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1 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO NORTE DE MINAS GERAIS CAMPUS JANUÁRIA CURSO SUPERIOR DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO E INFLUÊNCIA DO FENÔMENO EL NIÑO- OSCILAÇÃO SUL NA PRECIPITAÇÃO DE JANUÁRIA-MG JÉSSICA MOTA PIMENTA JANUÁRIA (MG) 2018 2 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO NORTE DE MINAS GERAIS CAMPUS JANUÁRIA CURSO SUPERIOR DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO E INFLUÊNCIA DO FENÔMENO EL NIÑO- OSCILAÇÃO SUL NA PRECIPITAÇÃO DE JANUÁRIA-MG JÉSSICA MOTA PIMENTA Sob orientação do Professor Antonio Fabio Silva Santos Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) – Campus Januária, como parte das exigências do Programa de Graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental para obtenção do título de Engenheira Agrícola e Ambiental. JANUÁRIA, MG Outubro de 2018 3 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO NORTE DE MINAS GERAIS CAMPUS JANUÁRIA BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO E INFLUÊNCIA DO FENÔMENO EL NIÑO- OSCILAÇÃO SUL NA PRECIPITAÇÃO DE JANUÁRIA-MG Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) – Campus Januária, como parte das exigências do Programa de Graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental para obtenção do título de Engenheira Agrícola e Ambiental APROVADA: __ de outubro de 2018. ___________________________________ ___________________________________ Prof. D.Sc Osdneia Pereira Lopes Prof. Eng. Agrícola e Ambiental. Hellen Carolinne Rodrigues Alves ______________________________ Prof. Antonio Fabio Silva Santos (Orientador) 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus, pois como diz em Filipenses 4:13: “Tudo posso naquele que me fortalece!”. É de ti quem tiro toda minha força e determinação. A minha mãe Marise Mota, exemplo de força e fé, pelo amor incondicional e por todo esforço e trabalho para propiciar as condições necessárias para a realização desta etapa. Aos meus irmãos Douglas e Kaique, que me ensinaram a persistir e trabalhar para alcançar os meus objetivos, e por respeitar os meus sonhos, estando sempre ao meu lado em todos os momentos da minha vida. Aos familiares e amigos que me acompanharam ao longo dessa jornada por estarem sempre dispostos a me ajudar diante as necessidades e desafios, em especial a minha amiga Elisa Mariane pelo apoio e incentivo durante todos os momentos que passamos durante o curso. Ao Prof. Antonio Fabio, pela disposição em me orientar na elaboração deste trabalho, confiança e cooperação durante todo o período de desenvolvimento do trabalho. Aos membros da banca avaliadora deste trabalho, por terem aceitado o convite e contribuído com as correções necessárias para aprimoramento dessa pesquisa. Enfim, a todos que direta ou indiretamente, contribuíram para realização desse trabalho, o meu muito obrigado! 5 LISTA DE FIGURAS Figura 1 A - Esquema da circulação durante anos Neutros (a), El Niño (b) e La Niña (c) 17 Figura 1 B- Esquema da circulação durante anos Neutros (a), El Niño (b) e La Niña (c) . 18 Figura 1 C- Esquema da circulação durante anos Neutros (a), El Niño (b) e La Niña (c) . 18 Figura 2- Precipitação (P), evapotranspiração potencial ( ETp) e real (Etr) para o município de Januária-MG entre 1988 e 2017. ................................................................... 27 Figura 3- Balanço hídrico climatológico normal de Januária-MG entre 1988 e 2017. ...... 28 Figura 4- Distribuição temporal da precipitação anual em Januária-MG (1988-2017). .... 30 Figura 5 - Normais climatológicas de precipitação, definição da estação seca chuvosa e temperatura média de Januária-MG entre 1988 e 2017 com base em dados do INMET. ... 31 6 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Duração máxima de insolação diária (FOTOPERÍODO - N), em horas, no 15° dia de cada mês, para latitude de Januária, MG .................................................................. 22 Tabela 2- Classes do índice de aridez ................................................................................. 24 Tabela 4 - Classificação das intensidades do Índice Oceânico Niño (ION) ....................... 26 Tabela 5 - Classificação da Correlação de Pearson ............................................................ 26 Tabela 6 - Balanço hídrico climatológico para o município de Januária-MG de 1988 a 2017 ..................................................................................................................................... 29 Tabela 7- Classificação do índice de aridez ....................................................................... 32 Tabela 8 - Períodos de ocorrência dos fenômenos climatológicos El Niño-Oscilação Sul entre 1988 e 2017 ................................................................................................................ 33 Tabela 9 - Coeficientes de correlação (r) e test t entre a precipitação pluviométrica e Índice Oceânico Niño (ION).......................................................................................................... 33 7 LISTA DE EQUAÇÕES 1 – Evapotranspiração potencial 2 - Evapotranspiração potencial com temperatura maior que 26,0 °C 3 – Índice térmico 4 - Índice térmico regional 5 - Correção para evapotranspiração potencial 6 – Evapotranspiração potencial corrigida 7 - Diferença entre a precipitação e evapotranspiração potencial 8 – Negativo acumulado 9 – Armazenamento 10 – Alteração 11 – Deficiência hídrica 12 – Excedente 13 – Índice de aridez 8 LISTA DE SIGLAS ANA- Agência Nacional de Águas ARM- Armazenamento de Água no Solo BDMEP- Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa CAD- Capacidade de Água Disponível DEF- Deficiência Hídrica ENOS- El Niño Oscilação Sul ETP- Evapotranspiração Potencial ETR- Evapotranspiração Real EXC- Excedente Hídrico INMET- Instituto Nacional de Meteorologia IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística NOAA- Administração Oceânica e Atmosférica Nacional 9 RESUMO PIMENTA, Jéssica Mota. Balanço hídrico climatológico e influência do fenômeno El Niño- Oscilação Sul na precipitação de Januária-MG.2018 35 f. Trabalho de conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Agrícola e Ambiental) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais – Campus Januária, Januária, 2018. O balanço hídrico climatológico é uma ferramenta que possibilita determinar as variações de disponibilidade de água no solo em determinado tempo, podendo assim identificar o qual cultura se adapta melhor à região e a melhor época de plantio. A partir disso objetivou-se com este trabalho realizar o balanço hídrico climatológico normal e estudo de precipitação do período de 1987 a 2017 para o município de Januária-MG. O balanço hídrico climatológico foi realizado de acordo com a metodologia Thornthewaite&Mather, os dados foram obtidos a partir do banco de dados do INMET, a evapotranspiração potencial foi calculada pelo método de Thornthwaite (1948), adotando as considerações feitas por Willmottet al. (1985). A definição das estações secas e chuvosas foram realizadas de acordo com a metodologia de Lima et al. (2008) e Nery, Martins e Santana (2002). A influência dos fenômenos El Niño e La Niña na precipitação foram identificadas a partir da correlação de Pearson. Os excedentes ocorrem nos meses de janeiro e dezembro com 21,7 e41,8 mm respectivamente, já período de deficiência hídrica ocorre de abril a outubro sendo superior aos meses de excedente hídrico. Em Januária o período chuvoso compreende entre novembro a março e estação seca ocorre de abril a outubro. A precipitação total anual de 939,4 mm e temperatura média anual é 25,3 °C. Os maiores valores de correlação foram em eventos de La Niña e apenas dois eventos de El Niño foram significativos. A partir desses resultados pode-se inferir que o evento La Niña possui maior influência na precipitação que o evento El Niño. Palavras-chave: precipitação, evapotranspiração potencial, deficiência hídrica, ENOS 10 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 11 2. OBJETIVO GERAL 13 2.1 Objetivos Específicos 13 3. REVISÃO DE LITERATURA 14 3.1 Balanço hídrico climatológico 14 3.2 Precipitação 15 3.3 Índice de aridez 16 3.4 Fenômenos El Ninõ e La Ninã 16 3.5 Impactos dos fenômenos El Niño e La Niña no Brasil 19 4. METODOLOGIA 20 4.1 Caracterização da área de estudo 20 4.2 Levantamento de dados 20 4.3 Balanço hídrico 21 4.4 Definição das estações secas e chuvosas 24 4.5 Índice de aridez 24 4.6 Influência do fenômeno El Niño-Oscilação Sul 25 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 27 5.1 Balanço hídrico 27 5.2 Precipitação pluviométrica 30 5.3 Índice de aridez 32 5.4 Fenômeno El Niño-Oscilação Sul 32 6. CONCLUSÃO 37 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 38 11 1. INTRODUÇÃO A precipitação pluviométrica é o principal elemento do ciclo hidrológico, a mesma influencia diretamente na produção agrícola, condições climáticas e consequentemente no sistema econômico. Conhecer essas variações e disponibilidade hídrica de uma região é uma importante ferramenta na gestão dos recursos hídricos e produção agrícola, sendo que cada cultura necessita de quantidade adequada de água em seu desenvolvimento. O balanço hídrico climatológico proposto por Thornthewaite & Mather possibilita determinar as variações de disponibilidade de água no solo em diversas escalas de tempo, podendo assim identificar qual cultura se adapta melhor na região e a melhor época de plantio. São diversas as aplicações do balanço hídrico, as quais se destacam: classificação climática, caracterização hidrológica para gestão dos recursos hídricos, planejamento agrícola, podendo assim definir o uso da terra e práticas agrícolas a serem desenvolvidas (DOURADO NETO et al., 2010). Outro fator importante na agricultura é o conhecimento sobre a variação espaço-temporal de precipitação e os fenômenos que influenciam na mesma. Segundo Silva, Guimaraes e Tavares (2003), o estudo sobre a distribuição espaço-temporal da precipitação dá suporte para projetos no setor da agricultura e construção civil. Alguns estudos têm sido realizados sobre a influência do fenômeno El Niño- Oscilação Sul na precipitação em diversas regiões do país. Esse fenômeno é caracterizado por anomalias na temperatura do oceano Pacifico, quando essas temperaturas são superiores a 0,5 °C é definido como um El Niño e quando menor que -0,5 La Niña. Molion (2017), em suas pesquisas diz que de uma maneira geral ocorrem secas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil e excesso de chuvas nas regiões Sul e Sudeste em eventos de El Niño, mas em eventos de La Niña tais fenômenos têm influências contrárias nas precipitações. A região do Norte de Minas Gerais é caracterizada como região do semiárido, apresentando assim sérias condições de restrição hídrica com períodos de seca e estiagem, que trazem prejuízos e sofrimento à população que se mantém da agricultura familiar. As irregularidades das chuvas é uma situação que faz parte da rotina dessas regiões, sendo um fenômeno que não pode ser mudado. 12 A partir dessa adversidade torna-se necessário a busca por alternativas que possibilitem uma melhor qualidade de vida para as pessoas que vivem nessa região, principalmente para aqueles que têm as atividades agrícolas como subsistência. 13 2. OBJETIVO GERAL Realizar o balanço hídrico climatológico do município de Januária-MG, e identificar a influência do fenômeno El Niño –Oscilação Sul na precipitação da região. 2.1 Objetivos Específicos 1. Realizar o balanço hídrico Normal climatológico de Januária-MG; 2. Definir as estações seca e chuvosa do município de Januária-MG; 3. Definir o índice de aridez do município de Januária-MG; 4. Identificar a influência do fenômeno El Niño-Oscilação Sul na precipitação em Januária-MG. 14 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Balanço hídrico climatológico O balanço hídrico é definido como a contabilização de água no solo, onde a precipitação e irrigação são as fontes de entrada de água no solo e a saída pela evapotranspiração potencial (AMORIN NETO, 1989). O balanço hídrico climatológico desenvolvido por Thornthwaite e Mather (1955) é uma ferramenta que possibilita definir o regime hídrico de uma região. A partir das variáveis de precipitação, temperatura, capacidade de água disponível no solo e evapotranspiração real pode-se determinar deficiência hídrica, excedente hídrico e total de água retida no solo em um determinado período, podendo ser em escala semanal ou mensal. Esse método tem sido utilizado para o monitoramento de armazenamento de água no solo, sendo instrumento para o planejamento agrícola e gerenciamento dos recursos hídricos (PEREIRA, 2005; PASSO; ZAMBRZYCKI; PEREIRA, 2017). São diversas as aplicações do balanço hídrico, as quais se destacam: classificação climática, caracterização hidrológica para gestão dos recursos hídricos, planejamento agrícola podendo assim definir o uso da terra e práticas agrícola (DOURADO NETO et al., 2010). Passo, Zambrzycki e Pereira, (2017) citam diversos autores que realizaram o balanço hídrico climatológico com aplicações diferentes, dentre elas a caracterização agroclimática e a aptidão de culturas para diversos municípios da Paraíba feita por Medeiros et al., (2015). A evapotranspiração potencial (ETP) pode ser calculada por diversos métodos o qual utiliza de elementos meteorológicos medidos nas estações meteorológicas. ETP é a quantidade de água que seria utilizada por uma extensa superfície vegetada com grama, ou seja, a máxima capacidade de água capaz de ser perdida como vapor para atmosfera. A superfície vegetada encontra-se com altura entre 8 e 15 cm, em crescimento ativo, cobrindo totalmente a superfície do solo, e sem restrição hídrica (PEREIRA; ANGELOCCI; SENTELHAS 2007). Para o cálculo do balanço hídrico, é necessário determinar a evapotranspiração potencial, a mesma pode ser calculada pelo método de Thornthwaite que apresenta uma menor variedade de dados em relação a outros métodos. Alguns métodos necessitam de dados que em sua maioria não estão disponíveis em todas as estações meteorológicas do 15 Brasil, sendo eles o método Perman-Monteith, Hargreaves-Samani e Linacre (SILVA et al., 2012). O método Thornthwaite foi um dos primeiros métodos desenvolvidos para estimar a evapotranspiração potencial, a mesma calcula-se pela Equação 1 (PEREIRA; ANGELOCCI; SENTELHAS 2007): ( ) 0 ≤ Tn ≤ 26,0 °C Equação 1 Onde: Tn: temperatura media do mês n, em °C; I: índice que expressa o nível de calor disponível na região; a: índice termico 3.2 Precipitação As condições climáticas influenciam diretamente nas atividades humanas, seja na produção agrícola, no sistema econômico, como também no bem-estar da população e nas suas relações sociais, sendo fator determinante para o desenvolvimento de uma região, principalmente aquelas onde as atividades agrícolas são predominantes (JESUS, 2015). Embora existam vários tipos de precipitação (garoa, neve e granizo), a precipitação pluviométrica é a mais comum e importante no Brasil, à mesma compõe o principal elemento do ciclo hidrológico, sendo a fonte de entradade água em uma bacia hidrográfica (MELLO E VIOLA, 2013; CATALUNHA 2000). A precipitação pluviométrica é a variável climática que mais influência no ciclo hidrológico, rendimento de culturas e clima de determinada região. “As quantidades relativas de precipitação pluvial (volume), seu regime sazonal ou diário (distribuição temporal) e as intensidades de chuvas individuais (volume/duração) são algumas das características que afetam direta ou indiretamente a população, a economia e o meio ambiente”(BRITO; BARLETTA; MEDONÇA, 2008; SILVA; GUIMARÃES; TAVRES, 2003). Segundo Silva, Guimaraes e Tavares, (2003) o estudo sobre a distribuição espaço-temporal da precipitação dá suporte para projetos de construção civil e agricultura. As chuvas em excesso ou a falta em longos períodos podem causar diversos impactos no meio ambiente e consequentemente no sistema econômico. O entendimento 16 sobre o comportamento da precipitação ao longo do tempo é uma ferramenta de extrema importância para o monitoramento dos seus impactos. No meio agrícola, os principais aspectos referem-se à duração e intensidade de precipitação durante a estação chuvosa. (SANSIGOLO, 1996 apud NUNES et al., 2016). Para Moreira et al. (2015) o conhecimento início, intensidade e término dos períodos de secas, auxilia na formulação de estratégias para diminuir os impactos negativos relacionados a seca. 3.3 Índice de aridez O índice de aridez foi proposto inicialmente por Thorntwaite em 1948 e posteriormente ajustado por Penman (1953). Esse índice representa o quanto uma região é árida (BARROS, 2010; FRANCISCO et al., 2015). O modelo proposto por Thorntwaite é calculado pela razão entre a deficiência hídrica anual e evapotranspiração potencial. O modelo ajustado por Pernam considera a razão entre a precipitação anual evapotranspiração potencial (PEREIRA; ANGELOCCI; SENTELHAS 2007; BARROS, 2010). A princípio o índice era utilizado para reconhecimento dos efeitos antropogênicos nas condições climáticas e hoje, também utilizado para classificação climática, “conhecimento de zoneamento agrícola e mudanças climáticas de modo geral” (LOPES; LEAL, 2015). O índice de aridez proposto por Thorntwaite é utilizado como um dos critérios para a delimitação do Semiárido Brasileiro, o valor limite de classificação é 0,5. A região semiárida é caracterizada por apresentar clima seco, com poucas chuvas e elevada evapotranspiração (BRASIL, 2018). 3.4 Fenômenos El Ninõ e La Ninã Segundo Cunha et al., (2011) o nome El Ninõ foi mencionado pela primeira vez no século XVIII por pescadores peruanos que perceberam uma corrente de águas quentes no Oceano Pacífico, na costa da América do Sul, tal fato ocorreu em dezembro e em “alusão ao Natal e ao Menino Jesus, essa corrente de água quente foi chamada de El Niño, expressão espanhola que significa O Menino”. Em situações normais as águas superficiais na costa oeste da América do Sul encontram-se mais frias, enquanto as águas do Oceano Pacífico Equatorial Oeste são mais 17 quentes. Devido as águas do oceano Pacífico Oeste serem mais quentes, ocorre maior evaporação e consequentemente aumentado a formação de nuvens. Nos baixos níveis da atmosfera a circulação de ar ocorre no sentido leste para oeste, já em altos níveis da atmosfera ocorre no sentido oeste para leste (figura 1 A). Essa movimentação de ar que ocorre do Pacifico Equatorial Central e Oeste para Pacifico Leste junto com os ventos alísios forma a célula de Walker (OLIVEIRA 1999 apud SILVA 2015). A figura 1B refere-se ao fenômeno El Niño, esse fenômeno ocorre quando há o enfraquecimento dos ventos alísios e como resultado há aumento na temperatura da superfície do mar no Oceano Pacífico Equatorial Leste, o que pode interferir no clima regional e global em relação aos padrões de vento, tendo como consequência mudanças nos regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias. Esse aquecimento da temperatura da superfície do mar gera vapor e aumenta a formação de nuvens. Em períodos de El Niño a célula de Walker se divide, formando caminhos opostos de circulação (OLIVEIRA 1999 apud SILVA 2015; SILVA; FERREIRA, 2012). Figura 1 A - Esquema da circulação durante anos Neutros (a), El Niño (b) e La Niña (c) Fonte: SILVA, (2015), p.17. 18 Figura 2 B- Esquema da circulação durante anos Neutros (a), El Niño (b) e La Niña (c) Fonte: SILVA, (2015), p.17. Figura 3 C- Esquema da circulação durante anos Neutros (a), El Niño (b) e La Niña (c) Fonte: SILVA, (2015), p.17. 19 Ao contrário do El Niño, durante fenômeno La Niña (figura 1C) ocorre o fortalecimento dos ventos alísios e a diminuição das temperaturas na superfície do mar do Pacífico Equatorial Leste. Devido à força dos ventos alísios a célula de Walker fica maior e as águas ficam represadas ao oeste (OLIVEIRA 1999 apud SILVA 2015). O fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS) são anomalias na temperatura da superfície do mar (TSM), em diferentes regiões do Pacifico equatorial podendo ser positiva ou negativa. Quando a anomalia é positiva denominada de EL Ninõ e negativa La Ninã (CPTEC, 2018). Segundo Medeiros et al., (2016) essas anomalias são identificadas através do Índice de Oceânico Niño (ION), esse índice é representado por uma média móvel dos três meses das mudanças na temperatura da superfície do mar, o qual pode ser classificado como fraco, moderado e forte. Quando essas variações na TSM forem maiores que 0,5 °C por no mínimo cinco meses consecutivos é caracterizado com El Niño e se o índice for menor que 0,5 °C por no mínimo cinco meses consecutivos é caracterizado La Niña. Em anos que não ocorrem essas variações é denominado neutro. De acordo com Silva, (2015) a ocorrências dos eventos de El Niño e La Niña podem variar a cada três ou sete anos, sendo que o fenômeno pode ocorrer em menor escala de tempo. 3.5 Impactos dos fenômenos El Niño e La Niña no Brasil Os fenômenos El Niño e La Niña tem forte relação sobre os períodos de estiagens e chuvas em todo o Brasil. Na região Sul ocorre excesso de chuvas em anos de El Niño e estiagem em anos de La Niña sendo que as maiores alterações nos totais mensais e sazonais na primavera. Já na região Sudestes do país essa influência ocorre de forma contrária, em anos de El Niño foi observada a diminuição da precipitação e nos anos de La Niña a precipitações em alguns anos permaneceram normais ou chuvosos (CUNHA et al., 2011). Molion (2017), em suas pesquisas diz que de uma maneira geral ocorrem secas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil e excesso de chuvas nas regiões Sul e Sudeste em eventos de El Niño, mas em eventos de La Niña tais fenômenos têm influências contrárias nas precipitações. 20 De acordo com Minuzzi (2003), os fenômenos El Niño e La Niña tendem a atrasar o início do período chuvoso em Minas Gerais, sendo o fenômeno La Niña que exerce maior influência. Além de estudos que relacionam a precipitação ao fenômeno ENOS, foram realizadas pesquisar sobre a influência do mesmo na produtividade de diversos grãos. Berlato, Farenzena e Fontana (2004), em suas pesquisas observaram que durante períodos de El Niño ocorrem ganhos na produtividade do milho, resultado contrário quando ocorre períodos de La Niña. 4. METODOLOGIA 4.1 Caracterização da área de estudo Januária está localizada na região sudeste do Brasil (15°29’16’’ Sul e 44/21’43’’Oeste) e altitude 473,7 m, pertence ao estado de Minas Gerais mesorregião do Norte de Minas Gerais. O município está inserido na Bacia Hidrográfica do Alto Rio São Francisco. Possui área territorial de 6.661,591 Km 2 segundo o IBGE (2017). O clima predominante de Januária é classificado como Aw segundao a classificação de Köppen clima com invernoseco e chuvas máximas de verão (PEREIRA; ANGELOCCI; SENTELHAS 2007; ALVARES et al 2014). A topografia do município é considerada plana com leves ondulações, principalmente nas áreas da planície aluvial do Rio São Francisco. Predominam solos do tipo latossolo vermelho-amarelo distrófico, e em algumas regiões neossoloquartzarênicoórtico e neossololitólico distrófico. A altitude máxima verificada em Januária encontra-se no Morro do Itapiraçaba (794 m) e a mínima na foz do rio Peruaçu (444 m) (SILVA; MOURA; JARDIM, 2017). A vegetação original inclui espécies e formações vegetais típicas de transição entre cerrado e caatinga com destaque para formações do tipo veredas, encontradas em formas de manchas em algumas áreas da região (SILVA; MOURA; JARDIM, 2017). 4.2 Levantamento de dados Os dados para realização do balanço hídrico climatológico normal (BHN) foram obtidos a partir do Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa (BDMEP) pertencente ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). A estação 21 meteorológica usada como referência localiza-se no município de Januária (15º 45’ S,- 44°00’O e altitude de 473,71 m) no estado de Minas Gerais. Os dados obtidos foram: precipitação mensal total, temperatura máxima e mínima mensal do período de 1988 a 2017. Todos esses dados obtidos no BDMEP foram exportados e tabulados em planilhas eletrônicas. 4.3 Balanço hídrico Para elaboração do balanço hídrico climatológico foi adotado a capacidade de água disponível de 100 mm. A evapotranspiração potencial foi calculada a partir da Equação 1, proposta por Thornthwaite (1948), com considerações feitas por Willmott et al (1985). ( ) 0 ≤ Tn ≤ 26,0 °C Equação 1 Onde: Tn a temperatura média do mês n, em °C; I um índice que expressa o nível de calor disponível na região. n representa o mês, No caso de Tn> 26,0 °C a ETP é dada pela equação Equação2 de Willmott et al. (1985), que substitui a Tabela de Thornthwaite (1948), ou seja: Tp -415,85 32,24Tn-0,43Tn2 Equação 2 O valor de I e a são calculados pelas Equações 3 e 4 abaixo: ∑ Equação 3 Equação 4 As Equações 2 e 3 correspondem ao total mensal de evapotranspiração para um mês de 30 dias em que cada dia teria 12 horas de fotoperíodo. Para obter a ETP do mês em estudo com o número real de dias e fotoperíodo do mês foi realizado as correções abaixo (EQUAÇÕES 5 e 6) recomendadas por Thornthwaite (1948). ( ) ( ) 22 Equação 5 Equação 6 Onde: ND é o número de dias do mês em estudo; N é o fotoperíodo médio do mês. O fotoperíodo foi obtido a partir da Tabela 1 utilizando a latitude local de 15,45°. Tabela 1- Duração máxima de insolação diária (FOTOPERÍODO - N), em horas, no 15° dia de cada mês, para latitude de Januária, MG LAT Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 15,45° 12,8 12,5 12,1 11,6 11,2 11,1 11,1 11,5 11,9 12,4 12,8 12,9 Fonte: Adaptado de Pereira; Angelocci e Sentelhas, 2007. Após a obtenção dos dados de precipitação mensal, CAD e ETP foram realizados os seguintes cálculos do BHN: Diferença entre a precipitação e evapotranspiração potencial (EQUAÇÃO 7); Equação 7 De acordo com Pereira; Angelloci e Sentelhas (2002) os valores positivos indicam chuvas em excesso e valores negativos condições restrição de água no solo. Em seguida calculou-se o Negativo Acumulado (NEG ACUM) em simultâneo com o Armazenamento. Para o cálculo do negativo acumulado foi seguida a ordem abaixo descrita: 1. Identificou-se o primeiro mês com valor de P-ETp negativo após uma sequência de valores positivos de P-ETP; 2. o primeiro valor do negativo acumulado será igual ao valor de P-ETP do mês que apresentou valor negativo de P-ETP; 3. para o próximo mês de NEG ACUM, soma-se o valor de P-ETp do mês atual com o valor do NEG ACUM do mês anterior; 4. prosseguir os cálculos até o mês em que o valor de P-ETP for negativo; 5. o mês que apresentar valor positivo de P-ETP deverá ser calculado através da Equação 9. 23 Para o mês com P-ETP positivo após uma sequência de P-ETP negativos, somou-se o valor o valor positivo de P-ETP ao armazenamento do mês anterior, obtendo assim o ARM do mês atual. A partir desse valor calculou-se o negativo acumulado pela Equação 8: Equação 8 O armazenamento (ARM) foi calculado pela Equação 8: Equação 9 Alteração: Equação 10 n: mês atual n-1: mês anterior Evapotranspiração Real: foi calculada considerando as seguintes situações: quando P-ETP ≥ 0; ETR = ETP quando ALT ≤ 0; ETR = P + |ALT| Deficiência hídrica: Equação 11 O Excedente Hídrico (EXC) é a quantidade de água que sobra do período chuvoso e se perde por percolação, a partir disso considerou duas situações para o cálculo do excedente hídrico: quando o ARM=CAD Equação 12 quando ARM<CAD EXC=0 Após a realização dos cálculos utilizou-se os dados de excedente e deficiência hídrica para elaboração do gráfico de Balanço Hídrico Climatológico. 24 4.4 Definição das estações secas e chuvosas Para definição das estações secas e chuvosas utilizou-se os dados de precipitação mensal total da normal climatológica de 1988 a 2017. A partir desses dados foi calculado a precipitação média mensal e anual. Foi utilizado duas metodologias para definir as estações secas e chuvosas. A primeira descrita por Lima et al., (2008), onde foi considerado como o valor limite entre as duas estações o valor médio da precipitação média anual acumulada. A partir desse valor como limite entre as duas estações fez-se a diferença do valor médio e a precipitação média mensal. De acordo com os autores os valores positivos são definidos como estação chuvosa e valores negativos estação seca. A segunda metodologia proposta por Nery, Martins e Santana (2002), considera a percentagem da contribuição da média de cada mês em relação à precipitação média acumulada anual. Esses autores salientam que se todos os meses do ano contribuíssem em relação ao total anual com a mesma precipitação, existiria a contribuição de 1/12 do total anual (8,3 %), e que este valor pode ser adotado para a definição dos meses de seca. 4.5 Índice de aridez O índice de aridez foi calculado pelo método de Thorntwaite (1948) e ajustado por Penmam (1953) (EQUAÇÃO 13), que considera o quociente entre a precipitação média anual e a evapotranspiração média anual. Equação 13 Em que Ia representa o índice de aridez, Pr precipitação média anual e ETp evapotranspiração potencial média anual. Através da tabela 2 classificou-se a susceptibilidade à desertificação e zona climática. Tabela 2- Classes do índice de aridez Classes de susceptibilidade Índice de aridez Muito baixa > 0,65 Baixa 0,65 - 0,50 Média 0,50 - 0,20 Alta 0,20 - 0,05 Muito alta < 0,05 Fonte: Adaptado de Marques; Moreira e Nery, 2017. 25 4.6 Influência do fenômeno El Niño-Oscilação Sul Os dados de intensidade dos fenômenos El Niño e La Niña (TABELA 2) foram obtidos do Serviço Climatológico Nacional dos Estados Unidos (NOAA- NationalWeather Service, 2018). Utilizou dados mensais do período de 1988 a 2017. Os dados de precipitação mensal total foram obtidos a partir do Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa (BDMEP, 2018), foram utilizados dados do período de 1988 a 2017. Tabela 3- Médias trimestrais do Índice Oceânico Niño (ION) período de 1988 a 2017. ANO DJF JFM FMA MAM AMJ MJJ JJA JAS ASO SON OND NDJ 1987 1,19 1,17 1,24 0,89 0,91 1,24 1,34 1,48 1,53 1,36 1,29 1,05 1988 0,69 0,35 0,29 -0,49 -1,05 -1,46 -1,54 -1,44 -1,33 -2,09 -2,18 -1,98 1989 -1,95 -1,37 -1,33 -1,11 -0,80 -0,64 -0,47 -0,58 -0,38-0,40 -0,30 -0,13 1990 0,02 0,36 0,20 0,26 0,32 0,00 0,15 0,17 0,12 0,13 0,08 0,32 1991 0,51 0,32 0,10 0,21 0,44 0,65 0,62 0,43 0,22 0,91 1,14 1,62 1992 1,61 1,62 1,50 1,41 1,27 0,53 0,27 -0,15 -0,14 -0,35 -0,14 0,04 1993 0,28 0,42 0,47 0,92 0,93 0,64 0,33 0,16 0,26 0,36 0,28 0,19 1994 0,03 -0,16 -0,06 0,03 0,14 0,27 0,16 0,52 0,40 0,90 1,14 1,21 1995 1,10 0,87 0,49 0,27 0,03 0,08 0,03 -0,38 -0,57 -0,72 -0,78 -0,72 1996 -0,65 -0,66 -0,48 -0,34 -0,40 -0,12 -0,14 -0,30 -0,34 -0,28 -0,30 -0,43 1997 -0,43 -0,24 -0,06 0,34 0,87 1,15 1,60 1,94 2,10 2,29 2,42 2,30 1998 2,42 2,08 1,49 0,90 0,68 -0,39 -0,73 -0,83 -0,82 -1,19 -1,23 -1,51 1999 -1,53 -1,41 -0,92 -0,81 -0,87 -0,95 -0,84 -0,98 -0,84 -1,03 -1,41 -1,54 2000 -1,79 -1,53 -1,26 -0,80 -0,80 -0,75 -0,57 -0,36 -0,39 -0,55 -0,75 -0,92 2001 -0,88 -0,63 -0,48 -0,30 -0,30 -0,11 0,01 -0,07 -0,28 -0,26 -0,28 -0,46 2002 -0,14 0,00 0,11 0,14 0,21 0,68 0,57 0,70 0,82 1,16 1,41 1,41 2003 0,98 0,64 0,48 -0,03 -0,52 -0,19 0,14 0,05 0,15 0,46 0,39 0,32 2004 0,26 0,17 -0,10 0,06 0,10 0,14 0,41 0,66 0,67 0,73 0,62 0,71 2005 0,56 0,26 0,28 0,28 0,30 0,22 -0,01 -0,04 -0,08 -0,15 -0,44 -0,75 2006 -0,98 -0,71 -0,73 -0,30 -0,11 0,09 0,03 0,37 0,63 0,76 0,98 1,10 2007 0,59 0,12 -0,15 -0,16 -0,39 -0,16 -0,37 -0,57 -1,04 -1,40 -1,58 -1,61 2008 -1,79 -1,70 -1,17 -0,89 -0,64 -0,44 -0,04 -0,04 -0,28 -0,30 -0,37 -0,90 2009 -1,00 -0,71 -0,72 -0,25 0,17 0,49 0,69 0,62 0,68 0,96 1,49 1,81 2010 1,43 1,18 1,07 0,56 -0,15 -0,62 -0,89 -1,33 -1,56 -1,65 -1,57 -1,63 2011 -1,70 -1,26 -0,98 -0,74 -0,53 -0,25 -0,23 -0,66 -0,76 -0,93 -1,09 -1,05 2012 -0,93 -0,61 -0,48 -0,29 -0,18 0,14 0,44 0,66 0,44 0,23 0,33 -0,13 2013 -0,42 -0,40 -0,14 -0,08 -0,28 -0,33 -0,28 -0,29 -0,09 -0,24 -0,02 -0,09 2014 -0,42 -0,45 -0,07 0,28 0,45 0,48 0,13 0,14 0,37 0,48 0,89 0,77 2015 0,59 0,57 0,48 0,90 1,04 1,28 1,56 1,87 2,01 2,21 2,57 2,56 2016 2,56 2,11 1,60 1,05 0,45 0,06 -0,25 -0,48 -0,46 -0,75 -0,63 -0,51 2017 -0,34 -0,01 -0,09 0,22 0,30 0,22 0,22 -0,18 -0,56 -0,52 -0,84 -0,85 Fonte: NOAA- National Weather Service, 2018. 26 O Índice Oceânico Niño (ION) é um índice que identifica as anomalias da superfície do Oceano Pacífico através da média móvel de três meses. Quando o ION for maior que +0,5 ºC por no mínimo cinco meses consecutivos, o período é caracterizado com El Niño, e quando menor que -0,5 ºC o período é caracterizado com La Niña (NOAA, 2018). A partir do critério acima e Tabela 3, foi identificado à ocorrência de períodos de El Niño e La Niña. Para classificar a intensidade de cada fenômeno e período foi utilizadaTabela 4. Os períodos que apresentaram intensidades diferentes foi considerado o maior número de valores daquela classe de intensidade (SILVA, 2015). Tabela 3 - Classificação das intensidades do Índice Oceânico Niño (ION) Eventos ION Intensidade El Niño 0,5 a 0,9 Fraco 1,0 a 1,4 Moderado ≥ 1,5 Forte La Niña -0,5 a -0,9 Fraco -1,0 a -1,4 Moderado ≥ -1,5 Forte Fonte: Silva, 2015. Para identificar a influência dos fenômenos El Niño e La Niña na precipitação foi utilizada a correlação de Pearson entre os valores de precipitação total mensal e o ION. Os meses que apresentavam falhas de dados de precipitação foram excluídos da correlação. Em seguida utilizou-se a Tabela 5 para classificar os resultados da correlação de Pearson. Tabela 4 - Classificação da Correlação de Pearson Valor de p (+ou-) Classificação da Correlação 0,00 a 0,19 Bem fraca 0,20 a 0,39 Fraca 0,40 a 0,69 Moderada 0,70 a 0,89 Forte 0,90 a 1 Muito forte 27 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Balanço hídrico A taxa anual média da ETP para o município de Januária foi de 1422,3 mm. Januária apresenta taxas evapotranspirativas superiores aos municípios de Montes Claros (1169,52 mm), Pirapora (1306,55 mm) e Mocambinho (1350,59 mm) (MARQUES; MOREIRA; NERY, 2017). A evapotranspiração potencial sofre variações ao longo do ano, a menor taxa ocorre em julho e chega ao valor máximo em outubro, com 72,8 mm e 155 mm respectivamente (FIGURA 2). Figura 4- Precipitação (P), evapotranspiração potencial ( ETp) e real (Etr) para o município de Januária-MG entre 1988 e 2017. Os componentes excedente e deficiência hídrica, do balanço hídrico estão diretamente relacionados com a precipitação, temperatura e evapotranspiração elevadas (BARROS 2010). Durante os meses de dezembro e janeiro ocorre excedente hídrico (FIGURA 3), em função da alta taxa de precipitação. Esses resultados coincidem com o trabalho do autor acima. O mesmo realizou o BHC em diferentes cidades do Norte de Minas, onde Januária, Montes Claros e Pirapora apresentam excedente hídrico apenas em janeiro e dezembro. 0.0 50.0 100.0 150.0 200.0 250.0 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ m m P (mm) Etp (mm) ETR (mm) 28 Figura 5- Balanço hídrico climatológico normal de Januária-MG entre 1988 e 2017. No mês de abril, inicia o processo de retirada de água do solo o qual persiste até o mês de outubro, resultando em longo período de deficiência hídrica no solo do município. Pior situação de deficiência hídrica ocorre nos meses de setembro e outubro com valores de-114,2 e -103,1 mm respectivamente. A deficiência hídrica é um dos fatores que mais interferem na queda de produção de diversas culturas. Alves et al., (2011), em estudos com a cultura do milho observou que a disponibilidade hídrica foi responsável pela maior proporção da variação total na produtividade de milho, seguido da data de semeadura, sendo assim o cultivo de algumas culturas no período de setembro em Januária pode ser limitado devido o baixo armazenamento de água no solo. Passos, Zambrzycki e Pereira (2017) citam que a reposição de água no solo inicia após as chuvas excederem a evapotranspiração e a ETP igualar a ETR, sendo assim a reposição de água os solos de Januária ocorre nos meses de novembro e março. De acordo com Correia et al., (2011) em regiões com altos níveis de radiação solar e baixas latitudes, o balanço hídrico resulta em um saldo negativo, essas regiões apresentam como características altas taxas de evapotranspiração, baixa umidade do solo, precipitação reduzida e irregular. As características descritas acima condizem com a os resultados do balanço hídrico de Januária (TABELA 6), sendo que o mesmo resultou em um saldo negativo de -482,1 mm (precipitação-evapotranspiração) e deficiência hídrica - 545,66 mm. -140.0 -120.0 -100.0 -80.0 -60.0 -40.0 -20.0 0.0 20.0 40.0 60.0 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ m m DEF (mm) EXC (mm) 29 Tabela 5 - Balanço hídrico climatológico para o município de Januária-MG de 1988 a 2017 MÊS T (C°) Etp (mm) P (mm) P-ETp NEG.ACUM ARM (mm) ALT (mm) ETR (mm) DEF (mm) EXC (mm) JAN 26.0 139.6 161.3 21.7 0.0 100.0 0.0 139.6 0.0 21.7 FEV 26.2 129.6 115.5 -14.1 -14.1 86.9 -13.1 128.7 0.9 0.0 MAR 26.1 137.8 134.7 -3.1 -17.2 84.2 -2.7 137.4 0.5 0.0 ABR 25.7 122.0 37.0 -85.0 -102.2 36.0 -48.2 85.2 36.8 0.0 MAI 24.1 96.1 8.9 -87.3 -189.4 15.0 -21.0 29.8 66.3 0.0 JUN 22.7 80.4 2.4 -78.0 -267.5 6.9 -8.1 10.5 69.9 0.0 JUL 22.3 72.9 0.9 -72.0 -339.5 3.4 -3.5 4.4 68.5 0.0 AGO 23.4 88.7 1.0 -87.7 -427.1 1.4 -2.0 3.0 85.7 0.0 SET 26.0 126.2 11.1 -115.1 -542.3 0.4 -1.0 12.0 114.2 0.0 OUT 27.5 155.1 51.9 -103.1 -645.4 0.2 -0.3 52.2 102.9 0.0 NOV 26.3 135.1 200.1 65.0 -42.9 65.1 65.0 135.1 0.0 0.0 DEZ 25.9 138.0 214.6 76.6 0.0 100.0 34.9 138.0 0.0 41.8 TOTAIS 1421.6 939.4 -482.1 0.0 876.0 545.6 63.4 MÉDIAS 25.2 78.3 30 5.2 Precipitação pluviométrica A média acumulada anual de precipitação foi de 938,8 mm para o período de 1988 a 2017 valor próximo a normal climatológica (1981 a 2010) apresentada pelo INMET (2018) de 948,3 mm. No Norte de Minas Gerais ocorrem os menores valores de precipitação quando comparados a outras regiões do estadode Minas Gerias, com total anual 800-1100 mm (SILVA, 2013). Durante o período em estudo o maior volume de precipitação total anual ocorreu no ano de 1992 com 1553,3 mm, os anos seguintes mantiveram-se abaixo ou próximo da média até o ano de 1996. Em 1997 a precipitação ficou 106 mm acima da normal climatológica (938,8 mm). Entre 1997 a 2004 observam-se altas variações no acumulado anual, onde a precipitação total anual varia de 558,5 mm a 1294,7 mm, 2003 e 2004 respectivamente (FIGURA 4). Figura 6- Distribuição temporal da precipitação anual em Januária-MG (1988-2017). Em 2004 a precipitação manteve-se acima do normal climatológica, mas os anos seguintes a precipitação decresce até o ano de 2008. Ocorrem reduções de precipitação durante os anos de 2012 e de 2014 a 2017, sendo em 2014 e 2015 os menores índices pluviométricos (605,1 e 630,6 mm 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 1 9 8 8 1 9 8 9 1 9 9 0 1 9 9 1 1 9 9 2 1 9 9 3 1 9 9 4 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6 2 0 1 7 m m Preciptação total anual Preciptação total normal anual 31 respectivamente), pode-se considerar que durantes esses anos como seca para o município, já que se encontra muito abaixo da média 938,8 mm. Moura e Jardim (2016), em seus estudos observaram que a precipitação para Januária possui pouca tendência de aumentar ou diminuir em função do tempo e que isso dificulta projeções futuras. O valor limite entre as duas estações para a metodologia de Lima et al., (2008) foi 78,2 mm. A estação chuvosa compreende do mês de novembro a março e estação seca abril a até outubro de acordo com as duas metodologias utilizadas para definição das estações. A estação seca para o município inicia em abril e persiste até outubro totalizando sete meses de seca. A estação chuvosa do município de Januária é responsável por 88% do total do regime pluviométrico anual, o que equivale a uma média de 826,2 mm. O mês de dezembro obteve o maior acumulado de precipitação durante a estação, sendo 214,6 mm (FIGURA5). Já a estação seca, com os menores índices pluviométricos (abril a outubro), corresponde a apenas 12%, o que equivale a (112,6 mm) do total anual de precipitação. Figura 7 - Normais climatológicas de precipitação, definição da estação seca chuvosa e temperatura média de Januária-MG entre 1988 e 2017 com base em dados do INMET. Januária possui um longo período de estação seca. De acordo com Moura e Jardim (2016), isso ocorre devido o município estar localizado em uma região de transição 0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 0.0 50.0 100.0 150.0 200.0 250.0 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ °C m m Chuvosa Seca T (C°) 32 com o clima do semiárido. O semiárido brasileiro tem como característica precipitação pluviométrica espaço-temporal bastante variável, onde a frequência de dias sem chuvas ocasiona eventos de seca e veranicos (CORREIA et. al 2011). Durante o fim da primavera e ao longo do verão ocorrem os maiores valores de precipitação e temperatura sendo a maior temperatura média em outubro 27,5 °C. Conforme Silva (2013), durante o verão ocorre o maior volume de chuvas no Norte de Minas Gerais variando entre 300 e 500 mm, o volume de chuvas em Januária no verão é aproximadamente 600 mm. 5.3 Índice de aridez O índice possui relação com a precipitação quanto: maior a precipitação maior será o índice de aridez e menos susceptível à desertificação, logo quanto mais próximo de zero o índice maior o caráter árido da região (MARQUES; MOREIRA; NERY, 2017; SANTOS; MENDES; CRUZ, 2018). A maior parte da região do Norte de Minas Gerais apresenta classe de índice de aridez 0,66 a 0,75 (MARQUES; MOREIRA E NERY, 2017). O índice de aridez obtido para Januária foi 0,66. Este resultado aproxima-se dos obtidos por Marques; Moreira e Nery (2017), onde em seus estudos obtiveram valores entre 0,66 a 0,75 para Januária e Salinas. Barros (2010), obteve 0,70 para o índice de aridez. Embora os resultados apresentem valores diferentes entre os autores citados acima todos se enquadram na classe muito baixa a susceptibilidade à desertificação (TABELA7). Tabela 6- Classificação do índice de aridez Município Índice de Aridez Classificação Januária 0,66 Muito baixa 5.4 Fenômeno El Niño-Oscilação Sul Durante os 30 anos analisados neste estudo, foram identificados 8 períodos de fenômeno La Ninã e 8 El Niño totalizando 16 períodos do fenômeno ENOS (TABELA 8). Foram observados três eventos (37,5%) fortes de La Niña, dois (25%) moderados e três (37,5%) fracos. Os eventos de El Niño, apresentou a mesma proporção de eventos fracos, moderados e fortes . 33 Tabela 7 - Períodos de ocorrência dos fenômenos climatológicos El Niño-Oscilação Sul entre 1988 e 2017 Ano Inicio/Fim Duração (meses) Evento Intensidade 1988 Abr/Dez 9 La Niña Forte 1991/1992 Out/Jun 9 El Niño Forte 1994/1995 Out/Mar 5 El Niño Moderado 1995/1996 Set/Mar 7 La Niña Fraco 1997/1998 Mai/Mai 12 El Niño Forte 1998/2000 Nov/Jul 21 La Niña Moderado 2000/2001 Out/Mar 6 La Niña Fraco 2002/2003 Jun/Mar 10 El Niño Fraco 2004/2005 Ago/Jan 6 El Niño Fraco 2006/2007 Set/Jan 5 El Niño Fraco 2007/2008 Ago/Mai 10 La Niña Forte 2009/2010 Jun/Abr 11 El Niño Moderado 2010/2011 Jun/Mai 12 La Niña Forte 2011/2012 AgoMar 8 La Niña Moderado 2014/2016 Out/Mai 20 El Niño Forte 2016 Ago/Dez 5 La Niña Fraco Durante a ocorrência dos eventos, o mais longo foi La Niña, que persistiu por vinte e cinco meses (1998/2000). O maior evento de El Niño ocorreu no período 2014/2016 persistindo por vinte meses, com intensidade forte. A maioria dos eventos El Niño persistiram por mais tempo que os eventos La Niña. A Tabela 9 apresenta os coeficientes de correlação entre a precipitação pluviométrica e ION, de períodos de La Niña e El Niño. Os maiores valores de correlação foram em eventos de La Niña e apenas dois eventos de El Niño foram significativos. Tabela 9 - Coeficientes de correlação (r) e test t entre a precipitação pluviométrica e Índice Oceânico Niño (ION) Ano Inicio/Fim Duração (meses) Evento Correlação 1988 Abr/Dez 9 La Niña 0.80* 1991/1992 Out/Jun 9 El Niño 0.47 ns 1994/1995 Out/Mar 5 El Niño 0.08 ns 1995/1996 Set/Mar 7 La Niña 0.67 ns 1997/1998 Mai/Mai 12 El Niño 0.67 * 1998/2000 Nov/Jul 21 La Niña 0.83* 2000/2001 Out/Mar 6 La Niña 0.65 ns 2002/2003 Jun/Mar 10 El Niño 0.65 ns 2004/2005 Ago/Jan 6 El Niño 0.33 ns Continua ns Não-significativo. *Significativo a 5% de probabilidade, pelo test t. 34 Continuação Ano Inicio/Fim Duração (meses) Evento Correlação 2006/2007 2007/2008 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2014/2016 2016 Set/Jan Ago/Mai Jun/Abr Jun/Mai Ago/Dez Out/Mai Ago/Dez 5 10 11 12 8 20 5 El Niño La Niña El Niño La Niña La Niña El Niño La Niña 0.87 ns 0.57 ns 0.54 ns 0.33 ns 0.76* 0.15 ns 0.48 ns ns Não-significativo. *Significativo a 5% de probabilidade, pelo test t. Em 1988 e 1998/2000 ocorreram episódios de La Niña com intensidade forte e moderado respectivamente, sendo o 1998/2000 o de maior duração, os mesmos apresentaram os maiores valores de correlação e significativos a 5% de probabilidade, pelo test t. Ao comparar a precipitação total ocorrida no período de 1988 com a normal climatológica é possível observar que houve uma redução na precipitação de 106,9 mm (TABELA 10). Em 2011/2012 (evento La Niña) também ocorreu à redução da precipitação de 153,0 mm. Ao contrário do que ocorreu no período de 1998/2000 (La Niña) que apresentou aumento na precipitação de 21,7 mm em relação à normal climatológicado mesmo período. Dentre os três resultados significativos para eventos de La Niña, dois concordam com Silva (2013). Ele cita que em quase todo o estado de Minas Gerais ocorrem reduções de precipitação de aproximadamente 200 mm em eventos de La Niña. Este mesmo autor diz que os eventos de El Niño não influenciam significativamente nos totais sazonais de precipitação. Para o município de Januária apenas dois eventos de El Niño foram significativos sendo eles: 1997/1998 e 2002/2003. Minuzzi (2003), os fenômenos El Niño e La Niña tendem a atrasar o início do período chuvoso em Minas Gerais, sendo o fenômeno La Niña que exerce maior influência. Segundo Mollion (2017), os eventos de El Niño e La Niña apresentam comportamentos diferentes sobre todo o país, de uma maneira geral ocorrem secas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil e excesso de chuvas nas regiões Sul e Sudeste em eventos de El Niño, mas em eventos de La Niña tais fenômenos têm influências contrárias nas precipitações. 35 Tabela 9 - Diferença entre a precipitação ocorrida e a precipitação normal climatológica (1988-2017) em Januária-MG durante a ocorrência dos fenômenos El Niño e La Niña Ano Início/Fim Evento Pr total período Pr total normal do período Pr período - Pr normal do período 1988 Abr/Dez La Niña 420,3 527,2 -106,9 91/92 Out/Jun El Niño 1420,2 925,8 494,4 94/95 Out/Mar El Niño 612,8 716,9 -104,1 95/96 Set/Mar La Niña 709,2 889,3 -180,1 97/98 Mai/Mai El Niño 554 999,6 -445,6 98/00 Nov/Jul La Niña 1835,2 1813,5 21,7 00/01 Out/Mar La Niña 916,4 878,2 38,2 02/03 Jun/Mar El Niño 1023,2 892,9 130,3 04/05 Ago/Jan El Niño 614,5 640,0 -25,5 06/07 Set/Jan El Niño 635,4 639,0 -3,6 07/08 Ago/Mai La Niña 559,1 936,2 -377,1 09/10 Jun/Abr El Niño 995,6 929,9 65,7 10/11 Jun/Mai La Niña 1386,3 938,8 447,5 11/12 Ago/Mar La Niña 737,3 890,3 -153,0 14/16 Out/Mai El Niño 1630,8 1862,9 -232,1 2016 Ago/Dez La Niña 447,5 478,7 -31,2 Em 1997/1998 sob influência de forte El Niño, foi verificado redução na precipitação de 445,6 mm em relação à normal climatológica. Diniz et al., (1998), também observou anomalias negativas na precipitação durante o ano de 1997/1998 de nove cidades do Norte de Minas Gerais, com destaque as cidades de Montes Claros e Janaúba onde ocorreram reduções respectivas de 45% e 28% no volume precipitado. Mesmo não apresentando correlação significativa no El Niño do período 2014/2016 é importante destacar que durante esse período ocorreu redução na precipitação. 36 Esse período foi marcado por longo período de seca, sendo que diversas cidades do Norte de Minas Gerais decretaram situação de emergência devido a seca. O ano de 2007/2008 sobre influência de La Niña apresentou uma redução ainda maior na precipitação (377,1 mm). Moreira (2016) verificou que no norte de Minas Gerais nem todos os eventos de secas/estiagens coincidem apenas com El Niño. 37 6. CONCLUSÃO O balanço hídrico possibilita identificar os períodos com deficiência e excedente hídrico para o município de Januária-MG. Os excedentes ocorrem nos meses de janeiro e dezembro com 21,7 e 41,8 mm respectivamente, já período de deficiência hídrica ocorre de abril a outubro, sendo superior aos meses de excedente hídrico. A evapotranspiração total anual é 1421,6 mm a temperatura média anual 25,3 °C. Em Januária-MG o período chuvoso compreende entre novembro e março, e é responsável por 88% do total do regime pluviométrico anual, o que equivale a uma média de 826,2 mm. A estação seca ocorre de abril a outubro com apenas 12% do total anual de precipitação (112,5 mm). A precipitação média mensal é 78,3 mm e precipitação total anual de 939,4 mm para normal climatológica 1988 a 2017. O índice de aridez é 0,66 classificado com baixa susceptibilidade a desertificação. Os eventos de La Niña apresentaram maior número de correlações significativas a maioria classificadas como fortes, já os eventos de El Niño apenas dois foram significativos com classificação moderada. A partir das análises estatísticas pode-se inferir que o evento La Niña possui maior influência na precipitação que o evento El Niño, mas não é possível afirmar que o La Niña e El Niño aumenta ou diminui regime de chuvas em Januária. Sendo assim torna-se necessário estudos mais detalhados sobre a influência desses fenômenos para Januária e outros municípios do Norte de Minas Gerais. Esses resultados contribuem para o planejamento da implantação de culturas na região, pois é possível identificar o mês com maior disponibilidade hídrica para que a cultura realize melhor aproveitamento da água disponível ao longo do ano. Além disso, auxilia na formulação de estratégias para convivências em períodos de seca. 38 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMORIM, M. da S.M. Balanço hídrico segundo Thornthwaite&Mather (1955). Petrolina : EMBRAPA - CPATSA, 1989. 18 p. (Boletim Técnico n. 34). ALVARES, Clayton Alcarde; STAPE, José Luiz; SENTELHAS. Paulo Cesar; GONÇALVES, José de Moraes; SPAROVEK, Gerd. 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