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CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA E EXTRATO DO BALANÇO HÍDRÍCO NORMAL PARA O DISTRITO DE SÃO JOÃO DE PETRÓPOLIS, SANTA TERESA ES

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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO 
CURSO SUPERIOR DE AGRONOMIA 
 
 
 
 
VICTÓRIO BIRCHLER TONINI 
 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA E EXTRATO DO BALANÇO HÍDRICO PARA O 
DISTRITO DE SÃO JOÃO DE PETRÓPOLIS, SANTA TERESA - ES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTA TERESA 
2017 
 
 
 
VICTÓRIO BIRCHLER TONINI 
 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA E EXTRATO DO BALANÇO HÍDRICO PARA O 
DISTRITO DE SÃO JOÃO DE PETRÓPOLIS, SANTA TERESA - ES 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Coordenadoria do Curso de Agronomia do Instituto 
Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para 
aprovação na disciplina AGR 317 - TCC II. 
 
 
Orientador Prof. D.Sc.: Ednaldo Miranda de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTA TERESA 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Biblioteca Major Bley do Instituto Federal do Espírito Santo) 
T665c 
 
Tonini, Victório Birchler. 
 
 Classificação climática e extrato do balanço hídrico para o 
distrito de São João de Petrópolis, Santa Teresa, ES / 
Victório Birchler Tonini. – 2017. 
 
25f. : il. ; 30 cm. 
 
Orientador: Prof. D.Sc. Ednaldo Miranda de Oliveira 
 
Monografia (graduação em Agronomia) – Instituto Federal 
do Espírito Santo, Coordenadoria do Curso de Agronomia. 
Santa Teresa, 2017. 
 
Inclui bibliografias. 
 
1. Climatologia. 2. Armazenamento de água no solo. 3. 
Déficit hídrico. I. Oliveira, Ednaldo Miranda. II. Instituto Federal 
do Espírito Santo. III. Título. 
 
 CDD 22 – 551.6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho à minha Família, em especial para meus pais e ao meu irmão. 
 
 
 
A Deus por ter me dado saúde, força e discernimento para superar as dificuldades. 
Ao Instituto Federal do Espírito santo – Campus Santa Teresa, por ser a minha 
segunda casa. Esta instituição além de me ensinar uma belíssima profissão, ensinou-
me a ter valores que vou carregar por toda minha vida. 
Ao meu orientador, Ednaldo Miranda de Oliveira, pelo apoio e incentivo. Sobretudo, 
agradeço pela confiança depositada em mim e enxergar um potencial que nem eu 
mesmo acreditava que tinha. 
Aos meus pais, por todo o apoio e incentivo durante toda a minha jornada acadêmica. 
Ao meu irmão e melhor amigo, por todo o incentivo dado, em especial por me ensinar 
o sentido da frase “Você só estuda, não trabalha. Tem obrigação de ir bem na 
faculdade!”. Acredite, ouvir isso foi uma grande motivação por todo meu curso. 
Ao meu amigo e primeiro orientador, José Júlio Garcia de Freitas, obrigado pela 
amizade e por ter aberto meus olhos para o mundo da pesquisa acadêmica. Sua 
confiança depositada em mim sempre será lembrada. 
Aos meus Professores, obrigado por todo o conhecimento transmitido! Muitos de 
vocês foram inspirações diárias para mim. 
Aos meus amigos e colegas do IFES, obrigado pelo companheirismo e ajuda. 
E a todos que diretamente e indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu 
muito obrigado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
O presente trabalho foi desenvolvido com os objetos de realizar e interpretar as 
classificações climáticas de Köppen e Thornthwaite, de realizar o desenvolvimento do 
extrato do balanço hídrico e de apresentar e discutir algumas variáveis meteorológicas 
de interesse agronômico e ambiental para o distrito de São João de Petrópolis, Santa 
Teresa – ES. Para tanto, utilizou-se dados da estação meteorológica do Instituto 
Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Estado do Espírito Santo – Campus 
Santa Teresa. A série história analisada compreendeu dados de 1977 à 2015. De 
acordo com os resultados, o clima é classificado como Aw (tropical úmido, com inverno 
seco e chuvas máximas no verão) e C2wA’a’ (tipo Megatérmico subúmido, com 
deficiência hídrica moderada no inverno), pelas classificações de Köppen e 
Thornthwaite, respectivamente. O extrato do balanço hídrico indica grande deficiência 
hídrica no solo na maior parte do ano, recomendando-se então utilizar medidas que 
visem aumentar a infiltração e manutenção da água no solo. 
PALAVRAS-CHAVE: Climatologia. Armazenamento de água no solo. Déficit hídrico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The present work was developed with the objects of realizing and interpreting the 
climatic classification of Köppen and Thornthwaite, to develop the extract of the water 
balance and to present and discuss some meteorological variables of agronomic and 
environmental interest for the district of São João de Petrópolis, Santa Teresa - ES. 
For that, data from the meteorological station of the Federal Institute of Education 
Science and Technology of the State of Espírito Santo - Campus Santa Teresa. The 
series analyzed history comprised data from 1977 to 2015. According to the results, 
the climate is classified as Aw (tropical humid, with dry winter and maximum rains in 
the summer) and C2wA'a '(megatérmico subhumid type, with moderate water 
deficiency In winter), by the classifications of Köppen and Thornthwaite, respectively. 
The water balance extract indicates a great water deficit in the soil for most of the year, 
and it is recommended to use measures to increase the infiltration and maintenance 
of water in the soil. 
KEY WORDS: Climatology. Water storage in the soil. Water deficit. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 9 
2 DESENVOLVIMENTO.......................................................................... 10 
2.1 OBJETIVO............................................................................................ 10 
2.2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................ 10 
2.2.1 Fundamentos do balanço hídrico..................................................... 10 
2.2.2 Sistemas de classificação climática................................................. 10 
2.2.3 Caracterização das estações meteorológicas................................. 12 
2.3 METODOLOGIA................................................................................... 12 
2.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................ 14 
2.4.1 Extrato do balanço hídrico e estudo de variáveis climatológicas.. 14 
2.4.2 Classificações climáticas de Köppen e Thornthwaite..................... 18 
3 CONCLUSÕES..................................................................................... 20 
 REFERÊNCIAS..................................................................................... 21 
 ANEXOS............................................................................................... 23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A água, tida como recurso básico para a origem, estabelecimento e 
desenvolvimento da vida, é sem dúvida uma das substâncias mais importantes 
da natureza, e digna de diferentes frentes de estudo. Caracterizada como a 
substância mais reciclável da natureza, pode ser encontrada nos estados sólido, 
líquido e gasoso, a depender das condições ambientais. Tal comportamento é a 
premissa básica para o estabelecimento do ciclo hidrológico. 
 
Normalmente, a precipitação apresenta grande variabilidade, afetando 
diretamente o sistema solo-água-planta, e consequentemente, a produtividade 
agrícola. O balanço hídrico climatológico é uma maneira contábil de estudar o 
saldo hídrico de determinada região. Este estudo pode ser associado à relação 
cultura/clima, evitando consequências desastrosas de um planejamento agrícola 
deficiente em relação ao clima (DANTAS et al., 2007). Em relação à 
caracterização ambiental, a disponibilidade de água pode ser compreendida 
como um elemento deseleção natural das espécies mais adaptadas e também 
como um fator determinante para a expressão da paisagem vegetal. 
 
Há na literatura diversas definições de clima, sem existir um consenso para uma 
definição genérica. Todavia, esta dificuldade dar-se pelo propósito de cada autor 
em analisar e compreender o clima sob uma ótica diferente. 
 
Mendonça e Dani-Oliveira (2007) mencionam o desenvolvimento do sistema de 
comunicação planetário, impulsionado pela internet, como uma importante 
ferramenta de difusão de dados meteorológicos e climáticos. Assim, o fácil 
acesso a essas informações possibilitou uma maneira nova de estudar e 
conhecer a dinâmica global do clima. 
 
 
 
 
10 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
2.1 OBJETIVO 
 
O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de realizar as classificações 
climáticas de Köppen e Thornthwaite do distrito de São João de Petrópolis, Santa 
Teresa – ES, bem como caracterizar o extrato do balanço hídrico. 
 
2.2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.2.1 Fundamentos do balanço hídrico 
 
A evapotranspiração potencial (ETP) pode ser definida como a perda de água 
para a atmosfera por processos de evaporação da água no solo e transpiração 
pelas plantas em uma superfície padrão gramada, cobrindo a superfície do solo 
e sem restrição de umidade (BORGES; MENDIOTO, 2007). Nestas condições a 
evapotranspiração depende apenas de variáveis meteorológicas, portanto, a 
ETP expressa o potencial de evapotranspiração para as condições 
meteorológicas vigentes. 
 
O método proposto por Thornthwaite (1948) para cálculo da evapotranspiração 
apresenta-se pouco representativo por considerar apenas a temperatura, que 
apesar de simular o balanço de radiação no dossel das diferentes espécies 
vegetais, não contempla outras variáveis climáticas. Porém, este método é 
amplamente utilizado no Brasil devido à grande disponibilidade de dados de 
temperatura e precipitação, principalmente em séries históricas com grande 
número de anos (FABRES, 2009). 
 
2.2.2 Sistemas de classificação climática 
 
Os sistemas de classificações climáticas (SCC) são de grande importância, visto 
que analisam e definem o clima de determinada região gerando subsídios para 
análises posteriores de diferentes interesses (ROLIM et al., 2007). Configura-se 
também como objeto de estudo interdisciplinar, pois tem alcance em diversas 
11 
 
linhas de pesquisa das Ciências da Terra e Exatas, como climatologia, 
meteorologia, agronomia e economia (WOLLMANN; GALVANI, 2013). 
 
Silva e Almeida (2007), estudando a relação entre a variabilidade da precipitação 
pluviométrica e a produção agrícola em Pernambuco, concluíram que o regime 
pluviométrico afeta a produção agrícola, o valor da cultura e seu rendimento 
médio, impactando diretamente o aspecto socioeconômico que envolve o 
Estado. Como medida mitigadora da relação precipitação vs produção, o autor 
cita a cultura da manga, que conta com modernos sistemas de irrigação para 
aporte hídrico. 
 
A classificação de Köppen define em letras maiúsculas o grupo climático, 
tomando como valor de referência a temperatura média mensal. Os subtipos e 
variedades climáticas são expressos por letras minúsculas, levando em 
consideração a amplitude térmica anual e a sazonalidade de chuvas. 
 
A classificação de Thornthwaite é resultado na análise do balanço hídrico 
climatológico, a partir do cálculo de alguns índices: hídrico (Ih), de aridez (Ia) e 
de umidade (Iu). O Ih é calculado pela razão em porcentagem entre o excedente 
hídrico e a evapotranspiração potencial, enquanto o Ia expressa em porcentagem 
a relação entre a deficiência hídrica e a evapotranspiração potencial. O Iu é 
determinado pela relação entre os dois índices anteriores. 
 
O índice de umidade é utilizado para determinar o tipo climático, enquanto os 
índices hídrico e de aridez são utilizados para determinar os subtipos climáticos, 
que expressa a disponibilidade de água no solo da localidade em estudo. Este 
modelo de classificação utiliza ainda a evapotranspiração anual e do verão para 
inserir tipos e subtipos climáticos. 
 
A principal doença da viticultura tropical, o míldio (Plasmopara vitícola), pode 
causar danos de até 100% na produção. Para a sua infeção, são necessárias 
duas horas de água livre sobre a folha e para a produção de esporos é 
necessária umidade relativa acima de 95%. Altos valores de umidade relativa 
também são determinantes para aumento da incidência e severidade de 
12 
 
antracnose (Elsinoe ampelina), podridão do cacho (Glomerella cingulata (Ston.) 
Sapuld & Schrenk) e botriodiplodiose (Eutypa lata) (NAVES et al., 2006). 
 
Primavesi (1986) afirma que as culturas agrícolas podem sofrer efeitos sob ação 
de altas temperaturas, especialmente quando associada à baixa disponibilidade 
de água no solo. Nestas condições, ocorre aumento na taxa de transpiração, 
aumento da respiração vegetal e maior gasto de água. Havendo condições de 
perturbação para que ocorra o fechamento dos estômatos, não haverá saída de 
água e entrada de gás carbônico, ocorrendo redução na fotossíntese líquida. 
 
Diante do exposto, é notória a influência do clima sob a produção agrícola, bem 
como toda a cadeia socioeconômica envolvida com a agriculta. Portando, a 
caracterização e o perfeito conhecimento do comportamento das tendências 
climáticas são medidas capazes de mitigar os riscos envolvidos com a 
agricultura. 
 
2.2.3 Caracterização das estações meteorológicas 
 
Cerqueira et al (1999), em seu trabalho sobre as zonas naturais do Espírito 
Santo, caracteriza o município de Santa Teresa em cinco zonas naturais, 
situando a localização da estação meteorológica de São João de Petrópolis em 
uma classificação dita como Terra quente, acidentada e seca, enquanto a 
estação meteorológica de Instituto Nacional de Meteorologia – INMET (latitude 
19º55’47,9’’S, longitude de 40º34’47,9’’W e a 648m) situa-se em uma zona 
natural classificada como Terras temperadas amenas, acidentadas e chuvosas. 
 
2.2 METODOLOGIA 
 
Os dados foram coletados na estação meteorológica dos Instituto Federal de 
Educação Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus Santa Teresa, 
localizada na latitude 19,806° S e Longitude 40,068° W, com altitude igual a 150 
m, no distrito de São João de Petrópolis. 
 
13 
 
Foram utilizados dados de temperatura média do ar e precipitação mensais 
durante o período de 1977 a 2015. Deste intervalo de anos utilizou-se trinta e um 
anos para a determinação do regime pluviométrico médio e vinte e três anos 
para a determinação da temperatura média local. Para a composição do extrato 
do balanço hídrico, utilizou-se vinte e dois anos de observações (1978 – 1997, 
2013 e 2014). Foram construídos gráficos a partir das variáveis climáticas 
estudadas para o período estabelecido. 
 
A elaboração do balanço hídrico climatológico foi realizada pelo método de 
Thornthwaite e Mather (1955) apresentado por Pereira, Angelocci e Sentelhas 
(2002). Para tanto, utilizou-se como dados de entrada os valores de precipitação 
e temperatura mensurados na estação meteorológica e a evapotranspiração 
potencial (ETP) calculada pelo método de Thornthwaite (1948). A capacidade de 
água disponível (CAD) considerada foi de 100 mm. 
As classificações climáticas de Köppen e Thornthwaite foram realizadas 
seguindo as metodologias apresentadas por Vianello e Alves (1991) e Pereira, 
Angelocci e Sentelhas (2002), respectivamente. 
 
2.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
2.4.1 Extrato do balanço hídrico e estudo de variáveis climatológicas 
 
O comportamento da distribuição das chuvas gera dois períodos distintos: um 
período chuvoso (de novembro a março) e um período seco (de abril a outubro), 
representado graficamente na figura 1. A diminuição da altura de chuva é 
acompanhada pela diminuição da temperatura média, sendo o mês de junho o 
mais frio, com média de 21,2°C. A amplitudetérmica média mensal é de 5,6° C, 
sendo fevereiro o mês mais quente (Figura 2). 
 
 
 
 
14 
 
Figura 1. Distribuição mensal média da precipitação no distrito de São João de 
Petrópolis, Santa Teresa – ES. 
 
Fonte: Do autor. 
Nota: Período precipitação: Período: 1977-1997; 2001-2008; 2013-2014. 
Período temperatura: 1978 – 1997; 2013 – 2015. 
 
Figura 2. Comportamento da temperatura média mensal. 
 
Fonte: Do autor. 
Nota: Período temperatura: 1978 – 1997; 2013 – 2015. 
 
A distribuição das chuvas ao longo dos anos (Figura 3) caracteriza-se como 
irregular, visto que a amplitude de precipitação de 1195 mm (1790 e 596 mm, 
como maior e menor observação, respectivamente). Durante o início da estação 
de chuva é comum a observação de veranicos, visto que observa-se alturas 
pluviométricas inferiores à 20% da média de chuva no período dito como “das 
águas”. Salton et al (2013) afirmam que o fenômeno do veranico associado aos 
0
5
10
15
20
25
30
0
50
100
150
200
250
T
e
m
p
e
ra
tu
ra
 m
é
d
ia
 (
°C
)
P
re
c
ip
it
a
ç
ã
o
 m
é
d
ia
 (
m
m
)
Precipitação Temperatura
21
22
23
24
25
26
27
T
e
m
p
e
ra
tu
ra
 m
é
d
ia
 (
°C
)
15 
 
solos com baixa retenção de água implica na produtividade de lavouras de milho 
e soja e produção pecuária, resultando em constantes frustrações com a 
produtividade e desestímulo da atividade agrícola. 
 
Figura 3. Distribuição do regime pluviométrico no distrito de São João de Petrópolis, 
Santa Teresa – ES. 
 
Fonte: do autor. 
Nota: Período: 1977-1997; 2001-2008; 2013-2014. 
 
O solo, entendido como uma unidade armazenadora de água, apresenta limites 
máximo e mínimo de retenção de água. À medida que o armazenamento de água 
diminui, ocorre um aumento da resistência à perda de água por evaporação ou 
transpiração, proporcional a quantidade de água que permanece nele. Assim, as 
evapotranspirações potencial e real são iguais quando o solo está na sua 
máxima capacidade de retenção de água. Portanto, a diferença entre a 
evapotranspiração potencial e evapotranspiração real é a perfeita representação 
de déficit de água no solo (Figura 4). 
 
O consumo de água, representado pela evapotranspiração real, significa 
crescimento vegetal, bem como quanto maior for esta variável, maior será a 
produção vegetal. Assim, o ideal é ter a evapotranspiração real igual a 
evapotranspiração potencial, garantindo que hão haverá deficiência hídrica 
(FABRES, 2009). 
500
700
900
1100
1300
1500
1700
1900
P
rc
ip
it
aç
ão
 P
lu
vi
o
m
ét
ri
ca
 
(m
m
)
16 
 
Figura 4. Comportamento médio das evapotranspirações potencial e real ao longo do 
ano. 
 
Fonte: Do autor. 
Nota: Período: 1978 – 1997, 2013 e 2014. 
 
Os resultados do balanço hídrico climatológico e do estudo das variáveis 
climáticas do distrito de São João de Petrópolis podem ser visualizados nas 
tabelas 01 e 02 e na figura 01. Com o estudo da climatológica verificou-se a 
precipitação média de 1083 mm e evapotranspiração potencial média de 3,94 
mm dia-1. Esta interação de variáveis ocasiona um déficit hídrico de 332 mm, 
distribuído nos meses de abril a outubro. O único mês em que caracteriza-se 
excedente hídrico é janeiro, com 25 mm. 
 
Tabela 1. Fatores climáticos e dados climatológicos para o distrito de São João de 
Petrópolis, Santa Teresa - ES. 
Temperatura 
média anual (°C) 
Precipitação 
média anual 
(mm) 
Evapotranspiração 
média diária (mm) 
Evapotranspiração 
média anual (mm) 
24,3 1082 3,94 1439 
Deficiência hídrica (mm) Excedente Hídrico (mm) 
332 25 
 
Fonte: do autor. 
20
40
60
80
100
120
140
160
m
m
Evapotranspiração Potencial Evapotranspiração Real
17 
 
Tabela 2. Extrato do balanço hídrico climatológico para o distrito de São João de 
Petrópolis, Santa Teresa - ES, segundo Thornthwaite & Mather (1955). 
Período: 1978 – 1997, 2013 e 2014. 
MESES T (°C) 
ETP 
 (mm) 
P 
 (mm) 
P-ETP NAC 
ARM 
 (mm) 
ALT 
(mm) 
ETR 
 (mm) 
DEF 
(mm) 
EXC 
 (mm) 
JAN 26,5 156 195 39 0 100 14 156 0 25 
FEV 26,7 139 106 -32 -32 72 -28 134 5 0 
MAR 26,4 143 132 -11 -43 65 -7 139 3 0 
Abril 24,9 117 84 -33 -76 47 -18 102 15 0 
MAI 23,4 103 34 -69 -145 24 -23 57 46 0 
JUN 21,4 83 19 -65 -209 12 -11 30 53 0 
JUL 21,2 85 25 -60 -269 7 -6 31 55 0 
AGO 21,6 92 24 -68 -337 3 -3 27 64 0 
SET 23,1 105 32 -74 -411 2 -2 33 72 0 
OUT 24,5 126 107 -19 -430 1 0 107 19 0 
NOV 25,4 136 170 34 -103 36 34 136 0 0 
DEZ 26,3 154 205 50 -15 86 50 154 0 0 
 
Fonte: do autor. 
Nota: T: Temperatura; ETP: evapotranspiração potencial; P: precipitação; NAC: negativo 
acumulado; ARM: armazenamento; ALT: alteração; ETR: evapotranspiração real; ETR: 
evapotranspiração real; DEF: deficiência; EXC: excedente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
Figura 5. Gráfico do Extrato do balanço hídrico climatológico para o distrito de São João 
de Petrópolis, Santa Teresa - ES, segundo Thornthwaite & Mather (1955). 
 
Fonte: do autor. 
Nota: Período: 1978 – 1997, 2013 e 2014 
 
A dinâmica da distribuição da chuva caracteriza-se como irregular, visto que 49% 
das lâminas de precipitação ocorrem durante o período de deficiência hídrica, ou 
seja, em 9 meses. O restante da precipitação (51%) ocorre em apenas 3 meses 
do ano. Este cenário indica a necessidade de criar-se mecanismos para 
armazenar a água no perfil do solo e no continente, como recuperação das áreas 
de recarga de nascentes e armazenamento em corpos hídricos artificiais, como 
açudes, barragens e barraginhas. 
 
2.4.2 Classificações climáticas de Köppen e Thornthwaite 
 
O clima de São João de Petrópolis, Santa Teresa – ES, segundo a classificação 
de Köppen é classificado como Aw, caracterizando a região como megatérmica 
(tropical úmida), com inverno seco e chuvas máximas no verão. 
Com relação a classificação de Thornthwaite, a classificação é apresentada na 
tabela 3. O clima do distrito é classificado como C2wA’a’. Assim, diz-se que este 
clima é Tipo Megatérmico subúmido, com deficiência hídrica moderada no 
inverno. 
-80
-60
-40
-20
0
20
40
m
m
Excedente Déficit
19 
 
 
Tabela 3. Índices climáticos e classificação de Thornthwaite. 
Ih Ia Iu 
Tipo 
climático em 
função de Iu 
Subtipo 
climático em 
função de Ih e Ia 
Tipo climático 
em função de 
ETP 
Subtipo 
climático em 
função de ETP 
% 
C2 w A’ a’ 
0,5 25,6 -14,9 
 
Fonte: do autor. 
Nóbrega et al (2008), estudando a classificação climática do município de Santa 
Teresa classificaram este como Cwb, ou seja, clima temperado, com período 
com temperaturas médias inferiores a 18ºC, porém nunca inferior a 10ºC para 
classificação de Köppen. Com relação à classificação de Thornthwaite, a fórmula 
climática encontrada foi B4TB’3a’, ou seja, clima úmido, com pequena ou 
nenhuma deficiência hídrica, mesotérmico, com concentração de 
evapotranspiração no verão de aproximadamente 34%. 
 
Ressalta-se então a necessidade de distinguir estes dois trabalhos, visto que o 
local de execução de ambos ocorre em zonas naturais diferentes, mesmo que 
dentro do mesmo município. A diferença de precipitação entre as duas estações 
meteorológicas é de 325 mm, e a diferença de altitude em relação ao nível do 
mar é 498 m. 
 
Nóbrega et al (2008) e Nóbrega et al (2008), realizando as classificações 
climáticas de Köppen e Thornthwaite para os municípios de Linhares e São 
Mateus identificaram a mesma classificação de Köppen (Aw) e o mesmo tipo 
climático que Thornthwaite (C2) obtidos neste trabalho. Portanto, o distrito de 
São João de Petrópolis assemelha seu clima a outras áreas do estado do 
Espírito Santo, e não ao tradicional clima álgido da região serrana, como este 
município se inseri. 
 
 
 
20 
 
3 CONCLUSÕES 
 O clima do distrito de São João de Petropólis, Santa Teresa - ES, 
classificado como Aw (tropical úmido, com inverno seco e chuvas 
máximas no verão) e C2wA’a’ (tipo Megatérmico subúmido, comdeficiência hídrica moderada no inverno), pelas classificações de Köppen 
e Thornthwaite, respectivamente. 
 A compreensão do extrato do balanço hídrico evidencia grande déficit 
hídrico durante o ano, sinalizando a necessidade de intervenções que 
resultem na conservação infiltração da água no solo; 
 Sugere-se a realização de trabalhos futuros que busquem caracterizar a 
ocorrência dos veranicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
REFERÊNCIAS 
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ANEXOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Anexo 1. Valores médios mensais de pluviosidade (mm). 
Ano JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Média 
1977 186 23 18 19 65 0 38 0 12 62 145 184 752 
1978 98 248 97 78 23 0 83 3 15 245 74 81 1045 
1979 564 403 212 147 25 5 12 6 12 87 138 173 1783 
1980 291 207 91 84 22 15 27 5 18 11 137 417 1323 
1981 299 83 166 450 18 17 10 32 4 155 431 127 1790 
1982 182 26 168 54 36 2 22 25 12 52 29 84 692 
1983 473 157 96 29 19 4 20 0 117 134 243 183 1476 
1984 78 48 235 32 2 0 0 82 89 192 112 185 1054 
1985 370 61 84 41 42 9 7 39 50 162 183 154 1202 
1986 125 21 75 32 53 51 9 55 12 13 38 237 722 
1987 196 15 232 44 41 47 15 8 32 81 160 102 974 
1988 125 92 102 25 31 7 9 15 9 96 53 93 657 
1989 70 96 123 57 62 111 26 42 9 65 256 248 1165 
1990 19 140 26 146 23 4 26 51 37 136 128 197 934 
1991 208 153 261 52 25 16 24 16 38 20 149 162 1125 
1992 451 139 57 65 44 42 56 14 64 168 343 297 1739 
1993 102 82 13 92 60 10 6 23 22 67 32 250 758 
1995 54 35 130 119 64 0 82 19 20 160 234 373 1289 
1996 41 64 75 44 28 26 30 10 49 191 346 175 1079 
1997 186 58 464 41 15 6 2 18 31 67 225 123 1234 
2001 66 2 80 35 33 4 2 23 53 116 390 252 1055 
2002 182 48 69 21 35 9 31 31 94 29 108 156 813 
2003 229 17 58 29 4 1 6 11 22 17 26 176 596 
2004 253 147 234 95 4 73 10 2 1 111 123 214 1265 
2005 43 141 268 55 117 79 16 66 23 23 138 252 1221 
2006 161 135 302 15 1 14 12 17 54 138 265 226 1341 
2007 161 121 28 99 17 2 1 7 44 11 100 194 783 
2008 113 192 86 18 14 2 15 19 25 31 261 162 938 
2013 229 58 96 49 41 23 4 30 26 104 137 666 1463 
2014 47 94 34 64 9 14 41 17 9 37 157 114 637 
2015 6 152 111 107 66 8 4 3 33 8 58 87 642 
 
Fonte: Do autor. 
 
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Anexo 2. Valores médios de temperatura do ar (°C). 
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 
1978 26,0 24,8 25,6 24,2 22,0 21,2 21,4 22,0 22,6 24,2 25,7 29,7 
1979 25,0 26,1 25,0 23,7 23,9 20,5 20,3 21,5 22,2 24,9 25,3 27,2 
1980 25,6 26,2 25,5 24,7 22,7 21,3 20,6 21,9 22,9 24,5 25,4 25,5 
1981 26,3 26,1 26,8 23,5 22,8 20,8 20,4 21,1 23,0 23,2 24,3 26,2 
1982 25,2 26,0 26,2 22,6 20,3 20,0 21,6 22,2 23,1 25,0 27,3 26,7 
1983 25,9 26,6 25,9 25,0 24,0 23,4 22,0 21,8 22,7 24,5 25,8 26,6 
1984 27,5 27,5 26,2 24,2 22,3 18,9 21,5 19,6 22,4 23,5 25,0 25,5 
1985 25,6 27,2 26,6 25,0 27,4 23,1 20,1 21,7 21,9 24,2 24,4 24,8 
1986 27,8 27,9 27,3 26,4 24,2 21,4 16,7 22,9 22,1 24,0 25,6 26,1 
1987 26,6 26,5 26,4 25,4 23,6 21,3 23,4 23,2 24,6 26,7 26,9 26,5 
1988 27,9 28,0 26,1 25,5 22,4 20,1 21,8 20,3 23,6 24,3 22,9 25,5 
1989 26,9 27,7 26,9 25,3 26,0 21,1 21,9 20,9 23,6 23,6 24,5 26,1 
1990 25,9 25,6 26,8 26,1 23,9 21,9 22,0 22,5 23,5 25,5 27,3 26,8 
1991 26,9 27,4 26,6 25,9 23,8 23,1 21,1 21,2 22,0 24,0 25,4 27,2 
1992 25,5 25,9 25,9 25,8 24,5 22,1 21,0 21,1 22,2 23,6 25,1 25,1 
1993 26,5 26,5 27,4 26,0 23,0 21,6 21,8 21,5 24,0 25,6 26,6 25,8 
1994 27,3 27,1 27,3 25,3 23,4 21,5 21,8 21,9 23,8 25,2 25,4 26,2 
1995 28,0 27,8 27,2 24,7 23,9 21,4 21,8 22,4 23,7 24,8 24,1 25,3 
1996 27,2 28,3 28,3 25,4 22,5 21,8 21,3 20,7 23,1 24,1 23,8 26,4 
1997 26,8 25,8 24,9 24,6 22,4 21,3 21,0 21,6 25,1 25,7 27,5 27,3 
2013 26,1 25,9 25,7 23,4 21,8 21,1 21,1 20,9 22,6 23,1 24,3 25,5 
2014 27,3 27,1 26,9 25,8 23,3 22,2 21,6 21,6 23,7 24,5 25,6 26,1 
2015 28,3 27,1 27,4 25,4 22,5 21,9 21,8 22,5 26,6 26,6 28,3 28,3 
Média 26,6 26,8 26,5 25,0 23,4 21,4 21,2 21,6 23,3 24,6 25,5 26,2 
 
Fonte: Do autor.

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