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Escola SENAI “Prof. Dr. Euryclides de Jesus Zerbini” Campinas – S.P. 2006 Eletrônica 2 Eletrônica II SENAI-SP, 2006 Trabalho elaborado pela Escola Senai “Prof. Dr. Euryclides de Jesus Zerbini” Coordenação Geral Magno Diaz Gomes Equipe responsável Coordenação Geraldo Machado Barbosa Elaboração Edson Carretoni Júnior Versão Preliminar SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Escola SENAI “Prof. Dr. Euryclides de Jesus Zerbini” Avenida da Saudade, 125, Bairro Ponte Preta CEP 13041-670 - Campinas, SP senaizer@sp.senai.br Eletrônica II SENAI Sumário Diodo Semicondutor Diodos Especiais Circuitos Retificadores Circuito Retificador com Filtro Transistor Bipolar Ponto de Operação do Transistor Polarização do Transistor Características do Transistor Bipolar Reguladores de Tensão Regulador Monolítico Amplificador Operacional Amplificador Não-Inversor Tiristores SCR TRIAC FET – Transistores de Efeito de Campo Referências Bibliográficas Bibliografia Indicada 5 31 47 67 85 109 129 159 173 187 199 229 239 243 261 271 291 293 Eletrônica II SENAI 5 Diodo Semicondutor A eletrônica se desenvolveu espantosamente nas últimas décadas. A cada dia, novos componentes são colocados no mercado, simplificando o projeto e a construção de novos aparelhos, cada vez mais sofisticados. Um dos fatos que contribuiu de forma marcante para esta evolução foi a descoberta e a aplicação dos materiais semicondutores. O primeiro componente fabricado com materiais semicondutores foi o diodo semicondutor que é utilizado até hoje para o entendimento dos circuitos retificadores, ou seja, aqueles que transformam CA em CC. Este capítulo tratará do diodo semicondutor, visando fornecer os conhecimentos indispensáveis para o entendimento dos circuitos que transformam CA em CC, ou seja, circuitos retificadores. Para ter sucesso no desenvolvimento desses conteúdos, você já deverá ter conhecimentos relativos a corrente elétrica, materiais condutores e isolantes. Materiais semicondutores Materiais semicondutores são aqueles que apresentam características de isolante ou de condutor, dependendo da forma como se apresenta sua estrutura química. O exemplo típico do material semicondutor é o carbono (C). Dependendo da forma como os átomos se interligam, o material formado pode se tornar condutor ou isolante. Dois exemplos bastante conhecidos de materiais formados por átomos de carbono são o diamante e o grafite. Eletrônica II SENAI6 O diamante é um material de grande dureza que se forma pelo arranjo de átomos de carbono em forma de estrutura cristalina. É eletricamente isolante. O grafite é um material que se forma pelo arranjo de átomos de carbono em forma triangular. É condutor de eletricidade. Estrutura química dos materiais semicondutores Os materiais considerados semicondutores se caracterizam por serem constituídos de átomos que têm quatro elétrons (tetravalentes) na camada de valência. Veja na figura a seguir a representação esquemática de dois átomos (silício e germânio) que dão origem a materiais semicondutores. Os átomos que têm quatro elétrons na última camada têm tendência a se agruparem segundo uma formação cristalina. Nesse tipo de ligação, cada átomo se combina com quatro outros. Isso faz com que cada elétron pertença simultaneamente a dois átomos. Átomo de germânio Eletrônica II SENAI 7 Esse tipo de ligação química é denominado de ligação covalente. As ligações covalentes se caracterizam por manter os elétrons fortemente ligados em dois núcleos associados. Por isso, as estruturas cristalinas puras, compostas unicamente por ligações covalentes, adquirem características de isolação elétrica. O silício e o germânio puros são materiais semicondutores com características isolantes quando agrupados em forma de cristal. Dopagem A dopagem é o processo químico que tem por finalidade introduzir átomos estranhos (impureza) na estrutura cristalina de uma substância pura como o germânio e o silício, por exemplo. Esses átomos estranhos a estrutura cristalina são denominados impurezas. A dopagem, que é realizada em laboratórios, introduz no interior da estrutura de um cristal uma quantidade controlada de uma determinada impureza para transformar essa estrutura num condutor. A forma como o cristal conduzirá a corrente elétrica e a sua condutibilidade dependem do tipo de impureza utilizado e da quantidade de impureza aplicada. Cristal N Quando o processo de dopagem introduz na estrutura cristalina uma quantidade de átomos com mais de quatro elétrons na última camada, como o fósforo (P), que é pentavalente, forma-se uma nova estrutura cristalina denominada cristal N. Dos cinco elétrons externos do fósforo, apenas quatro encontram um par no cristal. Isso possibilita a formação covalente. O quinto elétron do fósforo não forma ligação covalente porque não encontra, na estrutura, um elétron que possibilite essa formação. Eletrônica II SENAI8 No cristal semicondutor, cada átomo de impureza fornece um elétron livre dentro da estrutura. Esse elétron isolado tem a característica de se libertar facilmente do átomo e de vagar livremente dentro da estrutura do cristal, constituindo-se um portador livre de carga elétrica. É importante notar que, embora o material tenha sido dopado, seu número total de elétrons e prótons é igual, de forma que o material continua eletricamente neutro. Nesse cristal, a corrente elétrica é conduzida no seu interior por cargas negativas. Veja representação esquemática a seguir. Observe que o cristal N conduz a corrente elétrica independentemente da polaridade da bateria. Cristal P Eletrônica II SENAI 9 A utilização de átomos com três elétrons na última camada, ou seja, trivalentes, no processo de dopagem, dá origem à estrutura chamada de cristal P. O átomo de índio (In) é um exemplo desse tipo de material. Quando os átomos de índio são colocados na estrutura do cristal puro, verifica-se a falta de um elétron para que os elementos tetravalentes se combinem de forma covalente. Essa ausência de elétron é chamada de lacuna, que, na verdade, é a ausência de uma carga negativa. Os cristais dopados com átomos trivalentes são chamados cristais P porque a condução da corrente elétrica no seu interior acontece pela movimentação das lacunas. Esse movimento pode ser facilmente observado quando se analisa a condução de corrente elétrica passo a passo. Quando se aplica uma diferença de potencial aos extremos de um cristal P, uma lacuna é ocupada por um elétron que se movimenta, e força a criação de outra lacuna atrás de si. Veja figura a seguir na qual a lacuna está representada por uma carga positiva. A lacuna é preenchida por outro elétron gerando nova lacuna até que esta seja preenchida por um elétron proveniente da fonte. As lacunas se movimentam na banda de valência dos átomos e os elétrons livres que as preenchem movimentam-se na banda de condução. Observações • A banda de valência é a camada externa da eletrosfera na qual os elétrons estão fracamente ligados ao núcleo do átomo. Eletrônica II SENAI10 • Banda de condução é a região da eletrosfera na qual se movimentam os elétrons livres que deixaram a banda de valência quando receberam uma certa quantidade de energia. In A condução de corrente por lacunas no cristal P independe da polaridade da fonte de tensão. Assim, os cristais P e N, isoladamente, conduzem a corrente elétrica qualquer que seja a polaridade de tensão aplicada às suas extremidades. Os cristais P e N são a matéria prima para a fabricação dos componentes eletrônicos modernos tais como diodos, transistores e circuitos integrados. Condutibilidade dos materiais semicondutores Há dois fatores que influenciam a condutibilidade dos materiais semicondutores. Eles são: • a intensidade da dopagem e • a temperatura. Eletrônica II SENAI 11 Intensidade da dopagem Os cristais dopados mais intensamente se caracterizam por apresentar maior condutibilidade porque sua estrutura apresenta um número maior de portadores livres.Quando a quantidade de impurezas introduzidas na estrutura cristalina é controlada, a banda proibida pode ser reduzida a uma largura desejada. Essa faixa está localizada entre as bandas de valência e condução. Temperatura Quando a temperatura de um material semicondutor aumenta, a energia térmica adicional faz com que algumas ligações covalentes da estrutura se desfaçam. Cada ligação covalente que se desfaz pelo aumento da temperatura permite o aparecimento de dois portadores livres de energia a mais na estrutura do cristal. A presença de um maior número de portadores aumenta a condutibilidade do material, permitindo a circulação de correntes maiores no cristal. Assim, o comportamento de qualquer componente eletrônico fabricado com materiais semicondutores depende diretamente de sua temperatura de trabalho. Essa dependência é denominada de dependência térmica e constitui-se de fator importante que deve ser considerado quando se projeta ou monta circuitos com esse tipo de componente. Eletrônica II SENAI12 Diodo semicondutor O diodo semicondutor é um componente que se comporta como condutor ou isolante elétrico, dependendo da forma como a tensão é aplicada aos seus terminais. Uma das aplicações mais comuns do diodo é na transformação de corrente alternada em corrente contínua como, por exemplo, nos eliminadores de pilhas ou fonte CC. A ilustração a seguir mostra o símbolo do diodo, de acordo com a norma NBR 12526. O terminal da seta representa um material P e é chamado de anodo e o terminal da barra representa um material N e é chamado de catodo. A identificação dos terminais (anodo e catodo) no componente pode aparecer de diversas formas. A seguir estão representadas duas delas: • o símbolo do diodo impresso sobre o corpo do componente; • barra impressa em torno do corpo do componente, indicando o catodo. Eletrônica II SENAI 13 Junção PN O diodo se constitui da junção de duas pastilhas de material semicondutor: uma de material N e outra de material P. Essas pastilhas são unidas através de aquecimento, formando uma junção entre elas. Por essa razão o diodo semicondutor também é denominado de diodo de junção PN. Após a junção das pastilhas que formam o diodo, ocorre um processo de acomodação química entre os cristais. Na região da junção, alguns elétrons livres saem do material N e passam para o material P onde se recombinam com as lacunas das proximidades. O mesmo ocorre com algumas lacunas que passam do material P para a material N e se recombinam com os elétrons livres. Assim, forma-se na junção, uma região na qual não existem portadores de carga porque estão todos recombinados, neutralizando-se. Esta região é denominada de região de depleção. Como conseqüência da passagem de cargas de um cristal para o outro, cria-se um desequilíbrio elétrico na região da junção. Os elétrons que se movimentam do material N para o material P geram um pequeno potencial elétrico negativo. As lacunas que se movimentam para o material N geram um pequeno potencial elétrico positivo. Esse desequilíbrio elétrico é denominado de barreira de potencial. No funcionamento do diodo, esta barreira se comporta como uma pequena bateria dentro do componente. A tensão proporcionada pela barreira de potencial no interior do diodo depende do material utilizado na sua fabricação. Nos diodos de germânio (Ge), a barreira tem aproximadamente 0,3 V e nos de silício (Si), aproximadamente 0,7 V. Eletrônica II SENAI14 Observação • Não é possível medir a tensão da barreira de potencial utilizando um voltímetro nos terminais de um diodo porque essa tensão existe apenas dentro do componente. • O diodo continua neutro, uma vez que não foram acrescentados nem retirados portadores dos cristais. Polarização do diodo A aplicação de tensão sobre o diodo estabelece a forma como o componente se comporta eletricamente. A tensão pode ser aplicada ao diodo de duas formas diferentes, denominadas tecnicamente de polarização direta e polarização inversa. A polarização é direta quando a tensão positiva é aplicada ao material P (anodo) e a tensão negativa ao material N (catodo). Na polarização direta, o pólo positivo da fonte repele as lacunas do material P em direção ao pólo negativo, enquanto os elétrons livres são repelidos pelo pólo negativo em direção ao pólo positivo. Se a tensão da bateria externa é maior que a tensão da barreira de potencial, as forças de atração e repulsão provocadas pela bateria externa permitem aos portadores adquirir velocidade suficiente para atravessar a região com ausência de portadores, ou seja, a barreira de potencial. Nesta condição, existe na junção um fluxo de portadores livres dentro do diodo. Eletrônica II SENAI 15 A polarização direta faz com que o diodo permita a circulação de corrente elétrica no circuito através do movimento dos portadores livres. Assim, quando o diodo está polarizado diretamente, diz-se que o diodo está em condução. A polarização é inversa quando a tensão positiva é aplicada no material N (catodo) e a negativa no material P (anodo). Eletrônica II SENAI16 Nesta situação, os portadores livres de cada cristal são atraídos pelos potenciais da bateria para as extremidades do diodo. Isso provoca um alargamento da região de depleção porque os portadores são afastados da junção. Como não existe fluxo de portadores através da junção, a polarização inversa faz com que o diodo impeça a circulação de corrente no circuito elétrico. Nesse caso, diz-se que o diodo está em bloqueio. Características de condução e bloqueio do diodo semicondutor Nas condições de condução e bloqueio, seria ideal que o diodo apresentasse características especiais, isto é, • quando em condução (polarização direta) conduzisse a corrente elétrica sem apresentar resistência, comportando-se como um interruptor fechado. • quando em bloqueio (polarização inversa), ele se comportasse como um isolante perfeito, ou um interruptor aberto, impedindo completamente a passagem da corrente elétrica. Eletrônica II SENAI 17 Todavia, devido às imperfeições do processo de purificação dos cristais semicondutores para a fabricação dos componentes, essas características de condução e bloqueio ficam distantes das ideais. Na condução, dois fatores influenciam nessas características: a barreira de potencial e a resistência interna. A barreira de potencial, presente na junção dos cristais, faz com que o diodo entre em condução efetiva apenas a partir do momento em que a tensão da bateria atinge um valor maior que a tensão interna da barreira de potencial. A resistência interna faz com que o cristal dopado não seja um condutor perfeito. O valor dessa resistência interna é geralmente menor que 1 Ω nos diodos em condução. Um circuito equivalente do diodo real em condução apresenta os elementos que simbolizam a barreira de potencial e a resistência interna. Na maioria dos casos em que o diodo é usado, as tensões e resistências externas do circuito são muito maiores que os valores internos do diodo (0,7 V; 1 Ω ). Assim, é possível considerar o diodo real igual ao diodo ideal no que diz respeito à condução, sem provocar erros significativos. No circuito a seguir, por exemplo, a tensão e a resistência externa ao diodo são tão grandes se comparadas com os valores do diodo, que a diferença entre eles se torna desprezível. Eletrônica II SENAI18 Erro = 0,0333 - 0,0328 = 0,0005 A, correspondente a 1,53 % (desprezível face à tolerância do resistor). Na condição de bloqueio, devido à presença de portadores minoritários (impurezas) resultantes da purificação imperfeita, o diodo real não é capaz de impedir totalmente a existência de corrente no sentido inverso. Essa corrente inversa é chamada de corrente de fuga e é da ordem de alguns microampères. Como essa corrente é muito pequena se comparada com a corrente de condução, a resistência inversa do diodo pode ser desprezada na análise da grande maioria dos circuitos. O circuito equivalente do diodo real em bloqueio apresenta esta característica. A 0333,0 150050 R VI A 0328,0 1501 3,49 R VI ====== Eletrônica II SENAI 19 Curva característica O comportamento dos componentes eletrônicos é expresso através de uma curva característica que permite determinar a condição de funcionamento do componente em um grande número de situações. A curva característica do diodo mostra seu comportamento na condução e no bloqueio. Região de condução Durante a condução, a corrente do circuito circula no cristal. Devido à existência da barreira de potencial e da resistência interna, aparece um pequeno valor de tensão sobre o diodo. A curva característica do diodo em condução mostra o comportamento da queda de tensão em função da corrente que flui no circuito. Eletrônica II SENAI20 A curva característica de condução mostra que a tensão no diodo sofre um pequeno aumento quando a corrente aumenta. Ela mostra também que enquanto o diodo está abaixo de 0,7 V (no caso do silício), a corrente circulante é muito pequena (região C da curva). Isso é conseqüência da oposição ao fluxo de cargas feita pela barreira de potencial. Por isso, a região típica de funcionamento dos diodos fica acima da tensão característica de condução. Região de bloqueio No bloqueio, o diodo semicondutor não atua como isolante perfeito e permite a circulação de uma corrente de fuga da ordem de microampères. Essa corrente aumenta à medida que a tensão inversa sobre o diodo aumenta. Eletrônica II SENAI 21 Regimes máximos do diodo em CC Os regimes máximos do diodo em CC estabelecem os limites da tensão e corrente que podem ser aplicados ao componente em circuitos de corrente contínua, sem provocar danos em sua estrutura. Analisando o comportamento do diodo em condução e bloqueio, verifica-se que os fatores que dependem diretamente do circuito ao qual o diodo está conectado são: • corrente direta nominal (IF, do inglês "intensity forward"); • tensão inversa máxima (VR, do inglês "voltage reverse"). A corrente direta nominal (IF) de cada tipo de diodo é dada pelo fabricante em folhetos técnicos e representa o valor máximo de corrente que o diodo pode suportar, quando polarizado diretamente. Veja a seguir, as características de corrente máxima (IF) de dois diodos comerciais. Tipo IF (A) 1N4001 1,0 MR504 3,0 Quando polarizado inversamente, toda tensão aplicada ao circuito fica sobre o diodo. Cada diodo tem a estrutura preparada para suportar um determinado valor de tensão inversa. Quando se aplica a um diodo um valor de tensão inversa máxima (VR) maior que o especificado, a corrente de fuga aumenta excessivamente e danifica o componente. O valor característico de VR que cada tipo de diodo suporta sem sofrer ruptura é fornecido pelos fabricantes. Veja a seguir exemplos de valores característicos de tensão máxima inversa de alguns diodos comerciais. Eletrônica II SENAI22 Tipo VR (V) 1N4001 50 1N4002 100 MR504 400 BY127 800 Reta de carga A reta de carga é uma traçagem sobre a curva característica do diodo com o objetivo de determinar previamente qual será a corrente e tensão no diodo em determinadas condições de trabalho. Para traçar a reta de carga de um diodo, deve-se determinar a tensão de corte, ou seja, a que está sobre o diodo quando este estiver na região de bloqueio, e a corrente de saturação, isto é, a corrente que circula pelo diodo quando ele está na região de condução em um determinado circuito. Quando o diodo está em corte ou bloqueio, a tensão da fonte está totalmente sobre o componente. Desta forma pode-se afirmar que a tensão de corte é igual a tensão da fonte de alimentação do circuito. Eletrônica II SENAI 23 Logo: VC = VCC Onde VC é tensão de corte e VCC a tensão de alimentação. A corrente de saturação é a corrente do circuito quando o diodo está na região de condução ou saturado. Pode-se determinar a corrente de saturação a partir da lei de Ohm. A corrente que circula no resistor é a corrente de saturação IS e a tensão sobre o resistor é a tensão de alimentação VCC. Desta forma: Onde IS é a corrente de saturação, VCC a tensão de alimentação e RL o resistor de carga ou limitador. A partir dos valores de tensão de corte e corrente de saturação, traça-se uma reta na curva característica do diodo da seguinte forma: a tensão de corte VC é identificada no eixo de tensão VD do gráfico e a corrente de saturação no eixo de corrente ID. Essa reta é denominada reta de carga. L CC S R V I = Eletrônica II SENAI24 O ponto de encontro entre a reta de carga e a curva do diodo é denominada de ponto de trabalho ou quiescente (Q). Projetando este ponto quiescente nos eixos de tensão e corrente do gráfico tem-se os valores de corrente e tensão do diodo no circuito. Eletrônica II SENAI 25 Potência de dissipação A potência de dissipação de um diodo é o valor de potência que ele dissipa em um circuito. A partir dos valores de tensão e corrente no diodo é possível determinar a potência de dissipação. PD = VD . ID No exemplo a seguir, serão determinados os valores de tensão corrente e potência no diodo. De acordo com os dados do esquema elétrico os valores da tensão, de corte e corrente de saturação podem ser calculados. VC = VCC VC = 3 V IS = 63 mA A 063,0 47 3 R V I L CC S === Eletrônica II SENAI26 A partir dos valores da tensão de corte e corrente de saturação, deve-se traçar a reta de carga. O cruzamento da reta de carga com a curva característica do diodo determina o ponto quiescente. Ao projetar o ponto quiescente nos eixos de tensão e corrente do gráfico é possível determinar a tensão e a corrente no diodo. ID = 63 mA VD = 1,6 V A partir desses valores é possível determinar a potência dissipada no diodo. PD = ID . VD PD = 0,063 . 1,6 PD = 0,100 W ou 100 mW Eletrônica II SENAI 27 Exercícios 1. Responda às seguintes perguntas: a) Qual a principal característica de um material semicondutor? b) Quantos átomos de valência deve ter um material semicondutor? c) O que é ligação covalente? d) O que é dopagem? e) Qual a finalidade da impureza em uma estrutura cristalina? 2. Responda: a) O que é barreira de potencial? Eletrônica II SENAI28 b) É possível medir a tensão da barreira de potencial de um diodo? c) Quais os valores das barreiras de potencial de um diodo de silício e de germânio? d) Cite um exemplo de utilização da curva característica de um diodo. 3. Faça o esquema do circuito solicitado: a) Circuito com um diodo polarizado diretamente. b) Circuito com um diodo polarizado inversamente. 4. Resolva os problemas que seguem: a) Determine os valores de tensão de corte e corrente de saturação em um circuito com diodo. Sabe-se que a tensão de alimentação do circuito é de 12 VCC e o resistor de carga de 220k Ω. Eletrônica II SENAI 29 b) De acordo com o gráfico a seguir, determine a tensão, a corrente e a potência dissipada no diodo e faça esquema do circuito elétrico. A fonte que alimenta o circuito é de 2 VCC e o resistor limitador 560 Ω. 5. Relacione a segunda coluna com a primeira. a. Silício ou germânio puro ( ) Quatro elétrons na última camada. b. Átomo trivalente ( ) Cinco elétrons na última camada. c.Átomo pentavalente ( ) Característica isolante . d. Catodo ( ) Material tipo N. e. Átomo tetravalente ( ) Três elétrons na camada de valência. ( ) Três prótons na última camada. Eletrônica II SENAI30 6. Preencha as lacunas com V para as afirmações verdadeiras e F para as afirmações falsas. a) ( ) O índio é um tipo de material utilizado na dopagem de um cristal P. b) ( ) O cristal N recebe átomos pentavalentes na sua estrutura cristalina. c) ( ) A lacuna é a ausência de elétron na estrutura cristalina. d) ( ) O cristal P conduz somente em um sentido. e) ( ) A intensidade da dopagem e a temperatura não influenciam na condutibilidade de um material semicondutor. Eletrônica II SENAI 31 Diodos Especiais Desde o descobrimento da junção semicondutora PN, muitos estudos têm sido realizados com os materiais semicondutores, em busca de novos componentes.O diodo emissor de luz (LED) é um dos componentes descobertos através dessas pesquisas. Atualmente, na grande maioria dos aparelhos eletrônicos, as lâmpadas de sinalização estão sendo substituídas por esse componente semicondutor capaz de emitir luz. O outro componente foi o diodo zener que veio atender à necessidade de utilização de dispositivos reguladores de tensão surgida com a crescente sofisticação dos equipamentos eletrônicos. O presente capítulo tratará do LED e do diodo zener. Para ter sucesso no desenvolvimento dos conteúdos e atividades aqui apresentados, é necessário ter conhecimentos relativos a diodo semicondutor, curvas características e à polarização dos diodos semicondutores. Diodo emissor de luz O diodo emissor de luz ou LED, do inglês light emitting diode, é um tipo especial de diodo semicondutor que emite luz quando é polarizado diretamente. O símbolo gráfico do LED é definido pela NBR 12526/92, e está apresentado a seguir. Eletrônica II SENAI32 O LED é fabricado com uma combinação de elementos como o arsênio (AS), o gálio (Ga), que formam o arseneto de gálio e o fósforo (P). Dependendo da quantidade de fósforo depositada, eles poderão irradiar luz visível vermelha, amarela ou verde, que são as mais comuns, embora também possam ser encontrados os LEDs que irradiam luz laranja ou azul. Há LEDs que emitem luz invisível ao olho humano, ou seja, a luz infravermelha e a luz ultravioleta. Outros emitem duas cores diferentes. São os LEDs bicolores que consistem de dois LEDs de cores diferentes encapsulados dentro de uma mesma cápsula de três terminais. Um dos terminais é comum aos dois LEDs. Para que o componente irradie a cor desejada, basta polarizar diretamente o LED dessa cor. Eletrônica II SENAI 33 Os LEDs são encontrados nas mais diversas formas e dimensões. Veja alguns exemplos na ilustração a seguir. O catodo do LED é identificado por um "corte" (ou chanfro) na base do encapsulamento, ou pelo terminal menor. O LED apresenta as seguintes vantagens: • pequena tensão de alimentação (2 V) e baixo consumo (20 mA); • tamanho reduzido; • nenhum aquecimento; • alta resistência a vibrações; • grande durabilidade. Funcionamento Quando o LED é polarizado diretamente, entra em condução. Isso permite a circulação da corrente que se processa pela liberação dos portadores livres na estrutura dos cristais. Eletrônica II SENAI34 O deslocamento de portadores da banda de condução provoca a liberação de energia, ou seja, emissão de fótons em forma de luz. Esse efeito ocorre principalmente quando o tamanho da banda proibida é igual ao comprimento de onda (λ) da luz emitida. Observação A banda proibida é a região da ligação covalente entre uma camada de valência e outra, na qual não há elétrons livres. Características dos LEDs Os LEDs apresentam as mesmas características dos diodos semicondutores a saber: • corrente direta máxima (IFM); • corrente direta nominal (IF); • tensão direta nominal (VF); • tensão inversa máxima (VR). A corrente direta máxima expressa pela notação IFM, é o parâmetro que define a corrente máxima de condução do LED sem prejuízo para sua estrutura. A corrente direta nominal, IF, é um valor de corrente de condução indicado pelo fabricante no qual o LED apresenta um rendimento luminoso ótimo e que, normalmente, corresponde a 20 mA. Eletrônica II SENAI 35 A tensão direta nominal representada por, VF, é a especificação que define a queda de tensão típica do diodo no sentido da condução. A queda da tensão nominal ocorre no componente quando a corrente direta tem valor nominal (IF). Para valores de corrente direta diferentes do valor nominal (IF), a tensão direta de condução sofre pequenas modificações de valor. A tensão inversa máxima, representada pela notação VR, é a especificação que determina o valor de tensão máxima que o LED suporta no sentido inverso sem sofrer ruptura. Nos LEDs, ela é pequena, da ordem de 5 V, porque esses componentes não são usados em retificação e sim para emitir luz. Portanto, na prática, só trabalham com polarização direta. A tabela a seguir mostra características de alguns LEDs. LED Cor VF (V)* IFn (mA) FLV 110 vermelho 1,7 50 LD 37I verde 2,4 60 LD 35I amarelo 2,4 60 * O valor de VF é obtido com IF = 20 MA. Eletrônica II SENAI36 Utilização do LED em CC A utilização do LED em corrente contínua exige a fixação de sua corrente direta nominal (IF). A limitação da corrente pode ser feita através de um resistor. A figura a seguir apresenta um circuito retificador de onda completa com um led para indicar a existência de tensão na saída. O valor do resistor limitador é dado por: Onde; VCC é a tensão de saída da fonte, VF é a tensão nominal de condução do LED, e IF é a corrente nominal de condução do LED Tomando-se como exemplo a fonte retificadora do esquema apresentado e os valores do LED FLV 110 e a tensão da saída da fonte como sendo 10 V, por F FCC I VV R − = Eletrônica II SENAI 37 exemplo, o valor do resistor seria: Ou seja, R = 390 Ω ou 470 Ω (em valores comerciais padronizados). A potência do resistor seria aproximadamente: PR = VR . IR = (10 – 1,7). 0,02 = 166 mW Para trabalhar a frio: PR = 0,5 W. Diodo zener O diodo zener é um tipo especial de diodo utilizado como regulador de tensão. A sua capacidade de regulação de tensão é empregada principalmente nas fontes de alimentação de modo a fornecer uma tensão de saída fixa. A norma NBR 12526/92 define seu símbolo gráfico conforme ilustração a seguir. Os diodos zener de pequena potência podem ser encontrados em encapsulamento de vidro ou de plástico enquanto os de maior potência são geralmente metálicos para facilitar a dissipação de calor. Veja os dois tipos de zener nas ilustrações a seguir. Ω= − = − = 415 02,0 7,110 I VV R F FCC Eletrônica II SENAI38 Comportamento do diodo zener O comportamento do diodo zener depende fundamentalmente da forma como ele é polarizado. Com polarização direta, o diodo zener se comporta da mesma forma que um diodo semicondutor ou retificador, entrando em condução e assumindo uma queda de tensão típica. Observação Normalmente o diodo zener não é usado com polarização direta nos circuitos eletrônicos. Na polarização inversa, até um determinado valor de tensão inversa, o diodo zener se comporta como um diodo comum, ficando em bloqueio. Nesse bloqueio, uma pequena corrente de fuga circula no diodo zener, tal como no diodo convencional. Em um determinado valor de tensão inversa, o diodo zener entra subitamente em condução, apesar de estar polarizado inversamente. A corrente inversa aumenta rapidamente e a tensão sobre o zener se mantém praticamente constante. Eletrônica II SENAI 39 O valor de tensão inversa que faz o diodo zener entrar em condução é denominado de tensão zener (VZ). Enquanto houver corrente inversa circulando no diodo zener, a tensão sobre seus terminais se mantém praticamente no valor da tensão zener. É importante observar que no sentido inverso, o diodo zener difere do diodo semicondutor retificador convencional, ou seja, um diodo retificador nunca chega a conduzir intensamente no sentido inverso. Se isso acontecer, o diodo estará em curto e danificado. Eletrônica II SENAI40 O diodo zener, por sua vez, é levado propositadamente a conduzir no sentido inverso para que uma tensão zener constante seja obtida em seus terminais, sem que isso danifique o componente. Características do diodo zener As características elétricas importantes do diodo zener são: • tensão zener; • potência zener; • coeficiente de temperatura; • tolerância. Tensão zener A tensão zener ou tensão de ruptura depende do processo de fabricação e da resistividade da junção semicondutora. Durante a ruptura, o diodo zener fica com o valor de tensão zener sobre seus terminais. Esses valores são fornecidos pelos fabricantes nos catálogos técnicos. Potência zener A potência zener é a potência dissipada pelo diodo em condições normais de funcionamento. Na curva de ruptura,esse diodo apresenta a tensão zener em seus terminais e é percorrido por uma corrente inversa. A potência zener é dada pelo produto da tensão e corrente, ou seja: PZ = VZ . IZ Os diodos zener são fabricados para determinados valores de potência de dissipação que determinam a dissipação máxima que o componente pode suportar. Esses valores são fornecidos pelo fabricante. Utilizando os valores de tensão zener e potência zener máxima, pode-se determinar a corrente máxima que o zener pode suportar, ou seja: Z ZMÁX ZMÁX V P I = Eletrônica II SENAI 41 Observação Esse valor de corrente zener máxima não pode ser excedido sob pena de danificar o diodo por excesso de aquecimento. A região de funcionamento do zener é determinada por dois valores de corrente porque sua tensão inversa é constante. Esses valores são: IZmax e IZmin. O valor de IZmax é definido pela potência zener: O valor de IZmin corresponde a 10% do valor de IZmax, ou seja: Coeficiente de temperatura O desempenho dos componentes fabricados com materiais semicondutores sofre influência da temperatura (dependência térmica). Por isso, a tensão zener se modifica com a variação da temperatura do componente. A influência dessa variação é expressa sob a forma de relação entre tensão e temperatura e define em quantos milivolts a tensão se modifica para cada grau centígrado de alteração da temperatura do componente, ou seja, mV/o C. Devido a uma diferença no princípio de funcionamento interno, os diodos zener são divididos em dois grupos: • até 5 V: a tensão sobre o zener diminui com o aumento da temperatura (-mV/oC). • acima de 5 V: a tensão sobre o zener aumenta com o aumento da temperatura (+mV/oC). Z maxZ maxZ V P I = Z maxZmaxZ minZ V10 P 10 I I == Eletrônica II SENAI42 As curvas características a seguir exemplificam a dependência térmica dos dois grupos de diodos zener. Observação Os valores de tensão zener fornecidos pelos fabricantes são válidos à temperatura de 25oC. Tolerância A tolerância do diodo zener refere-se à variação que pode existir entre o valor especificado e o valor real de tensão inversa do diodo zener. Isso significa que um diodo zener de 10 V ± 5% pode ter uma tensão inversa real, por exemplo, de 9,5 a 10,5 V. Para especificar a tolerância, os fabricantes utilizam diversos códigos. Por exemplo: • para tolerância de 5 %, a designação do diodo vem acompanhada pela letra A: 1N4742 A; • para tolerância de 10%, a designação do diodo vem sem letra no final: 1N4733. Diodo zener ideal x real A característica fundamental do diodo zener é manter uma tensão constante sobre seus terminais quando colocado em condução no sentido inverso. O diodo zener ideal é aquele que, em condução inversa, mantém a tensão absolutamente constante independentemente da corrente circulante. Eletrônica II SENAI 43 Entretanto, o diodo zener não é um componente ideal. Assim, a tensão sobre seus terminais sofrem uma pequena variação quando a corrente inversa se modifica. Porém, quando se considera que a variação em VZ é muito pequena, o diodo zener pode ser considerado como ideal na maioria das aplicações. Relação entre corrente e resistência no diodo zener A lei de Ohm define a relação entre corrente, tensão e resistência em um dispositivo: R VI = Eletrônica II SENAI44 Como no diodo zener a tensão é constante, a relação fica resumida à corrente e resistência. Assim, temos: VZ = IZ . RZ Na equação acima, para que a tensão seja constante no zener, o produto “I . R” deve ser constante. Se a corrente no diodo zener aumenta, sua resistência diminui na mesma proporção ou vice-versa: Da mesma forma, se a corrente no diodo , sua resistência aumenta para que o produto (tensão) se mantenha constante: Assim, na região de ruptura, a corrente e a resistência zener são inversamente proporcionais: quando uma aumenta, a outra diminui na mesma proporção. Exercícios 1. Responda às seguintes perguntas: a) Qual é a principal função de um LED? b) Cite três vantagens na utilização do LED. c) De que forma é possível a emissão de duas cores por um só LED? IZ . RZ = VZ IZ ⋅ RZ = VZ Eletrônica II SENAI 45 1. Responda a) Qual a principal função do diodo zener? b) Como o diodo zener se comporta na polarização direta? c) O que difere um diodo semicondutor de um diodo zener? d) Cite as características elétricas importantes do diodo zener. 2. Resolva os seguintes exercícios: a) Faça o esquema elétrico do circuito e especifique o resistor necessário para limitar a corrente de um led de sinalização. Dados: IF = 20 mA; VCC = 20 V VF = 1,7 V 3. Faça os símbolos gráficos dos componentes solicitados. a) LED Eletrônica II SENAI46 b) Diodo zener 4. Relacione a segunda coluna com a primeira. a) Corrente direta máxima ( ) Valor de tensão máxima suportada, VR. b) Corrente direta nominal ( ) Corrente máxima de condução, IFM. c) Tensão direta nominal ( ) Corrente direta nominal, IF. d) Tensão inversa máxima ( ) Queda de tensão nominal, VF. ( ) Valor da queda de tensão admissível, VFM. 6. Preencha as lacunas com V para as afirmações verdadeiras e F para as afirmações falsas. a) ( ) O valor de tensão inversa que faz o diodo zener entrar em condução é denominado de tensão zener. b) ( ) Um diodo retificador em bom estado conduz intensamente no sentido inverso, quando a tensão VD é superior a 0,7 V. c) ( ) Quando a variação da tensão zener é de valor considerável, o diodo pode ser considerado como ideal. d) ( ) A característica fundamental do diodo zener é manter uma corrente constante em seus terminais. quando em condução. e) ( ) A corrente e a resistência zener são inversamente proporcionais. Eletrônica II SENAI 47 Circuitos Retificadores Todos os aparelhos eletrônicos necessitam de corrente contínua para funcionar. Todavia, a rede elétrica que chega às nossas casas, nos fornece energia elétrica em forma de corrente alternada. Assim, para que seja possível alimentar os aparelhos eletrônicos, é necessário um circuito que transforme corrente alternada em corrente contínua. Esse circuito é chamado de retificador. Por seu largo emprego e importância, os circuitos retificadores serão o assunto deste capítulo. Para compreendê-lo com mais facilidade, é necessário conhecer corrente contínua, corrente alternada, diodo semicondutor e transformadores. Retificação Retificação é o processo de transformação de corrente alternada em corrente contínua, de modo a permitir que equipamentos de corrente contínua sejam alimentados por corrente alternada. A retificação ocorre de duas formas: • retificação de meia onda; • retificação de onda completa. Retificação de meia-onda De todos os circuitos retificadores que existem, o mais simples é o circuito retificador de meia-onda. Ele permite o aproveitamento de apenas um semiciclo da tensão de entrada de carga e é usado em equipamentos que não exigem tensão contínua pura, como os carregadores de bateria. Eletrônica II SENAI48 Esse circuito utiliza um diodo semicondutor pois suas características de condução e bloqueio são aproveitadas para a obtenção da retificação. Tomemos como exemplo o circuito retificador da figura a seguir. Durante o primeiro semiciclo, a tensão é positiva no ponto A e negativa em B. Essa polaridade da tensão de entrada coloca o diodo em condução e permite a circulação da corrente. A tensão sobre a carga assume a mesma forma da tensão de entrada. O valor do pico de tensão sobre a carga é menor que o valor do pico da tensão de Eletrônica II SENAI 49 entrada. Isso acontece porque o diodo durante a condução apresenta uma pequena queda de tensão. Observação A queda de tensão (VD) é de 0,7 V em circuitos com diodos de silício e 0,2 V em circuitos com diodos de germânio. Na maioria dos casos, essa queda de tensão pode ser desprezada porque seu valor é muito pequeno em relação ao valor total do pico de tensão sobre a carga. Ela só deve ser considerada quando é aplicado no circuito retificador tensões de baixosvalores, menores que 10 V. Durante o segundo semiciclo, a tensão de entrada é negativa no ponto A e positiva no ponto B. Nessa condição, o diodo está polarizado inversamente, em bloqueio, impedindo a circulação da corrente. Com o bloqueio do diodo que está funcionando como um interruptor aberto, a tensão na carga é nula porque não há circulação de corrente Eletrônica II SENAI50 Os gráficos a seguir ilustram a evolução de um ciclo completo. Eletrônica II SENAI 51 Pelos gráficos, é possível observar que a cada ciclo completo da tensão de entrada, apenas um semiciclo passa para a carga, enquanto o outro semiciclo fica sobre o diodo. Tensão de saída A tensão de saída de uma retificação de meia-onda é contínua, porém pulsante porque nela alternam-se períodos de existência e inexistência de tensão sobre a carga. Assim, ao se conectar um voltímetro de CC na saída de um circuito retificador de meia- onda, a tensão indicada pelo instrumento será a média entre os períodos de existência e inexistência de tensão. Por isso, o valor da tensão CC aplicada sobre a carga fica muito abaixo do valor efetivo da CA aplicada à entrada do circuito. A tensão média na saída é dada pela equação: Onde: VCC é a tensão contínua média sobre a carga; VP é a tensão de pico da CA aplicada ao circuito (VP = VCA . ); VD é a queda de tensão típica do diodo (0,2 V ou 0,7 V). Quando as tensões de entrada (VCAef) forem superiores a 10 V, pode-se eliminar a queda de tensão do diodo que se torna desprezível, reescrevendo a equação da seguinte maneira: Simplificando os termos , obtém-se 0,45. Logo, π − = DPCC VV V 2 π =⇒ π = 2 . V V V V CACC P CC π 2 Eletrônica II SENAI52 VCC = VCA . 0,45 Exemplo Dados: VCA = 6 V (menor que 10 V) D1 = diodo retificador de silício VCC = 2,47 V Corrente de Saída Como na retificação de meia-onda a tensão sobre a carga é pulsante, a corrente de saída também é pulsante. Assim, a corrente de saída é a média entre os períodos de existência e inexistência de corrente. Esse valor é determinado a partir dos valores de tensão média e da resistência de carga, ou seja, Observação ( ) ( ) V47,2 14,3 7,041,1.6V2.VVVV DCADPCC = − = π − = π − = L CC CC R V I = Eletrônica II SENAI 53 O cálculo da corrente média de saída determina os parâmetros para a escolha do diodo que será utilizado no circuito. Inconvenientes A retificação de meia-onda apresenta os seguintes inconvenientes: • tensão de saída pulsante; • baixo rendimento em relação à tensão eficaz de entrada; • mau aproveitamento da capacidade de transformação nas retificações com transformador porque a corrente circula em apenas um semiciclo. Retificação de onda completa A retificação de onda completa é o processo de conversão de corrente alternada em corrente contínua que aproveita os dois semiciclos da tensão de entrada. Esse tipo de retificação pode ser realizado de dois modos: Eletrônica II SENAI54 • por meio de um transformador com derivação central (C.T.) e dois diodos; • por meio de quatro diodos ligados em ponte. Retificação de onda completa com transformador A retificação de onda completa com transformador é o processo de retificação realizado por meio de um circuito com dois diodos e um transformador com derivação central (ou "center tap"). Funcionamento Para explicar o funcionamento desse circuito, vamos considerar separadamente cada semiciclo da tensão de entrada. Inicialmente, considerando-se o terminal central do secundário do transformador como referência, observa-se a formação de duas polaridades opostas nas extremidades das bobinas. Em relação ao ponto neutro, as tensões VCD e VED estão defasadas 180º Eletrônica II SENAI 55 Durante o semiciclo positivo de VENT, entre os pontos C e E, o ponto C está positivo em relação ao ponto D. Nessa condição, o diodo D1 está polarizado diretamente e, portanto, em condução. Por outro lado, o ponto D está positivo em relação a E. Nessa condição, o diodo D2 está polarizado inversamente e, portanto, em corte. No ponto A aparece uma tensão positiva de valor máximo igual a VMÁX. Observe que no circuito apresentado, a condição de condução de D1 permite a circulação de corrente através da carga, do terminal positivo para o terminal negativo. A tensão aplicada à carga é a tensão existente entre o terminal central do secundário e a extremidade superior do transformador (VS1). No segundo semiciclo, há uma inversão da polaridade no secundário do transformador. Eletrônica II SENAI56 Assim, o ponto D está negativo em relação ao ponto E. Nessa condição, o diodo D2 está polarizado diretamente e, portanto, em condução. Por outro lado, o ponto D está positivo em relação a C. Nessa condição, o diodo D1 está polarizado inversamente, e, portanto, em corte. A corrente que passa por D2 circula pela carga no mesmo sentido que circulou no primeiro semiciclo. Eletrônica II SENAI 57 A tensão aplicada à carga é a tensão da bobina inferior do secundário do transformador (VS2). Durante todo semiciclo analisado, o diodo D2 permanece em condução e a tensão na carga acompanha a tensão da parte inferior do secundário. Eletrônica II SENAI58 As formas de onda das tensões no circuito são mostradas nos gráficos a seguir. Eletrônica II SENAI 59 As formas de onda das correntes são: Analisando um ciclo completo da tensão de entrada, verifica-se que o circuito retificador entrega dois semiciclos de tensão sobre a carga: • um semiciclo da extremidade superior do secundário através da condução de D1; • um semiciclo da extremidade inferior do secundário através da condução de D2. Retificação de onda completa em ponte A retificação de onda completa em ponte utiliza quatro diodos e entrega à carga uma onda completa sem que seja necessário utilizar um transformador de derivação central. Eletrônica II SENAI60 Funcionamento Considerando a tensão positiva (primeiro semiciclo) no terminal de entrada superior, teremos as seguintes condições de polarização dos diodos: • D1 ⇒ anodo positivo em relação ao catodo (polarização direta) - em condução; • D2 ⇒ catodo positivo em relação ao anodo (polarização inversa) - em bloqueio; • D3 ⇒ catodo negativo em relação ao anodo (polarização direta) - em condução; • D4 ⇒ anodo negativo em relação ao catodo (polarização inversa) - em bloqueio. Eliminando-se os diodos em bloqueio, que não interferem no funcionamento, verifica- se que D1 e D3 (em condução) fecham o circuito elétrico, aplicando a tensão do primeiro semiciclo sobre a carga. Observe no circuito a seguir, como a corrente flui no circuito no primeiro ciclo. Eletrônica II SENAI 61 No segundo semiciclo, ocorre uma inversão da polaridade nos terminais de entrada do circuito. Nessa condição, a polaridade dos diodos apresenta a seguinte configuração: • D1 - anodo negativo em relação ao catodo (polarização inversa) - em bloqueio; • D2 - catodo negativo em relação ao anodo (polarização direta) - em condução; • D3 - catodo positivo em relação ao anodo (polarização inversa) - em bloqueio; • D4 - anodo positivo em relação ao catodo (polarização direta) - em condução. Eliminando-se os diodos em bloqueio e substituindo-se os diodos em condução por circuitos equivalentes ideais, obtém-se o circuito elétrico fechado por D2 e D4 que aplica a tensão de entrada sobre a carga. Isso faz a corrente circular na carga no mesmo sentido que no primeiro semiciclo. Eletrônica II SENAI62 Recolocando-se os diodos no circuito, observa-se a forma como a corrente circula. Os gráficos a seguir mostram as formas de onda do circuito. Eletrônica II SENAI 63 Fator de Ripple Como já vimos, a tensão contínua fornecida por um circuito retificador é pulsante, ou seja, não possui um nível constante no tempo. Isso acontece porque a tensão de saída é resultante da soma de uma componente contínua (VCC) e uma componente alternada (VCA) responsável pela ondulação do sinal. Essa ondulação é denominadade fator de ripple (que significa “ondulação” em inglês). Ela corresponde a quantas vezes o valor eficaz da componente alternada é maior que a componente contínua sobre a carga. Eletrônica II SENAI64 Esse valor é dado por: Onde : r é o fator de ripple; VCaef é o valor da tensão alternada eficaz; e VCC é o valor da tensão contínua. Para a retificação de meia-onda, o fator de ripple é: r% = 120% Para a retificação de onda completa, o fator de ripple é: r% = 48% Esses dados mostram que a porcentagem de ondulação é muito alta e esse é um dos grandes inconvenientes desse tipo de circuito. Exercícios 1. Responda às seguintes perguntas: a) O que é retificação? b) Qual é a diferença entre a retificação de meia onda e a retificação de onda completa? c) Qual é a diferença entre a retificação de meia onda e a retificação de onda completa? CC CAef V V r = Eletrônica II SENAI 65 d) Em um retificador de meia onda o valor da tensão de pico retificada é igual ao valor da tensão de pico da tensão alternada? Justifique a resposta. e) O que é fator de ripple? 2. Faça os esquemas dos circuitos: a) Circuito retificador de meia onda. b) Circuito retificador de onda completa com transformador. c) Circuito retificador de onda completa em ponte. Eletrônica II SENAI66 3. Resolva os seguintes exercícios: a) Faça o esquema e calcule a tensão VCC na carga, alimentada por um retificador de meia onda. Sabe-se que a tensão alternada VCA é de 9 V. b) Qual o valor da tensão VCC retificada por um retificador de meia onda. A tensão alternada tem um valor de pico de 4V. Eletrônica II SENAI 67 Circuito Retificador com Filtro Como já foi visto no capítulo anterior, os circuitos retificadores têm aplicação limitada porque fornecem uma corrente alternada pulsante na saída. Para alimentar equipamentos eletrônicos com tensões contínuas tão puras quanto possível, utilizam- se filtros que são acrescentados aos circuitos retificadores. Isso torna a forma de onda na saída da fonte, mais próxima da corrente contínua. A retificação com filtro é o assunto deste capítulo. Nele, serão estudadas as características e funcionamento desse tipo de circuito. Para compreender com facilidade este assunto, é necessário possuir conhecimentos anteriores sobre armazenamento de cargas em capacitores, retificação de meia onda e retificação de onda completa. Função do filtro As tensões fornecidas pelos circuitos retificadores, tanto de meia onda quanto de onda completa são pulsantes. Embora tenham a polaridade definida, essas tensões sofrem constantes variações de valor, pulsando de acordo com a tensão senoidal aplicada ao diodo. Eletrônica II SENAI68 Nas fontes de alimentação, os filtros têm a função de permitir a obtenção de uma CC mais pura. Isso é obtido colocando-se filtros entre a retificação e a carga. Eles atuam sobre a tensão de saída dos circuitos retificadores aproximando tanto quanto possível a sua forma de onda a uma tensão contínua pura. A presença de tensão sobre a carga durante todo o tempo, embora com valor variável, proporciona a elevação do valor médio de tensão fornecido. Capacitor como filtro A capacidade de armazenamento de energia elétrica dos capacitores é utilizada para realizar o processo de filtragem da tensão de saída de circuitos retificadores. O capacitor é conectado diretamente nos terminais de saída do circuito retificador como mostra a figura a seguir. Eletrônica II SENAI 69 Nos intervalos de tempo em que o diodo conduz, circula corrente através da carga e também no capacitor. Neste período, o capacitor armazena energia. Nos intervalos de bloqueio do diodo, o capacitor tende a descarregar a energia armazenada nas armaduras. Como não é possível a descarga através da retificação, porque o diodo está em bloqueio, a corrente de descarga se processa pela carga. A corrente absorvida pela carga é fornecida pelo capacitor. Com o passar do tempo, a tensão do capacitor diminui devido a sua descarga. Eletrônica II SENAI70 O capacitor permanece descarregado até que o diodo conduza novamente, fazendo uma recarga nas suas armaduras. Com a colocação do capacitor, a carga passa a receber tensão durante todo o tempo. Isso aumenta o valor da tensão média de saída do circuito retificador. Retificação de meia onda com filtro a capacitor O circuito a seguir mostra um retificador de meia onda com filtro a capacitor. Durante o primeiro quarto de ciclo, o capacitor se carrega até o valor máximo da tensão de entrada. Quando a tensão de entrada começa a diminuir, o capacitor deveria se descarregar. Todavia, o diodo não permite a passagem da corrente em sentido contrário. Assim, a carga no capacitor é mantida. Veja gráficos a seguir. Eletrônica II SENAI 71 Deve ser observado que o diodo conduz apenas durante o quarto de ciclo inicial. Depois disso, a tensão sobre ele será igual a zero, enquanto que a tensão reversa será o dobro da tensão máxima de entrada. Quando o diodo pára de conduzir, o capacitor se descarrega em R1 de acordo com a constante de tempo R1C. Veja gráfico a seguir. Eletrônica II SENAI72 td - tempo de descarga do capacitor na carga tc - tempo de carga do capacitor θc - tempo de condução do diodo Observe que td (tempo de carga do capacitor) vai de t2 a t1 quando a tensão no catodo do diodo tende a se tornar menor do que a tensão no anodo. A partir desse instante, o diodo volta a ser diretamente polarizado e, portanto, volta a conduzir, repetindo o processo. Retificação de onda completa com filtro a capacitor Os circuitos a seguir exemplificam retificadores de onda completa com derivação central e em ponte com filtro a capacitor. O funcionamento do circuito retificador de onda completa com filtro a capacitor é semelhante ao do retificador de meia onda. A forma de onda obtida é a mostrada no gráfico a seguir. Eletrônica II SENAI 73 Compare nos gráficos a seguir a diferença dos níveis de tensão contínua nos circuitos retificadores já estudados. Os gráficos pertencem a circuitos com a mesma resistência de carga e um mesmo capacitor. O tempo de carga do capacitor influencia na ondulação, pois, quanto mais tempo o capacitor levar para descarregar, menor será a tensão em suas armaduras. Por isso, para uma mesma carga e mesmo capacitor de filtro, os circuitos de onda completa têm menor ondulação. Em onda completa, o capacitor é carregado duas vezes a cada ciclo de entrada. Eletrônica II SENAI74 Tensão de ondulação O capacitor colocado em um circuito retificador está sofrendo sucessivos processos de carga e descarga. Nos períodos de condução do diodo o capacitor sofre carga e sua tensão aumenta, enquanto que, nos períodos de bloqueio se descarrega e a sua tensão diminui, como pode ser observado no gráfico a seguir. Onde: t1 = Tempo em que o capacitor sofre carga (sua tensão aumenta); t2 = Tempo em que o capacitor se descarrega parcialmente sobre a carga (sua tensão diminui). Eletrônica II SENAI 75 A forma de onda da tensão de saída não chega a ser uma contínua pura, apresentando uma variação entre um valor máximo e um mínimo, essa variação é denominada ondulação ou ripple. A diferença de tensão entre o valor máximo e mínimo que a ondulação atinge é denominada de tensão de ondulação de pico a pico, representada por VONDPP. Observação A tensão de ondulação na saída de uma fonte também é denominada de componente alternada. Determinação do capacitor de filtro Devido a grande tolerância de valor dos capacitores eletrolíticos (até 50%), pode-se formular uma equação simplificada para o cálculo do valor do capacitor. A equação é: Onde: C é o capacitor de filtro em F T é o período aproximado de descarga do capacitor, de 16,6 para 60 Hz - meia onda e 8,33ns p/ 60Hz - onda completa; IMÁX é a corrente de carga máxima em mA; VONDPP é a tensão pico a pico de ondulação em volts. ONDPP MÁX V I .TC = Eletrônica II SENAI76 Observação Esta equação pode ser usada para cálculo de capacitores de filtros para até 20% de ondulaçãode pico a pico (fator de ripple), sem introduzir um erro significativo. Exemplo Determinar um capacitor para ser usado em uma fonte retificadora de meia onda para tensão de saída de 12 V, corrente de 150 mA com ondulação de 2 VPP (ou 17%). C = 1245 F ou 0,001245 µF Tensão de isolação Além da capacitância, deve-se determinar também a tensão de isolação do capacitor. Essa tensão deve ser sempre superior ao maior valor de tensão sob a qual o capacitor irá realmente funcionar. Veja exemplo a seguir. Tensão de saída (sobre o capacitor) Tensão de isolação (capacitor utilizado) 12 V 16 V 17 V 25 V 28 V 40 V Outros filtros para retificadores de onda completa A ilustração a seguir mostra um circuito retificador no qual a filtragem é realizada por um capacitor e um indutor. F 1245 2 150.6,16 V I .TC ONDPP MÁX === Eletrônica II SENAI 77 O indutor L em série com a célula LC garante uma filtragem melhor que a obtida nos circuitos retificadores que usam somente capacitor. Isso acontece porque o atraso apresentado pela indutância em relação às variações de corrente faz com que a corrente de saída não sofra variações bruscas, mesmo que entre os terminais da indutância apareçam tensões variáveis de grande amplitude. Se analisar o circuito dado, sem a resistência de carga, a corrente IL só pode passar no sentido indicado. No circuito, o capacitor se carrega continuamente até que a tensão sobre ele seja igual ao valor de pico ou VMÁX. Uma vez alcançado esse valor, a corrente deixa de fluir. Assim, ao ligar resistências de carga muito elevadas ao circuito, a tensão de saída será aproximadamente VMÁX. Ao reduzir a resistência, a corrente que flui pela indutância aumenta. Devido ao atraso apresentado pela indutância, essa corrente nunca se anula, o que mantém os diodos sempre em condução. Veja gráficos a seguir. Observação A corrente de pico nos diodos dos retificadores com filtro que usam indutor é menor que nos diodos dos retificadores que usam filtros a capacitor. Limitação para o valor do indutor Eletrônica II SENAI78 Num circuito retificador com filtro de indutor e capacitor, o fator de ripple é dado por: Nessa fórmula, L é dado em Henry e C em F. Nesse mesmo tipo de circuito, o valor da tensão contínua na carga é dado por: VCC = 2 . VMÁX Na prática há limitações para o valor do indutor. Assim, para 60 Hz, temos: Filtro RLC O retificador com filtro RLC, ou seja, com dois capacitores e um indutor, fornece uma tensão CC na saída maior do que o retificador com filtro LC. A tensão de saída fornecida é de aproximadamente VMÁX. C.L 83,0r = L CC CC R V I = L CC L MÁX PICO X.3 V.2 X.3 V.4 I == CRÍTICOÓTIMO L CRÍTICO L.2L 1113 R L == π π −= RC.f.2.Z 1.VV MÁXCC Eletrônica II SENAI 79 Nesse tipo de circuito, o fator de ondulação é bem pequeno: Por economia, pode-se usar em alguns casos um resistor em lugar de um indutor, o que resultará num filtro CRC ou com resistor. Nesse caso, o fator de ondulação é calculado por: Regulação Regulação é a porcentagem de variação da tensão de saída de uma fonte. A regulação é representada em um gráfico que relaciona a tensão média (VCC) com os valores de resistência. Em termos ideais, a regulação deve ser de 100%, porém na prática isso não acontece. Ela é calculada por: L21 3 R.L.C.C 10.3,3r = L21 6 R.R.C.C 10.5,2r = Eletrônica II SENAI80 Quadro comparativo A seguir está um quadro comparativo entre os vários circuitos retificadores com filtro estudados neste capítulo. Tipo VCC Riplle IPICO Circuito RC ≅ VMÁX grande grande L ≅ 2.VMÁX/π pequeno baixa π ≅ VMÁX muito pequeno grande π com R < VMÁX pequeno grande Exercícios 1. Responda às seguintes perguntas: a) Qual a função de um filtro em um circuito retificador? b) Qual é a forma mais comum de filtragem de uma tensão de saída em um circuito retificador? aargc com V carga com V- vazio em V regulação de % CC CCCC= Eletrônica II SENAI 81 c) Como ocorre a filtragem de uma tensão em um circuito retificador? d) Qual o valor da tensão reversa na diodo quando está em bloqueio, em um circuito retificador de meia onda com filtro ? e) O que é tensão de ondulação ou ripple? 2. Faça os esquemas dos circuitos: a) Retificador monofásico de meia onda. b) Retificador monofásico de onda completa. Eletrônica II SENAI82 c) Retificador monofásico de meia onda com filtro. d) Retificador monofásico de onda completa com filtro. e) Retificador monofásico de onda completa com filtro LC. 3. Resolva os seguintes exercícios: a) Determine o capacitor necessário em um circuito retificador de meia onda, para uma tensão de saída de 24 V, corrente 200 mA, e uma ondulação de 4 VPP. Eletrônica II SENAI 83 b) Qual o valor do ripple em um circuito retificador de onda completa com filtro LC, onde a indutância utilizada é de 10 mH e o capacitor 2000 µF. 4. Preencha as lacunas com V para as afirmações verdadeiras e F para as afirmações falsas. a) ( ) O tempo de carga do capacitor influencia na ondulação da tensão de saída. b) ( ) Em um circuito retificador de onda completa com filtro, o capacitor é carregado duas vezes a cada ciclo de entrada. c) ( ) A tensão de isolação do capacitor deve ser igual a tensão sob a qual irá trabalhar. d) ( ) A regulação é o valor da capacitância de um capacitor utilizado como filtro. e) ( ) Em um circuito retificador com filtro LC, a tensão VCC tem valor próximo a VMÁX, corrente de pico e ripple de valor alto. Eletrônica II SENAI 85 Transistor Bipolar A descoberta do transistor revolucionou o campo da eletrônica. A partir dessa descoberta, o desenvolvimento da eletrônica se tornou cada vez mais rápido. Mesmo com o aparecimento dos circuitos integrados e dos microprocessadores, o transistor ainda tem um lugar de destaque. Suas aplicações se estendem a milhares de circuitos com as mais diversas finalidades e utilizações. Neste capítulo, serão estudadas as características do transistor bipolar e seu funcionamento. Para adquirir esses conhecimentos com mais facilidade, é necessário ter conhecimentos anteriores sobre materiais semicondutores, junções semicondutoras, movimento de portadores dentro de cristais semicondutores, lei de Ohm e leis de Kirchhoff. Transistor O termo transistor vem da expressão em inglês "transfer resistor" que significa resistor de transferência. É um componente que apresenta resistência (impedância) variável entre dois terminais. Essa resistência é controlada por um terceiro terminal. Por sua característica controladora de corrente, o transistor pode ser usado como amplificador de sinais ou como "interruptor eletrônico" em aplicações como equipamentos de som, imagem, controles industriais, máquinas, calculadoras, computadores. Para realizar esse trabalho, existem alguns tipos de transistores: • transistor bipolar (NPN ou PNP); • transistor de unijunção (UJT); • transistor de efeito de campo (FET e MOS-FET); Eletrônica II SENAI86 Transistor bipolar O transistor bipolar é o mais comum e também o mais usado. Sua estrutura básica se compõe de duas pastilhas de material semicondutor do mesmo tipo. Entre essas pastilhas é colocada uma terceira, bastante fina, de material diferente, formando uma configuração semelhante a um sanduíche. A configuração da estrutura do transistor bipolar permite que se obtenham dois tipos distintos de transistores bipolares: NPN e PNP. Os dois tipos de transistores podem cumprir as mesmas funções diferindo apenas na forma como as fontes de alimentação são ligadas ao circuito eletrônico. Terminais do transistor bipolar Cada uma das pastilhas que formam o conjunto, recebe terminal para que o componente possa ser conectado ao circuito eletrônico. Cada terminal recebe uma designação para que se possa distinguir cada uma das pastilhas. Assim, a pastilha central é denominada base e representada pela letra B. Uma das pastilhas externas é denominada de coletor e é representada pela letra C. A outra pastilha externa é denominada emissore é representada pela letra E. A figura a seguir apresenta os dois tipos de transistores com a identificação dos terminais. Eletrônica II SENAI 87 Embora as pastilhas do coletor e do emissor sejam do mesmo tipo de material semicondutor, existe diferença de volume de material semicondutor e de intensidade de dopagem entre as pastilhas. O emissor é densamente dopado, enquanto que a base é levemente dopada. O coletor possui maior volume e, por isso, dissipa mais potência; a intensidade de sua dopagem é intermediária em relação à dopagem das outras duas pastilhas. Por esse motivo, as ligações do coletor e do emissor no circuito eletrônico não são intercambiáveis. Símbolos A norma NBR 12526/92 define o símbolo gráfico do transistor. A figura a seguir apresenta os símbolos dos transistores NPN e PNP, indicando a designação dos terminais. A diferença entre os símbolos dos dois transistores esta apenas no sentido da seta do terminal emissor. Alguns transistores, fabricados para aplicações específicas, são dotados de blindagem. Essa blindagem consiste em um invólucro metálico ao redor das pastilhas semicondutoras, cuja função é evitar que o funcionamento do transistor seja afetado por campos elétricos ou magnéticos do ambiente. Eletrônica II SENAI88 Esses transistores apresentam um quarto terminal ligado à blindagem para que possa ser conectada ao terra do circuito eletrônico. O símbolo gráfico desse tipo de transistor é apresentado a seguir. Tensões nos terminais do transistor O funcionamento do transistor baseia-se no movimento dos elétrons livres e das lacunas em seu interior e que são provocados pela aplicação de tensões externas ao coletor, à base e ao emissor. Esse movimento está ligado a polaridade da tensão aplicada a cada um desses terminais e é diferente para transistores NPN e PNP. A estrutura física do transistor propicia a formação de duas junções entre cristais P e N: • uma junção PN entre o cristal da base e o cristal do emissor, é chamada de junção base-emissor (BE). • uma junção PN entre o cristal da base e o cristal do coletor, é chamada de junção base-coletor. Eletrônica II SENAI 89 Quando as três pastilhas semicondutoras são unidas, ocorre um processo de difusão dos portadores. Como no diodo, esse processo de difusão dá origem a uma barreira de potencial em cada junção. Portanto, no transistor, existem duas barreiras de potencial que se formam com a junção do cristal: a barreira de potencial na junção base-emissor e a barreira de potencial na junção base-coletor. Observação As três regiões do transistor possuem diferentes níveis de dopagem. Por isso, as camadas de depleção não possuem a mesma largura. Quanto mais densamente dopada for a região, maior será a concentração de íons próximo da junção. Isso significa que a camada de depleção penetra levemente na região do emissor (dopagem densa), porém profundamente na base (dopagem leve). O mesmo acontece entre base e coletor. A camada de depleção do emissor é pequena e a do coletor, grande. Polarização na junção base-emissor Na condição normal de funcionamento, denominada de funcionamento na região ativa, a junção base-emissor é polarizada diretamente. Eletrônica II SENAI90 A condução da junção base-emissor é provocada pela aplicação de tensão entre base e emissor com polaridade correta, ou seja, polaridade positiva no material P e negativa no material N, para um transistor do tipo NPN. Polarização na junção base-coletor Na região ativa de funcionamento, a junção base-coletor é polarizada inversamente. O bloqueio da junção base-coletor é provocado pela aplicação de tensão externa entre base e coletor, com polaridade adequada, ou seja, polaridade positiva no material N e negativa no material P, para um transistor NPN. Polarização simultânea das duas junções Para que o transistor funcione corretamente, as duas junções devem ser polarizadas ao mesmo tempo. Isso é feito aplicando-se duas tensões externas entre os terminais do transistor. Eletrônica II SENAI 91 Observações 1. As baterias representam as tensões de polarização. 2. Para que um transistor PNP funcione na região ativa, basta inverter as polaridades das fontes entre as junções Outra configuração de baterias para a polarização correta das junções também pode ser usada: No diagrama: • a bateria B1 polariza diretamente a junção base-emissor. • a bateria B2 aplica uma tensão positiva ao coletor. Essa tensão é maior que a tensão positiva da base, de forma que a junção base-coletor fica polarizada inversamente. A alimentação simultânea das duas junções, através das baterias externas, dá origem a três tensões entre os terminais do transistor: • tensão de base a emissor (VBE) • tensão de coletor à base (VCB) • tensão de coletor a emissor (VCE) Eletrônica II SENAI92 Observação Para o transistor PNP, a regra também é válida com a diferença que a polaridade das baterias de polarização é invertida. Princípio de funcionamento O movimento dos portadores livres dá origem a três correntes que circulam nos três terminais do transistor: • corrente do terminal emissor, denominada de corrente de emissor (IE); • corrente do terminal base, chamada de corrente de base (IB); • corrente do terminal do coletor, chamada de corrente de coletor (IC). Observação O princípio básico de funcionamento que explica a origem das correntes no transistor é o mesmo para os transistores NPN e PNP. Por isso, estudaremos o princípio de funcionamento de apenas um dos tipos. O comportamento do outro difere apenas na polaridade das baterias e no sentido das correntes. Eletrônica II SENAI 93 Corrente de base A corrente de base é provocada pela tensão aplicada entre a base e o emissor do transistor (VBE). Em um transistor PNP, por exemplo, o potencial positivo aplicado ao emissor repele as lacunas do material P em direção à base. Se a tensão tiver um valor adequado, ou seja, 0,7 V para o silício e 0,3 V para o germânio, as lacunas adquirem velocidade suficiente para atravessar a barreira de potencial formada na junção base-emissor, recombinando-se com os elétrons livres da base. Essa recombinação dá origem à corrente de base. Devido à pequena espessura da base e também ao seu pequeno grau de dopagem, a combinação acontece em pequena escala, ou seja, poucos portadores que provêm do emissor podem se combinar. Isso faz com que a corrente de base seja pequena, com valores que se situam na faixa de microampères ou miliampères. Como o emissor é fortemente dopado, um grande número de lacunas se desloca em direção à base, repelidas pela tensão positiva do emissor e atraídas pela tensão negativa da base. A base, porém, tem potencial negativo pequeno, não tendo assim elétrons livres suficientes para recombinar com a maior parte das lacunas que provêm do emissor. Assim, um grande número de lacunas atinge a base em grande velocidade e não se recombina por falta de elétrons livres disponíveis. Eletrônica II SENAI94 Corrente de coletor As lacunas provenientes do emissor que não se recombinam, atingem a junção base- coletor e passam ao coletor onde existe um alto potencial positivo. As lacunas que atingem o coletor dão origem a corrente de coletor. Em geral, do total de lacunas que entra no emissor de um transistor, a grande maioria corresponde à corrente de coletor. Tanto a corrente de base como a corrente de coletor provêm do emissor, de forma que se pode afirmar que: IC + IB = IE Controle da corrente de base sobre a corrente do coletor A principal característica do transistor reside no fato de que a corrente de base (pequena) exerce um controle eficiente sobre a corrente de coletor. Esse controle é devido a influência da corrente de base sobre a largura da barreira de potencial da junção base-emissor, ou seja, quando VBE aumenta, a barreira de potencial torna-se mais estreita. Esse estreitamento permite que um maior número de portadores do emissor atinja a base. Esses portadores são absorvidos pelo coletor, uma vez que a base não tem capacidade para recombiná-los. Verifica-seentão um aumento na corrente de coletor. Assim, se IB aumenta, IC aumenta e se IB diminui, IC diminui. Eletrônica II SENAI 95 Ganho de corrente do transistor Através de um transistor, é possível utilizar uma pequena corrente IB para controlar a circulação de uma corrente de valor muito maior (IC). A corrente controlada (IC) e a corrente de controle (IB) podem ser relacionadas entre si para determinar quantas vezes uma é maior que a outra, ou seja, O resultado dessa relação é denominado tecnicamente de ganho de corrente de base para coletor, representado pela letra grega β (beta) para corrente contínua ou hfe para corrente alternada. O ganho indica quantas vezes a corrente de coletor é maior que a corrente de base. Conhecendo-se o ganho de corrente entre base e coletor (β), é possível determinar a corrente de coletor a partir da corrente de base, ou seja: IC = β . IB. Observação O fato do transistor permitir um ganho de corrente entre base e coletor não significa que correntes sejam geradas em seu interior. As correntes que circulam no interior do componente são provenientes das fontes de alimentação e o transistor apenas controla sua quantidade. O outro ganho a ser considerado é o de emissor para coletor (α, lê-se alfa): Como a corrente IE é maior que IC, conclui-se que α é sempre menor que 1. Os ganhos β e α estão relacionados entre si através das fórmulas: Circuito do coletor Na grande maioria dos circuitos transistorizados, o coletor do transistor é conectado à fonte de alimentação através de um resistor denominado de resistor de coletor (RC). O β= B C I I E C I I =α 1 e 1 +β β =α α− α =β Eletrônica II SENAI96 resistor de coletor completa o circuito ou malha de coletor, composto pelos componentes por onde circula a corrente do coletor conforme circuito que segue. A malha de coletor se compõe de resistor de coletor RC em série com o transistor (coletor-emissor) aos quais é aplicada a tensão VCC. Sendo um circuito série, a malha de coletor obedece à segunda Lei de Kirchhoff, que estabelece: a soma das quedas de tensão em um circuito é igual à tensão aplicada aos seus extremos. Na malha de coletor, a tensão VCC fornecida pela bateria se distribui em duas parcelas: • tensão sobre o resistor de coletor, denominada de queda de tensão no resistor de coletor (VRC); e • tensão entre coletor e emissor (VCE). Eletrônica II SENAI 97 Aplicando a Lei de Kirchhoff, a soma das quedas de tensão nos componentes da malha de coletor será igual à tensão aplicada à malha. A partir disso, pode-se determinar a equação da malha de coletor, ou seja: VCC = VCE + VRC Nessa igualdade, VCC é a tensão fornecida pela bateria ao circuito, desconsiderando-se a influência da resistência interna, pode-se admitir que VCC tem um valor constante, independente da corrente que o circuito solicitar. VRC é a queda de tensão no resistor de coletor. O valor desta queda de tensão, segundo a Lei de Ohm, depende de dois fatores: do valor do resistor RC e da corrente que está circulando (IC), ou seja, VRC = RC . IC. A queda de tensão no resistor de coletor (VRC) tem como principal característica o fato de ser proporcional à corrente de coletor do transistor. Se a corrente de coletor se torna maior (IC), a queda de tensão sobre o resistor de coletor aumenta, pois RC . IC = VRC. VCE é a tensão coletor-emissor e depende da tensão de alimentação e da queda de tensão em RC, ou seja, como VCC = VCE + VRC, VCE = VCC - VRC. Exemplo Um transistor com resistor de coletor de 680 Ω tem uma corrente de coletor de 6 mA. A bateria fornece uma tensão de 12 V à malha do coletor. Qual é a queda de tensão no resistor de coletor e a tensão coletor-emissor no transistor? Queda de tensão no resistor de coletor: VRC = RC . IC VRC = 680 . 0,006 = 4,08V Tensão de coletor-emissor do transistor: VCE = VCC - VRC VCE = 12 - 4,08 = 7,92 V A figura a seguir mostra a malha de coletor com os valores de tensão em cada elemento. Eletrônica II SENAI98 Relação entre parâmetros Ao considerar que a queda de tensão VRC depende de IC, afirma-se que VRC também depende de IB. Desenvolvendo a equação da queda de tensão no resistor de coletor, tem-se: VRC = RC . IC Como IC = IB. β, temos: VRC = RC . (IB. β) Nessa equação, os valores de RC e β são constantes. Logo, pode-se dizer que o valor da queda de tensão no resistor depende diretamente da corrente de base. Tomando-se um circuito a transistor com duas correntes de base diferentes, é possível verificar a relação entre os valores de IR, IC, VRC e VCE. Veja exemplo no circuito a seguir. Eletrônica II SENAI 99 Observação O resistor RB na base do transistor serve para limitar a corrente de base do transistor. Admitindo-se como primeiro valor de corrente de base 40 µA, os valores do circuito são: IC = IB . β = 40 . 100 = 4000 mA ou 0,004 A VRC = IC . RC = 0,004 . 820 = 3,28 V VCE = VCC - VRC = 10 - 3,28 = 6,72 V Admitindo-se um valor de corrente de base de 70 µA, os valores do circuito são: IC = 70 . 100 = 7000 mA ou 0,007 A VRC = 0,007 . 820 = 5,74 V VCE = 10 - 5,74 = 4,26 V Colocando os dados do circuito das duas situações em uma tabela, é possível observar o comportamento dos valores de IC, VRC e VCE quando a corrente de base é modificada. Corrente de base (IB) Corrente de coletor (IC) Queda de tensão no resistor de coletor (VRC) Tensão coletor emissor do transistor (VCE) 40 µA 4 mA 3,28 V 6,72 V 70 µA 7 mA 5,74 V 4,26 V Relacionando apenas os dados relativos ao transistor, o comportamento do circuito pode ser assim resumido: ⇑ IB ⇑ IC ⇓ VCE ⇓ IB ⇓ IC ⇑ VCE Considerando que a corrente de base IB depende da tensão VBE, pode-se incluir mais esse parâmetro no comportamento do transistor: ⇑ VBE ⇑ IB ⇓ VBE ⇓ IB A relação entre os parâmetros do transistor é então: ⇑ VBE ⇑ IB ⇑ IC ⇓ VCE ⇓ VBE ⇓ IB ⇓ IC ⇑ VCE Eletrônica II SENAI100 Dissipação de potência no transistor Todo o componente sujeito a uma diferença de potencial e percorrido por uma corrente elétrica dissipa uma determinada potência (P = V . I). Isso acontece também no transistor. A circulação de corrente elétrica através das junções do transistor, provocada pela aplicação de tensões aos seus terminais, dá origem a uma dissipação de potência no interior do componente. Essa dissipação se dá em forma de energia térmica, o que resulta em um aquecimento do transistor. Dissipação nas junções A dissipação de potência ocorre nas duas junções do transistor. Essas potências dissipadas são denominadas de potência de coletor (PC) e potência de base (PB). A potência total dissipada no transistor é, então: Ptot = PC + PB Entretanto, analisando as tensões e correntes presentes nas duas junções, verifica-se que a tensão e a corrente presentes na junção base-emissor (VBE e IB) são muito pequenas, quando comparadas com a tensão e a corrente presentes na junção coletor-base (VCB e IC). Por isso, a potência dissipada na junção base-emissor é muito pequena comparada com a potência dissipada na junção base-coletor. Assim, a potência dissipada na base do transistor é desprezada e considera-se que a potência total dissipada no transistor é a própria potência dissipada no coletor, ou seja, Ptot ≅ PC A potência dissipada no coletor depende da tensão de coletor à base (VCB) e da corrente de coletor (IC): Eletrônica II SENAI 101 PC = VCB . IC Por questões de praticidade e com o objetivo de resolver circuitos transistorizados através das curvas características, essa equação é substituída por outra aproximada, cujo erro é desprezível: PC ≅ VCE . IC Dissipação máxima de potência no transistor O calor produzido pela dissipação de potência (PC ≅ VCE . IC) provoca a elevação da temperatura dos cristais semicondutores, o que pode danificar o componente. Para que isso não aconteça, a potência dissipada é limitada a um valor que permite o funcionamento
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