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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE FACULDADE DE ECONOMIA Texto de Apoio de Contabilidade de Custos (Versão Revista) ÂÂnnggeelloo MMaaccuuááccuuaa LLeeoovviiggiillddoo JJaattee EErrmmíínniioo CChhiiaauu Maputo, Fevereiro de 2018 Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 2 0. APRESENTAÇÃO Caro leitor, Em primeiro lugar, endereçamos as boas vindas à cadeira de Contabilidade de Custos, que na Faculdade de Economia da Universidade Eduardo Mondlane é leccionado aos estudantes dos Cursos de Gestão e de Contabilidade e Finanças. A colectânea de textos de apoio e exercícios práticos que o leitor tem em mãos serve para facilitar o acompanhamento das aulas teóricas e práticas da disciplina de Contabilidade de Custos, sem dispensar a consulta e investigação à bibliografia recomendada. Nos textos apresenta-se em resumo os aspectos principais do programa da disciplina, que serão projectados em slides, desenvolvidos e explicados nas aulas teóricas e práticas. Deste modo, agradecemos desde já que o leitor considere a presente colectânea, diferente de um livro e, como tal, só poder ser melhor utilizado com uma participação activa nas aulas, lendo a bibliografia que será indicada ao longo do semestre lectivo. Em relação às edições anteriores, a presente edição foi revista e beneficiou da inclusão de novos conteúdos, bem como a recodificação dos exercícios, sobretudo nos capítulos II e VII. Para terminar, fazemos votos que tenha um bom proveito e cremos que oportunamente os futuros leitores terão o livro para esta disciplina, com exemplos e exercícios extraídos do nosso quotidiano. Com os melhores cumprimentos e desejo de que alcancem os objectivos traçados. Os docentes Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 3 CAPÍTULO I INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS Âmbito: A presente unidade se vai debruçar, entre outros, sobre os seguintes conteúdos: Conceitos e objectivos da contabilidade e propósito do sistema, grupos de interessados nas informações contabilísticas, definições, objecto e características da Contabilidade de custos; Comparação entre a Contabilidade financeira e a Contabilidade de custos; Ética profissional; e, Limitações da Contabilidade. Objectivos: No final da unidade, o estudante deverá se capaz de: Definir com clareza a Contabilidade de custos, distinguindo-a da Contabilidade financeira; Identificar os princípios éticos e deontológicos que norteiam a profissão de contabilista; e, Avaliar os propósitos da informação financeira bem como as suas limitações no quadro da tomada de decisões. Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 4 1.1 Objectivo da contabilidade e propósito do sistema. Interessados nas informações contabilísticas, definições, objecto e características da Contabilidade de custos a) Definições da contabilidade de Custos “Parte da contabilidade que consiste em determinar por ramos de actividade, produtos, serviços, clientes ou por outros elementos normais e extraordinários: por um lado, o montante das vendas; por outro, o conjunto de custos correspondentes; e depois, os proveitos e custos de cada uma daquelas categorias, com o fim de obter o lucro ou prejuízo de cada uma delas” (Brunet, Charles). “A contabilidade analítica é uma técnica de análise dos custos e proveitos de uma empresa que tem por objectivos: A valorização dos bens produzidos e vendidos; O controlo das condições internas de exploração” (A. Rapin e J. Poly). A Contabilidade de custos é uma “técnica ou método da determinação de custos de um projecto, processo, ou coisa. Este custo é determinado pela medição directa, alocação arbitrária, ou alocação racional e sistemática de custos” (IMA). b) Objecto de estudo da Contabilidade de Custos São os custos, proveitos e resultados das organizações, determinados e analisados, a prior ou posterior, de acordo com as necessidades da gestão da organização. c) Características da contabilidade de Custos As principais características da contabilidade de custos são as seguintes: Organiza-se em função das necessidades específicas de cada entidade; Destina-se a servir todos os gestores a todos os níveis hierárquicos; Deve estar actualizada e fornecer as informações rapidamente; Deve estar organizada para pôr em relevo as responsabilidades. d) Objectivo da Contabilidade de Custos O objectivo básico da contabilidade é produzir demonstrações económico-financeiras que sirvam de suporte às decisões dos utentes ou interessados da empresa. Um sistema de contabilidade visa fornecer informações contabilístico-financeiras que permitam: Propósito 1. Formulação da estratégia global da organização e dos planos de longo prazo Propósito 2. Tomada de decisões sobre alocação de recursos Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 5 Propósito 3. Planeamento e controlo dos custos de operações e actividades Propósito 4. Medida de avaliação do desempenho Propósito 5. Cumprimento da regulamentação externa sobre o reporte financeiro O sistema de contabilidade fornece e desempenha três funções gerais: Fornecimento de informações financeiras aos utentes externos (accionistas, credores e vários departamentos e serviços reguladores); Determinação do custo dos produtos e serviços produzidos pela organização; Fornecimento de informações aos gestores da organização que são responsáveis pelo planeamento, controlo, tomada de decisões e avaliação do desempenho. Nas informações contabilísticas podemos encontrar os seguintes grupos de pessoas interessadas: Grupo de pessoas interessadas Finalidade Sócios e Accionistas Para saber se a empresa continua a oferecer boas perspectivas de lucra- tividade e retorno dos investimentos Administradores e Para conhecer a situação actual da empresa, para avaliar o impacto Directores Executivos das decisões tomadas no passado, de modo a preparar novas decisões sobre o futuro Instituições Financeira Para avaliar o retorno e a segurança dos capitais investidos ou a investir Governo Para recolha de dados de tributação e para análise micro e macro- económicas Trabalhadores Para avaliar a capacidade da empresa melhorar as condições laborais no futuro Fornecedores Para avaliar a capacidade de reembolso dos créditos comerciais concedidos ou a conceder Clientes Para avaliar a capacidade de melhoria da qualidade os produtos e serviços prestados Comunidade em Geral Para medir a capacidade da empresa de contribuir para o desenvolvimento da Comunidade onde está inserida Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 61.2 Diferença entre a contabilidade financeira e a contabilidade de custos A contabilidade financeira está mais virada ao fornecimento de informações financeiras produzidas em observância aos princípios contabilísticos geralmente aceites. A contabilidade de custos fornece informações financeiras e não financeiras que assistem aos gestores na tomada de decisões de gestão. Aponta-se as seguintes diferenças: Transacções Contabilidade Financeira Contabilidade de Custos Reporte para entidades externas Reporte aos órgãos internos para: Accionistas Planeamento Credores e bancos Organização Fisco Direcção Fornecedores e clientes Controlo Avaliação do desempenho Ênfase no sumário geral das consequências financeiras das decisões tomadas no passado Ênfase nas decisões que afectarão o futuro Ênfase na objectividade, exactidão e verificabilidade dos dados Ênfase na relevância e flexibilidade dos dados Apresentação da situação financeira geral da organização Apresentação dos relatórios financeiros segmentados por departamentos, produtos, clientes, trabalhadores, etc. Existência obrigatória Existência não obrigatória Observação dos PCGA, normas, etc. Não sujeito a normas impositivas externas Necessidade da Informação contabilística A informação contabilística fornece uma representação visual do que aconteceu na organização como resultado das actividades económicas. A contabilidade, que as prepara e as apresenta, pode ser vista como uma janela através da qual cada grupo de interessados na organização pode observar: A natureza e o valor dos recursos e obrigações; e, A forma como esses recursos e obrigações se alteram durante o período. Por outro lado, as informações contabilísticas são um elemento essencial que pode ser usado para o controlo da realização das actividades programadas. Os gestores desejam saber o grau de alcance dos objectivos definidos, dada a natureza e recursos da organização, para avaliar as operações passadas e para planificar actividades futuras. Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 7 1.3 Ética para Profissionais de Contabilidade de Gestão O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa). Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética promove equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social. A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. Códigos de ética Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. Num país, por exemplo, sacrificar animais para pesquisa científica pode ser ético. Em outro país, esta atitude pode desrespeitar os princípios éticos estabelecidos. Aproveitando o exemplo, a ética na área de pesquisas biológicas é denominada bioética. Ética em ambientes específicos Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento social, existe também a ética de determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, podemos citar: ética médica, ética profissional (trabalho), ética empresarial, ética educacional, ética nos desportos, ética jornalística, ética na política, etc. Objectivo de um Código de Ética e Conduta dos Contabilistas/Gestores O Código de Conduta estabelece os princípios orientadores da conduta a observar pelos profissionais de contabilidade/gestão, com o seguinte propósito: Redução de situações de conflito de interesse, principalmente no processo de tomada de decisões; Contribuição para a afirmação de uma imagem profissional de excelência, integridade e responsabilidade; Solidificação das relações internas e com os seus stakeholders na medida em que as actividades serão prosseguidas de acordo com rigorosos princípios éticos e deontológicos partilhados por todos os profissionais de contabilidade e não só. Alguns princípios Éticos Existe uma amálgama de princípios éticos ou de conduta, entre os quais interessa destacar: Competência; Confidencialidade; Integridade; Objectividade; Igualdade de tratamento; Aproveitamento da Função. Debrucemo-nos então sobre alguns: Competência Os praticantes de contabilidade financeira e de gestão tem a responsabilidade de: Manter um nível apropriado de competências profissionais através de um processo de desenvolvimento contínuo de conhecimentos e habilidades; Realizar as suas obrigações profissionais em observância às relevantes leis, regulamentos e padrões técnicos; e, Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 8 Preparar relatórios completos e claros, bem como as recomendações depois duma apropriada análise da informação relevante. Confidencialidade Os praticantes de contabilidade financeira e de gestão tem a responsabilidade de: Manter em sigilo informações confidenciais obtidas no curso do seu trabalho, excepto quando autorizados, ou quando por lei são obrigados a revela-las; Informar adequadamente aos subordinados sobre a confidencialidade das informações obtidas no seu trabalho, e monitorar as suas actividades para assegurar que eles mantêm a confidencialidade das informações; e, Evitar usar ou aparentar usar informações confidenciais obtidas no curso do seu trabalho para obter vantagens anti-éticas ou ilegais em benefício próprio ou de terceiras partes. Integridade Os praticantes de contabilidade financeira e de gestão tem a responsabilidade de: Evitar o conflito de interesses real ou aparente e advertir todas as partes apropriadas sobre qualquer conflito potencial; Abster-se no engajamento em actividades que podem prejudicar, ou aparentam prejudicar, a sua capacidade de realizar as suas funções eticamente; Recusa em receber ofertas, favores ou hospitalidade que podem influenciar, ou aparentam influenciar as suas acções; Abster-se de desenvolver actividades e acções que possam, activa ou passivamente, subverter a capacidade da empresa de atingir legalmente e eticamente os seus objectivos; Reconhecer e comunicar limitações profissionais ou outros constrangimentos que limitem ou impeçam um julgamento profissional ou realização de uma certa actividade profissional; Comunicar informações favoráveis ou desfavoráveis, julgamentos profissionais e opiniões; e, Abster-se de engajar-se ou apoiar actividades que possam desacreditar a profissão. Objectividade Os praticantes de contabilidade financeira e de gestão tem a responsabilidade de: Comunicar informações justas e objectivas; e, Apresentar todas as informações que razoavelmente possam influenciar a capacidade do utente de compreender os relatórios, comentários e recomendações apresentadas. 1.4 Limitações da Contabilidade É preciso todavia, dizer algo a respeito das limitações do método contabilístico. Algumas destas limitações são intrínsecas ao método contabilístico enquanto que outras características dos métodos puramente quantitativos. As limitações da contabilidade são as seguintes: a contabilidade não é e nem deve ser entendida como um fim em si mesma. Isto quer dizer que as informações por si fornecidas só terão utilidade desde que satisfaçam as necessidades da administração ou de outros interessados, e não apenas as do contabilista; a contabilidade só é capaz de captar e registar, normalmente, eventos mensuráveis em moeda. Contudo, em quase todas as decisões, muitos outros elementos não-quantitativos devem ser levados em conta para uma decisão adequada; e, Contabilidade de Custos 2018 © ÂngeloMacuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 9 Existe ainda muita confusão entre contabilistas, no diz respeito a princípios, a procedimentos de avaliação, bem como a terminologia, o que prejudica a qualidade das demonstrações financeiras. Nos últimos tempos esta confusão tende a ser ultrapassada com a divulgação de novos procedimentos e normativos universais como é o caso das Normas Internacionais de Relato Financeiros (IRFS), as Normas Internacionais de Contabilidade (NICs), entre outros e instituições como a American Institute of Certified Public Accountants (AICPA) e Institute of Accounting Standards Board (IASB), desempenham um papel de relevo na normalização contabilística. O resultado destas limitações é que os relatórios contabilísticos não espelham exactamente a realidade económica e financeira da entidade. Muitas vezes a contabilidade fornece um retracto algo desfocado ou desfasado de uma paisagem empresarial. Mas, os contabilistas não se devem humilhar por isto, pois o mesmo acontece com outros métodos quantitativos. O importante é conhecer bem o grau de limitações inerente ao método para não iludirmos em demasia, e, tampouco iludir os outros com a aparente exactidão de nossos números, que, no fundo, são aproximações de uma realidade bem mais complexa. Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 10 CAPÍTULO II NOÇÕES BÁSICAS SOBRE ANÁLISE DE CUSTOS Âmbito: A presente unidade se vai debruçar, entre outros, sobre os seguintes conteúdos: Conceitos sobre custos, sua classificação; Os Custo de Produção ou Industrial, custo primo e de transformação; Custos do produto versus custos do período; Custos controláveis versus custos não controláveis; Centros de responsabilidade; Equação fundamental de variação de existências. Objectivos: No final da unidade, o estudante deverá se capaz de: Definir com clareza a Contabilidade de custos, distinguindo-a da Contabilidade financeira; Identificar os princípios éticos e deontológicos que norteiam a profissão de contabilista; e, Avaliar os propósitos da informação financeira bem como as suas limitações no quadro da tomada de decisões. Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 11 2.1 Custos e sua classificação a) Custo Esforço, sacrifício, dispêndio de energias, recursos e valores para alcançar um determinado objectivo. A palavra custo tem as seguintes acepções: Custo tecnológico ou material - conjunto de recursos físicos consumidos ou utilizados; Custo monetário - Valor monetário dos recursos físicos consumido, obtendo pela expressão dos recursos físicos em unidades monetárias. Exemplo: Custo da Produção do Produto Alfa: Designação Quantidade Preço (MT) Valor (MT)r Matéria A 500 Kg 100,00 50.000,00 Matéria B 200 Kg 50,00 10.000,00 Mão-de-obra 100 horas 200,00 20.000,00 Energia 50 kWh 50,00 2.500,00 82.500,00 Custo tecnológico Custo monetário Nota: 1 - Sempre que falarmos de custo nos referimos ao custo monetário. 2 - O custo monetário tem dois componentes: as quantidades (cuja magnitude depende da racionalidade com que se usam os recursos) e o preço, determinado pelas condições de procura e oferta de factores no mercado. b) Destino dos Custos Os custos têm dois destinos, nomeadamente: Destino Funcional - a que funções é que o custo respeita; Destino Final - a que produto é que o custo respeita c) Classificação de Custos No que respeita às funções da empresa que os originam, podemos distinguir as seguintes espécies de custo: de Aprovisionamento - que respeitam à compra, armazenagem e distribuição de matérias; de Produção ou Industriais - todos os que a fabricação dos produtos implica. de Venda ou de Distribuição - todos os que respeitam realização da venda e à entrega de produtos. Administrativos - os que respeitam à administração e controlo das actividades da empresa, e: Financeiros - os que representam o custo dos capitais alheios aplicados na empresa. Custo de Produção ou Industrial O custo de Produção ou industrial íntegra: O custo da matéria directa consumida (MD) - matérias que são parte integrante do produto final e que são facilmente imputáveis aos produtos. Custo da mão-de-obra directa (MOD) - que respeita aos custos com trabalhadores que se ocupam directamente do fabrico de produtos. Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 12 Gastos Gerais de fabrico (GGF) – ou Custo Indirectos de Fabricação, são os demais custos necessários para a operação da fábrica, porém genéricos demais para serem apropriados directamente ao produto. Exemplo: Materiais indirectos, mão-de-obra indirecta, energia eléctrica, seguro e arrendamento de instalações, depreciação de máquinas e instalações de propriedade da empresa, entre outros. Estes custos também podem ser classificados da seguinte forma: Custo Primo ou directo - é o somatório da matéria directa consumida e da mão-de-obra directa. Custo de transformação - é o somatório da mão-de-obra directa e dos gastos gerais de fabrico. Esquematicamente: Matéria directa Custo Primo Custo de Mão-de-obra Directa ou Directo Transformação Gastos Gerais de Fabrico Custo de Produção ou Industrial Custos não Industriais Os custos não industriais subdividem-se em: Custos de Venda ou de distribuição - incluem todos os custos necessários para assegurar as encomendas dos clientes para garantir que os produtos cheguem às mãos dos clientes. Incluem publicidade, salários dos vendedores, viagens dos vendedores, etc. Em geral todos os negócios têm custos de distribuição ou de venda, quer se tratem de empresas de produção, quer se tratem de empresas de prestação de serviços. Custos administrativos - incluem todos os custos associados à gestão geral duma organização, como por exemplo, as despesas gerais de administração, despesas de representação, salários do pessoal administrativo, etc. Custo financeiro - compreendendo o custo de utilização dos capitais alheios. Custo Complexivo e Custo Económico - Técnico Custo Complexivo - O custo Complexivo obtém-se através da adição ao custo industrial dos custos não industriais. Corresponde ao preço de venda mínimo, ou seja, o preço abaixo do qual a empresa tem prejuízo. Custo económico técnico - Obtêm-se mediante a soma ao custo Complexivo dos chamados gastos figurativos (quota parte da remuneração do capital investido na empresa pelos sócios e do prémio de risco decorrente da actividade em que a empresa opera). http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A1brica Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 13 Lucro Puro Custos Figurativos Custos não Industriais custo Preço Gastos Gerais de Fabrico Custo Industrial Custo Económico- Técnico de Mão-de-obra Directa Custo Primo Ou de Complexivo Venda Matéria Directa ou Directo Produção d) Custo do Período e Custo do Produto Princípio de Relação entre Custo e Proveitos - segundo este princípio as despesas incorridas para gerar um benefício devem ser reconhecidas como custo no mesmo período em que o benefício é reconhecido como proveito. Custos do Período - São custos que são relacionados com os proveitos à base temporal. São deduzidos dos proveitos do exercício em que foram incorridos. Todos os custos não industriais (de venda, administrativos e financeiros) são custos do período. Custos do Produto - são os custos incorridos na compra de matérias ou na fabricação de produtos. Contrariamente aos custos do período, os custos do produto não são necessariamente tomados em conta no cálculo dos resultados do período em queforam incorridos. Figuram na demonstração de resultados do período em que os produtos a que respeitam forem vendidos. São também conhecidos por custos inventariáveis. 2.2 Custos e seu Controlo a) Determinação do Custo dos Produtos Vendidos: Equação básica de contas de stocks: Saldo Inicial de Stocks + Acréscimos de Stocks = Saldo final de Stocks + Decréscimos de Stocks Nas Empresas Comerciais Saldo Inicial de Mercadorias + Compra de Mercadorias = Saldo Final de Mercadorias + Custo das Mercadorias Vendidas Nas Empresas Industriais Saldo Inicial de Produtos Acabados + Custo dos Produtos Acabados = Saldo Final de Produtos Acabados + Custo dos Produtos Vendidos Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 14 Comparação entre a demonstração de resultados duma empresa industrial e de uma empresa comercial Ex. Livraria TIJHONDZO Vendas 1.000.000,00 Custo das Mercadorias Vendidas Saldo inicial de mercadorias 100.000,00 + Compras (*) 650.000,00 = Mercadorias disponíveis para venda 750.000,00 - Saldo final de Mercadorias 150.000,00 600.000,00 Margem Bruta 400.000,00 - Custos operacionais Custos de Venda 100.000,00 Custos de Administração 200.000,00 300.000,00 Resultado Operacional 100.000,00 * custo das mercadorias compradas aos fornecedores durante o período. Conta de resultados duma empresa Industrial EMPRESA GRAFICA TSOKOTSA Vendas 1.500.000,00 Custo Industrial dos Produtos Vendidas Saldo inicial de Produtos Acabados 125.000,00 + Custo do Produtos Acabados (*) 850.000,00 = Produtos Acabados disponíveis para venda 975.000,00 - Saldo final de Produtos Acabados 175.000,00 800.000,00 Margem Bruta 700.000,00 - Custos operacionais Custos de Venda 250.000,00 Custos de Administração 300.000,00 550.000,00 Resultado Operacional 150.000,00 (*) Custo dos produtos acabados no mês (MD+MOD+GGF) b) Demonstração de resultados por natureza e demonstração de resultados por funções Demonstração de Resultados por natureza Os custos e proveitos são classificados de acordo com a natureza de bens e serviços consumidos, sem nenhuma preocupação de aloca-los à função a que respeitam. Elaborado de acordo com os elementos fornecidos pela contabilidade. c) Centro de Responsabilidade A divisão de responsabilidades no quadro da organização das actividades da empresa; O centro de responsabilidade como um segmento ou parte da organização, comandado por uma única pessoa, que responde perante uma autoridade superior. Definição “Um centro de responsabilidade é uma unidade orgânica descentralizada dotada de objectivos específicos e de um conjunto de meios materiais e humanos que permitem ao responsável do centro realizar o seu programa de actividades com a maior autonomia possível” (Caiado 1992:53). Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 15 A contabilidade analítica deve determinar os custos relativamente a cada um dos centros de responsabilidade, analisá-los e transmiti-los aos responsáveis respectivos para que possam controlá-los, verificar a sua adequação aos objectivos definidos e também a outros fins de gestão. d) Custos controláveis e Custos não controláveis Nem sempre os custos de um determinado centro podem ser controlados pelo respectivo responsável. Há casos de custos que, em alguns casos são controlados por uma autoridade hierarquicamente superior. Chamam-se custos controláveis os custos de um centro de responsabilidade que podem ser controlados pelo respectivo responsável e, custos não controlados a parte dos custos do centro que só podem ser controlados por um outro centro ou por um órgão superior. Os gestores devem ser responsabilizados pelos custos controláveis. Exemplo: Num departamento fabril, o chefe do departamento fabril é responsável pelo custo das matérias- primas consumidas, mas já não pode ser responsabilizado pela amortização do edifício fabril. e) Quanto a base de cálculo Custos reais - são os custos que realmente se verificaram. São custos históricos, determinados “a posteriori”. Custos Básicos - são custos teóricos, definidos “a prior” para valorização interna de matérias-primas, produtos acabados e prestação de serviços. Os custos básicos são um instrumento precioso para o controlo de gestão. Permitem a comparação dos custos reais com os custos padrões, a determinação dos desvios e análise das suas causas, para a tomada de medidas correctivas. Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 16 EXERCÍCIOS PRÁTICOS 2.1 Do balancete do mês de Maio de 2018 da empresa JMC, retiraram-se os seguintes elementos: Existências iniciais Produtos acabados 5 550 000$ Produtos em vias de fábrica Matérias-primas 820 000$ Mão-de-obra directa 440 000$ Gastos gerais de fabrico 100 000$ Matérias-primas 930 000$ Matérias subsidiárias e materiais diversos 420 000$ Outros movimentos Amortizações do equipamento fabril(mensal) 1 245 000$ Salários do pessoal fabrila 4 800 000$ Vendas de produtos 30 000 000$ Devoluções de vendas 858 000$ Descontos comerciais sobre vendas 254 000$ Compras de matérias-primas 7 800 000$ Devoluções de compras 680 000$ Descontos comerciais sobre compras 520 000$ Despesas de compras 500 000$ Salários dos empregados da fábricaa 1 380 000$ Energia eléctrica fabril 570 000$ Compras de materiais subsidiárias 240 000$ Renda do edifício da fábrica 750 000$ Seguro da fábrica (mensal) 260 000$ Diversos gastos gerais de fabrico 800 000$ Publicidade 1 090 000$ Ordenados dos vendedoresa 1 425 000$ Combustíveis das viaturas dos vendedores 510 000$ Ordenados do pessoal administrativoa 1 420 000$ Artigos de papelaria 450 000$ Créditos incobráveis 267 000$ Amortizações de equipamento de distribuição(mensal) 640 000$ Amortizações de equipamento administrativo(mensal) 210 000$ Depósitos em bancos 5 450 000$ Juros e custos similares 1 300 000$ Existências finais Produtos acabados 4 600 000$ Produtos em vias de fabrico Matérias-primas 600 000$ Mão-de-obra directa 320 000$ Gastos gerais de fabrico 180 000$ Matérias-primas 640 000$ a Sobre salários e ordenados incidem encargos sociais imputados de 60% -- Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 17 Matérias subsidiárias 300 000$ Produção do mês 5 000 unidades Pretende-se que determine: a) O custo primo da produção do mês e dos produtos acabados; b) Custo da transformação da produção do mês e dos produtos acabados; c) Custo industrial da produção do mês e dos produtos acabados; d) Custo industrial dos produtos vendidos; e) Custo comercial; f) Custo complexivo; g) Margem Bruta; h) Resultado Operacional. 2.2 O movimento de Janeiro de 2018 da empresa industrial JRO foi o seguinteI: Custos por natureza e por funções são: Natureza Funções Produção Distribuição Administrativa Financeira MOD GGF Fornec.tos e serv.externos 1,300,000$ 400,000$ 300,000$ Impostos 10,000$ 40,000$ Custos com pessoal (1)900,000$ 200,000$ 250,000$ 150,000$ Juros e custos similares 150,000$ Amortizações 180,000$ 10,000$ 10,000$ Custos extraordinários 50,000$ Proveitos por natureza Vendas de produtos 4,200,000$ Juros e proveitos similares 250,000$ Proveitos e ganhos extraordinários 125,000$ Compras Matérias-primas 1,000,000$ Existências 1/1/19X1 31/1/19X1 Matérias-primas 500,000$ 400,000$ Matérias subsidiárias e materiais de consumo 200,000$ 180,000$ O consumo de matérias subsidiárias e materiais de consumo referem-se apenas a função produção; (1) Os custos com o pessoal incluem 24,4% de encargos sociais reais. Os encargos sociais a imputar são de 50%. Produção e vendas Produção 450 toneladas Vendas 400 ton. a 10.500$/ton I Exercício 1.7 de Caiano, casos práticos de contabilidade analítica Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 18 Pretende-se que: a) Elabore o custo de produção do produto fabricado e valorize as existências finais; b) Elabore a demonstração de resultados líquidos (POC) c) Elabore a demonstração de resultados por funções (POC) 2.3 A empresa Rendzeveta iniciou a sua actividade em 1 de Novembro de 2017. Depois de 7 meses de prejuízos, o Director da empresa Sr. Panda e Pindas esperava resultados positivos no mês de Junho do ano em curso. O Sr. Panda e Pindas ficou muito desapontado quando lhe foi apresentado a demonstração de resultados referente ao mês de Junho do ano em curso, que demonstrava que a empresa continuava a realizar prejuízos, conforme se pode constatar do mapa abaixo: DEMONSTRACAO DE RESULTADOS DO MES DE JUNHO DE 2018 EM CONTOS Vendas 600.000 Custos operacionais 630.000 Aluguer de instalações 40.000 Salários do pessoal de administração e vendas 35.000 Compra de matérias-primas 190.000 Seguro 8.000 Depreciação do equipamento de vendas 10.000 Fornecimentos e serviços externos 50.000 Mão-de-obra indirecta 108.000 Mão-de-obra directa 90.000 Depreciação do equipamento fabril 12.000 Manutenção geral da fábrica 7.000 Publicidade 80.000 Resultado Operacional (30.000) Depois de constatar o prejuízo de 30.000 o Sr. Panda e Pindas afirmou: “ Eu acreditava que a empresa continuaria a ser lucrativa dentro de seis meses, mas depois de oito meses de actividade ainda estamos numa situação deficitária. Com estes prejuízos crónicos parece que o problema já não é sobre quando começaremos a produzir lucros mas sim, quando devemos abandonar o negócio”. Contudo antes de tomar uma posição definitiva sobre o negócio decidiu procurá-lo para pedir alguns conselhos, tendo acrescentado o seguinte: “ Não duvido da competência técnica do meu sobrinho Gululo, estudante finalista do curso médio de Contabilidade e que é responsável pela contabilidade da empresa. Mas antes de tomar uma decisão de fundo gostaria que uma pessoa independente, revisse a conta exploração. Tenho alguns dados adicionais que lhe posso fornecer em caso de necessidade”: (i) Repartição de alguns custos por funções: FÁBRICA VENDAS E DIST Rendas 80% 20% Fornecimentos e serviços externos 90% 10% Seguros 75% 25% (ii) Os saldos iniciais e finais de existências eram os seguintes: 1 DE JUNHO 30 DE JUNHO Matérias-primas 17.000 42.000 Produtos em vias de fabrico 70.000 85.000 Produtos acabados 20.000 60.000 Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 19 Pretende-se: a) Elaboração do mapa de custo dos produtos acabados do mês; b) Demonstração de resultados do mês de Junho; c) Em função das respostas em 1 e 2, o que recomendaria ao Sr. Panda e Pindas, em termos de continuidade ou não com a actividade? Fundamente. Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 20 CAPÍTULO III CUSTOS E TOMADA DE DECISÕES Âmbito: O Capítulo III se vai debruçar, entre outros, sobre os seguintes conteúdos: Passos para tomada de decisões e o papel da contabilidade; Relação Custo-volume-resultado (CVR), sua aplicação; abordagens de demonstração de resultados; Análise de sensibilidade; Custos de tomada de decisão; e, Estimativa de custo: Objectivos: No final da unidade, o estudante deverá se capaz de: Identificar os passos para tomada de decisões e o papel da contabilidade; Caracterizar a relação Custo-volume-resultado (CVR), sua aplicação prática no contexto decisório; Realizar a análise de sensibilidade considerando os elementos do modelo CVR e servir-se das conclusões para tomar decisões; Determinar os ponto crítico, margem de segurança, alavanca operacional e outros indicadores de suporte a decisão baseada em custos. Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 21 3.1 Passos para a tomada de decisões e o papel da contabilidade Os passos para tomada de decisões envolvem: A definição do problema; A identificação das alternativas para a solução do problema; A avaliação das alternativas para a solução do problema; A escolha da decisão mais adequada; A implementação da decisão tomada; A monitoria do impacto da decisão tomada; Avaliação global da decisão. Qual é o papel da contabilidade analítica em cada uma destas fases? Ela pode fazer algo para reduzir o risco de insucesso na decisão tomada? Se sim, de que maneira? Vamos estudar outras classificações de custos, tendo como horizonte a tomada de decisões na empresa. Como avaliar alternativas? Avaliação financeira duma alternativa envolve a comparação entre os benefícios que se obteriam e os custos em que se incorreria se a alternativa fosse escolhida e implementada. Desta premissa surge a necessidade de identificar correctamente os custos e proveitos que resultam especialmente da decisão a ser tomada. Os custos que resultaram especialmente da decisão a tomar, designam-se custos diferenciais. Os custos diferenciais representam a diferença entre os custos da situação actual e os custos relativos a alternativa de alteração da situação actual. Da mesma forma: Os proveitos que resultariam especialmente se a decisão em análise fosse tomada designam-se proveitos diferenciais. Os Proveitos diferenciais representam a diferença entre os proveitos da situação actual e os proveitos relativos a alternativa de alteração da situação actual. Resultado diferencial - é a diferença entre custos e proveitos diferenciais. Na óptica contabilística este é o indicador para avaliar as alternativas. Exemplo Um transportador semi-colectivo de passageiros pirata está estudando a hipótese de legalização da sua actividade. Para obter a licença teria de fazer investimentos adicionais de 25.000 contos colocando assentos e cobertura, conforme as exigências da legislação em vigor. A vida útil da viatura é estimada em 4 anos. Com a oficialização passaria a operar em rotas mais rentáveis, peloque os proveitos passariam dos 150.000 contos para 175.000. Por outro, as despesas operacionais (impostos e salário do cobrador) aumentariam em 20.000. Problema: Oficializar ou não a actividade deste transportador? Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 22 Resolução 1. Proveitos diferenciais (150.000 - 175.000) 25.000 2. Custos Diferenciais Aumento dos custos diferenciais 20.000 Aumento das Amortizações (25.000/4) 6.250 26.250 3. Resultado diferencial (1-2) -1.250 A decisão de oficialização implicaria uma redução dos resultados da condição actual. Na óptica contabilística a decisão de oficialização não é vantajosa. a) Custos Relevantes e custos Irrelevantes Acontece muitas vezes que a escolha de uma ou de outra alternativa não implica nenhuma alteração em certos elementos de custo. No exemplo anterior o salário do motorista poderia não ser afectado pela possibilidade de oficializar ou não a actividade. Neste caso diríamos que o salário do motorista é um custo irrelevante (Sunk Cost) para a tomada da decisão. Os custos relevantes são aqueles cujo comportamento se alterará quando uma dada decisão for tomada. Por isso são relevantes para a tomada da decisão. No exemplo anterior as amortizações da viatura, os impostos e o salário do cobrador, são custos relevantes. b) Algumas assumpções do modelo CVR a) O preço de venda é constante dentro dum determinado intervalo. Nesse intervalo variações nas quantidades vendidas não implicam variações nos preços; b) Os custos são lineares em todo o intervalo definido e podem ser apropriadamente divididos em fixos e variáveis. Os custos variáveis são constantes por unidade e os custos fixos totais são constantes para todo o intervalo. c) Em empresas industriais, não há variações de existências. As quantidades produzidas são iguais às quantidades vendidas. 3.2 Relação Custo-Volume-Resultado (CVR), sua aplicação e abordagens de Demonstrações de Resultados. A classificação dos custos conforme a sua variabilidade em relação ao volume de actividade é fundamental para a tomada de muitas decisões e análise de rendibilidade. Em relação ao volume de actividade os custos classificam-se em custos fixos e custos variáveis. Os Custos Fixos são aqueles que não variam quando se altera o volume ou são pouco sensíveis á sua variação. São os que proporcionam a capacidade para produzir ou vender, razão porque também se chamam custos de capacidade. Tipos de capacidade: Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 23 Capacidade física, que é dada pelos edifícios, equipamentos; Capacidade organizacional, dada pelos quadros da empresa, e; Capacidade financeira, dada pelas possibilidades financeiras da empresa. Nota: (i) Os custos fixos totais é que se mantêm invariáveis mesmo que varie o volume (de produção ou de venda); (ii) Os Custos fixos unitários aumentam ou diminuem conforme volume (de produção ou de venda) diminui ou aumenta, respectivamente. Custos Variáveis São custos que variam necessariamente quando o volume aumenta ou diminui; São custos que resultam da utilização da capacidade existente; Podem ser: Proporcionais - quando variam proporcionalmente com o volume; Progressivos - quando crescem a uma taxa maior que a taxa de crescimento do volume, e; Digressivos - quando crescem a uma taxa menor que a taxa de crescimento do volume. Para facilitar análise dos custos variáveis, geralmente se assume que eles são variáveis proporcionais. Nota: (i) Os custos variáveis totais é que aumentam ou diminuem conforme o volume (de produção ou de venda) aumenta diminui ou, respectivamente. (ii) Os custos variáveis unitários (proporcionais) mantêm invariáveis mesmo que varie o volume (de produção ou de venda); Custos Semi-variáveis ou mistos Custos que tem uma parte variável e uma parte fixa e o seu comportamento pode ser expresso pela equação: Y = a + bx Y - custo total misto a - Parte fixa do custo misto (intercepto vertical) b - Custos variáveis unitários X - Nível de actividade ou volume Exemplo: Remuneração mensal de um vendedor e os custos de conservação de equipamento Aplicação do Método dos mínimos quadrados para estimar a recta dos custos mistos Considere os seguintes dados relativos aos custos de manutenção de uma enfermaria e o número de pacientes atendidos, nos últimos sete meses num hospital. Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 24 Mês No de Pacientes (X) Custos de Manutenção (Y) Xy X^2 Janeiro 5.600 7.900 44.240.000 31.360.000 Fevereiro 7.100 8.500 60.350.000 50.410.000 Março 5.000 7.400 37.000.000 25.000.000 Abril 6.500 8.200 53.300.000 42.250.000 Maio 7.300 9.100 66.430.000 53.290.000 Junho 8.000 9.800 78.400.000 64.000.000 Julho 6.200 7.800 48.360.000 38.440.000 Total 45.700 58.700 388.080.000 304.750.000 Formula Para estimar os parâmetros do Modelo: b = n*Sum(XY) - SumX*SumY a = SumY - b*SumX n*Sum(X^2) - (Sum X)^2 N Neste caso, os valores de a e b seriam: b = 0.759 a = 3.431 A interpretação é a de que o custo do paciente/dia nesta enfermaria é de $0.759. os custos fixos da enfermaria são de 3.431. Agora, podemos montar a equação que representa os custos de manutenção da enfermaria, que seria: Y = a + b*X Y = $3.431 + $0.759*X Com esta equação podemos estimar os custos para os diversos níveis de serviços desta enfermaria. a) A nova Abordagem da Demonstração de resultados A preparação da demonstração de resultados por funções, sem separar os custos fixos e variáveis, responde mais às necessidades externas do que as exigências internas dos gestores. Os gestores querem os custos organizados num formato que lhes facilite o planeamento, controlo e tomada de decisões. Abordagem Tradicional (custos organizados por funções) 1. Vendas 12.000 2. Custo dos produtos vendidos 6.000 3. Margem Bruta (1-2) 6.000 4. Custos não Industriais Vendas 3.100 Administração 1.900 5.000 5. Resultado Operacional (3 –4) 1.000 Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 25 Abordagem Moderna (custos organizados conforme o seu comportamento) 1. Vendas 12.000 2. Custo Variáveis Industriais 2.000 De Venda 600 Administrativos 400 3.000 3. Margem de Contribuição 9.000 4. Custos Fixos Industriais 4.000 De Venda 2.500 Administrativos 1.500 8.000 5. Resultados Operacionais 1.000 Margem de Contribuição montante remanescente das vendas depois de deduzir os custos variáveis. Deve ser suficientemente razoável para cobrir custos fixos e, ainda, proporcionar lucros. Exemplo: Demonstração de Resultados da Transportes Tsutsuma em Março de 2018 (Valores em USD) Total Unitário 1. Vendas (400 passagens) 100.000 250 2. Custo Variáveis 60.000 150 3. Margem de Contribuição 40.000 100 4. Custos Fixos 35.000 5. Resultado Operacional 5.000 Hipótese 1 - a empresa só transportou um passageiro Total Unitário 1. Vendas (1 passagem) 250 250 2. Custo Variáveis 150 150 3. Margem de Contribuição 100 100 4. Custos Fixos 35.000 5. Resultado Operacional (34.900) Hipótese 2 - a empresa transportou dois passageiros Total Unitário 1. Vendas (2 passagens) 500 250 2. Custo Variáveis 300 150 3. Margem de Contribuição 200 100 4. Custos Fixos 35.000 5. Resultado Operacional (34.800) Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 26 Se a empresa puder vender mais passagens que possam gerar uma margem de contribuição de 35.000, todos os custos fixos estarão cobertos e a empresa atingirá o seu pontocrítico (Break even point). Hipótese 3 - A empresa transportou 350 passageiros Total Unitário 1. Vendas (350 passagens) 87.500 250 2. Custo Variáveis 52.500 150 3. Margem de Contribuição 35.000 100 4. Custos Fixos 35.000 5. Resultado Operacional 0 Quando a empresa se afasta do ponto crítico, o resultado Operacional pode ser assim calculado: RO = Margem de contribuição unitária * Aumento das quantidades. Hipótese 4 - a empresa transportou 351 passageiros Total Unitário 1. Vendas (351 passagens) 87.750 250 2. Custo Variáveis 52.650 150 3. Margem de Contribuição 35.100 100 4. Custos Fixos 35.000 5. Resultado Operacional 100 Margem de contribuição Percentual Retornemos à hipótese básica Demonstração de Resultados da Transportes Tsutsuma Total Unitário Percent. 1. Vendas (400 passagens) 100.000 250 100 2. Custo Variáveis 60.000 150 60 3. Margem de Contribuição 40.000 100 40 4. Custos Fixos 35.000 5. Resultado Operacional 5.000 A margem de contribuição percentual é calculado pela fórmula: % MC = Margem de Contribuição * 100 Vendas % MC = 40.000 * 100 = 40 % ou, %MC = 100 * 100 = 40% 100.000 250 Por cada MT de crescimento de vendas, a margem de contribuição irá crescer em 40 centavos e, uma vez atingido o ponto crítico, o resultado líquido aumentará, também em 40 centavos. Exemplo: Admitindo que as vendas da empresa irão crescer em 30.000, qual é o aumento do resultado líquido esperado? Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 27 Vendas Actuais Previstas Diferenc. Percent. 1. Vendas 100.000 130.000 30.000 100 2. Custos Variáveis 60.000 78.000 18.000 60 3. M. Contribuição 40.000 52.000 12.000 40 4. Custos Fixos 35.000 35.000 0 5. Resultado Operacional 5.000 17.000 12.000 b) Algumas Aplicações do Modelo CVR consideremos a conta de resultados da Empresa de Transportes TSUTUMA do mês de Março de 2018: Total Unitário Percent. 1. Vendas (400 passagens) 100.000 250 100 2. Custo Variáveis 60.000 150 60 3. Margem de Contribuição 40.000 100 40 4. Custos Fixos 35.000 5. Resultado Operacional 5.000 1) Mudança nos custos fixos e no volume O director da empresa está pensando em formas inovativas de aumentar d as vendas. Por isso está estudando a possibilidade de aumentar o orçamento da publicidade em 10.000,00. Ele acredita que com esta medida as vendas iriam aumentar em 30.000,00. Deve ou não implementar esta mudança? Margem de Contribuição Incremental 30.000 * 40% 12.000 Custos fixos incrementais 10.000 Resultados Diferenciais 2.000 Resposta: Sim. 2) Mudança nos custos variáveis e no volume O director da empresa está pensando em formas inovativas de aumentar as vendas. Por isso está estudando a possibilidade de introduzir o serviço de lanches, o que iria aumentar o custo variável por unidade em 10,00/passageiro. Com esta medida espera que as vendas passem das actuais 400 passagens para 480. Deve ou não introduzir este serviço? Margem de Contribuição Esperada 480 passagens * [250-(150+10)] 43.200 Margem de Contribuição Actual 400 passagens * 100,00 40.000 Resultados Diferenciais 3.200 Resposta: Sim Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 28 3) Mudança nos custos fixos, preço de venda e volume O director da empresa está pensando em formas inovativas de aumentar as vendas. Está estudando a possibilidade de baixar os preços unitários em 20,00, e aumentar o orçamento de publicidade em 15.000. O director está seguro que se estas medidas forem tomadas as vendas vão aumentar em 50%. Esta medida deve ou não ser implementada? Margem de Contribuição Esperada 400 passagens * [(250-20)-150]*1.5 48.000 Margem de Contribuição Actual 400 passagens * 100,00 40.000 Margem de Contribuição incremental 8.000 Incremento dos custos Fixos 15.000 Redução no lucro Total (7.000) Resposta: Não 4) Mudança nos Custos Fixos, Custos variáveis e Volume O director da empresa está pensando em formas inovativas de aumentar as vendas. O director está pensando em rever o esquema de pagamento dos salários do pessoal (Motorista e Cobrador). Ao invés de paga-lo apenas um ordenado fixo, está considerando a possibilidade de introduzir uma comissão de 15,00 por cada passageiro transportado, baixando os ordenados fixos em 6.000. O Director acredita que com esta solução o número de passagens vendidas aumentaria em 15%. Deve ou não implementar esta solução? Margem de Contribuição Esperada 400 passagens * [250-(150+15)] * 1.15 39.100 Margem de Contribuição Actual 400 passagens * 100,00 40.000 Margem de Contribuição incremental (900) Redução dos custos Fixos 6.000 Aumento no lucro Total 5.100 Resposta: Sim c) Análise do Ponto crítico Já definimos o ponto crítico como sendo o nível das vendas que assegura, pelo menos a cobertura dos custos totais. O ponto crítico responde a perguntas sobre até que ponto as vendas podem baixar antes de a empresa entrar para a zona do prejuízo. Formula de Cálculo: Vendas - Custos Totais = Lucro Vendas - (custos Fixos + custos Variáveis) = Lucro Vendas = custos Fixos + custos Variáveis + Lucro No ponto crítico o Lucro é zero (não há lucro nem prejuízo) Vendas = custos Fixos + custos Variáveis Preço * Q = Cvu * Q + CF Q(Preço - Cvu) = CF Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 29 Qc = CF Preço - Cvu Para o caso da empresa Transportes TSUTSUMA, o ponto crítico poderia ser assim calculado: Qc = CF Preço - Cvu Qc = 35.000 250- 100 Qc= 350 Passagens Para que a empresa não tenha lucro nem prejuízo deve transportar pelo menos 350 passageiros. Também podemos calcular o ponto crítico em valor pela fórmula: Vc = Qc*Pv = 350 * 250 = 87.500, o que significa que a para a empresa não tenha lucro nem prejuízo deve fazer uma receita mínima de 87.500. Quando não dispomos do custo variável unitário, mas a percentagem da margem de contribuição é conhecida, podemos calcular o ponto crítico pela seguinte fórmula: Vc = CF % MC Para o caso da empresa Transportes TSUTSUMA, o ponto crítico em valor poderia ser assim calculado: Vc = 35.000 0,40 Vc = 87.500,00. Resultado estimado ou Esperado Conhecido o ponto crítico pode-se rapidamente estimar o resultado esperado, pois ficando os custos fixos cobertos pela margem de contribuição proporcionada pelo ponto crítico (note que podemos definir ponto crítico como o nível de vendas em que a margem de contribuição é igual aos custos fixos), o resultado estimado será igual à margem de contribuição proporcionada pelas vendas para além do ponto crítico. R = (Q - Qc)* (Preço - CVU) Admitamos que o director da empresa TSUTUMA pensa que no mês seguinte, as vendas aumentarão em 100 passagens, passando das actuais 400 para 500 passagens. Calcule o resultado esperado. Resultado = (500-375)* (250-150) =125*100 = 12.500,00. Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 30 Margem de Segurança A margem de segurança é o excesso das vendas esperadas sobre o ponto crítico. Indica até ponto as vendas podem baixar sem que a empresa incorra em prejuízos. Fórmula de Cálculo Margem de Segurança = Vendas Totais – Vendas no Ponto Crítico A margem de segurança pode ser expressa em forma de percentagem, dividindo a Margem de segurança, pelas vendas totais. %Margem de Seg. = Vendas Totais – Vendas no Ponto Crítico Vendas Totais Na hipótese básica dos transportes TSUTUMA em que as vendas são de 100.000, e as vendas Críticas de 87.500,00, teríamos:Vendas 100.000 Ponto Crítico das vendas 87.500 Margem de Segurança em valor 12.500 Margem de Segurança em percentagem 12.5% Isto diz-nos que na actual estrutura de preços e custos, as vendas da empresa podem baixar até 12.5%, sem que a empresa incorra em prejuízos. d) Estrutura de Custos e Estabilidade dos Resultados Problema: Qual é a melhor estrutura de Custos? Mais de custos fixos e menos de custos variáveis ou, o contrário? Exemplo: Consideremos o caso de 2 pequenas unidades agrícolas em Niassa. A farma A, do senhor ZECA ZACA (moçambicano) e a farma B do senhor William Van Zyl (Sul-africano). A farma A é intensiva em trabalho (sazonal) e a firma B é intensiva em capital. Consequentemente, a farma A tem maiores custos variáveis e a farma B tem maiores custos fixos. Consideremos a demonstração de resultados de ambas empresas: FARMA A FARMA B Descrição Valor Percent. Valor Percent. Vendas 100,000 100 100,000 100 Custos Variáveis 60,000 60 30,000 30 Margem de Contrib. 40,000 40 70,000 70 Custos Fixos 30,000 60,000 Resultado Operacional 10,000 10,000 Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 31 Qual das duas empresas tem a melhor estrutura de custos? A resposta depende de muitos factores, tais como a tendência das vendas a longo prazo, a flutuação anual das vendas e a atitude dos proprietários com relação ao risco. Admitamos que a na próxima campanha se espera que as vendas atingirão o montante de 110,000. Farma A Farma B Descrição Valor Percent. Valor Percent. Vendas 110,000 100 110,000 100 Custos Variáveis 66,000 60 33,000 30 Margem de Contrib. 44,000 40 77,000 70 Custos Fixos 30,000 60,000 Resultado Operacional 14,000 17,000 Neste caso diríamos que a farma de W. VAN ZYL tem uma melhor estrutura de custos. Isto resulta do facto de que esta tem uma maior margem de contribuição, daí que os seus resultados crescerão, percentualmente, mais rapidamente que o crescimento das suas vendas. Qual é a melhor estrutura de custos quando esperamos uma baixa nas vendas? Qual é o ponto crítico das duas farmas? Qual é a sua margem de segurança? Firma A Firma B 1. Custos Fixos 30,000 60,000 2. Margem de Contrib. Percentual 40% 70% 3. Ponto Crítico em Valor (1:2) 75,000 85,714 4.Vendas totais Actuais 100,000 100,000 3. Ponto Crítico em Valor 75,000 85,714 5. Marg. de Segurança em valor (4-3) 25,000 14,286 6. Marg. de Segurança Em % (5:4) 25% 14.3% Os dados acima demonstram que a firma do ZECA ZACA é menos vulnerável às quedas nas vendas do que a farma de VAN ZYL. Podemos identificar duas razões para essa vulnerabilidade: Os baixos custos fixos de ZECA ZACA que lhe permitem ter um baixo ponto crítico e uma alta margem de segurança. Por isso não incorrerá tão rapidamente em prejuízos como a outra farma; Devido a sua baixa margem de contribuição percentual, ZECA ZACA não perderá tão rapidamente a sua margem de contribuição, como outra farma quando as vendas baixarem. Portanto, podemos concluir que a estrutura de custos de ZECA ZUCA não e boa quando se espera uma alta das vendas, mas é boa quando se espera que as vendas caiam. Nota: Sem um conhecimento sobre as tendências futuras é impossível dizer qual é a melhor estrutura de custos. Ambas têm vantagens e desvantagens. Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 32 e) Alavanca Operacional (Operating Leverage) Em gestão o conceito de alavanca explica como o gestor pode atingir maior incremento nos resultados com apenas um pequeno incremento nas vendas ou nos activos. A alavanca operacional mede a intensidade com que os custos fixos são usados na empresa. A alavanca operacional calcula-se pela fórmula seguinte: Margem de contribuição = Grau de alavanca operacional Resultados Operacional O grau de alavanca operacional é a medida do por quanto uma variação percentual nas quantidades vendidas afectará os resultados. Para o exemplo anterior, teríamos que ela é maior nas empresas que tem maior proporção dos custos fixos em relação aos custos variáveis. Inversamente, a alavanca operacional é menor nas empresas com um baixo nível de custos fixos em relação aos custos variáveis. Se uma empresa tem uma maior alavanca operacional seus resultados são muitos sensíveis às variações nas vendas. Pequenas variações nas vendas terão um grande impacto sobre os resultados. F ZECA ZUCA F W. VAN ZYL 1. Margem de Contribuição 40,000 70,000 2. Resultados Operacional 10,000 10,000 3. Grau de Alavanca Operacional (1:2) 4 7 Podemos dizer que o aumento das vendas em um por cento provoca incremento nos resultados em 4%, na primeira farma e em 7%, na segunda. Estrutura das Comissões sobre Vendas Algumas empresas remuneram o seu pessoal pagando um salário e uma comissão sobre vendas. Contudo é preciso ver que uma comissão fixada sobre as vendas pode conduzir a uma baixa nos resultados. Exemplo: Preços e custos de estantes e camas numa casa de venda de mobiliário: Estante Cama Preço de Venda 15,000 10,000 Custos variáveis 12,500 6,500 Margem de contribuição 2,500 3,500 Se a empresa instituir uma Comissão de 10% sobre as vendas, que produto o vendedor fará maior esforço de venda? Logicamente estantes, cujo preço é maior e que, portanto, proporcionaram uma maior comissão. Que produto a empresa devia esforçar-se mais por vender por forma a maximizar seus resultados? As camas, que tem uma maior margem de contribuição. Para eliminar estas contradições algumas empresas fixam as comissões com base na margem de contribuição, e não com base nas vendas. Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 33 f) O Conceito do Produto Mix (ou mix de Vendas) O Mix de Vendas é a combinação relativa em que os produtos duma empresa são vendidos. Muitas empresas têm muitos produtos mas esses produtos não são igualmente lucrativos. Alguns são mais lucrativos que os outros. Deste modo, o problema dos seus gestores é determinar a combinação percentual de vendas que proporciona maior lucro. Consideremos o caso duma vendedora de estantes e camas, cuja demonstração de resultados se apresenta baixo: Total Camas Estantes Descrição Total Perc. Valor Perc. Valor Perc. Vendas 100,000 100 20,000 100 80,000 100 Custos Variáveis 55,000 55 15,000 75 40,000 50 Margem de Contr. 45,000 45 5,000 25 40,000 50 Custos Fixos 27,000 Resultado Operacional 18,000 O ponto crítico para este produto mix (20%-80%) é de 60,000 (27,000:45%). Admitamos agora que haja uma alteração na contribuição do produto actual produto mix (20%-80%) para (80%-20%) e analisemos o efeito sobre os resultados e sobre o ponto crítico. Total Camas Estantes Descrição Total Perc. Valor Perc. Valor Perc. Vendas 100,000 100 80,000 100 20,000 100 Custos Variáveis 70,000 70 60,000 75 10,000 50 Margem de Contr. 30,000 30 20,000 25 10,000 50 Custos Fixos 27,000 Resultado Operacional 3,000 Conclusão A empresa consegue maiores resultados quanto maior vender do produto com maior margem de contribuição. Mesmo que o valor total das vendas não varie, havendo uma alteração da composição do produto mix, com os produtos com menor margem de contribuição tendo maior peso nas vendas, os resultados baixam. 3.3 Análise de Sensibilidade A análise de sensibilidade é uma técnica “o quê se” que examina como os resultados se comportarão se dados originais não forem alcançados, ou havendo alterações das hipóteses iniciais. No contexto do modelo CVR a análise de sensibilidade responde a questões como: Qual será o resultado operacional se as vendas baixarem em 5%? Qual será o resultado operacional se os custos variáveis unitários aumentam em 10%? Contabilidadede Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 34 Exemplo: Nível de Vendas em $, ao Preço de $200, que proporcionam um Lucro de: Custos Fixos Custos Variáveis Nível de Lucros Unitários ($) 0.00 USD 1,000.00 USD 1,500.00 USD 2,000.00 USD 2000 100 4,000 6,000 7,000 8,000 2000 120 5,000 7,500 8,750 10,000 2000 140 6,667 10,000 11,667 13,333 2500 100 5,000 7,000 8,000 9,000 2500 120 6,250 8,750 10,000 11,250 2500 140 8,333 11,667 13,333 15,000 3000 100 6,000 8,000 9,000 10,000 3000 120 7,500 10,000 11,250 12,500 3000 140 10,000 13,333 15,000 16,667 Da tabela acima constata-se que, por exemplo, a empresa deve atingir um volume de vendas de $6,000 (30 unidades ao preço de $200) por forma a obter um resultado operacional de $1,000, sendo os custos fixos de $2,000 e o custo variável unitário de $100. a) Aplicação do CVR em Instituições não Lucrativas O modelo CVR pode ser aplicado tanto para organizações com fins lucrativos como em organizações com fins não lucrativos. Suponha que o Departamento de bolsas de uma universidade tem um orçamento anual de $900,000. As bolsas atribuídas são em média de $5,000 por estudante/ano. Os custos fixos do departamento estão orçados em $270,000. O director do Departamento pretende saber quantas bolsas poderá conceder. Na aplicação do modelo CVR para este caso partir-se-á do pressuposto de que o departamento não pretende obter lucro nem prejuízo nas suas actividades, pelo que: Receitas – Custos Variáveis – Custos Fixos = $0 $900,000 - $5,000*Bolsas – $270,000 = $0 Bolsas = 126. O Departamento poderá conceder 126 bolsas. Assuma que o director deste departamento suspeita que orçamento irá reduzir em 15%, baixando dos actuais 900,000 para 765,000. Pretende saber quantos bolsas poderá conceder com este orçamento, se o montante de cada bolsa e os custos fixos se mantiverem? $765,000 - $5,000*Bolsas – $270,000 = $0 Bolsas = 99. Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 35 3.4 Custos e a tomada de decisões Custos Relevantes Que custos são relevantes na tomada de decisões? Todo o custo que seja evitável é um custo relevante para a tomada de decisões. Um custo é evitável se pode ser eliminado (no todo ou em parte) como resultado da escolha duma alternativa de decisão sobre as outras. Normalmente todos os custos são evitais, excepto: Sunk Costs – Custos que já foram incorridos e que não podem ser evitados pela alternativa da decisão que se pretende tomar; Custos futuros que não diferem dos custos da alternativa actual – se custos futuros não diferem entre as alternativas de decisão, então não são relevantes para a decisão que se pretende tomar. Em contabilidade de custos o termo custo evitável é sinónimo de custo diferencial. Para identificar se um custo é diferencial ou evitável numa situação de decisão particular, é necessário proceder a seguinte análise de custos: 1. Reunir todos os elementos de custos associados a cada uma das alternativas de decisão; 2. Eliminar todos os sunk costs; 3. Eliminar todos os custos futuros que não sejam diferentes entre as alternativas em consideração; 4. Tomar a decisão baseada nos custos remanescentes, os quais são os relevantes para a tomada da decisão. Exemplo 1: A empresa BETA está considerando a substituição de uma certa máquina por uma outra. Os dados de ambas máquinas são os seguintes: Máquina Antiga Nova Máquina Custo Original $175,000 Custo de aquisição 200,000 Valor contabilístico 140,000 Vida útil esperada 4 anos Valor de Mercado actual 90,000 Valor residual 0 Vida útil restante 4 anos Custos anuais variáveis $300,000 Valor residual 0 Volume de vendas anual 500,000 Custos anuais variáveis $345,000 Volume de vendas anual 500,000 Deverá a empresa substituir ou não a antiga máquina pela nova? A primeira reacção da direcção da empresa pode ser a de que não vale a pena substituir a máquina velha pela nova máquina porque isso provocará um prejuízo de $50,000, conforme demonstração abaixo: Valor contabilístico da Máquina Antiga $140,000 Valor de Venda da Máquina antiga 90,000 Prejuízo na Venda da Máquina Antiga 50,000 Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 36 Dado este potencial de perda, os directores podem estar inclinados a pensar que “Nós já investimos na máquina antiga, por isso agora não temos chance. Temos de usar o equipamento até que o investimento esteja completamente recuperado”. Este argumento não é correcto. O investimento que já foi feito na máquina antiga é um sunk cost. A porção do investimento que ainda não foi amortizada não pode ser tomada em consideração na análise da decisão que se pretende tomar. Vejamos como é que a análise deve ser feita, tendo em conta os quatro anos da vida útil de ambas máquinas: Manter a Maquina Antiga Comprar a Nova máquina Custos Diferenciais Vendas $2,000,000 $2,000,000 0 Custos Variáveis (1,380,000) (1,200,000) 180,000 Depreciação Maq. Nova 0 (200,000) (200,000) Depreciação Maq. Antiga (140,000) (140,000) 0 Venda Maquina antiga 0 90,000 90,000 Resultado Operacional $480,000 $550,000 $70,000 Os dados acima apresentados revelam que se a empresa adquire a nova máquina então seus resultados aumentarão em $70,000, relativamente a manutenção da situação actual. Seguindo o esquema de análise de custos para a tomada de decisões teríamos: Sunk costs o valor contabilístico da máquina antiga de $140,000. Custos futuros que não diferentes As vendas anuais de $500,000; Os custos variáveis até ao nível de $300,000 por ano. c) Custos remanescentes a considerar na tomada da decisão Redução dos custos variáveis $180,000 Custos da Nova máquina (200,000) Valor da Venda da Máquina Antiga 90,000 Vantagem Líquida da nova Máquina $70,000 Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 37 Exemplo 2: Uma certa empresa está estudando a hipótese de compra de uma máquina para poupança de custos do factor trabalho. A máquina custa $30,000 e tem uma vida útil de 10 anos. As vendas e custos da empresa com ou sem a nova máquina são apresentados abaixo: Custos Actuais Custos Esperados Unidades produzidas e vendidas 5,000 5,000 Preço de venda unitário $40 $40 Custo Unitário dos Mat. Directos 14 14 Custo Unitário da MOD 8 5 GGF variáveis Unitários 2 2 Custos fixos nova máquina 0 3,000 Outros Custos Fixos 62,000 62,000 Seguindo o esquema de análise de curtos para a tomada de decisões teríamos: Sunk costs Não existem Custos futuros que não são diferentes As unidades produzidas e vendidas, bem como o preço. Os custos dos materiais directos e os GGF variáveis; Os outros custos fixos Custos remanescentes a considerar na tomada da decisão Poupança em MOD (5,000 unidades * $3) $15,000 Aumento dos Custos Fixos (3,000) Poupança anual de custos $12,000 Comprando-se a máquina consegue-se uma poupança em custos de $12,000, da qual resultará um incremento do nível actual dos resultados operacionais. a) Decisões sobre comprar ou fabricar Um produto chega às mãos do consumidor depois de passar duma série de operações industriais e comerciais. Por exemplo, para que o mobiliário em uso na sala de aulas por: Corte de troncos; Serragem de trocos para a produção da madeira; Fabrico de mobiliário; Distribuição e venda de Mobiliário. Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 38 Uma empresa pode especializar-se numa ou em várias fases do processo descrito. Quando a empresa está envolvida em mais do que uma das etapas da cadeia de valor, ela está seguindo uma política de integração vertical. Outras empresas especializam-se numa ou algumas partes da cadeia devalor, adquirindo muitos dos materiais e componentes necessários à produção. A decisão de produzir um componente internamente ou, ao invés, compra-lo externamente aos fornecedores, chama-se decisão de produzir ou comprar. A integração trás algumas vantagens, nomeadamente: (i) menos dependência de fornecedores externos; (ii) maior controlo de qualidade dos materiais e componentes necessários à produção e, (iii) aumento dos níveis de lucratividade. Por outro lado, a integração tem algumas desvantagens, a saber: (i) risco corte de relações de longo prazo com fornecedores, e; (ii) as mudanças tecnológicas necessárias para produzir os componentes internamente podem tornar o seu custo mais elevado do que a compra a fornecedores. Exemplo: A empresa ABC produz o produto X. Um dos componentes essenciais é produzido internamente, sendo o respectivo custo o seguinte: Custo Unitário Custo de 8,000 unidades Materiais directos $6 $48,000 Mão-de-obra Directa 4 32,000 GGF Variáveis 1 8,000 Salário do Supervisor 3 24,000 Depreciação dos Equipamentos especiais 2 16,000 Gastos gerais alocados 5 40,000 21 168,000 A empresa recebeu uma oferta externa para a produção das 8,000 unidades ao preço unitário de $19. Deverá ou não a empresa aceitar esta oferta? Resolução: Custo diferencial Unitário Custo Diferencial Total Custo Unitário Produzir Comprar Produzir Comprar Materiais directos $6 $6 $48,000 Mão-de-obra Directa 4 4 32,000 GGF Variáveis 1 1 8,000 Salário do Supervisor 3 3 24,000 Deprec. Dos Equip. Especiais 2 Gastos gerais alocados 5 Preço de compra externa $19 $152,000 21 14 19 112,000 152,000 Os custos diferenciais de produzir são inferiores aos de comprar as peças externamente, daí que a opção seja continuar a produzi-los internamente. Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 39 A questão do custo oportunidade Se o espaço actual onde as peças são produzidas continua ocioso então a decisão tomada acima mantém- se, porque o custo de oportunidade do espaço é zero. E se o espaço actualmente usado para o fabrico das componentes pode ser usado para outras finalidades? Neste caso o espaço tem um custo de oportunidade que deve ser tomado em consideração na análise da decisão a tomar. Assuma que o espaço actual em que as peças são produzidas pode ser usado para a montagem de outro produto que gere uma margem de $60,000. Produzir Comprar Custo Unitário Diferencial $14 $19 Número de unidades necessárias 8,000 8,000 Custo Total Anual 112,000 152,000 Custo de Oportunidade 60,000 Custo Total $172,000 $152,000 Nestas condições deve-se aceitar a oferta das 8,000 unidades ao preço de $19. b) Encomendas Especiais As empresas muitas vezes devem decidir primeiro se devem aceitar encomendas especiais e, se as aceitam qual é o preço que praticar. Designa-se encomenda especial a uma encomenda ocasional que não é considerada um negócio normal da empresa. Exemplo: A empresa DELTA produz o produto M ao custo unitário de $182 conforme demonstração abaixo: Materiais Directos $86 Mão-de-obra Directa 45 Gastos Gerais de Fabrico 51 182 A componente variável dos GGF é de $6. A empresa recebeu uma encomenda especial, consistindo na produção de 100 unidades de produtos que requerem algumas alterações especiais ao produto normal produzido pela empresa. Estas alterações requerem um custo variável incremental de $17. Adicionalmente a empresa teria de pagar $1,200 de trabalhos requeridos para esta encomenda. Esta encomenda não teria nenhum efeito sobre a produção e venda normais da empresa. Qual seria o efeito desta encomenda sobre os resultados operacionais da empresa, sabendo que cada unidade do produto normal é vendida a $249 e a proposta de preço do cliente para cada uma das 100 unidades é de $179? Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 40 Unitário Total Proveitos Incrementais $168 $16,800 Custos Incrementais Variáveis Materiais Directos 76 7,600 Mão-de-obra Directa 45 4,500 Gastos gerais de Fabrico 8 800 Modificações especiais 17 1,700 154 14,600 Custos Fixos Trabalhos Gráficos 1,500 Custos Incrementais Totais 16,100 Resultados diferenciais $1,300 Solução: A proposta é de aceitar. 3.5 Estimativa de custo A abordagem da estimativa de custos assenta em dois pressupostos básicos: As variações do custo total podem ser explicadas pela variação num dos condutores ou determinantes de custos; O comportamento do custo total pode ser explicado através duma função linear de custos, num determinado intervalo. A questão essencial na estimativa de custos consiste no estabelecimento da relação causa – efeito existente entre um condutor ou determinante de custo, e os custos totais resultantes. A relação causal pode ser obtida de diversas formas: Relação física entre os custos e o condutor de custos. Por exemplo, o uso das quantidades produzidas como condutor para os custos dos materiais, pelo facto de que para produzir mais unidades é necessário o consumo de mais materiais do que resulta um aumento do custo dos materiais. Relação estabelecida na base contratual. Por exemplo, o custo unitário de um KW de energia é estabelecido pela EDM, facilitando a estimativa dos custos de energia eléctrica, conhecidas as previsões de consumo. Relação estabelecida implicitamente pela lógica e conhecimento das operações. Por exemplo, quando o número de peças é usado para estimar os custos de design de um produto, em que implicitamente, se assume que quanto mais complexo for o design de um produto mais peças terão de usadas, incorrendo-se em mais custos. Existem quatro abordagens da estimativa de custos, nomeadamente: Método da engenharia industrial Método de conferência Método de análise contabilística Método de análise quantitativa da relação actual ou passada dos custos Contabilidade de Custos 2018 © Ângelo Macuacua, Leovigildo Jate e Ermínio Chiau Page 41 a) Método da engenharia industrial Este método também designado “Método da Medição do Trabalho” estima a função de custos através da análise do relacionamento entre os recursos e a produção em termos físicos. Por exemplo, um produtor de Maheu, que usa farinha, água, açúcar e horas de trabalho e energia eléctrica para a produção. A produção é medida em termos de litros de maheu. Um estudo da relação entre a produção e os insumos pode determinar quanto de farinha, água, açúcar e horas de trabalho e energia eléctrica para a produção de um litro de maheu. A estimativa de custos consistira no produto dessas quantidades pelos respectivos preços unitários. b) Método de conferência O Método de conferência estima a função de custos na base de análises e de opiniões sobre custos e suas causas obtidas nos diversos departamentos da empresa (aprovisionamento, engenharia, recursos humanos, marketing, etc.). A qualidade dos custos estimados a base deste método depende do cuidado e detalhe tomado pelas pessoas que fornecem as informações. c) Método de análise contabilística O método de análise contabilística estima as funções de custos através da classificação de custos em fixos, variáveis ou mistos relativamente a um certo objecto de custo. Frequentemente os gestores fazem uma análise mais qualitativa do que quantitativa quando classificam os custos nesta base. d) Método de análise quantitativa da relação actual ou passada dos custos A análise quantitativa da relação entre actual
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