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Chamamento ao Processo (1ª Parte) Chamamento processo é uma espécie de intervenção de terceiro provocada, prevista nos artigos 130 a 132, do CPC pela qual o réu, no prazo da contestação, tem a possibilidade de chamar ao processo para integrar o mesmo, os outros devedores coobrigados pela dívida, para que participem da lide na mesma posição que ele ocupa, isto é, para que funcionem no pólo passivo da relação processual e caso a ação prospere, ou seja, caso o pedido formulado pelo autor seja julgado procedente sejam também condenados na mesma sentença. O chamamento ao processo é uma faculdade outorgada apenas aos réus e dois são os pressupostos para o seu exercício. Em primeiro lugar, a relação de direito “material” discutida em juízo deve colocar o chamado ao processo também como devedor (principal ou subsidiário) em relação ao mesmo credor/autor. Em 2º lugar, é necessário que, em face da relação de direito “material” discutida em juízo, o pagamento pelo chamante dê a este o direito de reembolso, total ou parcial, contra o chamado. O chamante que quitar a dívida ficará sub-rogado nos direitos do credor, podendo exigir dos demais a respectiva cota. Essa modalidade de intervenção não pode ser confundida com a denunciação da lide, pois na denunciação da lide, o terceiro interveniente não tem vínculo ou ligação jurídica com a parte contrária do denunciante na ação principal. A primeira relação jurídica controvertida no processo principal diz respeito apenas ao denunciante e ao outro litigante originário (autor e réu). Já no chamamento ao processo, o réu da ação primitiva convoca para a disputa judicial pessoa que tem, juntamente com ele, uma obrigação perante o autor da demanda principal, seja com o fiador, seja como coobrigado solidário pela dívida cobrada em juízo. Vale dizer que só se chama ao processo o terceiro que, pelo direito material, também tenha um nexo obrigacional com o autor. Natureza jurídica do chamamento ao processo: para uma 1ª corrente, majoritária o chamamento ao processo é um incidente processual. É uma forma de ampliação dos sujeitos da relação processual. Quando o réu, inicialmente demandado, chama ao processo os demais co-obrigados, ele apenas está ampliando os sujeitos passivos da relação processual, convocando para o pólo passivo quem poderia desde o início ter ocupado este na demanda ajuizada. O réu, portanto, não está produzindo qualquer inovação na relação processual. Ele apenas chama os demais co-obrigados para que todos eles façam parte da demanda, a fim de que a coisa julgada formada nesse processo atinja a todos. Para uma 2ª corrente, majoritária na jurisprudência, o chamamento ao processo é uma ação condenatória regressiva. Jamais seria possível se admitir que o autor, ajuizando a demanda contra um determinado co-obrigado, que esse co- obrigado pudesse chamar ao processo os demais co-obrigados, fazendo com que o autor litigue contra quem ele não queria. É uma forma de facilitar a cobrança de uma dívida envolvendo devedores solidários, fiador e devedor, ou fiadores, permitindo a formação de um litisconsórcio ulterior, que é aquele que surge após o processo ter se formado, de forma que todos são condenados diretamente. Chamante e chamado serão litisconsortes. O litisconsórcio tratado, na espécie, é ulterior, passivo e facultativo. Pode ser unitário ou simples, dependendo da natureza da dívida solidária. Se for indivisível, litisconsórcio unitário; se divisível, simples. Por se tratar o chamamento ao processo de uma faculdade do réu, no caso do réu se omitir em promover o chamamento do coobrigado ou coobrigados, poderá posteriormente, exercer o direito de regresso contra o devedor principal ou co -devedores. A única “penalidade” decorrente da omissão do réu será a perda da vantagem processual prevista no art. 132 do CPC. No mais, ação regressiva posteriormente ajuizada, fica sujeito a defesas que, no plano do direito material, poderia o coobrigado apresentar contra o credor.
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