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Circuitos Elétricos III Circuitos Magneticamente Acoplados Profª Luciana C. Leite Graduação em Engenharia Elétrica FAENG/UFMS Introdução Os circuitos que estudamos até o momento são considerados condutivamente acoplados. – Um laço afeta o laço vizinho através da condução de corrente. Quando dois laços com ou sem contato se afetam através do campo magnético gerado por um deles, são chamados de magneticamente acoplados. – Exemplo: Transformador → bobinas magneticamente acopladas transferem energia de um circuito para outro. Circuitos condutivamente acoplados Para a figura abaixo, dados Ė e as impedâncias do circuito (Ż1, Ż2 e ŻM), determinar, as correntes, tensões e potências. Considerando-se as correntes de laço I1 e I2 tem-se: Na solução acima consideramos a solução do sistema de equações na forma matricial. Se consideramos Żij o termo genérico da matriz Ż como sendo o elemento de i-ésima linha e da j-ésima coluna, tem-se que: e Exemplo 1 Resolver o circuito da figura abaixo, transformando o circuito acoplado em impedâncias séries equivalentes. Dados: Tem-se: Exemplo 1 (cont.) ou Acoplamento magnético Quando dois indutores (ou bobinas) estão próximos, o fluxo magnético causado pela corrente em uma bobina induz tensão na outra bobina. Este fenômeno é chamado de indutância mútua. Para um indutor simples de N espiras, quando uma corrente i flui através dele, um fluxo magnético é produzido ao redor dele. De acordo com a lei de Faraday, a tensão induzida no indutor é: v = N.d/dt Mas o fluxo é produzido pela corrente i, portanto qualquer mudança em é causada por uma variação na corrente: v = N.(d/di).(di/dt) = L.di/dt A indutância L do indutor é dada por: L = N.(d/di). Esta indutância é chamada de auto-indutância, pois relaciona a tensão induzida em uma bobina por uma corrente variante no tempo na mesma bobina. Indutância Mútua (Mij) As marcas junto aos enrolamentos mostram o sentido de acoplamento magnético. A convenção utilizada indica que um acréscimo de corrente entrando por uma das marcas implica num acréscimo de corrente saindo pela outra. Correntes entrando pela marca reforçam o fluxo no meio magnético. L1, L2 e M são parâmetros positivos de indutância própria do primário, própria do secundário e mútua, respectivamente. Indutância Mútua (Mij) Desde que seja adotada para tensões e correntes em cada enrolamento a convenção de receptor, L1 e L2 são positivas. M pode ter qualquer sinal, conforme o fluxo, produzido por uma das correntes, reforce ou enfraqueça aquele produzido pela outra. O sinal de M depende da escolha das referências nos diversos enrolamentos. O sentido relativo dos fluxos pode ser representado por pontos () junto a um dos extremos de cada enrolamento. Modelo do trafo com a Indutância Mútua (Mij) Modelo do trafo com a Indutância Mútua (mais fácil!) Modelo que torna mais fácil a análise de circuitos mutuamente acoplados. Indutores mutuamente acoplados Exemplos de situações de pontos em indutores mutuamente acoplados: Interpretação física dos parâmetros L1, L2 e M O acoplamento entre os indutores do primário e do secundário pode ser quantificado através das seguintes montagens: A. Secundário em aberto B. Secundário em curto Definindo-se fator de acoplamento magnético: L1o Indutância vista do primário com o secundário em aberto (“open”). L1s Indutância vista do primário com o secundário em curto (“short”). Fator de acoplamento magnéticos (k) O fator de acoplamento k pode ser obtido a partir das medidas de L1o e L1s . 0 k 1 k = 0 implica L1s = L1 = L1o. Não há fluxo concatenado entre as 2 bobinas e, portanto, não existe acoplamento magnético ( M = 0). k = 1, L1s = 0, ou seja, o primário se comporta como uma indutância nula, impedindo a variação de fluxo no meio magnético. A bobina do secundário em curto também se opõe a qualquer variação de seu fluxo. Existe, portanto, um acoplamento total entre o fluxo do primário e do secundário ( M = L1 .L2). O fator de acoplamento k pode ser visto como uma medida da relação entre o fluxo concatenado e o fluxo disperso (“leakage”). A figura ilustra as linhas de campo dos fluxos concatenado e disperso. Note que, se as bobinas forem afastadas, o fluxo concatenado diminui (k 0). Bobinas em fase e em contra-fase A convenção de pontos, para indutores conectados em série, pontos se somando (bobinas em fase), a indutância total será: L = L1 + L2 + 2M Para indutores conectados em série, com pontos opostos (bobinas em contra-fase), a indutância total será: L = L1 + L2 - 2M Exemplo 2 Duas bobinas são associadas em série com mesmo sentido de enrolamento (polaridade aditiva) e sobre o mesmo núcleo, como mostra a figura abaixo. Determine a indutância equivalente do sistema. Leq = L1 + L2 + 2M = 20mH + 30mH – 2*10mH = 30 mH Exemplo 3 Três bobinas são enroladas sobre o mesmo núcleo magnético e são conectadas em série com as polaridades indicadas, como mostra a figura abaixo. Determine a indutância equivalente para o circuito. Leq = L1 + L2 - 2M12 + 2M13 + L3 – 2M23 = 25mH + 20mH – 2*10mH + 2*15mH + 30 mH – 2*5mH = 75 mH. Exercício para resolver Determine os valores das indutâncias (dados em Henry) equivalentes dos circuitos abaixo. (respostas: (a) 2,1H; (b) 0,7; (c) 0,6H; (d) 2,1H) (a) (b) (c) (d) Exemplo 4 A figura abaixo apresenta o esquema de um transformador, composto por duas bobinas construídas sobre um mesmo núcleo formando um caminho magnético com coeficiente de acoplamento k=0,9. Dado que as indutâncias do primário (bobina 1) e secundário (bobina 2) são 20 mH e 5 mH, respectivamente, determine: – a indutância mútua entre as bobinas; – o número de espiras do secundário, considerando que o primário tem 100 espiras. Solução: k = M2/(L1.L2) M = 9 mH n (L2/L1) = N2/N1 N2 = N1.(L2/L1) = 50 espiras Transformador ideal Um transformador ideal é aquele com acoplamento perfeito (k = 1). Consiste em duas bobinas com um número grande de voltas em um núcleo comum de alta permeabilidade. Devido a esta alta permeabilidade do núcleo, o fluxo liga todas as voltas de ambas as bobinas, resultando, portanto, em um acoplamento perfeito. Um transformador é dito ser ideal se: – As bobinas tiveram reatâncias bastante elevadas (L1, L2, M ); – O coeficiente de acoplamento é unitário (k=1); – Os enrolamentos primário e secundário não possuem perdas (R1 = R2= 0). Transformadores com núcleo de ferro são uma aproximação de transformadores ideais. Transformador ideal Transformador ideal Transformador ideal Referir ou refletir os lados do trafo A regra geral para eliminar o transformador e refletir o 2ário 1ário é: dividir a impedância secundária por n2, dividir a V2 por n e multiplicar I2 por n. A regra para eliminar o transformador e refletir o 1ário 2ário é: multiplicar a impedância primária por n2, multiplicar a V1 por n e dividir a I1 por n. Exemplo 5 N1 = 100 e N2 = 10.000 n = N2/N1 = 100 Portanto: – Um capacitor de 10μF na carga aparece como um capacitor de 100mF no circuito primário (aumenta a capacitância). – Um indutor de 30 mH na carga aparece como um indutor 3μH no circuito primário (diminui a indutância, o mesmo valendo para o caso de resistência). Transformadores Lineares Figura 1 - Diferentes tipos de transformadores: (a) transformador de potência de núcleo seco com enrolamento de cobre; (b) transformadores de áudio. (Cortesia de: (a) Electric Service Co.; (b) Jensen Transformers) (a) (b) Autotransformadores Um autotransformador é um transformador no qual, além do acoplamento magnético entre os enrolamentos, existe uma conexão elétrica conforme mostra a Figura xx. São duas as formas possíveis de conexão elétrica: aditiva ou subtrativa. Figura xx – Transformador ideal conectado como autotransformador. Autotrafo Em geral utiliza-se a conexão aditiva nas duas formas de operação possíveis, ou seja, como autotransformador elevador ou rebaixador, conforme ilustra a Figura xy. Figura xy – Autotransformador elevador e abaixador (ou rebaixador) de tensão. Para o autotrafo elevador, tem-se: Autotransformadores Daí, as potências complexas de entrada, Sx, e saída, Sy, são dadas por: Em que Ŝ1 e Ŝ2 são as potências complexas de entrada e saída obtidas na conexão como transformador ideal. Assim, como a é sempre positivo, para a ligação aditiva, o autotransformador permite a transformação de maior quantidade de potência elétrica do que a conexão como transformador. A desvantagem é a perda de isolação elétrica entre o primário e o secundário. Exemplo 5 Método dos Nós e Indutância Mútua Incluindo as correntes I1 e I2 como variáveis: Exemplo 5 (cont.) Transformadores Trifásicos Existem 4 maneiras-padrão de se ligar 3 transformadores monofásicos ou um transformador trifásico: Y-Y, Δ-Δ, Y-Δ, Δ-Y. Transformadores Trifásicos Bibliografia Fundamentos de Análise de Circuitos Elétricos – Johnson, David E., Hilburn, John L. and Johnson, Johnny R.; 4a. ed., P.H.B., 1994. (teoria) - 621.3192 J79f.4 Circuitos Elétricos – Nilsson, James W. and Riedel, Susan A.; 6a ed., Addison-Wesley Publishing Company, 2003. (teoria) - 621.3192 N712c.6 Basic Engineering Circuit Analysis – Irwin, J. David; 4th ed., Macmillan Publishing Company, 1990. (complemento da teoria e exercícios) - 621.3192 I72b.8 - 621.3192 I72i Análise de Circuitos Elétricos – Mariotto, Paulo Antonio; São Paulo: Prentice Hall, 2003. (complemento da teoria) - 621.3192 M342a Curso de Circuitos Elétricos – vol 2 - Orsini, Luiz de Queiroz; 2ª ed., Edgard Blucher, SP, 2004. (complemento da teoria e exercícios) - 621.3192 O76c.2 v. 2 Introdução à Análise de Circuitos – Boylestad, Robert L.; 10a. ed., Prentice Hall, 2004. (exercícios e simulações) - 621.3192 B792i.10. Circuitos Elétricos – Edminister, Joseph A.; coleção Schaum, McGraw-Hill, 1980. (alguns exercícios) - 621.3192 E24ci.2 Fundamentos de Circuitos Elétricos – Alexander, Charles K., Sadiku, Matthew N. O., Bookman, 2003.
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