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APS 2 - Regimes Cambiais

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UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP
CAMPUS CAMPINAS SWIFT
CIÊNCIAS ECONÔMICAS
Erick Luppi Martins RA T2462J-0
REGIMES CAMBIAIS NO BRASIL
CAMPINAS
2018
Sumário
1 Introdução	2
1.1 Câmbio fixo	5
1.2 Câmbio flutuante	5
2 Regimes Cambiais no Brasil	7
3 Considerações finais	11
Referências	12
Introdução
Ao longo do século, algumas questões permearam o debate acerca dos regimes cambinais experimentados pelas diversas economias desenvolvidas e em desenvolvimento. Ao adotar um regime cambial, espera-se que este contribua efetivamente para a estabilidade ecônima, estimule o comércio e o investimento estrangeiros, que dê autonomia para a gestão governanmental das políticas monetária e fiscal, além, é claro, de proteger a economia doméstica de perturbações advindas das finanças internacionais. Pode-se questionar se há um regime cambial capaz de tanto, seja fixando ou flexibilizando a taxa de câmbio.
Quando a taxa de câmbio nominal é predominantemente determinada pela lei da oferta e da procura de mercado, dizemos que o regime é de taxas flutuantes. Já quando o governo fixa uma paridade para o valor da moeda, dizemos que o regime é de câmbio fixo.
Se, por exemplo, aumenta o risco de um país não pagar sua dívida, os investidores estrangeiros retiram seus investimentos do país. Eles portanto se desfazem dos seus ativos denominados em real e correm para ativos em dólar. Nesse processo, eles diminuem sua demanda por real e aumentam sua demanda por dólar. Em um sistema de câmbio flutuante, em que o câmbio é determinado pela oferta e demanda de moeda estrangeira, o preço do dólar (frente ao real) deveria subir, ou seja, observaríamos uma depreciação da moeda nacional.
E em um regime de câmbio fixo? Nesse caso, o governo (via Banco Central) está comprometido com uma paridade. Ele não pode deixar o câmbio variar. Para isso, ele precisa disponibilizar dólar no mercado para segurar a cotação. Ou seja, ele vende dólar e compra real, até que a pressão para depreciação da moeda se desfaça.
Note que, em um regime de câmbio fixo, o Banco Central precisa contar com um estoque de reservas internacionais (em dólar). Nesse caso, para segurar a cotação, o Banco Central precisou se desfazer de parte de suas reservas. Porém, dependendo da pressão, pode ser que o Banco Central não possua reservas suficientes para sustentar a paridade pré-estabelecida. Daí ele será forçado a abandoná-la.
Um raciocínio análogo pode ser aplicado quando aumenta a demanda por real (vis-à-vis dólar) – por exemplo, se o país passa a ser considerado em grau de investimento por agências de classificação de risco, isso gera uma entrada de capital externo. Aqui, se o câmbio for flutuante, o preço do dólar (em relação ao real) diminuirá, isto é, haverá apreciação do real frente ao dólar. Em um regime de câmbio fixo, no entanto, o Banco Central precisará comprar dólar para evitar a flutuação, aumentando assim seu estoque de reservas internacionais.
2
Na prática muitos países adotam um sistema híbrido – também conhecido como flutuação suja –, em que deixam o câmbio flutuar, mas esporadicamente intervêm no mercado quando o câmbio está muito alto ou muito baixo.
No Brasil, desde 1999, o regime é flutuante, apesar do fato da intervenção do governo no mercado cambial ter aumentado bastante após 2012. Mas no passado já vivemos sob o regime de câmbio administrado, por exemplo entre 1995 e 1999. Não era exatamente câmbio fixo, mas quase isso (o dólar podia flutuar dentro de pequenas bandas, que eram ajustadas periodicamente). Quais as vantagens e desvantagens desses dois sistemas – câmbio fixo e câmbio flutuante?
Para que ocorra um equilíbrio nas economias dos países, são adotadas políticas macroeconômicas que simultaneamente procuram realizar seus principais objetivos tais como: manter o Produto Interno Bruto (PIB) em crescimento; minimizar as taxas de desemprego; estabilizar os níveis de preço; equilibrar as transações externas como exportações e importações. Para obter sucesso nestes objetivos são utilizadas as políticas: fiscal, monetária e cambial.
O mercado de câmbio é aquele no qual os agentes econômicos, empresas e bancos compram e vendem moedas estrangeiras ou realizam transações cambiais. Sua principal função é possibilitar a transferência de recursos entre países. Para mediar estas transferências é utilizada a taxa de câmbio, que se refere ao preço em moeda estrangeira de uma unidade da moeda corrente interna. Assim sendo, tais transações entre países interferem no balanço de pagamentos. O balanço de pagamentos corresponde à apresentação sumária na qual todas as transações dos residentes de uma determinada nação, realizadas com residentes de outras nações, são registradas durante um período de tempo. Seu principal objetivo é informar ao governo a posição internacional de um determinado país e, assim, auxiliar na formulação de políticas monetárias fiscais e comerciais.
No Brasil o balanço de pagamentos é elaborado pelo Banco Central (BACEN), e tem como base a metodologia definida no Manual do Balanço de Pagamentos do Fundo Monetário Internacional (FMI). O saldo do balanço de pagamentos pode ser um déficit, ou seja, houve uma saída de moeda estrangeira maior que a entrada, ou superávit, que ocorre quando há uma entrada de dividas estrangeiras maior que a saída. Este resultado tem ligação direta com o saldo de reservas internacionais do país, cujo principal objetivo é servir de instrumento regulador na ocorrência de crises financeiras. Segundo dados do BACEN (2014), esta conta apresentava superávit desde 2001 até 2012 e, neste período, houve aumento no volume de exportações e uma desvalorização do câmbio brasileiro.
Para países em desenvolvimento a taxa de câmbio é uma ferramenta para o desenvolvimento econômico, por dois motivos: primeiro, a taxa de câmbio desvalorizada favorece as exportações, resultando em melhores resultados da balança comercial. Segundo, torna o país mais competitivo no mercado internacional, estimulando o investimento de indústrias exportadoras. Também para o autor este pode ser o motivo do sucesso econômico alcançado por países asiáticos como China e Coréia do Sul. Para que o mercado de divisas e o balanço de pagamentos estejam em equilíbrio é possível adotar vários tipos de regimes cambiais. O regime cambial possui duas acepções. A primeira é chamada de regime cambial e é o conjunto de características resultantes das leis, normas e práticas, que regulamentam as transações com moedas estrangeiras na economia. A segunda acepção faz menção ao sentido econômico de regime cambial e, neste, tem-se a regra básica de como se estabelece a taxa de câmbio do país, ou seja, de que regime o governo optará. Atualmente pode ser observado que grande parte dos Estados tem optado pelo regime cambial-flutuante ou fixo e até uma variação entre estas duas opções.
O Brasil, ao longo do tempo, utilizou-se de vários tipos de regimes cambiais como o câmbio fixo, as bandas cambiais e o câmbio flutuante, que tem sido a opção do governo brasileiro na última década. Ao adotar uma determinada política cambial o país sofre efeitos que repercutem de maneira direta na economia interna e, indiretamente, também interferem nas economias dos países que se relacionam comercialmente com o mesmo. Em 2011 foi publicado um relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC, 2011), no qual países como o Brasil questionaram a forma prática com que outros países como China e Estados Unidos da América atuam no mercado cambial, pois se suspeita que estes podem estar utilizando-se de mecanismos de desvalorização cambial, que causariam efeitos negativos na economia de países parceiros. Segundo este mesmo relatório, a este respeito a OCDE, em particular, estudou o impacto do comércio de mudanças nas taxas de câmbio para três maiores economias do mundo, ou seja, os Estados Unidos, a zona do euro e China (OECD, 2011).
Este estudo apresentou o seguinte resultado: em detalhes, mostrou que o valor do comércio entre os Estados Unidos e China seria mais afetado por mudanças de moeda diferenteda área EUA-euro ou da área China-euro. Assim, o desequilíbrio comercial entre os Estados Unidos e a China seria devido a uma série de fatores, dos quais a taxa de câmbio é (apenas) um. Diante deste contexto, a questão cambial é um fator de grande importância no
crescimento da economia dos países e está ligada diretamente a variáveis como taxa de câmbio, balanço de pagamentos, além de outras variáveis que podem indiretamente alterar a economia do país e o cenário internacional do mesmo.
Em vista disso, este trabalho teve como objetivo fazer um levantamento do comportamento histórico das contas externas brasileiras, tendo-se como foco: o saldo da balança comercial, a evolução das exportações e a variação da taxa de câmbio.
Além disso, fez-se um breve relato das políticas cambiais adotadas pelos governos federais do Brasil, ao longo de sua história contemporânea.
Câmbio fixo
O câmbio fixo é uma arma potente para acabar com processos inflacionários crônicos. Isso porque quando fixamos o valor da moeda ao do dólar, por exemplo, o governo fica impedido de imprimir muita moeda – e uma taxa elevada de impressão de moeda tenderia a gerar inflação.
Se o governo imprime muita moeda, as pessoas vão usar parte dessa moeda que lhes cai nas mãos para comprar dólar como proteção à inflação. E, no regime de câmbio fixo, o governo é obrigado a satisfazer essa demanda por dólar à paridade estipulada. À medida que mais gente vai trocando real por dólar, o dólar das reservas do governo acabam (e claro, com exceção dos EUA, nenhum governo pode imprimir dólar!). Portanto, para manter um regime de câmbio fixo, o governo precisa parar de imprimir moeda a alta velocidade. Aí a inflação morre.
O problema desse regime é que ele é muito frágil. Qualquer coisa que gere uma corrida para comprar dólar detona o sistema, pois o governo precisa vender os dólares demandados para manter a paridade. Mas suas reservas cambiais não são infinitas! E se você desconfia que amanhã o regime não estará mais de pé, o que você faz hoje? Compra dólar enquanto pode, ora. Assim, essa antecipação, em si, destrói obviamente o regime já hoje.
Câmbio flutuante
Esses distúrbios não ocorrem num sistema de câmbio flutuante, pelo simples fato de o governo não garantir paridade nenhuma. Nesse regime, se aumenta a demanda por dólar por algum motivo (medo de confisco, medo de inflação, risco político, oportunidades de investimento mais interessantes fora do país, etc.), o que acontece é uma depreciação do câmbio nominal. Pura lei da oferta e da demanda: se há mais procura por dólar, seu valor sobe, ou seja, a moeda doméstica se enfraquece. A taxa de câmbio que você vê no jornal vai, por exemplo, de R$ 3,50 para R$ 4.
O sistema de câmbio flutuante é similar a um amortecedor de choques, e essa é sua característica principal. Um exemplo deixa o mecanismo bastante claro. A China que crescia vertiginosamente comprava do Brasil minério de ferro e outras commodities a taxas também vertiginosas. Mas quando o crescimento lá na terra do Dragão começou a fraquejar, a demanda por nossas commodities caiu. Portanto, menos dólares entraram no país via exportações. Porém, e aí está a beleza da coisa, essa menor entrada de dólares faz com que nossa moeda perca valor (com menor oferta de dólar, o valor do dólar sobe). Assim, os dólares do exportador passam a valer mais em real, compensando em parte as perdas advindas do menor volume de vendas. Em outras palavras, quando o câmbio flutua, a economia aguenta melhor o impacto de choques externos.
Regimes Cambiais no Brasil
O mercado de câmbio brasileiro possui uma lógica intervencionista em sua essência, pois as oscilações nas exportações principalmente de commodities, como café e soja, sempre tiveram papel fundamental na economia do país. Tais oscilações podem causar crises no mercado de divisas, bem como no saldo do Balanço de pagamentos.
Neste aspecto, o Brasil passou por vários regimes cambiais, desde o padrão ouro, ao Breton Woods, entre outros. Por isso, serão apresentados, de maneira breve, os principais regimes cambiais adotados pelo país ao longo de sua trajetória econômica.
De 1889 até outubro de 1917, o mercado cambial gozava de completa liberdade nas operações. De outubro de 1917 a novembro de 1926 iniciaram-se os sistemas de controle cambial das operações financeiras, que objetivavam diminuir as remessas de valores para o exterior, em decorrência da situação de guerra. Além disso, buscava-se acabar com as especulações exercidas pelos bancos privados no mercado cambial.
Entre 1927 a 1930, houve uma crise na produção interna, levando o governo a um saneamento monetário, pelo qual se deram a quebra do padrão da moeda brasileira e a estabilização do câmbio pela criação da Caixa de Estabilização. Neste momento, a política monetária adotada foi a de fixação da taxa cambial a um alto nível de desvalorização.
Nos anos de 1931 a 1938, adotou-se a política cambial de controle direto do mercado de câmbio, com o monopólio cambial sendo exercido através do Banco do Brasil. No período de 1939 a 1946 ocorreu o retorno à liberdade cambial.
O sistema vigente, antes de 1953, era o de taxas fixas e supervalorizadas, com licenças de importação e muitos controles. Neste período, as operações de câmbio baseavam-se em um sistema de múltipla licitação e tinham como base a diferenciação de taxas cambiais para incentivar as exportações. Já as importações passaram para o sistema por vendas em leilão de licenças de câmbio.
Em razão desta política cambial, os exportadores sentiram-se desestimulados e
isto
levou o governo a adotar políticas de estímulo às exportações. Este período foi marcado pelo desestímulo da produção nacional de alguns bens.
A partir de 1961, o Brasil adequou-se ao sistema Bretton Woods e adotou a taxa de câmbio fixa com ajustamentos esporádicos e, em algumas situações, utilizava-se mecanismos para desvalorizar o câmbio em até 10% se necessário. Havia intervalos entre as variações cambiais e, nestes momentos, a taxa cambial ficava defasada em relação à inflação interna, causando instabilidade nas importações e nas exportações. Os reajustes ocorriam por períodos de 10 meses em média, deixando as exportações brasileiras relativamente mais caras entre os ajustamentos. Dada a previsibilidade de novas desvalorizações, os parceiros comerciais do Brasil acabavam por adiar ou paralisar as importações do mercado brasileiro, esperando que taxas mais atrativas fossem estabelecidas.
As importações, por sua vez, tornavam-se relativamente mais baratas e acabavam subsidiadas por uma queda real da proteção tarifária. O período de vigência do sistema Bretton Woods, no Brasil, foi marcado pela especulação, o que pode ser explicado pela fixação das taxas de câmbio por longos períodos, as quais eram acompanhadas por taxas de inflação contínuas. A desvalorização cambial acontecia para minimizar os efeitos nocivos da inflação e isto permitiu a elevação significativa de entrada de capital estrangeiro no país. As desvalorizações ocorriam sempre no início do ano e, prevendo novas desvalorizações cambiais, era comum acontecerem saídas de capital esporádicas.
Em decorrência de um processo inflacionário, em agosto de 1968, o governo brasileiro apresentou um novo sistema cambial, baseado em minidesvalorizações, ou seja, variações pequenas e frequentes na taxa cruzeiro/dólar, com o objetivo de extinguir as especulações do período anterior. A partir deste período, o Banco Central passou a informar as variações cambiais, por meio de comunicados nos quais informavam sobre novas taxas de venda e compra para o dólar. Este mecanismo era o mais adequado para neutralizar os efeitos nocivos da inflação sobre o balanço de pagamentos. A política cambial de minidesvalorizações tinha como método a Paridade de Poder de Compra relativa (PPC).
Dentro dos critérios da PPC, a desvalorização da moeda tem que ser igual à diferença entre a inflação doméstica e a internacional, com os outros fatores constantes. Estes critérios evitam a deterioração nas contas externas, preservandouma taxa de câmbio real constante.
De 1984 a fevereiro de 1986, a política foi suspensa pelo Plano Cruzado e, a partir deste momento, a frequência das desvalorizações aumentou. Ao fim de 1985, as desvalorizações eram pré-anunciadas diariamente. Entretanto, no fim de 1986, a política cambial de minidesvalorizações retornou.
Em 1990, o governo estabeleceu o regime de câmbio flutuante administrado, modelo em que o BACEN interviu nas oscilações para manter o preço esperado do dólar. Para Zini (1995), a diferença entre o sistema de minidesvalorizações cambiais e o sistema de câmbio flutuante administrado é que, até 1989, o BACEN estabelecia diariamente as taxas a serem praticadas pelo mercado de divisas e, após 1990, a responsabilidade de manter a paridade cambial ficou mais elástica.
No período entre 1990 a 1994, a política cambial baseou-se em um regime de câmbio semi-fixo e, neste, ocorriam desvalorizações diariamente. De 1994 a janeiro de 1999, período em que foi implantado o Plano Real na busca da estabilidade monetária, o regime utilizado pelo governo foi o de bandas cambiais. Segundo Baumann (2004), este regime de bandas de flutuação foi uma tentativa de introduzir flexibilidade na taxa de câmbio nominal, com o intuito de responder às mudanças nas condições externas e internas do país para que o mercado estivesse ciente do valor do câmbio. Desta maneira, poder-se-ia estabilizar as expectativas.
Além disso, no Plano Real, o regime cambial possuía o papel de âncora e, assim, uma vez fixada a taxa de câmbio, outras variáveis macroeconômicas nominais se ajustavam, não afetando as variáveis reais, o que contribuiria para a estabilização dos preços. Para garantir âncora cambial necessária para a manutenção da estabilidade econômica e contenção da inflação, seria necessária a livre entrada de importados para fazer frente aos abusos de preços, o que, certamente, era facilitado pela apreciação do real.
Após a crise cambial de janeiro de 1999, resultante, entre outros fatores, da elevada vulnerabilidade externa do país, o Brasil adotou um novo modelo de política econômica, baseado nas seguintes características: regime de câmbio flutuante e sistema de metas de inflação conforme publicação do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES, 2008).
Segundo Cardoso (2001) ao fim do regime de bandas cambiais, o mercado de divisas no Brasil passou a apresentar livre flutuação, diminuindo a previsibilidade de comportamento da taxa. No entanto, como se sabe, a livre flutuação impõe riscos aos agentes econômicos, desta maneira necessitando a utilização do mercado futuro de taxas de câmbio. No primeiro mês e meio que se seguiu à mudança, a taxa de câmbio disparou, impulsionada pelo desequilíbrio no mercado de câmbio, desvalorizando-se em cerca de 60%. Nos anos seguintes, houve a introdução da política de câmbio flutuante “sujo”, quando o Brasil passou a apresentar resultados positivos em sua balança comercial. Após 2003, o Governo Federal adotou uma política de estímulo às exportações, o que conduziu a resultados melhores, conforme citou Souza (2008).
Em uma publicação do Banco Central do Brasil, em janeiro de 2009, este órgão federal ressaltou a importância do estabelecimento da taxa de câmbio, que é certamente o regime mais adequado para uma economia grande e relativamente fechada como a brasileira. Se o Brasil não tivesse flutuado o real em 1999, teria certamente seguido o mesmo caminho nos anos seguintes e, possivelmente, em condições muito piores (BACEN, 2009).
Para ressaltar a importância desta variável macroeconômica tem-se um estudo realizado pela Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP, 2013), em uma amostra de dados de 188 países, no período de 1950 a 2010. Evidências mostram que desvalorizações cambiais podem ter efeito positivo sobre o crescimento econômico. Segundo as estimativas, uma desvalorização cambial da ordem de 10% resultaria, em média, no aumento de 0,17 pontos percentuais da taxa de crescimento do PIB per capita. As alterações seriam mais expressivas nos países de menor renda: elevação de 0,25 pontos percentuais na taxa de crescimento de países com renda de até US$ 2.000,00 e de 0,12 pontos percentuais em países com renda superior a US$ 10.000,00.
Para o caso brasileiro, o estudo mostrou que o grau de repasse estimado aos preços de importação situou-se em torno de 75% da variação cambial. Já o repasse cambial ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) correspondia a 7,9%, isto é, uma desvalorização de 10% do câmbio que aumentaria a inflação ao consumidor em 0,79 pontos percentuais, no decorrer de 12 meses.
Com isso, pode-se afirmar que a relação entre taxa de câmbio e comércio internacional pode resultar em melhores ou piores resultados para a balança comercial brasileira alterando, indiretamente o PIB do país.
Considerações finais
O regime de câmbio é um elemento importante de um projeto de desenvolvimento. É um fator excencial para o crescimento econômico, a administração do cambio deve ser compreendida como um instrumento crucial o qual deve fazer parte de um projeto de desenvolvimento. Verificamos que a forte relação o qual a taxa de cambio influencia diretamente nas exportações e importações. Pois a cada movimento tanto para cima como para baixo altera o resultado da balança de pagamentos. A forma a qual o cambio flutua, ou seja fixo, afeta diretamente os setores da economia.
Neste trabalho buscamos apresentar os tipos de cambio, e como estes foram utilizados pelo governo brasileiro. Concluimos que é de fato que as exportações brasileiras cresceram ao longo do período analisado e estes resultados positivos refletem diretamente no saldo do balanço de pagamentos. Estes bons resultados são fruto de políticas de incentivo ao exportador, bem como da adoção de regimes cambiais que favoreceram a competitividade dos produtos brasileiros no comércio internacional. A escolha do regime cambial foi fundamental para os resultados obtidos.
Desde os anos 30 no Brasil se utilizou o regime cambial fixo, estes os quais foram adaptados com o passar dos anos e governos os quais governaram o país . Esta forma de regime cambial fixo perpetuou até os anos 90. Quando entre os anos de 1990 a 1994 o Brasil se utilizou de uma política cambial semi-fixa. No período entre 1994 e 2014, o Brasil teve um cenário macroeconômico estável, com controle da inflação, o que possibilitou a adoção de políticas de comércio internacional mais eficazes. É evidente que os regimes cambiais são importantes para o sucesso das exportações e consequentemente os superávits na balança comercial e, desta maneira, contribuem para melhores resultados do PIB nacional.
(BACEN, ; FIESP, ; ZINI JÚNIOR, 1995; BAUMANN; CANUTO; GONÇALVES,
2004; CARDOSO, 2011)
Referências
BACEN. 10 anos de câmbio flutuante no Brasil. Disponível em: <https://www.bcb.gov. br/Pec/ApPron/Apres/10AnosDeCambioFlutuantevf.pdf>. Acesso em: 26/11/2018.
BAUMANN, Renato.; CANUTO, Otaviano.; GONÇALVES, Reinaldo. Economia Internacional: teoria e experiência brasileira. São Paulo: Atlas S.A, 2004.
CARDOSO, Eliana. A Crise Monetária no Brasil: Migrando da Âncora Cambial para o Regime Flexível. Revista de Economia Política, v. 21, n. 3, p. 146 – 165, Julho 2011. Disponível em: <http://www.rep.org.br/PDF/83-8.PDF>. Acesso em: 26/11/2018.
FIESP. Estudos sobre a Taxa de Câmbio no Brasil. FIESP, 2013. Disponível em: <www.fiesp.com.br/arquivo-download/?id=139236>. Acesso em: 26/11/2018.
ZINI JÚNIOR, Álvaro Antônio. A taxa de câmbio e a política cambial no Brasil. 2. ed. [S.l.]: EDUSP, 1995.

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