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5 - Língua Portuguesa

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LÍNGUA PORTUGUESA
Didatismo e Conhecimento 1
LÍNGUA PORTUGUESA
LEITURA E INTERPRETAÇÃO 
DE DIVERSOS TIPOS DE TEXTOS 
(LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS)
Como Ler um Texto
Interessa a todos saber que procedimento se deve adotar para 
tirar o maior rendimento possível da leitura de um texto. Mas não 
se pode responder a essa pergunta sem antes destacar que não 
existe para ela uma solução mágica, o que não quer dizer que não 
exista solução alguma. Genericamente, pode-se afirmar que uma 
leitura proveitosa pressupõe, além do conhecimento linguístico 
propriamente dito, um repertório de informações exteriores ao 
texto, o que se costuma chamar de conhecimento de mundo. 
A título e ilustração, observe a questão seguinte, extraída de 
concurso, na qual já vimos anteriormente. Às vezes, quando um 
texto é ambíguo, é o conhecimento de mundo que o leitor tem dos 
fatos que lhe permite fazer uma interpretação adequada do que se 
lê. Um bom exemplo é o texto que segue:
“As videolocadoras de São Carlos estão escondendo suas fitas 
de sexo explícito. A decisão atende a uma portaria de dezembro de 
1991, do Juizado de Menores, que proíbe que as casas de vídeo 
aluguem, exponham e vendam fitas pornográficas a menores de 
18 anos. A portaria proíbe ainda os menores de 18 anos de irem a 
motéis e rodeios sem a companhia ou autorização dos pais.” 
(Folha Sudoeste) 
É o conhecimento linguístico que nos permite reconhecer a 
ambiguidade do texto em questão (pela posição em que se situa, 
a expressão sem a companhia ou autorização dos pais permite a 
interpretação de que com a companhia ou autorização dos pais os 
menores podem ir a rodeios ou motéis). Mas o nosso conhecimento 
de mundo nos adverte de que essa interpretação é estranha e só 
pode ter sido produzida por engano do redator. É muito provável 
que ele tenha tido a intenção de dizer que os menores estão 
proibidos de ir a rodeios sem a companhia ou autorização dos pais 
e de frequentarem motéis.
Como se vê, a compreensão do texto depende também do 
conhecimento de mundo, o que nos leva à conclusão de que o 
aprendizado da leitura depende muito das aulas de Português, mas 
também de todas as outras disciplinas sem exceção.
Uma boa medida para avaliar se o texto foi bem compreendido 
é a resposta a três questões básicas: 
- Qual é a questão de que o texto está tratando? Ao tentar 
responder a essa pergunta, o leitor será obrigado a distinguir as 
questões secundárias da principal, isto é, aquela em torno da qual 
gira o texto inteiro. Quando o leitor não sabe dizer do que o texto 
está tratando, ou sabe apenas de maneira genérica e confusa, é 
sinal de que ele precisa ser lido com mais atenção ou de que o 
leitor não tem repertório suficiente para compreender o que está 
diante de seus olhos.
- Qual é a opinião do autor sobre a questão posta em discussão? 
Disseminados pelo texto, aparecem vários indicadores da opinião 
de quem escreve. Por isso, uma leitura competente não terá 
dificuldade em identificá-la. Não saber dar resposta a essa questão 
é um sintoma de leitura desatenta e dispersiva.
- Quais são os argumentos utilizados pelo autor para 
fundamentar a opinião dada? Deve-se entender por argumento 
todo tipo de recurso usado pelo autor para convencer o leitor de 
que ele está falando a verdade. Saber reconhecer os argumentos 
do autor é também um sintoma de leitura bem feita, um sinal claro 
de que o leitor acompanhou o desenvolvimento das ideias. Na 
verdade, entender um texto significa acompanhar com atenção o 
seu percurso argumentativo. 
O primeiro passo para interpretar um texto consiste em 
decompô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias básicas 
ou ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando os 
conceitos definidores da opinião explicitada pelo autor. Esta 
operação fará com que o significado do texto “salte aos olhos” 
do leitor.
Ler é uma atividade muito mais complexa do que a simples 
interpretação dos símbolos gráficos, de códigos, requer que o 
indivíduo seja capaz de interpretar o material lido, comparando-o 
e incorporando-o à sua bagagem pessoal, ou seja, requer que o 
indivíduo mantenha um comportamento ativo diante da leitura.
Os diferentes níveis de leitura
Para que isso aconteça, é necessário que haja maturidade para 
a compreensão do material lido, senão tudo cairá no esquecimento 
ou ficará armazenado em nossa memória sem uso, até que tenhamos 
condições cognitivas para utilizar.
De uma forma geral, passamos por diferentes níveis ou etapas 
até termos condições de aproveitar totalmente o assunto lido. Essas 
etapas ou níveis são cumulativas e vão sendo adquiridas pela vida, 
estando presente em praticamente toda a nossa leitura.
 
O Primeiro Nível é elementar e diz respeito ao período de 
alfabetização. Ler é uma capacidade cerebral muito sofisticada e 
requer experiência: não basta apenas conhecermos os códigos, a 
gramática, a semântica, é preciso que tenhamos um bom domínio 
da língua.
O Segundo Nível é a pré-leitura ou leitura inspecional. Tem 
duas funções específicas: primeiro, prevenir para que a leitura 
posterior não nos surpreenda e, sendo, para que tenhamos chance 
de escolher qual material leremos, efetivamente. Trata-se, na 
verdade, de nossa primeira impressão sobre o livro. É a leitura 
que comumente desenvolvemos “nas livrarias”. Nela, por meio do 
salteio de partes, respondem basicamente às seguintes perguntas:
- Por que ler este livro?
- Será uma leitura útil?
- Dentro de que contexto ele poderá se enquadrar?
 
Essas perguntas devem ser revistas durante as etapas que 
se seguem, procurando usar de imparcialidade quanto ao ponto 
de vista do autor, e o assunto, evitando preconceitos. Se você 
se propuser a ler um livro sem interesse, com olhar crítico, 
rejeitando-o antes de conhecê-lo, provavelmente o aproveitamento 
será muito baixo. 
Ler é armazenar informações; desenvolver; ampliar 
horizontes; compreender o mundo; comunicar-se melhor; escrever 
melhor; relacionar-se melhor com o outro. 
Didatismo e Conhecimento 2
LÍNGUA PORTUGUESA
Pré-Leitura
Nome do livro
Autor
Dados Bibliográficos
Prefácio e Índice 
Prólogo e Introdução
 
O primeiro passo é memorizar o nome do autor e a edição 
do livro, fazer um folheio sistemático: ler o prefácio e o índice 
(ou sumário), analisar um pouco da história que deu origem ao 
livro, ver o número da edição e o ano de publicação. Se falarmos 
em ler um Machado de Assis, um Júlio Verne, um Jorge Amado, 
já estaremos sabendo muito sobre o livro. É muito importante 
verificar estes dados para enquadrarmos o livro na cronologia dos 
fatos e na atualidade das informações que ele contém. Verifique 
detalhes que possam contribuir para a coleta do maior número 
de informações possível. Tudo isso vai ser útil quando formos 
arquivar os dados lidos no nosso arquivo mental. A propósito, você 
sabe o que seja um prólogo, um prefácio e uma introdução? Muita 
gente pensa que os três são a mesma coisa, mas não:
Prólogo: é um comentário feito pelo autor a respeito do tema 
e de sua experiência pessoal.
Prefácio: é escrito por terceiros ou pelo próprio autor, 
referindo-se ao tema abordado no livro e muitas vezes também 
tecendo comentários sobre o autor.
Introdução: escrita também pelo autor, referindo-se ao livro 
e não ao tema. 
O segundo passo é fazer uma leitura superficial. Pode-se, 
nesse caso, aplicar as técnicas da leitura dinâmica.
 
O Terceiro Nível é conhecido como analítico. Depois de 
vasculharmos bem o livro na pré-leitura, analisamos o livro. 
Para isso, é imprescindível que saibamos em qual gênero o 
livro se enquadra: trata-se de um romance, um tratado, um livro 
de pesquisa e, neste caso, existe apenas teoria ou são inseridas 
práticas e exemplos. No caso de ser um livro teórico, que requeira 
memorização, procure criar imagens mentais sobre o assunto, 
ou seja, veja, realmente, o que está lendo, dando vida e muita 
criatividade ao assunto. Note bem: a leitura efetiva vai acontecer 
nesta fase, e a primeira coisa a fazeré ser capaz de resumir o 
assunto do livro em duas frases. Já temos algum conteúdo para 
isso, pois o encadeamento das ideias já é de nosso conhecimento. 
Procure, agora, ler bem o livro, do início ao fim. Esta é a leitura 
efetiva, aproveite bem este momento. Fique atento! Aproveite 
todas as informações que a pré-leitura ofereceu. Não pare a leitura 
para buscar significados de palavras em dicionários ou sublinhar 
textos, isto será feito em outro momento.
 
O Quarto Nível de leitura é o denominado de controle. Trata-se 
de uma leitura com a qual vamos efetivamente acabar com qualquer 
dúvida que ainda persista. Normalmente, os termos desconhecidos 
de um texto são explicitados neste próprio texto, à medida que 
vamos adiantando a leitura. Um mecanismo psicológico fará 
com que fiquemos com aquela dúvida incomodando-nos até que 
tenhamos a resposta. Caso não haja explicação no texto, será na 
etapa do controle que lançaremos mão do dicionário.
Veja bem: a esta altura já conhecemos bem o livro e o ato de 
interromper a leitura não vai fragmentar a compreensão do assunto 
como um todo. Será, também, nessa etapa que sublinharemos 
os tópicos importantes, se necessário. Para ressaltar trechos 
importantes opte por um sinal discreto próximo a eles, visando 
principalmente a marcar o local do texto em que se encontra, 
obrigando-o a fixar a cronologia e a sequência deste fato 
importante, situando-o no livro.
Aproveite bem esta etapa de leitura. Para auxiliar no estudo, é 
interessante que, ao final da leitura de cada capítulo, você faça um 
breve resumo com suas próprias palavras de tudo o que foi lido.
 
Um Quinto Nível pode ser opcional: a etapa da repetição 
aplicada. Quando lemos, assimilamos o conteúdo do texto, mas 
aprendizagem efetiva vai requerer que tenhamos prática, ou seja, 
que tenhamos experiência do que foi lido na vida. Você só pode 
compreender conceitos que tenha visto em seu cotidiano. Nada 
como unir a teoria à prática. Na leitura, quando não passamos pela 
etapa da repetição aplicada, ficamos muitas vezes sujeitos àqueles 
brancos quando queremos evocar o assunto. Para evitar isso, faça 
resumos. 
Observe agora os trechos sublinhados do livro e os resumos 
de cada capítulo, trace um diagrama sobre o livro, esforce-se para 
traduzi-lo com suas próprias palavras. Procure associar o assunto 
lido com alguma experiência já vivida ou tente exemplificá-lo com 
algo concreto, como se fosse um professor e o estivesse ensinando 
para uma turma de alunos interessados. É importante lembrar 
que esquecemos mais nas próximas 8 horas do que nos 30 dias 
posteriores. Isto quer dizer que devemos fazer pausas durante a 
leitura e ao retornarmos ao livro, consultamos os resumos. Não 
pense que é um exercício monótono. Nós somos capazes de 
realizar diariamente exercícios físicos com o propósito de melhorar 
a aparência e a saúde. Pois bem, embora não tenhamos condições 
de ver com o que se apresenta nossa mente, somos capazes de 
senti-la quando melhoramos nossas aptidões como o raciocínio, 
a prontidão de informações e, obviamente, nossos conhecimentos 
intelectuais. Vale a pena se esforçar no início e criar um método de 
leitura eficiente e rápido.
Ideias Núcleo
O primeiro passo para interpretar um texto consiste em 
decompô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias básicas 
ou ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando os 
conceitos definidores da opinião explicitada pelo autor. Esta 
operação fará com que o significado do texto “salte aos olhos” do 
leitor. Exemplo:
“Incalculável é a contribuição do famoso neurologista 
austríaco no tocante aos estudos sobre a formação da 
personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu 
acender luzes nas camadas mais profundas da psique humana: o 
incosciente e subconsciente. Começou estudando casos clínicos 
de comportamentos anômalos ou patológicos, com a ajuda da 
hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer e Martin 
Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os 
resultados obtidos pelo hipnotismo, inventou o método que até hoje 
é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e de 
sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao 
paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbações mentais. 
Para este caminho de regresso às origens de um trauma, Freud 
se utilizou especialmente da linguagem onírica dos pacientes, 
considerando os sonhos como compensação dos desejos 
insatisfeitos na fase de vigília.
Didatismo e Conhecimento 3
LÍNGUA PORTUGUESA
Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo 
cultural da época, foi a apresentação da tese de que toda neurose 
é de origem sexual.”
(Salvatore D’Onofrio)
Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribuição 
do famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos sobre a 
formação da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939) 
conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique 
humana: o incosciente e subconsciente.” O autor do texto afirma, 
inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a ciência a compreender 
os níveis mais profundos da personalidade humana, o incosciente 
e subconsciente.
Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos 
clínicos de comportamentos anômalos ou patológicos, com a 
ajuda da hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer 
e Martin Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com 
os resultados obtidos pelo hipnotismo, inventou o método que até 
hoje é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e 
de sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas 
ao paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbações 
mentais.” A segunda ideia núcleo mostra que Freud deu início a 
sua pesquisa estudando os comportamentos humanos anormais ou 
doentios por meio da hipnose. Insatisfeito com esse método, criou 
o das “livres associações de ideias e de sentimentos”.
Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de regresso 
às origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da 
linguagem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como 
compensação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília.” Aqui, 
está explicitado que a descoberta das raízes de um trauma se faz 
por meio da compreensão dos sonhos, que seriam uma linguagem 
metafórica dos desejos não realizados ao longo da vida do dia a 
dia.
Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de Freud, 
que escandalizou o mundo cultural da época, foi a apresentação 
da tese de que toda neurose é de origem sexual.” Por fim, o texto 
afirma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afirmando 
a novidade de que todo o trauma psicológico é de origem sexual.
Interpretação de Charges
A charge ou cartum é um desenho de caráter humorístico, 
geralmente veiculado pela imprensa. Ela também pode ser 
considerada como texto e, nesse sentido, pode ser lida por qualquer 
um de nós. Trata-se de um tipo de texto muito importante na mídia 
atual, graças à sua capacidade de fazer, de modo sintético, críticas 
político-sociais.
Um público muito amplo se interessa pela charge, tanto 
pelo uso do humor e da sátira, quanto por exigir do leitor apenas 
um pequeno conhecimento da situação focalizada, para se 
reconhecerem as referências e insinuações feitas pelo autor.
Há cerca de dez anos, os concursos públicos e exames 
escolares passaram a se utilizar de charges para avaliar a 
capacidade de interpretação dos concursandos e alunos. Em um 
concurso, por exemplo, o tema proposto para a prova de redação 
era “O indivíduo frente à ética nacional”, que vinha, como de 
costume, acompanhado de uma coletânea composta por dois textos 
opinativos, publicados na mídia impressa, e a seguinte charge:
De autoria de Millôr Fernandes.
A charge discute a honestidade social a partir de uma cena 
irônica: a lamentação de um indivíduo que, por só poder lidar com 
gente honesta, encontra-se num deserto.
A charge, associada aos textos da coletânea e ao tema 
anunciado na proposta,compunham um panorama mais amplo 
do problema incluído na proposta, conduzindo o leitor a alguns 
questionamentos que poderiam direcionar a elaboração de seu 
texto:
- Existe alguma pessoa completamente honesta no mundo? O 
que isso significa?
- O indivíduo que chama os outros de desonestos e antiéticos 
apresenta realmente um comportamento ético que o diferencie dos 
demais?
- O fato de acharmos que a maioria age de modo antiético nos 
daria o direito de assim também o fazer, para não sermos os únicos 
diferentes?
- A ética que deveria nortear as relações humanas é hoje 
característica de poucos? Ela se tornou uma exceção?
Essa proposta de redação possibilitou construírem sua 
argumentação a partir dos exemplos que melhor se adequassem à 
sua linha de raciocínio.
Os temas de charges, porém, nem sempre são assim tão amplos. 
Podem estar ligados a acontecimentos específicos de uma época 
ou local, o que é muito frequente nas charges diárias. Quando são 
publicadas em jornais regionais, por exemplo, as charges podem 
fazer referência a fatos que não são conhecidos por moradores de 
outras cidades ou Estados, o que lhes dificulta a compreensão.
Nos jornais de grande alcance, as charges normalmente 
recuperam os assuntos que ganharam destaque nacional nos 
dias anteriores. Abaixo veremos três exemplos de charges, todas 
referentes ao mesmo tema. As três tratam do mesmo tema: a 
queda do governador de São Paulo, José Serra, nas pesquisas que 
avaliam a intenção de voto do eleitor brasileiro para a campanha 
presidencial.
Para compreendê-las, o leitor precisa acionar uma série de 
conhecimentos prévios que já possui no seu próprio repertório 
cultural. Vamos examinar cada um dos casos:
Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA PORTUGUESA
Charge da Folha de S. Paulo
Criada por Glauco, não possui texto verbal. Assim, toda a 
informação deve ser identificada no desenho. Nele, pode-se ver 
um avião sendo consertado por um mecânico, um homem careca 
dentro do aparelho, com expressão aborrecida, e um triângulo 
usado no trânsito para indicar que o veículo está quebrado (esta já 
é uma informação prévia do leitor).
Após a identificação desses elementos básicos, entram outros 
mais específicos que também precisam ser conhecidos pelo leitor: 
o reconhecimento dos personagens e das situações específicas 
a que se refere o desenho: o avião tem formato de tucano, uma 
referência ao símbolo de um partido político, o PSDB; o piloto do 
avião deve ser associado a José Serra, por ser careca e pertencer 
ao partido tucano; o avião quebrado é uma referência à dificuldade 
de Serra para “decolar” (metáfora política para designar avanço 
nas intenções de voto) no início da campanha para Presidência da 
República.
Assim o leitor também precisa saber que haverá eleição, que 
Serra é pré-candidato, que pertence ao PSDB, cujo símbolo é 
um tucano, que houve uma pesquisa de intenção de voto e que o 
candidato tucano teve desempenho ruim nessa pesquisa.
O Povo (Fortaleza, CE)
Aqui também não há texto verbal. A imagem traz uma 
caricatura de José Serra, com a expressão tensa, de quem passa por 
apuros, caminhando como um equilibrista sobre a corda bamba. A 
corda, porém, tem a forma de uma escada, que termina numa seta 
vermelha, referência aos indicadores dos gráficos cartesianos.
Mais uma vez, para interpretar a charge, o leitor precisará 
relacionar a imagem a seu conhecimento sobre fatos divulgados 
pela mídia nacional naquela ocasião, ou seja, à queda que o 
candidato à Presidência teve naquela pesquisa de intenção de voto.
Agora São Paulo
Dos três casos, este é o único em que imagem e texto mesclam-
se. No desenho de Cláudio vemos o ex-presidente Fernando 
Henrique Cardoso, reconhecido pelos traços da caricatura. Ele 
abre a porta de um armário, no qual está escondido José Serra, e, 
apontando para fora do móvel, grita para que Serra assuma.
Enquanto isso, segurando a pesquisa em que cai de 37 para 
32% e sua concorrente sobe de 23 para 28%, Serra afirma estar 
indeciso. Além das falas e dos dados da pesquisa, a charge ainda 
tem título, “Eleição para Presidente”, e um texto complementar, 
“Tucanos cobram que Serra se declare candidato”.
Assim, todo o contexto fica identificado, facilitando o 
trabalho de interpretação do leitor, mas a este ainda cabe acionar 
seu conhecimento de mundo para completar informações, como 
a associação feita entre “assumir-se candidato à Presidência” e 
a imagem de “sair do armário”, expressão usada principalmente 
para fazer referência a pessoas que escondem publicamente sua 
condição sexual.
O leitor deve perceber, porém, que não há na charge intenção 
de questionar a opção sexual do candidato. Apenas fez-se uma 
associação livre para gerar efeito de humor, criticando o medo de 
Serra de mostrar-se candidato diante da crescente rejeição popular.
A leitura interpretativa de charges é uma habilidade cada 
vez mais cobrada em provas de vestibulares e de concursos em 
geral, tanto nas questões de língua portuguesa quanto nos temas 
de redação. Isso acontece porque a charge é um modelo de texto 
que extrapola a linguagem verbal (por vezes até nem usada), exige 
um bom nível de conhecimento de mundo e competência para 
inferir críticas e relacionar fatos sociais. Por isso, treine a leitura 
de charges, procure ampliar seu nível de compreensão e evite ser 
surpreendido.
Didatismo e Conhecimento 5
LÍNGUA PORTUGUESA
Dicas
Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa 
interpretação de texto. Para isso, devemos observar o seguinte:
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a 
leitura, vá até o fim, ininterruptamente;
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo 
menos umas três vezes;
- Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;
- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;
- Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor 
compreensão;
- Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do 
texto correspondente;
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada 
questão;
- Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de...), não, 
correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; 
palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a 
entender o que se perguntou e o que se pediu;
- Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a 
mais exata ou a mais completa;
- Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento 
de lógica objetiva;
- Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;
- Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela 
resposta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto;
- Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia 
a resposta;
- Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo 
autor, definindo o tema e a mensagem;
- O autor defende ideias e você deve percebê-las;
- Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são 
importantíssimos na interpretação do texto. Exemplos: 
Ele morreu de fome. 
de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na 
realização do fato (= morte de “ele”).
Ele morreu faminto. 
faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que “ele” se 
encontrava quando morreu.
- As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as 
ideias estão coordenadas entre si;
- Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior 
clareza de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o 
significado;
- Esclarecer o vocabulário;
- Entender o vocabulário;
- Viver a história;
- Ative sua leitura;
- Ver, perceber, sentir, apalpar o que se pergunta e o que se 
pede;
- Não se deve preocupar com a arrumação das letras nas 
alternativas; 
- As perguntas são fáceis, dependendo de quem lê o texto ou 
como o leu;
- Cuidado com as opiniões pessoais, elas não existem;
- Sentir, perceber a mensagem do autor;
- Cuidado com a exatidão dasquestões em relação ao texto;
- Descobrir o assunto e procurar pensar sobre ele;
- Todos os termos da análise sintática, cada termo tem seu 
valor, sua importância;
- Todas as orações subordinadas têm oração principal e as 
ideias se completam.
Vícios de Leitura
Por acaso você tem o hábito de ler movimentando a cabeça? 
Ou quem sabe, acompanhando com o dedo? Talvez vocalizando 
baixinho... Você não percebe, mas esses movimentos são alguns 
dos tantos que prejudicam a leitura. Esses movimentos são 
conhecidos como vícios de linguagem.
Movimentar a cabeça: procure perceber se você não está 
movimentando a cabeça enquanto lê. Este movimento, ao final 
de pouco tempo, gera muito cansaço além de não causar nenhum 
efeito positivo. Durante a leitura apenas movimentamos os olhos.
Regressar no texto, durante a leitura: pessoas que têm 
dificuldade de memorizar um assunto, que não compreendem 
algumas expressões ou palavras tendem a voltar na sua leitura. 
Este movimento apenas incrementa a falta de memória, pois 
secciona a linha de raciocínio e raramente explica o desconhecido, 
o que normalmente é elucidado no decorrer da leitura. Procure 
sempre manter uma sequência e não fique “indo e vindo” no livro. 
O assunto pode se tornar um bicho de sete cabeças!
Ler palavra por palavra: para escrever usamos muitas 
palavras que apenas servem como adereços. Procure ler o conjunto 
e perceber o seu significado.
Sub-vocalização: é o ato de repetir mentalmente a palavra. 
Isto só será corrigido quando conseguirmos ultrapassar a marca de 
250 palavras por minuto.
Usar apoios: algumas pessoas têm o hábito de acompanhar a 
leitura com réguas, apontando ou utilizando um objeto que salta 
“linha a linha”. O movimento dos olhos é muito mais rápido 
quando é livre do que quando o fazemos guiado por qualquer 
objeto.
Leitura Eficiente
Ao ler realizamos as seguintes operações:
- Captamos o estímulo, ou seja, por meio da visão, 
encaminhamos o material a ser lido para nosso cérebro.
- Passamos, então, a perceber e a interpretar o dado sensorial 
(palavras, números, etc.) e a organizá-lo segundo nossa bagagem 
de conhecimentos anteriores. Para essa etapa, precisamos de 
motivação, de forma a tornar o processo mais otimizado possível.
- Assimilamos o conteúdo lido integrando-o ao nosso “arquivo 
mental” e aplicando o conhecimento ao nosso cotidiano.
A leitura é um processo muito mais amplo do que podemos 
imaginar. Ler não é unicamente interpretar os símbolos gráficos, 
mas interpretar o mundo em que vivemos. Na verdade, passamos 
todo o nosso tempo lendo!
O psicanalista francês Lacan disse que o olhar da mãe 
configura a estrutura psíquica da criança, ou seja, esta se vê a 
partir de como vê seu reflexo nos olhos da mãe! O bebê, então, 
segundo esta citação, lê nos olhos da mãe o sentimento com que é 
Didatismo e Conhecimento 6
LÍNGUA PORTUGUESA
recebido e interpreta suas emoções: se o que encontra é rejeição, 
sua experiência básica será de terror; se encontra alegria, sua 
experiência será de tranqüilidade, etc. Ler está tão relacionado 
com o fato de existirmos que nem nos preocupamos em aprimorar 
este processo. É lendo que vamos construindo nossos valores e 
estes são os responsáveis pela transformação dos fatos em objetos 
de nosso sentimento.
Leitura é um dos grandes, senão o maior, ingrediente da 
civilização. Ela é uma atividade ampla e livre, fato comprovado 
pela frustração de algumas pessoas ao assistirem a um filme, cuja 
história já foi lida em um livro. Quando lemos, associamos as 
informações lidas à imensa bagagem de conhecimentos que temos 
armazenados em nosso cérebro e então somos capazes de criar, 
imaginar e sonhar.
É por meio da leitura que podemos entrar em contato com 
pessoas distantes ou do passado, observando suas crenças, 
convicções e descobertas que foram imortalizadas por meio 
da escrita. Esta possibilita o avanço tecnológico e científico, 
registrando os conhecimentos, levando-os a qualquer pessoa 
em qualquer lugar do mundo, desde que saibam decodificar a 
mensagem, interpretando os símbolos usados como registro da 
informação. A leitura é o verdadeiro elo integrador do ser humano 
e a sociedade em que ele vive!
O mundo de hoje é marcado pelo enorme fluxo de informações 
oferecidas a todo instante. É preciso também tornarmo-nos 
mais receptivos e atentos, para nos mantermos atualizados e 
competitivos. Para isso, é imprescindível leitura que nos estimule 
cada vez mais em vista dos resultados que ela oferece. Se você 
pretende acompanhar a evolução do mundo, manter-se em dia, 
atualizado e bem informado, precisa preocupar-se com a qualidade 
da sua leitura.
Observe: você pode gostar de ler sobre esoterismo e uma 
pessoa próxima não se interessar por este assunto. Por outro lado, 
será que esta mesma pessoa se interessa por um livro que fale 
sobre História ou esportes? No caso da leitura, não existe livro 
interessante, mas leitores interessados.
A pessoa que se preocupa com a qualidade de sua leitura e 
com o resultado que poderá obter, deve pensar no ato de ler como 
um comportamento que requer alguns cuidados, para ser realmente 
eficaz.
- Atitude: pensamento positivo para aquilo que deseja ler. 
Manter-se descansado é muito importante também. Não adianta 
um desgaste físico enorme, pois a retenção da informação será 
inversamente proporcional. Uma alimentação adequada é muito 
importante.
- Ambiente: o ambiente de leitura deve ser preparado para 
ela. Nada de ambientes com muitos estímulos que forcem a 
dispersão. Deve ser um local tranquilo, agradável, ventilado, com 
uma cadeira confortável para o leitor e mesa para apoiar o livro a 
uma altura que possibilite postura corporal adequada. Quanto a 
iluminação, deve vir do lado posterior esquerdo, pois o movimento 
de virar a página acontecerá antes de ter sido lida a última linha 
da página direita e, de outra forma, haveria a formação de sombra 
nesta página, o que atrapalharia a leitura.
- Objetos necessários: para evitar que, durante a leitura, 
levantarmos para pegar algum objeto que julguemos importante, 
devemos colocar lápis, marca-texto e dicionário sempre à mão. 
Quanto sublinhar os pontos importantes do texto, é preciso 
aprender a técnica adequada. Não o fazer na primeira leitura, 
evitando que os aspectos sublinhados parecem-se mais com um 
mosaico de informações aleatórias.
Os concursos apresentam questões interpretativas que têm 
por finalidade a identificação de um leitor autônomo. Portanto, o 
candidato deve compreender os níveis estruturais da língua por 
meio da lógica, além de necessitar de um bom léxico internalizado.
As frases produzem significados diferentes de acordo com 
o contexto em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário 
sempre fazer um confronto entre todas as partes que compõem 
o texto. Além disso, é fundamental apreender as informações 
apresentadas por trás do texto e as inferências a que ele remete. 
Este procedimento justifica-se por um texto ser sempre produto de 
uma postura ideológica do autor diante de uma temática qualquer.
Exercícios
Este é o caminho: leitura, exercício, correção, entendimento 
dos erros. Quanto mais você entender porque errou, mais estará 
aprendendo.
Esaf: Leia atentamente o texto para responder às questões de 
1 a 4. 
Parques em chamas
Saudados por ecologistas como arcas de Noé para o 
futuro, por serem repositórios de espécies animais e vegetais 
em extinção acelerada noutras áreas do país, alguns dos 25 
parques nacionais do Brasil tiveram, na semana passada, 
a sua paisagem mutilada pelo fogo. A rigorosa estiagem que 
acompanha o inverno no CentroSul ressecou a vegetação 
e abriu caminho para que as chamas tragassem 6 dos 33 
quilômetros quadrados do Parque Nacional da Tijuca, pegado 
à cidade do Rio de Janeiro, e convertessem em carvão 10% dos 
300 quilômetros quadrados do Parque Nacional do Itatiaia, na 
divisa de Minas Gerais com o Estado do Rio.
Contido pelos bombeiros já no fim de semana, na 
Tijuca, e abafado por uma providencialchuva no ltatiaia, na 
quartafeira o fogo pipocou em outro extremo do país. Naquele 
dia, o incêndio começou no Parque da Serra da Capivara, no 
sertão do Piauí, calcinado há seis anos pela seca, e avançou 
pela caatinga, que esconde as pinturas rupestres inscritas 
na rocha, há pelo menos 31.500 anos, pelo homem brasileiro 
préhistórico. 
(Isto é, 221811984)
1. O autor justifica o fato de os ecologistas referiremse 
aos parques nacionais como “arcas de Noé para o futuro” da 
seguinte maneira:
a) Porque são áreas preservadas da caça e pesca 
indiscriminadas. 
b) Porque ocupam espaços administrativamente 
delimitados pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento 
Florestal. 
c) Porque espécies animais e vegetais que estão 
se extinguindo em outras regiões têm preservada sua 
sobrevivência nesses parques. 
Didatismo e Conhecimento 7
LÍNGUA PORTUGUESA
d) Porque nesses parques colecionamse casais de espécies 
animais e vegetais em extinção noutras áreas. 
e) Porque há agentes florestais incumbidos de zelar pelos 
animais e vegetais dos parques.
Resposta “C”.
2. A respeito dos incêndios referidos pelo autor, depreendese 
do texto que:
a) Embora tivessem ameaçado espécies animais e vegetais 
raras, apresentaram um lado positivo: aumentaram a 
produção de carvão. 
b) Foram provocados pela rigorosa estiagem do inverno, 
no CentroSul, e pela seca prolongada no sertão nordestino. 
c) Não foram combatidos com presteza e eficiência pelos 
bombeiros. 
d) Só foram debelados por providenciais chuvas que 
eventualmente vieram a cair sobre os parques. 
e) Destruíram parte da flora e fauna das reservas, 
desfigurando sua paisagem.
Resposta “E”
a) Errado. O texto não fala que a produção de carvão é positiva.
b) Errado. Segundo o texto, a estiagem “abriu caminho para 
que as chamas tragassem...”; de acordo com esta alternativa a 
estiagem provocou o incêndio. Abrir caminho não é provocar.
c) Errado. Se os bombeiros apagaram o fogo, pelo menos 
foram eficientes.
d) Errado.
e) Certo.
3. Depreendese que o autor do texto, em relação ao fato 
descrito, manifesta:
a) Descaso 
b) Hesitação 
c) Desesperança 
d) Pesar 
e) Indiferença
Resposta “D”. “paisagem mutilada pelo fogo”
4. Aponte a única conclusão que é estrita e licitamente 
deduzível do texto:
a) As chamas serviram para mostrar a precária situação 
dos parques brasileiros. 
b) Devem ser tomadas providências para dotar os parques 
de meios para se protegerem dos incêndios. 
c) Devem ser desencadeadas campanhas para conscientizar 
a população de como evitar incêndio nos parques. 
d) Parte da culpa dos incêndios cabe às autoridades 
responsáveis pelas reservas e parques. 
e) O incêndio no Parque da Serra da Capivara ameaçou 
valioso patrimônio histórico e antropológico.
Resposta “B”.
No comando deveria estar escrito “dedutível” (que se deduz) 
porque não existe a palavra “deduzível”.
a) Errado. Não se pode deduzir estrita e licitamente que se 
“alguns dos 25 parques” (o texto só fala em três deles) estão em 
situação difícil, todos estarão. Três não são vinte e cinco.
b) Certo. O que seria competência, por exemplo, dos 
legisladores. Os responsáveis pelos parques não são culpados de 
não terem condições.
c) Errado. O texto não culpa a população nem as autoridades 
responsáveis pelos parques e reservas.
d) Errado. O texto não culpa a população nem as autoridades 
responsáveis pelos parques e reservas.
e) Errado. Se as pinturas rupestres existem há pelo menos 
31.500 anos, certamente já resitiram a inúmeros incêndios, o que 
não justifica dizer que um incêndio constitua ameaça a elas.
MPU auxiliar Esaf: Para responder às questões de 5 a 9, leia 
o texto a seguir. 
Procurase uma explicação
Um mundo de mistérios se esconde por trás dos pequenos 
anúncios. Nunca pude avaliar, pelas suas fórmulas, quais as 
suas verdadeiras intenções. Fico a imaginar se o desespero 
de quem vende está na mesma proporção emocional de quem 
quer comprar. 
Objetos perdidos, quase sempre de estimação, documentos 
importantes, cachorrinhos desaparecidos, tudo na base do 
“gratificase bem”. Mas o que é gratificar bem, por exemplo, a 
uma pessoa que acha uma carteira com pouco dinheiro?
Acho que há um pouco de ironia e de deboche da parte 
de toda pessoa que põe um anúncio e muito boa vontade 
da parte de quem acha que ali está a sua oportunidade. Há 
vários anos que encontro promessas de Iugar de futuro” e acho 
incompreensível que esse futuro não chegue nunca, e que as 
vagas continuem sempre disponíveis. Ou as pessoas acabam 
por descobrir que o seu futuro está fora dali ou são outras 
firmas que estão se iniciando para oferecer novos futuros a 
futuros candidatos. Há uma certa ilusão de lado a lado: quem 
anuncia o futuro dos outros está pensando no seu presente e 
quem procura o seu futuro no presente de quem anuncia acaba 
é fazendo o futuro dos outros. 
Até que ponto é sincero um anúncio que procura moças de 
“boa aparência”, de 18 a 25 anos, com prática de datilografia e 
um mínimo de 150 batidas certas por minuto? É tão necessário 
que sejam todas as batidas certas?
E esses que vivem vendendo objetos, um de cada vez, “por 
motivo de viagem”? Será que o dinheirinho de um aparelho de 
televisão ou de uma máquina de costura ou de um gravador 
último tipo lhes pagará a passagem? Talvez a viagem seja 
consequência: depois de vender os objetos, o melhor será 
mesmo abandonar a cidade. 
E os técnicos? É impressionante como tem gente 
especializada anunciando sua especialidade. Mecânicos e 
eletricistas montam e desmontam qualquer aparelho em 
menos de cinco minutos, e no fim sempre nos entregam três 
ou quatro parafusos que não têm a menor utilidade. Penso na 
economia monstruosa que as fábricas fariam se, ao montarem 
seus aparelhos, houvessem contratado os técnicos do “atendese 
a domicílio”.
(Eliachar, Leon. O Homem ao Cubo. 
Rio deJaneiro: Francisco Alves S.A., 6ª ed., adoptado)
5. Ao falar de “pequenos anúncios”, o autor referese
a) Essencialmente aos que tratam de empregos. 
b) Especificamente aos que oferecem serviços. 
c) Exclusivamente aos que falam de objetos perdidos. 
d) Genericamente a vários tipos de anúncios. 
Didatismo e Conhecimento 8
LÍNGUA PORTUGUESA
e) Somente aos anúncios de compra e venda.
Resposta “D”. Objetos perdidos, lugar de futuro = emprego, 
técnicos = serviços (venda).
6. A expressão que não aparece nos anúncios que o autor 
menciona é:
a) “lugar de fututo” 
b) “gratifica-se bem” 
c) “procura-se uma explicação” 
d) “atende-se a domicílio”
e) “por motivo de viagem”
Resposta “C”.
7. Conforme o texto, os técnicos que anunciaram sua 
especialidade:
a) Trabalham com rapidez, mas não conseguem encaixar 
todas as peças de um aparelho.
b) Trabalham melhor que os das fábricas, resultando disto 
maior economia para as montadoras.
c) Entendem mais da montagem dos aparelhos que os 
técnicos das fábricas de eletrodomésticos.
d) Duvidam da competência dos mecânicos e eletricistas 
das grandes fábricas.
e) Pretendem conseguir uma contratação como mecânicos 
ou eletricistas em firmas conceituadas.
Resposta “A”
8. As “fórmulas” dos anúncios a que se refere o autor 
dizem respeito:
a) À especificação 
b) À quantidade
c) Ao argumento
d) Ao conteúdo
e) À correção
Resposta “C”. 
Nunca pude avaliar, pelas suas fórmulas (=pelo que argumental 
– “gratifica-se bem”, “lugar de futuro”, “por motivo de viagem”), 
quais as suas verdadeiras intenções (= o que realmente querem 
dizer).
9. Assinale a opção que expressa o significado da seguinte 
frase do texto: “... quem procura o seu futuro no presente de 
quem anuncia acaba é fazendo o futuro dos outros”.
a) Quem oferece melhoria de vida aos outros através de 
anúncios pretende melhorar a própria vida.
b) Aquele que pretende encontrar boas oportunidades nos 
anúncios proporciona lucros ao anunciante.
c) O anunciante projeta seus atuais objetivos nas 
pretensões dos leitores.
d) Quem busca o seu futuro no futuro dos outros prejudica 
irremediavelmente seu presente.
e) O anuncianteprocura melhorar a vida do leitor 
independentemente de suas intenções.
Resposta “B”.
Observe que a frase “... quem procura seu futuro no presente 
de quem anuncia acaba é fazendo o futuro dos outros” pode ser 
reduzida a “quem procura” ... faz “o futuro dos outros”, em que o 
sujeito “quem procura” é o leitor e os “outros” são os anunciantes.
A única alternativa que põe na ordem certa de importância do 
texto “leitor – anunciante” é a letra b. Compare: letra a) anunciante 
– anunciante; c) anunciante – leitor; d) leitor – leitor; e) anunciante 
– leitor.
MPU – nível técnico – MF: Leia o trecho abaixo para 
responder às questões de 10 a 14
A rigor, se cometêssemos para com a publicidade o 
ingênuo extremismo de acreditar plenamente no seu discurso, 
teríamos à nossa frente a mais desvairada das utopias. A sua 
eficiência, elevada ao absurdo, consistiria em fazer com que 
o consumidor, ao consumir um produto, incorporasse à sua 
percepção sensorial um deleite Sublime, um estado nirvânico, 
um gozo celetial.
A se ressalvar e a se ressaltar, porém, a defasagem entre a 
promessa publicitária e o real preenchimento proporcionado 
pelos bens de consumo, conclui-se tristemente que o saldo é 
bastante negativo: a felicidade prometida é muito fugaz e o 
retorno ao abismo da lacuna primordial – da consciência da 
finitude – é ainda maior, uma vez que a busca do sublime 
esteve exacerbada por estímulos fantasiosos. Cada vez que 
o paraíso é prometido, represemase (ritualizase) o drama do 
retorno. Cada vez que esse retorno é frustrado, dramatizase, 
outra vez, o mito da queda.
A promessa de preenchimento dá lugar ao vazio. 
Existência e angústia retornam à sua condição de paralelismo. 
Compreendese então o quanto a retórica publicitária era 
irreal, sublimadora. E uma leitura literalizante desse discurso 
delirante colocase de imediato lidando com uma elaboração 
profundamente onírica. Literalmente, a publicidade é uma 
fábrica de sonhos. 
(Extraído de A promessa do paraíso já, Luís Martins, 
Humanidades, 
Ano IV, 1987/88, nº15, p. 110/111)
10. O tema central do fragmento acima é:
a) A publicidade desequilibra a relação de forças existente 
entre a demanda e a oferta de bens de consumo. 
b) Dramatizar o mito da queda é o objetivo perseguido 
pela retórica publicitária. 
c) Há uma similaridade estrutural entre a elaboração 
publicitária e a elaboração onírica.
d) Os comerciais veiculados pelos meios de comunicação 
cumprem o papel de informar o consumidor em potencial 
sobre as reais qualidades dos produtos. 
e) Ao adquirir bens de consumo, o consumidor sublima 
suas carências afetivas num estado de deleite sublime.
Resposta “C”.
Reler as quatro últimas linhas do texto (onírico = de sonho).
11. À leitura literal da retórica publicitária associamse 
vários termos no texto, exceto:
a) Deleite sublime 
b) Estado nirvânico 
c) Gozo celestial 
d) Consciência da finitude 
e) Estímulos fantasiosos
Resposta “D”.
É a única alternativa de significado negativo. A publicidade, 
no texto, só busca ressaltar o lado positivo.
Didatismo e Conhecimento 9
LÍNGUA PORTUGUESA
12. Uma leitura errada do texto levaria a afirmar que:
a) Interpretar literalmente o discurso publicitário é uma 
atitude ingênua. 
b) A publicidade elabora um cenário onírico para os 
objetos da sociedade industrial. 
c) O discurso publicitário é formulado com mensagens que 
se sustentam no princípio do prazer. 
d) A felicidade prometida nas propagandas dá ao homem 
a consciência de sua finitude. 
e) Está incorporado à publicidade o componente mítico de 
retorno ao paraíso
Resposta “D”.
A “consciência de finitude” acontece só depois que a ilusão 
despertada pela publicidade acaba. A felicidade prometida nas 
propagandas dá ao homem a ilusão.
13. “Drama do retorno” e “mito da queda”, no texto, 
referemse a:
a) Elaboração da primeira versão da publicidade e sua 
recusa pelo cliente que a encomendou. 
b) Retorno dos comerciais aos meios de comunicação 
devido à queda do faturamento das empresas. 
c) Promessas fantasiosas contidas nos anúncios e decepção 
do consumidor por não vêlas realizadas ao adquirir o produto. 
d) Estado nirvânico do publicitário no momento de 
criação da propaganda e posterior decepção ao vêlo rejeitado 
pelo diretor de marketing.
e) Mitos de povos primitivos a respeito das concepções de 
Paraíso e Inferno.
Resposta “C”.
Por exclusão, chega-se a esta resposta, porém, como o 
comando se refere a “Drama do retorno” e “mito da queda”, a 
alternativa melhor seria: “decepção do consumidor por não ver 
realizadas as promessas da propaganda”.
14. Assinale a letra que contém o enunciado falso.
a) Colocadas em sequência, as expressões “a se ressalvar” 
e “a se resaltar” são equivalentes quanto ao conteúdo.
b) O segmento - da consciência da finitude – explica a 
expressão lacuna primordial.
c) O termo “(ritualiza-se)” especifica o sentido de 
“representa-se”.
d) As expressões “deleite sublime”, “estado nirvânico”, 
“gozo celestial”, colocadas em sequência, reiteram a mesma 
ideia.
e) Em “sua eficiência”, o possessivo refere-se à eficiência 
da publicidade.
Resposta “A”.
Ressalvar = corrigir, prevenir com ressalva, excetuar... 
Ressaltar = destacar, sobressair, dar relevo...
(TJ-SP) Oficial de Justiça
Leia a charge para responder às questões de números 15 
e 16.
15. Considerando-se o contexto apresentado na charge, é 
correto afirmar que: 
a) se mostra a tecnologia estendida a todos os grupos 
da sociedade, que a utilizam bem, já que os usuários não 
subestimam seu potencial.
b) se define o avanço tecnológico do país levando em 
consideração, principalmente, a política pública para o acesso 
a esse tipo de bem.
c) se estabelece uma relação paradoxal entre os avanços 
obtidos na área tecnológica e as condições de vida a que está 
sujeita expressiva parcela da população.
d) se pode entender como positiva a nova relação do 
homem com as máquinas, já que elas tiram expressiva parcela 
da população de condições aviltantes de vida.
e) se veem a criticidade e o bom senso de grande parte da 
população menos favorecida para o uso adequado das novas 
tecnologias no cotidiano.
Resposta “C”.
Sim, a charge ilustra o paradoxo (a contradição) que há na 
implementação de programas de inclusão digital em um país com 
elevado número de pessoas excluídas socialmente (privação, 
falta de recursos ou, de uma forma mais abrangente, ausência 
de cidadania, se, por esta, se entender a participação plena na 
sociedade, aos diferentes níveis em que esta se organiza e se 
exprime: ambiental, cultural, econômico, político e social). 
16. Levando-se em consideração a situação em que as 
personagens se encontram, é correto afirmar que a fala 
proferida por uma delas se marca pelo(a)
a) entusiasmo.
b) displicência.
c) mau humor.
d) ironia.
e) redundância.
Resposta “D”. 
A fala é irônica (instrumento de literatura que consiste em 
dizer o contrário daquilo que se pensa, deixando entender uma 
distância intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que 
realmente pensamos. Na Literatura, a ironia é a arte de gozar com 
Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA
alguém ou de alguma coisa, com vista a obter uma reação do leitor, 
ouvinte ou interlocutor. Ela pode ser utilizada, entre outras formas, 
com o objetivo de denunciar, de criticar ou de censurar algo. Para 
tal, o locutor descreve a realidade com termos aparentemente 
valorizantes, mas com a finalidade de desvalorizar. A ironia 
convida o leitor ou o ouvinte, a ser ativo durante a leitura, para 
refletir sobre o tema e escolher uma determinada posição), pois 
demonstra que o programa de inclusão digital não atinge seus reais 
objetivos entre aqueles que ainda precisam de inclusão social: 
às pessoas sem moradia, mais vale o computador como material 
combustível que conectado à rede.
As questões de números 17 a 20 baseiam-se no texto.
ONU pede ampliação de programas sociais do Brasil SÃO 
PAULO – Os programas adotados no governo federal ainda 
não são suficientespara lidar com problemas de desigualdade, 
reforma agrária, moradia, educação e trabalho escravo, 
informou ontem a Organização das Nações Unidas (ONU). 
Comitê da entidade pelos direitos econômicos e sociais pede 
uma revisão do Bolsa-Família, uma maior eficiência do 
programa e sua “universalização”. Por fim, constata: a cultura 
da violência e da impunidade reina no País.
A ONU sugere que o Brasil amplie o Bolsa-Família 
para camadas da população que não recebem os benefícios, 
incluindo os indígenas. E cobra a “revisão” dos mecanismos de 
acompanhamento do programa para garantir acesso de todas 
as famílias pobres, aumentando ainda a renda distribuída.
Há duas semanas, o comitê sabatinou membros do 
governo em Genebra, na Suíça. O documento com as 
sugestões é resultado da avaliação dos peritos do comitê que 
inclui o exame de dados passados pelo governo e por cinco 
relatórios alternativos apresentados por organizações não-
governamentais (ONGs).
Os peritos reconhecem os avanços no combate à pobreza, 
mas insistem que a injustiça social prevalece. Um dos pontos 
considerados como críticos é a diferença de expectativa de 
vida e de pobreza entre brancos e negros. A sugestão da ONU 
é que o governo tome medidas “mais focadas”. Na visão do 
órgão, a exclusão é decorrente da alta proporção de pessoas 
sem qualquer forma de segurança social, muitos por estarem 
no setor informal da economia.
(www.estadao.com.br/nacional/not_nac377078,0.htm. 
26.05.2009. Adaptado)
17. O texto do Estadão
a) harmoniza-se com a charge, já que o relatório 
apresentado pela ONU aponta a existência da injustiça social 
no país.
b) não mantém uma relação temática com a charge, pois 
enfoca a necessidade de revisão dos programas sociais.
c) trata do mesmo assunto apresentado na charge, 
mostrando a superação dos problemas sociais mais graves e 
urgentes.
d) ajusta-se à ideia expressa na charge de que os avanços 
tecnológicos trouxeram inúmeros benefícios aos menos 
favorecidos.
e) discute a questão dos direitos econômicos e sociais, o 
que o distancia do assunto da charge, ou seja, a exclusão social.
Resposta “A”.
Na verdade, Injustiça Social nada mais é do que o fato de existir 
na sociedade situações que favoreçam apenas uma porcentagem 
(geralmente menor) da população enquanto outra parte fica sem 
acesso aos meios, essenciais ou não, para o homem. Assim como 
a notícia veiculada no Estadão, a charge trata da injustiça social 
no país, ao anunciar que a exclusão social atinge 28 mil famílias.
18. De acordo com o texto, em relação aos programas 
adotados no governo federal para lidar com os problemas 
sociais, a ONU deixa evidente que eles
a) se mostram arrojados.
b) devem ser ampliados.
c) não precisarão de melhorias.
d) extinguiram as desigualdades.
e) combatem eficazmente a pobreza.
Resposta “B”.
O período que torna essa alternativa verdadeira é: “A ONU 
sugere que o Brasil amplie o Bolsa-Família para camadas da 
população que não recebem os benefícios, incluindo os indígenas. 
E cobra a ‘revisão’ dos mecanismos de acompanhamento do 
programa para garantir acesso de todas as famílias pobres, 
aumentando ainda a renda distribuída.”
19. No 1.º parágrafo do texto, o termo universalização 
aparece grafado entre aspas. Isso ocorre porque se pretende 
enfatizar que o benefício deve
a) atingir a todas as pessoas que o solicitem, 
independentemente de classe social.
b) ser proporcionado a um contingente de pessoas que está 
fora da pobreza.
c) estar na mira de pessoas incautas, que dele se beneficiam 
sem terem direito.
d) ser, paulatinamente, oferecido a um número menor de 
pessoas dentro e fora do país.
e) estender-se a todas as famílias pobres e a camadas da 
população excluídas de recebê-lo.
Resposta “E”.
O sentido real (denotativo) da palavra universalização é a 
superação dos limites sociais, econômicos e mercantilistas que 
existem hoje em todos os serviços que ainda são públicos e estatais. 
A universalização é a superação das relações patrimonialistas que 
determinaram e determinam os aparelhos do Estado que ainda 
possuem propriedade estatal e a absoluta garantia de acesso e 
atendimento aos serviços públicos. Portanto, não é para atender 
todos os excluídos ou mesmo todos os explorados, mas sim para 
atender a todos que queiram ou precisem dos serviços públicos. 
E, para isso, os serviços devem ser construídos, planejados e 
administrados, fato que exige uma absoluta revolução no modelo 
de administração pública no Brasil. Mas as aspas estão dando outro 
significado para a palavra “universalização”, está restringindo 
o seu significado somente às famílias pobres e a camadas da 
população excluídas.
20. Com a frase – A sugestão da ONU é que o governo tome 
medidas “mais focadas”. – entende-se que as medidas devem 
ser
a) diluídas.
b) controladas.
c) direcionadas.
d) competentes.
e) amplas.
Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA PORTUGUESA
Resposta “C”.
“Focar” significa “pôr em evidência”, “tomar por foco”. Por 
isso, “medidas focadas” são medidas “direcionadas” (a um foco).
SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS.
Quanto à significação, as palavras são divididas nas seguintes 
categorias:
Sinônimos: são palavras de sentido igual ou aproximado. 
Exemplo:
- Alfabeto, abecedário.
- Brado, grito, clamor.
- Extinguir, apagar, abolir, suprimir.
- Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial.
Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo 
pelo outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os sinônimos 
diferenciam-se, entretanto, uns dos outros, por matizes de 
significação e certas propriedades que o escritor não pode 
desconhecer. Com efeito, estes têm sentido mais amplo, aqueles, 
mais restrito (animal e quadrúpede); uns são próprios da fala 
corrente, desataviada, vulgar, outros, ao invés, pertencem à esfera 
da linguagem culta, literária, científica ou poética (orador e tribuno, 
oculista e oftalmologista, cinzento e cinéreo).
A contribuição Greco-latina é responsável pela existência, em 
nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. Exemplos:
- Adversário e antagonista.
- Translúcido e diáfano.
- Semicírculo e hemiciclo.
- Contraveneno e antídoto.
- Moral e ética.
- Colóquio e diálogo.
- Transformação e metamorfose.
- Oposição e antítese.
O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinonímia, 
palavra que também designa o emprego de sinônimos.
Antônimos: são palavras de significação oposta. Exemplos:
- Ordem e anarquia.
- Soberba e humildade.
- Louvar e censurar.
- Mal e bem.
A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido oposto 
ou negativo. Exemplos: Bendizer/maldizer, simpático/antipático, 
progredir/regredir, concórdia/discórdia, explícito/implícito, ativo/
inativo, esperar/desesperar, comunista/anticomunista, simétrico/
assimétrico, pré-nupcial/pós-nupcial.
Homônimos: são palavras que têm a mesma pronúncia, e às 
vezes a mesma grafia, mas significação diferente. Exemplos:
- São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo).
- Aço (substantivo) e asso (verbo).
Só o contexto é que determina a significação dos homônimos. A 
homonímia pode ser causa de ambiguidade, por isso é considerada 
uma deficiência dos idiomas.
O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto fônico 
(som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em:
Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes no 
timbre ou na intensidade das vogais.
- Rego (substantivo) e rego (verbo).
- Colher (verbo) e colher (substantivo).
- Jogo (substantivo) e jogo (verbo).
- Apoio (verbo) e apoio (substantivo).
- Para (verbo parar) e para (preposição).
- Providência (substantivo) e providencia (verbo).
- Às (substantivo), às (contração) e as (artigo).
- Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de per+o).
Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e diferentes 
na escrita.
- Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir).
- Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar).
- Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de con-
sertar).
- Cegar (tornar cego) e segar (cortar,ceifar).
- Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (acelerar).
- Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar).
- Censo (recenseamento) e senso (juízo).
- Cerrar (fechar) e serrar (cortar).
- Paço (palácio) e passo (andar).
- Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo).
- Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar = 
anular).
- Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão 
(tempo de uma reunião ou espetáculo).
Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pronúncia.
- Caminhada (substantivo), caminhada (verbo).
- Cedo (verbo), cedo (advérbio).
- Somem (verbo somar), somem (verbo sumir).
- Livre (adjetivo), livre (verbo livrar).
- Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
- Alude (avalancha), alude (verbo aludir).
Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na pronúncia: 
Coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente, tetânico e 
titânico, atoar e atuar, degradar e degredar, cético e séptico, 
prescrever e proscrever, descrição e discrição, infligir (aplicar) e 
infringir (transgredir), osso e ouço, sede (vontade de beber) e cede 
(verbo ceder), comprimento e cumprimento, deferir (conceder, 
dar deferimento) e diferir (ser diferente, divergir, adiar), ratificar 
(confirmar) e retificar (tornar reto, corrigir), vultoso (volumoso, 
muito grande: soma vultosa) e vultuoso (congestionado: rosto 
vultuoso).
Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma significação. 
A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos:
- Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as plan-
tas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de gado.
- Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; dó.
- Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo ao véu 
do palato.
Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA PORTUGUESA
Podemos citar ainda, como exemplos de palavras polissêmicas, 
o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que têm dezenas de 
acepções.
Sentido Próprio e Sentido Figurado: as palavras podem ser 
empregadas no sentido próprio ou no sentido figurado. Exemplos:
- Construí um muro de pedra. (sentido próprio).
- Ênio tem um coração de pedra. (sentido figurado).
- As águas pingavam da torneira, (sentido próprio).
- As horas iam pingando lentamente, (sentido figurado).
Denotação e Conotação: Observe as palavras em destaque 
nos seguintes exemplos:
- Comprei uma correntinha de ouro.
- Fulano nadava em ouro.
No primeiro exemplo, a palavra ouro denota ou designa 
simplesmente o conhecido metal precioso, tem sentido próprio, 
real, denotativo.
No segundo exemplo, ouro sugere ou evoca riquezas, poder, 
glória, luxo, ostentação; tem o sentido conotativo, possui várias 
conotações (ideias associadas, sentimentos, evocações que 
irradiam da palavra).
Quanto mais uma pessoa se distanciar da escrita padrão, mais 
dificuldade terá de se lembrar da pronúncia correta das palavras. 
A boa notícia é que muitos estão conscientes disso e querem 
melhorar.
- A meu ver tudo parece caminhar satisfatoriamente. (não: ao 
meu ver)
- O avião aterrissou no horário previsto. (não: aterrizou)
- Devo ir ao cabeleireiro ainda esta semana. (não: cabelereiro)
- O condor vive em regiões montanhosas. (não: côndor)
- Já é hora de o candidato dizer a verdade. (não: do candidato; 
o sujeito jamais é preposicionado)
- O trem, na Rússia, descarrilou mais uma vez. (não: 
descarrilhou)
- Fiquei com muito dó daquele jogador. (não: muita dó)
- Nunca encontrava empecilhos no caminho. (não: impecilho)
- O cigarro provoca o enfisema pulmonar. (não: efisema)
- Por favor, não deixe a garagem aberta. (não garage)
- Vamos galera! O “show” é gratuito. (não: gratuíto)
- Naquele ínterim, ela refletiu sabiamente. (não: interim)
- É um sujeito muito irrequieto. (não: irriquieto)
- O látex desta confecção é de primeira qualidade. (não: latex)
- A maisena parece que está vencida. (não: Maizena; marca 
comercial)
- Meu irmão é menor de idade. (não: de menor)
- Ela prefere mortadela a queijo. (não: mortandela)
- Elas aceitaram prazerosamente minha contribuição. (não: 
prazeirosamente)
- Mereceu ganhar o prêmio Nobel de Literatura. (não: Nóbel)
- Foi um privilégio conhecê-la. (não: previlégio)
- Todos reivindicam melhores oportunidades. (não: 
reinvindicar)
- O Brasil bateu recorde outra vez. (não: récorde)
- Repetiu o ano porque não estudou o suficiente. (não: de ano)
- Não se esqueça de colocar sua rubrica. (não: rúbrica)
- Meu tempero está ruim. (não: rúim)
- Em face (ou ante a) da confusão reinante, a direção do 
presídio proibiu as visitas. (não: em face a)
- Fez que (fingir) não ouviu a advertência. (não: fez com que)
- Somos quatro, lá em casa. (não: somos em)
- Ficamos em pé / de pé o tempo todo. (ambas formas corretas)
- Esta roupa não tem nada a ver com você. (não: haver) nada 
há ver = nada a receber
- A princípio tudo parecia real. (= no começo) (não: em 
princípio)
- Em princípio, sua proposta nos interessa. (em tese) (não: a 
princípio)
- A persistirem os sintomas, procure um médico. (se 
persistirem, equivale a uma condição)
- Ao persistirem os sintomas, procure um médico. (quando 
persistirem, equivale a tempo)
- Depois de vencidos os obstáculos, ele voltava vitorioso. 
(inadequado)
- Depois de superados os obstáculos, ele voltava vitorioso. 
(obstáculos não se vencem; superam-se)
Exercícios
01. Estava ....... a ....... da guerra, pois os homens ....... nos 
erros do passado.
a) eminente, deflagração, incidiram
b) iminente, deflagração, reincidiram
c) eminente, conflagração, reincidiram
d) preste, conflaglação, incidiram
e) prestes, flagração, recindiram
02. “Durante a ........ solene era ........ o desinteresse do 
mestre diante da ....... demonstrada pelo político”.
a) seção - fragrante - incipiência
b) sessão - flagrante - insipiência
c) sessão - fragrante - incipiência
d) cessão - flagrante - incipiência
e) seção - flagrante - insipiência
03. Na ..... plenária estudou-se a ..... de direitos territoriais 
a ..... .
a) sessão - cessão - estrangeiros
b) seção - cessão - estrangeiros
c) secção - sessão - extrangeiros
d) sessão - seção - estrangeiros
e) seção - sessão - estrangeiros
04. Há uma alternativa errada. Assinale-a:
a) A eminente autoridade acaba de concluir uma viagem política.
b) A catástrofe torna-se iminente.
c) Sua ascensão foi rápida.
d) Ascenderam o fogo rapidamente.
e) Reacendeu o fogo do entusiasmo.
05. Há uma alternativa errada. Assinale-a:
a) cozer = cozinhar; coser = costurar
b) imigrar = sair do país; emigrar = entrar no país
c) comprimento = medida; cumprimento = saudação
d) consertar = arrumar; concertar = harmonizar
e) chácara = sítio; xácara = verso
Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA PORTUGUESA
06. Assinale o item em que a palavra destacada está 
incorretamente aplicada:
a) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.
b) A justiça infligiu a pena merecida aos desordeiros.
c) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.
d) Devemos ser fiéis ao cumprimento do dever.
e) A cessão de terras compete ao Estado.
07. O ...... do prefeito foi ..... ontem.
a) mandado - caçado
b) mandato - cassado
c) mandato - caçado
d) mandado - casçado
e) mandado - cassado
08. Marque a alternativa cujas palavras preenchem 
corretamente as respectivas lacunas, na frase seguinte: 
“Necessitando ...... o número do cartão do PIS, ...... a data de meu 
nascimento.”
a) ratificar, proscrevi
b) prescrever, discriminei 
c) descriminar, retifiquei
d) proscrever, prescrevi
e) retificar, ratifiquei
09. “A ......... científica do povo levou-o a .... de feiticeiros os 
..... em astronomia.”
a) insipiência tachar expertos
b) insipiência taxar expertos
c) incipiência taxar espertos
d) incipiência tachar espertos
e) insipiência taxar espertos
10. Na oração: Em sua vida, nunca teve muito ......, 
apresentava-se sempre ...... no ..... de tarefas ...... . As palavras 
adequadas para preenchimento das lacunas são:
a) censo - lasso - cumprimento - eminentes
b) senso - lasso - cumprimento - iminentes
c) senso - laço - comprimento- iminentes
d) senso - laço - cumprimento - eminentes
e) censo - lasso - comprimento - iminentes
Respostas
(01.B)(02.B)(03.A)(04.D)(05.B)(06.C)(07.B)
(08.E)(09.A)(10.B)
SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO 
DAS PALAVRAS.
Apreensão e Compreensão do Texto e Sentido
Quando Lula disse a Collor no primeiro debate do segundo 
turno das eleições presidenciais de 1989: “Eu sabia que você era 
collorido por fora, mas caiado por dentro.”
Os brasileiros colocaram essa frase no âmbito dos “discursos 
da campanha presidencial” e entenderam não “Você tem cores 
fora, mas é revestido de cal por dentro”, mas “Você apresenta um 
discurso moderno e de centro-esquerda, mas é um reacionário”.
Observe que há duas operações diferentes no entendimento 
do texto. A primeira é a apreensão, que é a captação das relações 
que cada parte mantém com as outras no interior do texto. No 
entanto, ela não é suficiente para entender o sentido integral. Uma 
pessoa que conhecesse todas as palavras da frase acima, mas não 
conhecesse o universo dos discursos da campanha presidencial, 
não entenderia o significado da frase. Por isso, é preciso colocar o 
texto dentro do universo discursivo a que ele pertence e no interior 
do qual ganha sentido. Alguns teóricos chamam “conhecimento 
de mundo” ao universo discursivo. Na frase acima, collorido 
e caiado não pertencem ao universo da pintura, mas da vida 
política: a primeira palavra refere-se a Collor e ao modo como ele 
se apresentava, um político moderno e inovador; a segunda diz 
respeito a Ronaldo Caiado, político conservador que o apoiava. A 
essa operação chamamos compreensão.
Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto
Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de 
leitura: informativa e de reconhecimento.
A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro 
contato com o texto, extraindo-se informações e se preparando 
para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife palavras-
chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra à ideia 
central de cada parágrafo.
A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas 
e opções de respostas. Marque palavras como não, exceto, 
respectivamente, etc., pois fazem diferença na escolha adequada.
Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia 
a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global proposto 
pelo autor.
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias 
seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela 
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão 
do texto.
A alusão histórica serve para dividir o texto em pontos 
menores, tendo em vista os diversos enfoques. Convencionalmente, 
o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um 
espaçamento da margem esquerda.
Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, 
ou seja, a ideia central extraída de maneira clara e resumida.
Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, 
asseguramos um caminho que nos levará à compreensão do texto.
Produzir um texto é semelhante à arte de produzir um tecido. 
O fio deve ser trabalhado com muito cuidado para que o trabalho 
não se perca. O mesmo acontece com o texto. O ato de escrever 
toma de empréstimo uma série de palavras e expressões amarrando, 
conectando uma palavra uma oração, uma ideia à outra. O texto 
precisa ser coeso e coerente.
Coesão
É a amarração entre as várias partes do texto. Os principais 
elementos de coesão são os conectivos, vocábulos gramaticais, que 
estabelecem conexão entre palavras ou partes de uma frase. O texto 
deve ser organizado por nexos adequados, com sequência de ideias 
encadeadas logicamente, evitando frases e períodos desconexos. 
Para perceber a falta de coesão, a melhor atitude é ler atentamente 
o seu texto, procurando estabelecer as possíveis relações entre 
palavras que formam a oração e as orações que formam o período 
e, finalmente, entre os vários períodos que formam o texto. Um 
texto bem trabalhado sintática e semanticamente resultam num 
texto coeso.
Didatismo e Conhecimento 14
LÍNGUA PORTUGUESA
Coerência
A coerência está diretamente ligada à possibilidade de 
estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com 
que o texto faça sentido para quem lê, devendo, portanto, ser 
entendida, interpretada. Na avaliação da coerência será levada em 
conta o tipo de texto. Em um texto dissertativo, será avaliada a 
capacidade de relacionar os argumentos e de organizá-los de forma 
a extrair deles conclusões apropriadas; num texto narrativo, será 
avaliada sua capacidade de construir personagens e de relacionar 
ações e motivações.
Tipos de Composição 
Descrição: é representar verbalmente um objeto, uma pessoa, 
um lugar, mediante a indicação de aspectos característicos, de 
pormenores individualizantes. Requer observação cuidadosa, para 
tornar aquilo que vai ser descrito um modelo inconfundível. Não 
se trata de enumerar uma série de elementos, mas de captar os 
traços capazes de transmitir uma impressão autêntica. Descrever é 
mais que apontar, é muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por 
isso, impõe-se o uso de palavras específicas, exatas. 
Narração: é um relato organizado de acontecimentos reais 
ou imaginários. São seus elementos constitutivos: personagens, 
circunstâncias, ação; o seu núcleo é o incidente, o episódio, e o 
que a distingue da descrição é a presença de personagens atuantes, 
que estão quase sempre em conflito. A narração envolve:
- Quem? Personagem;
- Quê? Fatos, enredo;
- Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos;
- Onde? O lugar da ocorrência;
- Como? O modo como se desenvolveram os acontecimentos;
- Por quê? A causa dos acontecimentos; 
Dissertação: é apresentar ideias, analisá-las, é estabelecer 
um ponto de vista baseado em argumentos lógicos; é estabelecer 
relações de causa e efeito. Aqui não basta expor, narrar ou 
descrever, é necessário explanar e explicar. O raciocínio é que deve 
imperar neste tipo de composição, e quanto maior a fundamentação 
argumentativa, mais brilhante será o desempenho.
Sentidos Próprio e Figurado
Comumente afirma-se que certas ocorrências de discurso têm 
sentido próprio e sentido figurado. Geralmente os exemplos de tais 
ocorrências são metáforas. Assim, em “Maria é uma flor” diz-se 
que “flor” tem um sentido próprio e um sentido figurado. O sentido 
próprio é o mesmo do enunciado: “parte do vegetal que gera a 
semente”. O sentido figurado é o mesmo de “Maria, mulher bela, 
etc.” O sentido próprio, na acepção tradicional não é próprio ao 
contexto, mas ao termo. 
O sentido tradicionalmente dito próprio sempre corresponde 
ao que definimos aqui como sentido imediato do enunciado. Além 
disso, alguns autores o julgam como sendo o sentido preferencial, 
o que comumente ocorre, mas nem sempre. 
O sentido dito figurado é o do enunciado que substitui a 
metáfora, e que em leitura imediata leva à mesma mensagem que 
se obtém pela decifração da metáfora. 
O conceito de sentido próprio nasce do mito da existência 
da leitura ingênua, que ocorre esporadicamente, é verdade, mas 
nunca mais que esporadicamente. 
Não há muito o que criticar na adoção dos conceitos de 
sentido próprio e sentido figurado, pois ela abre um caminho de 
abordagem do fenômeno da metáfora. O que é passível de crítica 
é a atribuição de status diferenciado para cada uma das categorias. 
Tradicionalmente o sentido próprio carrega uma conotação de 
sentido “natural”, sentido “primeiro”. 
Invertendo a perspectiva, com os mesmos argumentos, 
poderíamos afirmar que “natural”, “primeiro” é o sentido figurado, 
afinal, é o sentido figurado que possibilita a correta interpretação 
do enunciado e não o sentido próprio. Se o sentido figurado é o 
“verdadeiro” para o enunciado, por que não chamá-lo de “natural”, 
“primeiro”? 
Pela lógica da Retórica tradicional, essa inversão de perspectiva 
não é possível, pois o sentido figurado está impregnado de uma 
conotação desfavorável. O sentido figurado é visto comoanormal 
e o sentido próprio, não. Ele carrega uma conotação positiva, logo, 
é natural, primeiro. 
A Retórica tradicional é impregnada de moralismo e 
estetização e até a geração de categorias se ressente disso. Essa 
tendência para atribuir status às categorias é uma constante 
do pensamento antigo, cuja índole era hierarquizante, sempre 
buscando uma estrutura piramidal para o conhecimento, o que se 
estende até hoje em algumas teorias modernas. 
Ainda hoje, apesar da imparcialidade típica e necessária 
ao conhecimento científico, vemos conotações de valor sendo 
atribuídas a categorias retóricas a partir de considerações 
totalmente externas a ela. Um exemplo: o retórico que tenha para si 
a convicção de que a qualidade de qualquer discurso se fundamenta 
na sua novidade, originalidade, imprevisibilidade, tenderá a 
descrever os recursos retóricos como “desvios da normalidade”, 
pois o que lhe interessa é pôr esses recursos retóricos a serviço de 
sua concepção estética.
Sentido Imediato
Sentido imediato é o que resulta de uma leitura imediata que, 
com certa reserva, poderia ser chamada de leitura ingênua ou 
leitura de máquina de ler.
Uma leitura imediata é aquela em que se supõe a existência de 
uma série de premissas que restringem a decodificação tais como:
- As frases seguem modelos completos de oração da língua.
- O discurso é lógico.
- Se a forma usada no discurso é a mesma usada para 
estabelecer identidades lógicas ou atribuições, então, tem-se, 
respectivamente, identidade lógica e atribuição.
- Os significados são os encontrados no dicionário.
- Existe concordância entre termos sintáticos.
- Abstrai-se a conotação.
- Supõe-se que não há anomalias linguísticas.
- Abstrai-se o gestual, o entoativo e editorial enquanto 
modificadores do código linguístico.
- Supõe-se pertinência ao contexto.
- Abstrai-se iconias.
- Abstrai-se alegorias, ironias, paráfrases, trocadilhos, etc.
- Não se concebe a existência de locuções e frases feitas.
- Supõe-se que o uso do discurso é comunicativo. Abstrai-se o 
uso expressivo, cerimonial.
Didatismo e Conhecimento 15
LÍNGUA PORTUGUESA
Admitindo essas premissas, o discurso será indecifrável, 
ininteligível ou compreendido parcialmente toda vez que nele 
surgirem elipses, metáforas, metonímias, oxímoros, ironias, 
alegorias, anomalias, etc. Também passam despercebidas as 
conotações, as iconias, os modificadores gestuais, entoativos, 
editoriais, etc.
Na verdade, não existe o leitor absolutamente ingênuo, que se 
comporte como uma máquina de ler, o que faz do conceito de leitura 
imediata apenas um pressuposto metodológico. O que existe são 
ocorrências eventuais que se aproximam de uma leitura imediata, 
como quando alguém toma o sentido literal pelo figurado, quando 
não capta uma ironia ou fica perplexo diante de um oxímoro.
Há quem chame o discurso que admite leitura imediata de 
grau zero da escritura, identificando-a como uma forma mais 
primitiva de expressão. Esse grau zero não tem realidade, é apenas 
um pressuposto. Os recursos de Retórica são anteriores a ele.
Sentido Preferencial
Para compreender o sentido preferencial é preciso conceber 
o enunciado descontextualizado ou em contexto de dicionário. 
Quando um enunciado é realizado em contexto muito rarefeito, 
como é o contexto em que se encontra uma palavra no dicionário, 
dizemos que ela está descontextualizada. Nesta situação, o 
sentido preferencial é o que, na média, primeiro se impõe para 
o enunciado. Óbvio, o sentido que primeiro se impõe para um 
receptor pode não ser o mesmo para outro. Por isso a definição 
tem de considerar o resultado médio, o que não impede que pela 
necessidade momentânea consideremos o significado preferencial 
para dado indivíduo.
Algumas regularidades podem ser observadas nos significados 
preferenciais. Por exemplo: o sentido preferencial da palavra porco 
costuma ser: “animal criado em granja para abate”, e nunca o de 
“indivíduo sem higiene”. Em outras palavras, geralmente o sentido 
que admite leitura imediata se impõe sobre o que teve origem em 
processos metafóricos, alegóricos, metonímicos. Mas esta regra não 
é geral. Vejamos o seguinte exemplo: “Um caminhão de cimento”. 
O sentido preferencial para a frase dada é o mesmo de “caminhão 
carregado com cimento” e não o de “caminhão construído com 
cimento”. Neste caso o sentido preferencial é o metonímico, o que 
contrapõe a tese que diz que o sentido “figurado” não é o “primeiro 
significado da palavra”. Também é comum o sentido mais usado se 
impor sobre o menos usado.
Para certos termos é difícil estabelecer o sentido preferencial. 
Um exemplo: Qual o sentido preferencial de manga? O de fruto 
ou de uma parte da roupa?
PONTUAÇÃO.
Os sinais de pontuação são sinais gráficos empregados na 
língua escrita para tentar recuperar recursos específicos da língua 
falada, tais como: entonação, jogo de silêncio, pausas, etc.
Ponto ( . ) 
- indicar o final de uma frase declarativa: Lembro-me muito 
bem dele.
- separar períodos entre si: Fica comigo. Não vá embora.
- nas abreviaturas: Av.; V. Ex.ª
Vírgula ( , ): É usada para marcar uma pausa do enunciado 
com a finalidade de nos indicar que os termos por ela separados, 
apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam 
uma unidade sintática: Lúcia, esposa de João, foi a ganhadora 
única da Sena.
Podemos concluir que, quando há uma relação sintática entre 
termos da oração, não se pode separá-los por meio de vírgula. Não 
se separam por vírgula:
- predicado de sujeito;
- objeto de verbo;
- adjunto adnominal de nome;
- complemento nominal de nome;
- predicativo do objeto do objeto;
- oração principal da subordinada substantiva (desde que esta 
não seja apositiva nem apareça na ordem inversa).
A vírgula no interior da oração
É utilizada nas seguintes situações:
- separar o vocativo: Maria, traga-me uma xícara de café; A 
educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país.
- separar alguns apostos: Valdete, minha antiga empregada, 
esteve aqui ontem.
- separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado: 
Chegando de viagem, procurarei por você; As pessoas, muitas 
vezes, são falsas.
- separar elementos de uma enumeração: Precisa-se de 
pedreiros, serventes, mestre-de-obras.
- isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo: 
Amanhã, ou melhor, depois de amanhã podemos nos encontrar 
para acertar a viagem.
- separar conjunções intercaladas: Não havia, porém, motivo 
para tanta raiva.
- separar o complemento pleonástico antecipado: A mim, nada 
me importa.
- isolar o nome de lugar na indicação de datas: Belo Horizonte, 
26 de janeiro de 2011.
- separar termos coordenados assindéticos: «Lua, lua, lua, 
lua, por um momento meu canto contigo compactua...» (Caetano 
Veloso)
- marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo): Ela 
prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do verbo preferir)
Termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem 
dispensam o uso da vírgula: Conversaram sobre futebol, religião 
e política. Não se falavam nem se olhavam; Ainda não me decidi 
se viajarei para Bahia ou Ceará. Entretanto, se essas conjunções 
aparecerem repetidas, com a finalidade de dar ênfase, o uso da 
vírgula passa a ser obrigatório: Não fui nem ao velório, nem ao 
enterro, nem à missa de sétimo dia.
A vírgula entre orações
É utilizada nas seguintes situações:
- separar as orações subordinadas adjetivas explicativas: Meu 
pai, de quem guardo amargas lembranças, mora no Rio de Janeiro.
- separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas 
(exceto as iniciadas pela conjunção “e”: Acordei, tomei meu 
banho, comi algo e saí para o trabalho; Estudou muito, mas não foi 
aprovado no exame.
Há três casos em que se usa a vírgula antes da conjunção:
- quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes: 
Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais 
pobres.
- quando a conjunção e vier repetida com a finalidade de dar 
ênfase (polissíndeto): E chora, e ri, e grita, e pula

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