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linguagem jurídica

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Linguagem Jurídica
Oral, Escrita e Interpretativa.
Conceito
É possível reconhecer no universo profissional do Direito o 
desenvolvimento de uma linguagem específica usada por juristas 
em suas mais diversas atuações. Certas expressões e palavras se 
tornaram essenciais na construção dos textos jurídicos e a eles 
conferem forma e sentido.
Introdução
O presente trabalho aborda o discurso jurídico, a linguagem jurídica inteligível e sua importância 
na eficácia do acesso à justiça. Para tanto, utiliza de argumentos da área linguística, filosófica, 
sociológica e jurídica, além das conclusões práticas da pesquisa de campo.
Em primeiro plano, são analisadas, teoricamente, as relações entre o binômio Direito e 
linguagem e o exercício de poder que este binômio “escolheu” para segregar o conhecimento 
jurídico. Sob a ótica da linguística, este exercício de poder decorre do rigor e tradição que 
historicamente foi formado (levando-se em conta todas as espécies de texto linguístico – verbal e 
não verbal).
Após analisar o papel da semiótica jurídica, a monografia traz a compreensão de Foucault e a 
“ordem do discurso” cuja função é analisar e revelar o papel do discurso na reprodução da 
dominação entendida como o exercício do poder pelas elites, instituições ou grupos e de que 
resulta, dentre outras coisas, a desigualdade social. Trata o discurso como desejo e não objeto 
de desejo, capaz, portanto de “agir” e mudar quadros sociais.
Complementando esta visão foucaultiana, analisa-se a posição de Bourdieu em “o 
poder simbólico”. Bourdieu vislumbrou o direito e a linguagem jurídica como uma forma 
de manifestação de poder e constatou que simples limitações às diversas formas de 
interpretação jurídica, representam, por si só, forma de controle social.
Ao longo da abordagem tanto de Foucault como de Bourdieu a monografia trará 
enfaticamente a linguagem jurídica como foco das duas posições a fim de que o leitor 
compreenda sua dimensão como instrumento de poder na sociedade.
Ponto crucial do trabalho é mostrar as transformações na linguagem, através do 
chamado giro linguístico e a subsequente “parceria” do discurso com as ciências 
sociais e não mais com a economia. O giro linguístico deu dinâmica à linguagem, 
interferindo na construção dialética das normas jurídicas, agora “recheadas” de 
interpretação (não mais de apenas dados literais da lei). Este giro, por sua vez, ganha 
força na conclamada e possível pós-modernidade. Na monografia, o que se pretende 
explicar com a teoria do giro linguístico e os paradigmas pós-modernos é o direito 
como texto, instalado nos desejos sociais do dever-ser e da justiça e o possível 
encontro da ciência e o senso comum, o que estimularia a visão do direito como uma 
prudência. Dando-se essa valoração e sentido para o direito, a linguagem acessível, 
inteligível, clara e concisa torna-se consequência lógica do seu objetivo: justiça social.
São ferramentas específicas:
• Discurso Jurídico.
• Vocabulário Jurídico.
• Linguagem Jurídica.
O direito e a linguagem se confundem, já
que é por meio da linguagem escrita e
falada que os conhecimentos doutrinários
são dogmaticamente absorvidos pelos
bacharelandos; é por meio da linguagem
escrita que os pronunciamentos judiciais são
publicados na imprensa oficial; é por meio
da linguagem escrita, ainda, que as partes,
ressalvadas as exceções legais, deduzem
suas pretensões em Juízo, assim como os atos
e termos processuais são realizados.
Da importância da linguagem para o 
Direito. 
Críticas pertinentes
A sociedade vive um histórico distanciamento do Direito e da Justiça. A
elitização da linguagem empregada (verbal ou não verbal) é uma das
principais causas da segregação do conhecimento jurídico e do acesso à
justiça. O trabalho propõe identificar que um dos motivos desse emprego
insistente e desnecessário do “Juridiquês” provém da própria conceituação do
que é o direito (ciência ou prudência, engajada ou não na dialética social)
tanto na visão da sociedade (que não se sente “protegida” pelo direito,
desacredita na Justiça e não conhece seus direitos e deveres) quanto para os
juristas, advogados, serventuários e estudantes (que monopolizam o
conhecimento jurídico e perpetuam o uso de uma linguagem inacessível aos
jurisdicionados). Através de uma abordagem sócio-filosófica, semiótica, como
também embasada em pesquisa de campo local, o trabalho explica e indica
possíveis soluções para que o discurso jurídico seja inteligível e as barreiras para
o acesso à justiça e o conhecimento acerca do Direito sejam quebradas.
Estatísticas do âmbito jurídico
50%50%
Demonstrativos dos resultados obtidos através de 
questionário direcionado a pessoas que não estudam 
direito ou não exercem qualquer tipo de atividade 
jurídica:
Ja foram Autor, Réu, Testemunha ou Jurado em um processo (50%).
Nunca foram Autor, Réu, Testemunha ou Jurado em um processo (50%).
comparativos
Ja foram Autor, Réu, Testemunha ou Jurado em um processo
Não leu ou sequer teve acesso ao processo
(98%)
Leu o processo e entendeu tudo (1%)
Leu o processo e entendeu em partes (1%)
60
99
40
1
JA LERAM, NO TODO OU EM PARTE, A CONSTITUIÇÃO E OU CÓDIGO 
LEGAL.
JÁ SENTIU DIFICULDADE DE INTERPRETAR UM TEXTO DE CUNHO 
JURÍDICO.
Na busca por informações:
Sim Não
Quando sentem que algum direito foi 
violado, a primeira fonte pesquisa é:
Um advogado
56%
A internet
31%
A legislação
13%
Da interpretação:
84
2,5
92
16
4,4
8
NOTAM QUE A COMPREENSÃO JURÍDICA É MENOR ENTRE A
CLASSE SOCIOECONOMICA MENOS FAVORECIDA.
JÁ TIVERAM DIFICULDADE DE INTERPRETAR ALGUMA PEÇA
PROCESSUAL NO TODO OU EM PARTE.
AFIRMAM QUE A LINGUAGEM JURÍDICA PODE SER OBSTÁCULO
PARA O ACESSO A À JUSTIÇA.
Sim Não
Tipos de Discurso Jurídico.
• A argumentação processa-se através do discurso, isto é, por palavras que se 
encadeiam, constituindo um todo coeso e cheio de sentido.
• O Mundo Jurídico prestigia o vocabulário especializado, para que o excesso 
de palavra plurissignificativas não atrapalhe a representação simbólica da 
linguagem.
• O Exórdio é o local do discurso onde o orador apronta o ânimo dos ouvintes 
para que ouçam com benevolência, atenção e docilidade.
• No exórdio, o orador consegue a benevolência do auditório quando elogia 
com moderação os ouvintes ou coisas que lhes digam respeito;
• O exórdio simples é o que se limita a breves palavras, suficientes, todavia, 
para conquistar a benevolência, a atenção e a docilidade dos ouvintes
Níveis da Linguagem Jurídica
A linguagem do direito compreende, pois, vários níveis. A
suposição global de uma única realidade é substituída pela
observação de muitos níveis linguísticos. Não existe uma
linguagem jurídica, mas uma linguagem legislativa, uma
linguagem judiciária, uma linguagem convencional, uma
linguagem administrativa, uma linguagem doutrinária. O estudo
do discurso jurídico não pode ser feito a não ser por nível de
linguagem. Assim, levando-se em consideração que a finalidade
é que atribui a juridicidade à linguagem jurídica, podem-se
detalhar seus níveis em:
1) linguagem legislativa – a linguagem dos códigos, das normas; sua 
finalidade: criar o direito;
2) linguagem judiciária, forense ou processual – é a linguagem dos 
processos; sua finalidade é aplicar o direito;
3) linguagem convencional ou contratual – é a linguagem dos 
contratos, por meio dos quais se criam direitos e obrigações entre as 
partes;
4) linguagem doutrinária – é a linguagem dos mestres, dos 
doutrinadores, cuja finalidade é explicar os institutos jurídicos, é ensinar o 
direito;
5) linguagem cartorária ou notarial – a linguagem jurídica que tem por 
finalidade registrar os atos de direito.
Conclusão
Esmiuçar o tema com uma análise sociológica trouxe uma visão crítica e histórica sobre as nuances 
acerca da conceituação do direito e suas limitações quanto ao seu objetivo na sociedade: justiça 
social. Já a análise semiótica e linguística, bem como filosófica, trazem o poder que a linguagem e 
acomunicação exercem, seja unindo os atores sociais, seja segregando algum tipo de 
conhecimento.
Como pilar da monografia, o acesso à justiça não se limita ao acesso ao judiciário, mas estende-se 
ao acesso à ordem jurídica justa. Esta, por sua vez, é facilitada pelo conhecimento do direito (ou 
dos direitos). A comunicação, dentro das esferas linguística, semiótica, filosófica, sociológica e 
jurídica é que veicula esse conhecimento em todas as esferas sociais, uma vez que o Direito 
interessa e faz parte da vida de todos.
O trabalho explicou, portanto, a importância da linguagem jurídica acessível e inteligível entre os 
atores sociais, linguagem que democratiza o conhecimento do direito e aproxima o cidadão das 
estruturas e mecanismos de realização da Justiça.
Como diz o poeta Thiago de Mello, “Falar difícil é fácil, falar fácil é que é difícil”. Militar pela causa 
da “facilitação” da linguagem empregada pelos juristas, estudantes e advogados é um nobre 
empreendimento. A verdade é que a comunicação jurídica elitizada traz certo status aparente 
viciante e vicioso, uma cultura arraigada e difícil de ser mudada.
A monografia, portanto, trouxe um aspecto novo como uma das maneiras de viabilizar mudanças na 
aplicação da linguagem jurídica acessível: a própria conceituação sobre o que é o direito. Através 
da análise sociológica e filosófica, o direito pode ser visto ora como ciência, engessado nas leis e 
nos padrões técnicos da construção jurídica formal; ora como prudência, baseada nos anseios 
sociais do “dever-ser”, engajado na dialética social e na construção histórica do povo. Esta ultima 
visão, de certa forma, enquadra-se melhor na conscientização sobre a aplicação de uma linguagem 
jurídica flexível, acessível e democratizadora.
O projeto que tentar lutar pela acessibilidade da linguagem jurídica deve entender que a mudança, 
além de ser útil, é necessária. E para entender isso, deve enxergar o Direito como parte da história 
e construção da sociedade. Deve compreender que os atores sociais, especialmente os 
jurisdicionados, não são marionetes incapazes de compreender uma linguagem que os separa de 
seus próprios interesses (direitos, deveres), mas fazem parte do “mundo jurídico” e precisam ter 
acesso claro, efetivo e inteligível à justiça.
Bibliografia
Entendendo a linguagem jurídica:
http://www.tjrs.jus.br/export/publicacoes/vocabulario_juridico/entendendo_a_liguagem
_juridica/doc/entendendo.pdf
Aspectos linguísticos:
http://linguagemjuridica.com.br/linjurwp
Análise critica:
http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12316&revista_ca
derno=24
Grupo
Ana Paula;
Fábio Silva;
Gustavo Godoi;
Igor Luan;
Nathália Kawassaki;
Marcelo Ribeiro.

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