dei sueiio que ha tenido más procesos 
de evaluación neuropsicológica, con e! uso de medidas neurofisio-
lógicas corno la polisornnografía, e! análisis de potencia espectral, la 
neuroirnagen, adernás de protocolos de pruebas neuropsicológicas 
específicas, recomendando en prirnera medida e! uso de ambas en 
la evaluación dei paciente (Bastien, 2011; Goldrnan-Mellor y cols., 
2015; Aas,~k y cols., 2018). Se han encontrado en dichos estudios 
combinados de estrategias de evaluación , diferencias significativas 
y daiio neuropsicológico en los pacientes, rnientras avanza la edad. 
AI controlar en dichos estudios la cornorbilidad, con e! deterioro 
26 
diurno y los medicamentos, disminuyó ligeramente esta asociación. 
Los deficit cognitivos en la infancia, a diferencia de los adultos, 
eran anteriores a los deficit cognitivos de los adultos que buscaban 
tratamiento. Los vínculos entre e! insomnio y el deterioro cognitivo 
pueden ser más fuertes entre las personas que buscan tratamiento 
clínico. Los médicos deben tener en cuenta la presencia de proble-
mas de salud complejos y una menor función cognitiva premórbi-
da ai planificar e! tratamiento para pacientes con insomnio. Otros 
es tudios muestran que a medida que la gravedad de los síntomas 
dei insomnio aumenta y se vuelve clínicamente significativa, tiene 
un efecto sustancial en e! funcionamiento de la memoria de tra-
bajo espacial y verbal m1mérica. AI diferenciar y probar diferentes 
domínios de la memoria de trabajo, los estudios en insomnes des-
criben deficiencias en la memoria de trabajo. Los resultados deben 
transferirse a la práctica clínica para que los neuropsicólogos inclu-
ya n evaluaciones dei sueiio como parte de sus exámenes de rutina 
(Bastien, 2011; Goldman-Mellor y cais., 2015; Aasvik y cais., 2018). 
En la apnea y los trastornos respiratorios dei sueiio, la evalua-
ción neuropsicológica ha tenido un área de avancemuy amplio, 
donde uno de los objetivos de la misma ha consistido en evaluar 
el efecto de la hipoxemia intermitente sobre el funcionamiento 
neuropsicológico ha encontrado deterioro neuropsicológico glo-
bal , donde la gravedad de la hipoxemia se correlaciona significa-
ti va mente con los deficit en las medidas de la capacidad motriz y 
perceptivo-organizacional, la cual a veces permanece después dei 
tratamiento con CPAP (Glen y cais., 1987; Bédard, 1991; Bédard 
y cais., 1993 ; Valencia-Flores, 1996; Stuss y cais., 1997; Tippin , 
2007; Daurat y cais., 2008; Devita y cais., 2017). Por otro lado, 
las pruebas neuropsicológicas y las imágenes cerebrales muestran 
27 
que el envejecirniento saludable conduce a un deterioro preferen-
cial de la corteza prefrontal. Curiosarnente, en los adultos jóvenes, 
la privación dei sueíio ocasionada por la fragrnentación dei rnisrno 
debido a la apnea dei sueíio tiene efectos sirnilares, las pruebas de 
dichos estudios se basaron en la precisión de respuesta , en lugar 
de la velocidad (G len y cols., 1987; Bédard, 1991; Bédard y cols., 
1993; Valencia-Flores, 1996; Stuss y cols., 1997; Tippin, 2007; 
Daurat y cols., 2008; Devita y cols., 2017). 
En el caso de la narcolepsia, en las evaluaciones neuropsicoló-
gicas, los pacientes inforrnaron quejas de atención autoinformadas 
rnás altas, asociadas con la intensidad de los síntornas depresivos, 
tuvieron un desernpeíio rnás lento y variable en las tareas sirnples 
de tiernpo de reacción , presentaron adernás un desernpeiio rnás 
lento , reaccionando de forma rnás variable y cornetieron rnás erro-
res en las pruebas de funcionarniento ejecutivo (Naurnann y Daurn, 
2003; Bayard y cols., 2012; Moraes y cols., 2012). Los análisis de 
perfil individual rnostraron una clara heterogeneidad en la seve-
ridad dei déficit ejecutivo, correlacionando positivarnente dichos 
resultados con la sornnolencia rn edida en las pruebas de latencia 
rnültiple de sueiio,no correlacionó con los de rnás síntornas de la 
narcolepsia, un re to en ésta área consiste en realizar rnás estudios 
que pennitan la exploración de la acción de los rned icarnentos y 
las estrategias conductuales que prornueven la vigília, sobre la 
rn ejoría de las funcion es ejecutivas en la narcolepsia. Los datos 
sobre el deterioro neuropsicológico en niíios con narcolepsia son 
escasos (Naurnann y Daurn, 2003; Bayard y cols., 2012, Moraes y 
cols., 2012). Algunos estudios rea li zados en niíios rnostraron rnül -
tiples patrones de disfunción cognitiva y conductual, y a rnenudo 
dificultades acadérnicas, rep resentando un factor de riesgo para ai -
28 
reraciones cognitivas suti les y heterogéneas que pueden dar como 
resultado la misma, a pesar dei CI normal. Estos nifios también 
tienen un cierto riesgo psicopatológico. Todo esto parece estar ai 
menos parcialmente separado de los efectos directos de la somno-
lencia diurna como en e! caso de los adultos (Posa r y cols., 2014). 
En los trastornos dei ritmo circadiano, existe una evidencia 
que se acumu la rápidamente de una estrecha relación entre la 
pérdida de sueiio y la cognición. La neuropsicología se ha en-
cargado de estudiar mediante un conjunto de conocimientos, los 
efectos de la pérdida de suefio en las funciones cerebra les, donde 
los resultados arrojan que la falta de sueiio afecta el rendimien-
to en tareas cognitivas en personas sanas, teniendo un impacto 
medible en el rendimiento a través de la disminución de las fun-
ciones cognitivas y los efectos en las vías biológicas que respal-
dan e l rendimiento cognitivo (Harri son y cols., 2000; Waters y 
Bucks, 2011; Valdez y co ls., 2012). La pérdida de sueiio produce 
de manera confiable reducciones en la velocidad de procesamien-
to y atención. Las funciones cognitivas de orden superior se ven 
afectadas en menor medida, y se ahorra en tareas de habilidades 
cristali zadas, lo que se puede ver en pacientes con turnos rotati-
vos de trabajo, con fase retrasada de suefio y avanzada dei suefio 
y en pacientes con jetlag. Los deficit empeoran con e! aumento 
dei tiempo de vigí lia , pero pueden ser revertidos una vez que se 
reanuda e! suefio normal. La revisión también muestra que estos 
trastornos son una característica de las condiciones neuropsicoló-
gicas que contribuyen ai patrón de deterioro cognitivo (Harrison y 
cols., 2000; Waters y Bucks, 2011; Valdez y co ls., 2012). 
En general, los neuropsicólogos deben estar atentos a los pro-
blemas de suefio en sus pacientes, de modo que las intervencio-
29 
nes de sueíio en los procesos cognitivos o alteraciones dei mismo 
por déficit en cualquier persona, incluso si existe dano cerebral, se 
pongan en marcha en e l plan de rehabilitación de las personas con 
disfunciones cognitivas. Las recomendaciones también incluyen e! 
examen de rutina dei sueiio como parte de la eva luación cogniti -
va, debido a que e! rendimiento enpruebas neuropsicológicas se ve 
afectada por los ritmos circadianos en procesos cognitivos. Durante 
e! día, las personas sanas muestran niveles aceptab les de rendi -
miento cognitivo de 10:00 a 14:00 y de 16:00 a 22:00, que coincide 
con el horario de atención cuando la eva luación neuropsicológica es 
normalmente programada. Sin embargo, es importante considerar 
que tiempo de evolución cognitiva en los pacientes pueden verse 
afectados por otros factores, como el cronotipo, la edad, trastornos 
dei ritmo circadiano, privación dei sueíio y la medicación (Harrison 
y cols., 2000; Waters y Bucks, 2011; Valdez y co ls., 2012). 
Aunque los picos y los mínimos en e! rendimiento cogniti -
vo caracterizan nuestro funcionamiento diario, las fluctuacio-
nes dei tiempo dei día, sobre las funciones neuropsicológicas, 
s iguen siendo consideradas marginalmente en e! domínio de la 
psicologíacognitiva y la neuropsicología, las modulaciones dei 
tiempo dei día afectan el rendimiento en una amp lia gama de 
tareas cognitivas que miden las capacidades de atención, e! 
funcionamiento ejecutivo y la memoria. Estas fluctuaciones 
de rendimiento también dependen dei cronotipo, que refleja 
las diferencias interindividuales en la preferencia circadiana, y 
particularmente en la sincron icidad entre los períodos pico de 
activación circadiana de los indivíduos y la hora dei día en que 
se reali zan las pruebas. En sí mismas, estas conclusiones deben 
dirigir la atención tanto dei médico como dei investigador hacia 
3 0 
la máxima importancia para te ne r e n cue nta los parâmetros de la 
hora dei día, de cuando se eva lúa el rendimi ento cognitivo e n 
pacientes y sujetos sa nos (Harri son y co ls., 2000 ; Waters y Buc-
ks, 2011; Valdezycols., 2012 ). 
Las parasomnias son un área de reciente manejo en la neu-
ropsicología. Los principales aportes se centran en las pesadillas 
y en el trastorno comportamenta l de i sueiio MOR. Las pesa-
dillas son u tipo de parasomnias prevalentes, que se caracteri-
zan por experie ncias de sueiio intensas y desagradables durante 
e l sueiio noc turno (Simor y co ls., 2012 ). Se ha propuesto que e l 
trasfondo neuronal de los sue iios a lte rados se asoc ia con un fun-
cionamiento prefrontal y fronto -límbico deteriorado durante e l 
sueiio MOR, reflejando también e l deterioro en el nivel conduc-
tual durante las tareas de \~gilia , exhibiendo tiempos de reacción 
más largos en las tareas emocionales y e l stroop, cometiendo más 
errores de perseverancia; además muestran una menor ge nera-
ción de palabras en las tareas de fluid ez verbal (Simor y cols. , 
201 2). E n cuanto a los pacientes con trastorno comportamental 
de sueiio MOR, la literatura reporta la presencia de puntuacio-
nes signifi cativamente más bajas en las pruebas de copia de Rey-
-Os te rri eth y en la bate ría de Corsi Supra Span Learning. N o se 
encontrá correlación e ntre los res ultados de las pruebas neurop-
sicológicas y la duración de la RBD o con los hallazgos polisom-
nográfi cos (Ferini -Strambi y cols., 2004). 
A la vista de los factores mencionados no es extraiio y se 
hace necesario un texto que elabore un aproximación importante 
de la neuropsico logía de i sue iio y permita al lector, una aproxima-
ción científi ca a este campo de acción de la psicología del sueiio. 
Se convierte a i mismo tiempo en manual de uso obligatorio, para 
31 
e! profesional de la neuropsicología, que per111ite a111pliar su ca111 -
po de acción y 111ejorar su trabajo en pro de la evaluación de los 
procesos cognitivos, su relación con la función de la ensoíiación 
y la a lteración dei sueiio en personas sanas y pacientes con tras-
tornos dei 111is1110. 
EI libra co111ienza con un recuento histórico de la neuropsico-
logía dei sueíio sus enfoques teóricos y de evaluación, que pueden 
datarse desde los pri111eros experi111entos de privación de sueiio en 
trabajadores, sobre las funciones cognitivas en 1915 y continuar 
ya con un 111odelo propio de la neuropsicología desde 1959, con 
estudios experi111entales sobre la privación de sueiio y su i111pacto 
en e! dese111pei'io, por 111edio de dis111inuciones en las funciones 
cognitivas y los efectos en las vías neurobiológicas que sustentan 
e! dese111peiio cognitivo. En una segunda parte, el texto nos !leva 
a la respuesta de la pregunta de por qué es i111portante la eva lua-
ción dei sueíio para los neuropsicólogos, presentando evidencias 
científicas sobre e l 111otivo por el cual hasta el 1110111ento no se 
evalúa el sueíio de 111anera rutinaria en la práctica neuropsicoló-
gica brasileíia, y ll eva ta111bién a i 111is1110 tie111po a co111prender la 
i111portancia dei te111a, es decir la evaluación dei 111is1110, para los 
profesionales neuropsicólogos; presenta éste apartado ade111ás, 
aportes relativos a los estudios neuropsicológicos, que abordan la 
relación de sueiio co1110 los sínto111as de varios cuadros psiquiá-
tricos y neurológicos y varios trastornosde sueíio que resultan en 
cuadros psiquiátricos y neurológicos, co1110 una 111anera de ahon-
dar la i111portancia dei enfoque neuropsicológico dei sueiio en la 
evaluación neuropsicológica general. 
La tercera parte dei 111anual presenta a 111anera de directrices 
para evaluar el sueiio en la práctica neuropsicológica, a través de 
32 
viiietas de casos, sugerencias de pruebas neuropsicológicas y bate-
rías de apli cación para eva luación de sueiio en la práctica c línica y 
en poblaciones infantiles y de ad ultos, facilitando ai mismo tiempo 
ai lector explicaciones con casos c línicos de los métodos objeti-
vos,como la polisomnografía y la actigrafía, para posibilitar e! cono-
cimiento de i neuropsicólogos de la importancia de esas medidas, 
en la misma eva luación neuropsicológica . La última parte de i libra 
aborda las directrices imprescindibles dirigidas a las apli caciones 
de las baterías de pruebas para garantizar que la evaluación dei 
sueiio sea confiable y válida, evitando pos iciones confusas en los 
diagnósticos di fere nciales . 
No podría terminar éste prólogo sin referirme a la autora , y 
alta competencia en e! desarrollo de la psicología y la neuropsico-
logía dei sueiio en Brasil, su trabajo in cansable desde los niveles 
de pregrado y posgrado, en pro dei crecimiento de i área en e! con-
tinente y su competencia específica en e l área de neuropsicología 
dei sueiio, q ue se puede aprec iar en e! desarrollo dei presente 
texto que servirá de referencia en e! continente y en e! contexto 
brasilero principalmente. 
Todas esas razones son para ll enarnos de orgullo y en e! plano 
personal de una alegría inmensa por la psicología de i sueiio en 
américa latina y compartir e! honor de presentar éste texto para e l 
desarrollo de la misma, que gracias a materiales como e l presente, 
permitirán iri a posicionando poco a poco en e! ám bito de la ps ico-
logía lati noamericana y de Brasil. 
HernánAndrés MarínAgudelo 
Presidente Federación Latinoamericana 
de Sociedades de Sueno 
33 
APRESENTAÇÃO 
A Coleção Neuropsicologia na Prática Clínica te111 
cu111prido o seu papel de traze r ao ne uropsicólogo te111as variados 
e direta111ente relacionados à atuação profissional. Nosso desafio 
desde o pri111eiro volu111 e, te111 sido identificar áreas e 111 que é 
preciso inves tir para tornar a prática clínica da neuropsicologia 
111ais e fici ente e funda111entada. Co111 esse intuito, publica111os 
no ano de 2018 u111 volu111e sobre a Neuropsicologia do Sono, 
organizado pela professora Kati e Al111ondes, pioneira na área e 
nossa referência nessa te111ática. Não foi surpresa para nós o su-
cesso que o li vro fez entre neuropsicólogos e outros profissionais 
de saúde e educação. Reunindo contribuições de excelência 
teórico-técnica de diversos autores, a obra cha111ou a atenção do 
público especia li zado na intricada relação entre sono, cognição, 
e111oções e co111porta111ento. 
Agora precisa111os abordar e aprender a aplicar esse conhe-
ci111ento na prática clínical Co111 esse intuito , a professora Katie 
37 
Apresentação 
Almondes nos brinda com mais essa obra, que certamente será 
um diferencial na nossa coleção. Como avaliar em neuropsicologia 
do sono é o livro dos sonhos daqueles que entenderam o quanto os 
resultados de uma avaliação neuropsicológica podem ser influen-
ciados por simples variações nos ritmos biológicos do probando. 
De uma generosidade científica ímpar, Katie conseguiu reunir 
aqui ferramentas e exemplos clínicos que ajudarão o leitor a apli -
car seus conhecimentos sobre a neuropsicologia do sono durante 
as avaliações. 
Nós, os editores da coleção, em nome da comunidade neu-
ropsi, agradecemos à autora por mais essa valiosa contribuição! 
3 8 
Boa leitura! 
Prof Dr. Leandro F Malloy-Diniz 
Prof Dr. Paulo Mattos 
Editores da Coleção Neuropsicologia na Prática Clínica 
1 NEUROPSICOLOGIA DO SONO: HISTÓRIA 
E PARADIGMAS 
As ciências humanas e da saúde têm amealhado, nas últimas dé-
cadas, uma vasta literatura científica sobre o sono e seus transtornos, 
devido à importância desse tema para a saúde física, mental e social. 
Autoridades e organizações em saúde, além do púb lico acrescido de 
informações midiáticas, reforçam ainda mais a premissa de que dor-
mir não é perda de tempo e tem impactos vitais para os indivíduos . 
Esse reconhecimento advém das comprovações científicas 
dos impactos da restrição de sono, tanto crônica (duração de sono 
diária insuficiente, também chamada de parcial) como aguda (pe-
ríodos com perda total do sono e horas em \~gíli a), para o funcio-
namento diurno, para a qualidade de vida e para a segurança dos 
indivíduos e da sociedade. Acidentes no trânsito e acidentes de 
trabalho alcançam cifras espantosas devido ao relapso e à falta 
de conhecimento dos indivíduos e da sociedade em insistir em 
não respeitar os limites de um cérebro sonolento que limita urna 
performance adequada. 
41 
Neuropsicologia do Sono, história e paradigmas 
Aditado a isso, es tudos epidemiológicos (Partinen & Hublin, 
2000) exibem q ue cada vez mais crianças, adolescentes, adultos 
e idosos podem sofrer, em algum momento de suas vidas, de uma 
queixa de sono que pode se reverter em um distúrbio do sono, 
como insônia, distúrbios respiratórios do sono, transtornos do rit-
mo do sono, narcolepsia. Uma vez diagnosticado o distúrbio do 
sono, caso não se prossiga com o tratamento, pode haver conse-
quências negati vas à saúde biopsicossocial desses indivíduos. 
Em uma esfera individual, sob o olhar c línico e neuropsico-
lógico, há comprovação científica de que danos em curto, médio 
e longo prazos em processos cognitivos (como memória , atenção, 
funções executivas e percepção visuoespacial ) estão relacionados 
aos prej uízos do sono (Almondes, 2017). Isso evidencia uma área 
de saber atual - a Neuropsicologia do Sono, ou a perspec ti va neu-
ropsicológica baseada no sono - que tem sido construída desde 
1959, com estudos experimentais sobre a perda de sono e seu 
impacto mensuráve l no desempenho por meio da diminuição das 
funções cognitivas e dos efeitos nas vias neurobiológicas que, re-
lacionadas ao processo deAagrador do sono e vigília, sustentam o 
desempenho cognitivo. 
História do surgimento da Neuropsicologia 
do Sono: evidências para seus paradigmas 
Mais de um século de pesquisas , e um dos focos primários 
dos experimentos objetivos e subjeti vos sobre os efeitos do sono 
continua re lacionado à identificação da natureza dos prej uízos 
neurocogniti vos durante a privação de sono crônica ou aguda -
apesar de haver uma literatura bem sistematizada, mas também 
contrad itória, sobre essa degradação. 
42 
Como avaliar em neuropsicologia do sono 
O primeiro estudo experimental dos efeitos da privação de 
sono no desempenho cognitivo data de 1896 (Patrick & Gilbert, 
1896) e envolvia três adultos que, após 90 horas de vigília cons-
tante, foram submetidos a uma abordagem de testes baseada no 
paradigma de estímulo-resposta. Basicamente, esse experimento 
incluía a repetida apresentação de um estímulo visual ou auditi-
vo e requeria urna resposta rápida dos indivíduos, durante horas 
extensas de vigília. Atualmente, esse paradigma clássico ainda é 
usado nas pesquisas experimentais. Os resultados mostraram que 
havia um comprometimento cognitivo e motor, o que levou os 
pesquisadores a concluírem que a perda de sono ocasionava le-
sões cognitivas funcionais nos indivíduos. 
Esse viés da Hipótese da Lesão Cognitiva Funcional - como 
foi designado o experimento - iníluenciou métodos e interpreta-
ção dos resultados de alguns pesquisadores durante anos. Entre-
tanto, tais resultados não foram replicados em vários experimen-
tos entre 1916 e 1922 (Robinson & Herrrnann, 1922; Robinson 
& Richardson-Robinson, 1922; Smith , 1916). 
Entre 1923 e 1934, Nathanie l Kl eitrnan , fisiologista e psicó-
logo estadunidense, considerado o "pai" das pesquisas sobre sono 
e descobridor do sono REM (Rapid Eye Movement ou sono pa-
radoxal ), publicou uma série de relatos do estado de privação de 
sono, que e le intitulou de "insônia experimental". Seu objetivo era 
clarificar essas discordâncias científicas. Kleitman e colegas per-
maneceram acordados entre 60 e 114 horas para verificar o efeito 
da perda de sono em suas performances. O problema é que não 
conseguiram medir esses resultados fid edignamente nem provi-
denciar urna conclusão geral sobre o desempenho cognitivo e mo-
tor. Todavia , registraram que conseguiam rea lizar algumas tarefas, 
43 
Neuropsicologia do Sono, história e paradigmas 
mesmo em níveis basais, depois de a lguns dias com privação de 
sono (Kleitman, 1923). 
Lee e Kleitman (1923 ) chamaram atenção para o fato de que, 
mesmo os indivíduos realizando as tarefas em um dado momento, 
utilizando um esforço excessivo, as respostas tornavam -se lenti -
ficadas e os e rros, maiores, principalmente quando a tarefa per-
sistia através do tempo. Levantaram a hipótese de que os efeitos 
neurocognitivos da privação de sono eram uma resposta de redu-
ção da motivação para desempenhar a tarefa. 
A mudança de paradigma começou a se in stalar com ostra-
balhos de Bills em 1931-1934 sobre fadiga mental (Bills, 1931; 
1934; 1937). Bills não estava estudando os efeitos da privação 
de sono, mas as mudanças no desempenho através de minutos 
em indivíduos sem privação de sono. Ele observou que havia 
um aumento de pausas nas respostas por blocos durante um 
determinado tempo de execução das tarefas. Para esses pesqui-
sadores, o assina lamento de Lee e Kleitman sobre redução de 
motivação ou desejo em continuar a tarefa era, na realidade, 
uma fadiga, ou seja, a perda de energia ou a tentativa de reduzir 
ou limitar os níveis da atividade. 
Warren e C lark (1937), inAuenciados pelas ideias de Bills, 
foram os primeiros a ac larar essas dúvidas sobre a possibilidade 
de que a privação de sono afetasse funções neurocognitivas pela 
desestabili zação da pe1formance mais do que pela e liminação 
da capacidade de desempenhar (lesão funcional ) a tarefa ou 
pela falta de motivação. Em um experimento com apresentação 
de três tarefas neurocomportamentais simples para indivíduos 
que estavam submetidos a um esquema de 48 a 65 horas de 
privação, eles concluíram que o desempenho básico continua-
44 
Como avaliar em neuropsicologia do sono 
va relativamente estáve l, mas havia respostas lentificadas em 
determinados momentos durante a execução da tarefa quando 
se mediam as respostas por tempo de reação, como se fossem 
realmente pausas do cérebro (discutidas mais cedo por Bills). 
Eles notaram que a privação de sono não ocasionava destruição 
completa dos processos cognitivos ou do desempenho cogniti-
vo que e les mediam, como afirmavam os pesquisadores da Hi-
pótese da Lesão Cognitiva Funcional. Ao contrário, havia uma 
variabilidade interindividual para cada fase temporal avaliada 
do desempenho cognitivo, e os indivíduos continuavam a de-
sempenhar a tarefa mesmo com a privação de sono, entretanto, 
com prejuízos atencionais. 
Mais de uma década depois, Bjerner (1949) mostrou, por 
meio de e letroencefalograma (EEG), que essas "pausas por blo-
cos" podiam ser verificadas através de mudanças na atividade ce-
rebral e nos movimentos oculares, mas que essas mudanças não 
eram "microssonos" - ou, em compreensão atual, não eram cochi-
los invo luntários. 
Williams, Lubin e Goodnow (1959), intrigados com os efei-
tos neurocognitivos da privação de sono, observaram em um ex-
perimento que, após 78 horas de privação de sono, os indivíduos 
aumentavam o número de lapsos no desempenho cognitivo, le-
vando o dobro do tempo de reação para desempenhar uma ta-
refa em comparação com indivíduos sem perda de sono. Além 
disso, observaram que, independentemente desses lapsos, havia 
momentos ocasionais em que os indivíduos respondiam de forma 
acurada e rápida. Essas observações levaram os pesquisadores a 
formularem a Hipótese dos Lapsos, que postulava que, em uma 
situação de privação de sono aguda, por estarem pouco desper-
45 
Neuropsicologia do Sono, história e paradigmas 
tos, haveria momentos de falha na resposta durante demandas 
de desempenho cognitivo, causados por episódios de rnicrossonos 
(comprovados por meio de EEG), mas seriam momentos breves, 
e os indivíduos continuariam com desempenho normal nos de-
mais períodos. 
A Hipótese dos Lapsos marcou um avanço nas abordagens 
paradigmáticas sobre os efeitos da privação de sono para o de-
sempenho cogn itivo. Entretanto, essa hipótese não alcançou o 
patamar de urna teoria substancial consolidada, pois falhava ao 
exp licar outros processos cognitivos que apresentavam impacto 
da privação de sono. Além disso, sua base estava pautada em 
experimentos conduzidos com privação tota l ou aguda de sono. 
Kjellberg (1977a; 19776; 1977c), tentando e lucidar a relação 
entre privação e cognição, sugeriu que os lapsos não eram perío-
dos discretos de despertar reduzido, mas , sim, que a perda de 
sono diminuía o despertar e a motivação, e que, depois de atingir 
certo nível de limiar, havia um lapso no desempenho globalizado. 
Partindo de seus experimentos e observações, Kjellberg 
apresentou três fenõrnenos que não podiam ser exp li cados pela 
Hipótese dos Lapsos, questionando-a e refutando-a. Primeiro, 
e le percebeu que as respostas lentificadas medidas pelos tem-
pos de reação em tarefas auditivas e visuais durante 24 horas 
de privação de sono eram independentes dos lapsos cometidos 
pelos indivíduos. 
Urna segunda questão advinda de seus experim entos, que 
pôs em xeque a Hipótese dos Lapsos , foi a observação da dete-
rioração sistemática no desempenho cognitivo corno resultado 
da duração para execução da tarefa cogn itiva aumentada. Em 
um experimento que tinha corno tarefa a nomeação de cores, 
46 
Como avaliar em neuropsicologia do sono 
Kjellberg e colaboradores observaram que indivíduos privados 
de sono aumentavam as respostas lentificadas e os erros na 
reali zação da tarefa, aumento este que estava relacionado à 
duração da tarefa . Verificaram que os indivíduos tentavam exe-
cutar os testes com um esforço compensatório, mas, à medida 
que o teste se alongava, esse esforço se dissipava. Em resumo, 
duração da tarefa e quantidade de horas em vigília deveriam 
ser levados em conta para considerar o prejuízo cognitivo. 
Uma terceira e última limitação da Hipótese dos Lapsos 
apontada por Kjellberg era a ausência de explicação para os erros 
de comissão (respostas apresentadas quando não há um estímulo 
presente). Os indivíduos privados de sono, quando submetidos a 
uma tarefa longa, frequentemente cometiam e rros de comissão 
durante uma tarefa de es tímulo-resposta. 
As conclusões de Kj ellberg estimularam mais pesquisas 
para investigar essa problemática. Gillberg e Akerstedt ( 1998) 
iniciaram protocolos experimentais para tes tar as conclusões 
de Kjellberg, principalmente em relação à proposição de que 
os efeitos da privação de sono aguda se tornariam evidentes em 
tarefas com duração prolongada. Testaram em doze indivíduos o 
momento em que havia uma deterioração em uma tarefa visual 
de atenção sustentada com 32 estímulos diferentes, com dura-
ção de 34 minutos no total , aplicada a cada 3 horas por um pe-
ríodo de 64 horas de privação aguda. Observaram que houve um 
dec línio progressivo no desempenho concomitante ao tempo de 
apresentação da tarefa e que, ao longo da execução des ta, os er-
ros eram atribuídos à sonolência medida por EEG . Concluíram 
que o efeito de uma privação de sono é imediato em processos 
de atenção, principalmente quando a tarefa é monótona. 
47 
Neuropsicologia do Sono, história e paradigmas 
Importante registrar que o que estava sendo explorado em 
termos neurocognitivos , subsidiando todosesses experimentos 
e fazendo parte da construção hi stórica da Neuropsicologia do 
Sono, era o processo cognitivo da atenção sustentada, ou seja, 
a verificação do nível eficiente de resposta para completar uma 
tarefa em um dado período de tempo, principalmente em tarefas 
de tempo de reação simples, diante de situação de perda de sono. 
Incontestavelmente, houve progresso para conc luir que a priva-
ção de sono ocasionava prejuízos no desempenho atencional, mas 
sob a égide da generalização para todos os processos cognitivos. 
Assim, outras questões experimentais continuavam sem res-
postas ou apresentavam respostas parciais. Como exp li car essas 
limitações levantadas por Kjellberg? Outros processos cogni-
tivos, para a lém da atenção, eram afetados do mesmo modo? 
Privação de sono crônica tinha o mesmo impacto negativo no 
desempenho cogn itivo como a privação de sono aguda? 
Essas questões estimularam os pesquisadores a elaborar pro-
tocolos sofisticados para encontrar respostas e favoreceram, ao 
mesmo tempo, a criação de paradigmas empíricos que sustentam 
as discussões e os experimentos vigentes. 
Caracterizando os principais paradigmas atuais em 
Neuropsicologia do Sono 
Avançando na tentativa de e lu cidar as limitações da Hi-
pótese dos Lapsos e fomentar um paradigma exp li cativo para 
a relação entre sono e cognição, Doran, Van Dongen e Dinges 
(2001) propuseram a Hipótese da Instabilidade do Estado da 
Vigíli a, que foi corroborada mais tarde por Dorrian, Rogers e 
Dinges (2005). 
48 
Como avaliar em neuropsicologia do sono 
Essa hipótese propõe a interação entre fatores circadianos 
e propensão ho111eostática ao sono, alé111 da atenção sustentada 
para exp licar as dúvidas recorrentes levantadas por Kjellberg. 
Essa hipótese postula que, à 111edida que o te111po de privação 
do sono au111enta, o dese111penho cognitivo do indivfduo torna-se 
variáve l e a lta111ente i111previsível ao longo desse período, resul-
tado da alternância entre os siste111as neurofisiológicos pro1110-
tores da vigíli a e do sono (Banks & Oinges, 2007), o que causa 
u111a flutuação no a lerta e, consequente111ente, a presença de 
lapsos atencionais, desestabilizando o dese111penho cognitivo e 
neural. Essa variabilidade atenciona l caracteriza-se por di111inuir 
as respostas necessárias para o 111eio a111biente e a deterioração 
e111 tarefas longas, si111ples e 111onótonas, que exige111 ve locidade 
de reação e vigilância. Dur111er e Oinges (2005) e Li111 e Oinges 
(2010), na sequência, argu111entara111 que os deficit na cogni-
ção estão relacionados ao papel da atenção sustentada e111 vários 
processos cognitivos que depende111 dele. 
Os lapsos são 111ais co111uns e111 tarefas que requere111 aten-
ção sustentada, e sua frequência au111enta quanto 111ais te111po 
o indivíduo privado de sono per111anecer executando a tarefa. 
Quando o co111ponente ho111eostático prevalece, alé111 das res-
postas lentificadas e do au111ento de lapsos, o esforço co111pensa-
tório dos indivíduos para realizar a tarefa (observado através dos 
erros de 0111issão e co111issão, be111 co1110 pelo te111po exposto à 
tarefa) e resistir ao sono é sup lantado, e pode111 ocorrer ataques 
de sono involuntários . 
A atenção sustentada está inti111a111ente relacionada ao ci-
clo de sono e vigília , que é u111 rit1110 biológico que apresenta al-
ternância entre 1110111entos de sono e vigília ao longo das 24 ho-
49 
Neuropsicologia do Sono, história e paradigmas 
ras, e qu e é repe tido regularm ente . A ate nção sustentada , a lém 
de exibir flutu ações rítmicas, manté m a sin c roni zação com o 
ciclo de sono e vigília , com fa ses de maior a le rta coincidindo 
com a fase de menor propensão ao sono e sua duração na noite 
ante rior ao sono. 
Para entender melhor a Hipótese da Instabilidade do Esta-
do da Vigíli a é essencial compreender a regulação do padrão de 
sono-vigília , que é regulado e gerado por um pequeno grupo de cé-
lulas hi pota lâmicas - núcleos supraquiasmáti cos (N SQ). O NSQ 
e outros osciladores biológicos encontrados no sistema nervoso 
central e nos tecidos pe rifé ri cos formam um sistema multiosci -
latório - sistema de temporização circadiano. No entanto , apesar 
da existência de osciladores pe riféri cos, o N SQ desempenha opa-
pel de "líder" desses osc iladores, ajustando-os ao cic lo ambiental 
claro/esc uro e mantendo uma re lação de feedback entre e les, de 
modo que o NSQ é a es trutura principa l que gera e sinc roni za os 
ritmos e mantém a integridade temporal fi siológica e comporta-
mental , sendo reconhecido como o marca-passo primário de ma-
mífe ros (Daan, Beersma, & Borbé ly, 1984 ; Brandstaette r, 2004 ). 
Assim, esse sistema promove a organização temporal exte rna (sin-
croni zação do ciclo sono-vigília para pistas ambientai s) - no caso 
das espécies diurnas, como o ser humano, a alocação de sono é 
sincroni zada com a fase escura e a vigília/ati vidade, com a fase 
ambiental clara - e mantém também a organi zação temporal in -
terna (ritmos de sistemas e órgãos de um organi smo em relações 
de fase estáve l entre si ou com diferentes níve is de sinc roni zação) 
(Brandstaetter, 2004 ; Moore, 1999). 
Além da regulação do sistema de temporização circadiano , 
o sono também é regulado pelo processo hom eostáti co, que de-
50 
Como avaliar em neuropsicologia do sono 
termina a quantidade de vigíli a e sono, e os tempos de maior 
ou menor propensão para o sono. Esses dois processos regulató-
rios propostos por Borbély (1982) são s istemas independentes, 
inter-relacionados (Borbély & Achennann, 1999; Trachsel , Ed-
gar, Seidel, H eller, & Dement, 1992; Wyatt, Ritz-De Cecco, 
Czeis ler, & Dijk, 1999). N a fase inicial de lu z ambiental ou no 
início do dia , a propensão para dormir pela regulação homeos-
tática e circadiana é baixa, o que promove o despertar. Ao longo 
da fase de c laro ou dia da luz ambiental, a propensão ao sono 
promovida pela regulação homeostática aumentará gradualmen-
te , enquanto a regulação circadiana para essa propensão é baixa, 
incentivando a manutenção da vigília ou atividade. N o início da 
fase esc ura ambienta l, há maior propensão ao sono, promovida 
pelos sistemas de regulação horneostática e circadiana, que coin-
cidem, o que provoca o início do sono. Ao longo da noite de sono, 
a tendência horneostática diminui gradualmente, mas o sono é 
mantido pe la regulação circadiana. 
Borbély, Daan , Wirz-Ju stice e Deboer (2016), em urna re-
visão recente, após três décadas de proposição do modelo re-
gu latório do cic lo sono-vigília , evidenciam qu e os processos 
circadianos e horn eostáticos são profundam ente integrados , 
baseados em num erosas evidências científicas que mostram re-
percussões, in c lusive, para tratamentos c línicos não farmacoló-
gicos para vá rios quadros em psiquiatria , especialmente para o 
tratam ento da depressão. 
Resumidamente, a Hipótese da Instabilidade do Es tado da 
Vigília sugere que o desempenho cognitivo dos indivíduos é mar-
cado pela característica da va riabilidade , que é produzida pelos 
comp lexos, múltiplos e paralelos mecanismos neurobiológicos 
51 
Neuropsicologia do Sono: história e paradigmas 
(circadianos e homeostáticos) para mante r a atenção. Adicion a-
do a essa fórmul a, a motivação, relacionada à \~gília, é modulada 
pelo sistema de controle cortica l, provavelmente envolvido com 
as regiões pré- frontai s; já a pressão para dormir es tá re lacionada 
ao sistema de bottom-up' e envo lvida com o tronco cerebral e o 
hipotálamo (Lim & Dinges, 2008). Tomadas em conjunto, a pres-
são homeostáti ca para dormir em fun ção do número de horas em 
vigília e a tentativa de motivação para realizar a tarefa tornam-se 
diminuídas, gerando variabilidade na atenção e uma performance 
progressivamente falível. 
Portanto , as pesqui sas supracitadas q ue forta leceram esse 
paradigma con cluíramque a privação de sono aguda ou c rõnica 
causa efeito s no desempenho cogniti vo, em processos medi ados 
pela a tenção. N ão obstante, um a ques tão ainda continuava sem 
resposta: se ri am os processos cogniti vos complexos afe tados 
pela privação de sono? N os úl timos anos, pesquisas têm avaliado 
essa ques tão utili zando tes tes neurocogniti vos mais complexos 
e técnicas de imageamento , e, a seguir, há com entários sobre 
algumas de las. 
52 
Sistemas bottom-np e top-down são abordagens de pensamento e ensino sobre como 
a informação é processada. Eles são uti lizados em Neurociências, Psicologia Cogni-
tiva, Ciências da Computação, Ciências Biológicas, Ges tão de Organização, Saúde 
Pú blica e Nano tecnologia. O sis tema bottom-up envolve es tra tégias de processamen-
to de informação a partir de estímu los e informações sensoriais de en trada . Um 
exemplo para compreensão é quando sua atenção e sua percepção são atraídas para 
iden tificar um pássaro da espécie form igueiro-do- litoral e você precisa iden tificar 
seus deta lhes, pois não tinha represen tação mental nem outro conhecimento sobre 
esse animal, ou seja, sua atenção não es tava su bordinada ao conhecimento prévio. 
Agora, compare essa situação com o alo de procurar exatamente esse pássaro. Nesse 
caso, você tem a represen tação mental e possui al to níve l de direção de processa-
mento sensorial gu iado mais pela cognição (hipóteses, objetivos e metas envolvendo 
vários processos cognitivos) do que pe los estímu los sensoriais - esse é o sistema 
top-dowu (Biederman, G lass, & Stacy, 1973; Boekaerts, 1988; Boekaerts & Cascallar, 
2006) . 
Como avaliar em neuropsicologia do sono 
A noção de que o córtex pré-frontal e as funções execu-
tivas relacionadas a essa área são os processos mais afetados 
pelos efeitos adversos da privação do sono é ponto de conclu-
são em toda a literatura de referência (Boonstra, Stins, Daf-
fertshofer, & Beek, 2007 ; Hsieh , Cheng, & Tsai , 2007; Liu , 
2008; Balkin, Rupp, Picchionni & Wesensten, 2008; Ginani et 
al., 2009; Tucker, Whitney, Belenky, Hinson, & Van Dongen , 
2010; Orzel-Gryglewska, 2010) 
A Hipótese do Lobo Frontal ou Hipótese de Vulnerabilidade 
Pré- frontal (Horne, 1993), referida como abordagem neuropsi-
cológica para o sono (Babkoff, Zukerman, Fostick, & Ben -Artzi, 
2005), sugere que a perda de sono afeta primariamente o fun-
cionamento do córtex pré- frontal , o que produ z mudanças no 
metabolismo cerebral, percebidas por meio de técnicas de ima-
geamento, e causa mudanças na cognição, na emoção e no com-
portamento consistentes com a disfunção do lobo pré- frontal ; 
essas a lterações, contudo, são reversíveis com a recuperação do 
sono (Killgore et al., 2008; Thomas et al., 2000 ; Killgore, Balkin , 
& Wesensten, 2006). 
Os vários es tudos de neuroimagem rea li zados para susten-
tar a Hipótese de Vuln erabilidade Pré- frontal mostram qu e, 
após uma noite de privação de sono, há uma predominância 
das ati vidades delta (Blatter & Cajochen, 2007) e th e ta (Cain , 
Silva , Chang, Ronda, & Duffy, 2011) ao nível do córtex pré-
-fronta l, atividad e associada aos mecanismos de res tauração no 
cérebro durante o sono (Munch et al., 2004 ). Nessa direção , 
os dados mostram qu e o córtex pré- frontal é uma das regiões 
do cérebro cujas restauração e rec uperação são urna prioridade 
após um período ininterrupto de vigília (M uzur, Pace-Schott , & 
53 
Neuropsicologia do Sono, história e paradigmas 
Hobson, 2002; Gosselin, Koninck, & Carnpbell , 2005; Ferreira 
et al., 2006; Boonstra et al., 2007; Elrn enhorst et al., 2008). 
Drurnrnond, Brown, Salarnat e Gi llin (2 004) mostraram que a 
atividade reduzida do córtex pré-frontal dorsolateral precede 
a diminuição no desempenho ou a execução de um erro. Em 
suma , esses teóricos argumentam que a atenção sustentada é 
necessária , mas não é suficiente c ritério para funcionamento 
cognitivo normal. 
Os dados científicos de comprovação de que o impacto da 
privação do sono afeta primariamente os componentes cogniti-
vos relacionados ao córtex pré-frontal são divergentes. Foi de-
monstrado que há urna redução no desempenho de velocidade da 
flexibilidade cognitiva (Stenuit & Kerkl1ofs, 2008; Van Dongen, 
Maislin , Mullington, & Dinges, 2003). A atenção dividida pode 
ser afetada pela perda de sono em comparação com a atenção 
simples, dependendo da natureza e da complexidade da tarefa 
(Lirn & Dinges, 2010). Drurnrnond, Gi llin e Brown (2001 ) mos-
traram em sua pesquisa que existem a lterações neurobiológicas 
no córtex pré-frontal e no lobo parieta l em urna tarefa de atenção 
dividida verbal e aritmética. 
Com relação ao controle inibitório , importante processo 
executivo, dados experimentais utilizando a tarefa golno go (pa-
radigma relevante para ava liar contro le inibitório) exibiram um 
aumento de erros de omissão relacionados à duração da vigíli a 
e a melhoria com um sono noturno (S tenuit & Kerkhofs , 2008; 
Drurnrnond, Paulus, & Tapert, 2006). Com o uso de neuroirna-
gern, observou -se durante o desempenho da tarefa que havia 
redução da atividade metabólica do córtex pré-frontal e do giro 
anterior cingulado (Drurnrnond et al., 2006). N o entanto, os 
54 
Como avaliar em neuropsicologia do sono 
deficit comportamentais de controle inibitório com privação de 
sono não foram replicados em estudos com tarefas complexas de 
escolhas múltiplas (Jennings, Monk, & van der Molen, 2003 ). 
Não obstante, Schmidt, Gay, Ghisletta e van der Linden (2010) 
mostraram que a privação de sono foi associada a impul sividade, 
preocupações e pensamentos intrusivos, evidenciando o impac-
to sobre o controle cognitivo. 
Memória de trabalho tem dados mais divergentes, particu -
larmente relacionados ao tipo de tarefa usada para acessá-la em 
uma situação de privação de sono. De qualquer forma , a lguns 
estudos mostraram que, usando tarefas simples, há redução da 
precisão da resposta e lentificação no tempo de resposta (C hoo, 
Lee, Venkatraman, Sh eu, & C hee, 2005). N o entanto, utili zando 
tarefas complexas, como N- bach, não foi encontrada interferên-
cia da privação do sono (Beebe et al., 2009; Tucker et al., 2010). 
Além disso, Choo et al. (2005 ) encontraram pior desempenho em 
tarefas complexas como span de dígitos em ordem inversa , que 
avalia memória de trabalho. 
Essa hipótese é questionada porque há es tudos com neu -
roimagem usando, por exemplo , tomografia por emissão de pósi-
trons , que mostram que a privação do sono é associada a atividade 
metabólica reduzida dentro de um networh de regiões cerebra is 
importantes para atenção, processamento de informação, tomada 
de decisão e contro le executivo , como córtex parietal e tálamo, 
além do córtex pré-frontal (Chee & Choo, 2004 ; Mu et al., 2005; 
Tomasi et al., 2009) 
Alguns pesquisadores argum entam que as mudanças nas 
funções executivas, identificadas pela aplicação de tes tes neu-
ropsicológicos, não são a expressão de um verdadeiro deficit exe-
55 
Neuropsicologia do Sono, história e paradigmas 
cutivo, mas, sim, o reílexo da deterioração de outros componen-
tes não executivos que também foram atingidos pela privação 
de sono e que foram recrutados em tarefas/testes (Tucker et al., 
2010). Além disso, em algumas pesquisas , há conclusões de um 
desempenho preservado em tarefas executivas moderadamente 
complexas (Tucker et al., 2010; Chee & Choo, 2004 ), sugerindo 
uma inter-relação entre a tarefa e sua dificuldade, e não com 
uma iníluência direta da privação de sono para os processos exe-
cutivos. Para explicar esses resultados contraditórios, alguns au-
tores propuseram que o cérebro desencadeia mecanismos com-
pensatórios em resposta ao aumento da dificuldade na tarefa 
com a privação de sono (hipótese de adaptação compensatória 
- Chee et al., 2006; Drummond et al., 2000; Drummond et al., 
2005), o que leva a não gerar deficit nos processosexecutivos 
(que são mais complexos) pelo acionamento de outras regiões 
cerebrais que compensam as áreas que estão em prejuízo pela 
privação de sono. 
Perspectivas atuais 
A Neuropsico logia do Sono tem crescido sistematicamente 
e se consolidado como área importante do saber para neuropsi -
cólogos e pesquisadores da relação cérebro, sono e cognição. Vá-
rias síndromes neuropsicológicas cursam com sintomas de alte-
rações de sono, assim como inúmeros distúrbios do sono trazem 
impactos neurocognitivos e neurocomportamentais severos. Co-
nhecer como se processa a privação de sono crõnica ou aguda 
nos processos cognitivos e comportamentais, bem como seus 
impactos, é imprescindível para o diagnóstico diferencial e o 
manejo do quadro com intuito terapêutico, pois muitos quadros 
56 
nosológicos se confundem, e as alterações de sono (transtornos 
ou sintomas) têm desfechos fisiológicos, que incluem deficiên -
cias metabólicas, cognitivas e imunológicas. 
A chave para esse caminho se traduz em conhecimento 
teórico-técnico, metodologia adequada e boa semiologia com le-
vantamento de dados pormenorizados. 
2 POR QUE A AVALIAÇÃO DO SONO 
É IMPORTANTE 
PARA OS 
NEUROPSICÓLOGOS? 
Para fornecer uma resposta à pergunta cerne deste capítulo, 
há que se inverter a indagação para, justificado o motivo de não se 
avaliar o sono na prática neuropsicológica brasileira, compreender 
a imprescindibilidade do tema para os profissionais. 
A despeito das comprovações científicas existentes sobre o 
impacto das a lterações do sono na cognição, conforme descri-
to no capítulo !, lamentavelmente é raro o padrão de sono ser 
considerado na rotina da ava li ação neuropsicológica dos profis-
sionais e, talvez por desconhecimento e desvalorização da sua 
importância, nem é considerado um fator de contribuição para a 
performance cognitiva. 
Consideramos, não obstante, que o desconhecimento é o prin-
cipal fator, primeiro pelo fato de a área ter sido formalmente reco-
nhecida há pouco tempo. A área de sono pertence historicamente à 
área da subdivisão da Medicina - Medicina do Sono - e da Biologia 
- Cronobio logia. Na Medicina, a Medicina do Sono era um com-
61 
Por que o ovofioção do sono é importante poro os neuropsicólogos? 
ponente de várias especialidades, como Neurologia, Pneumologia, 
Otorrinolaringologia e Psiquiatria, firmando-se como disciplina ro-
busta e unitária anos posteriores . 
Com as comprovações do impacto do sono na saúde biopsi -
cossocia l, várias áreas do saber foram se apropriando do conhe-
cimento do sono para sua atuação, como a Psicologia, a Fonoau-
diologia, a Odontologia e a Fisioterapia , o que apontava para a 
importância de urna atuação multidimensional. 
Em re lação à Psicologia, essa aproximação com a área do 
sono em suas diferentes especialidades surgiu com a necessidade 
de desenvolve r modelos de intervenção para tratamento dos dis-
túrbios do sono, já que se constatava cientificamente que alguns 
distúrbios tinham em sua gênese ou sua manutenção aspectos 
cognitivos e comportamentais implicados. Somado a isso, cons-
tatava-se que nem sempre havia sucesso de eficácia, principal -
mente em médio e longo prazos, com tratamento farmaco lógico 
(Almondes & Holanda Júnior, 2016). Desse modo, muitos mode-
los , protocolos, instrumentos e técnicas , oriundos da Psicologia, 
foram desenvolvidos para distúrbios do sono. 
Ass im surge a N europsicologia do Sono, concomitante a 
esse processo de interlocução entre a Psicologia e a Medicina 
Comportamental do Sono, com es tudiosos intrigados com as a l-
terações cognitivas e comportamentais fruto das a lterações de 
sono (corno descrito no capítulo 1) e dos distúrbios do sono, 
os quais possuem em sua gênese meca nismos neurofisiológicos 
patológicos. Sabemos que a pe rda de sono produz ativação anor-
mal do córtex pré- frontal , dos lobos temporais e parietal, e do 
tálamo, conforme mencionado no capítu lo anterior (Cluydts & 
Verstraeten, 2002). 
62 
Como avaliar em neuropsicologia do sono 
Posto todo esse breve histórico do surgimento da Psicologia 
e da Neuropsicologia conectada ao sono, é factível entender por 
que o neuropsicólogo brasileiro não considera essa dimensão em 
suas avaliações e seus diagnósticos, além da reabilitação. 
Entretanto, não é apenas isso. Um segundo fator para argu-
mentar em razão de os neuropsicólogos não avaliarem o sono em 
suas práticas clínicas envolve a falta de formação técnico-científica 
na área em nosso país. Se não há disponibilidade de formação de 
recursos humanos para capacitação na área, ob\~amente não há 
profissionais com esse olhar e, em consequência, não há avalia-
ção dessa dimensão. Somado a isso, os recursos teóricos existen-
tes - ou seja, as principais obras e artigos - são disponibilizados 
em inglês. Contudo, há mudanças nesse cenário. Recentemente, 
já contamos com algumas obras sobre o sono em português (Pai-
va, Andersen, & Tufik, 2014; Pinto Júnior, 2010; Tufik, 2008; 
Mello, 2007; Fischer, Moreno, & Rotenberg, 2004), e outras 
direcionadas aos psicólogos, como os livros Terapia Cognitivo-
-comportamental para Transtornos do Sono (Almondes & Holanda 
Júnior, 2016), Neuropsicologia do Sono: aspectos teóricos e clínicos 
(AI mondes, 2017) e Contando carneirinhos: o que você precisa 
saber para sua noite não se transformar em um pesadelo (Almon-
des, 2014), além de vários artigos de pesquisadores brasileiros 
em português e inglês. 
Desvalorização agrega valor a essa jornada. Há ideias consolida-
das no senso comum, como de que dormir é perda de tempo e que é 
um exagero dizer que o sono tem repercussão factual nos processos 
cognitivos. Mas essa realidade começa também a se transformar em 
função das associações existentes na área e das campanhas realiza-
das nacional e internacionalmente. No mês de março se comemora 
63 
Por que o ovofioção do sono é importante poro os neuropsicólogos? 
o dia rnundia l do sono, e entidades internacionais, corno a Arnerican 
Acaderny of Sleep Medicine (https ://aasrn.org), a European Sleep 
Research Society (https ://www.esrs.eu ) e a World Sleep Society 
(http ://worldsleepsociety.org), alérn das nacionais , corno a Associa-
ção Brasi leira de Sono (http ://www.absono.corn.br) e a Associação 
Brasileira de Medicina do Sono (https ://www.absono.corn.br/ 
abrns), prornove rn carnpanhas nas rnídias e nas ruas , envolvendo 
seus países, seções regionais e rn e rnbros filiados para ajudar na 
conscientização socia l sobre a irnportância do sono e os irnpac-
tos dos distúrbios do sono para a saúde. A Associação Brasi leira 
de Sono, representada pelas suas inúrneras regionais cornpostas de 
rn édicos , psicólogos , psiquiatras, fonoaudiólogos e fisioterapeutas , 
recebe prerniação de reconhecirnento internacional pela sua atua-
ção social e pe la força inte rdisciplinar envolvida. 
Por firn , a consequência do desconhecirnento incide na ina-
bilidade para ava liar o sono e inte rpretar as queixas e os sintornas 
adequadarnente (aspectos rnetodológicos e sernio lógicos) para fa-
vorecer os diagnósticos , inclusive os diferenciais. 
Esse últirno aspecto rnencionado é tarnbérn o ponto de parti -
da para justificar a razão de se considerar a avaliação do sono irn-
portante por parte dos neuropsicólogos. Mas, para cornpreender 
a serniologia e a rn e todologia (presente nos capítulos posteriores ), 
é rnister que se tenha conhecirnento teórico de aspectos neuro-
fisiológicos , neurobiológicos , fenornenológicos e rnetodológicos 
sobre o sono, a firn de cornpreender, por urn lado, os quadros de 
distúrbios do sono e, por outro, corno os sintornas de sono podern 
aparecer nos quadros clínicos diversos. 
Para alérn das repe rcussões dos transtornos e das alterações 
de sono nos processos neurocognitivos , urna outra questão princi -
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Como avaliar em neuropsicologia do sono 
pai é que a privação de sono impacta na

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