Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANEMIAS Hematologia Clínica Profª Marilene de Souza ANEMIA • Redução do número de eritrócitos ou da concentração de hemoglobina no sangue Média: 13 a 15 g/dL Definição • Síndrome clínica e quadro laboratorial caracterizado por: – ↓ Hematócrito – ↓ Hemoglobina – ↓ Hemácias/ volume de sangue. • O hematócrito e níveis de hemoglobina variam: – Fase do desenvolvimento – Estimulação hormonal – Tensão de O₂ no ambiente – Idade e sexo. Dados Epidemiológicos • Prevalência mundial média: 30% (principalmente crianças e gestantes) ; • Acomete 21 a 80% das gestantes em todo o mundo (variável por regiões); • Causa mais comum: Deficiência de Ferro (VCM, HCM e CHCM , microcitose e hipocromia); Classificação das Anemias • Critérios: 1. Morfológico 2. Fisiopatológico Classificação Morfologi a • Diminuição da produção • Destruição ↑ (hemólise) • Perdas hemorrágicas • Microcítica • Normocítica • Macrocítica Fisiopatologi a 1. Morfológica 1.1 – Normocíticas normocrômicas: anemias hemolíticas e aplasias medulares; 1.2 – Microcíticas e hipocrômicas: volume pequeno, déficit de Hb – incluem as anemias ferroprivas, talassemias; 1.3 – Macrocítica e normocrômicas: Hm de grande volume – pode ser sem megaloblastos ou com a presença destes: anemias megaloblásticas, por deficiência de B12 e folatos; 1.1 - Anemias normocíticas e normocrômicas Anemias hemolíticas congênitas Anemias hemolíticas adquiridas Perda de sangue aguda Anemia da doença crônica ou da inflamação Insuficiência renal crônica Aplasia pura ou adquirida da série vermelha Aplasia de medula óssea congênita ou adquirida Infiltração tumoral da medula óssea Hiperesplenismo 1.2 - Anemias microcíticas e hipocrômicas Anemia Ferropriva Síndromes talassêmicas Anemia da doença crônica ou da inflamação Envenenamento por chumbo Anemia sideroblástica 1.3 - Anemias macrocíticas e normocrômicas Anemia megaloblástica Aplasia de medula óssea congênita ou adquirida Aplasia pura ou adquirida da série vermelha Medicamentos que interferem na eritopoiese 2.1 - Diminuição/ Deficiência da produção de Hm a. Elementos essenciais: Fe, Ác.Fólico, B12, proteínas b. Deficiências eritropoéticas c. Infiltrações medulares (leucemias, mielomas...) d. Endocrinopatias e. Insuficiência renal crônica 2. Fisiopatologia 2.2 – Destruição ↑ (hemólise) a. Corpusculares: Defeitos de membrana, enzimopatias, hemoglobinopatias, anemia sideroblástica, b. Extracorpusculares: iso e auto-anticorpos, hiperesplenismo, traumas mecânicos (próteses), infecções (malária ) 2. Fisiopatologia 2.3 – Perdas hemorrágicas: a. Hemorragias agudas; b. Hemorragias crônicas. 2. Fisiopatologia Deficiência de produção de eritrócitos • Falta de tecido eritropoiético: – Destruição – Estimulantes (EPO)↓ – Congênita. • Invasão da medula óssea por elementos malignos. • ↓ Elementos essenciais à eritropoiese: – Ferro – Folato – Vitaminas B 12, B 6 e C. Excesso de destruição de eritrócitos (Hemólise) • Agressão ao eritrócito: – Toxinas – Parasitas – Imunológica • Defeito do eritrócito: – Arquitetura da membrana – Enzimático – Hemoglobina anormal • Hiperesplenismo. Perdas hemorrágicas • Agudas: – Traumas – Cirurgias – Hemorragias nos tratos gastrintestinal e genital • Crônicas: – Úlceras – Tumores intestinais – Parasitas intestinais – Menstruações abundantes Diagnóstico Clínico • As manifestações clínicas são decorrentes da redução da capacidade transporte de O₂ no sangue e menor oxigenação dos tecidos (hipóxia): Palidez Tontura Falta de interesse e atenção Perversão do apetite e anorexia Irritabilidade Cefaléia Debilidade física Dispnéia aos esforços Depressão imunológica Diagnóstico Laboratorial Homem Mulher Criança até 8 anos. Idoso > 60 anos Hc 4,22 - 6,05 3,95 – 5,05 4,07 – 5,37 3,9 – 5,36 Hg (g/dl) 12,6 – 16,6 12 – 15,8 10,9 – 14 11,5 – 15,1 Ht (%) 37,8 – 53,6 33 – 47,8 33,4 – 44,5 32,6 – 44,3 VCM (HTx10/Hc) 82 - 98 82 - 98 72,9 – 85,2 72,5 – 86,5 HCM (Hbx10/Hc) 26,8 – 32,9 26,2 – 32,6 23,2 – 31,7 27 - 31 CHCM (Hbx 100/Ht) 32 - 36 32 - 36 32,2 – 34,1 32,6 – 34,3 Diagnóstico Laboratorial • Contagem de reticulócitos: – 0,5 a 2,0%, em nº absolutos 25.000 a 75.000/ µl. <0,5% = insuficiente produção medular. >2,0% = hiperprodução medular. • Mielograma: – Normoblástica: Fe, hemólise, infecção. – Hiperplasia da série vermelha: ↓ Fe e hemólise. – Hipoplasia. – Eritropoiese megaloblástica: ↓ folato e vitamina B 12. Caracterização das anemias Tipo de Anemia CHCM VCM Normocítica >30 80 – 90 Macrocítica >30 >94 Microcítica <30 <80 Hipocrômica microcítica <30 <80 Anemia Ferropriva • Mais frequente ( atingindo 40 a 50% das crianças < 5 anos). • Deficiência de Ferro: – Aumento da necessidade – Excesso de perda – Má absorção GI de Fe – Dieta deficiente em Fe – Anemia materna – Hemólise neonatal Anemia Ferropriva Quadro Clínico • Instalação gradual (estágio ↓ Fe corporal) • Sintomatologia característica: – Sintomas gerais da anemia – Glossite atrófica – Perversão alimentar – Disfagia intensa – Amenorréia – Diminuição da libido – Queda do rendimento intelectual Anemia Ferropriva Diagnóstico Laboratorial • Hemograma: – ↓ Hb, Ht, VCM, HCM, CHCM • Esfregaço : microcitose e hipocromia, pode haver poiquilocitose e hemácias em alvo. • Ferro Sérico ↓ : < 70µg/dl (VR:115 ± 50) • Transferina ↑ : > 400µg/ml • Saturação da transferrina ↓ : < 15% • Ferritina sérica ↓ : <10ng/ml Anemia Ferropriva Diagnóstico Laboratorial Hemácias normais Hemácias microcíticas e hipocrômicas Anemia Ferropriva Diagnóstico Laboratorial • Reticulócitos: normais ou levemente elevados • Mielograma: hiperplasia eritróide; ↓ grânulos de Fe nos normoblastos; quase ausência de Fe corável ou ferritina. • Prova terapêutica: pode substituir comprovação laboratorial. – Administração oral de Fe, com aumento significativo dos reticulócitos em 1 semana e da Hb em 1 mês. Anemia Ferropriva Tratamento • Correção da causa de espoliação do Fe. • Adequação dietética. • Sais de Fe via oral : – 3 a 4 mg de Ferro elementar/Kg/dia (dividido em 2 a 3 tomadas, às refeições) Outras Anemias • Anemia megaloblástica – Carência de ácido fólico e vitamina B12. – Eritropoiese ineficaz por comprometimento da biossíntese do DNA. – Resultam em macrócitos de VCM e HCM aumentados. Megaloblastos Outras Anemias • Anemia Hemolítica – Defeitos intrínsecos ou extrínsecos dos eritrócitos que alteram integridade celular. – Destruição excessiva de hemácias com redução da sobrevida. Ex: Enzimopatia (deficiência de G6PD) Hemoglobinopatia (anemia falciforme, talassemia) Hemácias em foice e algumas em alvo Outras Anemias • Anemia Aplástica – Transtorno quantitativo de células precursoras caracterizada por comprometimento de todas as linhagens celulares: anemia, leucopenia e trombocitopenia. – Aplasia ou hipoplasia da medula óssea. Medula normal Medula na anemia aplástica grave Outras Anemias • Anemia de doença crônica – Deficiência de produção ou resistência a EPO. – Associada a inflamações e neoplasias. – Normocítica e normocrômica. Anemia Fisiopatologia Etiopatogenia Morfologia Ferropriva Eritropoiese insuficiente Carência de Fe Microcítica e hipocrômica Aplástica Transtorno quantitativo de células precursoras Congênita ou adquirida: Idiopática e Secundária Normocítica e normocrômica Megaloblástica Eritropoiese ineficaz Carência de Vit. B12 ou folato Macrocítica Hemolíticas Destruição acelerada de eritrócitos Congênita ou adquirida Macrocítica *Algumas normocíticas Doenças crônicas Deficiência ou resistência à EPO Sintomática de Inflamações e Tumores Normocítica e normoicrômica REFERÊNCIAS LORENZI, T. F. Manual de Hematologia –Propedêutica e clínica. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. ZAGO, M. A; FALCÃO, R. P; PASQUINI, R. Hematologia –Fundamentos e Prática. 1ª. ed. São Paulo: Atheneu, 2004. RAVEL, R. Laboratório Clínico.6ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. CARVALHO, M. G; SILVA, M. B. S. Hematologia –Técnicas laboratoriais e interpretação. 1ª. ed. Belo Horizonte: UFMG, 1988. VERRASTRO, T; LORENZI, T F; NETO, S W. Hematologia e Hemoterapia – Fundamentos de Morfologia, Fisiologia, Patologia 1ª. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
Compartilhar