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Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 1 Diabetes − É uma doença metabólica comum com incidência de 5-10% em pessoas acima de 40 anos − O diabetes pode ser dividido em 2 tipos: Insipidus e Melito, sendo o insipidus não tem relação alguma com a glicemia, apenas com o ADH (hormonio anti-diurético) − O diabetes é definido pelas ocorrências de hiperglicemia crônica, que em longo prazo promove lesões em órgãos alvo, principalmente rins, olhos, nervos e vasos, além de causar descompensações metabólicas e outros agravamentos − Os fatores que causam a hiperglicemia são: déficit de insulina (absoluto ou relativo) e/ou resistência à insulina − A diabetes está relacionada a complicações micro e macrovasculares, aumento da morbidade, redução da qualidade de vida e elevação da taxa de mortalidade − Mais de 90% dos casos são de diabetes tipo 2 • A incidência de DM 2 está aumentando de acordo com o aumento da obesidade − Como o valor de glicemia é muito variável, o ponto de corte dos valores ainda não é unânime − Os principais fatores associados à diabetes são genéticos, biológicos e ambientais DM1 Deficiência absoluta de secreção de insulina provocada pela destruição de células Beta pancreáticas, como resultado de uma agressão autoimune → 10% dos casos DM2 Combinação de deficiência relativa e progressiva de insulina + resistência a ela → 80-90% dos casos OUTRAS DM gestacional: hiperglicemia de graus variados e ausência de critérios de DM prévia Diabetes neonatal Diabetes de doenças do pâncreas exócrino (pancreatite, neoplasia, fibrose, hemocromatose) Diabetes de endocrinopatias (acromegalia, Cushing, hipertireoidismo) Diabetes de Infecções (citomegalovírus) Diabetes de medicamentos (corticoide, hormonios tireoidianos, agonista beta-adrenérgico) Diabetes de síndromes (Down, Klinefelter, Turner) FISIOLOGIA NORMAL DA INSULINA E GLICOSE − A homeostasia da glicose é regulada por 3 processos: • Produção de glicose no fígado • Captação de glicose + utilização pelos tecidos • Ações da insulina e hormonios contrarregulatorios (como glucagon) − A principal função da insulina é aumentar a taxa de transporte de glicose para dentro das células • A captação ocorre principalmente nas células musculares estriadas e adipócitos • O cérebro é insulina dependente • Nas células musculares, a glicose pode ser armazenada como glicogênio, oxidada para gerar ATP − Ações da insulina: • Faz a glicose pode ser armazenada como lipídio (lipogênese) nos adipócitos • Inibe a degradação de lipídeos (lipólise) • Promove síntese proteica e inibe degradação proteica • Promove captação de aminoácidos • Ou seja, faz anabolismo • Inicia a síntese de DNA em algumas células • Estimula o crescimento celular e diferenciação de certos tipos celulares • Reduz a produção de glicose pelo fígado • Durante o jejum, os níveis baixos de insulina e elevados de glucagon facilitam a gliconeogênese hepática (quebra do glicogênio) e reduzem a sintese de glicogênio, prevenindo hipoglicemia • Nos tecidos periféricos (múscular e adiposo) a insulina se liga a receptores específicos e provoca a captação e uso da glicose − Síntese: A concentração de glicose alta no sangue estimula a síntese de insulina nas células beta-pancreáticas • Hormônios intestinais e aminoácidos como leucina e arginina também estimulam liberação de insulina, mas não sua síntese Diabetes Melito tipo 1 ETIOLOGIA − Afeta 5-10% de todos os casos de DM (Diabetes Melito) − + 30 mil brasileiros têm DM1 e o Br pode ocupar o 3° lugar no mundo em prevalência de DM1 − Resulta de um ataque autoimune contra ilhotas pancreáticas, na qual linfócitos T reagem contra antígenos das células Beta • Esses LT são CD4+ que ativam os LT citotóxicos CD8+ que destoem as células diretamente − Se inicia na infância/juventude, se manifestando com sintomas clínicos quando jovem e adulto, progredindo com a idade • O processo de destruição leva vários meses e ocorre em ciclos de remissão e destruição • Os ataques as células se iniciam muitos anos antes que a doença se torne evidente • Os sintomas como cetoacidose e hiperglicemia aparecem depois de ~90% das células já estarem destruídas (ROBINS) • O diagnostico raramente é feito após os 30 anos − Esse ataque pode causar uma depleção absoluta de insulina • Por isso, nela é obrigatório o uso da insulina exógena para evitar o rápido declínio do paciente até caquexia, desidratação, cetoacidose e morte • A suspensão da insulina pode causar cetoacidose em até 48 horas − A American Diabetes Association classifica o DM1 em dois tipos: • TIPO 1A, que é autoimune ou imune mediado, em que 1 ou mais auto anticorpos são detectados → é a forma mais frequente ✓ Tem muita associação com o HLA (antígeno leucocitário humano) • TIPO 1B que não é autoimune, também denominado de idiopático → é atribuída aos casos de diabetes autoimune em que os autoanticorpos não são detectados no sangue − Quando há deterioração aguda, há quadros de diabetes aguda e assim a doença geralmente é diagnosticada • Após isso, o paciente se recupera e adota uma dieta adequada + TTO com insulina • Com isso há uma melhora temporária da função das ilhotas (FASE DE LUA DE MEL) em que o controle glicêmico é mais fácil ✓ Essa fase de lua de mel dura em torno de 6-26 meses ✓ Assim as células betas pancreáticas funcionam de maneira enganosamente bem − Há casos em que a secreção de insulina e peptídeo C é quase totalmente perdida − O grau de funcionabilidade restante das células beta pode determinar a facilidade de controlar a glicemia com a insulina exógena − Pode haver outras consequências para o organismo, como: Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 2 • Resistência à insulina devido a produção de anticorpos anti- insulina (contudo é mais comum ter isso no DM2) − Em grandes quantidades, esses anticorpos podem fixar o complemento − A dieta não costuma provocar DM1, mas aumentavam a sobrevivência antigamente, quando não existia insulina − A distinção entre DM 1 e 2 ainda é muito difícil, mesmo com todo o detalhamento da história clínica e quadro sintomatológico FATORES GENÉTICOS − Não se sabe os fatores que desencadeiam isso, mas há influências ambientais e genéticas, como em toda doença autoimune − Alguns marcadores genéticos associados à DM1 já foram identificados − Grande parte deles estão localizados no cromossomo 6 em genes relacionados a antígenos ligados ao MHC 2, que juntos provavelmente contam para quase metade do risco genético − Vírus: Alguns vírus podem desencadear DM1, talvez porque seus antígenos sejam semelhantes aos antígenos das células Beta, gerando uma reação cruzada • Sabe-se que vírus podem provocar (como rubéola congênita) − Em 30% dos casos a DM1 está associada a outras doenças autoimunes QUADRO CLÍNICO − Até o 2 ano do início da doença, o paciente pode não precisar ou precisar de mínimas quantidades de insulina, pois as células Beta continuaram secretando os estoques residuais de insulina − Quando a reserva das células Beta for exaurida, a necessidade de insulina aumenta drasticamente − O início dos sintomas tem poliúria, polidipsia e polifagia e nos casos mais graves, cetoacidose − A deficiência de insulina vai resultar em um estado catabólico, que afeta o metabolismo da glicose, de lipídios e de proteínas • A assimilação de glicose pelo tecido muscular e adiposo diminui muito • O armazenamento de glicogênio no fígado diminui, devido a glicogenólise aumentada − Os rins não conseguem reabsorver o excesso de glicose, de modo que há grande eliminação de glicose, causando GLICOSÚRIA • A GLICOSÚRIA induz diurese osmótica, causando aumento da eliminação de água e eltetrólitos, causando POLIÚRIA − A perda renal de água + a maior pressão osmótica do sangue devido a maior concentração de glicose nele causa ativação de osmorreceptoresnos centros de sede do cérebro, causando POLIDIPSIA − O catabolismo das proteínas e gorduras tende a induzir um equilíbrio energético negativo, o que, por sua vez, leva a aumento do apetite (POLIFAGIA), completando, assim, a tríade clássica do diabetes: poliúria, polidipsia e polifagia − Mesmo com aumento do apetite, o catabolismo continua e o paciente começa a perder peso e EMAGRECER, podendo ter FRAQUEZA MUSCULAR − Alterações na alimentação ou exercícios físicos fora do habitual, infecções ou outras formas de estresse podem influenciar na ocorrência da cetoacidose diabética − CETOACIDOSE • A hiperglicemia acentuada provoca a diurese osmótica e a desidratação características do estado cetoacidótico • O segundo maior efeito é a ativação do maquinário cetogênico. • A deficiência insulínica acarreta a elevação da lipoproteína lipase, com a resultante degradação excessiva dos depósitos adiposos, dando origem ao aumento dos ácidos graxos livres (FFAs), que são oxidados pelo fígado para produzir cetonas • A cetogênese é um fenômeno adaptativo em épocas de inanição, gerando cetonas como fonte de energia para consumo pelos órgãos vitais (p. ex., cérebro). A taxa com que as cetonas são formadas pode exceder a taxa com que podem ser usadas pelos tecidos periféricos, levando à cetonemia e cetunúria. Se a excreção urinária de cetonas for comprometida pela desidratação, o acúmulo de cetonas reduzirá o pH, resultando em cetoacidose metabólica. DIABETES AUTOIMUNE LATENTE DO ADULTO − É um raro subtipo do diabetes tipo 1 − É uma forma lentamente progressiva da doença e que afeta adultos − Tem início insidioso e responde bem aos tratamentos alternativos − Pode haver cetoacidose, mas é raro, pois ainda uma reserva de células das ilhotas que pode suprir a produção de insulina por alguns meses após o diagnóstico • Com isso, a cetose é impedida mesmo quando há pouca ou nenhuma insulina (fase de lua de mel) − O diagnostico laboratorial quantifica anticorpos contra a descarboxilase do ácido glutâmico (GAD) e/ou células das ilhotas (ICA) • Esses anticorpos também podem estar em até 2% de pessoas saudáveis • A especificidade é ~85% no início da doença • Indivíduos que não apresentam diabetes, mas que possuem níveis detectáveis de anti-GAD ou anti-ICAs, podem estar em maior risco de desenvolver diabetes tipo 1 (e outras doenças autoimunes), no futuro Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 3 Diabete Melito tipo 2 ETIOLOGIA − É a forma mais comum de diabetes no mundo → 80-90% − Geralmente afeta adultos depois dos 40 anos − O aumento da obesidade e sedentarismo tem levado ao aparecimento de DM2 em jovens também − Geralmente são diagnosticados por exclusão, ou seja, os pacientes que não têm o quadro clínico da DM1 são diagnosticados como DM2 − Há 2 características marcantes no DM2: • CAPACIDADE DIMINUIDA DOS TECIDOS PERIFÉRICOS RESPONDEREM À INSULINA (RESISTÊNCIA INSULÍNICA) • DISFUNÇÃO DE CÉLULAS BETA QUE TEM SECREÇÃO INADEQUADA DE INSULINA EM FACE À HIPERGLICEMIA (DEFICIÊNCIA DE INSULINA) − Tem início insidioso, podendo estar presente vários anos antes do diagnóstico − Pacientes com DM2 podem se tornar suscetíveis à cetose ao passo que as células betas vão se tornando deficientes − A hipótese do acelerador: a DM2 predispõe a DM1 devido ao crescente estresse das células das ilhotas pancreáticas − Depois de ~5-15 anos de doença, o controle glicêmico vai se tornando mais difícil de controlar • Assim, a doença e progressiva FATORES DE RISCO − Geralmente o paciente com DM2 tem sobrepeso (IMC>27) com circunferência da cintura e quadril aumentados − O risco de diabetes aumenta à medida que o índice de massa corporal aumenta − Ter diagnóstico de pré-diabetes (diminuição da tolerância à glicose ou glicose de jejum alterada) − HAS − Colesterol alto − Obesidade − Nascer de mãe com diabetes melito gestacional − Nascer com baixo peso, pois segundo a “hipótese de Barker”, predispõe à diabetes e obesidade devido a, entre outras coisas, ligar genes parcimoniosos para combater a mal nutrição intrauterina − É comum haver resistência à insulina ou à glicose • Dado que muitos indivíduos com resistência à insulina severa não apresentam diabetes e que alguns pacientes com diabetes tipo 2 têm baixa resistência à insulina, é provavelmente verdade dizer que a resistência à insulina não é uma causa necessária nem suficiente − RN com peso superior a 4 kg ou ter tido diabetes gestacional − Assim geralmente o DM2 se origina de uma disfunção da célula beta (seja genético ou resultado de degeneração) − Isso pode causar déficit na secreção de insulina, como mudança na amplitude e frequência dos pulsos de secreção de insulina − Sedentarismo − Dietas não saudáveis → ricas em carboidratos GENÉTICA + AMBIENTE − É uma doença poligênica com muita influência ambiental − Fatores genéticos são a principal influência, pois diversos estudos demonstram que gêmeos idênticos tem concordância em demostrar diabetes de 50-90% das vezes − É fortemente hereditária − A prevalência de diabetes tipo 2 em pessoas sul-asiáticas é de aproximadamente duas ou três vezes daquela de pessoas com origem europeia − Além disso, casos de DM2 familiar são comuns CARACTERÍSTICAS DA DM2 DEFEITOS GLICORREGULATÓRIOS − A causa exata da doença não é conhecida − A hiperglicemia é provocada pela alta produção hepática de glicose e em menor grau, pela falência do músculo esquelético em captar glicose e armazenar glicogênio • Deficiência/disfunção das células β, resistência à insulina e alterações da disponibilidade de glicose mediada por outros fatores que não a insulina − Alterações na secreção de insulina estão presentes em todos os pacientes, mas ainda não se sabe o que exatamente causa essas alterações − A deficiência na insulina pode ou não ser o primeiro fator a causar a dm2, contudo pode haver outras alterações secundárias no organismo que podem causar ela − É possível que pacientes com resistência à insulina possam ter, na verdade, DM1 de início tardio, sendo assim, erroneamente diagnosticados como DM2 DEFICIÊNCIA/DISFUNÇÃO DAS CÉLULAS ΒETA − A disfunção resulta da incapacidade dessas células se adaptarem as maiores demandas de insulina devido à resistência periférica − A deficiência de insulina ocorre geralmente durante a fase inicial de secreção dela, após refeição ou administração de glicose − A disfunção pode tanto ser para mais, quanto para menos: • Alguns pacientes apresentam tanto insulinopenia quanto hiperinsulinemia em diferentes períodos do dia − Confundir DM1 e DM2 • Os que são menos obesos se parecem com DM1 de início tardio e tem deficiência absoluta na insulina Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 4 • Confundir o diagnóstico do paciente entre DM1 de início tardio e DM2 raramente impacta na conduta médica acerca do caso • Em pacientes com DM2, no geral há hiperinsulinemia durante o jejum − Além disso, quando o organismo começa a sofrer de resistência insulínica, as células betas tentam liberar mais insulina em um único pico, como se fosse um mecanismo de compensação • Essa compensação mantem a glicose plasmática normal por anos, ocultando os sintomas da doença RESISTÊNCIA À INSULINA NO DIABETES MELITO TIPO 2 − É definida pela dificuldade que os tecidos alvos têm de responder normalmente à insulina • São necessárias quantidade de insulina maiores que o normal para responder à glicose − É um achado quase universal nos diabéticos obesos e mais prevalente na DM2 • Os pacientes podem ou não ser sensíveis à insulina − A resistência é influenciada por fatores genéticos e ambientais − A resistência pode se apresentar de várias formas: • Resistência à sua ação no fígado • Resistência aos efeitos no musculo esquelético (em geral a insulina ativa glicogênio sintase) − Essa resistência podeser causada por: • Defeito no receptor de insulina • Defeito nas moléculas de segundos mensageiros ✓ Esses 2 fatores são responsáveis por no máximo 1-5% dos casos, e isso afirma os componentes multifatoriais da resistência à insulina • Outros sugerem que a resistência à insulina é uma consequência da “saciedade celular”, observada sempre que os sensores intracelulares, como a uridina difosfato (UDP)- glucosamina, detectam excesso de fornecimento de energia • Antagonistas intracelulares dos efeitos da insulina OBESIDADE − A obesidade é comum na DM2 − Obesidade visceral causa diversos efeitos no organismo que juntos são chamados de síndrome metabólica, que inclui: • Resistência insulínica • Intolerância à glicose • Fatores de risco cardiovasculares • Hipertensão • Perfis lipídicos anormais − Poucos fatores desempenham um papel tão importante no desenvolvimento da resistência insulínica quanto à obesidade − A resistência insulínica está presente mesmo nos graus mais eleves de obesidade − Há um eixo adipoinsulínico que tem diversas vias responsáveis pelos danos ao organismo na diabetes + obesidade − Relação dos ácidos graxos livres: os níveis de triglicerídeos são altos no musculo e tecido adiposo, porque o excesso de ácidos graxos da dieta é armazenado nesses órgãos • Os produtos do metabolismo de ácidos graxos são potentes inibidores da sinalização insulínica e resultam em um estado de resistência insulínica adquirida • Assim os ácidos graxos reduzem a atividade de proteínas fundamentais na sinalização da insulina − Papel da inflamação: um ambiente inflamatório é importante na patogenia da DM2. Não é uma inflamação autoimune como na DM1, mas um excesso de produção de citocinas pró-inflamatórias devido ao excesso de nutrientes como ácidos graxos • O excesso de ácidos graxos intracelular pode mobilizar os inflassomos (complexo citoplasmático multiproiteico) que acarreta a secreção de citocinas, as quais agem sobre os pontos de atuação da insulina, impedindo sua ação − Papel das adipocinas: o tecido adiposo pode liberar adipocinas como citocinas em resposta a excesso de ácidos graxos, contribuindo para a resistência insulínica • Em contraposição, a adiponectina é uma adipocina com ação sensibilizante à insulina, que provavelmente atua moderando a resposta inflamatória AMILINA − É o peptídeo amiloide das ilhotas pancreáticas (IAPP) − É secretado junto com a insulina pelas células Beta, mas em pacientes com DM1, ela não é secretada − As concentrações plasmáticas de amilina são muito baixas tanto em diabéticos como nos saudáveis − Ela também mobiliza o inflamassomo e promove a secreção de citocinas que colaboram para a resistência insulinica − Ainda não se sabe bem, mas suspeita-se que a amilina ajuda a regular a secreção de insulina ou tenha efeito no metabolismo ósseo (porque sua estrutura parece com a calcitonina) − Em concentrações farmacológicas, pode induzir resistência à insulina no musculo esquelético Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 5 MECANISMOS DE DANO TECIDUAL − A DM1 e DM2 a longo prazo podem causar diversos danos teciduais − Os mecanismos de patogênese não são bem compreendidos e como é multifatorial, é difícil distinguir o que foi dano exclusivo da diabetes e o que não foi − Podem ser danos microvasculares, como retinopatias e nefropatias, ou danos macrovasculares como doença isquêmica do coração, doença vascular periférica, infarto e estenose da artéria renal − Pode haver também neuropatias − A diabetes pode ser uma doença devastadora já que altera o metabolismo da glicose, afetando todos os sistemas corporais − As principais complicações são anomalias vasculares, lesão renal, lesão de nervos e olhos − A patogenia das complicações é sempre multifatorial e de longo prazo − Pelo menos 3 vias metabólicas distintas parecem estar envolvidas nas complicações: FORMAÇÃO DE PRODUTOS FINAIS DE GLICAÇÃO AVANÇADA (AGEs) − Glicosilação Não Enzimática: É o processo em que a glicose se liga aos grupos amino das proteínas sem a necessidade de enzimas − Depois da reação eles formam produtos finais de glicosilação avançada (PFGAs em português ou AGEs em inglês) − Ao longo do tempo, na DM, há acumulação dos produtos originados dessa reação de glicosilação • Esse processo está diretamente relacionado ao nível de glicose sérica, pois a hiperglicemia acelera a formação de AGEs − Os AGEs se ligam a receptores RAGE específicos expressos em células inflamatórias, endoteliais e na musculatura lisa vascular • Causam efeitos prejudiciais como: ✓ Liberação de citocinas e fatores de crescimento pró-inflamatórios pelos macrófagos da íntima ✓ Geração de espécies reativas do oxigênio nas células endoteliais ✓ Aumento da atividade pró-coagulante nas células endoteliais e macrófagos ✓ Aumento da proliferação das células musculares lisas e da síntese de matriz extracelular − Além dos efeitos mediados pelo receptor, os AGEs podem fazer reação cruzada e se ligar em proteínas da matriz extracelular, como o colágeno, que está no tecido conjuntivo de vasos sanguíneos • Os AGEs ligados a proteínas na matriz provocam o aprisionamento de outras proteínas plasmáticas ou do interstício • Por exemplo, nos grandes vasos pode haver aprisionamento de LDL, aumentando a deposição de colesterol e facilitando a aterosclerose • Nos capilares, a albumina pode se ligar à membrana basal dos vasos causando seu espessamento, que é característico de microangiopatia diabética − Medir a hemoglobina glicosilada é útil no controle do diabetes melito, uma vez que ela fornece os índices dos níveis médios de glicose ao longo dos 120 dias de vida da hemácia ATIVAÇÃO DA PROTEINA QUINASE C − Há uma importante via intracelular de transmissão de sinais, que é a via do NFkB − A hiperglicemia intracelular causa aumento da concentração de diacilglicerol (DAG) na célula − O DAG faz ativação da proteína quinase C (PKC) e ela ativa a via NFkB • O resultado da via é a vasoconstrição e hipercoagulabilidade por aumento da geração de endotelina-1, TGF-beta e inibidor do ativador de plasminogênio tipo 1 (PAI-1) e produção baixa de NO • Efeitos subsequentes à ativação do PKC são numerosos e incluem a produção de moléculas pró-angiogênicas, neovascularização observada na retinopatia diabética, e de moléculas pró-fibrinogênicas, como o fator B de crescimento transformante, levando a aumento da deposição de matriz extracelular e de material da membrana basal DISTÚRBIOS NAS VIAS DOS POLIÓIS − Em alguns tecidos que não exigem insulina para o transporte da glicose (p. ex., nervos, cristalino, rins, vasos sanguíneos), a hiperglicemia acarreta aumento da glicose intracelular que é, então, metabolizada pela enzima aldose redutase em sorbitol em uma reação que utiliza NADPH como cofator. − O NADPH também é exigido pela enzima glutationa redutase em uma reação que regenera a glutationa reduzida (GSH). A GSH é um dos importantes mecanismos antioxidantes na célula, e qualquer redução da GSH aumenta a suscetibilidade celular ao estresse oxidativo. Nos neurônios, a hiperglicemia persistente parece constituir a principal causa de neuropatia diabética (neurotoxicidade da glicose). − O acúmulo de sorbitol no cristalino causa catarata ESTRESSE OXIDATIVO − O excesso de glicose intracelular ou AGNEs (ácidos graxos não esterificados) estimula a formação de ERO's (espécies reativas de O2), que são radicais livres e causam danos celulares − As células Beta são muito vulneráveis ao estresse oxidativo OUTRAS VIAS − Outro mecanismo é a conversão do excesso de glicose intracelular em frutose-6-fosfato e depois para glicosamina-6-fosfato, a qual é convertida em UDP N-acetilglucosamina. Esta se liga a resíduos de serina e treonina dos fatores de transcrição e leva ao aumento da atividade das citocinas pró-inflamatórias (PAI-1, TGF-beta,...) QUADRO CLÍNICO − Pode haver poliúria e polidipsia, semelhante ao DM1 − A diferença é que os pacientes frequentemente têm mais de 50 anos e são obesos − Com o aumento da obesidade, piora dos hábitos de vida e sedentarismo, está ocorrendo muitos casos de DM2 em adolescentes e jovens − Em estados de descompensação, pode haver coma hiperosmolar não cetótico • Afeta mais idosos diabéticos, com acidente vascular encefálico ou infecções, de modo a ter uma ingesta hídrica inadequada − As demais complicações da DM2 surgem depois de muitos anos (15-20 anos) desde o início da doença Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 6 − Aumentam o risco de desenvolver doenças cardiovasculares (infarto, insuficiência renal, AVE) • Causado por aterosclerose acelerada de grandes artérias e artérias de médio calibre (macrovascular) − Nefropatia diabética, que tem inicialmente surgimento de pequenas quantidades de albumina na urina (microalbuminúria) evoluindo para macroalbuminúria ao longo de 10-15 anos, podendo chegar a uma doença renal terminal − Comprometimento visual, geralmente com a catarata, podendo chegar à perda total de visão − Neuropatia diabética com grande variedade de manifestações, podendo afetar SNC ou SNP • O padrão mais comum de envolvimento é a polineuropatia simétrica distal das extremidades inferiores, que afeta tanto a função motora quanto a sensorial − Maior suceptibilidade a infecções bacterianas − Essas complicações podem ser atenuadas com o controle correto dos índices glicêmicos DOENÇAS ASSOCIADAS AO CONTROLE INADEQUADO DO DIABETES − Há várias doenças que a diabetes descompensada pode gerar: gota, osteopenia, esteatose hepática, ... − A gota esta muito associada ao diabetes, mas ainda não se sabe o porquê − Pode haver acúmulo de gordura no fígado e pode causar elevação de enzimas plasmáticas no fígado, principalmente alanina aminotransferase − O DM2 ocorre muito em pacientes com alterações morfológicas e metabólicas − Tem: • Resistência à insulina • Dislipidemia • Obesidade • Hipertensão • Maior predisposição a aterosclerose • Entre outros HIPERTENSÃO − A prevalência de hipertensão em pacientes obesos com diabetes tipo 2 aproxima-se de 50% − Possíveis mecanismos de retenção de sódio incluem: • Hiperatividade de transportadores tubulares de sódio induzida por hiperinsulinemia • Filtração glomerular de glicose aumentada, levando a aumento do cotransporte tubular proximal de sódio-glicose • Extravasamento extravascular de fluido com sódio e, em estágios avançados, prejuízo renal − As concentrações plasmáticas de peptídeo natriurético estão geralmente aumentadas e uma exagerada reatividade vascular a noradrenalina (norepinefrina) angiotensina 2 é comum, mesmo em diabetes tipo 1 e tipo 2 sem complicações. − No diabetes tipo 1, a hipertensão é fortemente ligada ao desenvolvimento da nefropatia diabética DISLIPIDEMIA − O diabetes é fortemente associado a alterações do metabolismo de lipídeos − Na DM2 a dislipidemia é causada devido à resistência à insulina e a obesidade, podendo ser provocada pelo aumento na produção de glicose, hipertrigliceridemia e VLDL, associando a redução na HDL e elevação na LDL. Isto pode ser provocado pelo excesso de ácidos graxos circulantes derivados do tecido adiposo em indivíduos diabéticos − Relacionado à obesidade, a glicação não enzimática de apolipoproteínas prejudica a eliminação de lipoproteínas, − A insulina é o principal regulador antilipolítico por meio de sua inibição da lipase sensível a hormônio • Esta enzima decompõe o triglicerídeo do tecido adiposo e, consequentemente, mobiliza estoques de gordura para subsequente utilização • Como resultado de sua regulação pela insulina, a lipase sensível a hormônio é mais ativa no estado de jejum e menos ativa no estado alimentado. • No diabetes, a inibição mediada por insulina é atenuada ou perdida, assim, a decomposição dos estoques de gordura permanece mesmo que o alimento esteja disponível • A liberação descontrolada de ácidos graxos livres é seguida por sua captação pelo fígado • Os ácidos graxos livres são metabolizados por β-oxidação, mas uma vez que sua concentração exceda a capacidade para oxidação, estes serão reesterificados com glicerol para formar triacilglicerol (triglicéride), que leva a um aumento da taxa de síntese (e, portanto, a liberação) de lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL), ricas em triglicérides. A eliminação periférica de VLDL-triglicéride pode ser prejudicada porque a insulina é necessária para sintetizar e secretar a lipoproteína lipase, a principal enzima responsável por eliminar o VLDL − Na DM2 há baixas concentrações de HDL (lipoproteínas de alta densidade) as quais, por agirem como antioxidante, podem limitar a peroxidação lipídica, que é um dos fatores responsáveis pela formação de ateroma LIPOTOXICIDADE − Lipotoxicidade. Embora o tecido adiposo possua diversas funções importantes conhecidas, relacionadas, por exemplo, a isolamento térmico, imunidade, fertilidade e proteção de tecidos como a órbita do olho, sua principal função é o armazenamento de energia na forma de triglicérides no estado pós-prandial e a subsequente liberação de lipídeos na forma de AGNE no período de jejum. As consequências do acúmulo de lipídeos em tecidos magros, como observado em roedores sem gordura e humanos com lipodistrofia generalizada, incluem esteatose hepática, cardiomiopatia induzida por lipídeos, resistência à insulina e diabetes melito tipo 2. Este processo é nomeado lipotoxicidade − Ácidos graxos não esterificados podem induzir a resistência à insulina no músculo por meio de, no mínimo, três mecanismos possíveis: via ciclo da glicose-ácido graxo, em que o aumento de citrato intracelular derivado de gordura leva ao desvio da glicose do ciclo do ácido tricarboxílico; via efeito de intermediários como diacilglicerol, que aumenta a atividade da proteína quinase C, portanto, fosforilando e inativando o receptor de insulina e o substrato do receptor de insulina 1 (IRS1); e por meio da ativação da via do fator de transcrição NFκB, que possui possíveis efeitos vasculares que podem contribuir para o aumento do dano vascular observado que precede a hiperglicemia. No fígado, os agnes inibem a supressão de glicogenólise pela insulina GLICOTOXICIDADE − elevação aguda da concentração de glicose plasmática a níveis muito altos é capaz de induzir um estado de resistência à insulina caracterizado pelo prejuízo da secreção de insulina em resposta à glicose − o rigoroso controle metabólico é capaz de induzir melhoras tanto na secreção de insulina e pode resultar em alteração da curva dose- resposta das células das ilhotas a concentrações de glicose no sangue, mudança das taxas de pró-insulina a secreção de insulina e alteração na atividade funcional dos canais de potássio sensíveis a sulfonilureia, que estão presentes na membrana. É provável que o período de “lua de mel”, geralmente observado no início do diabetes tipo 1, seja, ao menos em parte, atribuível à redução da glicotoxicidade − Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 7 Diagnóstico AVALIAÇÕES BIOQUÍMICAS EM DIABETES MELITO − A condição na qual os valores glicêmicos estão acima dos valores de referência, mas ainda abaixo dos valores diagnósticos de DM, denomina-se pré-diabetes − Os critérios de diagnóstico foram estabelecidos pela OMS − O uso de hemoglobina glicada (HbA1c) para diagnóstico foi introduzido em 2011 − Os critérios da OMS consideram valores de jejum e de 120 min no teste oral da tolerância à glicose (TOTG) EXAMES DE GLICOSE GLICEMIA EM JEJUM − Deve ser coletada em sangue periférico após jejum calórico de no mínimo 8 horas − A avaliação da glicose no sangue é fundamental para o diagnóstico e gerenciamento de sintomas − O plasma contém mais glicose que eritrócitos GLICOSE CAPILAR− É possível fazer o teste eletroquímico em um GLICOSÍMETRO e tiras de um material próprio para o exame • Elas demandam calibração e técnica apropriadas • Lavar e secar as mãos antes de usar, volume de amostra correto e tiras de teste corretas para o medidor usado OUTROS − Outros desenvolvimentos incluem a COLETA DE FLUIDO INTERSTICIAL por iontoforese reversa para análise automatizada de glicose a cada 10 minutos − Há SISTEMAS DE MONITORAMENTO de glicose contínuos em que um sensor de glicose SUBCUTÂNEO descartável é colocado • Ele pode coletar informações por vários dias e é monitorado por um sistema • Isso garante uma coleta de dados ao longo de 24 horas de forma mais detalhada • O método é limitado pelo desenvolvimento de irritação local da pele • Os sistemas são caros e geralmente utilizados apenas para monitoramento de curto prazo URINA − As medidas de concentração de glicose na urina são baratas, mas propensas a uma baixa correlação com o grau de controle glicêmico − Os problemas incluem a variação no limite tubular para glicose (p. Ex., elevação no diabetes, redução na gravidez, sujeição a variação interindividual e alteração por uma variedade de medicamentos e doenças tubulares renais) − A concentração de glicose na urina é afetada pela ingestão de fluidos e pela concentração da urina − Fornece informações sobre o período inteiro desde a última micção HEMOGLOBINA GLICADA − HbA1c é o método preferido, atualmente, para monitoração da maioria destes pacientes. − O controle glicêmico é avaliado clinicamente através da dosagem da porcentagem de hemoglobina glicosilada, também conhecida como HbA1C − Normalmente a glicose se liga a hemoglobina dentro das hemácias com uma ligação irreversível, de modo que, enquanto a hemácia viver, terá glicose ligada a ela − Assim, a hemácia vive em media 120 dias e a medição dela revela a glicemia do paciente durante um período de apx 3 meses → mais fiel para acompanhar o paciente − É formada pela adição não enzimática de frações da glicose à hemoglobina nas hemácias. Ao contrário dos níveis sanguíneos de glicose, a HbA1C é uma medida do controle glicêmico ao longo de períodos prolongados de tempo (2-3 meses), sendo relativamente não afetada pelas variações do dia a dia − Uma HbA1C abaixo de 7% é tomada como evidência de controle glicêmico estrito, mas pacientes com Hb1AC nessa faixa também apresentam aumento do risco de episódios potencialmente fatais de hipoglicemia relacionada ao tratamento − Oferece vantagens ao refletir níveis glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses e ao sofrer menor variabilidade dia a dia e independer do estado de jejum para sua determinação − Vale reforçar que se trata de medida indireta da glicemia, que sofre interferência de algumas situações, como anemias, hemoglobinopatias e uremia, nas quais é preferível diagnosticar o estado de tolerância à glicose com base na dosagem glicêmica direta TESTE PARA CETONAS − Na vigência de doença intercorrente, os pacientes devem ser alertados a monitorar as cetonas na urina e/ou no sangue. Infelizmente, isso não tem sido rotina no Brasil, seja pela dificuldade de conseguir fitas para cetonas na rede pública, seja pela falta de sistematização do seu uso − Exame de urina para cetonas tem um lugar importante no gerenciamento do diabetes tipo 1 − É um exame importante para quando o controle do metabolismo é afetado por alguma doença secundária, estresse ou quando a glicemia é alta continuamente (>270mg/dL) e principalmente na suspeita de cetoacidose − A razão equimolar aproximadamente normal da maioria das cetonas, β-hidroxibutirato e acetoacetato, pode aumentar a aproximadamente em 6:1 durante a cetoacidose diabética (CAD) • Os métodos enzimáticos para detecção de β-hidroxibutirato no sangue, utilizando um teste de tira, que podem ser realizados pelo paciente ou à beira do leito têm várias vantagens teóricas em relação ao exame de urina • O β-hidroxibutirato é a cetona mais relevante na cetoacidose, e o uso de um medidor com tiras permite uma medida quantitativa, possibilitando, assim, um diagnóstico e monitoramento mais acurados da doença − Na recuperação da CAD, a excreção de cetonas na urina pode continuar mesmo após o restabelecimento do equilíbrio ácido-base sanguíneo • Assim o teste permanece positivo por horas ou dias após a resolução do quadro TESTE ORAL DE TOLERÂNCIA À GLICOSE - TOTG − O teste oral de tolerância à glicose (TOTG) é o método de referência para a avaliação de tolerância à glicose, contudo é pouco feito − Previamente à ingestão de 75 g de glicose dissolvida em água, coleta-se uma amostra de sangue em jejum para determinação da glicemia; coleta-se outra, então, após 2 horas da sobrecarga oral. − Importante reforçar que a dieta deve ser a habitual e sem restrição de carboidratos pelo menos nos 3 dias anteriores à realização do teste − Permite avaliação da glicemia após sobrecarga, que pode ser a única alteração detectável no início do DM, refletindo a perda de primeira fase da secreção de insulina − A maioria dos pacientes diabéticos são diagnosticados com base nos sintomas, exames e concentrações de glicose no plasma em jejum ou aleatórias, sem um TOTG − É um teste importante no diagnóstico da diabetes gestacional, pois o teste de sangue de glicemia em jejum tem pouca sensibilidade − As recomendações atuais da OMS são de: • 75g de glicose anidra (não glicose monoidratada, que é 10% de água em peso) Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 8 • Durante três dias antes do exame, o indivíduo deve estar em uma dieta de manutenção sem restrição, com pelo menos 150g de carboidratos por dia • Deve-se exercitar normalmente • Deve estar em jejum de, no mínimo, 10 horas, permanecer sentado e não fumar durante o exame − O teste oral de tolerância à glicose não é recomendado para pessoas com glicemia de jejum acima de 130 mg/dL, hospitalizadas, com doenças agudas ou pacientes imobilizados EXAMES DE RESISTÊNCIA À INSULINA − Se houver suspeita de anticorpos contra insulina, por exemplo, em uma pessoa que tenha recebido insulina não humana, a insulina livre pode ser avaliada por imunoensaios − Se a concentração de insulina livre é muito mais baixa que a de insulina total, os anticorpos contra insulina são prováveis − Indivíduos que possuem baixa resposta glicêmica a altas concentrações de insulina endógena, mas que são sensíveis a insulina exógena, podem ter insulina imunorreativa anormal − Se um indivíduo sem anticorpos contra insulina não responde à insulina intravenosa, deve-se suspeitar de problemas com o receptor de insulina ou segundos mensageiros − A função do transportador de glicose pode ser investigada incubando as células de interesse (p. ex. leucócitos, monócitos, adipócitos) com análogo não metabolizável de glicose, como a 2- deoxiglicose. O conteúdo celular do análogo de glicose após um dado período fornece uma medida da função do transportador de glicose − Tabela: OMS + SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES Metas Glicêmicas − Metas glicêmicas são as metas de valores dos exames de TOTG, glicemia e HBA1c que os diabéticos tem que atingir, mas ter um bom controle da doença − Para adultos, as recomendações de HbA1c variam de 6,5 a 7,0% − Recomenda-se que a HbA1c seja realizada a cada 3 a 4 meses em crianças e adolescentes, com no mínimo duas medidas anuais (D). Para adultos, com controles estáveis, sugerem-se duas medidas de HbA1c ao ano Prevenção − Prevenção Primária: previne o início da doença • Não tem uma base muito concreta • Para a DM1 costuma se recomendar o incentivo ao aleitamento materno, além de não oferecer leite de vaca pra crianças até 3 meses ✓ Hipótese de geração de neoautoantígenos: o excesso de peso, rápido crescimento, infecções, deficiências nutricionais, microbiota intestinal, exposição precoce a alimentos com glúten e estresse psicológico, isoladosou em combinação, poderiam produzir exaustão das células β pancreáticas e, eventualmente, falência por destruição autoimune secundária • Geralmente a prevenção foca na obesidade, HAS e dislipidemia − Prevenção Secundária: previne as complicações agudas e crônicas − Prevenção Terciária: tenta reabilitar ou limitar as incapacidades produzidas pela doença, como amputações de pé por exemplo Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 9 Glibenclamida − É da classe das sulfonilureias − As de primeira geração não são mais usadas atualmente, mas sim, as de segunda geração, que inclui a glicenblamida MECANISMO DE AÇÃO − Estimulam a liberação de insulina através da sua ligação com um sitio específico no complexo do canal de KATP das células Beta, causando despolarização da membrana, deglagrando uma cascata de sinais que levam a secreção de insulina • Inibição dos canais de K+ATP, por uma ligação de alta afinidade com a subunidade SUR1 levam a despolarização na membrana plasmática e seqüente abertura de canais de cálcio. O cálcio intracelular em altas concentrações no interior das células é o desencadeante fundamental para a secreção de vesículas de insulina para a circulação − Também podem reduzir a depuração hepática de insulina, aumentando os níveis plasmáticos dela − Nos primeiros meses após o TTO, a concentração de insulina em jejum e pós-prandial ficam aumentadas − Com o uso crônico, os níveis de insulina declinam para aqueles antes do TTO • A explicação para isso não está clara, mas pode estar relacionada ao fato de que a hiperglicemia crônica em si compromete a secreção de insulina (toxicidade da glicose), e, com a correção inicial da glicose plasmática, a insulina circulante passa a exercer efeitos mais pronunciados sobre seus tecidos-alvo • Durante o uso crônico há infrarregulação de receptores de superfície celular para sulfonilureias nas células Beta • Se a terapia é interrompida e administrada novamente depois de um tempo de forma aguda, as células Beta voltam a responder − ABSORÇÃO: a presença de alimento ou hiperglicemia reduz a absorção − POSOLOGIA: 1x/dia − São metabolizadas pelos fígados e excretadas na urina − EFEITOS ADVERSOS: o fármaco induz produção de altas quantidades de insulina, podendo levar a hipoglicemia principalmente em idosos pacientes com problemas renais/hepáticos e tratados com fármaco de ação prolongada. Álcool pode potencializar a ação, favorecendo a hipoglicemia • Deve-se seguir corretamente o tempo entre cada refeição, para evitar a hipoglicemia • Há ganho de peso, de 1-3 kg. Isso se dá, pois, pacientes com hipoglicemia acabam comendo mais frequentemente e em maior quantidade, podendo engordar • Além do pâncreas, existem receptores de sulfonilureias no musculo cardíaco e nas coronárias, podendo apresentar riscos de desenvolver doenças cardiovasculares. Contudo muitos autores discordam dessa associação. Os fármacos mais novos dessa classe como glimepirida e gliclazida não interagem com esses receptores, não aumentando o risco − As sulfonilureias são utilizadas para tratar a hiperglicemia no diabetes tipo 2. Bibliografia 1. Patologia Básica – Robins – 9° ed -cap 19 2. Farmacologia – Goodman e Gilman – cap 43 3. Artigo Sulfonilureias no TTO do DM2 – sociedade brasileira de diabetes – Matheus Severo – 2018 4. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes – 2018-2018 5. Bioquímica clínica – aspectos clínicos e metabólicos – willian marsha – 3° ed – cap 15 Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 10 −
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