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© 2019 Casapsi Livraria e Editora Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação. para qualquer f-inalidade, sem autorização por escrito dos editores. l ª Edição 20/9 Responsabilidade editorial A1ia Caroli1ia Neves Coordenação editorial Bmn11a Pinheiro Cardoso Assistência editorial Karoli11e de Oliveira C11ssoli111 Preparação Lemwrtlo Dantas do Carmo Revisão Natlwlia Fermrezi Capa e projeto gráfico Bo11ifácio fatúdio Foto de capa Km1yaros Hat1mwjm1gkol Diagramação eletrônica 8011ifácio Est1Ídio Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica llacqua CRB-8/7057 Alrnondes. Katie Moraes de Como avaliar em neuropsicologia do sono / Katie l\foraes de Alrnondes. - São Paulo Pearson Clinicai Brasil, 2019 144 p. (Neuropsicologia na PrMica Clinica) Bibliografia ISBN 978-85-8040-000-1 1. Neuropsicologia 2. Sono 3. Sono - Psicologia do sono 1.Título 11. Série 19-0700 Índices para catálogo sistemático: 1. Neuropsicologia Impresso no Brasil Pri11ted in Bmz.il CDD 616.00 As opiniões ex1nessas 11este livro, hem como seu co11teiído, siio de responsabilidade de seHs autores, /Uio 1iecessaria111e11te correspo11de11do ao po11to de vista da editora. Resen1ados todos os direitos de p11blicaçiio em lí11g11a portuguesa à @Pearson Casapsi Livraria e Editora Ltda. Av: Francisco Matarazzo, 1.500-Cj. 51 Ed. Ncw York Barra Funda -São Paulo/SP-CEP 05001-100 www.pcarsonclinical.com.br Sumário Prefácio• ..... ........ ..... ........ ... ..... ............. ... ..... ........... ..... ............. 11 Pre fácio ...... ............. ........ ... ..... ............. ... ..... ........... ..... ............. 23 Apresentação ................... ..................... ................................ ..... 35 1. Neuropsicologia do Sono: história e paradigmas ........... ... ..... 39 Histó ria do surgimento da Ne uropsicologia do Sono: evidências para seus paradigmas. Caracterizando os pri ncipais paradigmas atuais em Neuropsicologia do Sono. ····· ········42 ····· ········48 Perspectivas atuais.. . .... ........ 56 2. Por que a avaliação do sono é importante para os neuropsicólogos? ..... ... ..................... ................................ ..... 59 3. Como avaliar em Neuropsicologia do sono ...................... ..... 75 Neurops icólogos em saúde: avali ando o so no como uma ferramenta importante no di agnóstico diferencial Caso 1 . Ne uropsicólogos do so no: uma especia lização a mais na avali ação ... ....... 77 . ...... 78 . ...... 96 Caso 2 Caso 3 Caso 4. 4. Recomendações importantes para avaliação do sono .103 .106 .107 em Neuropsicologia ............... .. ................... .. .......... ... ......... 111 Referências bibliográficas ............ .. ................... .. .............. .. ..... 121 Prefácio· O sono é uma função vita l e necessári a para a evolução de diferentes espécies. Nele, ocorrem muitos processos importan - tes para o funcionamento e a adaptação de nosso organismo ao meio ambiente, como os processos de reparo fisiológico, atividade metabólica, sistema imunológico e outros, fazendo-o um mundo interessante para descobrir e explorar. Um aspecto fundamental da investigação do sono tem sido sua relação com a função cogni- ti va. Estudos comportamentais e e letrofis iológicos revelaram que o sono desempenha um papel no armazenamento da memória de longo prazo, com uma importância significativa nos fenôme- nos da plasticidade neuronal , incluindo aq uisição, consolidação e rec uperação da memória (Bli wise, 1989; Cipolli et al. , 201 7). A melhora das habilidades motoras que um indivfduo realiza du - rante o dia continua durante o sono , demon strando sua importân- Prefácio traduzido do espanhol pela autora Kat ie Moraes de Almondes para essa edição. Disponi bili zamos o texto na língua original na p. 23. 11 eia na consolidação dessas habilidades. A experiência dos sonhos no período dos movimentos oculares rápidos (REM) forma um estado fisiológico do cérebro que compartilha tanto os substra- tos fisiológicos como as experiências psicológicas das condições psicopatológicas, em que a hiperativação límbica combina com a hipoativação frontal e com outras estruturas cerebrais. Todas essas características e relações do sono levaram à ava li ação e ao desenvolvimento de importantes baterias de medição não só para o sono em pessoas saudáveis, em que existem muitos modelos de explicação neuropsicológica da função do sono, mas também ao desenvolvimento de uma grande pesquisa sobre as a lterações das funções cognitivas nas alterações de sono e a interação da dita ativação com dano cerebra l (B li wise, 1989; Cipolli et al., 2017). A função onírica ocorre em muitos estágios do sono, no entanto, as imagens hipnagógicas aparecem com mais frequên - cia durante o REM mais leve ou o sono paradoxal , mas mesmo durante o sono profundo (es tágios 2 e 3) ou no sono N REM (non-rap id eye movement). Os sonhos, em seguida, diferem do sono REM para o sono N REM. Os estágios do sono REM co- meçam em aproximadamente 90 minutos, são de curta duração no início do sono e vão se tornando mais frequentes muito antes do despertar; eles ocupam cerca de 20% a 25% do nosso tem- po total de sono (Bliwise, 1989; Cipo lli et al., 2017). Estudos de laboratório relataram que, quando acordam durante o sono REM, os indivíduos relatam em 80% a quase 100% do tempo que tiveram um sonho. Estes tendem a ser sonhos de conteú- do mais vívido, altamente visuais. Durante os períodos NREM, descobriu -se que os sonhos são menos frequ entes , muitas vezes mais pensativos e mais semelhantes a uma repetição ou prá- 12 tica de eventos do dia anterior. Embora a função de cada es- tado não seja totalmente compreendida, a fase REM tem sido descrita como um período envolvido com o desenvolvimento do cérebro, a restauração e a adaptação psicológica, bem corno com a consolidação de memórias de procedimentos através da ligação de memórias emocionais distantes , mas relacionadas, e conso lidando-os em urna narrativa suave. Acredita-se, entretan- to, que o estado NREM é mais envolvido na restauração fisio- lógica e na consolidação da memória episódica e declarativa , aspectos que constituem a consolid ação de modelos neuropsi- cológicos dos sonhos (Bliwise, 1989 ; Cipolli et al., 2017). Recentes avanços em eletrofisiologia, ,~deopoli ssonografia (ví- deo-PSG ), estimulação transcraniana e técnicas de neuroimagern permitem urna investigação mais profunda e precisa dos correlatos neuronais do estado de sono em indivíduos saudáveis e em pacien- tes com danos cerebrais, doenças neurodegenerativas, distúrbios do sono ou parassonias. A evidência convergente fornecida pores- tudos que usam essas técnicas em sujeitos saudáveis levou a urna reformulação de vários problemas não resolvidos sobre a geração e a memória do sonho (como as diferenças inter e intraindividuais na memória dos sonhos e a predição de ritmos de EEG específicos, como theta no movimento ocular rápido [REM] para memória de sono) (Bliwise, 1989; Cipolli et al., 2017). Dentro dos modelos mais completos de consciência humana e suas variações nos estados de sono/vigíli a, os modelos tradicionais são baseados principa lmente na Neurofisiologia do Sono REM em animais. Em contrapartida, novos estudos e novas tecnologias lançam nova luz sobre as bases neuronais (em particular, a atividade das regiões do córtex pré-fron- tal medial dorsal, as áreas do hipocampo e da amígdala), as dife- 13 renças inter e intraindividuais, a memória dos sonhos, a localização temporal do conteúdo de propriedades iguais ou específicas ( como a lucidez), da experiência do sonho e do processamento das memó- rias que são acessadas durante o sono e incorporadas ao conteúdo do sonho (Bliwise, 1989; Cipolli et al., 2017). Todas essas teoriasmodernas fornecem informações sobre o modelo neuropsicológico do sono humano, suas funções e outras áreas que se tornam uma área da Neuropsicologia e da Psicologia do Sono, que merece toda a atenção, desde seus aspectos básicos , tratados aqui, aos clínicos presentes em algumas parassonias. Quanto aos distúrbios do sono, a insônia é um sintoma, uma síndrome e uma comorbidade. Seu diagnóstico é baseado nos relatos subjetivos do indivíduo afetado e é definido como difi - culdades para iniciar o sono, mantê-lo, acordar cedo demais ou te r um sono não restaurador. A insônia é um dos distúrbios do sono que mais utilizam processos de avaliação neuropsicológica, com o uso de medidas neurofisiológicas , como polissonografia, análise de potência espectral, neuroimagem , além de protocolos de testes neuropsicológicos específicos , recomendando, em pri- meira instância, o uso de ambos protocolos objetivos e subjeti- vos na avaliação do paciente (Bastien, 2011; Goldman-Mellor et al., 2015; Aasvik et al., 2018). São encontrados nesses estudos, estratégias de avaliação combinadas, diferenças significativas e danos neuropsicológicos em pacientes, conforme a idade avança. Ao controlar a comorbidade nesses estudos, com deterioração diurna e medicamentos , essa associação diminuiu ligeiramen- te. Os deficit cognitivos na infância foram anteriores aos deficit cognitivos dos adultos que procuraram tratamento. As ligações entre insônia e declínio cognitivo podem ser mais fortes entre 14 as pessoas que busca111 trata111ento c líni co. Os 111édicos deve111 levar e111 consideração a presença de proble111as de saúde co111- plexos e u111a redu zida função cognitiva pré-111órbida ao planejar o trata111ento de pacientes co111 insônia. Outros estudos 111ostra111 que, à 111edida que a gravidade dos sinto111as de insônia au111enta e se torna clinica111ente significativa, há efeito substancia l sobre o funciona111ento da 111e111ória de trabalho nu111érica espacial e verbal. Ao diferenciar e testar diferentes do111ínios da 111e111ória de trabalho , os estudos de insônia descreve111 deficiências nela. Os resultados deve 111 ser transferidos para a prática c línica para neuropsicólogos, a fi111 de incluir avaliações do sono co1110 parte de seus exa111es de rotina (Bastien, 2011; Gold111 an-Mel lor et ai., 2015; Aasvik et ai., 2018). Na apneia e nos distúrbios respira- tórios do sono, a avaliação neuropsicológica te111 tido u111a área 111uito a111p la de avanço, e111 que u111 dos objetivos te 111 sido ava li ar o efeito da hipoxe111ia inter111itente sobre o funciona- 111ento neuropsicológico , pois há deterioração neuropsicológica global, onde a gravidade da hipoxe111ia se correlaciona signifi- cativa111ente co111 deficit nas 111edidas de capacidades 111otora e perceptiva-organizac ional, que a lgu111as vezes, per111anece após o trata111ento co111 CPAP (continuous positive airwaypressure - [pres- são positiva contínua nas vias aéreas]) (G len et ai., 1987; Bédard, 1991; Bédard et ai., 1993; Valencia-Flores, 1996; Stuss et ai., 1997; Tippin, 2007; Dauratetal., 2008; Devitaetal., 2017). Por sua vez, testes neuropsicológicos e i111agens cerebrais 111ostra111 que o e nvelheci111ento saudáve l leva a u111a deterioração prefe- rencial do córtex pré-frontal. Curiosa111ente, e111 adultos jovens, a privação do sono causada pe la frag111entação do sono devido à apneia do sono te111 efeitos se111elhantes (os testes desses estudos 15 forarn baseados na precisão da resposta , e não na velocidade) (G len et al., 1987; Bédard , 1991; Bédard et al., 1993; Valencia- -Flores, 1996; Stuss et al., 1997 ; Tippin, 2007; Daurat et al., 2008; Devita et al., 2017). N o caso da narcolepsia, nas avaliações neuropsicológicas, os pacientes relatararn rnaiores queixas de atenção, associadas à in - tensidade dos sintornas depressivos, tiverarn desernpenho rnais lento e variável nas tarefas sirnples de ternpo de reação, e tarnbérn apresentararn desernpenho rnais lento, reagindo de forma rnais va- riável e cornetendo rnais erros nos testes de funcionarnento exe- cutivo (Naurnann & Daurn, 2003; Bayard et al., 2012; Moraes et al., 2012). A aná li se do perfil individual rnostrou urna c lara hete- rogeneidade na gravidade do deficit executivo, correlacionando po- sitivarnente os referidos resultados corn a sonolência rnedida nos rnültiplos testes de latência do sono, não se corre lacionando corn os dernais sintornas da narcolepsia. Urn desafio nessa área consiste ern reali za r rnais estudos que possibilitern a exploração da ação de drogas e estratégias cornportarnentais que prornovarn a vigília , na rnelhora das funções executivas na narcolepsia. Dados sobre o cornprornetirnento neuropsicológico ern crianças corn narcolepsia são escassos (Naurnann & Daurn, 2003, Bayard et al., 2012; Mo- raes et al., 2012). Alguns estudos realizados ern crianças rnostra- rarn rnültiplos padrões de disfunção cognitiva e cornportarnental, e, rnuitas vezes, dificuldades acadêrnicas, representando urn fator de risco para alterações cognitivas sutis e heterogêneas que podern resultar na rnesrna, apesar do QI normal. Essas crianças tarnbérn têrn certo risco psicopatológico. Tudo isso parece ser pelo rnenos parcialrnente separado dos efeitos diretos da sonolência diurna, corno no caso dos adu ltos (Posar et al., 2014). 16 Nos distúrbios do ritmo circadiano, há evidências que rapida- mente se acumulam a partir de uma estreita relação entre a perda do sono e a cognição. A Neuropsicologia tem sido responsável por estudar, através de um corpo de conhecimento, os efeitos da per- da do sono nas funções cerebrais, em que os resultados mostram que a falta de sono afeta o desempenho em tarefas cognitivas em pessoas saudáveis, tendo um impacto mensurável no desempe- nho através da diminuição das funções cognitivas e efeitos sobre as vias biológicas que suportam o desempenho cognitivo (Harri- son et al., 2000; Waters & Bucks, 2011; Va ldez et al., 2012) A perda de sono produz, de forma confiável, reduções na velocidade de processamento e atenção. Funções cognitivas de ordem su- perior são afetadas em menor grau, corno exemplo das tarefas de habilidades cristali zadas, que podem ser vistas em pacientes com turnos de trabalho rotativos , com atraso na fase do sono e sono avançado, e em pacientes com jet lag. Os deficit pioram com o aumento da vigília, mas podem ser revertidos quando o sono nor- mal é restabelecido. A revisão também mostra que esses distúr- bios são urna característica das condições neuropsicológicas que contribuem para o padrão de declínio cognitivo (Harrison et al., 2000; Waters & Bucks, 2011; Vai dez et al., 2012). Em geral, os neuropsicólogos devem estar atentos aos proble- mas do sono em seus pacientes, para que as intervenções no sono em processos cognitivos ou as alterações do sono por deficit em qualquer pessoa, incluindo, por exemplo , danos cerebrais, sejam consideradas no plano de reabi litação para pessoas com disfunções cognitivas. As recomendações também incluem o exame de rotina do sono corno parte da avaliação cognitiva, pois o desempenho nos testes neuropsicológicos é afetado pelos ritmos circadianos 17 nos processos cognitivos. Durante o dia, as pessoas saudáveis apresentam níveis aceitáveis de desempenho cognitivo das I Oh às 14h e das 16h às 22h, que coincide com o horário de fun - cionamento quando a avaliação neuropsicológica é normalmente programada. No entanto, é importante considerar que o tempo de evolução cognitiva nos pacientes pode ser afetado por outros fatores, como cronotipo, idade, distúrbios do ritmo circadiano, privação de sono e medicação (Harrison et al., 2000; Waters & Bucks, 2011; Valdez et al., 2012) Embora os picos e os mínimos na performance cognitiva ca- racterizem nosso funcionamento cotidiano, as flutuações da horado dia sobre as funções neuropsicológicas continuam sendo con- sideradas marginalmente no domínio da psicologia cognitiva e da Neuropsicologia; as modulações do tempo do dia afetam o de- sempenho em uma ampla gama de tarefas cognitivas que medem capacidades de atenção, funcionamento executivo e memória. Essas flutuações no desempenho também dependem do crono- tipo, que reflete as diferenças interindividuais na preferência cir- cadiana e, particularmente, na sincronicidade entre os períodos de pico de ativação circadiana dos indivíduos e a hora do dia em que os testes são realizados. Em resumo, essas conclusões devem direcionar a atenção do médico, do neuropsicólogo e do pesqui- sador para a maior importância , a fim de levar em conta os parâ- metros do momento do dia ao avaliar o desempenho cognitivo em pacientes e indivíduos saudáveis (Harrison et al., 2000; Waters & Bucks, 2011; Valdez et al., 2012) As parassonias são uma área de manejo recente em Neuropsi - cologia. As principais contribuições se concentram em pesadelos e no distúrbio comportamental do sono REM. Os pesadelos são 18 um tipo de parassonia prevalente, caracterizados por experiências de sono intensas e desagradáveis durante o sono noturno (Sirnor et al. , 20 120). Tem sido proposto que o bachground neuronal de sonhos alterados está associado a prejuízo do funcionamento pré- -fronta l e fronta- límbico durante o sono REM, reAetindo também a deterioração do nível comportamental durante tarefas de vigíli a, exibindo tempos de reação mais longos em tarefas emocionais e no Stroop, cometendo mais erros de perseverança; e les também mostram urna menor geração de palavras em tarefas de Auência verba l (Sirnor et al., 2012). Quanto aos pacientes com distúrbio comportamental do sono REM, a literatura relata a presença de escores significativamente inferiores nos testes de cópia de Rey- -Osterrieth e na bateria do Corsi Supra span Leaming. Nenhuma correlação foi encontrada entre os resultados dos testes neurop- sicológicos e a duração do RBD (REM sleep behavior disorder - distúrbio de comportamento do sono REM]) ou com os achados polissonográficos (Ferini -Strarnbi et al., 2004). Em vista dos fatores mencionados, não é estran ho e é neces- sário um texto que e labore urna abordagem importante da Neu- ropsicologia do Sono e permita ao leitor urna abordagem científica a esse campo de ação da Psicologia do Sono . Ao mesmo tempo, torna -se um manual obrigatório para o profissional de Neuropsi- cologia, o que lhe permite amp liar seu campo de atuação e aper- feiçoar seu trabalho em favor da avaliação dos processos cogni- tivos, sua relação com a função do sono e alteração do sono em pessoas sãs e pacientes com desordens do sono. O li vro começa com urna descrição histórica da Neuropsico- logia do Sono, suas abordagens teóricas e de ava li ação, que podem ser datadas das primeiras experiências de privação de sono em tra- 19 balhadores, em funções cognitivas em 1915, e continuam com um modelo específico de Neuropsicologia desde 1959, com estudos experimentais sobre a privação do sono e seu impacto no desempe- nho, por meio de reduções nas funções cognitivas e efeitos nas vias neurobiológicas que suportam o desempenho cognitivo. Em uma segunda parte, o texto nos leva à resposta da questão de por que é importante ava li ar o sono para os neuropsicólogos, apresentando evidências científicas sobre por que o sono não é ava li ado rotineiramente na prática neuropsicológica brasileira até o momento e leva, ao mesmo tempo, a entender a importância do tema, ou seja, a avaliação do sono para profissionais neuropsi - cólogos. Essa seção também apresenta contribuições relacionadas a estudos neuropsicológicos que abordam a relação do sono com sintomas de várias condições psiquiátricas e neurológicas e vários distúrbios do sono, que resultam em sintomas psiquiátricos e neu- rológicos, como forma de aprofundar a importância da abordagem neuropsicológica do sono na ava li ação neuropsicológica geral. A terceira parte do manual apresenta diretrizes para ava li a- ção do sono na prática neuropsicológica, por meio de vinhetas de casos, sugestões de testes neuropsicológicos e baterias de ap li - cação para aval iação do sono na prática clínica e em populações de crianças, adolescentes e adu ltos, enquanto fornecem ao leitor explicações com casos clínicos dos métodos objetivos, como po- li ssonografia e actigrafia, para permitir que os neuropsicólogos co- nheçam a importância dessas medidas na mesma avaliação neu- ropsicológica. A última parte do livro aborda as diretrizes essen- ciais direcionadas às ap li cações das baterias de teste para garantir que a ava li ação do sono seja confiável e vá lida, evitando posições confusas nos diagnósticos diferenciais. 20 Não poderia terminar este prefácio sem me referir à autora e à sua alta competência no desenvoh~mento da Psicologia e da Neuropsicologia do Sono no Brasil , ao seu trabalho incansável , desde os níveis de graduação e pós-graduação, em prol do cresci- mento da área no continente, e à sua competência específica na área, o que pode ser visto no desenvolvimento do presente texto, que servirá como referência no continente e no contexto brasilei- ro, principalmente. Todas essas razões devem nos encher de orgulho, e expresso aqui, em um nível pessoal , minha imensa alegria pela Psicologia do Sono na América Latina ao ter a honra de apresentar es te texto sobre o desenvolvimento do tema, que, graças a materiais como este, comporá pouco a pouco um posicionamento mais definido no campo da Psicologia do Sono latino-americana e brasile ira. HernánAndrés MarínAgudelo Presidente da Federação Latino-Americana de Sociedades do Sono (FLASS ) 21 Prefácio EI sueiio es una función vita l y de necesidad evolutiva para las diferentes especies, en é l ocurren muchos procesos importan- tes para el funcionamiento y la adaptación de nuestro organismo ai media, como son los procesos de reparación fisiológica, acti- vidad metabólica, sistema inmunológico y demás que hacen de éste proceso un interesante mundo por descubrir y por explorar. Un aspecto fundamental, desde la investigación del sueiio, ha sido su relación con la función cognitiva. Estudios conductuales y e lectrofisiológicos revelaron que el sueiio juega un rol en e l alm acenamiento de la memoria a largo plazo, con una significa- tiva importancia en los fenómenos de plasticidad neuronal , in - cluyendo la adquisición, la consolidación y la recuperación de la memoria (B li wise, 1989; C ipolli y cais., 2017) . También el per- feccionamiento de las destrezas motoras que un individuo reali za durante el día continúa durante e l sueiio, demostrando su im- portancia en la consolidación de dichas destrezas. La experien- 23 eia de los sueíios en el período de movimientos oculares rápidos (MOR) conforma un estado fisiológico de i cerebro que comparte tanto los substratos fisiológicos como las experiencias psicoló- gicas de condiciones psicopatológicas, donde la hiperactivación límbica se combina con hipoactivación frontal y otras estructuras cerebrales.Todas éstas características y relaciones dei sueíio han ll evado aunque sea de vital importancia la evaluación y e! desar- rollo de bate rías de medición , importantes no solamente para e! sueíio en personas sanas, en donde exis ten muchos modelos de explicación neuropsicológica de la función onírica, sino además e l desarrollo de una nutrida investigación acerca de las funciones cognitivas como se encuentran alteradas en e l proceso patológico dei mismo y la interacción de dicha activación, con e l daiio cere- bral (Bliwise, 1989; Cipolli y cais., 2017 ) . La función onírica ocurre en muchas etapas dei sueíio, sin embargo las imágenes hipnagógicas aparecen más frecuentemen - te durante el MOR más ligero, o sueíioparadójico, pero incluso durante un sueiio profundo (etapas 2 y 3) o sueíio NMOR. Los ensoíiaciones difieren entonces dei sueíio MOR, ai sueiio NO- MOR Las etapas dei sueiio MOR comienzan aproximadamente a los 90 minutos y son de corta duración ai comienzo dei sueiio, son cada vez más frecuentes mucho antes de despertar y ocu- par alrededor dei 20% ai 25 % de nuestro tiempo total de sueiio (Bliwise, 1989; Cipolli y cais. , 2017). Los estudios de laborato- rio , ha informado que cuando se despiertan los sujetos durante e! sueiio MOR, infonnan en e! 80% a casi el 100% dei tiempo, que han tenido una ensoíiación. Estas tienden a ser sueiios de conte- nido más vívidos , altamente visuales, parecidos a una historia que consideramos como "sueíios". Durante los períodos N MOR, se ha 24 descubierto que los suefios son menos frecuentes, a menudo más pensados y más parecidos a una repetición o práctica de eventos dei día anterior. Au nque la función de cada estado no se entiende comp letamente, la fase MOR, ha sido descrita entonces como un período que está invo lucrado en el desarrollo dei cerebro, la restauración psicológica y la adaptación, así como la consolida- ción de recuerdos de procedimientos mediante la vinculación de recuerdos emocionales di stantes, pero relacionados y consolidán- dolos en una narrativa suave. Se cree, por otro lado, que e l estado NMOR está más involucrado en restauración fisiológica y la con- so lidación de la memoria episódica y declarativa, aspectos entro que constituyen la consolidación de modelos neuropsicológicos de la ensoiiación (Bliwise, 1989; Cipolli y cais., 2017) Los avances recientes en electrofisiología, video-poli som no- grafía (video-PSG), estimulación transcraneal y técnicas de neu- roimagen permiten una investigación más profunda y más precisa de los corre latos neuronales dei estado de ensofiación en individuas sanas y en pacientes con daiio cerebral, enfermedades neurodege- nerativas, trastornos dei suefio o parasomnias. La evidencia conver- gente proporcionada por los estudios que utilizan estas técnicas en sujetos sanas ha ll evado a una reformulación de varias problemas no resueltos sobre la generación y el recuerdo de la ensofiación (como las diferencias inter e intra individuales en el recuerdo de los suefios y la predicción de ritmos de EEG específicos, como el theta en e l movimiento ocular ráp ido MOR, para e l recuerdo dei suefio) (Bliwise, 1989; Cipolli y cais., 2017). Dentro de los modelos más completos de la conciencia humana y sus vari aciones en los estados de suefio/\~gi lia , los modelos tradicionales, que se basaron princi- palmente en la neurofisiología dei suefio REM en los animales; por 25 otro lado, los nuevos estudios y las nuevas tecnologías arrojan nueva luz sobre las bases neuronales (en particular, la actividad de las regiones de la corteza prefrontal medial dorsal, las áreas de hipo- carnpo y la amígdala), de las diferencias inter e intra individuales en la memoria de los sueíios, la ubicación temporal de los contenidos de los mismos o propiedades específicas (corno ejernplo la lucidez), de la experiencia dei sueíio y e! procesarniento de los recuerdos a los que se accede durante e! sueíio e incorporados en e! contenido dei sueiio (Bliwise, 1989; Cipolli y cols., 2017). Todas estas teorías modernas aportan inforrnación dei modelo neuropsicológica dei sueiio humano, sus funciones y otras áreas más se convierten en un área de la neuropsicología y psicología dei sueíio, que merece toda la atención, desde sus aspectos básicos, aquí tratados hasta los clínicos en algunas parasornnias. En cuanto a los trastornos dei sueíio, e! insornnio es un sínto- rna, un síndrome y un trastorno cornórbido. Su diagnóstico se basa en los informes subjetivos dei individuo afectado y se define corno las dificultades para iniciar e! sueíio, rnantener e l sueíio, despertar- se demasiado ternprano o tener un sueiio no reparador. E] insornnio ha sido uno de los trastornos dei sueiio que ha tenido más procesos de evaluación neuropsicológica, con e! uso de medidas neurofisio- lógicas corno la polisornnografía, e! análisis de potencia espectral, la neuroirnagen, adernás de protocolos de pruebas neuropsicológicas específicas, recomendando en prirnera medida e! uso de ambas en la evaluación dei paciente (Bastien, 2011; Goldrnan-Mellor y cols., 2015; Aas,~k y cols., 2018). Se han encontrado en dichos estudios combinados de estrategias de evaluación , diferencias significativas y daiio neuropsicológico en los pacientes, rnientras avanza la edad. AI controlar en dichos estudios la cornorbilidad, con e! deterioro 26 diurno y los medicamentos, disminuyó ligeramente esta asociación. Los deficit cognitivos en la infancia, a diferencia de los adultos, eran anteriores a los deficit cognitivos de los adultos que buscaban tratamiento. Los vínculos entre e! insomnio y el deterioro cognitivo pueden ser más fuertes entre las personas que buscan tratamiento clínico. Los médicos deben tener en cuenta la presencia de proble- mas de salud complejos y una menor función cognitiva premórbi- da ai planificar e! tratamiento para pacientes con insomnio. Otros es tudios muestran que a medida que la gravedad de los síntomas dei insomnio aumenta y se vuelve clínicamente significativa, tiene un efecto sustancial en e! funcionamiento de la memoria de tra- bajo espacial y verbal m1mérica. AI diferenciar y probar diferentes domínios de la memoria de trabajo, los estudios en insomnes des- criben deficiencias en la memoria de trabajo. Los resultados deben transferirse a la práctica clínica para que los neuropsicólogos inclu- ya n evaluaciones dei sueiio como parte de sus exámenes de rutina (Bastien, 2011; Goldman-Mellor y cais., 2015; Aasvik y cais., 2018). En la apnea y los trastornos respiratorios dei sueiio, la evalua- ción neuropsicológica ha tenido un área de avancemuy amplio, donde uno de los objetivos de la misma ha consistido en evaluar el efecto de la hipoxemia intermitente sobre el funcionamiento neuropsicológico ha encontrado deterioro neuropsicológico glo- bal , donde la gravedad de la hipoxemia se correlaciona significa- ti va mente con los deficit en las medidas de la capacidad motriz y perceptivo-organizacional, la cual a veces permanece después dei tratamiento con CPAP (Glen y cais., 1987; Bédard, 1991; Bédard y cais., 1993 ; Valencia-Flores, 1996; Stuss y cais., 1997; Tippin , 2007; Daurat y cais., 2008; Devita y cais., 2017). Por otro lado, las pruebas neuropsicológicas y las imágenes cerebrales muestran 27 que el envejecirniento saludable conduce a un deterioro preferen- cial de la corteza prefrontal. Curiosarnente, en los adultos jóvenes, la privación dei sueíio ocasionada por la fragrnentación dei rnisrno debido a la apnea dei sueíio tiene efectos sirnilares, las pruebas de dichos estudios se basaron en la precisión de respuesta , en lugar de la velocidad (G len y cols., 1987; Bédard, 1991; Bédard y cols., 1993; Valencia-Flores, 1996; Stuss y cols., 1997; Tippin, 2007; Daurat y cols., 2008; Devita y cols., 2017). En el caso de la narcolepsia, en las evaluaciones neuropsicoló- gicas, los pacientes inforrnaron quejas de atención autoinformadas rnás altas, asociadas con la intensidad de los síntornas depresivos, tuvieron un desernpeíio rnás lento y variable en las tareas sirnples de tiernpo de reacción , presentaron adernás un desernpeiio rnás lento , reaccionando de forma rnás variable y cornetieron rnás erro- res en las pruebas de funcionarniento ejecutivo (Naurnann y Daurn, 2003; Bayard y cols., 2012; Moraes y cols., 2012). Los análisis de perfil individual rnostraron una clara heterogeneidad en la seve- ridad dei déficit ejecutivo, correlacionando positivarnente dichos resultados con la sornnolencia rn edida en las pruebas de latencia rnültiple de sueiio,no correlacionó con los de rnás síntornas de la narcolepsia, un re to en ésta área consiste en realizar rnás estudios que pennitan la exploración de la acción de los rned icarnentos y las estrategias conductuales que prornueven la vigília, sobre la rn ejoría de las funcion es ejecutivas en la narcolepsia. Los datos sobre el deterioro neuropsicológico en niíios con narcolepsia son escasos (Naurnann y Daurn, 2003; Bayard y cols., 2012, Moraes y cols., 2012). Algunos estudios rea li zados en niíios rnostraron rnül - tiples patrones de disfunción cognitiva y conductual, y a rnenudo dificultades acadérnicas, rep resentando un factor de riesgo para ai - 28 reraciones cognitivas suti les y heterogéneas que pueden dar como resultado la misma, a pesar dei CI normal. Estos nifios también tienen un cierto riesgo psicopatológico. Todo esto parece estar ai menos parcialmente separado de los efectos directos de la somno- lencia diurna como en e! caso de los adultos (Posa r y cols., 2014). En los trastornos dei ritmo circadiano, existe una evidencia que se acumu la rápidamente de una estrecha relación entre la pérdida de sueiio y la cognición. La neuropsicología se ha en- cargado de estudiar mediante un conjunto de conocimientos, los efectos de la pérdida de suefio en las funciones cerebra les, donde los resultados arrojan que la falta de sueiio afecta el rendimien- to en tareas cognitivas en personas sanas, teniendo un impacto medible en el rendimiento a través de la disminución de las fun- ciones cognitivas y los efectos en las vías biológicas que respal- dan e l rendimiento cognitivo (Harri son y cols., 2000; Waters y Bucks, 2011; Valdez y co ls., 2012). La pérdida de sueiio produce de manera confiable reducciones en la velocidad de procesamien- to y atención. Las funciones cognitivas de orden superior se ven afectadas en menor medida, y se ahorra en tareas de habilidades cristali zadas, lo que se puede ver en pacientes con turnos rotati- vos de trabajo, con fase retrasada de suefio y avanzada dei suefio y en pacientes con jetlag. Los deficit empeoran con e! aumento dei tiempo de vigí lia , pero pueden ser revertidos una vez que se reanuda e! suefio normal. La revisión también muestra que estos trastornos son una característica de las condiciones neuropsicoló- gicas que contribuyen ai patrón de deterioro cognitivo (Harrison y cols., 2000; Waters y Bucks, 2011; Valdez y co ls., 2012). En general, los neuropsicólogos deben estar atentos a los pro- blemas de suefio en sus pacientes, de modo que las intervencio- 29 nes de sueíio en los procesos cognitivos o alteraciones dei mismo por déficit en cualquier persona, incluso si existe dano cerebral, se pongan en marcha en e l plan de rehabilitación de las personas con disfunciones cognitivas. Las recomendaciones también incluyen e! examen de rutina dei sueiio como parte de la eva luación cogniti - va, debido a que e! rendimiento enpruebas neuropsicológicas se ve afectada por los ritmos circadianos en procesos cognitivos. Durante e! día, las personas sanas muestran niveles aceptab les de rendi - miento cognitivo de 10:00 a 14:00 y de 16:00 a 22:00, que coincide con el horario de atención cuando la eva luación neuropsicológica es normalmente programada. Sin embargo, es importante considerar que tiempo de evolución cognitiva en los pacientes pueden verse afectados por otros factores, como el cronotipo, la edad, trastornos dei ritmo circadiano, privación dei sueíio y la medicación (Harrison y cols., 2000; Waters y Bucks, 2011; Valdez y co ls., 2012). Aunque los picos y los mínimos en e! rendimiento cogniti - vo caracterizan nuestro funcionamiento diario, las fluctuacio- nes dei tiempo dei día, sobre las funciones neuropsicológicas, s iguen siendo consideradas marginalmente en e! domínio de la psicologíacognitiva y la neuropsicología, las modulaciones dei tiempo dei día afectan el rendimiento en una amp lia gama de tareas cognitivas que miden las capacidades de atención, e! funcionamiento ejecutivo y la memoria. Estas fluctuaciones de rendimiento también dependen dei cronotipo, que refleja las diferencias interindividuales en la preferencia circadiana, y particularmente en la sincron icidad entre los períodos pico de activación circadiana de los indivíduos y la hora dei día en que se reali zan las pruebas. En sí mismas, estas conclusiones deben dirigir la atención tanto dei médico como dei investigador hacia 3 0 la máxima importancia para te ne r e n cue nta los parâmetros de la hora dei día, de cuando se eva lúa el rendimi ento cognitivo e n pacientes y sujetos sa nos (Harri son y co ls., 2000 ; Waters y Buc- ks, 2011; Valdezycols., 2012 ). Las parasomnias son un área de reciente manejo en la neu- ropsicología. Los principales aportes se centran en las pesadillas y en el trastorno comportamenta l de i sueiio MOR. Las pesa- dillas son u tipo de parasomnias prevalentes, que se caracteri- zan por experie ncias de sueiio intensas y desagradables durante e l sueiio noc turno (Simor y co ls., 2012 ). Se ha propuesto que e l trasfondo neuronal de los sue iios a lte rados se asoc ia con un fun- cionamiento prefrontal y fronto -límbico deteriorado durante e l sueiio MOR, reflejando también e l deterioro en el nivel conduc- tual durante las tareas de \~gilia , exhibiendo tiempos de reacción más largos en las tareas emocionales y e l stroop, cometiendo más errores de perseverancia; además muestran una menor ge nera- ción de palabras en las tareas de fluid ez verbal (Simor y cols. , 201 2). E n cuanto a los pacientes con trastorno comportamental de sueiio MOR, la literatura reporta la presencia de puntuacio- nes signifi cativamente más bajas en las pruebas de copia de Rey- -Os te rri eth y en la bate ría de Corsi Supra Span Learning. N o se encontrá correlación e ntre los res ultados de las pruebas neurop- sicológicas y la duración de la RBD o con los hallazgos polisom- nográfi cos (Ferini -Strambi y cols., 2004). A la vista de los factores mencionados no es extraiio y se hace necesario un texto que elabore un aproximación importante de la neuropsico logía de i sue iio y permita al lector, una aproxima- ción científi ca a este campo de acción de la psicología del sueiio. Se convierte a i mismo tiempo en manual de uso obligatorio, para 31 e! profesional de la neuropsicología, que per111ite a111pliar su ca111 - po de acción y 111ejorar su trabajo en pro de la evaluación de los procesos cognitivos, su relación con la función de la ensoíiación y la a lteración dei sueiio en personas sanas y pacientes con tras- tornos dei 111is1110. EI libra co111ienza con un recuento histórico de la neuropsico- logía dei sueíio sus enfoques teóricos y de evaluación, que pueden datarse desde los pri111eros experi111entos de privación de sueiio en trabajadores, sobre las funciones cognitivas en 1915 y continuar ya con un 111odelo propio de la neuropsicología desde 1959, con estudios experi111entales sobre la privación de sueiio y su i111pacto en e! dese111pei'io, por 111edio de dis111inuciones en las funciones cognitivas y los efectos en las vías neurobiológicas que sustentan e! dese111peiio cognitivo. En una segunda parte, el texto nos !leva a la respuesta de la pregunta de por qué es i111portante la eva lua- ción dei sueíio para los neuropsicólogos, presentando evidencias científicas sobre e l 111otivo por el cual hasta el 1110111ento no se evalúa el sueíio de 111anera rutinaria en la práctica neuropsicoló- gica brasileíia, y ll eva ta111bién a i 111is1110 tie111po a co111prender la i111portancia dei te111a, es decir la evaluación dei 111is1110, para los profesionales neuropsicólogos; presenta éste apartado ade111ás, aportes relativos a los estudios neuropsicológicos, que abordan la relación de sueiio co1110 los sínto111as de varios cuadros psiquiá- tricos y neurológicos y varios trastornosde sueíio que resultan en cuadros psiquiátricos y neurológicos, co1110 una 111anera de ahon- dar la i111portancia dei enfoque neuropsicológico dei sueiio en la evaluación neuropsicológica general. La tercera parte dei 111anual presenta a 111anera de directrices para evaluar el sueiio en la práctica neuropsicológica, a través de 32 viiietas de casos, sugerencias de pruebas neuropsicológicas y bate- rías de apli cación para eva luación de sueiio en la práctica c línica y en poblaciones infantiles y de ad ultos, facilitando ai mismo tiempo ai lector explicaciones con casos c línicos de los métodos objeti- vos,como la polisomnografía y la actigrafía, para posibilitar e! cono- cimiento de i neuropsicólogos de la importancia de esas medidas, en la misma eva luación neuropsicológica . La última parte de i libra aborda las directrices imprescindibles dirigidas a las apli caciones de las baterías de pruebas para garantizar que la evaluación dei sueiio sea confiable y válida, evitando pos iciones confusas en los diagnósticos di fere nciales . No podría terminar éste prólogo sin referirme a la autora , y alta competencia en e! desarrollo de la psicología y la neuropsico- logía dei sueiio en Brasil, su trabajo in cansable desde los niveles de pregrado y posgrado, en pro dei crecimiento de i área en e! con- tinente y su competencia específica en e l área de neuropsicología dei sueiio, q ue se puede aprec iar en e! desarrollo dei presente texto que servirá de referencia en e! continente y en e! contexto brasilero principalmente. Todas esas razones son para ll enarnos de orgullo y en e! plano personal de una alegría inmensa por la psicología de i sueiio en américa latina y compartir e! honor de presentar éste texto para e l desarrollo de la misma, que gracias a materiales como e l presente, permitirán iri a posicionando poco a poco en e! ám bito de la ps ico- logía lati noamericana y de Brasil. HernánAndrés MarínAgudelo Presidente Federación Latinoamericana de Sociedades de Sueno 33 APRESENTAÇÃO A Coleção Neuropsicologia na Prática Clínica te111 cu111prido o seu papel de traze r ao ne uropsicólogo te111as variados e direta111ente relacionados à atuação profissional. Nosso desafio desde o pri111eiro volu111 e, te111 sido identificar áreas e 111 que é preciso inves tir para tornar a prática clínica da neuropsicologia 111ais e fici ente e funda111entada. Co111 esse intuito, publica111os no ano de 2018 u111 volu111e sobre a Neuropsicologia do Sono, organizado pela professora Kati e Al111ondes, pioneira na área e nossa referência nessa te111ática. Não foi surpresa para nós o su- cesso que o li vro fez entre neuropsicólogos e outros profissionais de saúde e educação. Reunindo contribuições de excelência teórico-técnica de diversos autores, a obra cha111ou a atenção do público especia li zado na intricada relação entre sono, cognição, e111oções e co111porta111ento. Agora precisa111os abordar e aprender a aplicar esse conhe- ci111ento na prática clínical Co111 esse intuito , a professora Katie 37 Apresentação Almondes nos brinda com mais essa obra, que certamente será um diferencial na nossa coleção. Como avaliar em neuropsicologia do sono é o livro dos sonhos daqueles que entenderam o quanto os resultados de uma avaliação neuropsicológica podem ser influen- ciados por simples variações nos ritmos biológicos do probando. De uma generosidade científica ímpar, Katie conseguiu reunir aqui ferramentas e exemplos clínicos que ajudarão o leitor a apli - car seus conhecimentos sobre a neuropsicologia do sono durante as avaliações. Nós, os editores da coleção, em nome da comunidade neu- ropsi, agradecemos à autora por mais essa valiosa contribuição! 3 8 Boa leitura! Prof Dr. Leandro F Malloy-Diniz Prof Dr. Paulo Mattos Editores da Coleção Neuropsicologia na Prática Clínica 1 NEUROPSICOLOGIA DO SONO: HISTÓRIA E PARADIGMAS As ciências humanas e da saúde têm amealhado, nas últimas dé- cadas, uma vasta literatura científica sobre o sono e seus transtornos, devido à importância desse tema para a saúde física, mental e social. Autoridades e organizações em saúde, além do púb lico acrescido de informações midiáticas, reforçam ainda mais a premissa de que dor- mir não é perda de tempo e tem impactos vitais para os indivíduos . Esse reconhecimento advém das comprovações científicas dos impactos da restrição de sono, tanto crônica (duração de sono diária insuficiente, também chamada de parcial) como aguda (pe- ríodos com perda total do sono e horas em \~gíli a), para o funcio- namento diurno, para a qualidade de vida e para a segurança dos indivíduos e da sociedade. Acidentes no trânsito e acidentes de trabalho alcançam cifras espantosas devido ao relapso e à falta de conhecimento dos indivíduos e da sociedade em insistir em não respeitar os limites de um cérebro sonolento que limita urna performance adequada. 41 Neuropsicologia do Sono, história e paradigmas Aditado a isso, es tudos epidemiológicos (Partinen & Hublin, 2000) exibem q ue cada vez mais crianças, adolescentes, adultos e idosos podem sofrer, em algum momento de suas vidas, de uma queixa de sono que pode se reverter em um distúrbio do sono, como insônia, distúrbios respiratórios do sono, transtornos do rit- mo do sono, narcolepsia. Uma vez diagnosticado o distúrbio do sono, caso não se prossiga com o tratamento, pode haver conse- quências negati vas à saúde biopsicossocial desses indivíduos. Em uma esfera individual, sob o olhar c línico e neuropsico- lógico, há comprovação científica de que danos em curto, médio e longo prazos em processos cognitivos (como memória , atenção, funções executivas e percepção visuoespacial ) estão relacionados aos prej uízos do sono (Almondes, 2017). Isso evidencia uma área de saber atual - a Neuropsicologia do Sono, ou a perspec ti va neu- ropsicológica baseada no sono - que tem sido construída desde 1959, com estudos experimentais sobre a perda de sono e seu impacto mensuráve l no desempenho por meio da diminuição das funções cognitivas e dos efeitos nas vias neurobiológicas que, re- lacionadas ao processo deAagrador do sono e vigília, sustentam o desempenho cognitivo. História do surgimento da Neuropsicologia do Sono: evidências para seus paradigmas Mais de um século de pesquisas , e um dos focos primários dos experimentos objetivos e subjeti vos sobre os efeitos do sono continua re lacionado à identificação da natureza dos prej uízos neurocogniti vos durante a privação de sono crônica ou aguda - apesar de haver uma literatura bem sistematizada, mas também contrad itória, sobre essa degradação. 42 Como avaliar em neuropsicologia do sono O primeiro estudo experimental dos efeitos da privação de sono no desempenho cognitivo data de 1896 (Patrick & Gilbert, 1896) e envolvia três adultos que, após 90 horas de vigília cons- tante, foram submetidos a uma abordagem de testes baseada no paradigma de estímulo-resposta. Basicamente, esse experimento incluía a repetida apresentação de um estímulo visual ou auditi- vo e requeria urna resposta rápida dos indivíduos, durante horas extensas de vigília. Atualmente, esse paradigma clássico ainda é usado nas pesquisas experimentais. Os resultados mostraram que havia um comprometimento cognitivo e motor, o que levou os pesquisadores a concluírem que a perda de sono ocasionava le- sões cognitivas funcionais nos indivíduos. Esse viés da Hipótese da Lesão Cognitiva Funcional - como foi designado o experimento - iníluenciou métodos e interpreta- ção dos resultados de alguns pesquisadores durante anos. Entre- tanto, tais resultados não foram replicados em vários experimen- tos entre 1916 e 1922 (Robinson & Herrrnann, 1922; Robinson & Richardson-Robinson, 1922; Smith , 1916). Entre 1923 e 1934, Nathanie l Kl eitrnan , fisiologista e psicó- logo estadunidense, considerado o "pai" das pesquisas sobre sono e descobridor do sono REM (Rapid Eye Movement ou sono pa- radoxal ), publicou uma série de relatos do estado de privação de sono, que e le intitulou de "insônia experimental". Seu objetivo era clarificar essas discordâncias científicas. Kleitman e colegas per- maneceram acordados entre 60 e 114 horas para verificar o efeito da perda de sono em suas performances. O problema é que não conseguiram medir esses resultados fid edignamente nem provi- denciar urna conclusão geral sobre o desempenho cognitivo e mo- tor. Todavia , registraram que conseguiam rea lizar algumas tarefas, 43 Neuropsicologia do Sono, história e paradigmas mesmo em níveis basais, depois de a lguns dias com privação de sono (Kleitman, 1923). Lee e Kleitman (1923 ) chamaram atenção para o fato de que, mesmo os indivíduos realizando as tarefas em um dado momento, utilizando um esforço excessivo, as respostas tornavam -se lenti - ficadas e os e rros, maiores, principalmente quando a tarefa per- sistia através do tempo. Levantaram a hipótese de que os efeitos neurocognitivos da privação de sono eram uma resposta de redu- ção da motivação para desempenhar a tarefa. A mudança de paradigma começou a se in stalar com ostra- balhos de Bills em 1931-1934 sobre fadiga mental (Bills, 1931; 1934; 1937). Bills não estava estudando os efeitos da privação de sono, mas as mudanças no desempenho através de minutos em indivíduos sem privação de sono. Ele observou que havia um aumento de pausas nas respostas por blocos durante um determinado tempo de execução das tarefas. Para esses pesqui- sadores, o assina lamento de Lee e Kleitman sobre redução de motivação ou desejo em continuar a tarefa era, na realidade, uma fadiga, ou seja, a perda de energia ou a tentativa de reduzir ou limitar os níveis da atividade. Warren e C lark (1937), inAuenciados pelas ideias de Bills, foram os primeiros a ac larar essas dúvidas sobre a possibilidade de que a privação de sono afetasse funções neurocognitivas pela desestabili zação da pe1formance mais do que pela e liminação da capacidade de desempenhar (lesão funcional ) a tarefa ou pela falta de motivação. Em um experimento com apresentação de três tarefas neurocomportamentais simples para indivíduos que estavam submetidos a um esquema de 48 a 65 horas de privação, eles concluíram que o desempenho básico continua- 44 Como avaliar em neuropsicologia do sono va relativamente estáve l, mas havia respostas lentificadas em determinados momentos durante a execução da tarefa quando se mediam as respostas por tempo de reação, como se fossem realmente pausas do cérebro (discutidas mais cedo por Bills). Eles notaram que a privação de sono não ocasionava destruição completa dos processos cognitivos ou do desempenho cogniti- vo que e les mediam, como afirmavam os pesquisadores da Hi- pótese da Lesão Cognitiva Funcional. Ao contrário, havia uma variabilidade interindividual para cada fase temporal avaliada do desempenho cognitivo, e os indivíduos continuavam a de- sempenhar a tarefa mesmo com a privação de sono, entretanto, com prejuízos atencionais. Mais de uma década depois, Bjerner (1949) mostrou, por meio de e letroencefalograma (EEG), que essas "pausas por blo- cos" podiam ser verificadas através de mudanças na atividade ce- rebral e nos movimentos oculares, mas que essas mudanças não eram "microssonos" - ou, em compreensão atual, não eram cochi- los invo luntários. Williams, Lubin e Goodnow (1959), intrigados com os efei- tos neurocognitivos da privação de sono, observaram em um ex- perimento que, após 78 horas de privação de sono, os indivíduos aumentavam o número de lapsos no desempenho cognitivo, le- vando o dobro do tempo de reação para desempenhar uma ta- refa em comparação com indivíduos sem perda de sono. Além disso, observaram que, independentemente desses lapsos, havia momentos ocasionais em que os indivíduos respondiam de forma acurada e rápida. Essas observações levaram os pesquisadores a formularem a Hipótese dos Lapsos, que postulava que, em uma situação de privação de sono aguda, por estarem pouco desper- 45 Neuropsicologia do Sono, história e paradigmas tos, haveria momentos de falha na resposta durante demandas de desempenho cognitivo, causados por episódios de rnicrossonos (comprovados por meio de EEG), mas seriam momentos breves, e os indivíduos continuariam com desempenho normal nos de- mais períodos. A Hipótese dos Lapsos marcou um avanço nas abordagens paradigmáticas sobre os efeitos da privação de sono para o de- sempenho cogn itivo. Entretanto, essa hipótese não alcançou o patamar de urna teoria substancial consolidada, pois falhava ao exp licar outros processos cognitivos que apresentavam impacto da privação de sono. Além disso, sua base estava pautada em experimentos conduzidos com privação tota l ou aguda de sono. Kjellberg (1977a; 19776; 1977c), tentando e lucidar a relação entre privação e cognição, sugeriu que os lapsos não eram perío- dos discretos de despertar reduzido, mas , sim, que a perda de sono diminuía o despertar e a motivação, e que, depois de atingir certo nível de limiar, havia um lapso no desempenho globalizado. Partindo de seus experimentos e observações, Kjellberg apresentou três fenõrnenos que não podiam ser exp li cados pela Hipótese dos Lapsos, questionando-a e refutando-a. Primeiro, e le percebeu que as respostas lentificadas medidas pelos tem- pos de reação em tarefas auditivas e visuais durante 24 horas de privação de sono eram independentes dos lapsos cometidos pelos indivíduos. Urna segunda questão advinda de seus experim entos, que pôs em xeque a Hipótese dos Lapsos , foi a observação da dete- rioração sistemática no desempenho cognitivo corno resultado da duração para execução da tarefa cogn itiva aumentada. Em um experimento que tinha corno tarefa a nomeação de cores, 46 Como avaliar em neuropsicologia do sono Kjellberg e colaboradores observaram que indivíduos privados de sono aumentavam as respostas lentificadas e os erros na reali zação da tarefa, aumento este que estava relacionado à duração da tarefa . Verificaram que os indivíduos tentavam exe- cutar os testes com um esforço compensatório, mas, à medida que o teste se alongava, esse esforço se dissipava. Em resumo, duração da tarefa e quantidade de horas em vigília deveriam ser levados em conta para considerar o prejuízo cognitivo. Uma terceira e última limitação da Hipótese dos Lapsos apontada por Kjellberg era a ausência de explicação para os erros de comissão (respostas apresentadas quando não há um estímulo presente). Os indivíduos privados de sono, quando submetidos a uma tarefa longa, frequentemente cometiam e rros de comissão durante uma tarefa de es tímulo-resposta. As conclusões de Kj ellberg estimularam mais pesquisas para investigar essa problemática. Gillberg e Akerstedt ( 1998) iniciaram protocolos experimentais para tes tar as conclusões de Kjellberg, principalmente em relação à proposição de que os efeitos da privação de sono aguda se tornariam evidentes em tarefas com duração prolongada. Testaram em doze indivíduos o momento em que havia uma deterioração em uma tarefa visual de atenção sustentada com 32 estímulos diferentes, com dura- ção de 34 minutos no total , aplicada a cada 3 horas por um pe- ríodo de 64 horas de privação aguda. Observaram que houve um dec línio progressivo no desempenho concomitante ao tempo de apresentação da tarefa e que, ao longo da execução des ta, os er- ros eram atribuídos à sonolência medida por EEG . Concluíram que o efeito de uma privação de sono é imediato em processos de atenção, principalmente quando a tarefa é monótona. 47 Neuropsicologia do Sono, história e paradigmas Importante registrar que o que estava sendo explorado em termos neurocognitivos , subsidiando todosesses experimentos e fazendo parte da construção hi stórica da Neuropsicologia do Sono, era o processo cognitivo da atenção sustentada, ou seja, a verificação do nível eficiente de resposta para completar uma tarefa em um dado período de tempo, principalmente em tarefas de tempo de reação simples, diante de situação de perda de sono. Incontestavelmente, houve progresso para conc luir que a priva- ção de sono ocasionava prejuízos no desempenho atencional, mas sob a égide da generalização para todos os processos cognitivos. Assim, outras questões experimentais continuavam sem res- postas ou apresentavam respostas parciais. Como exp li car essas limitações levantadas por Kjellberg? Outros processos cogni- tivos, para a lém da atenção, eram afetados do mesmo modo? Privação de sono crônica tinha o mesmo impacto negativo no desempenho cogn itivo como a privação de sono aguda? Essas questões estimularam os pesquisadores a elaborar pro- tocolos sofisticados para encontrar respostas e favoreceram, ao mesmo tempo, a criação de paradigmas empíricos que sustentam as discussões e os experimentos vigentes. Caracterizando os principais paradigmas atuais em Neuropsicologia do Sono Avançando na tentativa de e lu cidar as limitações da Hi- pótese dos Lapsos e fomentar um paradigma exp li cativo para a relação entre sono e cognição, Doran, Van Dongen e Dinges (2001) propuseram a Hipótese da Instabilidade do Estado da Vigíli a, que foi corroborada mais tarde por Dorrian, Rogers e Dinges (2005). 48 Como avaliar em neuropsicologia do sono Essa hipótese propõe a interação entre fatores circadianos e propensão ho111eostática ao sono, alé111 da atenção sustentada para exp licar as dúvidas recorrentes levantadas por Kjellberg. Essa hipótese postula que, à 111edida que o te111po de privação do sono au111enta, o dese111penho cognitivo do indivfduo torna-se variáve l e a lta111ente i111previsível ao longo desse período, resul- tado da alternância entre os siste111as neurofisiológicos pro1110- tores da vigíli a e do sono (Banks & Oinges, 2007), o que causa u111a flutuação no a lerta e, consequente111ente, a presença de lapsos atencionais, desestabilizando o dese111penho cognitivo e neural. Essa variabilidade atenciona l caracteriza-se por di111inuir as respostas necessárias para o 111eio a111biente e a deterioração e111 tarefas longas, si111ples e 111onótonas, que exige111 ve locidade de reação e vigilância. Dur111er e Oinges (2005) e Li111 e Oinges (2010), na sequência, argu111entara111 que os deficit na cogni- ção estão relacionados ao papel da atenção sustentada e111 vários processos cognitivos que depende111 dele. Os lapsos são 111ais co111uns e111 tarefas que requere111 aten- ção sustentada, e sua frequência au111enta quanto 111ais te111po o indivíduo privado de sono per111anecer executando a tarefa. Quando o co111ponente ho111eostático prevalece, alé111 das res- postas lentificadas e do au111ento de lapsos, o esforço co111pensa- tório dos indivíduos para realizar a tarefa (observado através dos erros de 0111issão e co111issão, be111 co1110 pelo te111po exposto à tarefa) e resistir ao sono é sup lantado, e pode111 ocorrer ataques de sono involuntários . A atenção sustentada está inti111a111ente relacionada ao ci- clo de sono e vigília , que é u111 rit1110 biológico que apresenta al- ternância entre 1110111entos de sono e vigília ao longo das 24 ho- 49 Neuropsicologia do Sono, história e paradigmas ras, e qu e é repe tido regularm ente . A ate nção sustentada , a lém de exibir flutu ações rítmicas, manté m a sin c roni zação com o ciclo de sono e vigília , com fa ses de maior a le rta coincidindo com a fase de menor propensão ao sono e sua duração na noite ante rior ao sono. Para entender melhor a Hipótese da Instabilidade do Esta- do da Vigíli a é essencial compreender a regulação do padrão de sono-vigília , que é regulado e gerado por um pequeno grupo de cé- lulas hi pota lâmicas - núcleos supraquiasmáti cos (N SQ). O NSQ e outros osciladores biológicos encontrados no sistema nervoso central e nos tecidos pe rifé ri cos formam um sistema multiosci - latório - sistema de temporização circadiano. No entanto , apesar da existência de osciladores pe riféri cos, o N SQ desempenha opa- pel de "líder" desses osc iladores, ajustando-os ao cic lo ambiental claro/esc uro e mantendo uma re lação de feedback entre e les, de modo que o NSQ é a es trutura principa l que gera e sinc roni za os ritmos e mantém a integridade temporal fi siológica e comporta- mental , sendo reconhecido como o marca-passo primário de ma- mífe ros (Daan, Beersma, & Borbé ly, 1984 ; Brandstaette r, 2004 ). Assim, esse sistema promove a organização temporal exte rna (sin- croni zação do ciclo sono-vigília para pistas ambientai s) - no caso das espécies diurnas, como o ser humano, a alocação de sono é sincroni zada com a fase escura e a vigília/ati vidade, com a fase ambiental clara - e mantém também a organi zação temporal in - terna (ritmos de sistemas e órgãos de um organi smo em relações de fase estáve l entre si ou com diferentes níve is de sinc roni zação) (Brandstaetter, 2004 ; Moore, 1999). Além da regulação do sistema de temporização circadiano , o sono também é regulado pelo processo hom eostáti co, que de- 50 Como avaliar em neuropsicologia do sono termina a quantidade de vigíli a e sono, e os tempos de maior ou menor propensão para o sono. Esses dois processos regulató- rios propostos por Borbély (1982) são s istemas independentes, inter-relacionados (Borbély & Achennann, 1999; Trachsel , Ed- gar, Seidel, H eller, & Dement, 1992; Wyatt, Ritz-De Cecco, Czeis ler, & Dijk, 1999). N a fase inicial de lu z ambiental ou no início do dia , a propensão para dormir pela regulação homeos- tática e circadiana é baixa, o que promove o despertar. Ao longo da fase de c laro ou dia da luz ambiental, a propensão ao sono promovida pela regulação homeostática aumentará gradualmen- te , enquanto a regulação circadiana para essa propensão é baixa, incentivando a manutenção da vigília ou atividade. N o início da fase esc ura ambienta l, há maior propensão ao sono, promovida pelos sistemas de regulação horneostática e circadiana, que coin- cidem, o que provoca o início do sono. Ao longo da noite de sono, a tendência horneostática diminui gradualmente, mas o sono é mantido pe la regulação circadiana. Borbély, Daan , Wirz-Ju stice e Deboer (2016), em urna re- visão recente, após três décadas de proposição do modelo re- gu latório do cic lo sono-vigília , evidenciam qu e os processos circadianos e horn eostáticos são profundam ente integrados , baseados em num erosas evidências científicas que mostram re- percussões, in c lusive, para tratamentos c línicos não farmacoló- gicos para vá rios quadros em psiquiatria , especialmente para o tratam ento da depressão. Resumidamente, a Hipótese da Instabilidade do Es tado da Vigília sugere que o desempenho cognitivo dos indivíduos é mar- cado pela característica da va riabilidade , que é produzida pelos comp lexos, múltiplos e paralelos mecanismos neurobiológicos 51 Neuropsicologia do Sono: história e paradigmas (circadianos e homeostáticos) para mante r a atenção. Adicion a- do a essa fórmul a, a motivação, relacionada à \~gília, é modulada pelo sistema de controle cortica l, provavelmente envolvido com as regiões pré- frontai s; já a pressão para dormir es tá re lacionada ao sistema de bottom-up' e envo lvida com o tronco cerebral e o hipotálamo (Lim & Dinges, 2008). Tomadas em conjunto, a pres- são homeostáti ca para dormir em fun ção do número de horas em vigília e a tentativa de motivação para realizar a tarefa tornam-se diminuídas, gerando variabilidade na atenção e uma performance progressivamente falível. Portanto , as pesqui sas supracitadas q ue forta leceram esse paradigma con cluíramque a privação de sono aguda ou c rõnica causa efeito s no desempenho cogniti vo, em processos medi ados pela a tenção. N ão obstante, um a ques tão ainda continuava sem resposta: se ri am os processos cogniti vos complexos afe tados pela privação de sono? N os úl timos anos, pesquisas têm avaliado essa ques tão utili zando tes tes neurocogniti vos mais complexos e técnicas de imageamento , e, a seguir, há com entários sobre algumas de las. 52 Sistemas bottom-np e top-down são abordagens de pensamento e ensino sobre como a informação é processada. Eles são uti lizados em Neurociências, Psicologia Cogni- tiva, Ciências da Computação, Ciências Biológicas, Ges tão de Organização, Saúde Pú blica e Nano tecnologia. O sis tema bottom-up envolve es tra tégias de processamen- to de informação a partir de estímu los e informações sensoriais de en trada . Um exemplo para compreensão é quando sua atenção e sua percepção são atraídas para iden tificar um pássaro da espécie form igueiro-do- litoral e você precisa iden tificar seus deta lhes, pois não tinha represen tação mental nem outro conhecimento sobre esse animal, ou seja, sua atenção não es tava su bordinada ao conhecimento prévio. Agora, compare essa situação com o alo de procurar exatamente esse pássaro. Nesse caso, você tem a represen tação mental e possui al to níve l de direção de processa- mento sensorial gu iado mais pela cognição (hipóteses, objetivos e metas envolvendo vários processos cognitivos) do que pe los estímu los sensoriais - esse é o sistema top-dowu (Biederman, G lass, & Stacy, 1973; Boekaerts, 1988; Boekaerts & Cascallar, 2006) . Como avaliar em neuropsicologia do sono A noção de que o córtex pré-frontal e as funções execu- tivas relacionadas a essa área são os processos mais afetados pelos efeitos adversos da privação do sono é ponto de conclu- são em toda a literatura de referência (Boonstra, Stins, Daf- fertshofer, & Beek, 2007 ; Hsieh , Cheng, & Tsai , 2007; Liu , 2008; Balkin, Rupp, Picchionni & Wesensten, 2008; Ginani et al., 2009; Tucker, Whitney, Belenky, Hinson, & Van Dongen , 2010; Orzel-Gryglewska, 2010) A Hipótese do Lobo Frontal ou Hipótese de Vulnerabilidade Pré- frontal (Horne, 1993), referida como abordagem neuropsi- cológica para o sono (Babkoff, Zukerman, Fostick, & Ben -Artzi, 2005), sugere que a perda de sono afeta primariamente o fun- cionamento do córtex pré- frontal , o que produ z mudanças no metabolismo cerebral, percebidas por meio de técnicas de ima- geamento, e causa mudanças na cognição, na emoção e no com- portamento consistentes com a disfunção do lobo pré- frontal ; essas a lterações, contudo, são reversíveis com a recuperação do sono (Killgore et al., 2008; Thomas et al., 2000 ; Killgore, Balkin , & Wesensten, 2006). Os vários es tudos de neuroimagem rea li zados para susten- tar a Hipótese de Vuln erabilidade Pré- frontal mostram qu e, após uma noite de privação de sono, há uma predominância das ati vidades delta (Blatter & Cajochen, 2007) e th e ta (Cain , Silva , Chang, Ronda, & Duffy, 2011) ao nível do córtex pré- -fronta l, atividad e associada aos mecanismos de res tauração no cérebro durante o sono (Munch et al., 2004 ). Nessa direção , os dados mostram qu e o córtex pré- frontal é uma das regiões do cérebro cujas restauração e rec uperação são urna prioridade após um período ininterrupto de vigília (M uzur, Pace-Schott , & 53 Neuropsicologia do Sono, história e paradigmas Hobson, 2002; Gosselin, Koninck, & Carnpbell , 2005; Ferreira et al., 2006; Boonstra et al., 2007; Elrn enhorst et al., 2008). Drurnrnond, Brown, Salarnat e Gi llin (2 004) mostraram que a atividade reduzida do córtex pré-frontal dorsolateral precede a diminuição no desempenho ou a execução de um erro. Em suma , esses teóricos argumentam que a atenção sustentada é necessária , mas não é suficiente c ritério para funcionamento cognitivo normal. Os dados científicos de comprovação de que o impacto da privação do sono afeta primariamente os componentes cogniti- vos relacionados ao córtex pré-frontal são divergentes. Foi de- monstrado que há urna redução no desempenho de velocidade da flexibilidade cognitiva (Stenuit & Kerkl1ofs, 2008; Van Dongen, Maislin , Mullington, & Dinges, 2003). A atenção dividida pode ser afetada pela perda de sono em comparação com a atenção simples, dependendo da natureza e da complexidade da tarefa (Lirn & Dinges, 2010). Drurnrnond, Gi llin e Brown (2001 ) mos- traram em sua pesquisa que existem a lterações neurobiológicas no córtex pré-frontal e no lobo parieta l em urna tarefa de atenção dividida verbal e aritmética. Com relação ao controle inibitório , importante processo executivo, dados experimentais utilizando a tarefa golno go (pa- radigma relevante para ava liar contro le inibitório) exibiram um aumento de erros de omissão relacionados à duração da vigíli a e a melhoria com um sono noturno (S tenuit & Kerkhofs , 2008; Drurnrnond, Paulus, & Tapert, 2006). Com o uso de neuroirna- gern, observou -se durante o desempenho da tarefa que havia redução da atividade metabólica do córtex pré-frontal e do giro anterior cingulado (Drurnrnond et al., 2006). N o entanto, os 54 Como avaliar em neuropsicologia do sono deficit comportamentais de controle inibitório com privação de sono não foram replicados em estudos com tarefas complexas de escolhas múltiplas (Jennings, Monk, & van der Molen, 2003 ). Não obstante, Schmidt, Gay, Ghisletta e van der Linden (2010) mostraram que a privação de sono foi associada a impul sividade, preocupações e pensamentos intrusivos, evidenciando o impac- to sobre o controle cognitivo. Memória de trabalho tem dados mais divergentes, particu - larmente relacionados ao tipo de tarefa usada para acessá-la em uma situação de privação de sono. De qualquer forma , a lguns estudos mostraram que, usando tarefas simples, há redução da precisão da resposta e lentificação no tempo de resposta (C hoo, Lee, Venkatraman, Sh eu, & C hee, 2005). N o entanto, utili zando tarefas complexas, como N- bach, não foi encontrada interferên- cia da privação do sono (Beebe et al., 2009; Tucker et al., 2010). Além disso, Choo et al. (2005 ) encontraram pior desempenho em tarefas complexas como span de dígitos em ordem inversa , que avalia memória de trabalho. Essa hipótese é questionada porque há es tudos com neu - roimagem usando, por exemplo , tomografia por emissão de pósi- trons , que mostram que a privação do sono é associada a atividade metabólica reduzida dentro de um networh de regiões cerebra is importantes para atenção, processamento de informação, tomada de decisão e contro le executivo , como córtex parietal e tálamo, além do córtex pré-frontal (Chee & Choo, 2004 ; Mu et al., 2005; Tomasi et al., 2009) Alguns pesquisadores argum entam que as mudanças nas funções executivas, identificadas pela aplicação de tes tes neu- ropsicológicos, não são a expressão de um verdadeiro deficit exe- 55 Neuropsicologia do Sono, história e paradigmas cutivo, mas, sim, o reílexo da deterioração de outros componen- tes não executivos que também foram atingidos pela privação de sono e que foram recrutados em tarefas/testes (Tucker et al., 2010). Além disso, em algumas pesquisas , há conclusões de um desempenho preservado em tarefas executivas moderadamente complexas (Tucker et al., 2010; Chee & Choo, 2004 ), sugerindo uma inter-relação entre a tarefa e sua dificuldade, e não com uma iníluência direta da privação de sono para os processos exe- cutivos. Para explicar esses resultados contraditórios, alguns au- tores propuseram que o cérebro desencadeia mecanismos com- pensatórios em resposta ao aumento da dificuldade na tarefa com a privação de sono (hipótese de adaptação compensatória - Chee et al., 2006; Drummond et al., 2000; Drummond et al., 2005), o que leva a não gerar deficit nos processosexecutivos (que são mais complexos) pelo acionamento de outras regiões cerebrais que compensam as áreas que estão em prejuízo pela privação de sono. Perspectivas atuais A Neuropsico logia do Sono tem crescido sistematicamente e se consolidado como área importante do saber para neuropsi - cólogos e pesquisadores da relação cérebro, sono e cognição. Vá- rias síndromes neuropsicológicas cursam com sintomas de alte- rações de sono, assim como inúmeros distúrbios do sono trazem impactos neurocognitivos e neurocomportamentais severos. Co- nhecer como se processa a privação de sono crõnica ou aguda nos processos cognitivos e comportamentais, bem como seus impactos, é imprescindível para o diagnóstico diferencial e o manejo do quadro com intuito terapêutico, pois muitos quadros 56 nosológicos se confundem, e as alterações de sono (transtornos ou sintomas) têm desfechos fisiológicos, que incluem deficiên - cias metabólicas, cognitivas e imunológicas. A chave para esse caminho se traduz em conhecimento teórico-técnico, metodologia adequada e boa semiologia com le- vantamento de dados pormenorizados. 2 POR QUE A AVALIAÇÃO DO SONO É IMPORTANTE PARA OS NEUROPSICÓLOGOS? Para fornecer uma resposta à pergunta cerne deste capítulo, há que se inverter a indagação para, justificado o motivo de não se avaliar o sono na prática neuropsicológica brasileira, compreender a imprescindibilidade do tema para os profissionais. A despeito das comprovações científicas existentes sobre o impacto das a lterações do sono na cognição, conforme descri- to no capítulo !, lamentavelmente é raro o padrão de sono ser considerado na rotina da ava li ação neuropsicológica dos profis- sionais e, talvez por desconhecimento e desvalorização da sua importância, nem é considerado um fator de contribuição para a performance cognitiva. Consideramos, não obstante, que o desconhecimento é o prin- cipal fator, primeiro pelo fato de a área ter sido formalmente reco- nhecida há pouco tempo. A área de sono pertence historicamente à área da subdivisão da Medicina - Medicina do Sono - e da Biologia - Cronobio logia. Na Medicina, a Medicina do Sono era um com- 61 Por que o ovofioção do sono é importante poro os neuropsicólogos? ponente de várias especialidades, como Neurologia, Pneumologia, Otorrinolaringologia e Psiquiatria, firmando-se como disciplina ro- busta e unitária anos posteriores . Com as comprovações do impacto do sono na saúde biopsi - cossocia l, várias áreas do saber foram se apropriando do conhe- cimento do sono para sua atuação, como a Psicologia, a Fonoau- diologia, a Odontologia e a Fisioterapia , o que apontava para a importância de urna atuação multidimensional. Em re lação à Psicologia, essa aproximação com a área do sono em suas diferentes especialidades surgiu com a necessidade de desenvolve r modelos de intervenção para tratamento dos dis- túrbios do sono, já que se constatava cientificamente que alguns distúrbios tinham em sua gênese ou sua manutenção aspectos cognitivos e comportamentais implicados. Somado a isso, cons- tatava-se que nem sempre havia sucesso de eficácia, principal - mente em médio e longo prazos, com tratamento farmaco lógico (Almondes & Holanda Júnior, 2016). Desse modo, muitos mode- los , protocolos, instrumentos e técnicas , oriundos da Psicologia, foram desenvolvidos para distúrbios do sono. Ass im surge a N europsicologia do Sono, concomitante a esse processo de interlocução entre a Psicologia e a Medicina Comportamental do Sono, com es tudiosos intrigados com as a l- terações cognitivas e comportamentais fruto das a lterações de sono (corno descrito no capítulo 1) e dos distúrbios do sono, os quais possuem em sua gênese meca nismos neurofisiológicos patológicos. Sabemos que a pe rda de sono produz ativação anor- mal do córtex pré- frontal , dos lobos temporais e parietal, e do tálamo, conforme mencionado no capítu lo anterior (Cluydts & Verstraeten, 2002). 62 Como avaliar em neuropsicologia do sono Posto todo esse breve histórico do surgimento da Psicologia e da Neuropsicologia conectada ao sono, é factível entender por que o neuropsicólogo brasileiro não considera essa dimensão em suas avaliações e seus diagnósticos, além da reabilitação. Entretanto, não é apenas isso. Um segundo fator para argu- mentar em razão de os neuropsicólogos não avaliarem o sono em suas práticas clínicas envolve a falta de formação técnico-científica na área em nosso país. Se não há disponibilidade de formação de recursos humanos para capacitação na área, ob\~amente não há profissionais com esse olhar e, em consequência, não há avalia- ção dessa dimensão. Somado a isso, os recursos teóricos existen- tes - ou seja, as principais obras e artigos - são disponibilizados em inglês. Contudo, há mudanças nesse cenário. Recentemente, já contamos com algumas obras sobre o sono em português (Pai- va, Andersen, & Tufik, 2014; Pinto Júnior, 2010; Tufik, 2008; Mello, 2007; Fischer, Moreno, & Rotenberg, 2004), e outras direcionadas aos psicólogos, como os livros Terapia Cognitivo- -comportamental para Transtornos do Sono (Almondes & Holanda Júnior, 2016), Neuropsicologia do Sono: aspectos teóricos e clínicos (AI mondes, 2017) e Contando carneirinhos: o que você precisa saber para sua noite não se transformar em um pesadelo (Almon- des, 2014), além de vários artigos de pesquisadores brasileiros em português e inglês. Desvalorização agrega valor a essa jornada. Há ideias consolida- das no senso comum, como de que dormir é perda de tempo e que é um exagero dizer que o sono tem repercussão factual nos processos cognitivos. Mas essa realidade começa também a se transformar em função das associações existentes na área e das campanhas realiza- das nacional e internacionalmente. No mês de março se comemora 63 Por que o ovofioção do sono é importante poro os neuropsicólogos? o dia rnundia l do sono, e entidades internacionais, corno a Arnerican Acaderny of Sleep Medicine (https ://aasrn.org), a European Sleep Research Society (https ://www.esrs.eu ) e a World Sleep Society (http ://worldsleepsociety.org), alérn das nacionais , corno a Associa- ção Brasi leira de Sono (http ://www.absono.corn.br) e a Associação Brasileira de Medicina do Sono (https ://www.absono.corn.br/ abrns), prornove rn carnpanhas nas rnídias e nas ruas , envolvendo seus países, seções regionais e rn e rnbros filiados para ajudar na conscientização socia l sobre a irnportância do sono e os irnpac- tos dos distúrbios do sono para a saúde. A Associação Brasi leira de Sono, representada pelas suas inúrneras regionais cornpostas de rn édicos , psicólogos , psiquiatras, fonoaudiólogos e fisioterapeutas , recebe prerniação de reconhecirnento internacional pela sua atua- ção social e pe la força inte rdisciplinar envolvida. Por firn , a consequência do desconhecirnento incide na ina- bilidade para ava liar o sono e inte rpretar as queixas e os sintornas adequadarnente (aspectos rnetodológicos e sernio lógicos) para fa- vorecer os diagnósticos , inclusive os diferenciais. Esse últirno aspecto rnencionado é tarnbérn o ponto de parti - da para justificar a razão de se considerar a avaliação do sono irn- portante por parte dos neuropsicólogos. Mas, para cornpreender a serniologia e a rn e todologia (presente nos capítulos posteriores ), é rnister que se tenha conhecirnento teórico de aspectos neuro- fisiológicos , neurobiológicos , fenornenológicos e rnetodológicos sobre o sono, a firn de cornpreender, por urn lado, os quadros de distúrbios do sono e, por outro, corno os sintornas de sono podern aparecer nos quadros clínicos diversos. Para alérn das repe rcussões dos transtornos e das alterações de sono nos processos neurocognitivos , urna outra questão princi - 64 Como avaliar em neuropsicologia do sono pai é que a privação de sono impacta na
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