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apostila TGP 3°período

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1 
 
 1 
DISCIPLINA 
Teoria Geral do Processo 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
Básica 
DINAMARCO, Cândido Rangel; LOPES, Bruno Vasconcelos Carrilho. TEORIA GERAL DO NOVO 
PROCESSO CIVIL. São Paulo: Malheiros, 2016. 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL em vigor. 
 
Complementar 
THEODORO JR., Humberto. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL. V1. São Paulo: Grupo GEN 
Editora Forense, 2017. 
MARINONI, Luiz Guilherme. TEORIA GERAL DO PROCESSO, v1., São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2017. 
MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio; MITIDIERO, Daniel. CURSO DE PROCESSO CIVIL, 
v. 2: Tutela dos Direitos Mediante Procedimento Comum. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2017. 
WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. CURSO AVANÇADO DE PROCESSO CIVIL. V1: 
TEORIA GERAL DO PROCESSO. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. 
DIDIER JR. Fredie. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL. V. 1. Salvador: Juspodivm, 2017. 
MEDINA, José Miguel Garcia. Direito Processual Civil Moderno. Volume único. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2017. 
GONÇALVES, Marcos Vinícius Rios. DIREITO PROCESSUAL CIVIL ESQUEMATIZADO. São Paulo: 
Saraiva, 2017. 
 
AULA 1: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA E CONCEITOS BÁSICOS 
 
1. Direito Processual 
Ramo de direito público do estudo do direito composto por um conjunto de normas jurídicas 
aplicáveis para a obtenção da tutela jurisdicional. O processo é estudado como teoria geral, 
composto por regras e princípios gerais aplicáveis a todo tipo de processo e também nos 
ramos específicos conforme a especialidade da matéria: civil, constitucional, trabalhista e 
penal. 
 
2. Institutos Fundamentais do Direito Processual 
A doutrina enumera institutos fundamentais que devem ser estudados de modo organizado: 
jurisdição, ação, defesa e processo. 
 
3. A nova teoria geral do processo 
As transformações da metodologia jurídica também influenciam o direito processual. O 
reconhecimento da força normativa da Constituição, o desenvolvimento da teoria dos 
princípios, a expansão dos direitos fundamentais e a transformação da hermenêutica jurídica 
com o reconhecimento do papel criativo e normativo da atividade jurisdicional, permitiram o 
desenvolvimento da ideia de que a função jurisdicional é essencial ao desenvolvimento do 
direito. O direito positivo passa a ter um conteúdo mínimo ético, pautado no valor da 
dignidade da pessoa humana. 
2 
 
 2 
4. Constitucionalização do Direito Processual 
Fenômeno típico do direito contemporâneo em que se observa uma incorporação dos textos 
constitucionais em normas processuais. Estas passam a ser dispostas como direitos 
fundamentais e parâmetro de identificação de um modelo constitucional de processo. As 
normas processuais infraconstitucionais passam a ter o papel de concretizar a Constituição, o 
que levou ao aprimoramento da Jurisdição Constitucional e da aproximação entre 
processualistas e constitucionalistas. 
 
Artigo 1º do Novo CPC: “O processo civil será ordenado, disciplinado e 
interpretado conforme os valores e as normas fundamentais 
estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, 
observando-se as disposições deste código.”. 
 
O forte caráter simbólico deste artigo permite constatar a constitucionalização das normas 
processuais e a importância dos valores constitucionais para o desenvolvimento do processo. 
Trata-se de norma elementar de um sistema constitucional, dada a sua obviedade, mas possui 
caráter pedagógico para demonstrar a posição do legislador que reconhece a força normativa 
da Constituição. 
 
5. Processo e Direito Material 
“Processo é um método de exercício da jurisdição” (DIDIER, p. 37). A situação jurídica 
carecedora de tutela jurisdicional é o direito material processualizado. Em todo processo há 
um direito material subjacente, razão pela qual não pode haver processo neutro pois o direito 
material é seu objeto. 
Por esta razão, o processo serve à situação jurídica posta (direito material) e deve ser 
estruturado compreendido e estruturado para servir de instrumento de tutela. 
 
Relação circular entre direito material e processo: “O processo serve 
ao direito material, mas para que lhe sirva é necessário que seja 
servido por ele” (CARNELUTTI apud DIDIER JR.). Existem dois planos 
distintos: direito processual e direito material. Mas há um nexo de 
finalidade que une estes planos, capaz de unir o instrumento (direito 
processual) ao objeto (direito material). 
 
6. Escopos do Processo 
Escopos, são os objetivos que devem ser alcançados por meio do processo. Sendo o processo 
um instrumento do direito, possui os seguintes escopos: 
• Social – pacificador e educador; 
• Político – estabilidade às instituições políticas e exercício da cidadania; 
• Jurídico – atuação da vontade concreta do DIREITO. 
 
Teoria Dualista do Direito Teoria Unitária do Direito 
• Ordem jurídica em dois planos distintos; 
• Direito material e substancial  Direito 
Processual; 
• Decisão judicial REVELA a norma 
destinada a reger o caso em julgamento. 
• Ordenamento jurídico unitário; 
• Processo e direito material unidos; 
• Decisão judicial CRIA direitos. 
 
7. Fontes do Direito Processual 
O estudo da Teoria Geral do Processo é fruto da autonomia científica alcançada pelo direito 
processual. Tem como foco o estudo do complexo de regras e princípios que regem o exercício 
3 
 
 3 
da jurisdição, da ação e do processo. Indicar a fonte do direito significa saber identificar a 
criação da norma jurídica e o modo como o direito se manifesta. 
 
Formais Não Formais 
• - Primária: Lei 
• Secundária: 
- Analogia, costumes, princípios gerais do 
direito; 
- Súmulas vinculantes do STF; 
- Precedentes judiciais vinculantes. 
- Doutrina; 
- Precedentes judiciais não vinculantes. 
 
8. Tipos de Direito Processual 
Pela visão unitarista, a teoria geral do processo configura uma estrutura básica que permite 
uma condensação científica e metodológica dos principais conceitos e princípios que 
nortearão a atividade jurisdicional. Assim, o direito processual interno pode ser dividido em: 
 
Direito Processual Civil Direito Processual Penal 
Comum Especial Comum Especial 
• Processual do 
Trabalho; 
• Processual 
Eleitoral. 
• Processual Militar; 
• Processual 
Eleitoral. 
 
AULA 2: NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
 
1. Evolução histórica do direito processual 
• ANTIGUIDADE – Teoria imanentista: confusão entre processo e direito. Direito 
Processual não era reconhecido como ciência autônoma. Direito Processual fazia parte 
do direito material. O processo era oral e solene. Início do desenvolvimento de 
procedimentos. 
• IDADE MÉDIA – No período do formulário (fórmulas escritas), o direito e processo ainda 
se confundem. Simbiose entre o direito do império romano e o direito dos bárbaros, 
fundado em ritos e superstições. Início do desenvolvimento do processo no Direito 
Romano: base escrita, princípios e regras na extraordinária cognitio. 
• MODERNIDADE – processo como ciência, separado do direito material. Pressupostos 
processuais próprios, diferentes das relações de direito material. Amplo 
desenvolvimento do direito processual: natureza, conceitos, classificações e estudo de 
seus institutos fundamentais. Fase do processualismo: Oskar Von Bülow, Chiovenda, 
Carnelutti, Liebman e Capeletti, são alguns dos doutrinadores clássicos essenciais. 
• CONTEMPORANEIDADE – Fase do neoprocessualismo ou do formalismo valorativo. 
Busca de acesso à justiça e de satisfação mediante a atividade jurisdicional. Juris-
satisfação. Reaproximação do direito com a moral permite a abertura do direito 
processual para a compreensão constitucional do processo. Influência do 
neoconstitucionalismo. Processo como instrumento de obtenção da justiça. Busca-se a 
tutela jurisdicional efetiva. 
 
1.1. Fases do Direito Processual (Fredie Didier Jr.) 
1) Praxismo ou sincretismo – o processo era a realização prática do direito material e não 
havia preocupação científica com o seu desenvolvimento. 
2) Processualismo – o direito processual desenvolve-secomo ciência autônoma ao ser 
separado do direito material. 
4 
 
 4 
3) Instrumentalismo – relação circular de interdependência entre o direito processual e o 
direito material. O desenvolvimento do processo como ciência pauta-se na 
característica da efetividade. 
4) Neoprocessualismo – com fundamento no neoconstitucionalismo, esta fase também é 
denominada de formalismo valorativo. 
 
Neoprocessualismo Formalismo valorativo 
▪ Originário do neoconstitucionalismo; 
▪ Revisão das categorias processuais a partir 
de novas premissas teóricas (“neo”); 
▪ Jurisdição, ação, defesa e processo 
repensados a partir do Estado 
Constitucional e da Teoria dos Direitos 
Fundamentais. 
▪ Doutrina de Carlos Alberto Álvaro de 
Oliveira (UFRGS); 
▪ Destaca a importância dos valores da 
Constituição e reforça aspectos éticos do 
processo (princípio da cooperação, devido 
processo legal e boa-fé processual); 
▪ Moralidade na aplicação das normas 
processuais. 
 
 
Observação: Tanto o formalismo valorativo como o neoprocessualismo pautam-se nas 
premissas do neoconstitucionalismo, que propõe uma revisão metodológica da teoria do 
direito a partir da reaproximação do direito com a moral, tendo por base a centralidade da 
Constituição no ordenamento jurídico (força normativa). 
 
1.2. Evolução do Processo Civil no Brasil 
• PERÍODO COLONIAL – Ordenações Filipinas, proclamadas em Portugal, regulavam as 
relações durante o Império. 
• CONSTITUIÇÃO de 1891 – Na república, estabeleceu-se a capacidade dos Estados de 
legislar sobre processo: Justiça dos Estados e Códigos Estaduais. 
• CONSTITUIÇÃO de 1934 – Unificação do direito processual: competência exclusiva da 
UNIÃO para legislar sobre processo civil: Código de 1939, 1973 e de 2015. 
 
2. Norma processual 
As normas processuais são regras e princípios de direito público estabelecidas pelo Estado 
brasileiro para a disciplina do exercício do poder jurisdicional. Possuem caráter instrumental, 
pois definem o modo como o conflito de interesses será examinado e a participação dos 
sujeitos no processo. Indicam o procedimento necessário para a composição da lide e solução 
da demanda. 
 
Normas processuais Normas procedimentais 
Só a UNIÃO institui: 
- Matéria processual. Ex: Código de Processo 
Civil. 
União, Estados e DF podem instituir: 
 - Procedimentos em matéria processual 
(art. 24, XI, Cf/88); 
 - Normas de organização judiciária (art. 96, I 
“a”e 125, §1º, CF/88). 
 
 
2.1. Norma processual no tempo 
O artigo 1.046 do CPC afirma que a lei processual tem aplicação imediata, sendo vedado efeito 
retroativo. A lei processual passa a vigorar 45 dias após a sua publicação (art. 1º, LINDB), salvo 
disposição em contrário. Respeita-se o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa 
julgada. 
5 
 
 5 
NOVO CPC – o novo Código teve vacatio de 1 ano após a sua publicação, por disposição 
expressa. Atingiu-se os processos em curso, respeitando a eficácia de atos já realizados 
(isolamento dos atos processuais). 
 
2.2. Norma processual no espaço 
Pelo princípio da territorialidade, as normas processuais são aplicadas em todo território 
brasileiro. Não se aplica lei processual estrangeira por juiz nacional. 
 
2.3. Normas convencionais e negociação processual 
O novo Código estabelece no artigo 190 que as partes podem convencionar mudanças no 
procedimento para melhor adequá-lo à causa, cabendo ao juiz o controle de validade das 
convenções. A doutrina identifica este dispositivo como um negócio jurídico processual, pois 
se trata da possibilidade das partes estabelecerem mudanças na norma processual 
estabelecida pelo Estado no curso de uma relação jurídica processual de que façam parte. É 
importante que essa relação processual diga respeito a direito que admita a autocomposição, 
pois apenas interesses privados podem ser negociados desse modo. 
 
Normas cogentes Normas não cogentes 
Ordem pública Dispositiva 
Inderrogáveis Derrogáveis 
Interesse Público (Social) Interesse privado 
 
AULA 3: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL 
 
1. Princípios do novo direito processual 
No Código de 1973 os princípios eram considerados meramente como forma de supressão de 
lacunas no ordenamento jurídico. Isso se deve ao fato de que no início do século XX, os juristas 
se preocupavam em estudar as legislações, pois as Constituições não tinham muita 
importância normativa, já que eram consideradas apenas como consolidações de ideias 
políticas, servindo como um documento para organizar as estruturas do Estado. 
Em razão dos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, o chamado 
NEOCONSTITUCIONALISMO surgiu como um novo movimento teórico capaz de transformar os 
estudos de Direito Constitucional. A partir de então, desenvolveu-se a teoria de princípios e a 
teoria dos Direitos Fundamentais, teorias responsáveis por conferir validade ao ordenamento 
infraconstitucional. Desse modo, hoje podemos dizer que não existe ramo do Direito que não 
se relacione com a Constituição. 
 
2. Regras e Princípios 
Regras Princípios 
- Mandados de determinação; 
- Aplicados por subsunção; 
- Técnica do TUDO ou NADA; 
- Dimensão da VALIDADE e EFICÁCIA; 
- Aplicação direta do caso; 
- Em caso de conflito: critérios cronológico, 
especialidade e hierarquia. 
 
- Mandados de otimização; 
- Aplicados por sopesamento; 
- Técnica do MAIS ou MENOS; 
- Dimensão do VALOR; 
- Aplicação por interpretação; 
- Em caso de conflito: ponderação, peso e 
importância no caso concreto. 
 
 
6 
 
 6 
3. Princípios Constitucionais do Direito Processual 
• O Devido Processo Legal (Art. 5, LIV, CF): Conhecido como um supra princípio do 
direito processual, o devido processo legal é uma garantia contra o exercício abusivo 
de um poder. Com origens na Magna Carta inglesa, este princípio existe há mais de 
700 anos e surgiu na Inglaterra como fair trail, sendo posteriormente conhecido nos 
EUA como due process of law. Com previsão constitucional, este princípio indica a 
necessidade de apresentar ao cidadão um processo justo, não apenas em consonância 
com a lei, mas com todo o direito. Possui conteúdo normativo aberto. A jurisprudência 
do STF refere muito ao devido processo legal substancial, definindo-o como o 
fundamento da máxima da proporcionalidade, utilizado como parâmetro para aferir a 
constitucionalidade dos atos estatais. 
 
 
Devido processo legal FORMAL controla - a forma das decisões 
Devido processo legal SUBSTANCIAL controla - o conteúdo das decisões. 
 
• Princípio da eficiência (Art. 5°, LIV e Art. 37, CF): O processo devido é eficiente. A 
eficiência trata da atuação do Poder Judiciário tanto na administração da justiça como 
também na direção processual. A eficiência refere-se a um processo que geral 
satisfação com o seu resultado, não se confundindo com a mera ideia de eficácia. 
 
• Princípio da Igualdade (Art. 5°, caput, CF): Defende a igualdade de tratamento entre 
as partes da relação jurídica processual. É a paridade de armas: mesmas 
oportunidades no processo para ambas as partes. 
 
• Princípio da duração razoável do processo ou Celeridade (Art. 5, LXXVIII, CF): O 
devido processo legal é um processo com duração razoável. Este princípio surgiu com 
a Emenda Constitucional 45/2004, como resultado do Pacto de San José da Costa Rica, 
que o Brasil é signatário. Segundo a Corte Europeia dos Direitos do Homem, para saber 
se um processo chega ao fim em prazo razoável envolve: 
1) O comportamento dos litigantes e seus procuradores ou da acusação e da defesa; 
2) A complexidade do assunto; 
7 
 
 7 
3) A atuação do órgão jurisdicional. 
Assim, nem sempre um processo célere é possível, de modo que a duração razoável 
deve considerar esses fatos para determinar a possível morosidade da justiça e a 
desobediência a este princípio. 
• Princípio do Contraditório (Art. 5, LV, CF): É um princípio típico, previsto 
expressamente na Constituição Federal, expressão do Estado Democrático de Direito. 
Ele se aplica a qualquer tipo de processo(jurisdicional, administrativo e privado). O 
princípio do contraditório é a garantia de ser ouvido, de participar do processo 
(dimensão formal), e principalmente, de poder influenciar a futura decisão (dimensão 
substancial). O contraditório garante a ampla defesa, não é a toa que estão no mesmo 
artigo da Constituição. 
 
• Princípio da Ampla Defesa (Art. 5, LV, CF): A ampla defesa nada mais é que o aspecto 
substancial do contraditório (a possibilidade de influenciar a decisão jurisdicional), 
razão pela qual, na prática, se utiliza sempre o contraditório acompanhado pela ampla 
defesa. 
 
• Princípio da Publicidade do Processo (Art.5, LX, CF): O processo, para ser devido, 
precisa ser público, de modo a garantir o controle do exercício do poder. 
Diferentemente do que ocorre no direito americano, não é possível qualquer decisão 
sigilosa no Brasil (art. 93, XIV da CF). Toda decisão é pública. É possível haver restrições 
pontuais (e justificadas) à publicidade em razão da necessidade de proteção da 
intimidade e no interesse público. Ainda nesses casos, a decisão continua pública, mas 
com restrições. 
 
• Princípio da Imparcialidade do juiz (Art. 5, XXXVII, CF): É pressuposto da relação 
processual que somente será válida se o juiz for a parte imparcial e desvinculada das 
outras partes integrantes do processo. A impessoalidade é obrigação dos agentes 
estatais (Art. 37, CF). Caso se constate que o juiz é parcial ele pode ser considerado 
SUSPEITO ou IMPEDIDO. 
 
• Princípio do Juiz Natural (Art. 5, LIII, CF): A Constituição e as leis definem as 
competências dos juízes, designando qual órgão jurisdicional é responsável pela 
condução do processo. A regra estabelecida deve ser seguida, considerando-se o juiz 
natural da causa aquele que tem a competência para julgá-la conforme as normas 
constitucionais e infraconstitucionais. 
 
• Princípio da Publicidade (Art. 5, LX, CF): Os atos processuais são públicos. Este 
princípio assegura a correta aplicação da justiça. Os atos sempre serão publicados para 
proteger as partes de juízos arbitrários e conceder à opinião pública a possibilidade de 
controle dos atos da Justiça. Por meio deste princípio também deve ser observado a 
regra da motivação das decisões. 
 
• Princípio da Inafastabilidade do controle jurisdicional ou do acesso à justiça (Art. 5, 
XXXV, CF): É o princípio que garante o acesso à ordem jurídica justa. Importa não 
apenas garantir o acesso ao Judiciário, como Poder do Estado, mas também como 
garantia de acesso à tutela jurisdicional efetiva. 
 
• Princípio do duplo grau de jurisdição: Permite a interposição de recursos no processo 
para viabilizar a revisão das causas por outro juiz. É a possibilidade de revisão da 
8 
 
 8 
decisão, de segunda opinião, pois a sentença pode ter imperfeições ou incorreções 
que precisam ser corrigidas ou invalidadas. 
 
4. Outros Princípios 
O Código de Processo Civil ainda prevê a existência de outros princípios processuais derivados 
do devido processo legal e dos princípios constitucionais já expostos. A doutrina não é 
uniforme, mas entre os princípios indicados destacam-se o princípio da lealdade e da boa-fé 
processual, o princípio da motivação das decisões judiciais e o princípio da cooperação. 
 
AULA 4: JURISDIÇÃO – Parte I 
 
1. Jurisdição no Estado Constitucional 
 
1.1. Noção clássica 
Giuseppe CHIOVENDA – Criação da norma individual no caso concreto 
Francesco CARNELUTTI – Justa composição da lide 
 
1.2. Transformação do princípio da legalidade 
Para Marinoni, a concepção de direito tem sido completamente transformada porque a lei 
perdeu seu posto de supremacia por estar substancialmente amarrada aos direitos positivados 
na Constituição. A aceitação do Estado Constitucional deu novo conteúdo ao princípio da 
legalidade, porque incorporou o qualificativo “substancial”. Assim, o princípio da legalidade 
substancial afeta as concepções de direito e jurisdição. 
As antigas teorias sustentavam a ideia de supremacia da lei, em que o juiz apenas tinha a 
função de declarar o direito que já estava posto (positivismo jurídico). 
 
1.3. Modelo de juiz do Estado Constitucional 
O ordenamento jurídico deve ser compreendido a partir dos princípios constitucionais e dos 
direitos fundamentais, de modo que o juiz possui importante função interpretativa. De acordo 
com Marinoni, o processo civil precisa propor um conceito de jurisdição que seja capaz de 
abarcar esta nova realidade. 
O juiz do Estado constitucional deve ser capaz de tutelar o direito material mediante a 
observância de normas constitucionais e argumentação racional. 
 
1.4. Conceito atualizado de Jurisdição (DIDIER JR.) 
É um PODER atribuído a TERCEIRO IMPARCIAL para, mediante um PROCESSO, 
RECONHECER (CERTIFICAR), EFETIVAR OU PROTEGER SITUAÇÕES JURÍDICAS 
CONCRETAMENTE DEDUZIDAS, de modo IMPERATIVO e CRIATIVO, em decisão 
INSUSCETÍVEL DE CONTROLE EXTERNO e com APTIDÃO PARA A COISA JULGADA 
MATERIAL (tornar-se indiscutível). 
• PODER: a Jurisdição é um Poder, ao lado do Poder Legislativo e Executivo, como 
manifestação de soberania; 
• TERCEIRO: o ente que julgará será estranho ao problema que será julgado. 
Consequências de a função jurisdicional ser exercida por terceiro: 
9 
 
 9 
• IMPARCIAL: é necessário que, além de ser terceiro, o juiz não tenha com a causa 
qualquer interesse direto ou indireto; 
• PROCESSO: a Jurisdição pressupõe um processo anterior para legitimar o seu exercício. 
O devido processo legal é um pressuposto do exercício da jurisdição, que não se 
realiza instantaneamente; 
• RECONHECER (certificar), EFETIVAR ou PROTEGER: vai-se ao Judiciário buscando 
verificar se tem direito, efetivar um direito que já se tem reconhecido ou protegê-lo. 
• SITUAÇÕES JURÍDICAS CONCRETAMENTE DEDUZIDAS: toda a atividade jurisdicional 
recai em um problema concreto, nos limites em que foi submetido (congruência da 
sentença). As situações podem ser ou não conflituosas; 
• MODO IMPERATIVO: como manifestação de Poder, a solução dada pelo juiz à situação 
deduzida é imperativa e não opinativa; 
• MODO CRIATIVO: ao exercer a jurisdição, o juiz inova o sistema jurídico, pois, ao julgar, 
interpreta o direito e dele extrai/cria/revela uma norma para regular o caso concreto; 
• DECISÃO INSCUSCETÍVEL DE CONTROLE EXTERNO: A jurisdição não se submete ao 
controle de nenhum outro Poder, que não o próprio Poder Judiciário. Lei ou ato 
administrativo não podem interferir no que foi julgado, mas a Jurisdição controla atos 
dos demais poderes; 
• APTIDÃO PARA A COISA JULGADA MATERIAL: só as decisões judiciais têm aptidão para 
a coisa julgada, para se tornarem incontroláveis/indiscutíveis, até mesmo para a 
própria Jurisdição. Só atos jurisdicionais têm aptidão para a definitividade. 
 
2. Tutela jurisdicional 
Tutela é a proteção que o Estado, investido do poder jurisdicional, confere mediante o 
processo. Esta proteção obtida poderá ter diferentes finalidades: 
• TUTELA DE CONHECIMENTO – reconhecimento judicial; 
• TUTELA DE EXECUÇÃO – efetivação 
• TUTELA DE URGÊNCIA – proteção 
• TUTELA DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA – integração da vontade 
 
3. Jurisdição como PODER 
É expressão do poder estatal de decidir imperativamente e impor decisões (DINAMARCO). Por 
esta razão devemos entender que há apenas um poder, por isso a jurisdição e UNA. 
O juiz que exerce a jurisdição tem vários poderes: 
DECISÓRIO – de julgar 
DIRETIVO – de dirigir o processo 
INSTRUTÓRIO – determinar a produção de provas 
4. Jurisdição como FUNÇÃO 
O poder é único, mas na setorização das atividades do Estado é a função jurisdicional que é 
direcionada para a pacificação de conflitos. 
5. Jurisdição como ATIVIDADE 
Para exercer o Poder e efetivar a sua FUNÇÃO pacificadora, a jurisdição precisa ser exercida 
por meio de uma ATIVIDADE disciplinada pela Constituição e pela lei, sob pena de 
arbitrariedade. 
6. Princípios da Jurisdição 
• Princípio da Investidura: a jurisdição somente pode ser exercidapor quem tenha sido 
investido devidamente na função jurisdicional. 
10 
 
 10 
• Princípio da Inevitabilidade da Jurisdição: a jurisdição é inescapável. Mesmo que a 
pessoa não queira, não poderá deixar de se submeter à jurisdição, pois ela é um 
exercício de Poder, uma manifestação da soberania. 
• Princípio da Indelegabilidade: a função jurisdicional não pode ser delegada a outra 
pessoa. 
• Principio da Territorialidade: limitação ao exercício da jurisdição pelo juiz que a 
sempre a exerce sobre um dado território. O STF, por exemplo, tem jurisdição 
restrita ao território brasileiro. 
• Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição: a lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça de lesão a direito (garante a tutela preventiva: antes de 
sofrer lesão). Está previsto no art. 5º, XXXV da CF e garante o direito de ação. 
• Princípio do Juiz Natural: resulta da conjugação de dois incisos do art. 5º da CF: XXXVII 
(não haverá juízo ou tribunal de exceção1 ) e LIII (ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente). 
 
7. Jurisdição voluntária (arts. 719 e seguintes do CPC – Parte Especial) 
Em situações em que se identifica conflito (lide) a jurisdição é chamada de contenciosa e o juiz 
participa para resolver a lide. 
No entanto, há situações em que não há lide, mas as partes precisam do juiz para efetivar 
situações jurídicas que necessitem da autoridade da sentença judicial. O juiz funciona como 
um administrador dos interesses das partes. Ex: Emancipação de incapaz; Alvará judicial. 
Apesar da ausência de lide, a jurisdição voluntária é sim JURISDIÇÃO, pois há obrigatoriedade 
do Poder Judiciário não para dirimir conflitos, mas para dar o EFEITO JURÍDICO necessário à 
determinadas situações. 
 
8. Equivalentes jurisdicionais ou meios alternativos de solução de conflitos 
Equivalentes jurisdicionais são as técnicas de solução de conflito NÃO JURISDICIONAIS2 ou seja, 
resolvem conflitos ou certificam situações jurídicas, mas não importam em atuação da 
Jurisdição, no conceito acima disposto. Todas podem ser revistas pelo Poder Judiciário. 
É indiscutível que a jurisdição, como poder é monopólio do Estado, mas isso não significa que 
só ele possa exercê-la, como atividade. O Estado pode autorizar que outros exerçam a 
atividade jurisdicional (reconhecendo a outros entes o poder de resolver conflitos). Assim, 
nada impede que um ente não-estatal exerça a atividade jurisdicional, por autorização do 
Estado. Ex: árbitro, na arbitragem. 
AUTOTUTELA AUTOCOMPOSIÇÃO ARBITRAGEM 
- solução excepcional do 
conflito pela força; 
- decisão imposta por 
- solução por acordo de vontades; 
- partes chegam sozinhas à solução; 
- sacrifício integral ou parcial; 
- solução por meio do 
árbitro; 
- decisão imposta por 
 
1 a garantia do juiz natural serve para impedir que se constitua um juiz para julgar determinada causa (o que 
configuraria juízo de exceção, criado para julgar um problema excepcionalmente), bem como proíbe o juiz 
constituído após o fato (ex post factum) e o juiz para o caso (juiz ad hoc). Com isso se evita a formação de tribunais 
de exceção, constituídos para julgar determinado problema, depois do fato. Ex: Tribunal de Nurembergue 
2 Há intensa divergência doutrinária quanto a qualificação da arbitragem como Jurisdição. Para ideias favoráveis 
ver: DINAMARCO (Teoria Geral do Novo Processo Civil). Em sentido contrário: Luiz Guilherme Marinoni (Curso de 
Processo Civil, Volume I: Teoria Geral do Processo). 
11 
 
 11 
uma das partes; 
- sacrifício integral; 
ex: legítima defesa 
- direitos disponíveis; 
- pode ocorrer antes ou durante o 
processo. 
 Ex: conciliação, mediação, 
transação, renúncia, submissão. 
terceiro; 
- regulada pela lei n. 
9.307/96; 
- apenas para direitos 
disponíveis; 
- enfatiza a autonomia da 
vontade; 
- gera sentença que pode 
ser executada no PJ. 
 
HETEROCOMPOSIÇÃO – solução por terceiro imparcial. 
AUTOCOMPOSIÇÃO – solução por atuação das próprias partes. 
 
AULA 5: JURISDIÇÃO – Parte II 
 
1. Poder Judiciário e organização da Justiça 
 
1.1. Monopólio estatal 
A jurisdição é monopólio do Estado porque apenas este pode exercer a atividade de decidir 
conflitos e de dizer o direito no caso concreto. Admite-se a possibilidade da arbitragem como 
meio alternativo de solução de litígios, mas não se trata de poder e função jurisdicional, mas 
de entrega da atividade jurisdicional mediante autorização legislativa. 
 
1.2. Características da Jurisdição 
CARACTERÍSTICAS CONTEÚDO 
Inevitabilidade 
No exercício da jurisdição o Estado dispensa a anuência 
do demandado. 
Imperatividade 
Os resultados do processo serão impostos às partes, 
independentemente de aceitação. 
Definitividade Aptidão para a produção da coisa julgada material. 
Atividade criativa 
Através da jurisdição se cria a norma jurídica do caso 
concreto. 
 
1.3. Organização da Jurisdição no Estado brasileiro 
A jurisdição, enquanto função estatal, é essencialmente una. Contudo, seu exercício exige que, 
na prática, ocorra uma divisão de trabalho entre os diversos órgãos que compõem nosso 
Poder Judiciário. Todos os órgãos do Poder Judiciário exercem jurisdição, mas, obviamente, 
nem todos serão competentes para examinar determinado litígio. 
12 
 
 12 
O exercício da jurisdição pressupõe a organização do Poder Judiciário de acordo com as 
normas previstas na Constituição Federal. A organização deste poder para o desempenho da 
função estatal de jurisdição depende de uma estrutura capaz de estabelecer quais órgãos 
desempenham a atividade jurisdicional. 
 
1.4. Jurisdição X Competência 
É um critério racional criado por meio de regras capazes de distribuir e facilitar o exercício da 
jurisdição nos diversos órgãos do poder judiciário. Trata-se de uma divisão de trabalho capaz 
de estabelecer os limites da jurisdição, pois cada órgão terá a sua de jurisdição legalmente 
atribuída. 
Assim, cada órgão do PODER Judiciário recebe a sua parcela de FUNÇÃO jurisdicional que 
legitima o exercício de sua ATIVIDADE nos limites estabelecidos. 
 
1.5. Tutela constitucional da organização judiciária 
A organização judiciária corresponde à identificação de instituições e órgãos que funcionam na 
estrutura do judiciário como poder estatal. Trata-se da caracterização orgânica, vez que o 
judiciário é estudado como uma instituição estruturada em órgãos capazes de desempenhar 
certas funções. 
 
Órgãos do Poder Judiciário 
(art. 92, CF/88) 
Supremo Tribunal Federal (STF) 
Superior Tribunal de Justiça (STJ) 
Tribunais Regionais Federais (TRFs) e juízes federais 
Tribunais e juízes do trabalho 
Tribunais e juízes eleitorais 
Tribunais e juízes militares 
Tribunais e juízes dos Estados e do Distrito federal 
Conselho Nacional de Justiça (CNJ)3 
 
Garantias institucionais do 
Poder Judiciário e dos juízes 
(art. 96, I; art. 99; art. 95, I-
III, CF/88) 
Autogoverno 
Autonomia administrativa e financeira 
Vitaliciedade 
Estabilidade 
Irredutibilidade de vencimentos 
Estrutura judiciária 
brasileira 
Justiça Comum / Justiça Especial 
Jurisdição Inferior (1º graus) / Jurisdição Superior (2º grau) 
 
 
3 Está no rol do artigo 92, portanto dentro da estrutura do Poder Judiciário, mas não exerce jurisdição, pois exerce 
função administrativa. 
13 
 
 13 
AULA 6: COMPETÊNCIA 
 
1. Conceito de Competência 
A competência é o resultado de critérios que visam a distribuir, entre os vários órgãos, as 
atribuições relativas ao desempenho da jurisdição. Ou seja, é a medida da jurisdição. 
 
2. Classificação 
a) Competência do foro e do juízo: A competência do foro é regulada pelo CPC e a do juízo é 
feita pelas leis de organização judiciária. 
• Foro - unidade territorial sobre a qual se exerce o poder jurisdicional. 
• Juízo - vara, cartório ou unidade administrativana qual o magistrado exerce suas 
funções. 
b) Competência Originária: Será originária a competência atribuída ao órgão jurisdicional 
diretamente, para conhecer da causa em primeiro lugar. Em regra, pertence aos juízes de 
primeira instância, mas, excepcionalmente, os tribunais podem ter competência originária 
(quando uma causa iniciar originariamente em um tribunal). Ex: Competência originária 
do STF conforme disposto na CF/88. 
c) Competência Derivada: Será derivada a competência recursal, que atribui ao órgão 
jurisdicional a revisão de decisão já proferida. Em regra, é o tribunal quem detém a 
competência derivada, mas, excepcionalmente, os juízes de primeira instância também 
podem ter. 
d) Competência absoluta: é aquela que deriva de regras fixadas paras atender 
exclusivamente ao interesse público, não podendo ser alterada pela vontade das partes. 
O desrespeito às regras de competência absoluta gera um vício muito grave que pode 
gerar nulidade dos atos decisórios já praticados. 
e) Competência relativa: atende preponderantemente ao interesse particular e pode vir a 
ser alterada pela vontade das partes (ex: eleição de foro em contrato) ou por lei (causas 
de conexão ou continência). Não gera nulidade de atos já praticados, que serão 
considerados válidos. 
 
3. Momento de fixação e perpetuatio jurisdictionis (art. 43, CPC) 
A competência é determinada no momento do registro ou da distribuição da petição inicial. É 
a data da propositura que fixa a competência da ação. A ação é considerada proposta quando 
a petição for protocolada (art. 312). 
Após a fixação da competência, a ocorrência de fatos supervenientes não a modifica. Trata-se 
da perpetuação da jurisdição (perpetuatio jurisdictionis). A perpetuação só não acontecerá em 
caso de modificação da competência absoluta ou supressão de órgão jurisdicional. 
 
4. Critérios para a determinação de competência (art. 111, CPC) 
 
4.1. Critério objetivo 
Define a competência de acordo com o tipo de demanda proposta. O legislador considera 
os elementos da demanda como parâmetro para distribuir a competência: partes, pedido 
ou causa de pedir. Surgem então os sub-critérios: 
14 
 
 14 
a) Competência em razão da pessoa: determinada pelas partes. É hipótese de 
competência absoluta. Ex: causas em que a UNIÃO seja parte a competência é do 
juízo federal. 
b) Competência em razão da matéria: determinada pela causa de pedir e leva em 
consideração a natureza jurídica controvertida da causa. É hipótese de competência 
absoluta. Ex: Causa cível, trabalhista, penal, etc. 
c) Competência em razão do valor da causa: competência estabelecida em razão do 
pedido. Em regra, é hipótese de competência relativa. Ex: Juizados especiais. 
Atenção: os critérios podem ser combinados entre si. Ex: Uma vara privativa da Fazenda 
Pública (em razão da pessoa) com competência exclusiva para a desapropriação ou para 
ações tributárias (em razão da matéria). 
4.2. Critério territorial: 
Distribui a competência em razão do lugar. É a competência de foro e indica a localidade 
em que a causa será proposta. Trata-se da determinação do território para o exercício da 
jurisdição. Em regra, é competência relativa. (art. 94 e seguintes do CPC). 
a) Foro do domicílio do réu: competente para ações pessoais e reais mobiliárias. São 
ações fundadas em direito pessoal ou real relativas a bens móveis; 
b) Foro da situação da coisa: somente para ações reais imobiliárias (art. 95). 
Atenção: quando a causa for sobre propriedade, vizinhança, posse, divisão e 
demarcação de terras e nunciação de obra nova o foro será sempre onde a coisa está, 
sendo hipótese de competência ABSOLUTA. 
 
4.3. Critério funcional: 
Parte da doutrina estabelece uma hipótese de competência absoluta baseada em um critério 
em razão da função desempenhada pelo órgão jurisdicional dentro do processo. Trata-se de 
uma competência absoluta. É dividida em: 
a) Graus de jurisdição: originária, recursal ou derivada. Também é chamada de 
competência funcional vertical (Didier Jr. ); 
b) Fases do processo: cognição ou execução; 
c) Objeto do juízo: declaração de inconstitucionalidade ou competência do Tribunal 
do Júri para condenar ou absolver. 
 
5. Princípio da identidade física do juiz (art. 132, CPC) 
O juiz que realizou a instrução deve ser o juiz que prolatará a sentença, em razão de sua 
competência funcional. Deve haver conclusão da audiência de instrução com produção de 
prova oral e o juiz não pode estar afastado ou impedido. 
 
6. Causas de modificação de competência 
Apenas a competência relativa pode ser modificada. A modificação pode ser: 
• PARTICULAR ou VOLUNTÁRIA – Em razão de cláusula de eleição de foro, a 
competência é expressamente estipulada. As partes de um negócio decidem 
expressamente que as causas a ele relativas serão propostas no foro escolhido pelas 
partes. (art. 111, CPC). 
• LEGAL – quando ocorrer conexão ou continência. (art. 102, CPC) 
 
15 
 
 15 
7. Prorrogação da competência (art. 114, CPC) 
Será a competência relativa prorrogada quando o réu não se manifestar e o juízo que era 
relativamente incompetente se tornará competente. 
 
8. Conexão ou continência (103 e 104, CPC) 
Trata-se de relação de semelhança entre causas diferentes que estão pendentes de 
julgamento em juízos distintos, mas que guardam um certo vínculo entre si. Não são causas 
iguais (litispendência), mas parecidas. A reunião dos processos será necessária para prestigiar 
a economia processual e evitar julgados contraditórios. 
ATENÇÃO: Haverá litispendência quando forem identificados processos idênticos pendentes 
de julgamento em juízos diferentes (mesmos elementos da ação: partes, pedido e causa de 
pedir). Um deles precisará ser extinto. 
 
Conexão (art. 103, CPC) Continência (art. 104, CPC) 
Há identidade de PEDIDO ou CAUSA DE 
PEDIR 
Há identidade de PARTES e CAUSA DE PEDIR 
e o PEDIDO de uma engloba o da outra ação. 
 
ATENÇÃO: Modifica-se a competência (relativa) para atribuir a outro juízo a função 
(competência funcional). A partir de então, o juízo competente passa a ter competência 
ABSOLUTA. O Juízo prevento passa a ter a competência funcional para a causa. A conexão 
muda uma competência relativa para gerar uma competência absoluta funcional de um juízo 
para julgar as causas conexas. 
 
9. Prevenção 
A definição do juízo em que as causas serão reunidas ocorre pelo critério da prevenção, que é 
um instrumento para escolher qual juízo será escolhido. A identificação do juízo prevento se 
dá: 
a) Causas individuais – o juiz que despachou primeiro na mesma competência territorial 
(art. 106, CPC) ou onde ocorreu a primeira citação válida, em caso de juízos diferentes 
(art. 219, CPC). 
b) Causas coletivas – será prevento o juiz onde a primeira causa for ajuizada conforme a 
data da propositura da ação . 
 
10. Conflito de competência (art. 66, CPC) 
Quando dois ou mais juízes se consideram competentes (conflito positivo) ou incompetentes 
(conflito negativo). O conflito é suscitado pelo juiz ou órgão, partes ou Ministério Público. 
 
11. Incompetência 
A violação de regras de competência gera a incompetência do juiz e pode ter diferentes 
consequências para o processo: 
 
16 
 
 16 
Incompetência absoluta Incompetência Relativa 
Vício grave Vício não tão grave 
Juiz pode conhecer de ofício Não pode ser reconhecida de ofício 
Pode ser alegado a qualquer momento Na primeira oportunidade de manifestação 
do réu 
Qualquer parte pode alegar, de qualquer 
forma 
Só o réu pode alegar 
Não gera prorrogação de competência Gera prorrogação de competência 
Nulidade dos atos praticados Atos praticados serão preservados 
Viola regra de interesse público Viola regra de interesse particular 
 
12. Princípio da Kompetenz-kompetenz 
Por este princípio, todo juiz será sempre competente para decidir sobre a sua própria 
competência. Ainda que seja incompetente, ele terá uma competência mínima que todo órgão 
jurisdicional possuipara se afirmar ou não competente. 
 
13. Efeitos da declaração de incompetência 
A competência não gera a extinção do processo, mas a sua remessa ao juízo competente. 
Trata-se da chamada translatio iudicii (mudança de juízo). 
Em casos excepcionais, a incompetência gera a extinção do processo: incompetência no 
âmbito dos juizados especiais e a incompetência internacional. 
 
14. Cooperação nacional (art. 66 e seguintes, CPC) 
Trata-se da interação entre os diferentes órgãos do Pode Judiciário para colaboração mútua na 
formação de uma rede jurisdicional em busca da efetividade do processo. 
A cooperação entre juízes nacionais de competência diversa ocorre pelas cartas precatórias e 
outros mecanismos de cooperação previstos no Novo CPC. 
Ao lado das cartas precatórias, o Novo CPC estabeleceu o auxílio direto em que os órgãos não 
necessitam observar forma específica, além da reunião ou apensamento de processo, 
prestação de informações e outros atos entre os juízes cooperantes. 
 
AULA 7: AÇÃO 
 
1. Conceito 
No direito processual, a palavra AÇÃO pode significar 3 diferentes sentidos (Didier Jr.): 
17 
 
 17 
• SENTIDO MATERIAL – A ação é o direito material que se afirma ter ao provocar o 
Judiciário. Confunde-se com o próprio direito material. Ter ação contra alguém é ter 
direito material contra alguém. 
• SENTIDO CONSTITUCIONAL – A ação é direito fundamental que expressa o acesso à 
justiça. Trata-se de verdadeira pretensão de tutela jurídica, direito de ter acesso aos 
tribunais para obter a proteção. Está relacionado ao princípio da inafastabilidade 
jurisdicional. É o direito de ação. 
• SENTIDO PROCESSUAL – A Ação é demanda, um ato processual. Não é mais apenas 
direito material ou acesso à justiça. Refere-se a um agir em juízo, formando uma 
demanda contra alguém. 
 
IMPORTANTE: 
- O direito de ação é abstrato (qualquer problema pode ser levado ao Judiciário), mas a 
demanda é concreta, porque se refere a um problema específico. 
- O direito de ação é autônomo em relação ao direito material. Ex: Na cobrança de 
dívida, o direito de crédito é direito material exercido contra o réu e o direito de 
acesso ao Judiciário é exercido contra o Estado. 
 
A DEMANDA (sentido processual) é o exercício do DIREITO DE IR A JUÍZO (sentido 
constitucional), pelo qual se afirma um DIREITO MATERIAL (sentido material). 
 
DIREITO DE AÇÃO – abstrato 
AÇÃO – concreta. 
 
2. Relação jurídica 
Relação jurídica é um fato que liga sujeitos e torno de um objeto. 
Em toda demanda há pelo menos a afirmação de um direito, configurando a existência de 
alguma relação jurídica alegada pelo autor. Os elementos da relação jurídica do direito 
material correspondem aos elementos da relação jurídica afirmada em juízo (relação jurídica 
processual). 
 
 
Relação 
Jurídica 
Parte geral do 
Código Civil 
Elementos 
da Ação 
Condições da 
ação 
Critérios objetivos de 
competência 
Sujeitos Das pessoas Partes 
Legitimidade de 
partes 
Competência em razão da 
pessoa 
Objeto Dos bens Pedido - 
Competência em razão do 
valor 
Fato Do fato jurídico 
Causa de 
pedir 
Interesse de 
agir 
Competência em razão da 
matéria 
18 
 
 18 
3. Elementos da ação 
Os elementos da ação são figuras que caracterizam e identificam a demanda, tornando-a 
única. Os sujeitos, o objeto e o fato da relação jurídica de direito material se comunicam com a 
demanda e se transformam em: 
PARTES – quem faz parte do processo. Podem ser parciais (autor e réu), quando atuam com 
em defesa de algum interesse ou imparcial (juiz), devendo atuar de forma neutra. 
PEDIDO – demonstra a pretensão do autor. Pode ser mediato (bem da vida) e imediato 
(prestação da atividade jurisdicional). 
CAUSA DE PEDIR – Composta de fato que gerou a demanda e fundamento jurídico do pedido 
que é o direito que se afirmar ter (direito subjetivo), decorrente da relação jurídica de direito 
material. A causa de pedir pode ser remota (fato jurídico) e próxima (o fundamento jurídico). 
ATENÇÃO: Há autores que invertem essa compreensão!!! (Ex: Nelson Nery Jr.) 
 
4. Condições da Ação 
O novo CPC afirma que para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade (art. 
17). Não há qualquer menção à possibilidade jurídica do pedido. Desse modo, a doutrina 
atualizou as condições da ação para somente 2: 
• INTERESSE – de agir é interesse processual. É instrumental porque representa o interesse 
pela tutela jurisdicional. Na prática deve representar a utilidade, a necessidade e a 
adequação da demanda. 
• LEGITIMIDADE - para agir em juízo (ad causam). É qualidade jurídica que demonstra a 
capacidade de conduzir o processo tanto do réu como do autor. Depende da relação 
jurídica discutida. Pode ser ordinária (pessoa defende em nome próprio, direito próprio) e 
extraordinária (pessoa em nome próprio, defende interesse alheio). 
 
5. Teorias do Direito de Ação 
O direito de ação como hoje compreendemos faz parte de um processo histórico identificado 
por meio de teorias: 
• TEORIA IMANENTISTA, CIVILISTA ou CLÁSSICA – Quando o direito processual ainda não 
era reconhecido como ciência, o direito de ação não era autônomo, pois era 
compreendido como o próprio direito material em movimento. A ação era compreendida 
como a emanação do direito material. O poder era do indivíduo contra o seu adversário e 
não havia direito de exigir do Estado uma decisão jurídica. Base: Direito Romano. 
• TEORIA CONCRETA – Na fase do concretismo, o direito de ação era o direito a ter um 
julgamento favorável. Só exerceria direito de ação quem ganhasse ao final do processo. 
Há autonomia do direito de ação e do direito material, mas ainda há dependência. As 
condições da ação seriam aquelas necessárias para o julgamento favorável. Assim, a 
carência de ação e improcedência da ação significavam a mesma coisa. Teoria superada. 
Base: Direito Alemão (Adolph Wach) e Chiovenda (direito de ação como um direito 
potestativo contra o réu para fazer atuar a vontade concreta da lei). 
• TEORIA ABSTRATA – Em substituição ao concretismo, a fase abstrativista identificava o 
direito de ação como um direito a qualquer manifestação do juiz, qualquer que seja o 
conteúdo da decisão. Não havia condições da ação porque o direito de agir é abstrato e 
qualquer um pode acionar a atividade jurisdicional. A ação não é condicionada, mas o 
Brasil não adota esta teoria. 
19 
 
 19 
• TEORIA ECLÉTICA –O direito de ação é o direito a um julgamento de mérito, qualquer que 
seja seu conteúdo, mas a decisão deve ser de mérito e não uma decisão qualquer. A 
extinção do processo sem examinar o mérito afirma que o sujeito não tinha direito de 
ação. Teoria adotada no CPC de 1973, elaborada e introduzida no Brasil por ENRICO 
TULLIO LIEBMAN4. Nesta teoria adota-se as condições de ação: Legitimidade, Interesse e 
Possibilidade jurídica do pedido, mas foi fortemente criticada e hoje está parcialmente 
superada. 
• TEORIA DA ASSERÇÃO – Surgiu como uma forma de ajustar as condições da ação de 
LIEBMAN, possibilitando a análise das condições in statu assertionis, ou seja, a verificação 
era feita com base na afirmação do autor, deixando-se a produção de prova para um 
momento posterior. Essa teoria permitiu que a análise da possibilidade jurídica do pedido 
fosse superficial, pois caso fosse realmente analisada e provada já se estaria resolvendo o 
mérito da causa no início do processo. 
 
IMANENTISTA CONCRETA ABSTRATA ECLÉTICA ASSERÇÃO 
Direito de Ação = 
Direito Material 
Direito de Ação  
Direito Material 
Direito de 
Ação  Direito 
Material 
Direito de Ação 
 Direito 
Material 
Direito de 
Ação  Direito 
Material 
Ausência de 
autonomia do 
Direito de Ação 
Autonomia do 
Direito de Ação 
Autonomia do 
Direito de 
Ação 
Autonomia do 
Direito de Ação 
Autonomia do 
Direito de 
Ação 
Direito de ação 
como poder do 
indivíduo contra o 
seu adversário 
Direito de ação 
como poder do 
indivíduo exigido 
do Estado + 
adversário 
Direitode ação 
como poder do 
indivíduo 
exigido do 
Estado 
Direito de ação 
como poder do 
indivíduo 
exigido do 
Estado 
Direito de 
ação como 
poder do 
indivíduo 
exigido do 
Estado 
Direito de ação é 
o próprio Direito 
material em juízo 
Direito de ação 
depende do 
Direito material 
Direito de ação 
independe do 
Direito 
material 
Direito de ação 
independe do 
Direito material 
Direito de 
ação 
independe do 
Direito 
material 
Não se fala em 
condições da ação 
porque não há 
autonomia do 
Direito de Ação 
Condição da 
ação: as 
necessárias para 
o julgamento 
favorável 
Não há 
condições da 
ação porque o 
Direito de 
Ação é 
abstrato. 
Condições da 
ação para o 
julgamento do 
mérito: 
Possibilidade 
jurídica do 
Condições da 
ação: análise 
superficial da 
possibilidade 
jurídica do 
pedido 
 
4 Liebman foi um professor italiano que veio ao Brasil em meados da década de 30, por conta da perseguição dos 
judeus. Ele chegou aqui em uma época em que não havia estudos processualistas no Brasil. Liebman foi tão 
importante, que se deve a ele a formação da escola brasileira de direito processual, em São Paulo, que repercutiu 
em todo o país. Tanto que as primeiras obras de direito processual no Brasil surgiram na década de 50. Ao final da 
guerra, Liebman volta à Itália. No Golpe Militar, Alfredo Buzaid (ex-aluno de Liebman) é chamado para elaborar o 
Código de Processo Civil. O Código de 1973 é, assim, um tributo, uma homenagem a Liebman (ler a exposição de 
motivos). 
20 
 
 20 
pedido, 
interesse e 
legitimidade 
 
Pergunta: Qual seria a teoria da ação adotada pelo CPC de 2015? 
 
AULA 8: PROCESSO 
 
1. Conceito de Processo 
A maioria da doutrina afirma que o processo é O INSTRUMENTO POR MEIO DO QUAL O 
ESTADO EXERCE A JURISDIÇÃO. 
Como o conceito de jurisidição à luz do Estado Democrático de Direito restou ampliado, não se 
restringindo apenas à mera solução de litígios, o processo passou a se caracterizar como um 
veículo por meio do qual se provoca a jurisdição. Portanto, hoje o processo serve para a 
realização do direito material, independentemente da existência de conflitos, já que haverá 
processo mesmo nos casos de jurisdição voluntária. 
ATENÇÃO: Segundo Fredie Didier Jr., não é qualquer processo que legitima o exercício da 
função jurisdicional, mas somente aquele que segue o modelo traçado na Constituição que 
consagra o direito fundamental ao devido processo legal. 
 
2. Natureza Jurídica 
Diversas teorias já foram elaboradas com o intuito de identificar a natureza jurídica do 
processo: 
a) Processo = contrato: Tinha como ponto de partida em geral o Direito Romano e, em 
especial, a litiscontestatio, que representava a concordância das partes em sofrer os 
efeitos da demanda; 
b) Processo = quase contrato: Do francês Arnault de Guényvau, objetivava descobrir uma 
natureza jurídica de direito privado ao processo e não se aceitando tratar-se de um 
contrato, nem de um delito, a única saída viável seria tratar-se de um quase contrato; 
c) Processo = situação jurídica: Para Goldschimitdt, diferentemente do direito material, 
no processo predomina o estado de incerteza, de insegurança de deveres e obrigações 
entre aqueles que se encontram em conflito, até porque ninguém poderá prever o 
conteúdo da sentença. Desta forma, o processo seria caracterizado como um sistema 
de possibilidades e de ônus, ou seja, diferentes situações jurídicas, capazes de gerar 
para os sujeitos deveres, poderes, ônus, faculdades e sujeições. 
d) Processo = relação jurídica: Oscar Von Büllow consagrou a teoria que retirou o 
processo do âmbito privatista e alçou-o ao âmbito publicista que hoje se encontra. 
Cria a nítida distinção entre relação jurídica processual e relação jurídica material, 
sendo esta o objeto de discussão do processo, enquanto que a relação jurídica 
processual é a estrutura por meio do qual essa discussão ocorrerá. É a teoria 
predominante na doutrina brasileira. A relação processual pode ser: 
• Linear – quando se desenvolve entre autor e réu; 
• Angular – quando se desenvolve entre juiz-autor e juiz-réu; 
• Triangular – quando se desenvolve entre juiz-autor, juiz-réu e réu-autor. 
21 
 
 21 
ATENÇÃO: frequentemente os termos processo e relação jurídica processual são 
utilizados como sinônimos. Mas há autores que compreendem o processo como uma 
entidade complexa: 
- Dinamarco: processo = procedimento + relação jurídica processual (relação entre atos 
do processo + sujeitos do processo) 
- Fazzalari: Processo = procedimento + contraditório 
 
3. O processo no Estado constitucional 
O direito processual civil antes marcado por uma visão positivista legalista está em fase de 
renovação. O processo do Estado constitucional almeja o comprometimento com o Estado 
democrático, com a tutela jurisdicional e com um Poder Judiciário eficiente. 
Os reflexos do movimento de constitucionalização do processo civil podem ser vistos tanto no 
anteprojeto do novo Código, como nos seus dispositivos, especialmente no seu artigo 1º. 
Diante desse novo paradigma, o processo necessita ser visto levando-se em consideração: 
a) A premissa de que a Constituição tem força normativa (Konrad Hesse) e, por 
consequência, também têm força normativa seus princípios e enunciados relacionados 
aos direitos fundamentais; 
b) A expansão da Jurisdição Constitucional (controle de constitucionalidade difuso e 
concentrado, como é o caso do Brasil); 
c) Desenvolvimento de uma nova hermenêutica constitucional (valorização dos 
princípios da proporcionalidade e da razoabilidade). 
Por outro lado, o exercício da jurisdição estatal passa a se legitimar pela: 
a) Efetiva participação das partes no procedimento e na formação da decisão; 
b) Adequação do procedimento às necessidades do direito material; 
c) Procedimento que considere os Direitos Fundamentais, especialmente o direito 
fundamental ao devido processo legal constitucional. 
ATENÇÃO: O devido processo legal é princípio que foi concebido na CF/88 como cláusula 
aberta, ou seja, possibilita ao magistrado realizar seu papel de modo criativo, limitado pela 
persuasão racional e pelo livre convencimento motivado. Desta forma, supera-se os problemas 
juspositivistas da mera declaração da lei sem retornar ao transcendentalismo dos 
jusnaturalistas. Também o atual sistema de precedentes possibilita a aproximação do modelo 
de Civil Law brasileiro com a Commom Law inglesa que, segundo Fredie Didier Jr., resultaria 
em uma mistura de sistemas caracterizado como Brazilian Law. 
 
4. Pressupostos processuais 
Trata-se do conjunto de elementos de existência, requisitos de validade e condições de 
eficácia do procedimento. Isso porque a ausência desses ocasiona a extinção do processo sem 
resolução do mérito, com previsão no art. 485, IV, NCPC. 
Assim, são condições ou requisitos do processo. Podem ser: 
• Pressupostos de existência: requisitos indispensáveis para o processo existir. 
• Pressupostos de validade: certas qualidades identificadas uma vez existente o 
processo. 
22 
 
 22 
O processo do ponto de vista interno, é uma relação jurídica com a existência de elementos 
subjetivos (sujeitos) e objetivos (fato jurídico e objeto). Do ponto de vista externo, é um 
procedimento (ato jurídico complexo). 
Processo internamente: relação jurídica (sujeitos, fato e objeto) 
Processo externamente: ato jurídico complexo (procedimento) 
Portanto, existente o processo (relação jurídica processual), é possível discutir sobre a 
admissibilidade (validade) de todo o procedimento ou de cada ato jurídico que o compõe. 
4.1. Pressupostos de existência 
Pressupostos indispensáveis para a existência do processo. Os pressupostos de existência 
podem ser: 
• Objetivos: abrangem a demanda, sendo essa o ato de pedir a tutela jurisdicional; 
• Subjetivos: abarcam o órgão investido de jurisdição e a capacidade de ser parte, ou 
seja, a aptidão de figurar no poloativo ou passivo de uma relação processual. 
 
4.2. Pressupostos de validade 
Qualidades que admitem a existência do processo, mas inviabilizam sentença com julgamento 
de mérito se não estiverem presentes. São eles: 
a) competência e imparcialidade do magistrado; 
b) capacidade processual e postulatória; 
c) demanda regularmente ajuizada (respeito ao formalismo processual). 
ATENÇÃO: Didier admite a existência de requisitos de validade extrínsecos (ou negativos), 
ou seja, o pressuposto é a não existência de: perempção, litispendência, coisa julgada e 
convenção de arbitragem. 
 
AULA 9: SUJEITOS DO PROCESSO 
 
1. Conceito de Parte 
Segundo Marinoni, aquele que toma “parte” no litígio ou dele faz “parte” deve ser 
considerado parte. Assim, são partes autor, réu e terceiros intervenientes regularmente 
admitidos no processo (segundo as exigências de cada espécie de intervenção; formas 
clássicas de intervenção – oposição, nomeação à autoria, chamamento ao processo e 
denunciação da lide), à exceção do assistente. 
A existência de partes é um dos pressuposto processual de existência ou constituição do 
processo. 
De três maneiras distintas pode alguém assumir a posição de parte num processo: 
a) tomando a iniciativa de instaurá-lo (autor); 
b) sendo chamado a juízo para ver-se processar (réu); 
c) intervindo em processo já existente entre outras pessoas (se tornará autor ou réu). 
 
2. Terceiro 
Para Barbosa Moreira: “é terceiro quem não seja parte, quer nunca o tenha sido, quer haja 
deixado de sê-lo em momento anterior àquele que se profira a decisão”. Trata-se de conceito 
decorrente de inatividade em relação ao processo. 
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 23 
É aquele que é estranho ao litígio ou dele não faz “parte”, deve ser considerado terceiro. 
(Marinoni). 
 
3. Capacidade processual 
Acerca da noção de “capacidade” deve ser observada a noção de TRÍPLICE CAPACIDADE: 
• capacidade de ser parte (pressuposto de existência ou constituição do processo); 
• capacidade para estar em juízo (pressuposto processual de validade do processo; 
• capacidade postulatória (também apontada como pressuposto processual subjetivo de 
validade). 
 
3.1. Capacidade de ser parte 
Trata-se de um pressuposto processual subjetivo de existência, porque a capacidade de ser 
parte é a personalidade judiciária ou a aptidão para ser sujeito da relação jurídica processual 
(processo). 
A capacidade de ser parte é a aptidão para ser sujeito de uma relação jurídica processual ou a 
aptidão para ser titular de situações jurídicas processuais. Tem relação com a capacidade de 
direito, categoria do Direito Civil. Assim, todos aqueles que têm capacidade de direito, nos 
termos da lei civil, têm capacidade de ser parte em um processo judicial: pessoas físicas e 
jurídicas. 
A lei também atribui a alguns entes despersonalizados a capacidade de ser parte, ainda 
quando não lhes atribua personalidade jurídica, visando efetiva tutela de direitos. Assim, ainda 
que eles não tenham personalidade civil, têm, ao menos, personalidade processual: o 
nascituro, o condomínio, a sociedade de fato, a sociedade não personificada e a sociedade 
irregular, os entes formais (espólio, massa falida, herança jacente etc.), as comunidades 
indígenas ou grupos tribais e os órgãos públicos despersonalizados (MP, PROCON, Tribunais de 
Contas etc.). 
ATENÇÃO: os mortos e os animais não possuem capacidade de ser parte. 
 
3.2. Capacidade para estar em juízo (capacidade processual) 
Trata-se da capacidade processual ou legitimatio ad processum e é pressuposto processual 
subjetivo de validade, pois é a aptidão para praticar atos processuais independentemente de 
assistência, pessoalmente, ou por meio das pessoas indicadas pela lei, tais como o síndico, 
administrador de condomínio, inventariante etc. 
Segundo Didier, as pessoas jurídicas precisam estar regularmente “presentadas” em juízo; não 
se trata de representação. 
A capacidade de ser parte (Pressuposto Processual subjetivo de existência) está para o 
processo como está a personalidade para o direito civil. 
Já a capacidade processual (Pressuposto Processual subjetivo de validade) está para o 
processo como está a capacidade civil para o direito civil. 
A capacidade processual como requisito de validade dos atos processuais sua falta é sempre 
sanável. No entanto, a falta de regularização da incapacidade processual gera consequências 
diversas, conforme se trate de autor (extinção do processo ou, em caso de litisconsórcio, 
exclui-se o autor incapaz), réu (prosseguimento à sua revelia) e terceiro (exclusão do 
processo). 
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3.3. Capacidade postulatória (ius postulandi) 
Alguns atos processuais (os postulatórios, pelos quais se solicita ao Estado-juiz alguma 
providência) exigem, além das duas outras capacidades, a capacidade postulatória ou técnica 
(ius postulandi). Em regra, são os advogados regularmente inscritos na OAB, o Ministério 
Público e a Defensoria Pública. 
Mas há casos excepcionais, em que as próprias pessoas (independentemente de ostentarem a 
condição de advogadas) possuem capacidade postulatória: 
• jus postulandi na Justiça do Trabalho (instâncias ordinárias); 
• Juizados Especiais cíveis (estaduais) em 1ª instância, em causas de até 20 salários-
mínimos; 
• Habeas Corpus; 
• Governador do Estado em ADI e ADC; 
• quando, na Comarca, não houver advogado (art. 36 CPC) ou, embora haja, nenhum 
aceitar a causa; 
• pedido inicial em ação de alimentos; 
• requerimento de medidas protetivas por mulher que se diz vítima de violência 
doméstica, com base na Lei Maria da Penha; 
• nos Juizados Especiais Cíveis Federais, em primeira instância, a parte pode litigar, no 
polo ativo, sem advogado, até 60 salários mínimos; 
ATENÇÃO: quando o ato deveria ser praticado por advogado e for praticado por não 
advogado, ou seja, por quem não tem capacidade postulatória será nulo (art. 4º do Estatuto da 
OAB). 
 
4. Legitimação (legitimatio ad causam) 
A legitimação para agir (legitimatio ad causam) é uma condição da ação. Trata-se da 
titularidade (ativa e passiva) da ação. Consiste em individualizar a pessoa a quem pertence o 
interesse de agir (e, portanto, a ação) e a pessoa com referência à qual ele existe. (Marinoni). 
Portanto, tem legitimidade para a causa aquele que detenha pertinência subjetiva com o 
objeto da demanda e tenha interesse de agir no caso concreto. 
Principais aspectos da legitimidade ad causam: 
• situação jurídica regulada pela lei; 
• é qualidade jurídica que se refere a ambas as partes do processo (autor e réu); 
• o objeto litigioso determina: toda legitimidade baseia-se em regras de direito material, 
embora se examine à luz da situação afirmada. 
 
4.1. Espécies de legitimação 
a) Ordinária: é a coincidência entre o titular da relação jurídica material e o titular da 
relação jurídica processual. Na legitimação ordinária há pertinência subjetiva. Assim, 
afora casos expressamente previstos em lei, só pode pleitear em juízo o titular do 
direito material que relativo à demanda. Portanto, defende direito próprio em nome 
próprio. 
b) Extraordinária: quando a parte na relação jurídica processual diz estar defendendo 
direito subjetivo material alheio ou de terceiro. Na legitimação extraordinária, 
defende-se, em nome próprio, direito alheio. 
ATENÇÃO: Não se confunde com a representação. Representante não é parte, apenas 
representa a parte. Legitimado extraordinário é parte processual. O representante 
defende direito alheio (do representado), em nome do representado. 
25 
 
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5. Substituição processual 
Parte da doutrina afirma que a legitimação extraordinária é gênero, do qual a substituição 
processual seria espécie. Assim, há substituição processual quando o legitimado extraordinário 
propõe a ação isoladamente, sem litisconsórcio com o suposto titular do direito material. De 
todo modo, a doutrina em geral emprega as locuções legitimado extraordinário e substituto 
processual comosinônimas. (art. 18, NCPC) 
6. Sucessão Processual 
A substituição processual não se confunde com a sucessão processual. Sucessão Processual é a 
substituição da parte, em razão da modificação da titularidade do direito material afirmado 
em juízo. É a troca da parte. Uma outra pessoa assume o lugar do litigante originário, fazendo-
se parte na relação processual. Ex: morte de uma das partes. 
 
AULA 10: LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
 
1. LITISCONSÓRCIO 
 
1.1. Conceito 
É a pluralidade de sujeitos de um dos pólos do processo. Sempre que houver mais de um autor 
e/ou mais de um réu, haverá litisconsórcio. Ocorrerá quando houver (art. 113, CPC): 
• COMUNHÃO DE DIREITOS E OBRIGAÇÕES: pessoas com direitos ou de 
obrigações comuns relativas à lide; 
• CONEXÃO: entre as causas pelo pedido ou pela causa de pedir; 
• AFINIDADE DE QUESTÕES: por ponto comum de fato ou de direito. 
Segundo Marinoni, essas seriam as fontes do litisconsórcio no direito brasileiro e essas três 
hipóteses estão ligadas ao direito material e apresentam um grau de intensidade decrescente 
nas esferas jurídicas dos litisconsortes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.2. Classificação 
a) Quanto ao PÓLO em que está o litisconsórcio: 
▪ LITISCONSÓRCIO ATIVO – quando ocorre apenas no pólo ativo 
▪ LITISCONSÓRCIO PASSIVO – quando ocorre apenas no pólo passivo. 
▪ LITISCONSÓRCIO MISTO – quando ocorre em ambos os pólos da demanda. 
b) Quanto ao MOMENTO DE FORMAÇÃO do litisconsórcio: 
COMUNHÃO 
 CONEXÃO 
AFINIDADE 
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▪ LITISCONSÓRCIO INICIAL – quando ele se forma concomitantemente à formação do 
processo. O processo já nasce em litisconsórcio. 
▪ LITISCONSÓRCIO ULTERIOR – é algo excepcional. Ocorre quando o litisconsórcio se 
forma durante o processo. (ex: intervenção de terceiros) 
c) Quanto ao REGIME JURÍDICO de tratamento do litisconsórcio: 
▪ LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO – quando a decisão tem de ser a mesma para todos os 
litisconsortes, porque o direito material assim exige. O juiz trata todos os 
litisconsortes como se fossem uma só pessoa porque a relação jurídica de direito 
material que fundamenta a ação é incindível. (ex: negócio jurídico celebrado por 
marido e mulher; imóvel que possui vários coproprietários). 
▪ LITISCONSÓRCIO SIMPLES – A solução de mérito pode ser diferente para os 
litisconsortes. Não há necessidade de decisão igualitária, podendo o juiz tratar os 
litisconsortes como pessoas distintas. 
ATENÇÃO: Essa distinção é feita em razão do DIREITO MATERIAL DISCUTIDO. Sem identificar 
qual o direito material discutido não é possível distinguir o litisconsórcio unitário do simples. 
 
Há litisconsórcio unitário quando dois ou mais sujeitos discutem em juízo uma única 
relação jurídica incindível/indivisível. 
 
Há litisconsórcio simples quando dois os mais sujeitos discutem em juízo uma única relação 
cindível ou quando discutem mais de uma relação jurídica. 
 
d) Quanto à OBRIGATORIEDADE DE SUA FORMAÇÃO: 
▪ LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO – É o litisconsórcio que não se forma por imposição 
da lei, mas pela vontade das partes. Pode ser: 
a) Sucessivo: formado em razão da cumulação sucessiva de pedidos (cumulação 
própria). Ex: investigação de paternidade e alimentos em que o filho pede 
reconhecimento como filho e a mãe pede ressarcimento de despesas com o 
parto (cumulação de pedidos sucessiva heterogênea). O pedido da mãe só será 
acolhido se o do filho for acolhido e se assim acontecer haverá a formação de um 
litisconsórcio sucessivo. 
b) Eventual: formado em razão da cumulação imprópria de pedidos, em que a 
procedência de um pedido implicará na improcedência de outro. Assim, uma 
parte pode ser incluída na demanda em razão de outra por que há um pedido 
que é prioritário em razão de outro. 
c) Alternativo: formulação de mais de uma demanda pelo autor. Deriva do pedido 
alternativo. Ex: consignação de pagamento, em que, na dúvida, o autor pode se 
dirigir a duas pessoas. 
▪ LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO – O litisconsórcio tem que se formar 
independentemente da vontade das partes, quando (art. 114, CPC): 
a) Por disposição de lei; 
b) Pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender 
da citação de todos que devam ser litisconsortes. (ex: litisconsórcio na ação de 
divisão e demarcação de terras) 
 
27 
 
 27 
ATENÇÃO: 
▪ litisconsórcio necessário por força de lei é simples; 
▪ litisconsórcio unitário é, em regra, necessário5; 
▪ nem todo litisconsórcio necessário é unitário (há o simples, por força de lei); 
 
2. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
Todo aquele que não é parte será terceiro. Ocorre que algumas vezes o terceiro pode ser 
atingido por uma decisão tomada em determinado processo. Dessa forma o direito prevê 
formas para que seja viabilizada a participação do terceiro no processo. Há dois tipos de 
terceiro (MARINONI): 
Terceiro juridicamente indiferente: não possuem qualquer ligação com a coisa em litígio e por 
isso não possuem legitimidade para participar do processo. 
Terceiro juridicamente interessado: têm ligação com a relação em litígio porque participam 
direta ou indiretamente da própria relação jurídica deduzida em juízo ou porque têm interesse 
específico no debate da matéria. 
As formas de intervenção podem ser: 
VOLUNTÁRIA FORÇADA 
Assitência Denunciação da lide 
Amicus curiae Chamamento ao processo 
Intervenção anômala (Lei 9.469/97) Incidente de desconsideração da 
personalidade jurídica 
 
2.1. Espécies: 
a) Assistência (art. 121 a 123) 
É intervenção voluntária e espontânea em qualquer dos pólos do processo sem qualquer 
pedido novo, apenas aderindo a manifestação de uma das partes. Para ser assistente é 
necessário que demonstre interesse jurídico na causa porque existe a possibilidade de ser 
indiretamente atingido na sua esfera jurídica. 
Além de prestar auxílio à parte assistida, o assistente fiscaliza a atuação das partes a fim de 
evitar violações. Ao ingressar no processo, o assistente não vira parte, pois não deixa de ser 
terceiro porque não é titular da relação jurídica. Não é atingido pela coisa julgada, mas sim 
pelos efeitos reflexos dela. Ocupa posição subalterna em relação à parte que assiste e pode 
ser substituto processual (art. 121, parágrafo único). 
Segundo a doutrina, pode ser simples ou litisconsorcial. No entanto, apenas a assistência 
simples é efetivamente assistência, pois a litisconsorcial é formação de litisconsórcio ulterior. 
 
b) Assistência litisconsorcial (art. 124) 
O interesse jurídico direto/imediato/forte gera a assistência litisconsorcial que decorre de 
um vínculo forte que o terceiro tem com a causa. Esse vínculo é identificado quando o terceiro 
faz parte da relação jurídica litigiosa, discutida em juízo. Sendo titular da relação discutida 
 
5 Em regra porque para Didier existe a possibilidade de litisconsórcio facultativo unitário, quando o litisconsórcio 
unitário não é necessário. Para ele não há litisconsórcio necessário ativo, porque ele entende que todo 
litisconsórcio ativo é facultativo porque ninguém é obrigado a processar alguém, há sempre uma faculdade. Ex: 
condôminos em ação do condomínio; ação popular (qualquer cidadão pode propor); etc. O problema é que, para 
Didier, a coisa julgada atingiria inclusive aquele que não participou da lide como possível autor. 
28 
 
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razão pela qual o assistente se transforma em um litisconsorte do assistido. A assistência 
litisconsorcial nada mais é do que um litisconsórcio facultativo unitário ulterior porque o 
assistente litisconsorcial é, na verdade, parte no processo. Ex: condômino que ingressa na ação 
reinvindicatória já proposta por outro condômino. 
Por ser parte do litígio o tratamento legal é equivalente: todos os poderes processuais, sem 
qualquer restrição. Também jamais será substituto processual do assistido. 
 
c) Intervenção anômala 
Modalidade de intervenção de terceiros por meio da qual a União (ou outra pessoajurídica 
de direito público), independentemente da demonstração de interesse jurídico (bastando o 
interesse econômico, ainda que indireto), intervém em processo no qual figura como autora 
ou ré autarquia, fundação pública, sociedade de economia mista ou empresa pública federal 
(art. 5º, lei nº 9.469/97). 
 
d) Amicus Curiae 
Amicus curiae significa amigo da cúria, do tribunal, da corte. Ele é um sujeito que intervém 
no processo para auxiliar o juiz na compreensão do tema, funcionando como uma espécie de 
conselheiro, mas o juiz não se vincula ao seu conselho. É admitido em qualquer processo, 
ainda que não haja expressa previsão legal, desde que se trate de um processo relevante e 
complexo e que o interventor tenha representatividade. Nas ações coletivas sua participação 
tem se tornado especialmente relevante (conferindo um caráter ainda mais democrático, por 
aumentar a participação nessas ações). 
O amicus curiae não pode ter interesse direito na causa, senão vira assistente (hipótese de 
intervenção de terceiro), mas não precisa ser um terceiro desinteressado, pois pode ter 
interesse no debate institucional. Assim, geralmente tem um interesse mediato na causa. Pode 
ser uma pessoa física ou jurídica, mas tem que ter aptidão para contribuir. Ex: a CNBB 
intervém para tratar de ação que discute aborto de anencéfalo. Assim, não é um sujeito 
imparcial (ele vai tentar demonstrar sua opinião no caso) e nem um perito (porque não trata 
dos fatos, mas sobre o modo de o juiz decidir). 
 
e) Chamamento ao processo 
É uma intervenção provocada pelo réu que tem por opção trazer ao processo outro 
devedor da mesma obrigação (devedor solidário). Somente o réu pode realizar o chamamento 
ao processo no prazo da contestação nas ações de conhecimento. 
A ideia que estrutura o chamamento ao processo é a solidariedade passiva entre o 
chamante (réu) e o chamado. Esse terceiro que ingressará no processo responderá junto com 
o réu pela dívida. Forma-se um litisconsórcio passivo ulterior facultativo. Para alguns autores, 
forma-se uma verdadeira ação incidental de regresso, porque caso o chamante não chamasse 
o terceiro, poderia ajuizar eventual ação de regresso em razão da solidariedade, pois o 
chamado tem o dever de reembolsá-lo. Ex: fiador demandado pode chamar o devedor. 
 
f) Denunciação da lide (art. 125 e seguintes) 
Intervenção de terceiro provocada pelo autor ou pelo réu e tem fundamento no direito de 
regresso porque o terceiro pode vir a sofrer algum prejuízo na demanda porque é garante do 
autor ou do réu. 
29 
 
 29 
Trata-se, segundo Marinoni, de uma nova ação dependente da principal que será 
examinada caso o denunciante venha sofrer prejuízo decorrente de sentença desfavorável na 
ação principal. Há sempre uma relação subsidiária à relação jurídica posta em juízo que 
também poderá ser discutida por meio da denunciação. 
Ocorre, tipicamente, nos casos de evicção (garantia em contratos de transferência de 
domínio de coisas) e em contratos de seguro, em que a seguradora está obrigada a indenizar 
em ação regressiva os prejuízos de alguém. A denunciação da lide é, ainda, uma demanda 
antecipada, pois demanda-se antes de se saber se haverá ou não o prejuízo (que só será 
causado na eventualidade de a sentença ser contrária ao denunciante). 
O denunciado possui dupla função: de uma lado funciona como assistente do denunciante 
porque tem interesse na sua vitória e, do outro, pode ser condenado na ação regressiva, razão 
pela qual ele é considerado neste caso um demandado (parte passiva/réu). O denunciado é 
um legitimado extraordinário na ação principal porque defende em nome próprio interesse de 
outrem. 
 
g) Incidente de desconsideração da personalidade jurídica 
Segundo o Código Civil, em caso de abuso de personalidade jurídica por desvio de 
finalidade ou confusão patrimonial, pode o juiz decidir que os efeitos de certas relações 
obrigacionais sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa 
jurídica (art. 50, CC). 
A desconsideração da personalidade jurídica é incidente previsto no novo Código de 
Processo Civil como forma de intervenção de terceiro que passa a ser alcançado pela eficácia 
da decisão judicial após o contraditório e o direito de prova. A demanda é originalmente da 
pessoa jurídica, estando os sócios na qualidade de terceiro que ingressam na demanda por 
meio do incidente de desconsideração. 
 
AULA 11: OUTROS SUJEITOS DO PROCESSO: juiz e auxiliares da justiça 
 
1. DO JUIZ (art. 139 ao 148, CPC) 
O juiz representa o Estado na relação jurídica processual porque é quem desempenha a função 
jurisdicional no processo. Por este motivo, é a PARTE IMPARCIAL do processo, razão pela qual 
a imparcialidade é característica essencial do juiz. 
 
1.1. Garantias constitucionais 
Para a preservação da característica da imparcialidade, o juiz possui prerrogativas traduziadas 
em garantias pela Constituição Federal (art. 95): 
▪ Vitaliciedade: após 2 anos de efetivo exercício o juiz só perderá seu cargo em razão de 
sentença transitada em julgado. Diferencia-se da estabilidade do servidor público 
comum, porque este pode perder o cargo em razão de processo administrativo 
disciplinar. 
▪ Inamovibilidade: Trata-se de prerrogativa que garante ao magistrado a impossibilidade 
de ser removido de um local para outro sem o seu consentimento. A única hipótese 
será em razão de interesse público relevante. 
▪ Irredutibilidade de subsídios: o subsídio dos magistrados não pode ser reduzido, de 
forma a assegurar-lhes o livre exercício de suas atribuições. Inclui-se nos subsídios as 
30 
 
 30 
vantagens pessoais, e o seu valor não pode exceder o subsídio mensal em espécie 
dos Ministros do STF. No entanto, as parcelas de caráter indenizatório não estão 
computadas no valor do subsídio. 
 
1.2. Vedações constitucionais aplicáveis aos juízes 
O artigo 95 da Constituição traz em seu parágrafo único um rol taxativo de vedações aos 
juízes: 
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; 
I - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; 
III - dedicar-se a atividade político-partidária; 
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, 
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; 
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três 
anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. 
 
1.3. Impedimento e Suspeição 
O Código de Processo Civil enumera as hipóteses de impedimento e suspeição aplicáveis aos 
juízes. Essas situações, se ocorrerem, indicam uma probabilidade de prejuízo à imparcialidade, 
razão pela qual o juiz não poderá fazer parte do processo, apesar de competente para tanto. 
As causas de impedimento e suspeição atingem também os membros do Ministério Público ao 
membro do Ministério Público, os auxiliares da justiça e demais sujeitos imparciais do 
processo. (ex: perito) 
 
IMPEDIMENTO (144, CPC) SUSPEIÇÃO (145, CPC) 
Vícios mais graves, formalmente 
identificáveis. Suas funções são vedadas no 
processo quando identificadas as hipóteses 
trazidas pelo Código. 
Situações de ordem pessoal e subjetiva. 
Apesar de mais simples são mais difíceis de 
provar e identificar. 
▪ Juiz participou do processo como 
mandatário da parte, perito, membro do 
Ministério Público ou prestou depoimento 
como testemunha; 
▪ O juiz conheceu o processo em outro grau 
de jurisdição e proferiu decisão; 
▪ No processo há cônjuge ou companheiro, 
ou qualquer parente, consanguíneo ou 
afim, em linha reta ou colateral, até o 
terceiro grau do juiz postulando como 
defensor público, advogado ou membro 
do Ministério Público; 
▪ O juiz é parte no processo, bem como seu 
cônjuge ou companheiro, ou parente, 
consanguíneo ou afim, em linha reta ou 
colateral, até o terceiro grau; 
▪ Juiz é amigo íntimo ou inimigo de qualquer

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