Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/263087006 Alimentação complementar e sua relação com fatores socioeconômicos Article · August 2009 CITATIONS 0 READS 2,779 6 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Adiç`1 View project Reformulação de alimentos View project Renata Léia Demário Federal University of Santa Catarina 4 PUBLICATIONS 11 CITATIONS SEE PROFILE Novello, D Universidade Estadual do Centro-Oeste do P… 122 PUBLICATIONS 106 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Novello, D on 14 June 2014. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/263087006_Alimentacao_complementar_e_sua_relacao_com_fatores_socioeconomicos?enrichId=rgreq-850e6556ada840d83c35560eaf85b1e7-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI2MzA4NzAwNjtBUzoxMDgwNjY0NjQ4NjYzMDRAMTQwMjc3NjQ2MTM1MA%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/263087006_Alimentacao_complementar_e_sua_relacao_com_fatores_socioeconomicos?enrichId=rgreq-850e6556ada840d83c35560eaf85b1e7-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI2MzA4NzAwNjtBUzoxMDgwNjY0NjQ4NjYzMDRAMTQwMjc3NjQ2MTM1MA%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Adic-1?enrichId=rgreq-850e6556ada840d83c35560eaf85b1e7-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI2MzA4NzAwNjtBUzoxMDgwNjY0NjQ4NjYzMDRAMTQwMjc3NjQ2MTM1MA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Reformulacao-de-alimentos?enrichId=rgreq-850e6556ada840d83c35560eaf85b1e7-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI2MzA4NzAwNjtBUzoxMDgwNjY0NjQ4NjYzMDRAMTQwMjc3NjQ2MTM1MA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-850e6556ada840d83c35560eaf85b1e7-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI2MzA4NzAwNjtBUzoxMDgwNjY0NjQ4NjYzMDRAMTQwMjc3NjQ2MTM1MA%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Renata_Demario?enrichId=rgreq-850e6556ada840d83c35560eaf85b1e7-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI2MzA4NzAwNjtBUzoxMDgwNjY0NjQ4NjYzMDRAMTQwMjc3NjQ2MTM1MA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Renata_Demario?enrichId=rgreq-850e6556ada840d83c35560eaf85b1e7-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI2MzA4NzAwNjtBUzoxMDgwNjY0NjQ4NjYzMDRAMTQwMjc3NjQ2MTM1MA%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Federal_University_of_Santa_Catarina2?enrichId=rgreq-850e6556ada840d83c35560eaf85b1e7-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI2MzA4NzAwNjtBUzoxMDgwNjY0NjQ4NjYzMDRAMTQwMjc3NjQ2MTM1MA%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Renata_Demario?enrichId=rgreq-850e6556ada840d83c35560eaf85b1e7-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI2MzA4NzAwNjtBUzoxMDgwNjY0NjQ4NjYzMDRAMTQwMjc3NjQ2MTM1MA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Novello_D?enrichId=rgreq-850e6556ada840d83c35560eaf85b1e7-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI2MzA4NzAwNjtBUzoxMDgwNjY0NjQ4NjYzMDRAMTQwMjc3NjQ2MTM1MA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Novello_D?enrichId=rgreq-850e6556ada840d83c35560eaf85b1e7-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI2MzA4NzAwNjtBUzoxMDgwNjY0NjQ4NjYzMDRAMTQwMjc3NjQ2MTM1MA%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Universidade_Estadual_do_Centro-Oeste_do_Parana_UNICENTRO?enrichId=rgreq-850e6556ada840d83c35560eaf85b1e7-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI2MzA4NzAwNjtBUzoxMDgwNjY0NjQ4NjYzMDRAMTQwMjc3NjQ2MTM1MA%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Novello_D?enrichId=rgreq-850e6556ada840d83c35560eaf85b1e7-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI2MzA4NzAwNjtBUzoxMDgwNjY0NjQ4NjYzMDRAMTQwMjc3NjQ2MTM1MA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Novello_D?enrichId=rgreq-850e6556ada840d83c35560eaf85b1e7-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI2MzA4NzAwNjtBUzoxMDgwNjY0NjQ4NjYzMDRAMTQwMjc3NjQ2MTM1MA%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf Ano 8 - nº 2 • março/abril de 2009 w w w . a t l a n t i c a e d i t o r a . c o m . b r ISSN 1677-0234 N u triç ã o B ra sil - V o lu m e 8 - N ú m e ro 2 - M a rço / A b ril d e 2 0 0 9 COGUMELOS • Cogumelo do Sol: evidências e mitos populares OBESIDADE • Protocolo nutricional pós-cirurgia bariátrica • Obesidade, ansiedade e depressão CLÍNICA • Dieta e migrânea infantil • Suporte nutricional em pacientes oncológicos EPIDEMIOLOGIA • Anemia ferropriva em crianças brasileiras EDITORIAL A verdade sobre as dietas de emagrecimento, Jean-Louis Peytavin ..............................................................75 ARTIGOS ORIGINAIS Protocolo de acompanhamento nutricional para pacientes submetidos à cirurgia bariátrica no pré e pós-operatório, Kaciara Nunes Almeida, Josefi na Bressan, Bruna de Melo Magalhães ...................................................................................................76 Efeitos da pectina cítrica sobre os níveis de glicose, triglicerídeos e adiposidade em ratas submetidas a uma dieta rica em carboidrato simples Lucélia Fernandes Gandini, Lucia Helena de Aguiar, Cíntia Alessandra Matiucci Pereira...............................84 Avaliação antropométrica e dietética dos funcionários de uma empresa de transportes urbanos de Ijuí – RS, Joseane Pazzini Eckhardt, Cleusa Wadenpuhl, Camila Nunes Zanchi, Marli Ludwig Th omas, Adriane Cervi Blümke ..........................................................92 Associação do sobrepeso, obesidade I e II e circunferência da cintura com sintomas de ansiedade e depressão, Helena Altenburg, Camila B. Souza ...........................................100 REVISÕES Alimentação complementar e sua relação com fatores socioeconômicos, Franciely Messias, Adrieli Cardoso, Renata Leia Demario, Daiana Novello, Marcela Komechen Brecailo, Paulo Roberto Ost .........................................................................................109 Efi cácia do suporte nutricional e imunonutrição em pacientes oncológicos, Alice Varejão Cavalcanti Paes, Flávia Nunes Salviano, Maria Goretti P. De Araújo Burgos ...........................114 Manejo dietético alterando a evolução da migrânea infantil, Denise Martins Medrado, Lucia Marques Vianna ........................................................................................119 Cogumelo do sol: ciência versus concepção popular, Aline Mayrink de Miranda, Rinaldo Cardoso dos Santos ........................................................................................................................125 Anemia ferropriva em crianças brasileiras: fortifi cação de alimentos, suplementação e educação nutricional, Carolina Souza Ferreira, Michele Pereira Netto............................135 NORMAS DE PUBLICAÇÃO ................................................................................................................ 139 EVENTOS ................................................................................................................................................. 141 Índice Volume 8 número 2 – março/abril de 2009 74 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) Editor científi co Profa. Dra. Rejane Andréa Ramalho Nunes da Silva (UFRJ – Rio de Janeiro) Conselho científi co Profa. Dra. Ana Maria Pita Lottenberg (USP – São Paulo) Profa. Dra. Cintia Biechl Serôa da Motta (UVA – Rio de Janeiro) Profa. Dra. Elizabeth Accioly (UFRJ – Rio de Janeiro) Profa. Dra. Eronides Lima da Silva (UFRJ – Rio de Janeiro) Profa. Dra. Késia Diego Quintaes (UFOP – Minas Gerais) Prof. Dr. LC Cameron (UNIRIO – Rio de Janeiro) Profa. Dra. Josefi na Bressan Resende Monteiro (UFV – Minas Gerais) Profa. Dra. Lúcia Marques Alves Vianna (UNIRIO / CNPq) Profa. Dra. Lucia de Fatima Campos Pedrosa Schwazschild (UFRN – Rio Grande do Norte) Profa. Dra. Maria Cristina de Jesus Freitas (UFRJ – Rio de Janeiro)Profa. Dra. Rosemeire Aparecida Victoria Furumoto (UNB – Brasília) Profa. Dra. Silvia Maria Franciscato Cozzollino (USP – São Paulo) Profa. Dra. Tânia Lúcia Montenegro Stamford (UFPE – Pernambuco) Grupo de assessores Profa. Ms. Ana Cristina Miguez Teixeira Ribeiro (PUC-PR) Profa. Ms. Cilene da Silva Gomes Ribeiro (PUC-PR) Profa. Ms. Helena Maria Simonard Loureiro (PUC-PR) Profa. Ms. Lúcia Andrade (UFRJ – Rio de Janeiro) Profa. Ms. Rita de Cássia de Aquino (USJT – São Paulo) Profa. Ms. Rita Maria Monteiro Goulart (USJT – São Paulo) © ATMC - Atlântica Multimídia e Comunicações Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do pro- prietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confi abilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Atlântica Editora edita as revistas Fisioterapia Brasil, Enfermagem Brasil, Neurociências, e Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes. Administração e vendas Antonio Carlos Mello Assistente de vendas – Atendimento Márcia P. Nascimento melloassinaturas@uol.com.br Atlântica Editora e Shalon Representações Praça Ramos de Azevedo, 206/1910 Centro 01037-010 São Paulo SP Atendimento (11) 3361 5595 /3361 9932 E-mail: melloassinaturas@uol.com.br Assinatura 1 ano (6 edições ao ano): R$ 180,00 www.eventoserevistas.com.br Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin jeanlouis@atlanticaeditora.com.br Editor assistente – Publicidade Guillermina Arias guillermina@atlanticaeditora.com.br Direção de arte Cristiana Ribas cristiana@atlanticaeditora.com.br Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço de e-mail: artigos@atlanticaeditora.com.br 75 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) EDITORIAL A verdade sobre as dietas de emagrecimento Jean-Louis Peytavin É bem conhecido que as dietas de emagrecimento da moda não são embasadas no conhecimento cientí- fi co e não têm acompanhamento de longa duração. A maioria dos estudos não ultrapassa um ano de duração, o que não é sufi ciente para observar as reincidências de ganho de peso. O estudo de Sacks et al. [1], recentemente pu- blicado, preenche em grande parte esta lacuna. Foram acompanhados, durante 2 anos, 4 grupos de pacientes obesos, totalizando 811 pessoas, que aceitaram seguir 4 dietas diferentes, nas quais variaram as percenta- gens de fontes calóricas. As dietas foram compostas respectivamente de 20, 15 e 65%; 20, 25 e 55%; 40, 15 e 45%; 40, 25 e 35% de gordura, proteína e car- boidratos, cobrindo assim o espectro das dietas mais habituais, evitando, no entanto, as dietas extremas. Todos os pacientes foram acompanhados psicológica e biologicamente. Este estudo permite tirar várias conclusões: 1) Todos os pacientes perderam em média 6 kg de peso no primeiro ano, qualquer que fosse a dieta; 2) A partir de 12 meses podemos observar a reincidência do ganho de peso, e, no fi nal do período de 2 anos, as pessoas que concluíram o estudo (80%) conseguiram uma perda de peso de 4 kg em média e entre eles 15% conseguiram reduzir o peso inicial de 10%; 3) Os resultados foram idênticos, qualquer que fosse a dieta, sobre o peso, bem como sobre os fatores de risco cardiovasculares e diabéticos. As dietas hiperprotéicas ou hiperlipídicas do tipo Atkins não são mais efi cientes do que as dietas baseadas em carboidratos, o que já pode concluir um debate que se alastra há 20 anos. Mas, no fi nal das contas, os resultados deste estudo são pouco animadores: a perda de peso é mínima entre os que conseguiram observar a dieta até o fi nal, muitos escapam do acompanhamento ou comem às escondidas – o que explicaria o ganho de peso após os 12 primeiros meses. O resultado positivo é que, fi nalmente, pouco importa a dieta, tomará que ela seja observada: as dietas da moda, na condição de ser sensatas, são tão efi cientes quanto as dietas tradi- cionais de redução calórica. O que foi observado também neste estudo é que os grupos de pacientes melhor acompanhados obtiveram os melhores resultados. Para ser efi caz, a dieta deve ser então observada e também socialmente acompanhada. Podemos comparar esta conclusão com um estudo realizado em 2 pequenas cidades francesas [2] que observou as taxas de sobrepeso e de obesidade entre as crianças. Este estudo, iniciado em 1992, foi apoiado pelas escolas, prefeituras, comerciantes, fa- mílias, no sentido de constantemente favorecer a boa alimentação e a atividade física. Dezessete anos após o início, este empreendimento educativo de grande escala mostrou que a taxa de sobrepeso em crianças diminuiu a metade (8,8% contra 17% nas cidades vizinhas). Em todos os casos, o esforço para mudar a realidade é gigantesco, mas é bem provável que não faremos a economia de uma mudança radical de nossos hábitos culturais e educacionais. Fora da educação precoce, seria a cirurgia ba- riátrica a solução? Mais de 3.000 operações foram realizadas no Brasil em 2008, apenas no SUS, e vários milhares de pacientes estão na lista de espera. Os resultados são promissores e estarão regularmente comentados nas próximas edições de Nutrição Brasil. Nesta edição, publicamos um protocolo de acompa- nhamento de pacientes operados, desenvolvido por Kaciara Nunes Almeida, Josefi na Bressan e Bruna de Melo Magalhães. Este protocolo é uma ferramenta útil para os nutricionistas que vão acompanhar esta nova e crescente classe de pacientes. Referências Sacks FM, Bray GA, Carey VJ et al. Comparison 1. of weight-loss diets with different compositions of fat, protein, and carbohydrates. N Engl J Med 2009;360:859-73. Romon M, Lommez A, Taffl et M. Downward trends in 2. the prevalence of childhood overweight in the setting of 12-year school- and community-based programmes. Public Health Nutr 2008;23:1-8. 76 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) ARTIGO ORIGINAL Protocolo de acompanhamento nutricional para pacientes submetidos à cirurgia bariátrica no pré e pós-operatório Nutritional follow-up protocol for patients submitted to bariatric surgery in pre and post-operatory Kaciara Nunes Almeida*, Josefi na Bressan D.Sc.**, Bruna de Melo Magalhães*** *Nutricionista especialista em Clínica e Terapêutica Nutricional pelo IPCE, Hospital São Januário, **Nutricionista, Professora Associada do Departamento de Nutrição e Saúde Universidade Federal de Viçosa, ***Nutricionista graduada pela Universidade Federal de Viçosa, Hospital São Vicente de Paula Resumo A cirurgia bariátrica é, atualmente, o tratamento mais efetivo para a obesidade mórbida, sendo a técnica de Fobi- Capella considerada padrão-ouro. O comprometimento com o acompanhamento nutricional em longo prazo é vital, já que problemas nutricionais e metabólicos podem ser tratados ou evitados. O presente estudo teve como objetivo estabelecer um protocolo de atenção nutricional abordando as diferentes etapas do tratamento, uma vez que o acompanhamento nutricional em nível de ambulatório, tanto antes quanto após a cirurgia, contribui para a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis e, desta forma, pode prevenir ou eliminar as defi ciências nutricionais. Foram acompanhados todos os pacientes que aceitaram participar da pesquisa, operados no período de junho de 2003 a junho de 2005, totalizando 55 pacientes. Pode também ser utilizado como material de apoio para direcionar o tratamento destes pacientes, subsidiando o trabalho de profi ssionais que atuam nesta área. Palavras-chave: cirurgia bariátrica, acompanhamentonutricional, protocolo de nutrição. Abstract Bariatric surgery is currently the most eff ective treatment for morbid obesity, being the Fobi-Capella technique conside- red as standard-gold. Commitment with nutritional follow-up in a long term period is vital, since nutritional and metabolic problems can be treated or be prevented. Th e objective of this study was to establish a protocol of nutritional attention for the diff erent stages of the treatment, since the nutritional follow-up in clinic level, before and after the surgery, contributes for the adoption of more healthful food habits and, therefore, can prevent or eliminate nutritional defi ciencies. All the pa- tients that accepted to participate in the study had been followed, being operated in the period of June 2003 to June 2005, totalizing 55 patients. Th is protocol can be also used as support for the treatment of these patients, as a helpful skill for the professionals of this area. Key-words: bariatric surgery, nutritional follow-up , nutrition protocol. Recebido 26 de outubro de 2007; aceito 15 de novembro de 2008. Endereço para correspondência: Kaciara Nunes Almeida, Av. Comendador Jacinto Soares de Souza Lima, 113/101 Centro 36500-000 Ubá MG, Tel: (32) 3532-8383/9904-8289, E-mail: kaciaranut@yahoo.com.br 77 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) Introdução A obesidade mórbida está diretamente relacio- nada com a mortalidade e muitas doenças crônicas, tais como diabetes, hipertensão arterial, dislipidemias, doenças coronarianas, doenças articulares, apnéia do sono, hérnias, insufi ciência respiratória e cardíaca e alguns tipos de câncer. Estudos comprovam que, quanto maior o peso corporal do indivíduo, menor é a sua expectativa de vida [1,2]. Nos últimos anos tem havido um crescente au- mento das cirurgias destinadas a corrigir a obesidade e os problemas associados a este quadro. A cirurgia bariátrica é, atualmente, o tratamento mais efetivo para a obesidade mórbida. Imediatamente após a cirurgia, a maioria dos pacientes perde e continua perdendo peso por, aproximadamente, 18-24 meses após o procedimento. A técnica de Fobi-Capella está entre os procedimentos com nível aceitável de riscos- benefícios, sendo considerada padrão ouro, embora acarrete permanentes alterações do trato gastrointes- tinal e, consequentemente, pode representar fator de risco nutricional [3]. Para a obtenção de bons resultados, cada candi- dato à cirurgia deve ser avaliado cuidadosamente por uma equipe multidisciplinar, podendo assim ajudar na manutenção ou recuperação da saúde, para ter uma vida longa e saudável [4]. O comprometimento com o acompanhamento em longo prazo é vital, já que problemas nutricionais e metabólicos podem ser tratados ou evitados. Com o número crescente de pessoas se submetendo a esta forma de tratamento, outros profi ssionais além do cirurgião serão necessários no acompanhamento do paciente [5]. Segundo García-Lorda et al. [6], além do bom desempenho do cirurgião e do tratamento clínico, é necessário que ocorra um acompanhamento nutricio- nal ambulatorial para assegurar o sucesso da cirurgia, evitando ou eliminando as defi ciências nutricionais. Os pacientes deverão ser acompanhados antes e após a cirurgia, para que sejam esclarecidos quanto às modifi - cações que irão acontecer em função do procedimento cirúrgico e para que recebam orientações que irão auxiliar no monitoramento da perda de peso. Tendo em vista a importância do acompa- nhamento nutricional tanto no período pré quanto no pós-operatório, julgou-se necessário estabelecer quais itens ou parâmetros deverão ser abordados nas diferentes etapas do tratamento, para que o paciente consiga emagrecer visando a melhora do seu estado de saúde e de qualidade de vida. É importante con- siderar as limitações apresentadas no pós-operatório e possíveis intercorrências, buscando sempre o bem estar do paciente. A idéia de se estruturar um proto- colo de atenção nutricional surge da necessidade de um material de apoio para direcionar a monitoração destes pacientes e que possa subsidiar o trabalho dos nutricionistas responsáveis por realizar esta tarefa. Material e métodos A experiência de 3 anos de acompanhamento nu- tricional de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica aliado ao referencial teórico obtido por meio de uma revisão bibliográfi ca relevante serviu como norteador para elaboração do protocolo. Para o levantamento bibliográfi co foram consul- tadas as bases de dados Pubmed e Web of Science com o objetivo de encontrar artigos científi cos editados e publicados, nos idiomas português, inglês e espa- nhol. Também foram consultados livros e material virtual disponível sobre obesidade, cirurgia bariátrica, acompanhamento nutricional, estado nutricional de pacientes operados e defi ciências nutricionais que podem ocorrer após a cirurgia. Resultados O resultado de 3 anos de acompanhamento dos pacientes com indicação cirúrgica para Fobi-Capella mostrou a necessidade de estruturação de um proto- colo que fosse ágil, dinâmico, objetivo e abrangente refl etindo a situação nutricional inicial e posterior à cirurgia. Os protocolos apresentados nas Figuras 1 e 2 correspondem aos períodos pré e pós-operatório, respectivamente (em anexo). Discussão O acompanhamento nutricional inicia-se quando o paciente é encaminhado ao consultório de nutrição pelo cirurgião bariátrico no período pré- operatório para que seja realizada avaliação nutricional e também para que sejam esclarecidos quanto aos aspectos nutricionais envolvidos após realização da cirurgia [7]. Este acompanhamento deverá estender-se ao pós-operatório. Através da avaliação nutricional são obtidas in- formações sobre o estado nutricional, hábitos alimen- tares e estilo de vida dos pacientes. Durante a avaliação muitos aspectos são abordados, dentre eles: a história clínica do paciente (pregressa, atual, histórico familiar), sintomatologia apresentada, história do ganho de peso, alteração do apetite, dados antropométricos, dados bioquímicos e anamnese alimentar. Após realização da avaliação nutricional os pacientes são esclarecidos quanto às alterações que o método de Fobi-Capella promove na anatomia e fi sio- 78 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) logia gastrointestinal e as implicações destas alterações com o estado nutricional. Outro aspecto que deve ser enfatizado é a neces- sidade de se mastigar exaustivamente após a cirurgia, levantando as principais intolerâncias que acometem este grupo, quais alimentos devem ser priorizados, sempre frisando que o pequeno volume ingerido deve ser nutritivo e rico em nutrientes essenciais. Ainda no pré-operatório, é importante explicar ao indivíduo obeso que, em função da capacidade que o novo estômago irá adquirir, o volume a ser ingerido é muito pequeno, principalmente quando se compara aos volumes comumente ingeridos antes da cirurgia. Além disto, após a cirurgia sua alimentação irá passar por várias fases, iniciando com dieta líquida restrita, evoluindo, gradativamente, até atingir a consistência normal. Consequentemente será necessário fazer uso de suplementos nutricionais para atingir a necessidade energética e prevenir defi ciências nutricionais, pois muitas vezes a quantidade de alimentos ingeridos nas primeiras semanas após a cirurgia não consegue atingir nem o metabolismo basal [8]. Aconselha-se a perda de peso antes da realização da cirurgia com o propósito de reduzir os riscos de complicações durante o procedimento cirúrgico. Além disso, a introdução de novos hábitos saudáveis irá pro- piciar a melhora do processo de cicatrização [7]. Um fator muito importante é o apoio dos fami- liares e o acompanhamento dos mesmos durante todo o processo. A família precisa estar envolvida e esclare- cida para facilitar o processo de adaptação do paciente ao novo estilo de vida. É aconselhado a presença de um responsável ou futuro cuidador durante o atendimentono pré-operatório para que o mesmo seja esclarecido. Neste momento, as orientações nutricionais dos primeiros 15 dias após a cirurgia são fornecidas ao paciente e explicadas ao acompanhante. Nesta fase a intervenção do nutricionista é es- sencial, atuando no sentido de motivar os pacientes a passar por um processo de reeducação alimentar, reforçando sempre a importância de mudar o com- portamento, deixando para trás os maus hábitos alimentares e de vida. Uma vez que tudo está esclarecido, é emitido um parecer declarando que o paciente encontra-se ciente de como será o manejo dietoterápico após realização do procedimento cirúrgico. No pós-operatório imediato, inicia-se a ingestão de pequenos volumes de água, evoluindo para dieta líquida restrita, isenta de sacarose, que deve ser forneci- da em pequenos volumes a cada 3 horas. Já no quarto dia de pós-operatório, a dieta evolui para líquida completa com algumas modifi cações, em função do procedimento cirúrgico. Tais modifi cações consistem em substituir o leite integral por desnatado ou de soja, de preferência em pó, possibilitando a elaboração de preparações mais concentradas. Nesta fase a dieta deve ser fracionada em, aproxi- madamente, sete refeições ao dia, prevenindo episódios de hipoglicemia e dumping, sempre respeitando as preferências individuais e o poder aquisitivo do pa- ciente e da família. No décimo quinto dia de pós-operatório os pacientes são orientados a retornar ao consultório de nutrição para nova avaliação. Durante todas as con- sultas os pacientes devem ser pesados e questionados quanto às intolerâncias alimentares e manifestação de sintomas comumente citados na literatura, tais como síndrome de dumping, náuseas, vômito, diarréia, constipação, tontura e fraqueza [9,10]. À medida que apresentam boa tolerância à dieta prescrita, devem ser orientados a evoluir a consistência e variedade de ali- mentos. Visando reduzir a possibilidade de defi ciências nutricionais, pode-se recomendar o uso de alguns su- plementos, como por exemplo, triglicerídeo de cadeia média enriquecido com ácidos graxos essenciais, por sua fácil absorção e suplemento calórico-protéico em pó, isento de sacarose. Vale ressaltar que na fase de transição entre dieta líquida completa e pastosa, deve-se dar ênfase à neces- sidade de mastigação exaustiva, prevenindo vômitos. Para evitar a desidratação devem ser incentivados a ingerir líquidos, várias vezes ao dia, nos intervalos das refeições [8], dando preferência a água de coco e sucos de frutas sem açúcar, por serem ricos em vitaminas e minerais. Ainda em função de evitar episódios de vô- mitos e refl uxo, é importante que sejam orientados a ingerir pequenos volumes de cada vez, evitando que os líquidos sejam consumidos junto das demais refeições ou em horários próximos às refeições principais. Uma lista de substituição contendo alimentos comumente aceitos nesta fase pode ser fornecida aos pacientes com o objetivo de quebrar a monotonia da dieta. Ao completar 1 mês de cirurgia os pacientes de- vem voltar ao consultório para reavaliação. Caso apre- sentem sinais de boa tolerância à dieta pastosa podem ser orientados a aumentar a consistência para branda. A evolução do volume vai ocorrer de acordo com a tolerância relatada pelo paciente sempre alertando-os a não insistir na ingestão quando já sentirem satisfeitos. Nesta fase é indicado o uso de polivitamínico. A periodicidade maior de retornos nos dois pri- meiros meses após a cirurgia possibilita o esclarecimen- to de dúvidas e a intervenção nutricional em tempo hábil, corrigindo erros alimentares e incentivando a adoção de hábitos alimentares saudáveis. A partir do terceiro mês as consultas podem ser agendadas mensal- mente até completar 6 meses. Após completarem seis 79 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) meses de cirurgia as consultas podem ser trimestrais. A partir de 1 ano, as visitas ao consultório de nutrição podem acontecer a cada 6 meses ou quando os pacien- tes ou o clínico julgarem necessário. Vale salientar que durante os retornos as queixas de cada paciente devem ser priorizadas, adequando a dieta às necessidades individuais. Conclusão A atenção nutricional é fundamental, pois é através da correção de hábitos alimentares inadequados e adoção de estilo de vida mais saudável, que os pa- cientes obterão o tão esperado sucesso pós-operatório e também terão menor chance de apresentar defi ciências nutricionais. As informações obtidas através do protocolo de atenção nutricional irão subsidiar o profi ssional nas diferentes formas de conduzir o tratamento, uma vez que o acompanhamento nutricional deve ser indivi- dualizado. Ao contrário do que muitos acreditam a cirurgia não signifi ca o fi m do tratamento da obesidade. É necessário que o paciente seja esclarecido sobre todos os processos que irá passar e, principalmente que seja convencido de que o sucesso da cirurgia depende, em grande parte, do seu envolvimento com os cuidados pós-operatórios. Esta fase deve ser vista como um pe- ríodo de transição e o indivíduo operado certamente irá passar por uma série de mudanças a serem adotadas pelo resto da vida. Referências Faria OP et al. Obesos mórbidos tratados com 1. gastroplastia redutora com bypass gástrico em Y de Roux: Análise de pacientes. [citado 2004 set 13]. Disponível em URL:http://www.ambr.com.br/revista/ Revistas/39/26.pdf. Marchesini JB. Técnicas cirúrgicas para a obesidade 2. mórbida. [citado 2004 out 2]. Disponível em URL: http://www.gastronet.com.br. Matos MIR, Zanella MT. Alterações do comportamen-3. to alimentar, ansiedade, depressão e imagem corporal em pacientes com obesidade grau III. [citado 2004 out 2]. Disponível em URL: http://www.abeso.org. br/revista/revista9/alteracoes.htm. Sundbom M, Gustavsson, S. Bariatric surgery. Clinics 4. in Dermatology 2004; 22:325-1. Fujioka K. Follow-up of nutritional and metabo-5. lic problems after bariatric surgery. Diabetes Care 2005;28:481. García-Lorda P et al. Seguimiento postoperatorio de la 6. obesidad mórbida: aspectos quirúrgicos y nutricionales. Cir Esp 2004;75(5):305-11. Parkes E. Nutritional management of patients after ba-7. riatric surgery. Am J Medl Sci 2006;331(4):207-13. Virji A, Murr MM. Caring for patients after bariatric 8. surgery. Am Fam Physician 2006;73(8):1335-6. Abell TL, Minocha A. Gastrointestinal complications 9. of bariatric surgery: diagnosis and therapy. Am J Med Sci 2006;331(4):214-8. ROTEIRO DAS INFORMAÇÕES ESSENCIAIS QUE O PACIENTE DEVE RECEBER NO PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO: ( ) Alterações na anatomia e fisiologia gastrointestinal que ocorrem após a cirurgia e implicações com o estado nutricional. - funções de digestão e absorção do estômago e intestino ( ) Necessidade de mastigação exaustiva. ( ) Volume tolerado. ( ) Principais intolerâncias alimentares que acontecem após a cirurgia. ( ) Alimentos que devem ser priorizados. ( ) Necessidade do uso de suplementos nutricionais. ( ) Fases da alimentação após a cirurgia. ( ) Fornecimento do plano alimentar e orientações nutricionais dos primeiros 15 dias de pós-operatório. 80 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) Figura 1 - Protocolo de acompanhamento nutricional pré-operatório. PROTOCOLO DE ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL Cirurgia Bariátrica PRÉ-OPERATÓRIO IDENTIFICAÇÃO Data: ___/___/___ Nome: __________________________________________________________ Sexo: ______ Data de Nascimento:____/____/_____Idade: ______Telefone: ( )___________________ AVALIAÇÃO NUTRICIONAL História da Doença Atual: ( ) Artropatias ( ) Diabetes ( ) Câncer ( ) Dislipidemias ( ) Cardiopatia ( ) Hérnia ( ) Cirrose ( ) Hipertensão Outros:_____________________________________________________________________ História Patológica Pregressa: História Familiar: ( ) Cardiopatia ( ) Hipertensão ( ) Câncer ( ) Renal ( ) Diabetes( ) Obesidade ( ) Dislipidemia Sintomas e Sinais Clínicos: Náuseas:___________________ Dores abdominais: ___________________ Diurese: _______________________ Vômitos: ___________________ Diarréia: ___________________ Tontura: ___________________ Constipação: _________________ Medicamentos em uso (Tipo/tempo de uso/influência do medicamento no apetite): História do Ganho de Peso: Início da Obesidade: ( ) infância ( ) adolescência ( ) vida adulta Ganho de peso: Alterações do apetite: Tratamentos anteriores para emagrecimento: ( ) Sim ( ) Não Já usou remédio para emagrecer? ( ) Sim ( ) Não Quais: Estilo de Vida: Atividade Física:_____________________________________________________________ Tipo: _______________________ Freqüência:______________________________________ Tabagista:___________________________________________________________________ Etilista: _____________________________________________________________________ Dorme bem?/Quantas horas? ___________________________________________________ 81 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA Peso Atual: ______ kg Peso Habitual: _______kg Peso Desejado: _______kg Altura: ________ m IMC: _______ kg/m2 PTmín.: _______ kg PTméd.: _______kg PTMáx.: _______kg Classificação do IMC: ___________________________________ Circunferência da cintura: _______ cm Circunferência do Quadril __________cm Circunferência do braço: ________ cm AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA: Hemoglobina g% Hematócrito % Hemáceas: Albumina g/dl Glicose mg/dl Uréia mg/dl Creatinina mg/dl Na mEq K mEq Ca mg% TGO U/mL TGP U/mL Ácido úrico Colesterol Total LDL-colesterol: HDL-colesterol Triglicerídeos ANAMNESE ALIMENTAR: Responsável pelo preparo das refeições: __________________________________________ Número de componentes da família:_____ pessoas Quantos almoçam em casa: _____ pessoas Quantas refeições faz em casa: ( ) só almoço ( ) só jantar ( ) almoço e jantar Aversões: ___________________________________________________________________ Alergias/Intolerâncias alimentares: Preferências: Hábito de beliscar? ___________ Que tipo?_________________________________________________ Tipo de gordura consumida (quantidade/mês): ( ) Vegetal ( ) Animal Quantidade/mês: _________________________________________________________ Ingestão de água: ________________________________________________________ Uso de sal: ________________________________________________________________ Uso de adoçante artificial: ( ) Sim ( ) Não Tipo: _________________________ Uso de produtos dietéticos: ( ) Sim ( ) Não Tipo: _________________________ Observações: Faz uso de: ( ) Leite ( ) Queijo ( ) Iogurte ( ) Pães ( ) Cereais ( ) Massas ( ) Arroz ( ) Leguminosas ( ) Carnes ( ) Ovos ( ) Verduras ( ) Hortaliças ( ) Frutas ( ) Doces ( ) Açúcar ( ) Margarina ou manteiga 82 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) Figura 2- Protocolo de acompanhamento nutricional pós-operatório. PROTOCOLO DE ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL Cirurgia Bariátrica PÓS-OPERATÓRIO Nome:_________________________________________________Data da cirurgia:____/____/______ Retornos (15 dias, 1m, 45 dias, 2m, 4m, 5m): ________ Data: ___/___/___ I. SINAIS E SINTOMAS: Náuseas: ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Vômitos: ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Gases: ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Diarréia: ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Constipação: ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Xerostomia ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Tontura: ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Fraqueza: ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Outros: Medicamentos em uso: Comportamento alimentar: ____________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ II. AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA: Peso Atual: _____kg Altura:____cm IMC:____Kg/m2 % Perda de Peso: _____ Classificação: ___________________________________ Retornos (3m, 6m, 9m, 1 ano): Data: ___/___/___ I. SINAIS E SINTOMAS: Náuseas: ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Vômitos: ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Gases: ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Diarréia: ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Constipação: ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Xerostomia ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Tontura: ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Fraqueza: ( ) Sim ( ) Não Freqüência: Outros: Medicamentos em uso: Comportamento alimentar: ____________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ II. AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA: Peso Atual: _____kg Altura:____cm IMC:____Kg/m2 % Perda de Peso: _____ Classificação: ___________________________________ Circ. cintura: _______cm Circ. Quadril _______cm CB:______cm Circ. Punho:________cm AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA: Hemoglobina g% Hematócrito % Hemáceas: Albumina g/dl Glicose mg/dl Uréia mg/dl Creatinina mg/dl Na mEq K mEq Ca mg% TGO U/mL TGP U/mL Ácido úrico Colesterol Total LDL-colesterol HDL-colesterol 83 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) EVOLUÇÃO DA DIETA: Período Consistência Modificações 2º dia PO Líquida Restrita Isenta de sacarose 4º dia PO Líquida Completa Isenta de sacarose Leite em pó desnatado ou de soja 15º dia PO Pastosa Isenta de sacarose Leite em pó desnatado ou de soja Suplemento calórico-protéico em pó, isento de sacarose Uso de TCM-AGE Lista de substituição 1º mês Pastosa ou Branda Isenta de sacarose Leite em pó desnatado ou de soja Lista de substituição Uso de Polivitamínico 45º dia PO Observar tolerância Isenta de sacarose Leite em pó desnatado ou de soja Suplemento calórico-proteico em pó, isento de sacarose Lista de substituição Uso de Polivitamínico 2º mês Observar tolerância Isenta de sacarose Leite em pó desnatado ou de soja Lista de substituição Uso de Polivitamínico 3º mês Observar tolerância Isenta de sacarose Leite em pó desnatado ou de soja Lista de substituição Uso de Polivitamínico 4º mês Observar tolerância Isenta de sacarose Leite em pó desnatado ou de soja Lista de substituição Uso de Polivitamínico 5º mês Observar tolerância Isenta de sacarose Leite em pó desnatado ou de soja Lista de substituição Uso de Polivitamínico 6º mês Livre Isenta de sacarose Leite desnatado ou de soja Lista de substituição Uso de Polivitamínico 9º mês Livre Isenta de sacarose Leite desnatado ou de soja Uso de Polivitamínico 1 ano Livre Isenta de sacarose Leite desnatado ou de soja Uso de Polivitamínico 84 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) ARTIGO ORIGINAL Efeitos da pectina cítrica sobre os níveis de glicose, triglicerídeos e adiposidade em ratas submetidas a uma dieta rica em carboidrato simples Effects of citric pectin on fat and blood levels of glucose and triglycerides in female rats fed with a rich diet of simple carbohydrates Lucélia Fernandes Gandini*, Lucia Helena de Aguiar, D.Sc.**, Cíntia Alessandra Matiucci Pereira, D.Sc.*** *Nutricionista, Curso de Nutrição, Centro Universitário Central Paulista (UNICEP), São Carlos/SP, **Bióloga, Professora Doutora do Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Central Paulista, ***Engenheira de Alimentos, Professora Doutora do Curso de Nutrição do Centro Universitário Central Paulista Resumo A pectina cítrica é considerada importante fonte de fi bras, tem sido incorporada a dietas e indicada principalmente no tratamento do diabetes como hipoglicemiante. O presente estudo objetivou a avaliação do efeito da dieta rica em carboidratos simples, da pectina cítrica quando administrada em ratas normais (não diabéticas) alimentadas com dieta balanceada ou com dieta rica em carboidratos simples. Foram utilizadas 24 ratas Wistar de aproximadamente 185 g que foram separadas em 4 grupos e alimentadascom ração comercial (G1), ração comercial com 4% de pectina (G2), ração comercial com 20% de Karo (G3) e ração comercial com 20% de Karo e 4% de pectina cítrica, respectivamente durante 21 dias. Foram analisados glicose plasmática, triglicerídeos, gordura visceral, retroperitoneal e ovariana. Observou-se que uma dieta rica em carboidratos simples eleva a glicemia, triglicerídeos plasmáticos e os tecidos adiposos de ratas. A pectina cítrica não infl uenciou as variáveis analisadas quando administrada em associação à dieta balanceada, porém preveniu o aumento da glicemia, dos triglicerídeos e dos tecidos adiposos retroperitoneal e ovariano. Portanto, a pectina revela-se como importante na prevenção da elevação da glicemia, dos triglicerídeos plasmáticos e do tecido adiposo quando alimentadas com dieta rica em carboidratos simples. Palavras-chave: adiposidade, carboidrato, glicemia, triglicerídeos. Abstract Th e citric pectin is considered important source of fi bers, has been incorporated to diets and indicated mainly in the treatment of the diabetes as hypoglycemic agent. Th e objective of this study was to evaluate the eff ect of a rich diet of simple carbohydrates and citric pectin when administered in normal female rats (non diabetic) fed with balanced diet or with rich diet of simple carbohydrates. Were used 24 Wistar female rats approximately 100 g, divided in 4 groups and fed with commercial ration (G1), commercial ration with 4% of pectin (G2), commercial ration with 20% of Karo (G3) and commercial ration with 20% of Karo and 4% of citric pectin, respectively, for 21 days. It was observed that a rich diet in simple carbohydrates elevates the glycemic, serum triglycerides levels and the fatty tissues of female rats. Th e citric pectin Recebido 29 de fevereiro de 2008; aceito 15 de janeiro de 2009. Endereço para correspondência: Cíntia Alessandra Matiucci Pereira, UNICEP, Rua Miguel Petroni, 5111, Jd Centenário 13563-470 São Carlos SP, E-mail: matiucci@yahoo.com.br 85 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) Introdução A alimentação é um dos processos de maior infl uência no desenvolvimento físico e psíquico do indivíduo e, em termos gerais, no seu estado de saúde. Atualmente, enfrenta-se grande difi culdade de manu- tenção de uma dieta adequada, tanto pela variedade de alimentos lançados no mercado, como pela falta de orientação à maior parte da população com relação ao o que e quanto comer. A procura na medicina popular de fontes naturais para prevenção e tratamento das doenças da civilização vem sendo cada vez mais intensifi cada. Muitos são os alimentos ditos funcionais, como é o caso das fi bras que, direta ou indiretamente, podem apresentar efei- tos benéfi cos ao organismo, desde que se conheçam as suas origens, as características físico-químicas, os efeitos fi siológicos e adversos, constituindo-se, assim, em importantes componentes alimentares para a pre- venção de diversas doenças como: diabetes, doenças coronarianas, câncer, obesidade, constipação, entre outras. A pectina é uma fi bra dietética solúvel em água que possui variados graus de metoxilação, e diferen- tes pesos moleculares [1] e são compostas de uma parte principal de ácido galacturônico com unidades de ramnose inseridas em intervalos e com cadeias laterais de arabinose e galactose [2]. A estrutura do ácido galacturônico absorve a água e forma um gel, tornando-a amplamente utilizada para fabricar geléias e gelatinas [1]. As pectinas são encontradas principalmente em frutas e vegetais, especialmente em maçãs, cenouras e laranjas. Outras formas de fi bra solúvel estão presentes no farelo de aveia, na cevada e nas leguminosas [3]. A fi bra solúvel compõe cerca de 15 a 20% da fi bra total em frutas, grãos e vegetais e menos que 10% daquela de leguminosas, nozes e sementes [2]. Seu consumo deve ser incentivado em todas as faixas etárias devido aos efeitos benéfi cos que apresentam à saúde [4]. Atualmente, muitos estudos evidenciam a im- portância de uma dieta rica em fi bras, atuando na pre- venção ou retardo do aparecimento do diabetes bem como no melhor controle dos níveis glicêmicos tanto de jejum como pós-prandial em pacientes diabéticos em tratamento [5]. A ingestão de fi bras por dia reco- mendada pela American Diabetes Association [6], é de 20 a 35 g. Já Credidio [7] ressalta que a recomendação de ingestão de fi bras por dia recomendada pela FDA (Food and Drug Administration), órgão governamental dos Estados Unidos da América que faz o controle dos alimentos (tanto humano como animal), suplementos alimentares, medicamentos (humano e animal), é de 25 g a 35 g de fi bras por dia. Para atingir esses valores, as pessoas devem consumir vegetais variados (cinco tipos de frutas, por exemplo), escolhendo os ricos em fi bras. Os produtos industrializados que contém fi bras são uma opção a mais no cardápio, que não deve ser descartada. Mas os especialistas alertam que a quantidade de fi bras disponíveis nesses alimentos é muito pequena. Ou seja, a pessoa precisa consumir grandes quantidades para que as fi bras desses produtos surtam efeito. A associação entre fi bras e prevenção de doenças crônico-degenerativas surgiu da observação da relação direta entre aumento do consumo de produtos refi - nados (sem fi bras) e o risco de câncer colorretal, entre outras enfermidades. Utilizando-se métodos estatísti- cos, constatou-se ainda a maior incidência de câncer de cólon, diverticulite, colite ulcerativa, hemorróidas e outras enfermidades relacionadas com a diminuição da quantidade de fi bras e carboidratos complexos na dieta. Em diversas pesquisas, ao longo dos anos, vem-se constatando que dietas com alto teor de fi bras, tanto solúveis quanto insolúveis (85% alimentos vegetais e 15% de alimentos de origem animal) podem reduzir o risco de doenças coronarianas e câncer de mama [4]. Ainda segundo Tirapegui [4], não se sabe exata- mente quais componentes da fi bra são fi siologicamente importantes ao longo do tempo, mas seu consumo está relacionado com uma menor incidência de doença cardiovascular, câncer de cólon, diabetes e diversos distúrbios gastrointestinais. A infl uência das fi bras na dieta no controle da glicemia parece ser particular a alguns tipos de fi bras. A pectina e a goma guar, por serem solúveis em água, são capazes de formar géis viscosos, conferindo-lhe a capacidade de retardar o esvaziamento gástrico, reduzir a hidrólise e a absorção de carboidratos no intestino delgado [8]. Segundo Williams [9], a chamada fi bra dietética (FD) corresponde aos resíduos de paredes celulares e tecidos de sustentação de vegetais usados na ali- mentação. Os compostos presentes em tais resíduos resistem à hidrólise pelas enzimas do tubo digestório did not infl uence the analyzed variables when administered in association with balanced diet, but prevented the increase of glucose and triglycerides levels and of the retroperitoneal and ovarian fatty tissues. Th erefore, the pectin could be effi cient in the prevention of the elevation of the blood glucose and triglycerides and of the fatty tissues when the rats are fed with rich diet of simple carbohydrates. Key-words: adiposity, carbohydrates, glycemia, triglycerides. 86 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) e podem infl uenciar no processo nutricional, já que em determinada fase do seu ciclo vital, cada vegetal apresenta composição específi ca de seus tecidos. Os vegetais jovens (verduras e frutos) são muito mais ricos em tecidos parenquimatosos do que os que alcançaram a maturidade ou já a ultrapassaram, porque os tecidos tendem a ser tornar lignifi cados. Quanto à solubilidade em água de cada tecido nas várias etapas da vida do vegetal, pode-se classifi cá-lo em dois grandes grupos: o dos solúveis e o dos insolúveis em água. As fi bras insolúveis atravessam todo o trato gastrointestinal (boca, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e reto) semserem metabolizadas, enquanto que as fi bras solúveis podem ser metabolizadas no intestino grosso. À fração solúvel da FD vêm sendo creditados os maiores benefícios ao organismo, por exemplo, ação hipocolesterolemizante e proteção provável contra o câncer colorretal [10]. A utilização desse tipo de fi bra é fortemente indicada nas dietas para indivíduos diabéticos [11], pois este tipo de fi bra torna-se viscosa ou gomosa quando misturada à água, aumentando o tempo de trânsito intestinal, retardando o esvaziamen- to gástrico e a absorção de glicose. Essas ações baixam as concentrações de glicose sanguínea pós-prandiais e diminuem o colesterol sanguíneo, ambos objetivos importantes para os indivíduos com diabetes [12]. À fração insolúvel cabe o aumento do volume do bolo fecal e o papel de prevenir a constipação, evitando suas conseqüências [10], além de auxiliar nas funções gastrointestinais, atuando na prevenção do câncer de cólon. Isso se dá porque as fi bras insolúveis aceleram o movimento do bolo fecal através do intestino, fazendo com que o órgão tenha um tempo menor de exposição a agentes causadores de doenças [11]. Além disso, as fi bras dietéticas oferecem benefícios adicionais em regimes com dietas hipoenergéticas, pois promovem a sensação de saciedade com menor energia [13]. Portanto, as fi bras são parte importante de uma alimentação balanceada, apesar de não fornecerem energia e o seu consumo estar relacionado à menor incidência de uma série de doenças crônicas típicas das sociedades desenvolvidas, como, por exemplo, o diabetes, doenças coronarianas, alguns tipos de câncer, obesidade, constipação, entre outros [ 4]. Segundo Derivi et al. [14], estudos realizados concluíram que a suplementação das dietas com fi bra é aconselhável em pacientes diabéticos dependentes de insulina e que a tolerância aos glícides é limitada nas refeições, suplementadas com fi bra. Este efeito hipoglicemiante é observado em presença de fi bra solúvel - pectina. Neves [15] relata que pesquisas realizadas a respeito das interações que existem entre a pectina e as lipoproteínas do plasma, concluíram que quando suplementada na dieta, acarreta redução dos níveis sé- ricos e hepáticos de colesterol, tanto em seres humanos como em animais de experimentação. Porém, poucos são os estudos sobre o efeito das fi bras solúveis como fator preventivo da elevação da glicemia, hipertrigliceridemia e aumento da adiposi- dade em indivíduos normais que ingerem dietas ricas em carboidratos simples. Quando o assunto é fi bra dietética, ainda há muita controvérsia, resultado de sua própria complexidade, aliada à extrema variabilidade, quando provém de um mesmo vegetal. Desse modo, o presente estudo se propõe a determinar como a pectina afeta a glicemia, os níveis de triglicerídeos plasmáticos e a adiposidade em ratas submetidas à dieta rica em carboidratos simples, a fi m de avaliar a infl uência da pectina associada à dieta hiperglicídica. Material e métodos Animais de experimentação Utilizou-se um total de 24 ratas da linhagem “Wis- tar”, R. novergicus, com 21 dias e com peso médio inicial de 185 ± 15,3 g. Os animais foram obtidos junto ao Bio- tério da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar e transferidos ao Laboratório de Nutrição Experimental do Centro Universitário Central Paulista UNICEP – São Carlos/SP. Durante o período experimental os animais foram mantidos em temperatura ambiente de 23 ± 2ºC e fotoperíodo de 12 horas de claro-escuro, com ração e água ad libitum. Para o desenvolvimento do estudo os 24 animais foram marcados com tinta atóxica e separados aleatoriamente em 4 grupos experimentais de 6 animais cada, os quais foram transferidos para 4 gaiolas coletivas de polietileno. Os grupos receberam os seguintes tratamentos durante 21 dias: Grupo 1 (G1): Controle - ração comercial. Grupo 2 (G2): Controle + pectina - ração co- mercial + 4% de pectina cítrica comercial. Grupo 3 (G3): Dieta hiperglicídica - ração co- mercial suplementada com 20% de xarope de glicose (Karo) Grupo 4 (G4): Dieta hiperglicídica + pectina - ração comercial suplementada com 20% de xarope de glicose (Karo) e 4% de pectina cítrica. Rações experimentais A ração comercial ofertada ao G1 foi Ração Comercial Primor adquirida em agropecuária. O G2 foi tratado com ração elaborada com 96% de ração co- 87 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) mercial Primor e 4% de pectina cítrica fornecida pela empresa CpKelco (Limeira, SP), cujo nome comercial é Genu pectin. O G3 foi tratado com ração elaborada com 75% de ração comercial Primor, 20% de Karo e 5% de gelatina em pó da marca Dr. Otker (para correção do teor de proteína). E o G4 foi tratado com ração elaborada a partir de 71% de ração comercial Primor, 20% de Karo, 4% de pectina cítrica e 5% de gelatina em pó da marca Dr. Otker. Para elaboração das rações de G2, G3 e G4 os respectivos ingredientes foram pesados, a ração comer- cial triturada e misturada aos ingredientes com água numa vasilha e enrolados. Em seguida as rações foram transferidas para uma estufa de ventilação forçada para secagem. A composição centesimal das rações experimentais encontra-se na Tabela I. Consumo de ração Os animais foram mantidos em gaiolas coletivas e foi ofertado 30 g/animal/dia das rações experimentais. O consumo foi determinado subtraindo-se o peso das sobras de ração a cada 24 horas, do peso da ração ofertada e o resultado dividido por 6 animais. consumo de ração/animal/dia = peso ração ofertada – peso das sobras nº animais na gaiola Protocolo experimental Diariamente as rações eram pesadas (oferta e so- bra), os animais eram transferidos para gaiolas limpas e as respectivas rações e água eram ofertadas ad libitum. Semanalmente os animais eram removidos das gaiolas e imobilizados em um pano sobre uma bancada. Com auxílio de uma iluminação adicional localizava-se a veia caudal do animal. Com uma lanceta perfurava-se a veia caudal dos animais e utilizando-se um aparelho glicosímetro Accu Check determinava-se à glicemia dos animais após 12 horas de jejum. Após 21 dias de tratamento, as ratas foram man- tidas em jejum de 12 horas e após o procedimento diário e a última coleta de sangue da veia caudal, foram anestesiadas em cuba de vidro com éter e guilhotinadas para obtenção do sangue e dissecadas para remoção dos tecidos adiposos visceral, retroperitoneal e ovariano e posterior determinação dos percentuais em relação ao peso corpóreo total. Tratamento das amostras O sangue coletado foi utilizado para determinação do hematócrito por centrifugação em centrífuga para microhematócrito Quimis por 5 minutos a 3400 rpm. As amostras de sangue foram colocadas em tubos de ensaio heparinizados e centrifugadas a 3400 rpm por 5 minutos em uma centrífuga Quimis para tubos de en- saio e o plasma separado e congelado em freezer a -20ºC para análise posteriores. Os tecidos adiposos removidos foram pesados em uma balança semi-analítica. Determinação da glicose plasmática A glicose foi determinada pelo método enzimáti- co colorimétrico (GOD-POD), segundo Trinder [16] (Kit Glicose SL CELM artigo 3863). É fundamentado na reação: Glicose + O2 + H2O Glicose Oxidase (GOD) ácido glucônico + H2O2 2H2O2 + 4-aminofenazona + Fenol Peroxidase (POD) 4-p-benzoquinona-monoiminofenazona + 4H2O Preparou-se o reativo de trabalho misturando-se 100 ml de tampão fosfato pH 7,4 com 2 ml de outro reativo contendo solução estabilizada de glicose oxi- dase, peroxidase e 4 aminofenazona, atingindo-se uma concentração de tampão fosfato 100 mmol/l, fenol 0,88 mol/l, 4aminoantipirina 0,27 mmol/l, glicose oxidase 10 KU/l, peroxidase 1,2 KU/l e conservante azida sódica 1,0 g/l. Adicionou-se 2 ml do reativo de trabalho em um tubo de ensaio, em seguida 20 μl de plasma. Incubou- se por 10 minutos em banho-maria a 37ºC. As amos- tras foram transferidas para cubetas de vidro e lidas em espectrofotômetro a 505 nm,zerando-se o aparelho com o tubo branco (2 ml de reativo de trabalho). Os cálculos foram efetuados utilizando-se como referência os valores do tubo padrão (2 ml de reativo de trabalho e 20μl de solução padrão de glicose 100 mg/dl Tabela I - Composição centesimal (g%) das rações experimentais. Ração G1 Comercial (Primor) G2 Comercial + pectina G3 Hiperglicídica G4 Hiperglicídica + pectina Valor calórico 3780 kcal/kg 3685 kcal/kg 2835 kcal/kg 2740,8 kcal/kg Carboidrato 43,5 45,1 48,6 50,3 Proteína 23,0 22,0 21,5 20,6 Gordura 3,0 2,8 2,1 2,1 Fibra 10,0 13,0 7,5 10,5 88 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) Os valores das amostras em mg/dl foram obtidos pela fórmula: Glicose (mg/dl) = absorbância da amostra x 100 absorbância do padrão Determinação dos triglicerídeos Os triglicerídeos foram determinados segundo Fossati [17] e McGowan et al. [18] pelo método to- talmente enzimático (Kit Laborlab CAT nº 02700). Foi preparado um reativo de trabalho dissolvendo-se lentamente um frasco de reativo enzimático com 30 ml de Reativo Tampão Tris 50mmol/l pH 7,6, misturando-se por inversão suave até a dissolução completa evitando a formação de espuma. O reativo de trabalho era composto por lipase ≥ 5000 U/l, GK ≥ 250 U/l, GPO ≥ 1500 U/l, POD ≥ 900 U/l, ATP – 2 mmol/l, 4-AF – 1 mmol/l, 3-5 HDCBS – 2 mmol/L e Tris (pH 7,6) 50 mmol/L. Para realização do ensaio, a 2 mL de reativo de trabalho foram adicionados 20μl da amostra de plasma em um tubo de ensaio, foram adicionados 2 ml de reativo de trabalho a 20 μl de reativo padrão (solução de Glicerol 2, 26 mmol/l – equivalente a 200 mg/dl de triglicerídeos) em outro tubo. Um terceiro tubo era utilizado como branco, ao qual era adicionado somente o 2 ml do reativo de trabalho. Em seguida os tubos foram homogeneizados e incubados a 37ºC em banho-maria por 15 minutos. Depois de esfria- das as amostras foram lidas em espectofotômetro a 505nm, zerando-se o aparelho em absorbância com água deionizada. O cálculo utilizado foi: triglicerídeos (mg/dl) = (absorbância amostra – absorbância do branco) x f f = 200 mg/dl absorbância padrão - absorbância tubo branco Análises estatísticas Os resultados obtidos foram analisados utilizan- do-se o programa estatístico GraphPad Instat versão 3.0 para obtenção das médias, desvios padrões e comparação dos tratamentos pelo teste estatístico não paramétrico de KrusKall Wallis e pós-teste de Dunn, com níveis de aceitação de 5%. Resultados e discussão A escolha por 4% de pectina cítrica comercial adicionada às rações, baseou-se no estudo de Derivi et al. [14], no qual foram utilizadas quantidades diferen- tes de pectina (1%, 2% e 4%) para três grupos de ratos do experimento. Todavia, as rações contendo 4% de pectina cítrica comercial foram as que desenvolveram maior diferencial nos resultados referentes a altera- ções metabólicas nos animais em estudo. O xarope de glicose Karo foi utilizado para a preparação das rações devido a sua alta concentração de carboidratos simples (em uma porção de 20 g de Karo, 16 g são de carboidratos), a facilidade do manuseio do produto e a provável aceitabilidade pelos animais em função do sabor adocicado. Os animais apresentaram-se saudá- veis durante o experimento conforme os resultados de hematócrito obtidos. Glicemia de jejum Os resultados da análise semanal da glicemia das ratas estão representados na Figura 1. Figura 1 - Valores médios de glicemia (mg/dl) das ratas Wistar submetidas às diferentes dietas experi- mentais. G1 – Grupo controle alimentado com ração comercial; G2 - grupo alimentado com ração comer- cial + 4% de pectina cítrica; G3 – grupo alimentado com dieta hiperglicídica; G4 – grupo alimentado com dieta hiperglicídica mais 4% de pectina cítrica. Observou-se que houve elevação nos valores glicêmicos dos animais do G1 em relação à semana inicial na terceira semana de experimento. Os animais do G2 não apresentaram alteração signifi cativa nos valores glicêmicos durante as três semanas. Os animais do G3 apresentaram elevação signifi cativa da glicemia já na primeira semana após o início da ingestão da dieta rica em carboidrato simples, apresentando na segunda semana valores semelhantes ao da semana inicial e elevou-se novamente na última semana do experimento. Observou-se que a ingestão de 48% de carboi- dratos simples na dieta elevou rapidamente as concen- trações de glicose plasmática dos animais normais sem tratamento com pectina, comprovando assim, que os 89 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) carboidratos simples possuem uma rápida absorção no organismo podendo elevar a glicemia mesmo em pessoas normais. Portanto, é importante levar em conta a qualidade dos carboidratos e suas respectivas proporções que devem ser uma preocupação no plane- jamento da dieta, sendo que apenas 40% devem provir dos monossacarídeos e dissacarídeos (glicose, frutose, galactose, maltose, sacarose, lactose). Os polissacaríde- os exigem um maior tempo para a digestão e absorção, possuindo um menor potencial glicêmico, quando comparado com os outros carboidratos [19]. Muito embora os carboidratos simples piorem o controle glicêmico e promovam o ganho de peso ponderal, a American Diabetic Association [6] tem su- gerido que pequenas quantidades de sacarose e outros açúcares refi nados podem ser aceitáveis, dependendo do controle metabólico e do peso corporal. Até 25 g de sacarose adicionada pode ser permitido, desde que faça parte de uma dieta pobre em gorduras, rica em fi bras, e que substitua uma quantidade de igual valor energé- tico de gordura ou outro alimento de elevado índice glicêmico, ou ainda outros adoçantes nutritivos. O G4 não apresentou alteração signifi cativa nos níveis glicêmicos nas duas primeiras semanas do experimento, revelando o papel preventivo da pectina cítrica no aumento da glicemia quando ratas normais são tratadas com dieta hiperglicídica. Derivi et al. [14], em um estudo experimental, comprovou que a presen- ça da pectina solúvel em alimentos é responsável pelo efeito hipoglicêmico em animais diabéticos. Freitas et al. [20], também verifi caram em ratos diabéticos que receberam ração à base de sopa de cebola adicionada de pectina (contendo 2,91% de pectina solúvel), por um período de 42 dias, uma redução nos níveis de glicose sanguínea. Segundo Areas e Reyes [21] as fi bras podem infl uenciar o acesso de carboidratos à superfície da mu- cosa intestinal, e, assim, tornar mais lenta a absorção dos mesmos. Sugere-se que no presente estudo, a fi bra solúvel (pectina cítrica) tem efeito pelo aumento da viscosidade do conteúdo intestinal que retarda, assim, a digestão e a absorção de carboidratos. Mahan e Escott-Stump [2] ressaltam que a pre- sença de oligosacarídeos não absorvíveis e fi bras visco- sas da dieta tais como pectinas, β-glicanos e gomas das frutas, vegetais e cereais reduz a efi ciência de hidrólise de enzimas e torna mais lenta a velocidade na qual a glicose entra na corrente sangüínea. Portanto, observa- se que a maioria dos estudos relata efeitos da pectina cítrica como hipoglicemiante em animais diabéticos, sem registros referentes aos seus efeitos preventivos em animais normais. O Grupo G4 mostrou elevação somente ao fi nal da 3ª semana, semelhante ao observado para o G1. Este resultado pode ser justifi cado pelo possível aumento do estresse causado aos animais pelo confi namento e redução do espaço na gaiola à medida que o animal cresce. Glicose plasmática, triglicerídeos e adiposidade Os resultados encontrados de glicose plasmática e triglicerídeos estão apresentados na Figura 2. Figura 2 - Valores de glicose plasmática (mg/dL) e triglicerídeos (mg/dl) das ratas Wistar submetidas às diferentes dietas experimentais. G1 – Grupo controle alimentado com ração comercial; G2- grupo alimen- tado com ração comercial + 4% de pectina cítrica; G3 – grupo alimentado com dieta hiperglicídica;G4 – grupo alimentado com dieta hiperglicídica mais 4% de pectina cítrica. Não se observou diferença signifi cativa entre os valores de glicose plasmática dos diferentes grupos ao fi nal de três semanas para o percentual de fi bra solúvel (4%) e carboidrato simples (20%) utilizados no experi- mento. Porém, observou-se aumento signifi cativo (P < 0,05) de 70% nos valores de triglicerídeos dos animais do grupo 3 alimentados com dieta hiperglicídica em relação ao grupo controle após 21 dias de tratamento. O aumento dos valores de lípides observados durante o tratamento do grupo 3 é resultado da conversão dos carboidratos simples em gordura. Dâmaso [22] evidencia que o excesso de carboidrato pode ser convertido em gordura, pois os adipócitos podem converter a glicose em ácidos graxos para realizar o armazenamento de energia. A glicose é convertida em glicogênio para resta- belecer os depósitos teciduais, mas, devido à limitada capacidade do organismo para armazenar glicogênio, a glicose restante é convertida em gordura e armazenada como triglicerídeos principalmente no tecido adiposo, em menor grau, no fígado e no músculo [8]. Os ácidos graxos dietéticos em excesso também são armazenados como triglicerídeos. A síntese protéica nos tecidos é 90 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) elevada após a ingestão de uma mistura balanceada de aminoácidos; o excesso é oxidado para fornecer energia ou convertido primeiramente para glicose ou gordura [23]. Mesmo que o excesso de carboidrato seja con- vertido em gordura e armazenado, uma dieta balan- ceada que seja rica em carboidratos complexos ajuda a controlar o peso corporal e a manter o tecido magro. Porém, vale ressaltar, que os alimentos ricos em carboi- dratos contribuem menos para a adiposidade corporal que os alimentos ricos em gordura [23]. Com relação aos níveis de gordura dos tecidos adiposos estudados observou-se aumento no percentu- al de gordura ovariana e retroperitoneal nos animais do G3. O G4 não apresentou alterações signifi cativas nos valores de percentual dos tecidos adiposos. Portanto, o efeito preventivo da pectina fi ca evidenciado, já que impediu o acúmulo de gordura. Os resultados podem ser visualizados na Figura 3. Figura 3 - Porcentagem de gordura visceral, gordura retroperitoneal e gordura ovariana das ratas Wistar submetidas às diferentes dietas experimentais. G1 – Grupo controle alimentado com ração comercial; G2 - grupo alimentado com ração comercial + 4% de pectina cítrica; G3 – grupo alimentado com dieta hiperglicídica; G4 – grupo alimentado com dieta hi- perglicídica mais 4% de pectina cítrica. mentados com uma ração regular. As evidências mais diretas sobre obesidade humana vêm de estudos de populações. Em muitos países em desenvolvimento, a incidência de obesidade aumenta à medida que se eleva o consumo de açúcar. Mas essa evidência não aponta o açúcar como única causa. Em geral, quando a ingestão de açúcar aumenta, as ingestões de gordura e calorias totais também se elevam. Simultaneamente, a ativi- dade física declina. Além disso, a obesidade também ocorre quando as ingestões de açúcar são baixas e as pessoas obesas, em muitos casos, comem menos açúcar que as magras. A gordura é mais rica em calorias que o açúcar e muitas vezes ela ocorre junto com o açúcar em guloseimas e petiscos doces. Estudos de populações por si mesmos não são capazes de separar os efeitos de comer açúcar daqueles de comer demasiada gordura ou de exercitar-se muito pouco [23]. Gross et al. [24] analisaram a associação entre a qualidade dos carboidratos consumidos na dieta ame- ricana na prevalência da doença observada nos Estados Unidos. Os autores verifi caram que a tendência do incremento no consumo de carboidratos refi nados, altamente concentrados em frutose e sacarose, em detrimento do consumo de alimentos naturalmente ricos em fi bras estava fortemente relacionado à maior ocorrência do diabetes tipo 2. No Brasil, o envelheci- mento populacional associado ao aumento da freqü- ência do excesso de peso, estilo de vida sedentário e modifi cações no padrão alimentar, como o aumento do consumo de açúcares e refrigerantes, têm sido aponta- dos como possíveis fatores envolvidos no incremento da ocorrência do diabetes nos últimos anos [25]. Observou-se nos resultados obtidos o desenvol- vimento de adiposidade principalmente pelo aumento das gorduras retroperitoneal e ovariana quando os animais foram submetidos à dieta rica em carboidratos simples por 21 dias e tal efeito pode ser totalmente atribuído ao carboidrato, uma vez que a composição da ração em gordura, proteína e calorias foi mantida constante ou menor comparada à ração balanceada. Observou-se que a obesidade ocorreu no G3 indepen- dente do ganho de peso. No G4, apesar do ganho de peso, não houve aumento do tecido adiposo. Conclusão Concluiu-se que 4% de pectina cítrica acresci- da a uma dieta balanceada não altera a glicemia, os triglicerídeos e os percentuais dos tecidos adiposos. Portanto, a pectina não possui efeito redutor das va- riáveis analisadas, revelando-se como importante na prevenção da elevação das mesmas. Após a ingestão de dieta hiperglicídica há aumen- to da concentração de triglicerídeos plasmáticos e teci- É possível ressaltar, que as gorduras geradas em razão da alta ingestão de carboidratos simples são armazenadas com surpreendente efi ciência no orga- nismo, cada qual em órgãos diferentes, podendo apre- sentar concentrações maiores de depósitos de gorduras em alguns órgãos e menores em outros, uma vez que a conversão em gordura corporal custa pouca energia metabólica, diferente do carboidrato complexo e pro- teína da dieta, que têm que passar por muitas etapas metabólicas antes que sejam fi nalmente convertidos em gordura que o corpo possa armazenar [19]. Os ratos sob a dieta rica em sacarose parecem desenvolver mais gordura no ventre que os ratos ali- 91 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) dos adiposos retroperitoneal e ovariano. No entanto, a ingestão de uma dieta rica em carboidratos simples quando associada a 4% de pectina cítrica, normaliza os valores de triglicerídeos plasmáticos e percentual de tecido adiposo, indicando que a pectina cítrica contribui para a prevenção da obesidade. Referências Fietz VR, Salgado JM. Efeito da pectina e da celu-1. lose nos níveis séricos de colesterol e triglicerídeos em ratos hiperlipidêmicos. Cienc Tecnol Aliment 1999;19(3):318-21. Mahan LK, Escott-Stump S. Krause Alimentos, Nu-2. trição & Dietoterapia. 10.ed. São Paulo: Roca; 2002. 1157 p. Silva MAM et al. Efeito das fi bras dos farelos de trigo 3. e aveia sobre o perfi l lipídico no sangue de ratos (Rat- tus norvegicus) Wistar. Rev Ciênc Agrotec 2003;27 (6):1321-9. Tirapegui J. Nutrição fundamentos e aspectos atuais. 4. 2 ed. São Paulo: Atheneu; 2006. 342 p. Augusto ALP et al. Terapia nutricional. São Paulo: 5. Atheneu; 2002. 303 p. American Diabetes Association. Evidence-based nutri-6. tion principles and recommendations for the treatment and prevention of diabetes and related complications. Diabetes Care 2002;25 (Supl.1):202-12. Credidio E. Importância das fi bras alimentares. Asso-7. ciação Brasileira de Nutrologia; 2004. [citado 2005 jul 26]. Disponível em URL:http://www.abran.org.br. Anderson L et al. Nutrição. 17 ed. Rio de Janeiro: 8. Guanabara; 1988. 737 p. Williams MH. Nutrição para saúde, condicionamento 9. físico e desempenho esportivo. 5 ed. São Paulo: Manole; 2002. 500 p. Dutra-de-Oliveira JE, Marchini JS. Ciências nutricio-10. nais. 1 ed. São Paulo: Sarvier; 1998. 403 p. Barbieri J. Estudo comprova efi cácia da polpa da laranja 11. no combate a diabetes. Jornal da Unicamp, Campinas; 2004. . [citado 2005 jul 1]. Disponível em URL http:// www.laranjabrasil.com.br. Shils ME et al. Tratado de nutrição moderna na saúde 12. e na doença. 9 ed. vol 2. São Paulo: Manole; 2003. 2106 p. Dias JMCS, Reis L. Alimentos funcionais e nutracêuti-13.cos. Brasília: Embrapa - Encontro Franco Brasileiro de Biociência e Biotecnologia, doc. 85; 2002. p. 5-15. Derivi SCN et al. Ação da fi bra solúvel – pectina – 14. sobre os níveis glicêmicos em ratos. Rev Bras Farm 1987;68:1-7. Neves NM. Os elementos da dieta no tratamento da 15. doença cardiovascular. Nutrição e Doença Cardiovas- cular 1997;4:49-61. Trinder P. Determination of glucose in blood using 16. glucose oxidase with an alternative oxygen acceptor. Ann Clin Biochem 1969;6:24-7. Fossati P, Prencipe L. Serum triglycerides determined 17. colorimetrically with an enzyme that produces hidrogen peroxide. Clin Chem 1982;28:2077-8. McGowan MW, Artiss JD, Strandbergh DR, Zak B. 18. A peroxidase coupled method for the colorimetric determination of serum triglycerides. Clin Chem 1983;29:538- 42. Waitzberg DL. Nutrição oral, enteral e parenteral na 19. prática clínica. 3.ed. vol. 1. São Paulo: Atheneu; 2000. 1858 p. Freitas MCJ, Derivi SCN, Mendez MHM, Fernandes 20. ML. Produto rico em fi bra solúvel (pectinas) e seu efeito sobre os níveis de glicose no soro sangüíneo. Cienc Tecnol Aliment 1994;14(12):46-54. Areas MA, Reyes FG. R. Fibras alimentares: Diabetes 21. Mellitus. Cadernos de Nutrição 1996;12:1-8. Dâmaso A. Nutrição e exercício na prevenção de do-22. enças. Rio de Janeiro: Medsi; 2001. 433 p. Sizer F, Whitney E. Nutrição: conceitos e controvérsias. 23. 8 ed. Barueri/SP: Manole; 2003. 567 p. Gross LS, Li L, Ford ES, Liu S. Increased consump-24. tion of refi ned carbohydrates and epidemic of type 2 diabetes in the United States: an ecologic assessment. Am J Clin Nutr 2004;79:774-9. Sartorelli DS, Franco LJ. Tendências do diabetes melli-25. tus no Brasil: o papel da transição nutricional. Cad Saúde Pública 2003;19(supl1):S29-S36. 92 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) ARTIGO ORIGINAL Avaliação antropométrica e dietética dos funcionários de uma empresa de transportes urbanos de Ijuí - RS Anthropometric and dietary evaluation of the employees of a urban transports company at Ijuí - RS Joseane Pazzini Eckhardt*, Cleusa Wadenpuhl*, Camila Nunes Zanchi*, Marli Ludwig Th omas*, Adriane Cervi Blümke, M.Sc.** *Acadêmicas do Curso de Nutrição da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, **Nutricionista, professora do Curso de Nutrição, Departamento de Ciências da Saúde da UNIJUÍ Resumo Objetivo: Avaliar o estado nutricional e o consumo alimentar dos funcionários de uma empresa de transportes urbanos, do município de Ijuí/RS. Material e Métodos: O estado nutricional foi avaliado através dos seguintes métodos antropométri- cos: IMC, circunferência da cintura, relação cintura/quadril e dobra cutânea tricipital, utilizando parâmetros padronizados internacionalmente. Para avaliação dietética utilizou-se um questionário de consumo alimentar e um recordatório de 24 horas. Resultados: Através do IMC diagnosticaram-se altos índices de sobrepeso em ambos os sexos. O Recordatório de 24 horas revelou desequilíbrio no consumo dos macronutrientes e inadequação no consumo de micronutrientes. Baixas medianas de consumo calórico foram observadas em indivíduos com sobrepeso demonstrando possíveis sub-registros. No questionário de consumo, merece destaque o número insufi ciente de refeições e escolhas inadequadas à mesa, que se refl etem em défi cit de minerais e vitaminas constatados pelo Recordatório de 24 horas. Também chama atenção o elevado número de indivíduos com hiper- tensão arterial. Conclusão: Devido à prevalência de obesidade, fator de risco para diversas doenças crônico não-transmissíveis, e tendo como agravantes hábitos alimentares inadequados e elevada prevalência de hipertensão arterial, importante redutor da qualidade e da expectativa de vida, recomendam-se intervenções nutricionais de profi ssionais capacitados. Palavras-chave: estado nutricional, avaliação antropométrica, consumo alimentar. Abstract Objective: To evaluate the nutritional status and the alimentary habits of the employees of an urban transports company of the city of Ijuí/RS. Material and Methods: Th e nutritional status was evaluated through the following anthropometric methods: BMI, Waist Circumference, Waist-to-hip ratio and Cutaneous Tricipital Fold, using internationally standardized parameters. For dietary evaluation it was used a food consumption questionnaire and a 24-hour diary. Results: Th rough the BMI it was diagnosed high rates of overweight in both sexes. Th e 24-hour diary revealed lack of balance in the macronutrients consumption and unsuitability in the consumption of micronutrients. Low average of caloric consumption had been obser- ved in overweight individuals, demonstrating possible sub-registers. Was observed defi ciency in the daily number of meals and inadequate choices at the table, with consequently deficit of minerals and vitamins. Also was observed high number of Recebido 14 de março de 2008; aceito 15 de janeiro de 2009. Endereço para correspondência: Adriane Cervi Blümke, Rua Aristeu Pereira, 1217, Condomínio Burtet, Bairro Burtet 98700-000 Ijuí RS, Tel: (55) 3332-6890. E-mail: adriblumke@yahoo.com.br 93 Nutrição Brasil - março/abril 2009;8(2) Introdução Até o fi nal do século XIX, as doenças infecciosas e parasitárias e a fome endêmica persistiam entre os principais problemas de saúde pública, sendo res- ponsáveis por elevadas taxas de mortalidade e pela baixa expectativa de vida das populações humanas. Porém, no decorrer do século XX, ocorreu uma ex- pressiva melhora nas condições de vida do homem, tendo como conseqüência o aumento da expectativa de vida e a diminuição da mortalidade causada pela desnutrição e por doenças infecciosas e parasitárias. Em compensação, nas últimas décadas, houve um incremento na morbidade por doenças crônicas não- transmissíveis, causadas principalmente por mudanças no hábito alimentar e agravadas pelos altos índices de obesidade [1]. Os hábitos alimentares estão em constante modifi - cação. A variação no padrão alimentar é evidenciada por diversos estudos que comprovam a transição nutricional. Monteiro et al. [2] verifi caram redução no consumo de carboidratos complexos, de fi bras, vitaminas e minerais, na forma de frutas, verduras e legumes e incremento no consumo de alimentos ricos em ácidos graxos saturados, gorduras trans e açúcares simples, que contribuíram para o aumento do colesterol total, da glicose circulante e da densidade energética total ofertada. O maior consumo de açúcares, carnes, ovos, leite e derivados, citado por Mondini e Monteiro [3], é estimulado pela variabilidade de oferta de alimentos processados e industrializados. Na atualidade, muitas das atividades de lazer estão vei- culadas ao consumo de alimentos altamente calóricos e pouco saudáveis, como os fast foods. Além disso, nos últimos anos, as mudanças na estrutura do trabalho e os avanços tecnológicos acarretaram na diminuição do dispêndio de energia, que aliada ao sedentarismo e as modifi cações na dieta compõem os principais fatores etiológicos da obesidade [4]. Conforme Castro et al. [5], vários autores correlacionaram características qualitativas e quantitativas da dieta e o sedentarismo com a ocorrência de enfermidades crônicas, entre elas as doenças cardiovasculares. Os hábitos alimentares apresentam-se como marcadores de risco para inúmeras doenças na medida em que o consumo elevado de açú- cares e gorduras, somados ao baixo consumo de fi bras, participam da etiologia das dislipidemias, obesidade, diabetes e hipertensão. Nesse contexto, a relevância de pesquisas epide- miológicas na área da nutrição e saúde pública é indis- cutível porque traça o perfi l nutricional das populações, o que auxilia para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e promoção da saúde. Segundo Castro et al. [5], quando se conhece o perfi l de uma população, de um grupo ou de indivíduos, cria-se a possibilidade de elaborar estratégias direcionadas para atender as necessidades
Compartilhar