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JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL F

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Antônio Jorge Pereira Júnior
Justiça e 
diálogo sociaL 2
A importância 
da Justiça 
na Democracia
Sumário
 1. A importância da Justiça na Democracia ..........................................................20
 1.1 Duas acepções de Justiça e sua conexão com a democracia .......................20
 2. Acesso à justiça e desenvolvimento social .......................................................26
 2.1. Três categorias de Justiça: Comutativa, Distributiva e Legal .........................26
 3. Mecanismos de participação popular .................................................................28
 3.1. Mecanismos de participação popular no Poder Executivo .............................28
 4. Imparcialidade e efetividade na prestação jurisdicional ..................................29
 4.1. Os limites hermenêuticos do magistrado ..........................................................29
 Referências ..............................................................................................................31
1. 
A importância 
da Justiça na 
Democracia
1.1. 
Duas acepções 
de Justiça e sua 
conexão com a 
democracia
“Justiça” é termo equívoco, tendo diver-
sas conotações. Vale examinar dois de-
les. Enquanto virtude, justiça é o hábito 
de dar a cada pessoa o que lhe é devido. 
Uma predisposição da vontade que pau-
ta a conduta e aperfeiçoa o seu autor, in-
clinando-o a agir conforme a dignidade 
humana. O ato de justiça se manifesta 
como um ato livre, ou seja, de autodeter-
minação ao bem.
A justiça é a virtude social por ex-
celência. Por ela, cada pessoa respeita a 
ordem da divisão dos bens entre os indi-
víduos, garantindo-lhes o gozo pacífico 
do que lhes pertence, sejam as coisas 
dispostas pela natureza ou repartidas 
mediante pactos condizentes com a dig-
nidade humana. 
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE20
Assim, quando uma pessoa contra-
ta com outra, se o acordo está dentro de 
parâmetros razoáveis e conforme à digni-
dade humana, é justo que o compactua-
do seja cumprido. Esse procedimento de 
respeito ao que cabe a cada um está na 
base de todas as relações sociais, a partir 
das quais surgem direitos e deveres.
Justiça natural 
e lei positiva
Muitas vezes as divisões e atribui-
ções de deveres decorrem de situações 
derivadas da natureza dos acontecimen-
tos. Por exemplo, é de justiça natural que 
o pai ou mãe cuidem do filho; mas tam-
bém é justo por lei positiva, uma vez que 
se fez constar assim do direito posto; 
também é de justiça natural que o Esta-
do zele pelo bem comum, que igualmen-
te é prescrito pela lei. O direito positivo 
torna mais fácil a realização daquilo que 
é devido, na medida em que esclarece as 
regras de convivência consideradas es-
senciais à viabilidade e sustentabilidade 
da vida social.
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 21
Também é próprio do direito positivo 
definir, mediante lei — que é sobretudo 
ferramenta política, ou seja, para gover-
nar —, regras para situações indiferentes 
e estabelecer critérios para casos de la-
cuna ou de conflitos entre normas. Tal é 
a importância do direito positivo, que sua 
própria existência responde a uma ne-
cessidade de direito natural.
É um erro, conceitual e filosófi-
co, estabelecer uma oposição de raiz 
entre o direito natural e o direito posi-
tivo 1. Já Aristóteles e Tomás de Aqui-
no explicavam a plena harmonização e 
1 “Para Aristóteles, as duas fontes do di-
reito: direito natural e positivo, são com-
plementares. Aristóteles é um defensor 
das leis positivas, reconheceu sua ne-
cessidade, descreveu suas fontes e ava-
liou sua autoridade.
“O justo natural é incapaz de nos con-
duzir a soluções concretas, seu estudo 
compreende o primeiro estágio da elabo-
ração do direito (especulativo), nos pro-
porciona apenas matéria que nos resta 
informar. Os princípios vagos e gerais que 
podem ser extraídos do justo natural não 
são suficientes para nos dar soluções 
concretas, é preciso decidir um determi-
nado pedido, para determinado autor, em 
determinado Estado, com determinada 
cultura, fatos que exigem a intervenção 
do legislador e do juiz. (...)
“Em “Retórica”, Aristóteles nos fornece 
dois motivos para confeccionar leis es-
critas e para preferir sua solução ao justo 
natural, que é vago e impreciso. A primei-
ra razão é que não se poderia deixar toda 
a tarefa ao juiz (observar o justo natural e 
dele extrair leis que se amoldem ao justo 
particular), visto que seria mais fácil em 
uma pólis encontrar alguns legisladores 
filósofos, mais cultos que guiem a socie-
dade, do que uma grande quantidade de 
juízes com as mesmas qualidades. Em 
segundo, porque é preciso desconfiar da 
imparcialidade dos juízes, cujo julgamen-
to pode ser levado pela simpatia ou pelo 
temor. A lei constitui inteligência sem 
paixão.
“Assim, o direito positivo ocupa um lu-
gar fundamental nas fontes do direito tal 
como disposta pelo estagirita. 
“As leis positivas são necessárias em 
razão da própria natureza do homem: 
homem social destinado à ordem políti-
ca. Além do seu conteúdo repressivo e 
permissivo, é responsável por criar novas 
obrigações entre homens na pólis.
“O direito positivo é um prolongamento 
do direito natural, fruto da razão nesse 
sentido, mas também, da vontade huma-
na, na medida em que o poder legislati-
vo apresenta-lhe concretude, conteúdo 
fixo, objetivo e preciso”. Cf. ZAKIA, Maria 
Lucia Perez Ferres. Equidade como pa-
râmetro do justo: a passagem do logos 
teórico ao logos prático no raciocínio 
jurídico. Dissertação em Filosofia do 
Direito. Pontifícia Universidade Católica 
de São Paulo - PUC-SP, 2016 p. 39-40.
complementariedade de ambos. Surge 
oposição apenas quando acontece de 
se pretender usar do aparato legislativo 
para manipular o poder estatal e criar lei 
em benefício de alguns, ao tempo em 
que prejudica outros. Por isso, o exame 
de conformidade da lei à “justiça mate-
rial”, comumente passa por seu contras-
te com o “justo natural”, ao qual nunca 
deveria contrariar. Isso foi recordado e 
reforçado ao fim da Segunda Grande 
Guerra, quando réus nazistas tentavam 
defender-se nos Tribunais internacionais 
alegando estrito cumprimento da lei ale-
mã. Os julgadores afirmaram existir uma 
lei e um direito que estariam acima do 
direito positivo dos alemães, e que os re-
feridos réus poderiam reconhecer como 
de valor universal, ao qual seu direito po-
sitivo deveria estar conforme. 
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE22
 
Justiça material e 
Justiça institucional
Desde tempos remotos também se 
chama de “Justiça” a estrutura do po-
der estatal especializada na função de 
prevenir ou remediar situações em que 
a justiça concreta é ameaçada ou rom-
pida. Nesse sentido, a “Justiça” está en-
carregada de administrar as colisões de 
direito, reais ou aparentes, e de se pro-
nunciar sobre o direito dos envolvidos – 
de onde “dizer o direito” ou “jurisdictio” 
—, bem como determinar que sua deci-
são seja cumprida, mediante coerção, se 
necessário, uma vez que o Estado exerce 
o monopólio do uso da força a ser em-
pregada para que suas determinações 
sejam obedecidas.
O descumprimento da “justiça” 
concreta ou material, se não corrigido, 
inviabiliza a vida em sociedade. A injus-
tiça é desagregadora, sendo ela mesma 
fruto de um abuso ou violência, que por 
sua vez se irradia no meio social. “Sem 
justiça, não há paz social. Logo, não ha-
veria convivência e nem mesmo o Esta-
do Democrático de Direito que, no fim, 
nada mais é do que um Estado regido e 
garantidor da justiça”. 
Em sentido amplo, “a despeito da 
especialização funcional atribuída ao 
Poder Judiciário, tanto o Executivo, me-
diante políticas públicas, como o Legisla-
tivo, por meio da viabilização normativa, 
trabalham para a Justiça” (PEREIRA JÚ-
NIOR; BRITO, 2017).
 
Conexões da justiça 
com a democracia
A democracia tem relação com a 
justiça por várias conexões. 
Entre os diversos elementos consti-
tuintes do conceito de “democracia”,ao 
longo da história, comumente se evocam 
três: a participação popular nos assuntos 
do Estado mediante voto, desde a Grécia 
antiga; a limitação do poder absoluto dos 
governantes e a proteção dos cidadãos 
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 23
contra a ingerência abusiva das 
autoridades públicas em sua vida 
privada, em geral desde a Magna 
Carta inglesa até o estabeleci-
mento de direitos fundamentais 
nas Constituições; a repartição, 
atribuição ou reconhecimento 
de novas competências ao cidadão, em 
âmbitos outrora reservados ao Estado e 
seus agentes. Esses três elementos se 
alinham no protagonismo progressivo 
da participação do cidadão na gestão 
do bem comum. Deve-se notar que es-
tão vinculados à repartição de poderes, 
de bens e ao gerenciamento do interes-
se público. Tudo isso precisa acontecer 
“conforme a justiça” para que haja de-
mocracia e não demagogia.
Com relação às três situações acima 
descritas, é possível associá-las ainda às 
notas mais relevantes que a “democracia” 
assumiu em cada uma das Constituições 
do Brasil durante sua respectiva vigência. 
Pode-se dizer que o conceito de de-
mocracia busca traduzir um status de or-
ganização da vida social mediante o qual 
se garante a máxima liberdade de ação 
individual para realização de interesses 
particulares e participação do cidadão 
na definição e gestão de interesses pú-
blicos. Naturalmente, em cada época 
e período haverá uma democracia 
possível, vinculada mesmo à maturi-
dade do povo que a vivencia. “A De-
mocracia ... não se resume 
num quadro institucional 
rígido, universalmente vá-
lido, para todas as épocas 
e para todos os povos [...]. 
Ela pode e deve ser ajustada para cada 
caso, para cada nação, para cada tem-
po” (FERREIRA FILHO, p. 133).
Há atores e fatores de ordem polí-
tica, jurídica, social, econômica, históri-
ca e cultural que influenciam os hábitos 
democráticos, individuais e coletivos, em 
cada época e lugar. Em cada meio viceja 
um determinado tipo de vivência da de-
mocracia. Em razão disso, ao olhar para 
a História é possível reconhecer que o 
conceito de democracia tende a assumir 
um determinado viés como nota prepon-
derante em cada etapa e lugar, segundo 
as circunstâncias de seu tempo e am-
biente. De modo geral, ela tende a ma-
nifestar um papel principal de natureza 
política, jurídica ou principiológica.
Segundo Jaqueline Saiter (2005), 
sob as Constituições de 1824, 1891, 1934 
e 1937, a democracia no Brasil foi enten-
dida como “modalidade de regime po-
lítico”, tendo preponderado assim uma 
perspectiva “política”. Nas Constituições 
de 1946, 1967, e na Emenda Constitucio-
nal de 1969, ela teria sido ampliada, as-
sumindo a nota de “direito fundamental”; 
ou seja, teria adotado um caráter jurídi-
co como elemento configurador princi-
pal, sem perder sua referência anterior. 
Na Constituição de 1988, por sua vez, a 
democracia avançaria para uma pers-
pectiva maior, sem deixar de exprimir as 
concepções antecedentes. Ela alcança-
ria um matiz principiológico, sendo con-
siderada “princípio constitucional” que 
se subdividiria em outros: no princípio 
democrático representativo e no princí-
pio democrático participativo 2. Isso fa-
cilitaria chegar ao quadro de maior atua-
ção do cidadão na gestão do poder e dos 
interesses públicos, com protagonismo, 
para além da democracia representativa.
Dentro da perspectiva do “princípio 
democrático participativo”, a partir de 
1988 se vislumbra o crescimento paula-
tino da participação do cidadão nos três 
níveis de Poder do Estado: executivo ou 
administrativo; legislativo e judiciário. 
Dizia Franco Montoro em 1974 que 
“A condição humana não permite que os 
membros da comunidade sejam consi-
derados e tratados simplesmente como 
“objeto” passivo das atenções dos gru-
pos dirigentes, como se fossem mer-
cadoria, ficha ou peça na vida social”. 
Completava o saudoso professor com 
uma exortação que ganharia corpo na 
Constituição de 1988, ao sublinhar que 
sua “dignidade de pessoa exige outro 
tratamento”. 
2 “O primeiro limita-se a estabelecer os 
métodos clássicos de participação po-
pular, que envolve o exercício do direito 
de voto. Nesse tópico, são estudados 
os princípios da soberania popular, da 
representação popular, assim como o 
direito de sufrágio e o sistema eleitoral. 
Pode-se, assim, verificar que a acepção 
clássica do princípio democrático pro-
move uma participação popular, mas 
ainda muito restrita diante da promovida 
pela sua nova acepção.
“O segundo permite vislumbrar exata-
mente a ampliação que a democracia 
sofreu ao assumir uma dimensão prin-
cipiológica. Nesse momento, a análise 
do principio democrático exige uma as-
sociação ao princípio da participação 
popular. Afinal, trata-se do princípio de-
mocrático participativo e, portanto, ele 
estabelece uma ampliação na participa-
ção popular.
“A associação entre os referidos prin-
cípios acaba por construir outros três 
subprincípios: o princípio da participação 
legislativa, o princípio da participação ad-
ministrativa e o princípio da participação 
jurisdicional. Trata-se de extensão da 
participação popular às divers as áreas 
de atuação desenvolvidas pelo Estado: 
legislativa, executiva e jurisdicional. Ao 
se permitirem essas novas modalidades 
de participação, implementa-se uma 
ampliação do instituto democrático”. 
(SATIER, p.17)
Em razão disso, concluía que “de-
senvolvimento propriamente humano só 
é aquele que é feito com a “participação” 
consciente e responsável das pessoas 
e grupos que integram a comunidade 
(MONTORO, 1974. p. 43). 
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE24
 
Redemocratização e 
valorização do cida-
dão na Constituição 
de 1988
No Brasil, a presença maior do cida-
dão no exercício de poderes outrora re-
servados com exclusividade aos agentes 
públicos é resultado da redemocratização 
da segunda metade dos anos 1980, que 
culminou na Constituição Federal de 1988. 
A Constituição de 1988 trazia em 
seu bojo um programa de descentraliza-
ção do poder estatal e de repartição dele 
com o cidadão. Por isso, na década de 
1990 se observará a primeira etapa da 
construção dos fundamentos necessá-
rios para implementar a ordem consti-
tucional inaugurada em 1988, e viabilizar 
maior ação do cidadão no cenário polí-
tico, em sentido amplo. Nesse período 
estabeleceram-se bases doutrinárias e 
legais para consolidar o Estado Demo-
crático de Direito projetado na Norma 
Fundamental, para que se traduzisse 
em maior poder ao cidadão para a ges-
tão dos interesses públicos. Também se 
assistiu à sedimentação dos “interesses 
difusos e coletivos”; à difusão da “co-
gestão de interesses públicos com os 
cidadãos”, em colaboração com agentes 
estatais, mediante delegação ou com-
partilhamento de poderes com “leigos”. 
Produtos dessa nova etapa de-
mocrática seriam, ainda, na década de 
1990, por exemplo, o Código de Defesa 
do Consumidor, o Estatuto da Criança 
e do Adolescente, ambos de 1990, a Lei 
de Arbitragem e a Lei que criou os Jui-
zados Especiais Estaduais, ambas de 
1996. Nessas leis é possível reconhecer 
o fortalecimento do cidadão, tanto por 
sua maior proteção, quanto pelo cha-
mado a estar presente sob novas formas 
na gestão e administração estatal, bem 
como na resolução de conflitos jurídicos 
(PEREIRA JÚNIOR, 2019). 
Em paralelo, após a promulgação 
da Constituição, majorou a quantidade 
de organizações não-governamentais e 
de entidades públicas mistas – conse-
lhos -, compostas simultaneamente por 
cidadãos e agentes estatais. Por meio 
delas, entidades civis e cidadãos atuam 
com poder consultivo ou deliberativo 
dentro de órgãos estatais, assim como 
por meio de entidades de pressão que 
detêm competências concorrentes com 
as do Estado. Tudo isso vai redundar em 
maior acesso à justiça, nos dois sentidos 
expressos, formal e material, em razão 
de maior difusão de direitos e multiplica-
ção de meios para protegê-los. 
Vale chamar especial atenção ao 
fato de que, a partir de 1996, coma Lei 
da Arbitragem e a Lei dos Juizados Es-
peciais, com juízes leigos, começaria 
também a democratização do poder 
jurisdicional, marcos da evolução da 
democracia que sinaliza e favorece o 
desenvolvimento social de um povo. A 
cultura e o progresso dos meios alter-
nativos de resolução de conflitos, como 
arbitragem, conciliação e mediação te-
riam aqui seu nascedouro institucional 
(PEREIRA JÚNIOR, 2019, p. 658-667).
Naturalmente Estados centraliza-
dores tendem a reservar para si exces-
so de atribuições e, logo, dificilmente 
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 25
conseguem sustentar-se de modo con-
veniente e perdurável, sem um siste-
ma fiscal e de controle que termine por 
reduzir a liberdade dos cidadãos. Isso 
afetará a elasticidade da democracia, 
posto que reduz a autonomia do cida-
dão, e a reserva legal de competências 
excessivas ao Estado tende a infirmar o 
papel das entidades intermediárias e a 
atuação mais livre por parte do cidadão. 
Por outro lado, ao não atender satisfato-
riamente as competências assumidas e 
não permitir que cidadãos ou sociedades 
menores atuem, o Estado se torna fonte 
de injustiças. Logo, ele termina por invia-
bilizar a própria democracia em alguma 
de suas virtualidades, ao reduzir a ação 
do cidadão em prol do bem comum.
Nesse sentido, o movimento de re-
conhecimento ou atribuição de pode-
res ao cidadão na gestão de interesses 
públicos e na resolução de conflitos 
é fenômeno corretivo da concentra-
ção de competências pelo ente esta-
tal, quando tal circunstância se mostra 
fonte de injustiças. 
O princípio da subsi-
diariedade na redemo-
cratização
Por trás do movimento de descen-
tralização do poder e de fortalecimento 
do cidadão é possível reconhecer, assim, 
a atualização de um princípio de ordem 
social que permeia inúmeros dispositi-
vos da Constituição de 1988: o princí-
pio da subsidiariedade. O conceito 
foi propalado de modo especial 
pela doutrina social católica e 
pode ser lido na encíclica Quadra-
gesimo anno, de Pio XI, de 1931 3. 
O excesso de competências para o 
Estado gera desequilíbrio nas contas e 
prestações estatais, com consequências 
gravosas para a vida em sociedade. Aqui 
se compreende de modo preclaro a má-
xima da subsidiariedade: aquilo que os 
indivíduos ou sociedades menores têm 
aptidão para realizar por conta e inicia-
tiva próprias, que eles possam fazê-lo, 
sendo-lhes reconhecida e respeitada 
a competência preferencial, pois são a 
fonte e os protagonistas dos poderes 
estatais, e não o contrário 4. 
A correção do excesso de poder 
estatal, programado pela Constituição 
Federal de 1988, atualiza-se nos princí-
pios de descentralização do poder, de 
valorização da livre iniciativa e de con-
vocatória do cidadão para a cogestão do 
poder público. Isso se expressa, dentre 
outros exemplos, na revalorização das 
organizações não governamentais; nos 
conselhos públicos políticos com pre-
sença paritária de cidadãos; nos conse-
lhos gestores compostos por cidadãos 
eleitos; na liberdade de constituição de 
árbitros em substituição aos juízes; na 
possibilidade de negociação processual 
em qualquer etapa; no estímulo estatal 
à mediação e conciliação; nas parce-
rias público-privadas, etc. Dessa forma, 
poderá o Estado melhor aplicar recur-
sos públicos nas situações em que haja 
efetivamente maior necessidade de sua 
ação, compartilhando tarefas com os ci-
dadãos 5. Sem isso, ou seja, sem contar 
com o cidadão e a sociedade civil para a 
realização de inúmeras tarefas, o Estado 
centralizador será artífice de injustiças, 
pois não entregará o que assumiu, ou o 
fará com demora, o que equivale tam-
bém à omissão.
2.
Acesso à justiça e 
desenvolvimento 
social
A justiça é requisito do desenvolvi-
mento social. A injustiça, por sua vez, 
quebra a coesão social e gera instabi-
lidade, elementos necessários para o 
progresso. Assim, a justiça é elemento 
3 No trecho que segue é possível vislum-
brar um diagnóstico e uma proposta de 
solução para o que se passaria ainda na-
quele quadrante histórico no Brasil e em 
outros Estados: “Ao falarmos na reforma 
das instituições temos em vista sobre-
tudo o Estado; não porque dele só deva 
esperar-se todo o remédio, mas porque o 
vício do já referido «individualismo» levou 
as coisas a tal extremo, que enfraquecida 
e quase extinta aquela vida social outrora 
rica e harmonicamente manifestada em 
diversos gêneros de agremiações, quase 
só restam os indivíduos e o Estado. Esta 
deformação do regime social não deixa 
de prejudicar o próprio Estado, sobre o 
qual recaem todos os serviços das agre-
miações suprimidas e que verga ao peso 
de negócios e encargos quase infinitos”. 
(PIO XI).
4 “Verdade é, e a história o demonstra 
abundantemente, que, devido à mudan-
ça de condições, só as grandes socieda-
des podem hoje levar a efeito o que antes 
podiam até mesmo as pequenas; per-
manece contudo imutável aquele solene 
princípio da filosofia social: assim como é 
injusto subtrair aos indivíduos o que eles 
podem efetuar com a própria iniciativa e 
indústria, para o confiar à coletividade, 
do mesmo modo passar para uma socie-
dade maior e mais elevada o que socie-
dades menores e inferiores podiam con-
seguir, é uma injustiça, um grave dano e 
perturbação da boa ordem social. O fim 
natural da sociedade e da sua ação é co-
adjuvar os seus membros, não destruí-
-los nem absorvê-los”. Cf. PIO XI
5 Deixe pois a autoridade pública ao cui-
dado de associações inferiores aqueles 
negócios de menor importância, que a 
absorveriam demasiado; poderá então 
desempenhar mais livre, enérgica e efi-
cazmente o que só a ela compete, porque 
só ela o pode fazer: dirigir, vigiar, urgir e 
reprimir, conforme os casos e a neces-
sidade requeiram. Persuadam-se todos 
os que governam: quanto mais perfeita 
ordem hierárquica reinar entre as varias 
agremiações, segundo este princípio da 
função « supletiva » dos poderes públi-
cos, tanto maior influência e autoridade 
terão estes, tanto mais feliz e lisonjeiro 
será o estado da nação.” (PIO XI)
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE26
básico para viabilizar tanto a democra-
cia quanto o desenvolvimento social 
sustentável. Por isso deve ser garanti-
da e protegida.
2.1. 
Três categorias de 
Justiça: Comutativa, 
Distributiva e Legal
O desenvolvimento social se consolida 
quando as relações sociais fluem con-
forme a dignidade e a natureza social e 
individual do ser humano, em conformi-
dade com o que é próprio de sua condi-
ção. Nesse contexto, há três acepções 
clássicas para as relações de justiça se-
gundo as peculiaridades das situações 
por elas criadas: justiça comutativa, jus-
tiça distributiva e justiça legal.
A Justiça Comutativa e a Justi-
ça Distributiva abrangem relações nas 
quais importam algumas particularidades 
e subjetividade das partes envolvidas. 
Por isso se diz que são modalidades de 
“justiça particular”. Enquanto isso, há si-
tuações nas quais interessam menos as 
especificidades das partes e há prepon-
derância do ente estatal como sujeito na 
relação. Neste sentido, as relações se 
destacam pelo dever dos cidadãos co-
laborarem com o Estado, para que este 
possa agir em prol do bem comum. As 
relações que envolvem prestação do ci-
dadão perante o Estado estão classifica-
das como de “Justiça legal”.
A “Justiça distributiva” é aquela na 
qual o ente estatal deve, tal como sugere 
o termo, “distribuir” bens conforme uma 
proporcionalidade razoável, orientada 
pelas necessidades dos cidadãos, a par-
tir do montante arrecadado pelo esforço 
colaborativo dos cidadãos, mormente 
por meio de impostos, taxas e demais 
modalidades tributárias. 
O Estado deve primeiro atender às 
demandas gerais e comuns de todos 
para depois servir às necessidades pe-
culiares de cada um, sem sacrificar o 
“mínimo necessário” da maioria, para 
salvaguardar direitos excepcionais de 
minorias. É fato que nem sempre há bens 
suficientes para todas as demandas. 
Disso nasce o dever de a autoridade 
avaliarcom prudência a quem, como e 
quando atender em face da escassez, e 
saber lançar mão, quando oportuno, do 
conceito de “reserva do possível”, invo-
cado quando o magistrado precisa de-
cidir uma lide em face de necessidades 
prementes e preterir interesses em ra-
zão do conflito inconciliável entre tais. 
Em razão da limitação de recursos, 
nem todos os interesses poderão ser 
igualmente contemplados ou aprecia-
dos na mesma medida. 
É comum de ocorrer quando alguém 
pleiteia do ente federativo, por exemplo, 
em nome do direito à saúde, medica-
mento cujo valor ultrapassa limites de 
gastos previstos no orçamento público 
de Saúde da respectiva circunscrição, 
que contempla despesas com remédios 
variados para atender necessidades de 
grande contingente populacional. As-
sim, ao determinar o magistrado que se 
dê atenção e se direcionem recursos ao 
tratamento mais caro para atender de-
terminado interesse, pode ele gerar ris-
co de deixar a descoberto maior grupo 
de cidadãos, que gozam igualmente do 
direito à saúde. A insuficiência dos re-
cursos impõe, nesses casos, um duro e 
difícil juízo. Portanto, a justiça distributiva 
deve ser aplicada com vistas ao que seja 
possível, para atender a quem precisa, 
sem prejudicar, por isso, maiores contin-
gentes populacionais.
Por Justiça legal, por fim, tem-se 
aquela de natureza geral, que impõe 
deveres na relação dos cidadãos com o 
Estado, permanecendo todos igualmen-
te obrigados a colaborar, segundo pa-
drões objetivos e comuns, em razão de 
incidência legal tributária. Mas também 
os deveres perante o Estado assumem 
natureza diversa, mediante prestação 
de serviços, como o alistamento militar, 
a convocatória para atuar como jura-
do no Tribunal do Júri, para ser mesário 
nas eleições, etc. Pela Justiça legal, im-
põem-se deveres aos cidadãos para a 
manutenção do Estado e dos serviços 
estatais, em favor do bem comum.
 
A hermenêutica 
adequada a cada 
categoria de Justiça
Nesse sentido, cabe compreen-
der que há critérios hermenêuticos em 
cada categoria de relação de justiça – 
comutativa, distributiva e legal - de acor-
do com as particularidades das situações 
descritas, que também devem pautar a 
atividade jurisdicional realizada em cada 
âmbito, conforme o contexto dos interes-
ses particulares e públicos envolvidos nas 
diversas circunstâncias, sob risco de se 
provocar injustiça mediante interferência 
antidemocrática. 
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 27
Em todas as relações, quando surge 
um conflito, deve-se preservar ao má-
ximo a dignidade de todas as pessoas, 
tanto as envolvidas diretamente quanto 
aquelas que, de modo mediato, podem 
sofrer efeitos da decisão. É oportuno re-
cordar isso porque por vezes se notam 
magistrados a invocar o princípio da dig-
nidade humana em determinado caso, 
deitando o olhar exclusivamente 
em um dos lados do conflito, ol-
vidando-se que do outro lado 
há uma pessoa humana 
com igual dignidade. 
Também não é raro 
importa compreender a natureza das re-
lações de justiça e dos bens envolvidos 
em cada uma, de modo a dar o trata-
mento hermenêutico adequado a cada 
categoria de justiça: comutativa, distri-
butiva ou legal.
A democratização do 
Judiciário nos anos 
1990
Quanto à democratização do Poder 
Judiciário, vale recordar que a partir da 
década de 1990 começou a se articular a 
“Reforma do Judiciário”, para fazer fren-
te à “Crise do Judiciário”. 
Como resposta à “crise”, então, fo-
ram tomadas medidas que visavam a 
“democratização do Judiciário”. Essas 
medidas convergiram para a melhoria do 
acesso à Justiça e para o aprimoramento 
da prestação jurisdicional. O “processo 
de democratização da Justiça” concen-
trou-se no âmbito da administração e 
gestão da Justiça, visando a eficiência e 
celeridade da prestação jurisdicional. 
Nesse sentido, além de modifica-
ções no direito processual para acelerar 
a resposta judicial, ocorreu a institucio-
nalização da Arbitragem (Lei no. 9.307, 
de 23 de setembro de 1996) que teve sua 
constitucionalidade questionada, sendo 
confirmada pelo STF somente em 2001; 
a criação dos Juizados Especiais (Lei 
no 9.099, de 26 de setembro de 1996), 
dos Juizados Especiais Federais (Lei no 
10.259 de 12 de julho de 2001) e a Emen-
da Constitucional no 45/2004 (EC 45), 
conhecida como “Reforma do Judiciá-
rio”, que criaria ainda o Conselho Nacio-
nal de Justiça que, entre outras funções, 
teria um papel de controle e aprimora-
mento do Judiciário.
Para além da democratização da 
prestação jurisdicional, cabe chamar a 
atenção a outros mecanismos de partici-
pação popular na gestão do poder e dos 
interesses públicos, que redundam tam-
bém em favor da justiça, por outros canais.
a lógica de reciprocidade típica das re-
lações comutativas, e projetará efeitos 
deletérios para toda a coletividade, ao 
usar critério próprio da justiça distributiva 
onde não caberia.
Para exemplificar, pense-se nos 
planos de saúde individuais. Quando o 
magistrado estabelece deveres que ex-
trapolam o plano-base contratado entre 
consumidor e prestadora, para além do 
que a própria Agência Nacional de Saúde 
tenha estabelecido, essa decisão pode 
levar à revisão de toda a matriz da lógica 
negocial dos planos de saúde, e provo-
car aumento global das mensalidades 
para todos os cidadãos, como precaução 
dos fornecedores desse serviço. Nesse 
caso, em razão do desejo do magistrado 
de auxiliar um determinado consumidor, 
premido pela situação, pode fazer que as 
empresas desse mercado majorem as 
mensalidades de todos, como efei-
to de “seguro” em face de eventuais 
decisões similares. Esse resultado 
— aumento de mensalidade — pode 
inviabilizar, assim, a contratação de 
muitos outros cidadãos que ficarão de-
sassistidos.
O caso serve para mostrar como 
as relações comutativas devem ser tra-
tadas pelo magistrado dentro de sua 
lógica, segundo o princípio da boa-fé 
objetiva, subjacente às relações de reci-
procidade. Ou seja, a “Justiça” (aparato 
judicial) teria feito uma “injustiça maior”, 
enquanto acreditava o magistrado que 
teria sido “mais justo”. Esse cuidado, 
na verdade, além de preservar a justiça 
própria da situação, salvaguarda a auto-
nomia privada e resguarda a dignidade 
humana de todas as pessoas envolvidas, 
sendo a sociedade tão ou mais impor-
tante do que uma única pessoa isolada 
e conjunturalmente beneficiada naquela 
decisão, sendo que ela mesma, depois 
fará parte do conjunto dos prejudicados 
pela majoração da mensalidade. 
Julgar sem tal perspectiva leva a 
promover um prejuízo maior do que o 
bem que se imaginava propiciar. Por isso 
que o julgador ainda se 
esqueça da dignidade 
de todos que não estão 
diretamente envolvidos na 
demanda, mas podem ser pre-
judicados por uma disposição 
sua que venha, a despeito de be-
neficiar um sujeito que é parte, impor 
perdas à coletividade.
Por exemplo, uma decisão em uma 
dada relação comutativa na qual o ma-
gistrado aplique critérios de justiça distri-
butiva – erroneamente - e atribua maior 
dever do que caberia a uma das partes, 
pelo fato de ser economicamen-
te mais forte na relação. Em 
situações assim, o magistra-
do trata o sujeito particular, e 
seus bens, como se estivesse 
diante de bens do próprio Es-
tado, que pode ser demandado 
na lógica distributiva, até à re-
serva do possível. Estará assim 
a autoridade judiciária rompendo 
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE28
3. 
Mecanismos de 
participação popular
Dizia-se acima que pelo princípio da sub-
sidiariedade cabe às sociedades inter-
mediárias menores que o Estado e aos 
indivíduos assumirem competências que 
lhes são próprias. Também se esboçou 
um conceito amplo de democracia, que 
diz com a liberdade de atuação e interfe-
rência nas decisões que envolvam inte-
resse particulares e públicos. Nesse sen-
tido, é possível listar alguns mecanismos 
de participação popular nos três âmbitos 
de exercício do poder público, que exem-
plificam exercício de democracia 6.
3.1. 
Mecanismos de 
participaçãopopular 
no Poder Executivo
No que se refere ao Poder Executivo, sem 
prejuízo de outras situações nas quais se 
pode identificar a ação do cidadão na 
conformação da vontade política do Es-
tado, contam-se o voto nas eleições de 
prefeitos, governadores e presidente da 
República (CF, art. 14); a presença ativa e 
deliberativa de cidadãos nos conselhos 7 
de natureza política em todas as esferas 
de governo, bem como nas agências re-
guladoras 8; a presença intensa em con-
selhos de caráter administrativo, como o 
“conselho tutelar”, de âmbito municipal, 
na área dos direitos da criança e do ado-
lescente; a participação em órgãos de 
controle e direcionamento do orçamento 
público, etc.
Mecanismos de 
participação popular 
no Poder Legislativo
Relativamente ao Poder Legislativo, 
podem ser apontados como instrumen-
tos de democracia a disponibilidade de 
concorrer, inclusive por sua associação 
aos partidos políticos; o exercício do su-
frágio universal pelo voto direto e secre-
to (no caso do Legislativo, para eleger 
vereadores, deputados estaduais, fede-
rais e senadores), bem como participar 
do processo deliberativo em matéria le-
gal por meio de plebiscito, referendo 9 e 
iniciativa popular (CF, art. 14). Também 
se poderiam elencar o veto popular 10 e 
a participação em audiências públicas 
nas casas legislativas como instâncias 
de participação popular que afetam a 
tarefa legislativa.
Mecanismos de par-
ticipação popular no 
Poder Judiciário
Por fim, quanto ao Poder Judiciário, 
há abertura para a participação, substi-
tutiva, complementar ou auxiliar na ta-
refa jurisdicional, mediante a ação do 
cidadão no júri popular, na arbitragem, 
na conciliação por juízes leigos, na me-
diação junto a particulares, vinculado ou 
não a órgãos jurisdicionais e, ainda a par-
ticipação em audiência pública 11 ou na 
posição de amicus curiae.
Mediante audiência pública no Ju-
diciário, oferece-se aos magistrados a 
possibilidade de escutar a população ou 
a sociedade civil organizada para decidir 
sobre temas de relevante apelo social. 
De rigor, em qualquer esfera judicial se-
ria possível realizarem-se escutas po-
pulares. Mas o mais comum ainda são 
audiências no âmbito do STF. Há quem 
critique o modo como se tem empregado 
essa ferramenta de participação popular, 
pela restrição de convite a expertos que 
6 “Vislumbra-se assim um novo modelo 
de democracia lastreado nos princípios 
representativo e participativo com a re-
estruturação do espaço público, no qual 
possam coexistir a ordem institucional 
já estabelecida e a participação direta da 
sociedade civil”. CARVALHO, Kátia de. Da 
democracia representativa à democracia 
participativa: a auto-convocação popu-
lar, um mecanismo de aperfeiçoamento 
da representação política. Dissertação de 
mestrado. Universidade Federal de San-
ta Catarina, Centro de Ciências Jurídicas, 
Programa de Pós-Graduação em Direito, 
Florianópolis, 2011.
7 “Os primeiros Conselhos de Direitos da 
Criança e Adolescente foram criados há 
vinte e cinco anos como instâncias pari-
tárias, em que representantes do Estado 
e da sociedade civil deliberariam a res-
peito da elaboração e concretização de 
políticas públicas para o segmento”. 
Cf. TOSI, Matilde Alba Tumbiolo Gioia. O 
Conselho de Direitos da Criança e do 
Adolescente como mecanismo de par-
ticipação popular: análise de sua inci-
dência na implementação de políticas 
públicas. Dissertação de Mestrado. Uni-
versidade de São Paulo: Escola de Artes, 
Ciências e Humanidades. Programa de 
Mestrado em Análise de Políticas Públi-
cas. 2016.
8 “Acredita-se que as agências regula-
doras representam um avanço na con-
cretização da democracia participativa, 
mesmo que não tenham ainda consegui-
do alcançar um nível desejável de parti-
cipação efetiva”. RODRIGUES, Cristiana 
Espírito Santo. Participação popular 
no âmbito das agências reguladoras 
brasileiras. Dissertação de Mestrado. 
Universidade de Fortaleza: Programa de 
Pós-graduação em Direito Constitucio-
nal, 2011.
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 29
4.1. 
Os limites 
hermenêuticos do 
magistrado
Quanto aos limites hermenêuticos, o 
desvirtuamento costuma ser chamado 
de “ativismo judicial”. Há perspectivas 
analíticas positivas e negativas da ação 
exorbitante do magistrado, que não deve 
ser confundida com o caso de interpre-
tação por lacunas na lei.
Em geral, o ativismo decorre da apa-
rente ou real invasão em competência do 
poder legislativo ou de outra esfera de 
poder estatal. O caso da criminalização 
da homofobia pelo STF em 2019 é em-
blemático 12. Todavia, dada a limitação 
de espaço, não será aqui analisado.
Os limites éticos do 
magistrado
Quanto aos limites éticos, a palavra 
de ordem é a “imparcialidade”. O magis-
trado não pode tomar partido em uma 
dada causa, que seria papel do advoga-
do. Isso não significa neutralidade, até 
porque deve ele assumir a vontade da 
lei e os valores do sistema jurídico. Se o 
magistrado nota que sua isenção pode 
correr risco por relação prévia com al-
guma das partes, espera-se que ele se 
afaste do juízo, declarando-se suspeito. 
Também a lei previu situações de impe-
dimento, em que não seria necessário o 
magistrado declarar-se suspeito, porque 
há um dispositivo legal que impede que 
ele atue, como acontece em casos nos 
quais haja um vínculo ostensivo dele 
com alguma das partes 13. 
9 Cf. PINTO, Érica Maria Garcia. Instru-
mentos de participação democrática 
direta: o plebiscito e o referendo. Uni-
versidade de São Paulo: Faculdade de 
Direito. Programa de Pós-Graduação em 
Direito, 2013.
10 Há um trabalho recente dedicado ao 
instituto do veto popular, a partir de sua 
previsão na Lei Orgânica do Município de 
Fortaleza. “Objetivo da presente disser-
tação é analisar, sob uma perspectiva, 
principalmente jurídica, política e social, 
a constitucionalidade do instrumento 
de participação popular característico 
de democracias que embora estrutu-
radas sob um regime representativo 
possuam mecanismos de participação 
direita. Dentre os diversos instrumentos 
existentes, será apresentado e estuda-
do o veto popular previsto no artigo 59, 
inciso V da Lei orgânica do município de 
Fortaleza/CE” Cf. ACIOLY FILHO, Evaldo 
Ferreira. Análise do veto popular como 
mecanismo de aperfeiçoamento da 
democracia brasileira. Dissertação de 
Mestrado. Universidade de Fortaleza: 
Programa de Pós-Graduação em Direito 
Constitucional, 2019.
11 Para melhor análise desse tema, suge-
re-se ler A participação popular nas au-
diências públicas judiciais: verdade ou 
engodo?, de Robson Louzada Lopes. 
Segundo o autor, seu trabalho “busca 
estabelecer a importância de se concre-
tizar a democracia e a cidadania, enquan-
to regime político e direito fundamental, 
junto ao poder judiciário, analisando 
centralmente se as aberturas operadas 
pelos tribunais por meio das audiências 
públicas se constituem método eficaz ou 
se trata de engodo. A linha de pesquisa 
abarcada é denominada no programa de 
pós-graduação strictu sensu da Faculda-
de de Direito de Vitória como “Jurisdição 
constitucional e concretização dos direi-
tos e garantias fundamentais” e se resu-
me em pesquisar “o papel da sociedade 
e os caminhos não estritamente estatais 
para a efetivação dos direitos fundamen-
tais da população em geral”. As referên-
cias completas de acesso estão ao final 
desse texto.
desenvolvem sua opinião sobre os temas 
(LOPES, 2012). Ao se operar tal redução, 
estaria se desvirtuando o espírito da au-
diência pública, pois não mais haveria es-
paço para pessoas simples participarem. 
Além disso, para a participação de exper-
tos como auxiliares, haveria a ferramenta 
do “amicus curiae” pelo qual podem cola-
borar com a Corte no julgamento.
4. 
Imparcialidade e 
efetividade na pres-
tação jurisdicional
Como se dizia, nos anos 1990 houve am-
plo debate sobre a “crise do Judiciário”, 
que redundou em uma “Reforma do Ju-
diciário”, por meio de alteração de legis-
lação processual, abertura para novos 
atores participarem dastarefas jurisdi-
cionais (arbitragem, juízes leigos, con-
ciliadores e mediadores) e a criação do 
Conselho Nacional de Justiça, por meio 
de emenda constitucional. A ideia era 
aprimorar a efetividade do Judiciário. 
Ao final de 2019, assiste-se à nova 
onda de reforma, desta vez para blindar 
o sistema judiciário em face de estraté-
gias procrastinatórias empreendidas por 
réus que se aproveitam da amplitude re-
cursal para ocupar o Judiciário até pres-
crever a aplicação da lei penal antes de 
se consumar a “coisa julgada”.
Outro desafio ou oportunidade de 
aprimoramento diz com a conduta do 
magistrado na realização de sua tarefa. 
Aqui entra o tema dos limites hermenêu-
ticos e éticos do juiz. 
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE30
Quando o magistrado não se afasta 
de causas nas quais há elementos para 
pensar que deveria, ainda que não ve-
nha a se beneficiar ou lesar alguma das 
partes, ele favorece a desconfiança para 
com a Justiça, pois inevitavelmente sur-
gem conjecturas quanto à sua parciali-
dade. Caberia aos juízes serem muito 
mais cautelosos nesse tema. Diz o di-
tado que “à mulher de Cesar não basta 
ser honesta; deve parecê-lo”. Em se tra-
tando de Poder Judiciário vale o mesmo. 
Em razão de fatos assim, senadores da 
República trabalham para a instalação 
de uma Comissão Parlamentar de In-
quérito que avalie casos chamativos, de 
modo a se propor mudanças legais que 
impeçam tais situações. Tal Comissão 
foi denominada pela mídia como “CPI da 
Lava Toga” 14.
Também se reconhece desvio da 
atuação do Judiciário quando magistra-
dos usam de sua posição para ultrapas-
sar limites de sua competência técnica. 
Situações como essas terminam por 
macular o exercício exemplar de tantos 
outros que agem conforme a dignidade 
de sua tarefa, dentro dos limites éticos e 
técnicos da função.
12 Veja-se a respeito PEREIRA JUNIOR, 
Antonio Jorge; MOREAU, Caio. O des-
pótico STF e a desarmonia na República. 
21/02/2019 Jornal: O Estado de São Paulo.
13 Causa escândalo, especialmente nas 
Cortes Superiores, quando ministros ju-
diciais atuam como julgadores em casos 
nos quais parente próximo seja advo-
gado de uma das partes, em situações 
nas quais tenham recebido valores de 
uma das partes para palestras, ou quan-
do eles mesmos tenham atuado como 
advogado em favor de umas das partes 
antes de chegarem à posição de magis-
trados. Nessas situações, mais sensato 
seria o juiz alegar suspeição, por prudên-
cia. Mas essa decisão é discricionária: ou 
seja, cabe ao próprio implicado avaliar e 
decidir, como regra, sem que isso impe-
ça eventual ação contra os seus atos no 
processo, por quem tenha interesse, de-
monstrando-se o favorecimento ou pre-
juízo que possa ser comprovado.
14 Cf. PEREIRA JÚNIOR, Antonio Jorge. 
Quem teme a CPI da Toga no Senado?
Jornal: O Povo, 25/03/2019.
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 31
Referências
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veto popular como mecanismo de aper-
feiçoamento da democracia brasileira. 
Dissertação de Mestrado. Universidade 
de Fortaleza: Programa de Pós-Graduação 
em Direito em Direito Constitucional, 2019. 
BONALDO, Frederico. Prestação juris-
dicional e caráter: a interdependência 
das virtudes do juiz [recurso eletrônico] 
Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2019.
CARVALHO, Kátia de. Da democracia re-
presentativa à democracia participa-
tiva: a auto-convocação popular, um 
mecanismo de aperfeiçoamento da 
representação política. Dissertação de 
mestrado. Universidade Federal de San-
ta Catarina, Centro de Ciências Jurídicas, 
Programa de Pós-Graduação em Direito, 
Florianópolis, 2011. 
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. A 
democracia possível. São Paulo: Saraiva, 
1972.
LOPES, Robson Louzada. A participação 
popular nas audiências públicas judi-
ciais: verdade ou engodo?. 2012. 153 f. 
Dissertação. (Mestrado em Direitos e Ga-
rantias Fundamentais) - Programa de Pós-
-Graduação em Direitos e Garantias Fun-
damentais, Faculdade de Direito de Vitória, 
Vitória, 2012. 
MONTORO, Franco. Da democracia que 
temos para a democracia que quere-
mos. Rio Janeiro: Paz e Terra, 1974.
PEDRON, Ronaldo Araújo. Democrati-
zação do Poder Judiciário: a Ouvidoria 
do Conselho Nacional de Justiça como 
Instrumento de Participação Popular. 
Dissertação de Mestrado do Programa de 
Pós-Graduação da Faculdade de Direito da 
Universidade Federal de Minas Gerais, 2017. 
PEREIRA JÚNIOR, Antonio Jorge. Des-
centralização do Poder Público nos anos 
1990 mediante leis promotoras de partici-
pação do cidadão na gestão política e judi-
cial no Brasil, Revista dos Tribunais, vol. 
1000/2019, p. 657-670, Fev 2019.
PEREIRA JÚNIOR, Antonio Jorge. Quem 
teme a CPI da Toga no Senado? Jornal O 
Povo, 25/03/2019.
PEREIRA JÚNIOR, Antonio Jorge. Impea-
chment no STF. Jornal O Povo, 06/05/2019.
PEREIRA JÚNIOR, Antonio Jorge; BRITO, 
Francilene Gomes de. Prefácio. In: Acesso 
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PEREIRA JÚNIOR, Antonio Jorge; BRITO, 
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REAU, Caio. O despótico STF e a desar-
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Católica de São Paulo - PUC-SP, 2016.
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE32
ANTÔNIO JORGE PEREIRA JÚNIOR (autor)
Doutor, mestre e bacharel pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Professor do Programa de Mestrado e Dou-
torado em Direito da Universidade de Fortaleza (PPGD-UNIFOR). Ganhador dos Prêmios Orlando Gomes-Elson Gottshalk, pela 
Academia Brasileira de Letras Jurídicas (ABLJ), Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) e o Jabuti, com a obra Os 
Direitos da Criança e do Adolescente em face da TV (Saraiva, 2011). Tem mais de 150 obras publicadas entre artigos, capítulos 
e livros, no Brasil e exterior. É membro da International Academy for the Study of the Jurisprudence of the Family, da Academia 
Iberoamericana de Derecho de la Familia y de las Personas, da International Society of Family Law, da Associação de Direito deFamília e das Sucessões (ADFAS), sendo atual presidente da seção Ceará. Membro do Comitê Brasileiro de Arbitragem (CBAr), 
da Câmara de Mediação e Arbitragem Especializada (CAMES) e da Academia Paulista de Letras Jurídicas (APLJ). É professor da 
Escola Nacional de Magistratura, coordenador do pesquisa sobre o depoimento especial de criança e adolescente vítima de vio-
lência do Conselho Nacional de Justiça, Árbitro, membro do Comitê Brasileiro de Arbitragem (CBAr) e da Câmara de Mediação e 
Arbitragem Especializada (CAMES). É Advogado vinculado ao quadro efetivo da OAB São Paulo e Ceará, sendo atual membro das 
Comissões de Ensino Jurídico, Direitos da Criança e Direito de Família da OAB/CE. Articulista do jornal O POVO, desde agosto de 
2018, e possui registro de jornalista.
KARLSON GRACIE (ilustrador)
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Desembargador Washington Luís Bezerra de Araújo Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará: Desembargadora Maria Nailde Pinheiro 
Nogueira Corregedor-Geral do Tribunal de Justiça do Ceará: Desembargador Teodoro Silva Santos | ISBN 978-65-86094-01-5
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